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OBRAS MARÍTIMAS E FLUVIAIS

TRANSPORTE SÓLIDO

OMF - J. L. S. Pinho 1
OBRAS MARÍTIMAS E FLUVIAIS
TRANSPORTE SÓLIDO

SUMÁRIO

3.1 Introdução
3.2 Propriedades dos sedimentos
3.3 Propriedades de misturas granulométricas
3.4 Equação dinâmica de transporte sólido
3.5 Diagrama de Shields
3.6 Inicio do movimento
3.7 Influência da profundidade e da inclinação do talude na estabilidade
3.8 Tensão crítica em canais trapezoidais

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Propriedades dos sedimentos (partículas)

Dimensão
Classes de tamanhos
Forma
Densidade
Velocidade de sedimentação

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Dimensão Propriedades dos sedimentos (partículas)

As dimensões das partículas, de forma irregular, representam-se pelo “Diâmetro


esférico equivalente”:

Diâmetro nominal: diâmetro da esfera de densidade e volume iguais aos da partícula;


(útil quando é fácil de medir o volume da partícula)

Diâmetro de peneiração: φ da esfera que, como a partícula, passa sem folga pela rede
de um peneiro; (comum para areias)

Diâmetro de sedimentação: φ da esfera de densidade igual à da partícula, que atinge a


“velocidade terminal” (em equilíbrio), ws, igual à da partícula, nas mesmas condições;
(útil para areias finas, siltes e argilas)

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Classes de tamanhos Propriedades dos sedimentos (partículas)

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Forma Propriedades dos sedimentos (partículas)

A forma influencia a velocidade de transporte, a velocidade de queda, a estabilidade


dos taludes, etc.

Existem vários parâmetros que caracterizam a forma das partículas, destacando-se:

- Esfericidade - Factor de forma de Corey

c
Vp SF =
3 ab
Vesfera

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Densidade Propriedades dos sedimentos (partículas)

Varia com a composição mineralógica, afectando o transporte de sedimentos por


segregação (efeito de encouraçamento, “armouring”)

(Quartzo e feldspato) -> d=2.65

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Velocidade de sedimentação Propriedades dos sedimentos (partículas)

Em regime estacionário, a velocidade de queda, vs, é denominada de velocidade


terminal e a força resistente, Fd, (de arrastamento, que resulta do atrito) é equilibrada
pelo peso submerso Ws.

1
Fd = Cd ρAvs
Fd 2

Ws
Ws = πD 3 g (ρ s − ρ )
1
6
Partícula esférica

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Velocidade de sedimentação Propriedades dos sedimentos (partículas)

Igualando as duas forças anteriormente apresentadas obtém-se para a velocidade de


sedimentação:

Fd
4 1 ρ −ρ
vs = gD s
3 CD ρ
Ws

Partícula esférica

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Velocidade de sedimentação Propriedades dos sedimentos (partículas)

vs D
Rew =
ν

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Velocidade de sedimentação Propriedades dos sedimentos (partículas)

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SUMÁRIO
Escoamento fluvial – Estabilidade

3.1 Introdução
3.2 Propriedades dos sedimentos
3.3 Propriedades de misturas granulométricas
3.4 Equação dinâmica de transporte sólido
3.5 Diagrama de Shields
3.6 Inicio do movimento
3.7 Influência da profundidade e da inclinação do talude na estabilidade
3.8 Tensão crítica em canais trapezoidais

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Propriedades de misturas granulométricas

Distribuição granulométrica
Porosidade

Ângulo de atrito interno

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Distribuição granulométrica Propriedades de misturas granulométricas

Geralmente, os sedimentos consistem em misturas com grãos de diâmetros, formas e


densidades diversas. Na sua caracterização recorre-se a métodos estatísticos de
amostragem.

Peneiração mecânica: determinação da distribuição granulométrica → curvas de


frequência acumulada

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Distribuição granulométrica Propriedades de misturas granulométricas

- Diâmetro mediano, D50


- Diâmetro médio,
∆ i Di
Dm = ∑
100
Sendo ∆i a diferença percentual entre 2
valores consecutivos e Di o valor médio dos
diâmetros extremos que delimitam o
intervalo ∆i.

- Coeficiente de graduação, σD

- Dn, diâmetro em que n% do material é mais


“fino”.

- Diâmetro médio geométrico, Dg

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Distribuição granulométrica Propriedades de misturas granulométricas

− Geralmente, as curvas de distribuição


granulométrica seguem uma distribuição “log-
normal” (representadas por rectas em gráficos em
papel log-normal).

− Diâmetro geométrico, Dg : valor de D para a


ordenada de 50%, lida sobre a recta que une os
pontos correspondentes às percentagens de 16 e
84% da curva granulométrica

Dg = D16 D84

− Coeficiente de graduação, é aproximadamente


igual ao desvio padrão da amostra.

1⎛D D ⎞
σ D = ⎜⎜ 84 + 50 ⎟⎟
2 ⎝ D50 D16 ⎠

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Porosidade Propriedades de misturas granulométricas

Porosidade, υ: % de vazios num dado volume de sedimentos secos.

Os sedimentos finos são em geral mais porosos que os grosseiros.

Areias:
Finas 44% < υ < 49%
Médias 41% < υ < 48%
Grossas 39% < υ < 41%

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Ângulo de atrito interno Propriedades de misturas granulométricas

É o ângulo cuja tangente é igual à razão entre as forças tangenciais e normais numa
situação de deslizamento iminente entre duas camadas de sedimentos.

Sendo as forças de coesão, para areias, em geral fracas, o ângulo de atrito interno
coincide com o ângulo de repouso, θr, ou ângulo de talude natural.

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Ângulo de atrito interno Propriedades de misturas granulométricas

Variação do ângulo de repouso com D de materiais uniformes


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Escoamento fluvial – Estabilidade

3.1 Introdução
3.2 Propriedades dos sedimentos
3.3 Propriedades de misturas granulométricas
3.4 Equação dinâmica de transporte sólido
3.5 Diagrama de Shields
3.6 Inicio do movimento
3.7 Influência da profundidade e da inclinação do talude na estabilidade
3.8 Tensão crítica em canais trapezoidais

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Equação dinâmica de transporte sólido

Fs

Fa

Forças actuantes sobre uma partícula sólida

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Equação dinâmica de transporte sólido

ρu f 2 - representa a força hidrodinâmica de arrastamento


Fa = Ca C fa D2
2

ρu f 2 - representa a força de sustentação


Fs = CsC fs D2
2

W = C fp (ρ s − ρ ) g D3 - representa o peso submerso da partícula

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Equação dinâmica de transporte sólido

Deduz-se a seguinte condição crítica para o início do movimento de uma


partícula sólida, isolada, de um material não coesivo:

tan φ = W sin β + Fa
W cos β - Fs

sendo φ o ângulo de repouso.

Substituindo naquela equação os valores de W, de Fa e de Fs, resulta:

⎛⎜ u 2 ⎞⎟
⎝ f ⎠cr
2C fp (tan φ cos β - sin β )
=
(ρs ρ −1)gD CaC fa + CsC fs tan φ

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Equação dinâmica de transporte sólido

O segundo membro desta equação depende das características das partículas


(dimensão, forma, uniformidade, distribuição, etc.), das características do
escoamento, através dos coeficientes Ca e Cs, da inclinação do fundo e do ângulo
de repouso.

A utilização prática desta equação em condições reais é, assim, extremamente


complicada.

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Equação dinâmica de transporte sólido

Critério baseado na velocidade de atrito u* , a qual representa uma medida da


intensidade das flutuações turbulentas.

A relação entre a velocidade de atrito, u* , e a tensão tangencial de atrito,τ0 , é dada


por:
τ
u* = 0
ρ
Considerando uf=u* , obtém-se:

(τ 0 )cr 2C fp (tan φ cos β - sin β )


=
(ρ s − ρ )gD CaC fa + CsC fs tan φ

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SUMÁRIO
Escoamento fluvial – Estabilidade

3.1 Introdução
3.2 Propriedades dos sedimentos
3.3 Propriedades de misturas granulométricas
3.4 Equação dinâmica de transporte sólido
3.5 Diagrama de Shields
3.6 Inicio do movimento
3.7 Influência da profundidade e da inclinação do talude na estabilidade
3.8 Tensão crítica em canais trapezoidais

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Diagrama de Shields

Com base neste critério, Shields construiu um diagrama que representa o gráfico da curva,

(τ 0 )cr ⎛u D⎞
= f ⎜⎜ * ⎟
(ρ s − ρ )gD ⎝
ν ⎟⎠

em que:
u*D
R* =
ν

é o número de Reynolds, com

D = Ds ≅ D50

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Diagrama de Shields

Ψc =
(τ 0 )cr =f
⎛u D⎞
⎜ * ⎟
(ρ s − ρ )gD ⎜ ν ⎟
⎝ ⎠

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Diagrama de Shields

Ψc =
(τ 0 )cr =f
⎛u D⎞
⎜ * ⎟
(ρ s − ρ )gD ⎜ ν ⎟
⎝ ⎠

∆ = (ρ s − ρ )
ρ

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Diagrama de Shields

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Qual a velocidade de atrito (u*) para areia (ρ = 2650 kg/m3) com D=2 mm ?

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Diagrama de Shields Diagrama de Shields

Na forma “clássica” do Diagrama de Shields u* aparece nos dois eixos. Assim, torna-se
necessário resolver o problema através de iterações.

Admita-se como primeira aproximação u*= 1m/s.


u*D 1× 0,002
Re* = = = 1500
ν 1,33×10 − 6
Diagrama a) : Re*=1500 → Ψc=0,055
⎛ ρ −ρ ⎟ ⎞ ⎛ 2650 − 1000 ⎞
u* = Ψc ⎜⎜ s ⎟⎟ gD = 0,055 × ⎜

⎟ × 9,81× 0,002 = 0,042 m / s


⎝ ρ ⎠ ⎝ 1000 ⎠

u*D 0,042 × 0,002


Re* = = = 63
ν 1,33×10 − 6
Diagrama a) : Re*=63 → Ψc=0,04

⎛ρ −ρ ⎟ ⎞ ⎛ 2650 −1000 ⎞
u* = Ψc ⎜⎜ s ⎟⎟ gD = 0,04 × ⎜

⎟ × 9,81× 0,002 = 0,036 m / s

⎝ ρ ⎠ ⎝ 1000 ⎟⎠

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Diagrama de Shields

0,055
0,04

63 1500

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Diagrama de Shields

( )
13
d* = d ⎛⎜⎜ ρ s − ρ g /ν 2 ⎞⎟⎟
13
= 0,002 × 1,65 × 9,81 / 1,33E − 062 = 42
⎝ ρ ⎠

Diagrama b) : d*=42 → Ψc=0,04

ρ −ρ ⎟
⎛ ⎞ ⎛ 2650 −1000 ⎞
u* = Ψc ⎜⎜ s ⎟ gD = 0,04 × ⎜

⎟ × 9,81× 0,002 = 0,036 m / s

⎝ ρ ⎟ ⎠ ⎝ 1000 ⎟⎠

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Diagrama de Shields

0,04

42
∆ = (ρ s − ρ )
ρ

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3.1 Introdução
3.2 Propriedades dos sedimentos
3.3 Propriedades de misturas granulométricas
3.4 Equação dinâmica de transporte sólido
3.5 Diagrama de Shields
3.6 Inicio do movimento
3.7 Influência da profundidade e da inclinação do talude na estabilidade
3.8 Tensão crítica em canais trapezoidais

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Inicio do movimento

O início do arrastamento é um fenómeno complicado, pois depende, entre outros


parâmetros, da velocidade do escoamento junto ao fundo, uf, cujo conhecimento
não é em geral possível com suficiente rigor.

Por esse motivo se utiliza com frequência a velocidade média do escoamento


como critério para a determinação do início do transporte por arrastamento.

Um critério mais racional baseia-se no cálculo da tensão tangencial, τ 0 = γ R J , ou


na chamada velocidade de atrito, definida por: u* = τ0 ρ

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Inicio do movimento

Devido às irregularidades das rochas naturais, da sua posição, arranjo e consequentemente da sua
exposição ao escoamento a sua estabilidade será diferente, pelo que não existe uma velocidade
crítica a partir da qual se inicia o movimento. Por outro lado, o escoamento, é turbulento pelo que
existirão picos de velocidade e pressão muito superiores aos valores médios.

O inicio do movimento é portanto uma questão subjectiva (Figura a).


Trabalhos experimentais conduziram à identificação de sete estados de movimento num leito
móvel:

1 - movimento ocasional em alguns locais


2 - movimento frequente em alguns locais
3 - movimento frequente em vários locais
4 - movimento frequente em muitos locais
5 - movimento frequente em todos os locais
6 - movimento contínuo em todos os locais
7 - transporte geral dos grãos

O critério de Shields apresenta uma aproximação razoável ao estado 6 (Ver Figura b).

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Inicio do movimento

Shields obteve os seus valores (ψ) por extrapolação de valores medidos de transporte (Figura a).

Paintal realizou testes semelhantes aos de Shields mas não extrapolou as medições de
transporte sólido para 0. Em alternativa definiu o transporte por m de largura, qs (Figura b).

qs* = 6,56 × 1018ψ 16 (para ψ < 0,05)


ee

qs* = 13ψ 2,5 (para ψ > 0,05)


qs
qs* =
∆gD 3

O critério de Shields para o ψc pode ser considerado como o inicio do transporte de sedimento ou
erosão. Os trabalhos experimentais referidos anteriormente (estado de movimento 6) e a quebra
na relação de Paintal comprovam a afirmação anterior.

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3.3 Propriedades de misturas granulométricas
3.4 Equação dinâmica de transporte sólido
3.5 Diagrama de Shields
3.6 Inicio do movimento
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3.8 Tensão crítica em canais trapezoidais

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Influência da profundidade na estabilidade

uc ⎛ 6h ⎞
= 5.75 log⎜⎜ ⎟⎟ ψ c
∆gDn 50 ⎝ Dn 50 ⎠

uc
ψ = 0.05
2

∆gDn 50 ψ = 0.03
1

0
1 10 100 Dn 50
h/D50
= 0.84
D50

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Influência da inclinação na estabilidade

⎛ ⎞
β cos θ 1− tan 2 θ + sin β
⎜ 2 ⎟
τ 0 = τ 0h ⎜ cos ⎟

⎜ tan φ tan φ ⎟

⎝ ⎠

tan θ = cos β tan Θn(β é o declive do fundo colinear com o escoamento e Θn é o


declive do fundo perpendicular à direcção do escoamento).

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3.3 Propriedades de misturas granulométricas
3.4 Equação dinâmica de transporte sólido
3.5 Diagrama de Shields
3.6 Inicio do movimento
3.7 Influência da profundidade e da inclinação do talude na estabilidade
3.8 Tensão crítica em canais trapezoidais

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Tensão crítica em canais trapezoidais

A equação τ0=γhJ=γhi foi obtida para escoamentos bidimensionais (canais


rectangulares largos), distribuição uniforme de τ0 na fronteira, e declives (i) pequenos.

Na verdade, os escoamentos são tri-dimensionais e a distribuição de τ0 não é uniforme


na fronteira (sobre o perímetro molhado).

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Tensão crítica em canais trapezoidais

Em canais trapezoidais, a tensão de arrastamento no fundo e nas margens depende


de:

Bf Largura do fundo
=
h Profundidade

z (= H /V ), inclinação das margens

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

Tensão crítica em canais trapezoidais

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Considerando uma velocidade (de projecto) de 4 m/s, uma profundidade de


10 m e ∆=1,65, qual a dimensão (dn50) das rochas capazes de suportar a
acção erosiva do escoamento ?

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

RESOLUÇÃO
Consideração do efeito da profundidade

g
u =u
* C
⎛ ⎞
⎜ R ⎟
C = 18 log⎜12 ⎟
⎜ k ⎟
⎝ r ⎠
u2
d =
n50
ψ c ∆C 2
k r ≅ 2d
n50

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Qual o número de rochas erodidas diariamente de uma protecção


constituída por rochas com um diâmetro característico de 0,4 m ?

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

RESOLUÇÃO

qs = 6,56 × 1018ψ 16 ∆gD 3


qs = 6,56 × 1018 0.0316 1.65 × 9.81× 0.43 ≅ 3 × 10 −6 m 3 /s/m

86400 × qs / d 3 ≅ 4

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Crie uma folha Excel que permita auxiliar no dimensionamento de canais


de secção trapezoidal constituídos por material não coesivo.
Admita que são conhecidos o caudal de projecto, a temperatura média da
água, a inclinação do fundo, a inclinação das margens e as propriedades
do material que o constitui (D50, φ, ρs e Ks de Manning-Strickler).

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ESCOAMENTO FLUVIAL - ESTABILIDADE

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Um canal em terra deverá transportar um caudal de água Q=57 m3/s a uma


temperatura média de 14 ºC. A inclinação do fundo, i=0.001, é fixa; as
margens deverão ter uma inclinação de 1.5 na horizontal para 1 na vertical.
A análise granulométrica deu: D50=37 mm; φ=37º; s=2.65 e n=0.02
(Manning).
Calcular as dimensões deste canal estável (isto é, o canal não deverá
erodir no fundo nem nas margens)

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