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Tradução: Adriana
Revisão Inicial: Hígia
Revisão Final: Mitra
Leitura Final: Taciana
Grupo Rhealeza Traduções
05/2020
Frio. Cruel. Assassino. Sou respeitado e temido por todos.
Eu não fui colocado nesta terra para amar ou ser amado. Fui
colocado aqui para acabar com todos os membros da
maldita máfia Abandonato, para fazê-los pagar pela morte
de minha mãe.
Alessio
***
Ayla
—Pare!
Meu pai era rico, mas eu nunca tinha visto nada assim. A
mansão em que eu morava era muito menor em comparação a esta.
—Ei!
Alessio
—O que foi?
—Chefe...
—Vire-se.
Eu queria vê-la.
Pestanejei com o pensamento repentino. O quê?
Ayla
Tudo o que pude fazer foi olhar nos olhos de aço azulado
que me lembravam o céu no meio do inverno.
Mas isso mudou quando seu rosto ficou duro e depois com
raiva. Eu pulei de surpresa quando ele deu um passo repentino para
trás. Todo o seu corpo se contraiu e ele apontou a arma de volta
para mim. Meus olhos se arregalaram e meu coração bateu mais
rápido.
Ele deu vários passos para trás, a arma ainda apontada para
mim enquanto esperava minha resposta. Quando chegou à
poltrona, sentou-se e cruzou o pé direito sobre o joelho esquerdo.
A arma ainda estava apontada para o meu peito.
Então eu menti.
Com meus olhos ainda fixos em seu rosto, pensei nas minhas
opções. Mas o mais importante, pensei na minha sobrevivência. E
apenas uma opção poderia me ajudar.
E eu apenas sabia.
Espere, o quê? Ele quis dizer...? Não, ele não podia. Ele não
faria.
Ah, mas ele faria. Ele era Alessio Ivanshov. Nada havia sido
negado a ele. E eu apenas tinha acabado de aceitar sua oferta.
Oh meu Deus. Por favor não. Isso não. Qualquer coisa menos isso.
Sim. Sim, eu pensei que você quisesse dizer outra coisa. Eu achei que
você queria que eu fosse sua.
***
Alessio
Era óbvio que o sobrenome dela não era Blinov. Ela não
devia saber. Eu era o Pakhan. Eu sabia quando alguém estava
mentindo. Eu podia sentir. E suas mentiras estavam escritas em
todo o rosto. Ela era uma péssima mentirosa e eu não pude deixar
de zombar de seu nervosismo.
Eu a queria.
Ayla
Por que ele estava fazendo isso comigo? Um minuto ele agiu
como se quisesse me matar, enquanto no outro parecia que ele
queria me beijar loucamente. Era tudo um jogo para ele?
Eu era apenas um peão para ele. E por isso, tinha que agir
com inteligência. Se ele estivesse jogando, eu também jogaria,
porque, de um jeito ou de outro, tinha que sair daqui viva.
***
Quando vi que Nikolay não estava lá, saí e fui até a cama,
onde um vestido preto me esperava com um par de roupas íntimas.
Alessio
Eu sabia.
Por quê?
Ayla
—Ayla vai trabalhar aqui com você. Lena, você pode atribuir
seu horário de trabalho. —Afirmou Alessio uniformemente. Engoli
em seco várias vezes quando ouvi sua voz novamente.
Alessio
—Ayla vai trabalhar aqui com você. Lena, você pode atribuir
seu horário de trabalho. —Continuei enquanto mantinha meus
olhos em Ayla. Ela engoliu em seco e se contorceu nervosamente
no local.
Eu saí.
E então eu atacaria.
***
Ayla
Lena olhou para mim com desconfiança, mas não disse nada.
Dando-me um pequeno sorriso, ela se virou para as outras duas
empregadas.
Balancei minha cabeça, mas então percebi que ela não podia
me ver.
—Não. Eu não tomei. —Respondi.
—Coma, querida.
Ayla
Alessio.
Ele não estava de terno. Mas usava calça preta e uma camisa
de linho preta, que estava desabotoada no topo, para revelar um
pouco do peito.
Ele ia me beijar?
Ele pairou a mão por cima do meu peito, mas não me tocou.
Estremeci quando meu corpo esquentou sob seu olhar examinador.
Mesmo que ele não tivesse me tocado ainda, meu corpo já estava
pegando fogo.
Meu peito arfava e cada vez que meus seios roçavam em sua
camisa, a sensação de formigamento lá embaixo aumentava. Meu
corpo se contraiu, hiper consciente do toque de Alessio.
Seu rosto ficou sem expressão, mas seu olhar aquecido não
podia ser mal interpretado. Mostrava tudo o que ele sentia.
Joguei minha cabeça para trás e ele ainda estava olhando para
mim, seu olhar intensamente no meu enquanto observava minha
reação.
Alessio se inclinou para mais perto até que sua boca estava
ao lado da minha orelha. Ele soprou na minha pele e depois mordeu
no lóbulo. —Não, a menos que você queira. —Ele sussurrou
severamente em meus ouvidos, dizendo as mesmas palavras que
disse quando nos conhecemos.
Ah, eu sabia que isso estava por vir, mas o que eu não
esperava era como meu corpo reagiria às suas palavras.
Comecei a dizer não, mas ele levou o dedo aos meus lábios.
—E nem pense em mentir. Mentir apenas causará mais problemas.
Azul no verde.
Ele olhou para mim por alguns segundos, seu olhar intenso
enquanto esperava minha resposta. Mas, desafiadoramente, fiquei
quieta, apertando os lábios, recusando-me a responder. Não
responder era melhor do que responder, certo?
Fraca. Tão patética. Olhe para você. Toda arruinada. Você não passa
de uma prostituta baixa e suja.
Seu calor envolveu meu corpo e eu não senti mais frio. Meu
coração estava batendo forte no meu peito, e eu tinha certeza de
que ele sabia.
—Alessio...
Era demais.
E então eu desmaiei.
***
Alessio
Oh, gatinha, quando você acordar, eu vou lhe mostrar a coisa real.
CAPÍTULO 09
Ayla
Ele levantou uma das mãos e agarrou meu queixo, seu aperto
firme e duro enquanto inclinava minha cabeça, forçando-me a olhar
em seus olhos frios e duros. A raiva brilhava atrás das íris azuis e eu
me encolhi sob seu olhar ardente.
—Ayla, me responda!
Quando eu estava perto dele, meu corpo não era meu. Meu
cérebro se tornava uma confusão caótica e eu não conseguia pensar
direito.
***
Alessio
Ela deu vários passos para longe de mim e colocou uma mão
trêmula em seu peito. Ela estava tremendo, o medo evidente.
Mas por que diabos ela estava tão assustada? O medo não
era apenas por minha causa. Havia algo mais, e eu ainda não tinha
percebido.
Ayla era um grande mistério para mim. Ela agiu como se
odiasse meu toque, mas gemeu de prazer ao mesmo tempo.
—O que é agora?
—É importante.
—Bem. Encontre-me no meu escritório. —Pedi antes de
desligar.
Sem aviso, bati meus lábios nos dela. O beijo foi duro, rápido
e contundente, para que ela soubesse que ela pertencia a mim. Só a
mim.
—Descubra quem é!
Nenhum deles se mexeu.
Ayla
Alessio era o novo perigo. Seu toque, sua voz, seu olhar
controlador.
***
Alessio
Ele estava certo. Não sabíamos nada sobre Ayla, e foi muita
coincidência ela ter me encontrado e decidido se esconder no meu
carro. E então, alguns dias depois, os malditos italianos estavam
recebendo informações sobre meus planos.
Gatinha, você pode pensar que me enganou, mas este é o meu jogo agora.
De um jeito ou de outro, não importa como, vou tirar a verdade de você.
Ayla
Mas ele olhou para trás, sem expressão, com os olhos frios.
Senti uma mão agarrar meu braço e depois fui puxada para
trás. Abri minha boca para gritar, mas descobri que não saiam
palavras. Minha garganta se fechou e eu não conseguia respirar. O
pânico me tomou e fiquei entorpecida.
—Por favor...
Ele usava o mesmo terno da última vez que o vi, mas desta
vez suas mãos estavam cobertas com luvas de couro preto.
Lentamente, erguendo meu olhar para o rosto dele, soltei um
suspiro quando encontrei seu olhar feroz. Seus olhos brilhavam
com tanta ferocidade que me tirou o fôlego.
Sua presença sombria pairava sobre mim, o medo me
tomando enquanto minha espinha formigava de inquietação. Os
pelos curtos dos meus braços e da minha nuca se arrepiaram e
minha pele estremeceu.
Alessio
Vale a pena torturar alguém que possa ser inocente? A voz irritante
na minha cabeça persistiu.
Isso fez meu coração fazer uma coisa estranha. Isso me fez...
sentir.
***
Ayla
Ele usava seu terno preto de três peças. Suas mãos estavam
nuas – sem luvas de couro preto. Alessio olhou para mim por alguns
segundos, seus olhos vazios.
Não olhei para ele quando assenti. Fugir nem sequer passou
pela minha mente. Eu sabia que não podia escapar. Não havia
sentido.
Abri os olhos e olhei fixamente para ele. Por que ele estava
fazendo isso? Meu coração palpitou quando ele levantou meus
pulsos e colocou um único beijo em cada um deles. Minha boca
ficou aberta. Isso não estava realmente acontecendo, certo? —Sinto
muito, Ayla. —Disse Alessio contra o meu pulso. Parei de respirar
por um segundo. Ele se desculpou comigo. O chefe da máfia russa,
Alessio Ivanshov, um homem que provavelmente nunca proferiu a
palavra desculpa a ninguém, tinha acabado de se desculpar comigo.
1
Curry é um termo genérico para muitos pratos típicos de todo o mundo, particularmente da Ásia,
que são cozidos ou recebem uma cobertura de molho feito com muitas ervas e especiarias.
Mas nunca tive a chance de analisá-lo. O sono já havia
tomado conta do meu corpo.
***
Alberto
Ayla
Maddie era filha de Lena. Ela era alguns anos mais velha que
eu, mas nos conectamos instantaneamente. Além de Lena, Maddie
era alguém em quem eu tinha começado a confiar.
—Ayla, não está tudo bem. Como ele pôde fazer isso com
você? Quando soubemos que você foi levada para o porão, acho
que minha mãe quase teve um ataque cardíaco! —Ela se levantou,
colocando as mãos nos quadris.
—Mas eu não sou! —Olhando para trás, olhei nos olhos dela
com convicção e esperava que ela acreditasse em mim. Mas Maddie
apenas sorriu.
—Nós sabemos, Ayla. Está claro como o dia que você não
é. Mas Alessio é teimoso. Se ele suspeitar que você é uma espiã, ele
não vai deixar você ir.
—Desde que ele acredite que eu não sou uma traidora, então
não tenho nenhum problema. —Eu disse. Lena ficou em silêncio,
então acrescentei com um tom tranquilizador: —Estou bem. Sério.
—Depois de alguns segundos, ela finalmente acenou com a cabeça
e se virou.
Alessio
—Eu sei. Mas sinto muito pela sua perda. Uma lágrima
escorreu pelo canto do seu olho.
Ayla
Quando lhe disse que sentia muito por sua perda, fiquei com
medo de que ele ficasse zangado.
Ele estava certo quando disse que não era minha culpa. Mas
meu pai havia matado sua mãe. E se meu pai não iria se desculpar
por seus erros e más ações, eu o faria. Tinha-se tornado meu fardo
para carregar.
Ele nem sequer olhou para mim. Ele estava olhando apenas
para Maddie, cujos olhos se arregalaram quando o viu e suas
bochechas ficaram vermelhas.
Tentei gritar, mas nenhum som saiu. Eu lutei contra ele, mas não
adiantou. Ele me mantinha imóvel.
Soluçando, continuei lutando, mas não teve qualquer efeito sobre ele.
Quando ele alcançou minha calcinha, rasgou-a sem pensar duas vezes, me
expondo para ele.
Sua mão ficou na minha boca, impedindo qualquer som de escapar. Ele
se moveu sobre mim e então eu o senti perto da minha entrada. Eu queria gritar.
—Vai acabar logo, amor. —Disse ele no meu pescoço, colocando beijos
molhados ao longo do comprimento, mordendo com força e torturando a pele com
os dentes.
—Porra. Você é tão apertada. Feita para mim. Eu sou seu dono.
Sua respiração ofegante alta encheu meus ouvidos e isso foi tudo que eu
pude ouvir. Doeu tanto. Tudo doía. Meu corpo. Minha cabeça. Meu coração.
Minha alma.
Quando ele parou de se mover, eu não senti nada. Meu corpo estava
entorpecido. Aleijado de dor e medo. Puxando para fora de mim, ele removeu a
mão e apoiou as palmas das mãos sobre o colchão em ambos os lados do meu
rosto. Ele se inclinou sobre mim e sorriu.
Só desejei, por uma vez, poder viver sem medo. Apenas por
uma vez, eu queria ser absolutamente livre.
Tudo o que eu queria era paz e, mesmo que fosse por pouco
tempo, eu a tinha encontrado. Eu não questionei isso. Eu não
queria. Eu apenas aceitei.
Ayla
A luz do sol tocou meu rosto e apertei meus olhos com força
contra o brilho. Virando-me, estremeci com a dor nas minhas
costas e senti minha testa enrugar em confusão. Por que minha
cama macia e fofa parecia tão dura?
Eu me senti esperançosa.
***
Sem responder, ele esticou a mão até seu lado e abriu a porta.
Engolindo com força contra o nó na garganta, dei-lhe um sorriso
tenso e entrei com as pernas trêmulas. Dentro do escritório,
enormes janelas davam para o jardim dos fundos.
Espere, o quê?
Oh meu Deus.
—Então?
—Está...
Um porco nojento.
Eu queria bater minha cabeça em uma parede.
CAPÍTULO 18
—Mentirosa.
—Maddie...
—Conte-me!
—Ela estava dando a ele um... você sabe. —Deus, foi tão
embaraçoso.
—Você sabe...
—Então ele foi até o fim bem na sua frente. Sem qualquer
decência para parar e pedir desculpas?
—O quê?
—O quê?
—Não sei. Pensei que talvez você sentisse algo por ele.
Quero dizer, o ar está praticamente crepitando entre vocês dois.
Eu não conseguia sentir. Esse era um não absoluto. Eu não
podia me deixar apegar ou sentir amor, especialmente não por um
homem como Alessio.
E eu odiei-o absolutamente.
Eu não me mexi.
Dei outro passo para trás. E, como esperado, ele deu outro
passo à frente.
—Diga, então.
Olhe para ela. Arruinada, deitada no chão, nosso gozo pingando dela.
Exatamente como uma prostituta.
Eu não respondi.
—Eu não vou tocar em você. Não até você me pedir. —Ele
esclareceu, dobrando ligeiramente os joelhos para que ficássemos
ao nível dos olhos.
—Está bem?
Eu assenti novamente.
—Estou?
Ele estava prestes a dizer algo, mas seu telefone tocou. Sua
testa se enrugou de frustração e ele rapidamente tirou o telefone do
bolso. Com os olhos ainda em mim, ele atendeu.
Implorar a ele?
Ficamos ali por um tempo e então ouvi uma batida na porta. Olhando
rapidamente, vi papai encostado à porta, olhando para mim e para mamãe com
um sorriso divertido no rosto.
Anjo. Era assim que o pai chamava a mamãe. Mas eu nunca entendi
o porquê.
Avançando, fui até o outro lado da mamãe. —Papai, por que você
chama mamãe de 'anjo'?
—Oh, querido, ela pode ser melhor que eu. —Disse ela, rindo.
Quando ele se inclinou para trás, ouvi-o sussurrar: —Amo você, anjo.
—Eu também amo você, Lyov. —Ela sussurrou de volta, sua voz um
pouco rouca. Ela estava chorando?
Meu coração apertou um pouco. Não queria que ela chorasse. Papai
deu um beijo na testa dela e depois se virou para mim. —Alessio, venha aqui.
—Sim. Enquanto eu estiver fora, quero que você seja um bom garoto e
cuide de sua mãe e da princesa, ok?
Mamãe balançou a cabeça. —Não, Alessio. Você não é como seu pai.
—Ela colocou as duas mãos em minhas bochechas e depois continuou. —Você
não está pronto para lutar contra o mundo. Você é meu doce garoto. Meu doce
e gentil garoto. E eu quero que você fique assim. —Colocando um beijo na
minha testa, ela sussurrou: —Deixe o seu papai lutar.
Eu não disse mais nada. Mamãe sempre soube me fazer sentir especial.
Eu sempre seria o doce garoto dela. Isso nunca mudaria.
Não sabia que seria a última vez que dormiria em paz. Nossas vidas
mudariam para sempre.
***
10 anos de idade
Olhando para ele, senti uma raiva ardente percorrer meu corpo. Raiva
assassina.
Mate. Mate ele. Derrame o sangue dele. Faça ele pagar, minha mente
gritou quando meu corpo começou a tremer com a força da minha fúria.
Ele abriu a boca para dizer algo, mas apenas um som engasgado saiu
através da mordaça. Minhas mãos se apertaram em punhos e eu lhe dei um soco
forte no rosto, seu nariz fazendo um som de estalo quando meus dedos entraram
em contato com seu rosto.
Sua dor me fez sentir bem. Meu coração disparou, mas eu precisava de
mais. Eu precisava do sangue dele. Eu precisava vê-lo sofrendo.
Eu precisava matá-lo.
2
afastar, mas não conseguiu. Ele estava amarrado à cadeira à minha mercê.
Ele não conseguia mais se mexer. Sua cabeça estava caída enquanto ele
sangrava. Pude ver que ele estava perdendo a consciência rapidamente.
Seu coração ainda estava batendo enquanto o da minha mãe não estava.
Sua cabeça tombou para trás e ele se debateu contra a cadeira. Seus
olhos aflitos começaram a ficar sem brilho, perdendo lentamente todos os sinais
de vida.
Alguns segundos depois, ele não estava mais respirando. Seus olhos
mortos ficaram abertos, olhando para mim.
Puxei a faca do seu peito e olhei para baixo. Minhas mãos estavam
cobertas de sangue. Não havia nem um centímetro da minha pele que estivesse
limpa. Sangue. Estava por todo lado. Em mim. Nas minhas roupas. Isso me
cegou.
Ofeguei quando percebi o que tinha acabado de fazer. Mas não senti
remorso. Eu me senti totalmente aliviado e satisfeito.
Olhei fixamente nos olhos dele. —Vou vingar minha mãe. —Eu
disse, minha voz rouca.
—Tudo bem. —Ele respondeu, sua voz dura e mortalmente fria. Sem
emoção.
Com isso, eu fui embora. Não olhei para os homens dele, mas mantive
meu olhar à frente, meus ombros aprumados com propósito e meu queixo
erguido.
Essa era a minha vida agora.
Eu era um monstro.
***
Presente
Eu não sabia por que tive esse sonho – por que o passado
voltou, mas me fez querer ficar com raiva.
Sem fraqueza.
CAPÍTULO 20
Ayla
Eu olhei para Alessio, mas ele estava olhando para mim com
expectativa. Ele levantou uma sobrancelha quando eu não me mexi.
Virando a cabeça, eu engoli e depois assenti para Maddie. Os olhos
dela se arregalaram em diversão.
—Maddie, você pode dar o pão para Alessio? Você está mais
perto. —Eu disse o mais suavemente que pude, minha voz calma.
Ela estava brincando com fogo, mas sabia que Alessio não
faria ou diria nada a ela. Alessio, Viktor e Maddie eram próximos
quando eram pequenos. Eles cresceram juntos, irmã e irmãos de
mães diferentes.
Eu não discordei.
***
Alessio.
—Cuidado aí. Você precisa olhar para onde está indo. —Ele
disse.
—Envolve Alessio?
—Maddie, não foi nada. Ele foi rude. Não acredito que ele
faria isso, mas ele prometeu que não vai me tocar de novo. Então
isso é bom, certo?
—Não.
—Obrigada.
Senti sua mão fria e áspera correndo por minhas nádegas nuas. E então
um tapa forte acertou de um lado, tão forte que eu me encolhi e lágrimas
rapidamente se acumularam nos meus olhos.
—Eu amo sua bunda assim. Toda vermelha pela palma da minha
mão. Tão linda. —Ele murmurou com voz rouca no meu ouvido.
Ele se aninhou entre minhas coxas e quando senti sua ponta na minha
entrada, estremeci de repulsa. Pânico. Dor. Medo absoluto.
Meu interior estava queimando. Parecia que eu estava sendo aberta por
dentro.
Alberto gozou com um gemido e saiu do meu corpo. Senti o seu gozo
descer pelas minhas coxas, mas fiquei parada enquanto esperava sua próxima
ordem.
—Sim, chefe. Eu tenho que concordar. Você conseguiu uma bela dama.
—Acrescentou o outro homem.
—Você quer fodê-la? —Ele perguntou, sua voz fria como sempre.
—Você vai manter seus olhos em mim enquanto eles te fodem. E vai
aceitar isso como uma boa garota. —Ele sussurrou na minha cara. As unhas
dele beliscaram meu queixo e eu estremeci.
Deixando meu queixo, ele agarrou meus dois braços e os puxou para
frente, me segurando. Meu coração se partiu em um milhão de pedaços quando
senti um deles na minha entrada.
Eu não sentia mais nada. Eu era apenas uma concha vazia. Parecia
que havia um grande buraco no meu peito e meu estômago torceu dolorosamente
quando o homem gozou dentro de mim. Minha garganta se fechou e, antes que
eu pudesse me conter, vomitei na mesa.
Alberto riu e depois pegou sua arma e apontou para trás de mim.
Fechando os olhos, deixei minha cabeça cair sobre a mesa, meu corpo arruinado,
devastado e inerte. Eu silenciosamente implorei por misericórdia.
Eu gritei.
Por favor, por favor. Não mais. Eu não aguento mais. Não mais. Por
favor.
Eu estava queimando.
Eu estava morrendo.
Meu coração estava batendo tão forte que meu peito estava
doendo. Meu estômago revirou enquanto minhas pernas tremiam.
A dor.
Eu queria paz.
Eu precisava de paz.
Paz.
Só por um momento.
Eu precisava disso.
Eu precisava respirar.
Paz.
E eu precisava disso.
Eu solucei.
—Faça parar.
CAPÍTULO 22
Alessio
—Ayla.
—Ayla, olhe para mim. —Eu disse. Ela fez como lhe foi
dito. Quando seus olhos encontraram os meus, eu continuei: —
Vamos nos livrar do sangue, ok? Vamos lavá-lo e depois não haverá
mais sangue, está bem?
Ayla
Espere, o quê?
Esse era o plano. Pensei que ele não diria nada, mas
claramente eu estava errada. Que ingenuidade a minha pensar nele
como o mocinho.
Não consegui.
Ele deu um passo para mais perto de mim até que nossos
corpos estavam a apenas um centímetro de distância.
Por que ele era a minha paz? Alessio fez um som frustrado e
depois deu um passo se afastando de mim. Minha testa enrugou em
confusão e levantei minha cabeça lentamente para olhar para ele.
O quê?
Alberto
E talvez eu gostasse.
—Como vê, você não é melhor que eu. Afinal, aprendi com
o melhor. —Fiz uma pausa e pisquei um olho para ele. —Mas eu
superei o mestre. Você deveria estar orgulhoso.
Finalmente.
Alessio
Mas agora...
—Nikolay!
O medo no rosto dela me assustou. Minha mãe nunca teve medo. Ela
estava sempre rindo e sorrindo. Eu nunca tinha visto minha mãe daquela
maneira. Seu pequeno corpo tremia e eu vi lágrimas nos olhos dela. Ela passou
as mãos para cima e para baixo do meu corpo e me puxou para seu peito.
Ela encheu meu rosto com beijos e depois se afastou. —Mamãe, e você?
Por que estou me escondendo debaixo da cama? —Eu perguntei.
Nós nos separamos quando outro estrondo foi ouvido do lado de fora do
quarto. Os sons estavam mais próximos. Tremi de medo e os olhos de mamãe
se arregalaram de horror.
Mamãe olhou para mim uma última vez e depois se virou enquanto
ainda segurava a barriga. —Por favor, não faça isso. Eu imploro. Tenha
piedade.
Não entendi o que ele queria dizer, mas senti alívio. Ele disse que não
ia machucar minha mãe. Graças a Deus.
—Não! —Eu queria gritar. —Não diga isso, mamãe. Por favor,
mamãe, faça o que ele diz. Ele não vai te machucar. —Eu queria implorar.
—Por que você está fazendo isso? —Mamãe sussurrou, sua voz
falhando.
Fechei meus olhos com força e meu coração bateu contra meu peito.
Puxando meus joelhos para mais perto do meu peito, passei meus braços em
volta deles. Enterrando meu rosto entre os joelhos, tentei segurar meu choro. Eu
prometi. Prometi que não faria nenhum som.
Meu coração estava doendo tanto que meu corpo lentamente começou a
ficar dormente. Eu não conseguia sentir nada. Depois de contar até dez, levantei
minha cabeça e lentamente abri os olhos.
Mamãe.
Mamãe.
3
No Brasil o título do filme é: Se beber, não case!
devemos ir para a cama. Estou exausta.
Não sei quanto tempo fiquei assim, mas não consegui fechar
os olhos. Pensei em meu pai e Alberto. Eu estava com medo dos
pesadelos.
Era isso.
O piano.
Meu queixo caiu com suas palavras. Nunca esperei que ele
me fizesse essa pergunta. Com o coração disparado, engoli o nó que
se formava na garganta.
Silêncio. Esperei que ele dissesse algo, mas ele não disse. Era
como se eu nem estivesse mais lá. Mas eu ainda esperei. Eu não
sabia exatamente o quê, mas meus pés não se moviam.
Puxei a bainha do meu vestido. O que eu estava esperando?
Sem olhar para ele, me virei para sair. Mas antes que eu
pudesse sair da sala, sua voz me parou. Meus passos vacilaram e
com as palavras dele, meu coração palpitou.
Paz.
CAPÍTULO 27
Alessio
Ela riu e me puxou para o piano. —Ok, meu bebê. —Ela sentou-se
e me colocou no colo. —Aí está. —Disse ela, dando-me um beijo na bochecha
antes de voltar sua atenção para o piano. Mamãe passou os dedos suavemente
pelas teclas no começo e depois começou a tocar. Assim que a música soou,
relaxei contra ela e suspirei de satisfação.
Algo que meu pai me disse, tantos anos atrás. Balancei minha
cabeça e apertei minhas mãos em punhos. Uma dor latejante
percorreu meus dedos, mas não foi suficiente para me tirar dos
meus pensamentos.
Ayla.
***
Lena
Ayla
—Você deve limpar suas feridas para que elas não sejam
infectadas. —Eu disse. Mantendo meus olhos nele, observei sua
reação.
Eu sabia que ele não iria limpar suas feridas. Alessio estava
muito perdido em sua dor, e eu entendi seus sentimentos. Sua dor
fez meu coração doer porque eu sabia o que era ser desesperado.
O paletó de Alessio.
***
Já era de manhã.
—Alessio. —Sussurrei.
Seu olhar passou pelo meu rosto e seguiu para sua mão
enfaixada.
Nos encaramos.
—Você fica mais bonita com o cabelo solto. —Disse ele, sua
voz rouca do sono.
CAPÍTULO 29
Alessio
Minha vingança era contra ele. Mas a única coisa que restava
dele agora era sua família. Quando eu terminasse, nada restaria.
Controle-se, Alessio.
Ela não tinha ideia do que isso fez comigo. Ela limpou
minhas feridas. Ela ainda se importava comigo quando eu era duro
com ela.
Ela era uma mulher linda, mas eu queria vê-la com os cabelos
soltos novamente. Antes que ela pudesse se mover, inclinei-me para
frente e tirei sua faixa de cabelo.
Quando disse a ela como ela era linda, eu sabia que aquelas
eram as palavras mais honestas que eu tinha falado em muito
tempo.
Com seus brilhantes olhos verdes, seus lábios vermelhos,
suas bochechas coradas e seus longos cabelos negros caindo pelas
costas, ela era uma imagem impossível de esquecer. O olhar que ela
me deu fez meu coração disparar.
Ayla não seria diferente para mim. Eu tinha que ter certeza
disso.
CAPÍTULO 30
Ayla
—Foi por pena então? Não preciso da sua pena, Ayla. —Ele
rosnou.
—Mas eu sei como é sentir tanta dor que você sente que vai
morrer. —Eu precisava que ele entendesse, visse que eu também
estava arruinada. —Então, talvez um pouco, eu entendo sua dor.
Porque eu também senti. Não pelas mesmas razões, mas sei como
é. —Olhei fixamente para as mãos enfaixadas dele. —Quando eu
fiz isso, estava mostrando a você que eu entendia. Estava tentando
te confortar. —Engasguei com as últimas palavras.
—Eu...
Por que ele não podia ver minha dor? Por que ele não podia
ver que eu era igual a ele?
Ayla
Dei de ombros.
Eu assenti.
—Espere. Você tocou piano na frente de Alessio?
Se foi por isso que ele ficou com raiva de mim, por que ele
me deixou tocar?
—Esta manhã?
—Voltei para ver como ele estava, para ter certeza de que ele
tinha limpado seus ferimentos. Mas ele não limpou. Então, eu os
limpei para ele. Ele foi legal com isso, mas depois ficou com raiva
de novo. —Eu murmurei.
Ela era louca? Por que ela me mandaria de volta para a cova
dos leões?
—Maddie...
—Mas...
—Entre.
Ele tinha deixado claro que não queria minha ajuda antes,
mas não havia nada errado em oferecer ajuda novamente. Havia?
Era sua escolha aceitar ou não.
—Tem certeza?
—Eu posso?
Como ele podia ser doce e gentil, mas sem coração e cruel
ao mesmo tempo?
Eu não sei se ele ouviu ou não, mas não lhe dei a chance de
responder. Abrindo a porta, saí, meu corpo leve com satisfação.
2 semanas depois
—Te peguei!
—Maddie! Ayla!
—Feito. —Respondi.
—Vamos lá, vamos lá. Ainda faltam duas horas para o jantar.
Nós podemos assistir a um filme. —Ela disse alegremente
enquanto me puxava para fora da cozinha.
De novo não.
Então ouvi Maddie murmurar com raiva. —Sério?
Lá estava ele. Alessio. Mas ele não estava sozinho. Ele estava
com Nina, a mesma loira que eu tinha visto em seu escritório.
Mas decidi deixar para lá. Eu tiraria isso dela mais tarde.
***
—Boa noite. —Eu disse, acenando para Maddie. Sorrindo,
subi as escadas.
Parei na sala do piano, mas não bati. Essa era a minha rotina.
Bem, nossa rotina. Alessio e eu nos evitávamos durante o dia, mas à
noite eu tocava para ele antes de voltarmos para os nossos quartos.
Era o nosso acordo não dito.
Eu precisava dele!
Milena havia limpado meu quarto esta manhã. Ela deve tê-
lo encontrado e levado embora. Eu fui tão estúpida. Eu deveria
saber. Mas eu tinha esquecido completamente.
Afundando na minha cama, as lágrimas cegaram minha visão
e escorreram livremente pelas minhas bochechas.
—Eu vi como você estava olhando para ele! Você queria transar com
ele, não é? Você queria o pau dele dentro de você, hein?
4
A propagação águia (spread-eagle) é a posição em que uma pessoa tem os seus braços abertos e as
pernas afastadas, de forma que se assemelha figurativamente a uma águia com asas abertas.
Porque eu o traí. Meu corpo o traiu.
Enrolando meu cabelo em torno de seus dedos, ele puxou minha cabeça
para trás com força. Estremeci com a dor que disparou pelo meu pescoço. Ele
me deu um tapa forte no rosto e eu provei sangue onde seu anel cortou meus
lábios.
—Você é minha! Minha! Seu corpo é meu. Seus lábios são meus. Sua
boceta é minha. Sua bunda é minha. Entenda! Tudo meu! —Alberto assobiou
entredentes. Seus dedos afundaram nas minhas bochechas quando ele agarrou
meu queixo, fazendo-me olhá-lo diretamente nos olhos.
—Você precisa aprender uma lição. Então você vai entender. —Ele
disse, soltando meu queixo. Levantando o chicote no alto de suas mãos, estremeci
antes que ele fizesse contato com meu corpo. E quando aconteceu, gritei de
agonia.
Meus olhos se abriram e eu olhei para seus furiosos olhos negros. Seus
lábios bateram nos meus e eu estremeci. Doeu. Afastando-se, ele pressionou suas
unhas nas minhas bochechas.
Eu tinha esperança.
Eu queria silêncio.
***
Maddie
Ele era tão doce às vezes. Ayla estava certa. Eu o amava. Mas
eu estava com medo. Isso era a coisa certa? Ele era realmente o
cara?
Ah, merda.
Apanhada.
Eu gritei.
—Mãe!
—Alessio!
CAPÍTULO 33
Alessio
***
Eu tinha que tocá-la, senti-la. Para ter certeza que ela estava
realmente viva, respirando e era real. Inclinando-me para a frente
na minha cadeira, esfreguei delicadamente o polegar sobre seus
dedos e depois fui para a parte interna do pulso que não estava
coberta com os curativos. Acariciei a pele macia ali e passei o
polegar sobre seu pulso firme.
—Bom dia...
—Ayla, por que você fez isso? —Tentei manter minha voz
suave, certificando-me de não assustá-la com minhas perguntas.
Nada.
Ela ficou teimosamente silenciosa.
Mas ela não reagiu. Seu corpo ficou rígido enquanto ela
continuava olhando para o teto, quase sem se abalar.
Silêncio.
Ayla
Eu fiquei rígida. Não. Ele não podia me tocar. Achei que não
poderia suportar o toque de um homem naquele momento. Ou o
toque de qualquer um.
***
Maddie.
—Você não pode fazer isso de novo, Ayla. Você não pode.
—Sinto muito.
Eu assenti em silêncio.
—Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem.
—Ela sussurrou, sua voz suave e cheia de compaixão.
—Está bem.
CAPÍTULO 35
—O que são...
Não, não achei que ele o trairia. Nikolay era frio e duro. Ele
parecia insensível, mas pelo que eu tinha visto durante meu curto
período aqui, ele era leal. E protetor de Alessio.
Não.
—Mas Alessio me convenceu a não fazer isso. Viktor.
Phoenix. Artur. Lena. Eles estavam todos lá. Eles se importavam.
Estou vivo hoje por causa deles. —Ele disse.
—Eu não sei pelo que você passou. Mas se você chegou tão
longe, você é uma lutadora. Você não é fraca. —Continuou ele com
uma voz surpreendentemente suave.
—Bem. —Eu respondi, meus olhos nas flores. Elas eram tão
bonitas. Apontando para elas, olhei para Maddie curiosamente: —
O que você está fazendo com isso?
Alessio
—Não, chefe. Eu tentei, mas ela não está pronta. Não acho
que ela estará pronta tão cedo. —Respondeu Nikolay.
—Entre.
Isso foi o que aconteceu. Essa palavra e sua voz suave foram
suficientes para me impedir de sair. Colocando a mão sobre a
maçaneta, abri lentamente a porta e entrei.
—Ok.
Ayla ficou em silêncio novamente e desta vez, eu não sabia
o que dizer. Então eu limpei minha garganta mais uma vez e
comecei a me afastar de sua cama. Ela levantou a cabeça e eu vi o
corpo dela se mover ligeiramente para frente. Sua boca se abriu para
dizer algo, mas então ela fechou.
Flores?
—Maddie!
Ela pulou e girou com um arfar, sua mão indo para o peito
em choque. Seus olhos se arregalaram, mas quando ela me viu, seus
ombros caíram de alívio. —Você me assustou.
—Alessio.
—Você acha que eu não sei? Ela toca piano todas as noites.
Para você. Você se importa, Alessio, mas tenta esconder isso. Pare
com isso. Apenas pare e admita, pela primeira vez, que você se
importa. Por que isso é tão difícil? Pare de se esconder atrás da sua
raiva.
Olhei para ela com uma expressão ainda mais furiosa e falei.
—Maddie! —Minha voz saiu mais alta do que eu esperava e seus
olhos se arregalaram. Ela cruzou os braços sobre o peito, sua boca
se fechando rapidamente. —Você não me diz o que fazer. Não é
da sua conta. E eu quero que você fique fora disso.
—Mas...
***
Isso fazia sentido, mas por que ela não estava tocando?
E ela tocou. Mas desta vez ela não fechou os olhos. Em vez
disso, Ayla manteve o olhar fixo em mim. Ela tocou uma música
diferente, uma que eu não reconheci, mas era igualmente bonita.
Ayla
Não precisava me virar para Maddie para saber que ela estava
me olhando em choque. Eu senti seus olhos queimando buracos na
minha pele. Meu pânico crescia a cada segundo que passava.
—Ayla, foi por isso que você teve o pesadelo três noites
atrás? Esse foi o gatilho? Porque você não tinha o paletó?
Era a verdade. Alessio me trouxe paz. Foi ele quem fez tudo
desaparecer. Ele me deu vida. Foi ele quem me fez... sentir.
Mesmo sendo tudo isso, não queria que ele pensasse isso.
Talvez ele já pensasse, mas essa verdade só pioraria as coisas.
—Eu prometo.
Maddie.
Insensatamente, eu o segui.
—Obrigada.
—Eu pensei que isso ajudaria. Não sei como fazer você se
sentir melhor. Estou perdido, mas talvez isso possa lhe dar a paz
que você precisa. Mesmo que por pouco tempo. —Confessou
Alessio, parecendo um pouco nervoso.
Ele não sabia que já havia me trazido paz. O que ele havia
acabado de me dar era mais do que eu jamais poderia pedir. Ele não
sabia, mas ele era minha paz.
Alessio
Parecia que eu tinha lhe dado tudo o que tinha. Tudo o que
eu mantinha perto do meu coração, era dela agora. E eu não sabia
como me sentir a respeito disso.
Nunca.
E isso me assustou.
Ayla estava logo atrás de mim, seus passos tão perto que ela
quase tropeçou nos meus pés. Quando entramos, diminuí a
velocidade e me virei para ela.
—Mas...
—Não. Pare de discutir.
***
Depois que Ayla tocou piano e foi para o quarto dela, eu não
consegui dormir. Fiquei sentado por algum tempo, olhando para o
nada e me sentindo frustrado comigo mesmo. Quando não
aguentava mais, desci as escadas e passei mais tempo na academia.
Saindo da sala, fui até o quarto de Ayla, decidindo ir ver como ela
estava. Mas quando vi Milena saindo, parecendo contrariada, parei a
caminhada. Ela parecia surpresa em me ver, mas depois inclinou a cabeça em
respeito antes de passar por mim sem dizer uma palavra.
Esperei por uma resposta, mas tudo o que ouvi foi silêncio.
—Eu durmo com ele. —Repetiu Ayla, fazendo meu coração disparar
novamente.
—Ele afasta os pesadelos. —Ela admitiu, sua voz tão suave que eu
mal ouvi. Mas eu ouvi. Ouvi como se ela tivesse sussurrado no meu ouvido.
Quando senti Ayla se mexer sob minha mão, saí dos meus
pensamentos. Eu sabia uma coisa com certeza.
***
Toda vez que fizemos uma mudança, ele estava pronto para
elas. Quem quer que fosse o infiltrado, ele estava repassando as
informações rapidamente para Alberto, mal nos dando tempo para
colocar nossos planos em ação.
—Certo. Quantas?
Ayla
Novamente?
Eu queria que ele estivesse aqui, para que ele pudesse ver o
quão feliz ele me fez.
—Isso não vai ser uma boa ideia. —Viktor engoliu em seco.
Sobre o que eles estavam falando?
Alessio.
Ele estava virado de costas para mim, então não me viu. Mas
Nina me viu e abriu um sorriso. Diabólico. Cheio de triunfo. Ela
levantou a mão e a colocou no braço de Alessio e se aproximou.
Mas então senti algo que nunca tinha sentido antes ferver
dentro de mim, como ondas batendo ao meu redor. Meu peito ficou
apertado, pressionando enquanto eu continuava a dar passos para
trás.
Por que ele fez isso?
—Eu descreveria o ciúme como uma onda. Ela bate em seu coração
com sentimentos contraditórios. Dói.
Dei de ombros.
Alessio
—Você é livre para fazer o que quiser. Não quero você perto
dos clubes, entendeu? —Eu respondi, meu tom firme.
—Um pouco.
Vou levar você para Sam. Ele saberá se você está bem ou
não. —Respondi, levando-a para fora do quarto e descendo as
escadas até o quarto de Sam.
—Mas Alessio.
Assim que me via, ela andava para o outro lado ou agia como
se não me visse. Se seus olhos cruzassem com os meus, sua
expressão era impassível, seus lábios afinavam em uma linha dura.
É isso, pensei.
—É importante.
—Foi por isso que você veio aqui? Para saber o que sinto
por Ayla?
—Eu sei.
—É isso?
Engoli em seco.
—Acho que Ayla não gostou das flores que eu dei a ela. —
Eu atirei de volta em minha defesa.
Ayla
Eu ri.
—Maddie!
Ela encolheu os ombros. —Não, sério. Talvez ele devesse
trazer flores para você de novo. Ou talvez apenas outro beijo. Este
homem está me deixando louca.
***
Alessio.
—Alessio...
—Ok...
Sua mão deslizou pelo meu pescoço, logo abaixo das minhas
orelhas, e seus dedos se espalharam, sua mão segurando meu
queixo. A outra mão dele deslizou pelo meu cabelo, inclinando-me
levemente para cima para ter melhor acesso aos meus lábios.
E eu dei a ele.
Eu pisquei para ele para ver seu olhar já no meu. Seus olhos
estavam suaves e cheios de adoração, um olhar que roubou meu
fôlego. No fundo de seu olhar, vi sua necessidade. Seu desejo por
mim.
Eu me senti linda.
—Alessio. —Eu disse. Não sabia mais o que dizer.
—Oh.
—Tchau.
***
Alessio
Mas não foi isso que me deixou sem fôlego e me fez sorrir.
Ayla
Alessio.
Levei minha mão até seu rosto, deixando-a pairar lá, sobre
sua bochecha.
Em vez disso, ele me puxou para mais perto até meus seios
serem pressionados contra seu peito. Eu podia sentir tudo. Até o
seu pau duro pressionando minha barriga.
—Você sabe que eu não vou deixar você ir até que você me
dê o que eu quero. —Ele provocou.
—Melhor.
—Ok.
Alessio me lançou um olhar enviesado e depois se afastou
sem dizer mais nada. Eu caí de costas na cama assim que a porta se
fechou atrás dele.
***
—Ayla.
A voz de Alessio interrompeu meus pensamentos. Ele me
deu um sorriso provocador e depois acenou com a cabeça para a
cesta no meio da mesa.
—Obrigado, gatinha.
—Vingança?
Maddie assentiu. —Por ignorá-lo antes.
—Eu sei.
***
—O quê?
Eu cantarolava de contentamento.
Sua voz era suave. Com as palavras dele, lutei para conter o
sorriso se formando nos meus lábios.
—Sim?
Olhei nos olhos dele para qualquer indicação de que ele iria
me beijar. E vi a necessidade lá, mas quando ele não o fez, fiquei
confusa.
Soltando seu paletó, movi minhas mãos para cima até que
meus dedos estavam enrolados em seus cabelos. Quando chupei
sua língua, seus dedos se apertaram ao redor do meu couro
cabeludo, um gemido vibrando em seu peito. Eu gemia em
resposta.
—Alessio...
Desta vez, ele não andou na minha frente. Em vez disso, ele
pegou minha mão na dele, entrelaçando nossos dedos firmemente
antes de se afastar do riacho. Nossos passos eram lentos e sem
pressa, quase como se tivéssemos perdidos em nossos
pensamentos.
***
—Boa noite. —Sussurrei para Alessio, minha cabeça
apoiada em seu ombro, enquanto eu estava sentada em seu colo.
—Você deve.
—Ayla...
Ele se importava.
—Mas...
Eu sabia que estava por vir. Eu sabia o que ele iria dizer, mas
as palavras ainda me pegaram de surpresa. —Alessio. —Eu
sussurrei, dando um passo para me aproximar dele. Ele segurou
meu queixo e esfregou o polegar sobre a curva da minha mandíbula.
Pressionei minha bochecha na palma de sua mão e um suspiro de
satisfação escapou pelos meus lábios.
Mas fiquei agradecida por ele ter parado por aí. Eu não
estava pronta para mais. O que quer que houvesse entre nós no
momento... já era demais.
Tudo que eu podia ver agora era carinho em seu olhar suave.
Tudo o que eu sentia eram suas carícias gentis. Ele não era mais o
assassino que conheci na primeira vez.
Ele pode ser um monstro por aí, mas para mim ele era meu
salvador. Minha âncora.
Ele se inclinou para frente até que seus lábios estavam bem
perto da minha orelha. —Vamos dormir. —Disse ele, colocando
um beijo lá antes de se afastar. Ele tinha um sorriso no rosto e nem
estava tentando escondê-lo. Seus olhos azuis brilhavam com um
brilho diabólico quando ele acenou em direção à cama.
—Alessio?
***
Uma semana depois
Finalmente entendi o que ela quis dizer quando disse que seu
navio estava navegando. Balançando a cabeça, sorri. Ela era tão
boba, mas a melhor amiga e irmã que alguém poderia pedir. Se não
fosse por ela, eu não estaria aqui, feliz.
—Algum pesadelo?
Eles estavam livres dos pontos, mas não das cicatrizes. Onde
os pontos estavam anteriormente, havia uma linha rosa fraca.
—Perfeito. —Respondi.
Minha admissão foi uma surpresa para nós dois. Seus olhos
brilharam perigosamente e eu estremeci em seus braços. —Bom,
porra. —Ele sussurrou duramente antes de bater seus lábios nos
meus.
—É um pouco assustador.
—Eu gosto de olhar para você. Acho que não consigo tirar
os olhos de você quando estamos no mesmo local.
Ele olhou para mim como se eu fosse a única que ele pudesse
ver.
—Alessio...
Não. Não. Não, eu gritei na minha cabeça. Agora não. Por favor,
não agora.
Em vez de Alessio...
Eu vi o Alberto.
Alessio
Não queria acreditar que minha Ayla teve que passar por essa
dor.
Mas, além da dor lancinante que enchia meu peito, senti uma
imensa fúria. Raiva profunda e ressentimento pelo bastardo que
trouxe lágrimas aos seus olhos.
—Estou aqui. Estou bem aqui, Ayla. Não vou deixar nada
acontecer com você. Estou bem aqui. —Falei em seu cabelo, minha
voz suave e rouca enquanto lutava contra minhas lágrimas.
Colocando um beijo em sua têmpora, deixei meus lábios
permanecerem lá. —Por favor, olhe para mim.
—Sou eu. Alessio. Estou aqui. Estou com você, Ayla, e não
vou embora. Nós vamos superar isso juntos. Estou aqui. —
Continuei com uma voz suave. —Você pode sentir isso? —
Perguntei, segurando suas mãos sobre o meu coração acelerado.
Não consegui.
Porque toda vez que eu fechava meus olhos, tudo que eu via
eram os olhos de Ayla ficando vazios e seu rosto se contorcendo de
dor. Era tudo o que eu podia ver, e o pensamento de ela estar nessa
agonia me deixou louco.
***
Ayla
Alessio...
Era ele.
Por que ele estava me tocando? Por que ele estava sendo tão
doce e gentil?
—Não.
—Alessio... por favor... não faça isso. Não posso fazer isso
agora.
—Ayla...
—Alessio.
—Sim?
—Eu não sou boa para você, Alessio. —Sussurrei. —Eu não
sou digna de você.
Porque eu não sou quem você pensa que sou, continuei na minha
cabeça.
—Alessio.
Ayla
—Não. Está tudo bem. Você tem que ajudar Lena. Eu vou
fazer isso. —Ele tentou puxar a mão, mas eu apertei os dedos.
Quando ele sibilou de dor, eu rapidamente o soltei.
—Mas...
—Babá? Nikolay?
—Vá se foder.
—Eu...
—Eu não estou lhe dizendo isso para fazer você se sentir
envergonhada. Estou lhe dizendo isso porque quero que saiba que
ninguém pensaria em você de maneira diferente apenas por causa
do que aconteceu com você. Todos nós temos um passado aqui.
Todos nós temos segredos para não julgá-la. Uma coisa que você
descobriria aqui é que ninguém jamais irá julgá-la. Estamos todos
fodidos, você sabe.
—Foi Maddie.
Nikolay
Continua...