Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BOA VISTA, RR
2022
VITORIA DA SILVA SAPARÁ
BOA VISTA, RR
2022
VITORIA DA SILVA SAPARÁ
________________________________________________
Prof. Msc. Herundino Ribeiro Do Nascimento Filho
Mestrado em Economia
Orientador/ Curso Licenciatura Intercultural – UFRR
________________________________________________
Prof. Msc. Francisco Souza da Cunha
Mestrado em Antropologia Social
Co-Orientador
________________________________________________
Profª. Msc. Mariana Souza Da Cunha
Mestrado Em Recursos Naturais
Dedico este trabalho aos filhos e filhas,
minha razão de viver e lutar para ser feliz.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelo amor e misericórdia derramada sobre minha vida e por
dar-me energia e benefícios para erguer-me e levar adiante este trabalho.
Ao meu falecido pai, que me inspirou com suas histórias e saberes, que
acompanhei desde criança.
À minha mãe, que se transformou em estrela desde que eu tinha dois anos de
vida, mas que, sem ela, seria impossível minha existência.
Aos meus irmãos e irmãs, que, mesmo longe, me apoiaram e contribuíram
direta e indiretamente para que esse trabalho se realizasse.
Aos meus amados filhos, Izaque, Joabe, Ernanes, Naielly, Saroni Nharí e
Aline Rose, pela paciência nas ausências e compreensão nas horas de silencio de
que precisei.
Ao Frank, pelo companheirismo do dia a dia.
Ao meu orientador Herundino, pelo auxilio e paciência no desenvolvimento do
trabalho e por me fazer acreditar na minha ideia.
A todos professores do curso de licenciatura intercultural, que contribuíram na
minha formação.
A todos os moradores de Aningal, pelo apoio e contribuição com este
trabalho.
Aos meus colegas, que me deram aquela força, e àqueles que participaram
das pesquisas.
Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte desta etapa decisiva
da minha vida.
(Iraci Sapará)
RESUMO
APRESENTAÇÃO......................................................................................................11
CAPÍTULO I – AS MOTIVAÇÕES E O PLANO DE PESQUISA...............................12
1.1 O DESPERTAR PELA PESQUISA NO DECORRER DA LICENCIATURA
INTERCULTURAL............................................................................................12
1.2 O PROBLEMA..................................................................................................12
1.3 A JUSTIFICATIVA............................................................................................13
1.4 OS OBJETIVOS...............................................................................................13
1.4.1 Objetivo Geral.................................................................................................13
1.4.2 Objetivos Específicos....................................................................................14
1.5 O REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................14
1.5.1 A arquitetura indígena...................................................................................14
1.5.2 A casa indígena..............................................................................................15
1.6 A METODOLOGIA............................................................................................16
CAPÍTULO II – ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO POVO SAPARÁ...................18
2.1 OS SAPARÁ DIANTE DO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO RIO BRANCO18
2.2 O TERRITÓRIO HABITADO PELOS SAPARÁ AO LONGO DO TEMPO......18
2.3 A RELAÇÃO COM OUTROS POVOS E A PERDA DA LÍNGUA NATIVA......18
CAPÍTULO III – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................19
3.1 BREVE HISTÓRICO DA COMUNIDADE DE ANINGAL..................................20
3.2 PRIMEIRAS LIDERANÇAS..............................................................................22
3.3 ORGANIZAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA......................................................22
3.4 A EDUCAÇÃO ESCOLAR NA COMUNIDADE................................................24
3.5 O ATENDIMENTO À SAÚDE...........................................................................24
CAPÍTULO IV – OS CONHECIMENTOS INDÍGENAS DO POVO SAPARÁ NA
COMUNIDADE ANINGAL...............................................................................26
4.1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DAS HABITAÇÕES................................26
4.2 O RITUAL DE DEFUMAÇÃO...........................................................................27
4.3 O USO DE MEDICAMENTOS NATURAIS PARA TRATAMENTO DE
DOENÇAS........................................................................................................28
4.4 A ÉPOCA DO PLANTIO E COLHEITA NAS ROÇAS......................................28
CAPÍTULO V – INTERVENÇÃO: A DINÂMICA REALIZADA NA ESCOLA LOCAL. .29
5.1 A PRÁTICA PROPOSTA DENTRO DA ESCOLA...........................................30
5.2 RESULTADO OBSERVACIONAL....................................................................30
5.3 CONSTRUÇÃO DE MAQUETES.....................................................................32
5.4 REFLEXÃO SOBRE O PERCURSO DO PROJETO.......................................35
5.4.1 Motivações que levaram ao estudo..............................................................35
5.4.2 Processos adotados......................................................................................36
5.4.3 Dificuldades enfrentadas...............................................................................36
5.4.4 Resultados alcançados..................................................................................37
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................41
APÊNDICE A – Roteiro de questionário / entrevista.............................................43
12
APRESENTAÇÃO
1.2 O PROBLEMA
povo.
1.3 A JUSTIFICATIVA
1.4 OS OBJETIVOS
Mas isso nem sempre foi coerente diante do ponto de vista eurocentrista,
que sempre entendeu a arquitetura como expressão material proveniente
exclusivamente de grupos sociais dominantes, com a produção de
edificações construídas com materiais duradouros e elaborados sistemas
construtivos (COSTA; MALHANO, 1987, p. 66).
elementares nos seus aspectos formais e construtivos, ela materializa espaços que
que refletem uma perfeita adaptação ao meio circundante. Essa expressão material
sustenta uma estrutura organizacional capaz de dar sentido as atividades sociais,
espirituais e econômicas de um grupo. Esta constatação é corroborada por Loch
(2004), quando afirma que:
1.6 A METODOLOGIA
classificada, quanto aos meios, como pesquisa de campo, e quanto aos fins como
intervencionista.
Reis (2008, p. 57) apresenta como objetivo da pesquisa qualitativa “interpretar
e dar significados aos fenômenos analisados”, e explica que, “nessa abordagem, os
resultados não são traduzidos em números, unidades de medidas ou categorias
homogêneas de um problema, como é o caso da abordagem quantitativa”.
Segundo Gil (2017), a pesquisa de campo visa ao aprofundamento de uma
realidade específica, sendo realizada por meio da interação do pesquisador com o
objeto pesquisado, seja por meio de observação direta, de entrevista ou de
questionários. É um estudo que envolve a coleta de dados junto a um objeto ou
público, este representado pelos moradores da comunidade de Aningal.
Na pesquisa intervencionista, o estudo visa a uma interferência na realidade
estudada, para, de fato, modificá-la. Nesta classificação, não se satisfaz com a
explicação do objeto que está sendo estudado. Ela pretende uma intervenção na
realidade deste objeto, no seu dia-a-dia (MARCONI e LAKATOS, 2017; VERGARA,
2007). Ou seja, não se limita a identificar possibilidades e fazer propostas. Tal
mudança, no presente estudo, se dá pela introdução, em ambiente escolar, da
abordagem sobre a cultura histórica por meio da arquitetura, com replicação dos
processos reais ora adotados, desde os conceitos teóricos até os processos práticos
adotados na coleta de material e sobre os tipos, de fato, de materiais utilizados.
Foi utilizado um questionário de caráter geral, aplicado a todos os
entrevistados da comunidade, e um de caráter específico, para as lideranças locais.
Foram desenvolvidas, ainda, em dinâmica de oficinas, maquetes das casas em seus
diversos modelos, como instrumento para conscientização acerca da cultura
arquitetônica em sala de aula.
Espera-se que, com esse trabalho, possam ser valorizados os conhecimentos
tradicionais da comunidade e que todas essas informações possam servir como
fonte de pesquisa para outras pessoas, estando então disponível nos arquivos da
escola.
Almeja-se, também, que a iniciativa seja continuada, de forma que a cultura
local seja valorizada na própria comunidade, em um ambiente altamente propício, o
escolar, onde está sendo constantemente desenvolvida a personalidade dos jovens
alunos que representam e representarão, futuramente, a própria comunidade.
19
20
Texto.
Texto.
Texto.
21
Rosa.
Antes, o Igarapé Aningal não era chamado Aningal. Era chamado Tukutuku,
nome, na língua makuxi, que quer dizer água do bicho. A vovó contava que
era um bicho que morava na a água do Igarapé Aningal e, de tempos em
tempos, fazia um barulho “tucutucu”. Assim era o barulho que o bicho fazia
na água, como um balde enchendo de água. Nós tínhamos medo desse
igarapé, e Aningal foi o nome dado pelos brancos (IRACI SAPARÁ, 2014).
1
Tuxaua: nome dado a um chefe temporal, indivíduo influente no lugar em que mora.
24
com quatro retiros nomeados por retiro Rebolada, com 26 reses e 35 ovinos, Retiro
Saúba, com 49 reses, Retiro Aningal, com 80 reses, Furo Santa Rosa, com 52
reses, e individual, com 30 reses.
A caça também é praticada de forma tradicional. Pode ser encontrada
facilmente devido à proximidade com a Ilha de Maracá, local de conservação, e
fazendas que ficam no entorno da comunidade. A caça mais comumente encontrada
é de porco do mato, tatu peba, veado, anta, paca, cotia e catetos.
A pesca é praticada de forma artesanal. É uma das alternativas que as
famílias buscam tanto na complementação do alimento como para fonte de renda.
Os artefatos de pesca são malhador, espinhel, linha, anzol, galão e canoa.
Em relação ao meio ambiente, na comunidade Aningal, existem três áreas
preservação, como ilhas de matas que não foram exploradas. Atualmente, a
comunidade visa a conservar e preservar o meio ambiente de forma sustentável.
Há preocupação, por parte da escola, em relação ao tratamento do lixo, que
representa um problema local. É comum que seja depositado nos quintais, campos,
estradas e igarapés, consequência das mudanças no padrão de consumo dos
moradores. Neste sentido, a equipe escolar tem buscado trabalhar a questão como
conteúdo e tema de aulas, na tentativa de promover uma educação ambiental e de
qualidade.
O artesanato indígena dificilmente é percebido na comunidade. Somente
algumas pessoas mais idosas ainda confeccionam utensílios de uso, como peneira
feita de arumã para fazer farinha.
Texto.
Outro fator que contribui para a escolha do local em terrenos altos é a posição
da casa. De acordo com a antropóloga local Olendina de Carvalho (CAVALCANTI,
2012), da casa no alto, daria para ver o inimigo se aproximando.
Prioriza-se lugares próximos de um igarapé ou de um olho d’água, (como é
chamado as nascentes) para construção de cacimbas para abastecimento de água
na casa. Como de costume, primeiramente é feito uma limpeza no local e também
uma análise do terreno.
O tempo certo para tiragem dos materiais para a construção da casa, como
as madeiras, palhas e outros, segundo as informações dos anciões e dos
construtores da comunidade, é em períodos em que as noites estão escuras.
Segundo Raildo Torreias, tuxaua da comunidade Aningal, uma casa de palha,
quando tirados os materiais no tempo certo, dura, no mínimo, 10 anos até precisar
receber as primeiras manutenções. Quando não observado esse tempo, no máximo
quatro anos. Há, entre os moradores, quem estime, para este último caso, somente
dois anos.
A defumação de uma casa é feita pelo morador após ter concluído as obras
da construção. Quando a casa ainda está nova em toda sua estrutura, com palhas
novas, madeiras novas, é o momento de se efetuar a defumação.
Na defumação, usa-se maruai breu e cera da abelha arapuá. O ancião da
casa coloca tudo num recipiente, acrescenta brasa, e posiciona dentro da casa, ao
centro, deixando que a fumaça tome de conta de todos os ambientes.
A partir daí, todos os que irão morar na casa participam com reverência
enquanto o ancião faz a oração na língua indígena, chamando o nome dos “bichos”
que poderiam estranhar a presença da nova casa e de seus novos habitantes.
Permeia-se o entendimento de que, antes da casa humana, naquele local já
habitavam outros seres viventes ou ainda era a passagem de algum. O ritual serve
para comunicar a presença humana sem agredir os espíritos habitantes do lugar.
Outro rito a seguir são as observações do período de tiragem da madeira, da
palha, entre outros, seria ironia dizer-se que não sabem, é que os avanços
tecnológicos têm alcançado também as comunidades indígenas trazendo assim a
mistura de práticas culturais entre uma sociedade e outra.
30
Texto.
Texto.
31
manutenção dessa arquitetura por parte dos habitantes. Assim, tem-se tornado
comum a mudança dos moldes tradicionais para formas mais modernas de
construção.
A seguir, são apresentados alguns exemplos que elucidam essa mudança. Na
Figura 3, é mostrado um modelo mais rústico de construção, com madeira roliça
retirada direto da mata, sem uso de ferramentas modernas, e coberta com palha de
buriti.
Essa percebida mudança tem seu aspecto positivo pela introdução do que é
moderno, mas corrobora para com o esquecimento das culturas e do que é
tradicional.
“identidade e cultura”, que estava no plano para ser trabalhado no primeiro bimestre
do ano letivo de 2015. A primeira atividade realizada foi a observação do malocão
pelos alunos, inclusas instruções para anotação e desenho.
sobre a arquitetura clássica da comunidade, a fim de que não seja esquecida sua
base e estrutura, sobretudo no que diz respeito à sua ligação com as crenças e os
costumes.
5.4.2 Processos adotados
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.6. ed. São Paulo: Atlas,
2017.
ISA, Instituto Socioambiental. Terra Indígena Aningal. São Paulo: ISA, 2022.
Disponível em: https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3581. Acesso em:
20 mai. 2022.
WEIL, Eric. Ensaio sobre natureza, história e política. Lille: Presses Universitaires
du Spetentrion, 1999.
45
Entrevistados
1. Tuxauas
2. Paulo (Sapará)
3. José Nilton (Macuxi)
4. Representante do povo Wapichana
Dados pessoais
Nome:
Função:
Data de Nascimento:
Etnia:
Perguntas