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LURIA

Alexandre Romanovich Luria, filho de pais judeus, nasceu em 16 de julho de 1902,


em Kazan, uma região central a leste de Moscou. Estudou no Curso de Ciências Sociais da
Universidade Estadual de Kazan (graduado em 1921) e devido ao seu interesse em
psicologia e à sua erudição, em 1924, foi convidado a participar do, recém criado, Instituto
de Psicologia de Moscou. Estudou no Instituto médico de Kharkov e no Instituto Médico de
Moscou graduando-se em medicina em 1937, onde depois foi professor (1944). Obteve seu
doutorado em Pedagogia (1937) e Ciências Médicas (1943).
Ao longo de sua carreira, Luria trabalhou em várias áreas científicas e em diversas
instituições: Academia Comunista de Educação (1920-30s) e Instituto Defectologia
Experimental (1920-30s, 1950-60s) ambos em Moscou); Academia Ucraniana de
Psiconeurologia (Kharkov, no início dos anos trinta); Institutos Reunidos de Medicina
Experimental; Instituto de Neurocirurgia de Burdenko (no final dos anos trinta) e outras
instituições.
Enquanto um estudante em Kazan, Luria organizou a Associação Psicanalítica
Kazan e trocou cartas com Freud. Porém, na época da publicação de seus trabalhos sobre
linguagem e neuropsicologia (1947), negou publicamente sua ligação com o psicanalista e
qualquer influência da teoria psicanalítica, visando evitar perseguição política.
. Em 1923, com seu trabalho sobre tempos de reação associados a processos de
pensamento, conquistou uma colocação no Instituto de Psicologia de Moscou. Lá, ele
desenvolveu o “método motor combinado", que ajudava diagnosticar processos específicos
de pensamento, criando o primeiro dispositivo efetivo detector de mentira. Esta pesquisa foi
publicada no EUA em 1932 e em russo apenas em 2002.
Em 1924, Luria conheceu Vygotsky (1896-1934) que grandemente o influenciaria,
juntamente com Alexei Nikolaievich Leontiev (1904-1979). Os três tinham como projeto
desenvolver uma psicologia radicalmente nova, conhecida com Teoria Histórico-Cultural, a
qual enfatiza o papel mediador da cultura, particularmente da linguagem, no
desenvolvimento de funções mentais superiores na ontogênese e filogênese.
Nos anos trinta, Luria deu continuidade ao seu trabalho com expedições para
pesquisas de neuropsicologia e cultura na Ásia Central. Sob supervisão de Vygotsky, Luria
investigou várias mudanças psicológicas (inclusive percepção, resolução de problemas e
memória) que se sucederam como resultado de reeducação e desenvolvimento cultural que
aquelas minorias (as aldeias nômades do Uzbekistão e da Khirgizia) se submeteram nas
intervenções do governo revolucionário.
Posteriormente, estudou gêmeos idênticos e fraternais nos grandes internatos
escolares para determinar a interação da multiplicidade de fatores genético e culturais que
interferem no desenvolvimento humano. No início de seus estudos neuropsicológicos no
final dos anos trinta, como também ao longo da vida acadêmica pós-guerra, Luria
concentrou-se no estudo da afasia, focalizando a relação entre linguagem, pensamento e
funções corticais, especialmente o desenvolvimento da compensação de funções corticais na
reabilitação da afasia.
Durante a II Grande Guerra, Luria continuou seu trabalho no Instituto de Psicologia
de Moscou. Mas em determinados períodos, ficou afastado desta instituição, principalmente
como resultado da intensificação do anti-semitismo, optando por desenvolver suas
pesquisas junto ao Instituto de Defectologia. Também liderou uma equipe de pesquisa no
Hospital do Exército para desenvolver métodos de reabilitação de deficiências orgânicas
psicológicas em pacientes com lesões no cérebro.
Morreu em Moscou, aos 75 anos, alguns anos depois de publicar os estudos de casos
realizados nesse período, praticamente dando início à Neuropsicologia que conhecemos
hoje.

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