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Agora partiremos para a parte mais prazerosa dos nossos estudos. Vamos estudar a construção da música de uma
forma mais profunda. Vamos entender como e porque são feitas as coisas.
Começaremos agora o estudo da harmonia.
Definimos Harmonia como o estudo da simultaneidade de freqüências, e Harmonia Tonal como "direcionalidade
harmônica", onde, ouvir é "ouvir direções".
O estudo da harmonia contemporânea se divide em Harmonia Funcional (ou tonal) e Harmonia Modal.
Harmonia Funcional ou Tonal
Segundo os conceitos da Harmonia Tonal, cada acorde do campo harmônico possui uma função ou característica.
Dentro de uma composição podemos perceber quando a música nos dá a sensação de afastamento, tensão, repouso
ou conclusão.
Na harmonia funcional cada acorde tem uma função na composição, sempre colocado de forma a criar este “clima” de
tensão/resolução ou pelo menos a expectativa desta resolução.
O ponto de partida da Harmonia Tonal é a tríade. O jogo das funções quase determinística das tríades consonantais,
tônica, subdominante e dominante constitui a sua essência, e a tônica, acorde-eixo em torno do qual giram todos os
outros da estrutura, é a partida e chegada.
Na harmonia funcional dividimos os acordes de um campo harmônico de acordo com a característica que os encerram.
Veja a tabela abaixo com a função dos acordes:
FUNÇÃO DO ACORDES
TÔNICA I VI III
DOMINANTE V VII
SUBDOMINANTE IV II
A tonica é a função que causa a sensação de conforto, É isto! Já vamos entender porque...
repouso.
Dentro de um campo harmônico cada acorde possui uma
A dominante é a função que causa a sensação de tensão das três funções, uns com mais outros com menos
na musica. intensidade, conforme mostra o quadro acima. Mas a maior
característica da harmonia funcional é que a musica
A subdominante é a função que causa a expectativa da caminha sempre para uma cadencia harmônica que busca
resolução, nosso ouvido espera uma resolução ou repouso esta resolução.
após um acorde subdominante.
Para se caracterizar uma cadência, necessita-se de pelo
Compreendeu? menos dois acordes de diferentes funções. É através da
Experimente tocar como exemplo a seguinte seqüência: C cadência que se define uma tonalidade, já que dois acordes
(tonica) G7 (subdominante) C (tonica) de diferentes funções encerram quase todas as notas de
uma tonalidade. São cinco as cadências: perfeita,
Notou a sensação de afastamento e retorno? imperfeita, plagal, meia-cadência e deceptiva.
1- Cadência perfeita
É a mais forte. Resulta da combinação das funções dominante "D" (V grau) e tônica "T" (I grau). Pode vir precedida do
IV e II graus (função subdominante). Neste caso recebe a denominação de cadência autêntica.
2- Cadência imperfeita
É o resultado da combinação "D" e “T" (V - I) onde um ou ambos estão invertidos ou ainda no caso VII - I. Nesses
casos a cadência enfraquece acentuadamente.
Ex. 1 Ex. 2
V I V7 I
Ex. 3 Ex. 4
1ª inv.
V I VIIm7(b5) I
| G/B | C | | Bm7(b5) | C |
3- Cadência plagal
É o resultado da combinação das funções "S" e "T". Trata-se, também, de uma cadência conclusiva.
Ex. 1 Ex. 2
IV I IIm I
Ex. 3 Ex. 4
1ª inv. 1ª inv.
IV I IV I
| F/A | C | | F | C/E |
4- Meia cadência
É quando o descanso é feito no dominante (V grau). Sendo o dominante precedido por graus de diferentes funções.
Ex. 1 Ex. 2 Ex. 3
II V VIm V I V
5- Cadência deceptiva ou interrompida
É quando o dominante vem seguido por qualquer grau que não seja a tônica. Esta cadência não é conclusiva, podendo
ser diatônica (da mesma tonalidade) ou modulante (de uma tonalidade diferente).
a- Diatônica
É quando o dominante (V grau) vem seguido por qualquer grau diatônico.
Ex. 1 Ex. 2
V IV V VIm
|G|F| | G | Am |
Ex. 3 Ex. 4
V IIm V IIIm
| G | Dm | | G | Em |
b- Modulante
É quando o dominante (V) vem seguido por um acorde que leva a uma nova tonalidade, passageira ou não.
Ex. 1
Ainda na categoria dos acordes de sétima da dominante, temos o SubV7 que é o acorde substituto do V7 com a
fundamental uma quarta aumentada abaixo. O SubV7 é encontrado um semitom acima do acorde onde vai resolver.
Entenderemos o porque mais tarde.
Exemplo:
SubV7 I
| Db7 |C|
SubV7 V7 I
| Ab7 G7 |C|
PREPARAÇÃO DO I GRAU
São três os tipos de preparação para o I grau, todas por função dominante.
Preparação V7 → I (dominante primário)
Nesta preparação o movimento do baixo do V7 sobe quarta justa ou desce quinta justa para resolver no I. É o mais
usado e sua resolução é feita tanto no acorde maior como no menor.
Ex.
V7 I V7 Im
G7 C G7 Cm
Porque esta sensação de repouso acontece? Vamos entender.
O acorde de quinto grau com sétima tende a se resolver na tonica pelo seguinte motivo:
Vamos pegar como exemplo G7 resolvendo em C
G7 é formado por: Sol – Si – Re – Fa
C é formado por: Do – Mi – Sol
Vemos que por uma diferença de semitons, o V7 tende a se aproximar da tonica. O B tende ao C por apenas 1
semitom, assim como o F tende ao E.
Porque o V7 gera tanta tensão? A resposta é a seguinte.
No acorde de quinto grau, quando acrescentamos o sétimo grau da escala, acrescentamos ao acorde um intervalo que
se chama “trítono”. O trítono é um intervalo de três tons, e causa uma tensão muito evidente. Experimente as
possibilidades. Perceba a diferença de resolução entre:
V → C e V7 → C
Continuando o assunto da dominante:
Todos os acordes do campo harmônico podem ter o seu dominante.
Os dominantes dos demais graus diatônicos, recebem a denominação de dominantes secundários. Ex.: V7/II, V7/VI,
etc.
Preparação SubV7 → I (SubV7 primário)
SubV7 quer dizer substituto da sétima da dominante e é encontrado sobre o II grau abaixado, isto é, um semitom
acima do acorde de resolução. O SubV7 resolve tanto no acorde maior quanto no menor.
Ex.
SubV7 I7M SubV7 Im
Db7 C Db7 Cm
Porque SubV7 tem característica de dominante? Ele nem faz parte do campo harmônico! Porque ele gera tensão assim
como o acorde dominante?
Vejamos um exemplo em Do maior:
O G7 (V7) é formado por: Sol – Si – Re – Fa
O Db7 (SubV7) é formado por: Reb – Fa – Lab – Si
O C é formado por: Do – Mi – Sol
Respondido? Assim como o V7, ele possui o trítono que tende à tônica! Bacana, não?
Continuando o assunto SubV7:
Os SubV7 dos demais graus diatônicos são denominados de SubV7 secundários.
Ex.
I SubV7/IV IV VIm7 SubV7/V V7 I7M
Preparação VII° → I
A preparação VII° é mais freqüente quando o acorde de resolução é menor. Observe que a sétima diminuta de B° é a
nota Lá bemol, diatônica à tonalidade de Dó menor, daí ser mais comum o uso do VII° preparando o Im.
Ex.
VII° Im
B° Cm