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É preciso entender os contratos na

música
A carreira solo (e os contratos)
O artista solo, muitas das vezes, é o seu próprio manager, booker (o cara
que agenda e realiza contatos com as casas de shows) e, principalmente,
quem contrata os músicos para sua “gig”.

Daí temos algumas possibilidades: Uma delas é formalizar com o


músico/artista um contrato de prestação de serviços, pelo qual o músico
contratado se obrigará a realizar um show ou uma apresentação com o
artista solo, mediante o recebimento de um valor que será previamente
combinado entre as partes.

É claro que muitos artistas e músicos realizam tais contratos “de boca”,
mas o ideal é sempre formalizar, tanto para a proteção do artista solo
quanto para a do músico de apoio.

Tudo pode acontecer e é necessário que sempre se esteja preparado para


eventualidades. Algumas dicas de cláusulas dos contratos de prestação de
serviços:

 Combinar o valor que será pago ao músico pela apresentação;


 Horário e data da apresentação;
 Ajustar a indicação de um “sub” (alguém que substituirá o músico
contratado) caso este não possa, por algum motivo, realizar a
apresentação. Nesta cláusula, o músico ausente deverá indicar seu
substituto com certa antecedência, para que possam ser realizados
ensaios, ajustes etc. Assim não haverá prejuízo na apresentação;
 Ajustar um prazo e uma multa caso o artista não realize o pagamento ao
músico contratado na data acordada, para evitar aquele velho desgaste do
“já entrou a grana?” (é claro que pode haver flexibilidade, até mesmo
quando o contrato ficar atrelado ao pagamento a ser realizado pela casa de
shows, mas os contratos escritos resguardam essas situações);
 Multa para o músico que faltar a apresentação (lembrou daquele show que
você teve que fazer sem o baixista?).

O brasileiro não tem essa cultura de realizar contratos. Todo mundo é


gente boa até o primeiro “vacilo” ou calote, seja ele involuntário (por culpa
de terceiros ou motivos de força maior) ou não.

Portanto, é imprescindível essa mudança de cultura, de mentalidade. As


relações são permeadas por contratos.

Quando você pega um ônibus, assim que você paga a passagem, você
está realizando um contato de transporte.
Se você vai à escola e assiste às aulas, é por conta de um contrato de
prestação de serviços educacionais assinado por você ou seus pais, que é
realizado mediante o pagamento de uma mensalidade, e por aí vai.

Se você ainda tem resistência para assinar um contrato quando chama um


músico, um sideman para a realização de um show, ao menos combine,
via e-mail ou WhatsApp, as linhas gerais que estabelecerão suas relações.

É o mínimo que se espera de alguém que pretende se profissionalizar no


mundo do entretenimento.

Outra situação é a formação de uma banda. Banda é igual a casamento.

No início estão todos apaixonados entre si (por favor, é apenas uma figura
de linguagem, ok?), fazem juras de amor eterno.

Eu acho isso ótimo! É exatamente o momento de todos sentarem,


definirem funções e ajustarem suas “cotas” nessa empresa que está se
formando.

Sim, uma banda é uma empresa, e deve funcionar como tal. Ideal é que
cada um tenha sua função bem definida além do instrumento bem tocado
ou vocal bem cantado.

No início, muitas bandas não têm como investir dinheiro para contratar um
produtor, um financeiro ou um booker. Assim, é necessária a redação de
um documento que defina:

 Quem receberá o valor dos cachês e contabilizará lucros e perdas;


 Quem marcará os shows e será responsável pela agenda;
 Quem será o responsável pelo registro da marca (nome ou logotipo da
banda);
 Quem cuidará dos Direitos Autorais;
 Quem marcará ensaios, etc.

Existem inúmeras funções que o músico precisará lidar, em um primeiro


momento, quando da constituição de sua banda.

Daí, a formação de uma sociedade limitada ou um simples acordo ou


intenção de vontades pode evitar dores de cabeça futuras.

Por isso o momento propício é quando todos estão bem, começando seus
trabalhos juntos. Quem vai querer assinar algum documento quando todos
estão brigando?

O ideal é que as brigas nunca existam, mas em se tratando de nós, seres


humanos, cada um com sua “cabeça pensante”, é ideal que possamos nos
prevenir quanto a uma eventualidade.
O contrato resguarda as relações e não deixa elas se deteriorarem, na
maioria das vezes.

É saudável que, cada vez mais, as pessoas passem a formalizar seus


ofícios e a maneira de ganharem a vida.

É necessário delimitar funções, direitos e deveres. Tornar-se responsável,


encarar com seriedade todo o trabalho que é realizado.

Desta forma, poderá ser alcançado o objetivo maior de todos os que estão
aqui: Viver de Música.

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