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DIFERENCIAÇÃO CELULAR

Biologia Celular

Pontos Principais:

 Um organismo multicelular desenvolve-se a partir de uma célula única (o zigoto) em um conjunto


de vários tipos diferentes de células, organizadas em tecidos e órgãos.
 Durante o desenvolvimento, as células utilizam tanto as informações intrínsecas, ou herdadas,
como os sinais extrínsecos dos vizinhos para "decidir" sobre seu comportamento e identidade.
 Geralmente, conforme o desenvolvimento avança, as células ficam com seu potencial de
desenvolvimento cada vez mais restritos (tipos de células que elas podem produzir).

Desenvolvimento: panorama geral

Quando falamos em diversidade celular, se focalizamos em humanos, nós temos


conhecimento que estes, como outros animais, descendem de duas células haploides (óvulo e
espermatozoide), as quais unem-se no processo de “fecundação”, gerando uma célula diploide
(célula ovo-zigoto). Assim, quando nascemos possuímos mais de 200 tipos celulares, sendo
evidencia de que ao longo do nosso desenvolvimento acontece o processo de diferenciação
celular.
Assim, conforme o embrião se desenvolve, suas células dividem-se, crescem e migram de
acordo com padrões específicos para formar um corpo cada vez mais elaborado. Para funcionar
corretamente, esse corpo precisa ter eixos bem definidos (ex. da cabeça a cauda). Ele também
precisa de um conjunto específico de órgãos multicelulares e outras estruturas posicionados
corretamente em lugares determinados ao longo dos eixos e devidamente conectados entre si. 
As células do corpo também se especializam em muitas outras células funcionalmente diferentes,
conforme o desenvolvimento prossegue. Seu corpo (ou mesmo de um recém nascido) contém
uma ampla gama de tipos celulares, de neurônios a células hepáticas e células sanguíneas.
Cada um desses tipos celulares é encontrado apenas em partes específicas do corpo - nos
tecidos de determinados órgãos - onde sua função é necessária. 
Como ocorre esta intrincada dança das células? O desenvolvimento é controlado
principalmente pelos genes. As células maduras do corpo, tipo os neurônios e as células
hepáticas, expressam grupos diferentes de genes que lhes conferem propriedades e funções
específicas. Da mesma forma, as células durante o desenvolvimento também expressam grupos
específicos de genes. Esses padrões de expressão gênica orientam o comportamento das células
e permitem sua comunicação com as células vizinhas, coordenando o desenvolvimento.
Neste artigo e nos seguintes, estudaremos mais profundamente os princípios do desenvolvimento
e alguns exemplos.

Processos básicos do desenvolvimento

Organismos diferentes desenvolvem-se de formas diferentes, mas há alguns aspectos


básicos que devem ocorrer durante o desenvolvimento embrionário de quase todos os
organismos:
 O número de células deve aumentar através da divisão

 Devem ser formados os eixos do corpo (cabeça-cauda, direito-esquerdo, etc.)

 Os tecidos devem ser formados e os órgãos e estruturas devem assumir suas formas

 As células individuais devem adquirir a identidade dos tipos celulares finais (p. ex. neurônios)

Esclarecendo, esses processos não são eventos separados que acontecem um após o
outro. Ao contrário, eles acontecem simultaneamente durante o desenvolvimento embrionário.

Fontes de informação para o desenvolvimento


Como as células sabem o que devem fazer no desenvolvimento? Isto é, como a célula sabe
quando e como migrar, dividir-se ou se diferenciar? De forma geral, há dois tipos de informação
que guiam o comportamento celular:
 Pistas Internas: fatores de transcrição encontram-se em algumas áreas X da celula, de modo que
nas divisões celulares, estes fatores vao se isolando, culminando em uma “Segregacao
assimétrica dos determinantes celulares”, assim, a região com mais fatores vai ativar
determinados genes, e estes vao determinar a expressão genica, por consequência produzir
determinadas proteínas, as quais vao determinar a função daquela celula.
 Informação Intrínseca (sucessória), que é herdada da célula mãe através da divisão celular. Por
exemplo, a célula herda moléculas que "informam" que ela pertence à linhagem neural do
organismo, produtora de células nervosas.

 Pista Externa: a indução é um processo pelo qual uma celula ou geralmente um grpo de células
pode induzir a diferenciação por meio de alguns sinais (por difusão/receptores de membrana ou
contato direto/proteínas de superfice ou por juncoes gap)
 Informação extrínseca (posicional), que é recebida das células vizinhas. Por exemplo, uma célula
pode receber sinais químicos de uma vizinha que a instrui para se tornar um tipo particular de
célula fotorreceptora (neurônio detector de luz).

Durante o desenvolvimento, geralmente as células usam as informações intrínsecas e


extrínsecas para tomar decisões acerca de suas identidades e comportamento. Na verdade, as
células tomam decisões da mesma forma que uma calculadora ou computador; neste caso
usando genes e proteínas para executar operações lógicas que calculam a melhor resposta.

Diferenciação, determinação e as células tronco


Ao longo do desenvolvimento, as células tendem a se tornar cada vez mais restritas quanto
ao seu "potencial de desenvolvimento."  Ou seja, a variedade de tipos de células que elas podem
produzir por divisão celular (ou transformação direta) fica cada vez mais reduzida.
Por exemplo, um zigoto humano pode dar origem a todos os tipos de células do corpo humano,
assim como das células que compõem a placenta. Usando o termo técnico da citologia, o zigoto
é totipotente porque tem essa capacidade de originar todos os tipos de células do corpo e da
placenta. Porém, após múltiplas rodadas de divisão, as células do embrião perdem essa
capacidade de originar células da placenta e assumem um potencial mais restrito (pluripotente).
Essas alterações devem-se às alterações no conjunto de genes expressos nas células.
Posteriormente as células do embrião dividem-se em três grupos diferentes conhecidos
como camadas germinativas: mesoderme, endoderme e ectoderme. Cada camada germinativa
dará origem, sob condições normais, ao seu próprio conjunto específico de tecidos e órgãos.

Conforme as células da camada germinativa continuam a se dividir, interagindo com suas


vizinhas e lendo sua própria informação interna, suas "opções" de destino celular ficam cada vez
mais reduzidas. Inicialmente as células são especificadas, isto é, selecionadas para um
determinado destino, mas são capazes de mudar se receberem um determinado sinal. Depois, as
células são determinadas, ou seja, ficam irreversivelmente comprometidas com um determinado
destino. Uma vez determinada, mesmo se for movida para um novo ambiente, a célula irá se
diferenciar somente como o tipo de célula com o qual está comprometida. Enfim, a maioria das
células do corpo diferencia-se, ou assume uma identidade final estável.
Painel esquerdo: célula hepática. A célula hepática contém proteínas álcool desidrogenase.
Se olharmos no núcleo, veremos que o gene álcool desidrogenase se expressa para produzir
RNA, mas o gene neurotransmissor não. O RNA é processado e traduzido, por isso as proteínas
álcool desidrogenase são encontradas na célula.
Painel direito: neurônio. O neurônio contém proteínas neurotransmissoras. Se olharmos no
núcleo, veremos que o gene álcool desidrogenase não se expressa para produzir RNA, mas o
gene neurotransmissor sim. O RNA é processado e traduzido, por isso as proteínas
neurotransmissoras são encontradas na célula.
Por exemplo, o diagrama acima mostra dois genes que são expressos distintamente na célula
hepática e no neurônio. O gene que codifica parte de uma enzima que quebra o álcool e outras
toxinas se expressa apenas na célula hepática (e não no neurônio). O outro gene, que codifica
um neurotransmissor, se expressa apenas no neurônio (e não na célula hepática). Existem muitos
outros genes que são expressos distintamente nesses dois tipos celulares.

Células tronco adultas

Nem todas as células do corpo humano se diferenciam. Algumas células no humano adulto
conservam a capacidade de se dividir e produzir outros tipos celulares. Entre elas estão
as células tronco adultas, que geralmente são multipotentes: elas podem produzir mais de um
tipo celular, mas não uma grande variedade de tipos celulares. Por exemplo, as células tronco
hematopoiéticas na medula óssea podem dar origem a todos os tipos celulares do sistema
sanguíneo, mas não a outros tipos celulares como neurônios ou células da pele.

A principal característica das células tronco é a sua divisão celular assimétrica,


produzindo duas células irmãs diferentes entre si. Uma célula irmã permanece como célula
tronco, num processo chamado autorrenovação (no qual a célula em divisão "renova-se"
produzindo uma filha funcionalmente idêntica). A outra célula irmã assume uma identidade
diferente, diferenciando-se diretamente num tipo celular necessário ou sofrendo divisões
adicionais para produzir mais células.
Zigoto = Blastômero = Mórula = Blastocisto (com trofoblasto e embrioblasto vai se tornar os órgãos)

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