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SUMÁRIO

CONCEITO E INTRODUÇÃO 5
ESPECIFICIDADES DA AUDIÊNCIA TRABALHISTA 5
PREPARAÇÃO PRÉVIA À AUDIÊNCIA 9
Conhecer o Processo, o rito e suas consequências 9
Entrevista com a parte para orientação e conhecimento da realidade fática 10
Entrevista com as testemunhas. É possível? Pode gravar? Pode apresentar a gravação em
audiência em caso de divergência de depoimento? 10
E se eventualmente ficar provado que a parte adversa orientou a testemunha? Configura
crime? O que fazer? 11
Conjectura sobre possíveis testemunhas da outra parte para prova de eventual contradita
12
Elaborar rol prévio de perguntas? Vantagens e riscos 12
Elaborar mais de uma forma de perguntar? 13
Verificar local do fórum e como chegar 13
É possível pagar o deslocamento da testemunha? 13
TIPOS DE AUDIÊNCIA – REGRAS BÁSICAS E DIFERENÇAS 14
Procedimento sumário 14
Procedimento sumaríssimo 14
Procedimento ordinário 15
Notificação e comparecimento 15
Prazo mínimo entre a notificação (citação) e a realização da audiência. Leitura da
Notificação e atenção às consequências. Observou o quinquídio? Impactos apenas para a
realização da audiência? É audiência inicial, mas tem menção à possibilidade de
interrogatório sob pena de confissão? 15
Há necessidade de a notificação ser entregue em mãos? 16
Comparecimento do juiz à audiência 17
Comparecimento das partes em audiência 17
Atestados 17
Arquivamento da ação x pagamento de custas 18
Perempção 19
Preposto 21
Revelia 23
O advogado pode atuar como preposto da empresa? 24
Emenda e aditamento 26
Questões Circundantes Essenciais 27
E se os ânimos se exaltarem? Exercitar o controle emocional 27

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Não seja agressivo nem sarcástico com a testemunha 28
Atenção à ata de audiência 28
Protestos 28
Há necessidade ou obrigatoriedade de fundamentação dos protestos? 29
O que fazer se esquecer de registrar os protestos? 30
Caso a decisão seja em audiência, o conveniente é que se registrem os protestos de
imediato. Por exemplo, no momento de indeferimento de oitiva da testemunha. 30
Caso não seja registrado de forma imediata ao indeferimento, é possível fazê-lo em
razões finais porque o já mencionado art. 795 prevê duas possibilidades de arguição: i) na
primeira oportunidade de falar em audiência; ii) na primeira oportunidade de falar nos
autos. 30
Gravação da Audiência pelo Tribunal e pelas Partes 32
Audiência Passo a Passo 35
Pregão 35
Posicionamento das Partes 36
Registro das Presenças 36
Atraso das Partes e Procuradores e consequências 37
Audiência Inicial 38
Audiência Una 39
Conciliação 40
Das afirmações lançadas em tentativas de conciliação pode se extrair confissão? 40
A apresentação da proposta de acordo enfraquece a tese da parte? Pode ou deve ser
registrada em ata? Vincula para aquela audiência? Em qualquer momento? Para a
audiência seguinte? 41
Parte indicada como responsável subsidiária que não aceita o acordo. Homologação e
julgamento apenas da responsabilidade subsidiária se descumprido? Suspensão do
processo e retorno ao “status quo” anterior se descumprido? 42
Espécies de quitação 43
Conciliação Parcial 44
Juízo é obrigado a homologar? Pode homologar com ressalvas? Isso demanda
concordância? 45
Recebimento da Defesa 45
É possível a apresentação de documentos após o recebimento da defesa? 46
Uma grande polêmica no cotidiano dos fóruns trabalhistas é a possibilidade de juntada de
documentos durante a audiência de instrução, especialmente se tiver constado na ata da
audiência inicial a preclusão da prova documental. 46
O CPC de 2015 estabelece que a prova documental deve acompanhar, desde logo, a inicial
ou a contestação (art. 434 do CPC/2015), autorizando a juntada em momento posterior
apenas nas específicas hipóteses do art. 435. 46

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A CLT possui um regramento parcialmente semelhante, já que o art. 787 determina que a
reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e desde logo acompanhada dos
documentos em que se fundar. 46
Ocorre que o art. 845 da CLT estipula que “o reclamante e o reclamado comparecerão à
audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais
provas”. 46
Diante desse dispositivo, o TST tem entendido que é possível a parte produzir, a qualquer
momento, a prova documental, inclusive, no curso da audiência, desde que não se tenha
ainda encerrado a instrução processual e seja oportunizado o contraditório. 46
Frise-se que não se trata de decisão de turma, sendo posicionamento já consolidado na
própria SBDI-1 do TST: E-ED-RR - 119440-98.2005.5.10.0005 , Relator Ministro: Renato de
Lacerda Paiva, Data de Julgamento: 13/02/2014, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: DEJT 21/02/2014. 46
Existem, contudo, decisões regionais no sentido da aplicação estrita do processo civil,
acrescentando-se, ainda, que a juntada em qualquer audiência ao longo do processo
poderia levar a dilações indesejáveis para se assegurar o contraditório da parte adversa.
46
Caso tenha constado na ata de audiência inicial a preclusão da prova documental com o
recebimento da defesa, seria importante requerer a sua supressão caso se queira reservar
o direito de futura apresentação de outros documentos, o que parece bem relevante em
tempos de pandemia com dificuldade de obtenção de documentos. 46
Se mantida a preclusão em ata, seria importante a consignação dos respeitos protestos
para rediscutir a questão em grau recursal. 46
Defesa Oral e suas peculiaridades. 46
Marco delimitador da desistência? Oferecimento ou Recebimento? Com ou sem sigilo? 47
Reconvenção. O que fazer? 48
Manifestação sobre Defesa e/ou Documentos. Tipo de Ritos. Prazo que deve ser
concedido em audiência inicial de rito ordinário (art. 350, 351, 437, § 1º, do CPC) 48
Pode apresentar antecipadamente? 48
Existe revelia inversa no Processo do Trabalho? 49
Especificação de Provas e delimitação dos fatos controvertidos 49
Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova. Necessidade de adiamento? 50
Oitiva das Partes. Necessidade de requerimento? Diferença entre depoimento x
Interrogatório 51
Ordem de oitiva. É possível colher o depoimento pessoal se já tiver sido ouvida
testemunha por carta precatória? 52
Alteração no caso de Jus Postulandi? 53
Oitiva Telepresencial? 53
É possível sair da sala logo após prestar ou ser dispensada do depoimento? 54
Confissão Real e Ficta 54
Inquirição de Testemunhas 54

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Rol de Testemunhas ou Art. 825 da CLT? Carta convite. 55
Como comprovar o convite? 56
Testemunha sem documento 57
Contradita. Momento de arguição. Momento de comprovação. Causas. Contradita da
Contradita. Contradita Superveniente. 57
Impedimento por parentesco 60
Testemunha que litiga contra o mesmo empregador. Testemunha que tem processo com
o mesmo patrono, mesmos pedidos e que postula danos morais. Troca de Favores 61
Possibilidade de comprovação de entrega de EPIs por testemunhas? 62
Testemunha que ocupa cargo de gestão 63
Testemunha que já atuou como preposto 65
O Compromisso Judicial. Depende de aceite? 66
Juiz da causa pode ser testemunha? 66
Testemunhas Referidas e Acareação. Pode acarear a testemunha com a parte? 67
Perito pode ouvir testemunha? 67
Saber avaliar a necessidade de continuar na atividade probatória. 68
Juiz pode tomar o celular da testemunha ou advogado? 68
Objetivo e Finalidade das Razões Finais 68
Derradeira Tentativa de Conciliação. 70
ANEXO I 72
TÉCNICAS DE INQUIRIÇÃO E INDÍCIOS ASSOCIADOS À MENTIRA 72
ANEXO II – FÁBULA DE AUDIÊNCIA 78
A PIPOCA EM AUDIÊNCIA 78
ANEXO III – QUADRO RESUMO PARA AUDIÊNCIA 83
QUADRO RELATIVO AO PROCESSO SIMULADO DA AUDIÊNCIA DE IMERSÃO 83

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CONCEITO E INTRODUÇÃO

Conforme destaca o professor Mauro Schiavi, “A audiência trabalhista é um ato


formal, solene, que conta com o comparecimento das partes, advogados, funcionários
da Jus�ça e do Juiz do Trabalho, em que são realizadas as tenta�vas de conciliação, o
reclamado poderá apresentar sua resposta (contestação, exceção e reconvenção), se
1
ouvem as partes e testemunhas e se profere a decisão” .

A audiência é um dos mais relevantes atos que ocorrem no processo trabalhista, tendo
como obje�vo a obtenção de conciliação, instrução e o julgamento do feito.

É importante que todos estejam preparados para a realização do ato, permi�ndo o


cumprimento efe�vo do escopo jurisdicional de pacificação social com jus�ça.

Nessa apos�la, procuraremos abordar questões doutrinárias, prá�cas e


jurisprudenciais sobre a temá�ca.

ESPECIFICIDADES DA AUDIÊNCIA TRABALHISTA

Nossa doutrina elenca algumas especificidades que seriam aplicáveis à audiência


trabalhista. Em razão dos inúmeros reflexos de ordem pragmá�ca, passamos a
destacá-los:

1) Presença obrigatória das partes: a CLT estabelece, em seus ar�gos 843 e 844, a
exigência do comparecimento pessoal das partes, facultando o empregador a
fazer-se subs�tuir por preposto (art. 843, §1º, da CLT).
Ressalta Carla Teresa Mar�ns Romar, “em razão de suas próprias
peculiaridades, o processo do trabalho é um processo de partes e não de
advogados, o que leva à exigência de que ambas estejam presentes à
2
audiência, independentemente do comparecimento de seus representantes” .

2) Concentração dos atos processuais: observando-se os termos da CLT, todas as


audiências trabalhistas, independente do rito processual, deveriam ser unas.
Ou seja, em uma mesma sessão, seriam realizados os atos de conciliação,
instrução e decisão, sendo que, apenas excepcionalmente, seria adiada.
Nos moldes do art. 849 da CLT, “A audiência de julgamento será con�nua; mas,
se não for possível, por mo�vo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz
ou presidente marcará a sua con�nuação para a primeira desimpedida,
independentemente de nova no�ficação”.

1
Manual Didático de Direito Processual do Trabalho. Salvador: Editora JusPodivm, 2020, p. 305.
2
Direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva Educação: 2019, p. 228/229.

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Entretanto, por mo�vos de ordem prá�ca, para facilitar a gestão da pauta e
realização de atos que não poderiam ser pra�cados em audiência, como,
exemplifica�vamente, as perícias, passou-se a admi�r a sua divisão em
diferentes sessões para tenta�va de conciliação, instrução e julgamento.
Quanto a apresentação de defesa, a instrução e o julgamento são pra�cados
em uma única sessão, essa é denominada de audiência una. E, mesmo das
unidades jurisdicionais em que adotadas as audiências unas, raramente as
sentenças são proferidas no ato.
Sérgio Pinto Mar�ns destaca algumas desvantagens das audiências unas: “a
audiência uma prejudica o reclamante, que muitas vezes não tem como falar
sobre um número excessivo de documentos naquele momento. Prejudica
também o andamento de outras audiências que se seguem àquela, quando a
primeira demora muito, fazendo com que fiquem atrasados os trabalhos e haja
3
impaciência das partes e advogados” .
Em razão disso, é importante que os patronos das partes procurem se inteirar
sobre o procedimento adotado pela unidade jurisdicional em que ocorrerá a
assentada, evitando contratempos.

3) Oralidade: Processo do Trabalho, grande parte dos atos processuais são


concentrados em audiência e a oralidade é previsto em diversas previsões
processuais: reclamação trabalhista verbal (art. 840, §2º da CLT), defesa oral
(art. 847 da CLT - 20 minutos), provas orais: depoimentos pessoais e provas
testemunhais; e, razões finais orais (art. 850 da CLT - 10 minutos cada parte).
Segundo ensina Carla Teresa Mar�ns Romar, “os atos mais importantes do
procedimento trabalhista são pra�cados em audiência: as tenta�vas de
conciliação, a apresentação de defesa (como regra, oralmente), o depoimento
das partes, a produção de provas, as alegações finais das partes (que, em regra,
4
devem ser orais) e o julgamento” .
Esse é um dos principais desafios nas audiências. A par�cipação na audiência
trabalhista demanda uma preparação prévia, com o conhecimento sobre o
procedimento, matérias controver�das, ônus da prova e outras questões
materiais e processuais que são passíveis de abordagem no ato processual. O
bom desempenho em audiência depende segurança e conhecimento técnico.
Um bom profissional precisa controlar a �midez, manter o controle emocional,
para melhor defender os interesses dos seus clientes.

4) Publicidade dos atos processuais: Nos termos do art. 813 da CLT, “as
audiências dos órgãos da Jus�ça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na
sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18

3
Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Editora Atlas, 2009, p. 266.
4
Op. Cit., p. 227.

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(dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo
quando houver matéria urgente”.
Todavia, importante destacar que, embora as audiências sejam públicas, as
testemunhas que ainda não prestaram o depoimento não poderão permanecer
na sala de audiências, durante o depoimento pessoal ou oi�va de testemunhas,
evitando-se a contaminação da prova e em estrita observância ao disposto no
5
art. 456 do CPC .
Segundo o art. 5º, LX da CR, a publicidade dos atos processuais só poderá ser
restringida quando feita em nome do interesse social ou da necessidade de
preservação da in�midade do indivíduo.
Assim, se houver alguma situação que jus�fique tal medida, é importante que o
advogado destaque tal fato, postulando a decretação do segredo de jus�ça
para a tramitação do feito.

5) Imediação (ou imedia�dade): As provas deverão ser produzidas com a


par�cipação do Juiz. Assim, geralmente, deve ser pres�giada a valoração da
prova testemunhal efetuada pelo magistrado que colheu a prova, o qual se
encontra em posição privilegiada para avaliar a confiabilidade dos
depoimentos, vez que manteve contato direto com partes e testemunhas,
possibilitando-lhe a percepção sobre os fatos controver�dos e da credibilidade
das declarações prestadas. Sobre a imedia�dade, colacionamos os seguintes
julgados:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. WAL MART DO BRASIL LTDA. INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. (...) 2) INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 1. Pelo princípio da
imedia�dade ou imediação, o Juízo de primeiro grau tem contato direto com a
colheita e própria produção das provas. Por meio desse contato, encontra se
esse mesmo Juízo apto a graduar ou valorar o conjunto probatório. Não deve,
pois, em princípio, a Instância ad quem, cujo contato com as provas é apenas
indireto, modificar o ato valora�vo do órgão originário, salvo quando verificar
assimetrias nesse processo de valoração. 2. É o que ocorre no presente caso,
em que o eg. Tribunal Regional, apesar de apontar a fragilidade da prova
produzida, transcreve testemunhos que infirmam a conclusão a que chegou e,
ao mesmo tempo, corroboram a condenação havida perante o Juízo de
primeiro grau. 3. Diversamente da conclusão apresentada pelo v. Acórdão
Regional, os fatos assentados e nele descritos, quando aludem à prova
testemunhal, revelam, sim, a prá�ca de dano moral. 4. Recurso de revista
conhecido e provido, por afronta aos ar�gos 186, 187 e 927 do Código Civil,
para restabelecer sentença e determinar o retorno dos autos ao Tribunal

5
Art. 456. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente, primeiro as do autor e depois as
do réu, e providenciará para que uma não ouça o depoimento das outras.

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Regional de origem. (...) (TST - RR: 31386220125020037, Data de Julgamento:
13/05/2015, Data de Publicação: DEJT 15/05/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE


DA LEI Nº 13.015/2014 - DESCABIMENTO. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE DO
ACÓRDÃO REGIONAL POR VÍCIO NA COMPOSIÇÃO DO COLEGIADO.
INOCORRÊNCIA. (...) 3. HORAS EXTRAS. PROVA ORAL. VALORAÇÃO. PRINCÍPIO
DA IMEDIAÇÃO. A valoração da prova, ainda que desfavorável a quem a tenha
produzido, desmo�va o acolhimento de afronta aos arts. 818 da CLT e 333 do
CPC. Todo o acervo instrutório está sob a autoridade do órgão judiciário (CPC,
art. 131), não se podendo limitar a avaliação de cada elemento de prova à sua
indicação pela parte a quem possa aproveitar. Mo�vada a condenação, é
irrelevante pesquisar a origem das provas que a sustentam. (...). Agravo de
instrumento conhecido e desprovido. (TST - AIRR: 11901320135100010,
Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento:
07/12/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/12/2016)

ATENÇÃO! Dentro da sistemá�ca do processo do trabalho, mesmo após o


cancelamento da Súmula 136/TST, o princípio da iden�dade �sica do juiz não
é absoluto, não se jus�ficando a nulidade da sentença por ter sido o juiz que
prolatou a sentença diverso daquele que conduziu a audiência de instrução.
Nesse sen�do:

AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. NULIDADE DA SENTENÇA. PRINCÍPIO DA
IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. O princípio da iden�dade �sica do juiz,
materializado no ar�go 132 do CPC/73, atrela o julgamento da lide ao
magistrado que instruiu o processo, "salvo se es�ver convocado, licenciado,
afastado por qualquer mo�vo, promovido ou aposentado, casos em que
passará os autos ao seu sucessor". Trata-se de uma das facetas do Princípio da
Oralidade. Ocorre que esse preceito sofre sérias ponderações no Processo do
Trabalho, uma vez que a vinculação pretendida colide, de maneira frontal, com
o Princípio da Economia Processual e Celeridade, nota marcante deste
instrumento, que, por lidar com créditos de natureza alimentar, busca a
solução no mais breve tempo possível e com a prá�ca do menor número de
atos. Ademais, não houve qualquer comprovação de prejuízo efe�vo à parte
que alegou a nulidade. Nesse contexto, a decisão regional encontra-se em
perfeita consonância com a jurisprudência majoritária desta Corte.
Precedentes. Incidem, no caso, o disposto no ar�go 896, § 4º, da CLT e o teor
da Súmula nº 333 do TST. Agravo conhecido e não provido. (...) (TST - Ag-RR:
19989320115120022, Relator: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de
Julgamento: 08/05/2019, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/05/2019)

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PREPARAÇÃO PRÉVIA À AUDIÊNCIA

Conhecer o Processo, o rito e suas consequências

Segundo já destacamos anteriormente, é importante que todos os atores processuais


tenham conhecimento dos fatos envolvidos no processo.

Somente como uma análise detalhada das argumentações, das controvérsias e das
provas pré-cons�tuídas é que o profissional terá o domínio e a segurança suficientes
para não enfrentar entreves no curso da audiência.

DICA! Esteja preparado para o caso de o magistrado incitar as partes para a fixação dos
fatos controver�dos, antes da colheita da prova oral! Lembre-se que, se algum fato
controver�do não for destacado, poderá restar operada preclusão.

Além disso, é importante conhecer o rito processual, o número de testemunhas e a


forma de processamento de eventual exceção. Vários desses aspectos serão
abordados no presente estudo. Aproveitem!

Entrevista com a parte para orientação e conhecimento da realidade fá�ca

Quem nunca foi surpreendido em audiência por uma versão que não havia sido
apresentada nos autos?

Como já dizia Francesco Carnelu�, “o advogado é o primeiro juiz da causa”.

Assim, é importante que o advogado lhe preste orientações sobre a necessidade de


apresentação das alegações em juízo conforme a realidade, destacando os riscos de
eventual sucumbência e penalização por li�gância de má-fé.

A é�ca no processo é um elemento imprescindível para o bom êxito da demanda. Se


apresentados os fatos conforme ocorridos, são minimizados os riscos de
inconsistências e contradições.

Lembrem-se! Conforme o art. 6º do CPC, “Todos os sujeitos do processo devem


cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e
efe�va”.

Aqui, vale destacar as palavras de Nietzsche: “Quem conta uma men�ra raramente
nota o fardo que assume; pois para sustentar uma men�ra ele tem que inventar outras
vinte”.

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Entrevista com as testemunhas. É possível? Pode gravar? Pode apresentar a gravação
em audiência em caso de divergência de depoimento?

Não só pode, como deve. Com cautelas, claro. Explicamos.

Em primeiro lugar, ao entrevistar previamente a testemunha, é possível iden�ficar


eventuais impedimentos ou suspeições para depor, evitando que se perca uma
possibilidade de depoimento testemunhal por desconhecimento. Isso tem sua
importância ainda mais premente em unidades que adotam o rol de testemunhas,
para o qual o CPC traz hipóteses muito restritas de subs�tuição.

Importante destacar que a adoção de rol de testemunhas deve passar a ser uma
prá�ca habitual em tempos de pandemia e até mesmo no pós-crise, como forma de
assegurar ao máximo a u�lidade dos atos.

Além do conhecimento de impedimentos ou suspeições, o advogado precisa saber se a


testemunha tem conhecimento dos fatos, afinal, em caso nega�vo, não há porque
ouvi-la. Se ela conhece apenas parcialmente, o advogado deve focar no que realmente
é ú�l para o processo, podendo requerer a delimitação da prova.

Mas não é só. O advogado precisa entender a forma de comunicação da testemunha.

Ao conversar com a testemunha, é possível perceber o modo de se comunicar, o que


varia de acordo com muitos fatos, a exemplo do nível de escolaridade, naturalidade ou
região de residência.

Isso é fundamental para definir o modo de formulação dos ques�onamentos.

Existem as testemunhas denominadas “prolixas”, ou seja, aquelas que falam


excessivamente e se perdem um pouco, desfocando das questões centrais do processo
e, algumas vezes, irritando o próprio magistrado. Para essas testemunhas, o ideal é
formular perguntas mais “fechadas”, delimitadas.

Por exemplo, se o obje�vo é descons�tuir a validade do cartão de ponto, em vez de


perguntar genericamente o horário de trabalho, pode ser ques�onado diretamente se
o empregado registrava o ponto tão logo chegava na empresa e, em seguida, em
média quanto tempo depois.

Por essas, dentre outras razões, o advogado deve entrevistar a testemunha.

O que não se tolera é instruir a testemunha, mas é preciso ficar claro que instruir não
significa fazer perguntas. Perguntar é essencial para os obje�vos listados acima.
Instruir seria corrigir as perguntas e direcionar os discursos.

Além disso, para que sejam evitados eventuais contratempos em audiência, pode ser
importante a gravação do ato da entrevista. Tal prá�ca pode ser ú�l no caso de a

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testemunha afirmar falsamente em Juízo que recebeu algum �po de instrução
an�é�ca.

E se eventualmente ficar provado que a parte adversa orientou a testemunha?


Configura crime? O que fazer?

É recomendável cautela com a conclusão de que a parte estava orientando a


testemunha. Isso não se conclui pela simples oi�va de parte de uma conversa.

Já houve uma situação em que um advogado alegou a instrução da testemunha pelo


outro patrono e, quando ques�onado, ele disse: “excelência, os vi conversando, fui por
trás e escutei o advogado expressamente dizendo ‘não diga isso’. Pode perguntar para
ele se não é verdade”.

Enfurecido com a situação, o advogado bradou: “excelência, eu confirmo que


realmente disse isso pra testemunha, mas com muito constrangimento informo que o
fiz porque ela estava dizendo que outra vez que veio na jus�ça o juiz �nha sido muito
grosso com ela e que, se fosse assim de novo, iria dizer que o ouvido dela não era
pinico.”

A testemunha, nervosa, explicou que o juiz do outro processo teria levantado a voz e
que �nha sido muito grosso, mas que falou só como desabafo.

Ques�onado pelo juiz se teria ouvido algo além do “não diga isso”, o advogado que
arguiu o incidente afirmou que não e, com constrangimento, baixou a cabeça.

A má-fé não se presume e essa alegação exige evidências concretas.

O TRF1 já apreciou um processo no qual a testemunha indicada pela reclamada fez


captação ambiental de uma conversa e ficou evidente que o preposto da empresa se
empenhou em convencê-la a prestar declarações falsas em favor da empresa
(Processo nº: 0019571-18.2012.4.01.3800/MG).

Diante das evidências concretas, condenou o preposto da reclamação trabalhista (réu


no processo penal) pela condição de par�cipe/coautor do crime de falso testemunho
(art. 342 do Código Penal).

De tudo isso, ficam duas lições: i) cautela na hora de arguir que o ex-adverso estava
orientando a testemunha; ii) deixar sempre claro para o seu cliente que se ele orientar
a testemunha, também pode vir a responder pelo crime de falso testemunho.

Conjectura sobre possíveis testemunhas da outra parte para prova de eventual


contradita
Nada impede que o patrono oriente seu cliente e lhe indague sobre eventuais pessoas
que poderiam ser arroladas/convidadas para prestar depoimento em Juízo.

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E, com base nas informações ob�das, poderá o advogado colher elementos para
configuração de eventual mo�vo de suspeição.

Elaborar rol prévio de perguntas? Vantagens e riscos


A elaboração de rol prévio de perguntas, com base nos possíveis pontos
controver�dos, pode ser extremamente ú�l para a condução dos trabalhos em
audiência. Com a elaboração do rol, evita-se eventuais esquecimentos.

Entretanto, tal providência não pode ser u�lizada sem a devida cautela. O rol
elaborado deve ser flexível. É importante que o advogado acompanhe os fatos
ocorridos em audiência, analisando os fatos que deixaram de ser controver�dos, as
confissões, incluindo ou excluindo perguntas.

Muitas das vezes, o advogado acaba ficando preso ao rol elaborado, deixando de
acompanhar fatos importantes ocorridos no curso da audiência.

Aqui vai uma dica de ouro! Muito cuidado com o rol elaborado por outro profissional.
Lembre-se! A responsabilidade pela prá�ca do ato é do profissional presente à
audiência. Portanto, importante que, mesmo nos casos de substabelecimento para
prá�ca exclusiva dos atos de audiência, dentro do possível, que se tome conhecimento
do processo e dos fatos controver�dos. Evite constrangimentos.

Elaborar mais de uma forma de perguntar?


Essa também é uma boa prá�ca muito importante. As perguntas, mesmo que
elaboradas previamente, devem ser formuladas dentro do contexto da audiência. É
muito comum nas audiências trabalhistas que, em razão de uma fala ou de um mal
entendido, haja uma alteração dos rumos do processo ou do ônus probatória. Toda
atenção é necessária!

Verificar local do fórum e como chegar


Pode parecer um excesso de zelo, mas, em se tratando de audiências realizadas em
locais novos ou desconhecidos, é importante que se tenha uma previsão do tempo de
trajeto, local para estacionamento ou eventuais dificuldades de acesso para partes ou
testemunhas. Lembre-se! A ausência ou atraso para assentada pode causar prejuízos
muito grandes ao seu cliente.

É possível pagar o deslocamento da testemunha?


Trata-se de uma questão extremamente controver�da.

Entretanto, destacamos uma decisão do TRT da 3ª Região, no sen�do de que o fato de


a parte custear as despesas de viagem da testemunha para depor em juízo não implica
falta de isenção. Isso porque não revela amizade ín�ma ou interesse na causa, na
forma do ar�go 829 da CLT. Ademais, o desembolso pelas partes encontra amparo nos
ar�gos 82 e 84 do CPC (0011090-24.2017.5.03.0091 RO).

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Conforme o art. 82 do CPC: “Salvo as disposições concernentes à gratuidade da jus�ça,
incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no
processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na
execução, até a plena sa�sfação do direito reconhecido no �tulo”.

Por sua vez, nos moldes do parágrafo 1º do mesmo ar�go, “Incumbe ao autor adiantar
as despesas rela�vas a ato cuja realização o juiz determinar de o�cio ou a
requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da
ordem jurídica”.

E, segundo o art. 84 do CPC, “As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a
indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária de
testemunha”.

TIPOS DE AUDIÊNCIA – REGRAS BÁSICAS E DIFERENÇAS

Procedimento sumário
Conforme previsão da Lei n. 5.584/70, quando o valor da causa for inferior a 2 salários
mínimos, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar na ata a
conclusão do juiz quanto à matéria de fato (§3ºdoArt.2º).

Não caberá nenhum recurso das sentenças proferidas nas ações sujeitas a esse
procedimento, exceto se versar sobre matéria cons�tucional (§4ºdoArt.2º).

Procedimento sumaríssimo
Criação da Lei n.9.957/00 (arts.852-A a 852-I da CLT).

Tem por obje�vo privilegiar a economia e celeridade processuais, sendo aplicável aos
dissídios individuais cujo valor não exceda a 40 vezes o salário mínimo na data de
ajuizamento da ação. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em
que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional. Tal bene�cio não
estendido às empresas públicas e sociedade de economia mista.

No procedimento sumaríssimo, a audiência é uma, ou seja, todos os atos da audiência


inicial, bem como os de instrução e julgamento, realizar-se-ão em uma audiência
(art.852-C, da CLT).

Aberta a audiência, o juiz esclarecerá sobre as vantagens da conciliação e usará os


meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do li�gio, em qualquer fase
da audiência (art.852-E, da CLT).

A audiência será designada para o prazo máximo de 15 dias (art. 852-B, III, da CLT).

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As partes serão in�madas da sentença na própria audiência em que prolatada
(art.852-I, §3º, da CLT).

Na ata de audiência serão registrados resumidamente os atos essenciais, as afirmações


fundamentais das partes e as informações úteis à solução da causa trazidas pela prova
testemunhal (art.852-F, CLT).

Todas as provas serão produzidas em audiência, ainda que não requeridas


previamente (art.852-H, da CLT).

A parte tem o ônus de impugnar todos os documentos apresentados pela parte


contrária oralmente na sessão, salvo em caso de absoluta impossibilidade, a critério do
Juiz (art.852-H, §1º, da CLT).

Limite máximo de 2 testemunhas por parte, as quais deverão comparecer em


audiência independentemente de in�mação (art.852-H, §2º, da CLT).

Só será deferida in�mação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar


de comparecer. Não comparecendo a testemunha in�mada, o juiz poderá determinar
sua imediata condução coerci�va (art.852-H, §3º, da CLT).

Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida
prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto a perícia e
nomear perito (art.852-H, §4º, da CLT).

As partes terão o prazo comum de 5 dias para a manifestação sobre o laudo (art.
852-H, §6º, da CLT).

Todos os incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência


e do processo deverão ser decididos de plano. O restante das questões será decidido
na sentença (art.852-G da CLT).

Procedimento ordinário
Procedimento aplicável às ações que não se enquadrem nos procedimentos sumário e
sumaríssimo.

No procedimento ordinário, cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá
ser elevado a 6 (seis) (art. 821 da CLT).

As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de no�ficação ou


in�mação. As que não comparecerem serão in�madas, de o�cio ou a requerimento da
parte, ficando sujeitas a condução coerci�va, além das penalidades do art. 730, caso,
sem mo�vo jus�ficado, não atendam à in�mação (art. 825 da CLT).

NOTIFICAÇÃO E COMPARECIMENTO

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Prazo mínimo entre a no�ficação (citação) e a realização da audiência. Leitura da
No�ficação e atenção às consequências. Observou o quinquídio? Impactos apenas
para a realização da audiência? É audiência inicial, mas tem menção à possibilidade
de interrogatório sob pena de confissão?
Conforme previsão do art. 841 da CLT, recebida a pe�ção inicial, o réu será no�ficado
em quarenta e oito horas para comparecer à audiência de julgamento, que será a
primeira desimpedida, depois de cinco dias, sendo referida citação realizada via postal.

Com a nova redação do art. 775 da CLT, dada pela Lei 13.467 /2017, deve ser
considerado o referido prazo em dias úteis entre a no�ficação e a audiência inaugural,
e não mais con�nuos.

O quinquídio previsto no mencionado ar�go visa conceder à parte adversa tempo


razoável para a elaboração da defesa. Nesse sen�do, colacionamos o seguinte julgado
do TST:

RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO POR


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Deixo de analisar a preliminar
em epígrafe ante o permissivo do art. 249, § 2º, do CPC. CERCEAMENTO
DO DIREITO DE DEFESA. OCORRÊNCIA. INOBSERVÂNCIA DO QUINQUÍDIO
LEGAL ENTRE A NOTIFICAÇÃO DA PARTE E A REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA
INAUGURAL. DECRETAÇÃO DE REVELIA. O recurso de revista vem
lastreado em alegação de ofensa a preceitos de lei e da Cons�tuição e em
divergência jurisprudencial. A ré alega cerceamento do seu direito de
defesa, em face da inobservância do quinquídio legal entre a no�ficação e
a audiência inaugural, o que acarretou o seu não comparecimento àquele
momento processual e a decretação da revelia. Na esteira dos arts. 841 e
844 da CLT, a audiência inaugural ocorrerá na primeira data desimpedida,
depois de cinco dias da no�ficação da parte adversa, sendo que o não
comparecimento da empresa importa revelia, além de confissão quanto à
matéria de fato. Para a hipótese dos autos, constato que, de fato, não se
observou o prazo de cinco dias entre a no�ficação da ré e a realização da
audiência inaugural, o que importou a decretação da revelia da empresa
recorrente, com a consequente confissão, quanto à matéria de fato, nos
termos do citado art. 844 Consolidado. Assim, incontroversas a
inobservância do prazo do art. 841 da CLT e a revelia da empresa
demandada, não há como prevalecer o entendimento do Regional,
segundo o qual esta úl�ma não experimentou prejuízo em sua defesa,
ainda que elastecido o prazo para a apresentação da contestação.
Recurso de revista conhecido por divergência jurisprudencial e provido.
(TST - RR: 15846920105090651, Relator: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, Data de Julgamento: 04/05/2016, 3ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 06/05/2016)

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Todavia, nos casos em que a no�ficação inicial não é expedida com aviso de
recebimento, surge o problema decorrente da possibilidade de comprovação da
ausência de sua entrega dentro do prazo legal.

Nos moldes o entendimento con�do na Súmula 16/TST: "Presume-se recebida a


no�ficação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento
ou a entrega após o decurso desse prazo cons�tui ônus de prova do des�natário".

Em alguns casos, pode tratar-se de um ônus demasiadamente excessivo, uma vez que,
nos casos em que não exista comprovação de entrega, se teoricamente respeitada a
presunção, demandaria a comprovação de fato nega�vo (prova diabólica).

Assim, se possível, é relevante que a parte interessada, nos casos de ausência de


documentação formal para comprovação da inobservância do quinquídio, informe ao
Juízo, com a maior brevidade possível, o recebimento intempes�vo da no�ficação e
postule o adiamento da audiência.

E, caso a defesa seja elaborada apenas para fins de evitar riscos de eventual
entendimento adverso, importante que seja preliminarmente seja informado o
desrespeito ao quinquídio, sob pena de preclusão.

Além disso, importante a leitura atenta dos termos da no�ficação, com a iden�ficação
do �po de audiência.

E, sobre a possibilidade de realização do interrogatório na denominada audiência


inaugural, destacamos que, embora exista controvérsia sobre a temá�ca, tal prá�ca
costuma ocorrer no processo do trabalho, buscando-se gerar um efeito surpresa.

Nos termos do art. 765 da CLT, “Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla
liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas,
podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.

Assim, com base nos poderes instrutórios do magistrado, há entendimento de que o


interrogatório, com o obje�vo de obtenção de confissão, poderia ser realizado a
qualquer tempo.

Diante desse contexto, aqui surge a nossa advertência!

É extremamente prudente que as partes, principalmente os prepostos, ao


comparecerem à audiência inaugural tenham conhecimento dos fatos da causa, para o
caso de eventual inquirição.

Há necessidade de a no�ficação ser entregue em mãos?


Segundo o entendimento do TST, o art. 841 da CLT não exige que a citação ocorra na
pessoa do reclamado, sendo suficiente que seja entregue no endereço da parte
(TST-RO-1266-96.2012.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho,
9.8.2016. Informa�vo TST Execução n. 26).

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Além disso, há julgado destacando, inclusive, a desnecessidade de iden�ficação do
recebedor, bastando a comprovação de entrega no endereço correto da reclamada, in
verbis:

CITAÇÃO. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. NOTIFICAÇÃO ENTREGUE NO


ENDEREÇO CORRETO DA RECLAMADA. AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO DO
RECEBEDOR NO AVISO DE RECEBIMENTO (AR). IRRELEVÂNCIA.

No processo do trabalho, a no�ficação por via postal não se sujeita à


pessoalidade, bastando o encaminhamento para o endereço correto da
parte reclamada, não havendo que se falar nulidade por ausência de
iden�ficação do recebedor no aviso de recebimento (AR).

(TST- E-ED-RR-4-54.2013.5.07.0004, SBDI-I, rel. Min. Breno Medeiros,


18.10.2018. Informa�vo TST n. 185. Informa�vos em Frases TST,
Juspodivm, 2019).

Comparecimento do juiz à audiência


Nos termos do art. 815 da CLT, “À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta
a audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das partes,
testemunhas e demais pessoas que devam comparecer”.

E, se até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver
comparecido, os presentes poderão re�rar-se, devendo o ocorrido constar do livro de
registro das audiências (art. 815, §único, da CLT).

Porém, importante destacar que o atraso mencionado no referido disposi�vo legal diz
respeito aos casos em que o magistrado não se apresentou para a realização das
audiências. Se, no entanto, o atraso for decorrente do prolongamento de audiências
designadas para o mesmo dia, não haverá jus�fica�va legal para que as partes se
re�rem.

Comparecimento das partes em audiência


Como já dizemos anteriormente, a CLT estabelece, em seus ar�gos 843 e 844, a
exigência do comparecimento pessoal das partes, facultando o empregador a fazer-se
subs�tuir por preposto, cujas declarações obrigarão o proponente. (art. 843, §1º, da
CLT).

Se por doença ou qualquer outro mo�vo poderoso, devidamente comprovado, não for
possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por
outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato (art. 843, §
2º, da CLT).

Atenção! Destacamos que a referida representação apenas ocorre para evitar o


arquivamento da reclamação e não supre a necessidade da presença da parte para
prestar depoimento pessoal e pra�car os demais atos processuais personalíssimos.

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Nos termos do art. 844 da CLT, “O não-comparecimento do reclamante à audiência
importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado
importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato”.

Atestados
Conforme o entendimento con�do na Súmula n. 22 do TST, " A reclamada, ausente à
audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu
advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a
apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente, a
impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da
audiência”.

Nesse aspecto, ressaltamos que a jurisprudência do TST, em determinados casos, tem


relevado a necessidade de registro da impossibilidade de locomoção, in verbis:

AUDIÊNCIA. NÃO COMPARECIMENTO DA RECLAMANTE. ATESTADO


MÉDICO QUE NÃO REGISTRA A IMPOSSIBILIDADE DE LOCOMOÇÃO.
EXISTÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS QUE JUSTIFICAM A AUSÊNCIA.
CONFISSÃO FICTA. AFASTAMENTO.

Deve ser afastada a pena de confissão ficta aplicada ao reclamante que


jus�ficou sua ausência à audiência mediante a apresentação de atestado
médico sem expressa menção à impossibilidade de locomoção, uma vez
que restou jus�ficada a ausência, na medida em que o documento no�ciou
o comparecimento do empregado ao médico na mesma data da audiência
e em horário próximo, e registrou o Código Internacional de Doenças - CID
e a necessidade de afastamento das a�vidades laborais por um dia, o que
leva a concluir que também não estava apta a comparecer à audiência
marcada.

(TST-E-RR-736-21.2012.5.09.0002, SBDI-I, rel. Min. Guilherme Augusto


Caputo Bastos, 14.6.2018. Informa�vo TST n. 180).

Arquivamento da ação x pagamento de custas


Estabelece o parágrafo 2º do art. 844 da CLT, que na hipótese de ausência do
reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas na forma do sey
art. 789, ainda que beneficiário da jus�ça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de
quinze dias, que a ausência ocorreu por mo�vo legalmente jus�ficável.

Além disso, o pagamento das custas a que se refere o § 2o é condição para a


propositura de nova demanda.

Destacamos que a cons�tucionalidade dos referidos disposi�vos, que foram


acrescentados pela Lei n. 13.467/2017, ainda pende de análise pelo Supremo Tribunal
Federal (ADI 5.766-DF, Rel. Min. Roberto Barroso).

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Há decisões de tribunais regionais reconhecendo a incons�tucionalidade.
Exemplifica�vamente, destacamos a Súmula n. 72 do TRT da 3ª Região:

Arguição Incidental de Incons�tucionalidade. Pagamento de custas.


Beneficiário de jus�ça gratuita. §§ 2º e 3º do art. 844 da CLT (Lei
13.467/2017).

São incons�tucionais a expressão "ainda que beneficiário da jus�ça


gratuita", constante do § 2º, e a íntegra do § 3º, ambos disposi�vos do art.
844 da CLT, na redação dada pela Lei 13.467/2017, por violação direta e
frontal aos princípios cons�tucionais da isonomia (art. 5º, caput, da CR), da
inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CR) e da concessão de
jus�ça gratuita àqueles que dela necessitarem (art. 5º, LXXIV, da CR). (RA
145/2018, disponibilização: DEJT/TRT3/Cad. Jud. 19, 20 e 21/09/2018).

Todavia, há algumas decisões proferidas no âmbito da 4ª Turma do TST, em acórdãos


de relatoria do Ministro Ives Gandra, não conhecendo os recursos de revista, por não
vislumbrar violação do art. 5º, XXXV e LXXIV, da CF (Por todos, destacamos: (TST - RR:
10015379520185020068, Relator: Ives Gandra Mar�ns Filho, Data de Julgamento:
06/05/2020, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/05/2020)

Por fim, sobre o direito intertemporal, salientamos que o art. 12 da Instrução


Norma�va n.º 41 do TST estabelece que o art. 844, §§ 1.º e 2.º, com a redação dada
pela Lei n.º 13.467 /2017, não retroagirá, aplicando-se, exclusivamente, às ações
ajuizadas a par�r de 11 de novembro de 2017.

Perempção
Aquele que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art.
844, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar
perante a Jus�ça do Trabalho (art. 732 da CLT).

Destacamos que o magistrado, geralmente, não tem conhecimento da ocorrência dos


arquivamentos anteriores, somente podendo aplicar o referido disposi�vo, se alegado
e comprovado pelo reclamado.

Além disso, se o arquivamento ocorrer por mo�vo dis�nto do previsto no art. 844 da
CLT, não haverá perempção, in verbis:

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/14.


DESISTÊNCIA DE RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS ANTERIORES. PEREMPÇÃO.
NÃO CONFIGURAÇÃO. Da interpretação sistêmica dos arts. 731, 732 e 844
da CLT, tem-se que a desistência da ação não enseja a perempção. Com
efeito, o art. 732 da CLT refere-se expressamente ao arquivamento de que
se ocupa o art. 844 da CLT, ou seja, em decorrência do
não-comparecimento do reclamante à audiência, o que não se confunde
com a hipótese de desistência da ação. Delineado o quadro fá�co de que

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os arquivamentos foram ocasionados por desistência do reclamante, e não
por falta de seu comparecimento à audiência, não há se falar em
perempção. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR:
897220165080209, Relator: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento:
13/06/2018, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/06/2018)

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. REGIDO


PELA LEI 13.015/2014. RITO SUMARÍSSIMO. PEREMPÇÃO. HORAS IN
INTINERE. MINUTOS RESIDUAIS. HONORÁRIOS PERICIAIS. SÚMULA
126/TST. Caso em que o Tribunal Regional, após a análise do conjunto
fá�co-probatório dos autos, registrou que não há falar em perempção,
uma vez que "a reclamatória fora arquivada por duas vezes, mas por
mo�vos diversos, a primeira em razão do arquivamento pela ausência do
reclamante à audiência inicial e a segunda por não ter liquidado os
pedidos. Logo, ante os termos do art. 732 da CLT" (...). (TST - Ag-AIRR:
4924820155030069, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de
Julgamento: 09/10/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/10/2019)

E, ainda, não há jus�fica�va para o indeferimento dos bene�cios da jus�ça gratuita sob
o fundamento de que houve abuso de direito em razão dos arquivamentos anteriores.
Nesse sen�do:

RECURSO DE REVISTA - JUSTIÇA GRATUITA - REQUISITOS - ABUSO DO


DIREITO DE AÇÃO - INAPLICABILIDADE DE SANÇÃO RELATIVA AO
INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO - ARQUIVAMENTO DE AÇÕES ANTERIORES
- PREVISÃO APENAS DE PEREMPÇÃO TEMPORÁRIA EXPRESSA NA REGRA
DOS ARTS. 731 E 732 DA CLT. A medida sancionatória prevista na CLT para
aquele que der causa ao arquivamento da ação por duas vezes é única e
específica, conforme se infere dos seus arts. 731 e 732. Assim, não se
cogita de cominação outra que não a perempção temporária a ser aplicada
ao reclamante. Dessa forma, não se afigura apropriado indeferimento do
bene�cio da Jus�ça Gratuita com esteio na indicação de que os
arquivamentos das ações intentadas pelo reclamante se configuraram em
abuso do direito. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR:
3708420135150129, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de
Julgamento: 17/02/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/02/2016)

Preposto
Excepcionando a necessidade de comparecimento da presença do empregador à
audiência, o parágrafo 1º do art. 843 da CLT, permite que o empregador se faça
representar pelo gerente ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento dos
fatos, cujas declarações obrigarão o preponente.

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Destacamos assim que não há necessidade de que o preposto tenha presenciado os
fatos, podendo o conhecimento ocorrer por informações de terceiros.

Entretanto, se o preposto ao ser indagado sobre algum fato per�nente ao processo,


demonstrar desconhecimento, reconhecer-se-á a confissão ficta, nos termos dos arts.
345 e 348 e seguintes do CPC. Nesse sen�do, destacamos o seguinte julgado do TST:

RECURSO DE REVISTA. PROCESSO REGIDO PELA LEI 13.015/2014. ASSÉDIO


MORAL. CONFISSÃO FICTA. PREPOSTO SEM CONHECIMENTO DOS FATOS.
De acordo com o § 1º do ar�go 843 da CLT, o preposto deve ter
conhecimento dos fatos, sob pena de a Reclamada restar fictamente
confessa, com a consequente presunção de veracidade dos fatos alegados
pela parte adversa. No caso examinado, conforme destacado pelo Tribunal
Regional, o preposto demonstrou desconhecimento sobre os fatos que
deram ensejo ao pedido de indenização por assédio moral. Como cediço, o
desconhecimento pelo preposto dos fatos objeto da demanda equivale à
recusa a prestar depoimento, circunstância que atrai, na espécie, os
efeitos da ficta confessio (ar�go 843, § 1º, da CLT). Logo, correta a
condenação da Reclamada ao pagamento de indenização por assédio
moral. Recurso de revista conhecido e não provido. (TST - RR:
108342620145010226, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de
Julgamento: 28/06/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 30/06/2017)

E, ainda, importante salientar que a confissão faz prova contra o confidente, não
podendo prejudicar li�sconsortes. Nesse sen�do:

RECURSO DE REVISTA. CONFISSÃO FICTA APLICADA À 1ª RECLAMADA


DIANTE DO NÃO CONHECIMENTO DOS FATOS PELO PREPOSTO DA 2ª
RECLAMADA. No caso, a confissão ficta atribuída à primeira reclamada
decorreu das declarações do preposto da segunda reclamada. O art. 843, §
1º, da CLT traz a possibilidade de que os empregadores sejam subs�tuídos
em audiência de julgamento pelos prepostos, desde que estes tenham
conhecimento dos fatos discu�dos na causa. O disposi�vo delimita, ainda,
que "as declarações obrigarão o proponente" podendo, inclusive, gerar a
aplicação da confissão ficta no caso de o preposto não ter conhecimento
dos fatos. Não obstante, nos termos do art. 350 do CPC/73 (art. 391
CPC/2015), "a confissão judicial faz prova contra o confidente, não
prejudicando, todavia, os li�sconsortes", razão pela qual deve ser
afastada a confissão ficta da primeira reclamada no que se refere ao tema
"Dias trabalhados por semana". Recurso de revista conhecido e provido.
(TST - ARR: 12013320125050134, Relator: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de
Julgamento: 16/10/2019, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/10/2019)

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A par�r do advento da Lei n. 13.467/2027, o preposto não precisa ser empregado da
parte reclamada. Entretanto, ainda persiste a necessidade de que esse tenha
conhecimento dos fatos.

Embora não exista previsão legal para tanto, a praxe forense estabeleceu a
necessidade de apresentação de Carta de Preposição para regularização da
representação da parte em audiência. Destacamos que há quem entenda que o
preposto seja a própria empresa em juízo, configurando a presentação, sendo
desnecessária, sob esse aspecto, a apresentação do documento de nomeação.

A seguir destacamos julgados do TST sobre a inexistência de previsão legal para a


exigência de apresentação da carta, in verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PREPOSTO.


IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. ENTREGA TARDIA DE
CARTA DE PREPOSIÇÃO. EFEITOS. REVELIA E CONFISSÃO FICTA.
INOCORRÊNCIA. Inexiste previsão legal quanto à obrigatoriedade de
apresentação da carta de preposição. O não atendimento da formalidade,
por si só, não importa o reconhecimento de irregularidade de
representação. A jurisprudência desta Corte vem se firmando no sen�do
de que a ausência da carta de preposição, por si só, não enseja a aplicação
da revelia, ainda que desrespeitado o prazo assinalado pelo Juízo para a
regularização da representação processual via preposto. Precedentes.
Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (TST - AIRR:
117978920145010046, Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
Data de Julgamento: 16/10/2019, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
18/10/2019)

RECURSO DE REVISTA. REVELIA. NÃO APRESENTAÇÃO DA CARTA DE


PREPOSIÇÃO. O Regional manteve a sentença a qual aplicou à reclamada a
pena de revelia, em razão da não apresentação da carta de preposição no
prazo determinado. Ocorre que não existe previsão legal quanto à
obrigatoriedade de apresentação da carta de preposição. Assim, a ausência
do referido documento não acarreta a aplicação dos efeitos da revelia de
que trata o art. 844 da CLT, tendo em vista que inexiste na legislação pátria
imposição de prazo para sua juntada e tampouco advertência sobre os
efeitos do descumprimento. Nesse sen�do, as consequências impostas
pelo Juízo de origem para o não cumprimento da determinação de juntada
da carta de preposição no prazo de 5 (cinco) dias, revelia e confissão ficta,
resultam em cerceamento do direito de defesa da parte, mormente
porque, in casu, o ânimo de defesa restou configurado. Recurso de revista
conhecido e provido. (TST - RR: 106254220135120014, Relator: Dora Maria

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da Costa, Data de Julgamento: 13/04/2016, 8ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 15/04/2016)

Revelia
No processo do trabalho, a citação ocorre por via postal (art. 841, § 1º, da CLT). A CLT
u�liza a expressão “no�ficação” (art. 841, § 1º, da CLT), fruto do período em que a
Jus�ça do Trabalho não integrava o Poder Judiciário.

Posteriormente, com advento do rito sumaríssimo, a CLT passou a u�lizar o termo


“citação”, tecnicamente mais correto (art. 852-B, II, da CLT).

Não há previsão na CLT para a citação por oficial de jus�ça, entretanto, é possível a
aplicação subsidiária do CPC.

E, se esgotadas todas as vias ordinárias, encontrando-se o reclamado em local incerto


e não sabido, determinar-se-á a citação por edital.

Consoante o art. 844 da CLT, o não-comparecimento do reclamado importa revelia,


além de confissão quanto à matéria de fato.

Atenção! Ressaltamos que a revelia não é uma penalidade a ser aplicada pelo
magistrado. Tecnicamente, não se deve requerer a aplicação da revelia ao
reclamado. A revelia é um estado de fato, que é configurada pela ausência do
animus de defesa.

Entretanto, se configurada a revelia, haverá a consequência da confissão, conforme a


parte final do art. 844 da CLT

Destacamos que a Lei n. 13.467/2017 estabeleceu, no parágrafo 4º do art. 844, que:

§ 4o A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste ar�go se:

I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;

II - o li�gio versar sobre direitos indisponíveis;

III - a pe�ção inicial não es�ver acompanhada de instrumento que a lei


considere indispensável à prova do ato;

IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis


ou es�verem em contradição com prova constante dos autos.

Registramos que, conforme a OJ n. 152 da SBDI-I do TST, a “pessoa jurídica de direito


público sujeita-se à revelia prevista no ar�go 844 da CLT”.

Além disso, a legislação reformista dispôs que, “Ainda que ausente o reclamado,
presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos
eventualmente apresentados” (art. 844, §5º, da CLT).

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Sobre o tema, valemo-nos das lições da professora Vólia Bomfim Cassar:

A nova regra modifica o conceito de revelia no processo do trabalho, pois


deixa de ser o não comparecimento do réu para passar a ser a ausência de
defesa, tal como no processo civil. Por outro lado, diferencia o réu ausente
que sequer contrata advogado, despreocupado com sua defesa, para
pres�giar aquele que se preparou para a audiência, contratando o
procurador. De qualquer forma, a confissão será aplicada ao réu ausente,
limitada aos fatos controver�dos, isto é, devem ser observados os
documentos e superados ou julgados os requerimentos con�dos na
6
contestação .

Destacamos, outrossim, entendimento do TST no sen�do de que a vedação à produção


de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o
exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo, podendo esse, por
exemplo, interrogar o reclamante sobre os fatos descritos na pe�ção inicial (TST - RR:
109342720135120026, Relator: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento:
24/04/2019, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/05/2019).

O advogado pode atuar como preposto da empresa?


Conforme já salientamos anteriormente, a reforma trabalhista estabeleceu
expressamente a desnecessidade de que o preposto seja empregado da reclamada.

Diante disso, tem sido mais comum que advogados se apresentem às audiências como
prepostos de reclamadas.

Como não há mais a obrigatoriedade de que seja empregado, os advogados podem


perfeitamente comparecer à audiência como prepostos, mas é aconselhável à parte
adversa e ao magistrado verificarem a eventual existência de procuração que já tenha
outorgado poderes como patrono da causa.

Isso porque o art. 23 do Código de É�ca da OAB estabelece que “é defeso ao advogado
funcionar no mesmo processo, simultaneamente, como patrono e preposto de
empregador ou cliente”.

Nesse contexto, é importante delinear a consequência da atuação simultânea da


mesma pessoa como advogado e preposto.

Parte da jurisprudência no âmbito dos Tribunais Regionais se inclina no sen�do de que


ocorreria confissão em virtude da ausência de preposto, já que o Código de É�ca
impediria que o causídico atuasse simultaneamente como preposto:

Oportuno mencionar que a atuação simultânea como advogado e preposto


é expressamente vedada pelo art. 23 do Código de É�ca e Disciplina da

6
CLT comparada e atualizada: de acordo com a reforma trabalhista. 3ª ed., rev., atual. e ampl. – São
Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 497.

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OAB, valendo registrar que a Lei 8.906/94 2 , que dispõe sobre o Estatuto
da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil estabelece, em seu art.
33, que o advogado se obriga a cumprir rigorosamente as disposições do
Código de É�ca e Disciplina. (TRT-2 00030146220125020075 São Paulo -
SP, Relator: LILIAN GONÇALVES, Data de Julgamento: 30/08/2017, 18ª
Turma, Data de Publicação: 04/09/2017)

Contudo, respeitosamente, entendemos que a vedação de cumular essas atribuições


se trata apenas de infração é�ca, sem consequências processuais, já que a confissão é
disciplinada pela lei (CPC e CLT) e apenas a União pode legislar sobre direito processual
(art. 22, I, da CFRB), de modo que uma proibição do Código de É�ca da OAB não
poderia trazer tal consequência, devendo ser realizada a audiência e expedido o�cio à
Ordem para as providências que esta julgar per�nentes.

Essa é a posição que vem sendo acolhida no C. TST:

ADVOGADO E PREPOSTO. ATUAÇÃO SIMULTÂNEA. PROVIMENTO. Este


Tribunal tem se orientado no sen�do de que é possível a atuação
simultânea nas funções de advogado e preposto, ainda que no mesmo
processo, desde que regularmente cons�tuído. Recurso de revista de que
se conhece e a que se dá provimento" (RR-185-78.2014.5.12.0037, 4ª
Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
22/03/2019).

A despeito da posição do C. TST ser recep�va à atuação simultânea, é recomendável


evitá-la diante da possibilidade de punições disciplinares.

Além disso, caso tal ocorra, caberia ao patrono da parte reclamante suscitar a sua
impossibilidade com suporte em julgados regionais, o que abriria grandes debates
processuais.

A fim de evitar polêmicas, o causídico da reclamada poderia cogitar, naquele ato,


renunciar aos seus poderes de advogado e se apresentar, a par�r de então, como
preposto. À �tulo argumenta�vo, o patrono do reclamante, por sua vez, poderia alegar
que se cuida de ato malicioso do patrono da ré para impedir a consequência
processual da confissão (art. 129 do Código Civil), configurando abuso de direito (art.
187 do Código Civil), devendo, assim, ser desconsiderada a renúncia.

E mais. O advogado da parte reclamante poderia alegar que para concre�zação da


renúncia seria necessário comprovar a no�ficação ao cons�tuinte, razão pela qual não
se poderia perfec�bilizar os efeitos naquele momento caso tal ainda não �vesse
ocorrido, conforme o “caput” do art. 112 do CPC. Além disso, poder-se-ia argumentar

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que durante os 10 (dez) dias subsequentes, o patrono con�nuaria a representar o
cons�tuinte, conforme o § 1º do mesmo disposi�vo.

Lado outro, o advogado da reclamada poderia enviar comunicação de renúncia ao


cons�tuinte no mesmo ato via e-mail ou aplica�vos de mensagens instantânea
(“whatsapp” por exemplo) com fundamento no Princípio da A�picidade e
Informalidade e contra-argumentar que existem outros advogados cons�tuídos em
procuração ou substabelecimento (se for o caso), de modo que não haveria a
necessidade de prorrogação da representação por 10 (dez) dias.

Caso haja inclinação pela aceitação da renúncia aos poderes naquele momento, a
alterna�va que restaria ao patrono da parte

Importante pontuar que, na hipótese de inexis�r procuração escrita, o caminho seria


analisar eventual existência de mandato tácito, o que pode ser aferido através da
análise do advogado que assinou a contestação ou outras eventuais pe�ções. A
existência de procuração “apud acta” (registro e/ou cons�tuição em ata de audiência)
seria bem improvável, visto que a revelia se opera na primeira audiência, exceto caso
tenha ocorrido alguma nulidade que tenha provocado a redesignação da sessão inicial
ou una.

Como se vê, a temá�ca é coberta por uma nevoa e oscilação jurisprudencial, tendo
sido lançadas apenas algumas premissas e problema�zações do infindável campo dos
debates processuais, de modo que os atores processuais e o magistrado devem estar
atentos e preparados para uma condução qualificada do ato processual.

Emenda e aditamento
Em termos processuais, emenda e aditamento não são expressões sinônimas.

A emenda tem fundamento no art. 321 do CPC, o qual dispõe:

Art. 321. O juiz, ao verificar que a pe�ção inicial não preenche os requisitos
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve
ser corrigido ou completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a


pe�ção inicial.

Portanto, a emenda ocorre por determinação judicial para correção de algum defeito
na peça processual e, por sua vez, o aditamento decorre de um ato voluntário.

Estabelece o art. 329, I, do CPC que é permi�do ao autor, até a citação, aditar ou
alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consen�mento do réu.

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Por sua vez, o art. 329, II, do mesmo diploma legal estabelece que, até o saneamento
do processo, o autor poderá aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com o
consen�mento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de
manifestação deste no prazo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova
suplementar.

Em razão das especificidades que envolvem o processo trabalhista, prevalece o


entendimento de que o reclamante poderá emendar ou aditar a pe�ção inicial, sem a
concordância do reclamado, na audiência antes da apresentação da contestação.

Nesse sen�do, salientamos as lições do professor Mauro Schiavi:

No Processo do Trabalho, ao contrário do Processo Civil, o Juiz do Trabalho,


como regra, toma contato com a inicial em audiência, uma vez que a
citação (rec�us -no�ficação) é ato do Diretor de Secretaria (art. 841 da
CLT). Portanto, ao contrário do que ocorre no Processo Civil (art. 329), o
reclamante poderá aditar ou emendar a inicial até o momento da própria
audiência, mas antes do recebimento da defesa, sem anuência da parte
contrária. Após o recebimento da defesa (art. 847, da CLT), somente com a
anuência da parte contrária. Entretanto, ao reclamado deverá ser
concedido o prazo para complementar defesa, devendo a audiência ser
adiada para tal finalidade, e a nova audiência ser designada em prazo não
7
inferior a cinco dias (art. 841 da CLT) .

QUESTÕES CIRCUNDANTES ESSENCIAIS

E se os ânimos se exaltarem? Exercitar o controle emocional


A audiência é um ato público e solene. Destemperos emocionais não são bem-vindos.

Nesse tocante, salientamos as disposições do Código de É�ca da OAB, in verbis:

Art. 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os


funcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, exigindo
igual tratamento e zelando pelas prerroga�vas a que tem direito.

Art. 45. Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem escorreita


e polida, esmero e disciplina na execução dos serviços.

Iguais são as disposições da Lei Orgânica da Magistratura, segundo a qual:

Art. 35 - São deveres do magistrado:

IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os


advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Jus�ça, e

7
Manual Didático de Direito Processual do Trabalho. Salvador: Editora JusPodivm, 2020, p. 269.
Destacamos.

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atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quanto se trate de
providência que reclame e possibilite solução de urgência.

Conforme já destacamos anteriormente, considerada a sistemá�ca adotada pelo


CPC/2015, passou a valorizar a colaboração dos atores processuais para a obtenção de
uma decisão de mérito justa.

Assim, é importante que os ânimos sejam controlados e, em havendo necessidade,


eventuais excessos sejam registrados em ata para posterior apuração de
responsabilidade.

Não seja agressivo nem sarcás�co com a testemunha


As testemunhas, quando comparem a Juízo, estão exercendo um múnus público de
extrema relevância.

Assim, mesmo que haja indícios de eventual descompromisso com a verdade, não é de
bom tom que sejam u�lizados tons agressivos ou de sarcasmo.

A destemperança e o calor do momento podem fazer com que fatos importantes


deixem de ser registrados em ata.

Se há indícios de falsidade, tente conduzir a oi�va para que as contradições sejam


devidamente registradas no depoimento.

Atenção à ata de audiência


Essa é também uma questão extremamente importante.

Pode acontecer de o registro dos depoimentos ou dos fatos ocorridos durante a


audiência serem falhos, apresentando expressões dúbias ou incorretas, formalmente
ou substancialmente.

Se tal fato ocorrer, é importante que o advogado, com o devido respeito e


acatamento, chame a atenção quanto à necessidade de eventual correção.

Protestos
Vigora no processo do trabalho o princípio da irrecorribilidade das decisões
interlocutórias, insculpido no ar�go 893, § 1o, da CLT, sendo qual somente será
admi�da “a apreciação do merecimento de decisões interlocutórias somente em
recurso da decisão defini�va”.

Nesse sen�do, é o entendimento con�do na Súmula n. 214 do TST:

Na Jus�ça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões


interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de
decisão:

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a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;

b) susce�vel de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;

c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos


autos para Tribunal Regional dis�nto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Por outro lado, em matéria de nulidades, há também o princípio da convalidação ou da


preclusão, conforme previsto no art. 795 da CLT, “As nulidades não serão declaradas
senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em
que �verem de falar em audiência ou nos autos”.

Tal princípio consagrou o chamado “protesto judicial an�preclusivo”, u�lizado para


registro de insurgência quanto às decisões interlocutórias, que, via de regra, são
irrecorríveis de forma imediata.

Na prá�ca co�diana, verificamos que a figura do protesto é largamente u�lizada em


matéria trabalhista.

O protesto poderá se dar de forma verbal, em audiência, ou escrita, nos autos do


processo.

Destacamos que, atendido o princípio da boa-fé processual, os protestos não


configuram desrespeito à figura do magistrado, ao Judiciário ou à parte contrária, mas
sim o exercício de um ônus que, acaso não ocorra tempes�vamente, pode ocasionar a
preclusão processual.

Portanto, importante que, em cada caso, sejam avaliadas a per�nência e adequação


do referido registro, viabilizando o cumprimento efe�vo do escopo da pacificação
social com Jus�ça.

Há necessidade ou obrigatoriedade de fundamentação dos protestos?


Em algumas oportunidades, surge a indagação sobre a possibilidade ou sobre a
necessidade de fundamentação dos protestos.

Penso que não exista tal possibilidade ou obrigação. O momento oportuno para a
manifestação das razões da insurgência, ressalvados os casos em que admissível o
recurso imediato, será em eventual recurso contra a decisão defini�va proferida.

Para que seja demonstrada a insa�sfação da parte, basta o registro dos protestos.

Nesse sen�do, há decisão do C. TST, destacando que: “para demonstrar a insa�sfação


do não deferimento do seu pleito, basta a existência de protestos que, de certo, não
precisa ser fundamentado. Tampouco há necessidade de a parte reiterar o protesto
em sede de razões finais, não havendo falar na preclusão da arguição da nulidade de
cerceamento de defesa em razão do indeferimento do pedido de produção de prova

Conforme a Lei n. 9.610/98, é proibida a reprodução total ou parcial ou divulgação comercial sem autorização prévia e expressa dos 
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oral” (TST – RR: 19808120135020442, Data de Julgamento: 21/10/2015, Data de
Publicação: DEJT 29/10/2015).

O que fazer se esquecer de registrar os protestos?


Caso a decisão seja em audiência, o conveniente é que se registrem os protestos de
imediato. Por exemplo, no momento de indeferimento de oi�va da testemunha.
Caso não seja registrado de forma imediata ao indeferimento, é possível fazê-lo em
razões finais porque o já mencionado art. 795 prevê duas possibilidades de arguição: i)
na primeira oportunidade de falar em audiência; ii) na primeira oportunidade de falar
nos autos.
A primeira oportunidade de falar nos autos após a instrução processual é justamente
em razões finais, orais ou escritas.
Nesse aspecto, destacamos a seguinte decisão o TST:
RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. CERCEAMENTO DO DIREITO DE
DEFESA. INDEFERIMENTO DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE
CONTESTAÇÃO, DOCUMENTOS E PROVA ORAL FORMULADA PELA
ADVOGADA DE RÉU REVEL. AUSÊNCIA DE PROTESTOS NA AUDIÊNCIA.
DEFERIMENTO DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE RAZÕES FINAIS
ESCRITAS. CERCEAMENTO DE DEFESA ALEGADO EM RAZÕES FINAIS
ESCRITAS. AUSÊNCIA DE PRECLUSÃO. TRANSCENDÊNCIA. O processamento
do recurso de revista na vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa
ofereça transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
econômica, polí�ca, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de o�cio e
previamente pelo Relator (ar�gos 896-A, da CLT, 246 e 247 do RITST).
Ausente a transcendência o recurso de revista não será processado. Se
presente a transcendência, prossegue-se na análise dos demais
pressupostos recursais. No caso, apenas a advogada da reclamada
compareceu à audiência. Depois do interrogatório do reclamante a
advogada presente requereu prazo para juntada de defesa, documentos e
prova oral, o que foi indeferido. Ato con�nuo foi encerrada a instrução
processual, concedendo-se prazo para apresentação de razões finais
escritas. Ao apresentar suas razões finais escritas a reclamada alegou
cerceamento do direito de defesa em razão do indeferimento do prazo
para juntada de defesa, documentos e produção de prova oral. O Tribunal
Regional aplicou a preclusão por entender que a parte deveria ter
registrado protestos na audiência, logo após o indeferimento do seu
pedido. A causa apresenta transcendência jurídica, nos termos art. 896-A, §
1º, IV, da CLT uma vez que a matéria não foi analisada pelo Tribunal
Superior do Trabalho sobre o aspecto ora trazido, razão pela qual passo a
apreciação dos demais pressupostos do recurso de revista. A arguição de
nulidade deve ser realizada "na primeira vez em que �verem de falar em
audiência ou nos autos". A conjunção coordenada alterna�va nos induz à
conclusão de que a parte pode realizar o protesto de forma imediata ao

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indeferimento, sem necessidade de renová-lo em razões finais ou pode
apresentá-lo apenas em razões finais, orais ou escritas. No caso, o
protesto não foi feito de forma imediata em audiência, mas foi realizado
em razões finais escritas, conforme facultado pelo magistrado condutor
da audiência. Dessa forma, não houve preclusão para se insurgir quanto
ao indeferimento do pleito de prazo para apresentação de defesa,
documentos e produção de prova oral. Embora afastada a preclusão, não
há como acolher a irresignação da reclamada. Isso porque, no período
anterior à Lei 13.467/2017, como no caso dos autos, a ausência da
reclamada na audiência inicial resulta em revelia, mesmo que o seu
advogado tenha comparecido a audiência (Súmula 122 do TST). Sendo a
parte revel, o indeferimento de prazo para apresentação de contestação,
documentos e prova oral não cons�tui cerceamento do direito de defesa,
nos termos da Súmula 74, II, do TST e art. 847 da CLT. Recurso de revista de
que não se conhece. (TST - RR: 106374420165090011, Data de Julgamento:
05/06/2019, Data de Publicação: DEJT 07/06/2019)
E se for negado constar os protestos em razões finais? Você deve pedir que conste em
ata que pretendia constar os protestos em razões finais e que foi indeferido,
consignando novos protestos.
Na hipótese de a decisão gravosa ser interlocutória, é conveniente apresentar uma
pe�ção in�tulada de “PROTESTOS ANTIPRECLUSIVOS” ou fazê-lo em razões finais.
Outra advertência. Caso você já tenha protestado, por cautela, é conveniente reiterar
em razões finais, mas o C. TST já decidiu reiteradamente que o essencial seria apenas
um ou outro, antes a conjunção “OU” do art. 795 da CLT. Destacamos:
RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. LEI 13.467/2017. NULIDADE POR
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE PROVA
TESTEMUNHAL. PROTESTO EM AUDIÊNCIA NÃO RENOVADO EM RAZÕES
FINAIS. AUSÊNCIA DE PRECLUSÃO. O Tribunal Regional entendeu preclusa a
alegação da parte de ter havido nulidade por cerceamento do seu direito
de defesa, quando houve protestos em audiência pelo indeferimento da
oi�va de sua testemunha, que não foi renovado em razões finais. A
matéria apresenta transcendência polí�ca, nos termos do art. 896-A, §
1º, da CLT, uma vez que a v. decisão regional está em dissonância com a
jurisprudência desta c. Corte Superior que, em casos como o dos autos,
entende que a ausência de alegação da nulidade nas razões finais não
configura preclusão. No caso, a primeira oportunidade de o reclamante
falar nos autos foi na audiência em que foi indeferida a oi�va de sua
testemunha, oportunidade em que registrou os respec�vos protestos.
Assim, não há que se falar em preclusão, ante a insurgência da parte em
momento oportuno, conforme preceitua o art. 795 da CLT. Nesse
contexto, deve ser afastada a preclusão acerca do cerceamento do direito
de defesa, e determinado o retorno dos autos ao eg. TRT de origem a fim

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de que proceda ao exame da matéria, como entender de direito. Recurso
de revista conhecido e provido. (TST - RR: 10006248820175020411,
Relator: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 11/12/2019, 6ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 13/12/2019)
E se �ver deixado de registrar o protesto, é possível invocar a tese de defesa de que
esse costume era baseado em previsão do CPC de 1939, que não encontra mais eco no
CPC de 2015, o qual prevê que as decisões interlocutórias não são cobertas pela
preclusão, podendo ser alegadas em preliminar de recurso.
Essa tese ainda não é acolhida pela jurisprudência, mas faz todo sen�do, porque o
processo trabalhista não pode ser mais formal que o civil, estando o CPC em harmonia
com o art. 893, p. 1º, CLT.
Gravação da Audiência pelo Tribunal e pelas Partes
O parágrafo 5º do art. 367 do CPC, dispõe que a audiência poderá ser integralmente
gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o
rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação específica.
Além disso, estabelece o parágrafo 6º do mesmo ar�go que a gravação a que também
pode ser realizada diretamente por qualquer das partes, independentemente de
autorização judicial.
Antes da vigência do CPC de 2015, havia precedente do TST, no sen�do de que não
seria possível a gravação da audiência, sem o conhecimento das demais partes
envolvidas no ato, in verbis:
RECURSO DE REVISTA. (...) 4. GRAVAÇÃO DE AUDIÊNCIA. O ar�go 417 do
CPC assim dispõe: - O depoimento, da�lografado ou registrado por
taquigrafia, esteno�pia ou outro método idôneo de documentação, será
assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos procuradores, facultando-se às
partes a sua gravação -. Depreende-se da análise desse disposi�vo que às
partes, por terem amplo acesso aos termos e atos do processo, é permi�da
a gravação, o que não significa dizer, contudo, que é possível proceder à
gravação sem conhecimento do juiz e da outra parte, conforme se constata
da ata de audiência . O procedimento de gravação da audiência não pode
ser realizado clandes�namente, sem conhecimento do juiz e da outra
parte, sob pena de ofensa aos princípios do devido processo legal, ampla
defesa e do contraditório. Ademais, a transcrição da gravação da audiência
revela-se como prova desnecessária, haja vista que foram devidamente
registrados os fatos ocorridos e os protestos dos advogados de ambas as
partes na ata de audiência, realizada no dia 5 de julho de 2007. (...). (TST -
RR: 689006620065180012 68900-66.2006.5.18.0012, Relator: Mauricio
Godinho Delgado, Data de Julgamento: 09/11/2011, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 18/11/2011)

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E, após a vigência do CPC de 2015, colacionamos o seguinte julgado do E. TRT da 2ª
Região, destacando a necessidade de comunicação prévia a todos os par�cipantes da
audiência:
GRAVAÇÃO PRIVADA DA AUDIÊNCIA. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
DESNECESSIDADE. NECESSIDADE DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA A TODOS OS
PARTICIPANTES DA AUDIÊNCIA. PRINCÍPIOS DA LEALDADE, DA BOA-FÉ E DA
COOPERAÇÃO. A documentação privada de ato processual público é uma
prerroga�va posi�vada no § 6° do ar�go 367 do CPC de 2015, o qual
garante à parte interessada, independentemente de autorização judicial,
gravar a imagem e/ ou o áudio da audiência por meio de meio digital ou
analógico. Por outro lado, do ponto de vista é�co, da transparência e dos
princípios da lealdade, da boa-fé e da cooperação com que devem ser
pautadas as relações processuais entre as partes, os advogados e o juiz,
faz-se necessário que todas as pessoas que par�cipam da audiência
tenham pleno conhecimento de que o ato processual está sendo gravado
em imagem e/ou em áudio. Não constatada a comunicação prévia da
intenção de gravar a audiência, por simples pe�ção ou mesmo durante a
abertura do próprio ato, in loco, não há como acolher a mídia apresentada.
Recurso ordinário do reclamante ao qual se nega provimento, no par�cular
(TRT/SP -PROCESSO TRT/SP nº 1001720-10.2017.5.02.0001. Rel Juiz Márcio
Granconato. Dje: 05/08/2019).
Por outro lado, salientamos que a gravação da audiência é um ato de documentação,
com finalidade processual. Não se mostra razoável a divulgação do ato em redes
sociais, grupos de Whatsapp, dentres outros, sob pena de violação do direito de
imagem dos envolvidos no ato.
Nesse sen�do:
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DEPOIMENTOS PRESTADOS
EM PROCESSO CRIME. DIVULGAÇÃO NO FACEBOOK. CONDUTA ILÍCITA
EVIDENCIADA. DANOS MORAIS COMPROVADOS. Trata-se de ação de
obrigação de não fazer cumulada com indenização por danos morais
decorrentes da publicação indevida dos vídeos dos depoimentos prestados
pelos autores no processo criminal no qual o primeiro demandado figura
como réu na rede social Facebook, quando havia expressa proibição
con�da na ata da audiência criminal de divulgação e u�lização das
gravações, julgada parcialmente procedente na origem. O ar�go 5º, inciso
X, da Cons�tuição Federal, estabelece como garan�a fundamental o direito
à imagem, dispondo que são invioláveis a in�midade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, sendo que a ocorrência de violação de um
desses direitos assegura ao prejudicado o direito à indenização por danos
morais. O ar�go 20 do Código Civil preceitua que, salvo se autorizadas ou
se necessárias à administração da jus�ça ou à manutenção da ordem
pública, a u�lização da imagem das pessoas poderá ser proibida a seu

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requerimento e sem prejuízo da respec�va indenização, caso seja a�ngida
a honra, a boa fama e a responsabilidade, ou, ainda, se for des�nada a fins
comerciais. Em que pese o esforço hercúleo... das razões recursais dos
demandados, não vejo como afastar o ato ilícito por eles pra�cado, pois
não possuíam autorização dos autores para u�lização de suas imagens e
�nham conhecimento de que não poderiam u�lizar-se dos depoimentos
prestados pelos demandantes nos autos do processo criminal nº
094/2.12.0001107-0, conforme proibição lançada em ata de audIência. O
réu Talvane, nos autos do processo crime, em razão da divulgação dos
vídeos em sua rede social, restou condenado por má-fé processual e por
ato atentatório ao exercício da jurisdição. O fato a ser considerando é que,
independente da discussão envolvendo a nulidade da decisão proferida no
juízo criminal, a determinação constou na ata da audiência e era de
conhecimento dos réus, razão pela qual deveria ter sido observada,
caracterizando-se ilícita a divulgação dos depoimentos prestados pelos
autores, cuja imagem restou violada. Rela�vamente à indenização
postulada, a sentença merece reforma, pois, além de demonstrado o ato
ilícito pra�cado pelos réus, restou comprovado os danos morais
experimentados pelos autores com a divulgação dos vídeos contendo seus
depoimentos prestados em juízo, os quais �veram suas imagens expostas
para uma cole�vidade indeterminada, pelo que, tal conduta
evidentemente violou os... seus direitos da personalidade, como honra e
imagem. Valorando-se as peculiaridades da hipótese concreta e os
parâmetros adotados normalmente pela jurisprudência para a fixação de
indenização, em hipóteses símiles, fixa-se a indenização no valor de R$
5.000,00 (...) para cada um dos autores, pois de acordo com os critérios da
razoabilidade e proporcionalidade. (TJ-RS - AC: 70077324226 RS, Relator:
Niwton Carpes da Silva, Data de Julgamento: 28/06/2018, Sexta Câmara
Cível, Data de Publicação: Diário da Jus�ça do dia 09/07/2018)

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AUDIÊNCIA PASSO A PASSO

Pregão
Nos moldes do art. 815 da CLT, “À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta
a audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das partes,
testemunhas e demais pessoas que devam comparecer”.
De acordo com Mauro Schiavi, “O pregão é o ato formal, realizado pelo funcionário da
audiência, determinando o chamamento das partes para que ingressem na sala de
audiência. Antes da EC n. 24/99, quem realizava o pregão das audiências eram os
juízes classistas. Atualmente, o pregão é feito pelo microfone, ou até mesmo o
8
funcionário se dirige à porta da audiência e realiza a chamada” .
Nada obsta que, a pedido das partes ou se não demonstrado prejuízo, que a audiência
seja antecipada.
Importante que o advogado e as partes tenham especial atenção quanto ao pregão,
uma vez que é corrente alegações de esse não foi ouvido.
Sobre o tema, colacionamos os seguintes julgados:
RECURSO DE REVISTA DA TRABALHADORA. PRELIMINAR DE NULIDADE POR
INEXISTÊNCIA DE PREGÃO VÁLIDO. CONFISSÃO FICTA. RECLAMANTE E
PATRONO PRESENTES NA SECRETARIA. SISTEMA DE SOM FALHO. O
Tribunal Regional manteve a sentença que aplicou a pena de confissão ficta
à autora diante do não comparecimento à audiência de instrução na qual
deveria prestar depoimento. Foi cer�ficado pelo juízo que a autora e seu
patrono estavam presentes na secretaria aguardando o pregão para a
audiência de instrução desde as 14h30, que o sistema de som estava
falho e que o advogado da empresa já estava na sala de audiência
quando foi anunciado o pregão. Ademais, restou caracterizado o prejuízo
da Autora dentre outras questões quanto às horas extras, cartões de
ponto, intervalo interjornada, labor aos domingos e feriados, adicional
noturno, férias, matérias eminentemente fá�cas, em que lhe foi aplicada a
pena de confissão. Desse modo, caracterizado o prejuízo da autora devem
retornar os autos à Vara do Trabalho de origem para que realize nova
audiência de instrução e profira nova sentença, como entender de direito.
Recurso de revista conhecido por violação do ar�go 5º, LV, da Cons�tuição
Federal e provido. Prejudicada a análise do recurso de revista da empresa.
(TST - RR: 2803008720075090892, Relator: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, Data de Julgamento: 03/06/2015, 3ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 12/06/2015)
RECURSO DE REVISTA . PRELIMINAR DE NULIDADE POR CERCEAMENTO DE
DEFESA. REVELIA. COMPARECIMENTO TARDIO À AUDIÊNCIA INAUGURAL.

8
Op. Cit., p. 320.

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INEXISTÊNCIA DE FALHA NO ANÚNCIO SONORO DO PREGÃO.
Demonstrado o comparecimento tardio do reclamado para a audiência
inaugural, bem como a inexistência de defeito no anúncio sonoro do
pregão para jus�ficar o atraso, não há como se afastar a pena de revelia
decretada pelo juízo de origem, porque observado o art. 844 da CLT c/c a
Orientação Jurisprudencial nº 245 da SBDI-1/TST. Não há configuração de
cerceamento de defesa quando a aplicação da pena de revelia decorre de
descumprimento de norma processual pela reclamada. Intacto, assim, o
art. 5º, LV, da Cons�tuição Federal. Recurso de revista não conhecido (...).
(TST - RR: 4870520125030013 487-05.2012.5.03.0013, Relator: Aloysio
Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 24/04/2013, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 26/04/2013)
Posicionamento das Partes
Embora não exista previsão legal para tanto, na maioria dos tribunais regionais (há
exceções), o posicionamento das partes e advogados na sala de audiências é o
seguinte: o magistrado encabeça a mesa; a parte reclamada e os seus procuradores
ficam à direita do magistrado e, por sua vez, a parte reclamante ficam do lado
esquerdo.
Os advogados ocupam os assentos mais próximos ao magistrado e as partes ficam nos
assentos posteriores.
O secretário de audiências (também conhecido como escrivão), responsável pela
lavratura da ata de audiências, pode ficar do lado esquerdo ou direito do magistrado,
dependendo da estrutura da Vara.
Por sua vez, a alínea “a”, do inciso I, do art. 18, da Lei Orgânica do Ministério Público
da União, garante ao membro do Ministério Público do Trabalho o assento à direita e
no mesmo plano do juiz.
As testemunhas e demais pessoas que poderão ser ouvidas em Juízo, devem
permanecer no lado externo da sala de audiências, aguardando o chamado para
prestar depoimentos ou esclarecimentos.
No interior do recinto, haverá um assento destacado para a colheita do
depoimento/informação/esclarecimentos.
Lembramos que, via de regra, as audiências são públicas, permi�ndo que terceiros
adentrem ao recinto e acompanhem a realização das assentadas.
Registro das Presenças
Após efetuado o pregão, com o ingresso das partes e procuradores, é feito o registro
das presenças em ata. Pode ser importante que os documentos de iden�ficação
estejam disponíveis para facilitação do trabalho, com agilidade e segurança.
Destacamos aqui a regulamentação prevista na Consolidação de Provimentos da
Corregedoria Geral da Jus�ça do Trabalho:

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Art. 57. O juiz zelará pela precisa iden�ficação das partes no processo, a
fim de propiciar o cumprimento das obrigações fiscais e previdenciárias, o
levantamento dos depósitos de FGTS, o bloqueio eletrônico de numerário
em ins�tuições financeiras e o preenchimento da guia de depósito judicial
trabalhista.
Art. 58. Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à jus�ça, o juiz do
trabalho determinará às partes a apresentação das seguintes informações:
I - no caso de pessoa natural, o número da CTPS, RG e órgão expedidor,
CPF e PIS/PASEP ou NIT (Número de Inscrição do Trabalhador);
II - no caso de pessoa jurídica, o número do CNPJ e do CEI (Cadastro
Específico do INSS), bem como cópia do contrato social ou da úl�ma
alteração feita no contrato original, constando o número do CPF do(s)
proprietário(s) e do(s) sócio(s) da empresa demandada.
Parágrafo único. Não sendo possível obter das partes o número do
PIS/PASEP ou do NIT, no caso de trabalhador, e o número da matrícula no
Cadastro Específico do INSS — CEI, rela�vamente ao empregador pessoa
�sica, o juiz determinará à parte que forneça o número da CTPS, a data de
seu nascimento e o nome da genitora.
Art. 59. À parte será assegurado prazo para apresentar as informações,
sem prejuízo da con�nuidade da audiência.
Atraso das Partes e Procuradores e consequências
Não existe previsão legal para o atraso das partes e procuradores à audiência. Assim, é
muito importante que tentem chegar ao local com antecedência.
Salientamos que, caso exista atraso do reclamante, em se tratando de audiência inicial,
poderá ocorrer o arquivamento do feito e, caso da reclamada, poderá configurar a
revelia.
Nos termos da OJ. n. 245 da SBDI-I do TST, “Inexiste previsão legal tolerando atraso no
horário de comparecimento da parte na audiência”.
Todavia, inobstante o referido posicionamento jurisprudencial, o TST tem relevado
eventual atraso, nos casos em que a marcha processual não foi prejudicada.
Nesse sen�do:
ATRASO DE TRÊS MINUTOS À AUDIÊNCIA. AUSÊNCIA DE PRÁTICA DE ATO
PROCESSUAL. REVELIA.
O atraso de três minutos à audiência não acarreta, por si só, a decretação
de revelia do reclamado, se, no momento em que a preposta adentrou a
sala de audiência, nenhum ato processual havia sido pra�cado, nem
mesmo a tenta�va de conciliação, havendo que se levar em conta o bom
senso e a razoabilidade na aplicação do disposto no art. 844 da CLT, bem

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como da diretriz consagrada na Orientação Jurisprudencial n. 245 da SBDI-I
do TST.
(TST-E-ED-RR-179500-77.2007.5.09.0657, SBDI-I, rel. Min. João Oreste
Dalazen, 20.8.2015. Informa�vo TST n. 114. Informa�vos em Frases TST,
Juspodivm, 2019).

REVELIA E CONFISSÃO FICTA. ATRASO DO PREPOSTO À AUDIÊNCIA


INAUGURAL.
Conquanto a Orientação Jurisprudencial n. 245 da SBDI-I estabeleça que
não existe previsão legal tolerando o atraso no horário de comparecimento
da parte na audiência, esse entendimento deve ser conjugado com os
princípios da informalidade e da simplicidade que regem o Processo do
Trabalho, sendo que o fato do preposto ter adentrado na sala sete minutos
após o início da audiência, que teve início com a presença do advogado,
antes da tenta�va de conciliação, deve ser afastada a revelia.
(TST-E-RR-28400-60.2004.5.10.0008, SBDI-I, rel. Min. Rosa Maria Weber,
red. p/ acórdão Min. Maria Cris�na Irigoyen Peduzzi, 24.5.2012.
Informa�vo TST n. 10. Informa�vos em Frases TST, Juspodivm, 2019).
Assim, nesses casos, é importante que seja registrado em ata o momento em que a
parte compareceu à sala de audiências, destacando se já ultrapassado ou não o
momento para a produção do depoimento pessoal/interrogatório.
Ressaltamos que, mesmo que o atraso seja ínfimo, se o comparecimento ocorreu após
encerrada a audiência, não haverá tal tolerância.
Por fim, nos casos de ausência da parte, importante que seja conferido o horário de
encerramento registrado na ata de audiência, uma vez que pode acontecer de tal
registro ser anterior ao horário previsto para o início da assentada.
Audiência Inicial
Nas Varas em que adotado o fracionamento das audiências, na audiência inicial, ocorre
a primeira trata�va de conciliação, o recebimento da defesa e a especificação de
eventuais provas.
É importante que, se houver a necessidade de oi�va de testemunhas por Carta
Precatória, que desde já seja apresentado tal requerimento ou que seja postulado
prazo para arrolá-las.
Destacamos a necessidade de conferência das providências registradas na ata, pois,
caso contrário, se não houver insurgência oportuna quanto à eventual prá�ca adotada
ou se não cumprida eventual determinação, pode restar caracterizada preclusão.
Além disso, ressaltamos a necessidade de imediata anotação dos prazos e datas
fixados na audiência. Infelizmente, pode acontecer da ata não ser disponibilizada

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imediatamente nos autos do processo judicial eletrônico ou de ocorrer algum
esquecimento por parte do procurador, sendo que tal deslize poderá provocar sérios
prejuízos processuais.
Não há necessidade de as testemunhas comparecerem à audiência inaugural.
Audiência Una
Conforme já ressaltamos anteriormente, a audiência una é o padrão previsto no texto
da Consolidação das Leis do Trabalho, independente do procedimento.
Na audiência uma, seriam realizadas as trata�vas de conciliação; a leitura da inicial (se
não dispensada pelas partes); o recebimento da defesa; a impugnação aos
documentos; o depoimento das partes; a oi�va de testemunhas, peritos e técnicos; as
razões finais e a prolação de decisão.
Em se tratando de audiência una, as partes devem comparecer à audiência
acompanhadas de suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas
(art. 845 da CLT).
Não se tratando de procedimento sumaríssimo e não adotado outro procedimento
estabelecido previamente pelo Juízo, recusando-se a testemunha a comparecer
espontaneamente, a parte deverá requerer ao magistrado a sua in�mação e eventual
condução coerci�va, com a possibilidade de aplicação a multa prevista no art. 730 da
CLT (art. 825 da CLT).
Aberta a audiência, o juiz proporá a conciliação e, se houver acordo lavrar-se-á termo,
consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento (art. 846 da CLT).
Inexis�ndo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a
leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes (art. 847
da CLT). Além disso, é facultada a apresentação de defesa escrita pelo sistema de
processo judicial eletrônico até a audiência (art. 847, §único, da CLT).
Após o término da defesa, poderá o juiz interrogar os li�gantes. E, na sequência, se
houver, poderá ser produzida prova testemunhal, com a oi�va de peritos e assistentes
técnicos, se necessário (art. 848 da CLT).
Findada a instrução, as partes poderão apresentar razões finais orais, em dez minutos
para cada uma e, em seguida, será renovada a proposta de conciliação (art. 850 da
CLT).
Em algumas Varas, embora não exista previsão no texto da CLT, as razões finais
poderão ser subs�tuídas por memorais escritos.
Sendo infru�fera a conciliação, será prolatada sentença, da qual os li�gantes serão
no�ficados pessoalmente, ou por seus representantes, na própria audiência. E, no caso
de revelia, a no�ficação será feita por via postal (art. 852 da CLT).

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Conforme já destacamos anteriormente, mesmo nas Varas que adotam a audiência
una, na maioria dos casos, a sentença não é proferida em audiência, devendo as partes
serem posteriormente in�madas.
Nos processos subme�dos ao procedimento sumaríssimo, os processos serão
instruídos e julgados em audiência única (art. 852-C da CLT). Entretanto, se houver
necessidade, poderá ser determinada a realização de prova pericial (art. 852-H da CLT).
Os incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência serão
decididos de plano e as demais questões serão decididas em sentença (art. 852-G da
CLT).
Conciliação
Os dissídios individuais ou cole�vos subme�dos à apreciação da Jus�ça do Trabalho
serão sempre sujeitos à conciliação (art. 764, caput, da CLT).
Atenção! Oportunidades obrigatórias de conciliação:
1ª) Na abertura da audiência, antes do recebimento da defesa (art. 846 da CLT).
2ª) Após as razões finais, antes da sentença (art. 850 da CLT).
O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, sendo que o
termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial (Súmula n.
100 do TST), salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhes forem
devidas (art. 831, parágrafo único, da CLT), cons�tuindo-se em �tulo execu�vo (art.
876 da CLT).
É importante que o advogado esteja preparado para efetuar a discriminação da
natureza jurídica das parcelas objeto da avença, uma vez que, nos moldes do parágrafo
3º do art. 832 da CLT, “As decisões cogni�vas ou homologatórias deverão sempre
indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo
homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento
da contribuição previdenciária, se for o caso” (destacamos).
Das afirmações lançadas em tenta�vas de conciliação pode se extrair confissão?
O art. 166 do CPC, estabelece, como um dos princípios da conciliação e da mediação, a
confidencialidade.
E, ainda, o parágrafo 1º do mesmo disposi�vo, prevê que “A confidencialidade
estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor
não poderá ser u�lizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação
das partes”.
Fernando Gajardoni destaca que: “A razão de preservar a confidencialidade do
processo – algo, inclusive, que deve ser expressamente informado às partes
mediadas/conciliadas logo na abertura dos trabalhos -, é de permi�r que os li�gantes
discutam o conflito com total liberdade, cientes de que o que disserem não será

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levado a conhecimento do juiz, não sendo assim considerado, no momento da
9
prolação da decisão” .
Entretanto, considerando-se que as trata�vas de conciliação no processo trabalhista
geralmente são conduzidas pelo próprio magistrado, tal questão poderá gerar grandes
debates de ordem processual, abrindo margem a diversas interpretações.
Nesse caso, recomendável que não sejam tratadas questões de ordem meritória no
âmbito das negociações de acordo.
A apresentação da proposta de acordo enfraquece a tese da parte? Pode ou deve ser
registrada em ata? Vincula para aquela audiência? Em qualquer momento? Para a
audiência seguinte?
Ao contrário do que possa ser intui�vo para alguns, entendemos que o oferecimento
de proposta de acordo não enfraquece a tese das partes.
Muitas das vezes, acordos são entabulados com a finalidade de prevenir li�gios ou
minorar prejuízos.
O mérito processual deve ser analisado exclusivamente com base na análise das
provas produzidas nos autos e no ônus de cada parte.
Não há impedimento para que as propostas de acordo sejam registradas em ata.
Inclusive, segundo leciona o professor Manoel Antônio Teixeira Filho:
Os atos processuais deverão ser registrados em ata (CLT, art. 851, caput).
Não só esses atos, mas todos os fatos relevantes, como por exemplo, a
ausência ou o atraso das partes, os requerimentos formulados, os
‘protestos’ an�preclusivos, as providências determinadas pelo juiz e mais.
A ata representa, enfim, o instrumento formal (e oficial) de documentação
não só dos atos processuais realizados na audiência, mas dos principais
10
fatos ou acontecimentos aí verificados .
Pensamos que a proposta de acordo apenas é válida para o momento da audiência,
saldo ajuste expresso em contrário. E, se aceita a proposta, não poderá ser retratada.
Nesse sen�do, são as disposições dos ar�gos 427 e 428, I, ambos do Código Civil, in
verbis:
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
caso.

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

9
Teoria Geral do Processo: Comentários ao CPC de 2021 – Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2018, p. 608.
10
Curso de Direito Processual do Trabalho. Vol.II. Processo do Conhecimento. São Paulo: LTr, 2009, p.
1169/1170.

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I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por
meio de comunicação semelhante.
Parte indicada como responsável subsidiária que não aceita o acordo. Homologação
e julgamento apenas da responsabilidade subsidiária se descumprido? Suspensão do
processo e retorno ao “status quo” anterior se descumprido?
Para que um acordo seja entabulado é necessária a voluntariedade da parte. Portanto,
se a parte indicada como responsável subsidiária não aceita par�cipar da avença,
pensamos que não há como obrigá-la, ainda que de forma subsidiária.
Todavia, se não constar nenhuma irresignação, essa poderá ter a responsabilidade
analisada, se houver o descumprimento do acordo. Nesse sen�do:
(...) RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014.
ACORDO JUDICIAL CELEBRADO ENTRE O EMPREGADO E A EMPREGADORA.
INSCRIÇÃO EXPLÍCITA DA CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE DE SE APURAR A
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE SERVIÇOS NA
HIPÓTESE DE INADIMPLÊNCIA DO ACORDO. VIOLAÇÃO AO ART. 5º, LV, DA
CF. Certo é que, nos termos do item IV da Súmula 331 do TST, o
inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador,
implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto
àquelas obrigações, desde que haja par�cipado da relação processual e
conste também do �tulo execu�vo judicial. No presente caso, todas as
partes estavam presentes na audiência em que os termos do acordo
judicial foram celebrados, dele constando expressamente a cláusula de
que, caso não houvesse cumprimento do acordo, o processo retornaria
para a pauta para análise da responsabilidade do Município. Assim, não se
há falar em impossibilidade de responsabilizar o Município em face do
que dispõe o parágrafo único do art. 831 da CLT e no art. 506 do
CPC/2015, pois todas as partes, inclusive o Município, anuíram em
condicionar a apuração da responsabilidade do tomador de serviços à
inadimplência da empregadora, o que se verificou. O Reclamante,
portanto, faz jus ao cumprimento do acordo em face de todas as
cláusulas que foram pactuadas e que devem produzir ampla eficácia
perante as partes. Dessa forma, devem os autos ser reme�dos ao Juízo
de origem para reabertura da instrução processual e apuração de
eventual responsabilidade subsidiária do Município. Recurso de revista
conhecido e provido. (TST - RR: 107915420145150144, Relator: Mauricio
Godinho Delgado, Data de Julgamento: 07/06/2017, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 09/06/2017. Destacamos)
Entretanto, se não houver tal concordância, uma solução adotada na praxe forense, é
a de efetuar o registro das condições do acordo, com a suspensão do processo até o
seu integral cumprimento. E, caso houver inadimplemento, o processo retorna ao

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status quo anterior para regular prosseguimento do feito, com a autorização de
aba�mento de eventual valor quitado. Nesse sen�do:
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E REGIDO PELO
CPC/2015 E PELA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40/2016 DO TST. ACORDO
FIRMADO NO JUÍZO DE ORIGEM. AUSÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO ATÉ A
EFETIVA QUITAÇÃO DO ACORDO. PREVISÃO DE REABERTURA DE
INSTRUÇÃO EM CASO DE DESCUMPRIMENTO DO ACORDO. VALIDADE.
NÃO VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA COISA JULGADA. O Tribunal Regional
considerou válida a cláusula que condiciona a reabertura processual no
caso de inadimplemento do acordo firmado, confirmando a sentença pela
qual foi ex�nto o processo, sem resolução de mérito, em face da ausência
injus�ficada do reclamante à audiência. Salienta-se que, nos termos do
acordo transcrito no acórdão regional, ressalvou-se expressamente que,
caso descumprido, não haveria a sua homologação e seria reaberta a
instrução processual. Desse modo, não há falar em nulidade da sentença,
visto que, como não houve o cumprimento pela primeira reclamada dos
termos do acordo, não procede a conclusão da existência de coisa
julgada, sendo certo que o autor não se insurgiu contra a cláusula que
es�pulou a reabertura da instrução processual em caso de não quitação
do acordo. Incólumes os ar�gos 5º, inciso XXXV, da CLT e 831, parágrafo
único, da CLT e a Orientação Jurisprudencial nº 132 da SbDI-II do TST.
Agravo de instrumento desprovido. (TST - AIRR: 1496820165230131,
Relator: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 29/05/2019, 2ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 31/05/2019. Destacamos)
Espécies de quitação
Nos acordos judiciais, na prá�ca trabalhista, há 3 espécies básicas de quitação. Seriam
elas:
1) Quitação pela ex�nta relação jurídica;
2) Quitação pelo ex�nto contrato de trabalho;
3) Quitação pelo objeto do pedido.
A quitação pela ex�nta relação jurídica pode ocorrer nos casos em que não houver o
reconhecimento da existência de vínculo emprega�cio entre as partes e, se firmada,
impediria os pactuantes a formularem outras pretensões decorrentes daquela relação
findada.
Por outro lado, na quitação pelo ex�nto contrato de trabalho, haveria o vínculo
emprega�cio entre as partes, sendo que, de igual forma, também impedirá os
pactuantes a formularem outras pretensões decorrentes do vínculo emprega�cio
encerrado. Sobre o tema, destacamos o seguinte julgado:
RECURSO DE REVISTA. COISA JULGADA. ACORDO HOMOLOGADO EM
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ANTERIOR. QUITAÇÃO DO EXTINTO

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CONTRATO DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO. PROVENTOS DA
APOSENTADORIA PAGOS A MENOR. 1. A jurisprudência consolidada no
âmbito desta Corte Superior preconiza que o acordo homologado
judicialmente, em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem
qualquer ressalva, alcança não só o objeto da pe�ção inicial, mas,
também, todas as parcelas referentes ao ex�nto contrato de trabalho,
violando a coisa julgada a propositura de nova reclamação trabalhista.
Inteligência da Orientação Jurisprudencial nº 132 da SbDI-2 do TST. (...)
(TST - RR: 1698008520095030136, Data de Julgamento: 24/10/2018, Data
de Publicação: DEJT 26/10/2018. Destacamos)
Em terceiro lugar, tem-se a quitação exclusiva pelo objeto do pedido. Nesse caso, os
efeitos da quitação serão restritos às pretensões formuladas no processo em que
entabulado o acordo, não impedindo que novas pretensões sejam aviadas em novo
processo.
Além disso, possível a pactuação de ressalvas específicas, como por exemplo, no caso
em que há a quitação pelo ex�nto contrato de trabalho, com a ressalva de eventual
pretensão decorrente de eventual doença profissional que seja desconhecida.
Inclusive, destacamos a per�nência de eventual ressalva, uma vez que há decisões do
TST, reconhecendo a existência de coisa julgada nesses casos:
RECURSO DE REVISTA. COISA JULGADA. ACORDO HOMOLOGADO
JUDICIALMENTE POSTERIORMENTE À EC Nº 45/2004. INDENIZAÇÃO
DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO 1. O acordo homologado
judicialmente em momento posterior ao início da vigência da Emenda
Cons�tucional nº 45/2004 em que o empregado dá plena e ampla
quitação, sem ressalva, forma coisa julgada em relação a todas as parcelas
derivantes do ex�nto contrato de trabalho, inclusive as referentes à
indenização decorrente de acidente de trabalho ou doença profissional . 2.
A transação também é uma forma de prevenir li�gios e, assim,
restabelecer a paz social. 2. Recurso de revista da Reclamada de que se
conhece e a que se dá provimento. (TST - RR: 3325820105040202, Relator:
João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 27/04/2016, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 06/05/2016)
Conciliação Parcial
Nos casos em que não exista um consenso necessário para a pactuação de um acordo
que envolva todas as pretensões formuladas no processo, nada impede que as partes
formem consenso sobre parte dos pedidos apresentados na pe�ção inicial, com o
prosseguimento do feito em relação às demais parcelas.
Tal postura pode reduzir eventuais prejuízos da parte autora e, por sua vez, diminuir
eventual responsabilidade da parte ré, sendo altamente recomendável.

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Juízo é obrigado a homologar? Pode homologar com ressalvas? Isso demanda
concordância?
Segundo entendimento contido na Súmula n. 418 do TST, “A homologação de
acordo cons�tui faculdade do juiz, inexis�ndo direito líquido e certo tutelável pela via
do mandado de segurança”.
Todavia, pensamos que a recusa de homologação deve ser obrigatoriamente
fundamentada, conforme previsão do art. 93, IX, da CF.
Além disso, nossa jurisprudência não admite a homologação com ressalvas, uma vez
que as bases da negociação seriam alteradas e poderiam, a depender do caso,
contrariar a legí�ma expecta�va dos pactuantes, criando obrigações ou excluindo
bene�cios não previstos originariamente.
Diversamente, nada impede que o magistrado, assumindo uma postura de mediador,
conduza às partes para a obtenção de nova pactuação, ajuntando-a aos comandos
legais vigentes.
Recebimento da Defesa
Conforme já declinamos anteriormente, inexis�ndo acordo, o reclamado terá vinte
minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for
dispensada por ambas as partes (art. 847 da CLT).
Além disso, é facultada a apresentação de defesa escrita pelo sistema de processo
judicial eletrônico até a audiência (art. 847, §único, da CLT).
Nos termos do art. 22 da Resolução n. 185/2017 do Conselho Superior da Jus�ça do
Trabalho:
Art. 22. A contestação ou a reconvenção e seus respec�vos documentos
deverão ser protocolados no PJe até a realização da proposta de
conciliação infru�fera, com a u�lização de equipamento próprio, sendo
automa�camente juntados, facultada a apresentação de defesa oral, na
forma do art. 847 da CLT. (Redação dada pela Resolução CSJT n. 241, de 31
de maio de 2019)
§ 1º No expediente de no�ficação inicial ou de citação constará
recomendação para que a contestação ou a reconvenção e os documentos
que as acompanham sejam protocolados no PJe com pelo menos 48h de
antecedência da audiência. (Redação dada pela Resolução CSJT n. 241, de
31 de maio de 2019)

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É possível a apresentação de documentos após o recebimento da defesa?
Uma grande polêmica no co�diano dos fóruns trabalhistas é a possibilidade de
juntada de documentos durante a audiência de instrução, especialmente se �ver
constado na ata da audiência inicial a preclusão da prova documental.
O CPC de 2015 estabelece que a prova documental deve acompanhar, desde logo, a
inicial ou a contestação (art. 434 do CPC/2015), autorizando a juntada em momento
posterior apenas nas específicas hipóteses do art. 435.
A CLT possui um regramento parcialmente semelhante, já que o art. 787 determina
que a reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e desde logo
acompanhada dos documentos em que se fundar.
Ocorre que o art. 845 da CLT es�pula que “o reclamante e o reclamado
comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando,
nessa ocasião, as demais provas”.
Diante desse disposi�vo, o TST tem entendido que é possível a parte produzir, a
qualquer momento, a prova documental, inclusive, no curso da audiência, desde que
não se tenha ainda encerrado a instrução processual e seja oportunizado o
contraditório.
Frise-se que não se trata de decisão de turma, sendo posicionamento já consolidado
na própria SBDI-1 do TST: E-ED-RR - 119440-98.2005.5.10.0005 , Relator Ministro:
Renato de Lacerda Paiva, Data de Julgamento: 13/02/2014, Subseção I Especializada
em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 21/02/2014.
Existem, contudo, decisões regionais no sen�do da aplicação estrita do processo
civil, acrescentando-se, ainda, que a juntada em qualquer audiência ao longo do
processo poderia levar a dilações indesejáveis para se assegurar o contraditório da
parte adversa.
Caso tenha constado na ata de audiência inicial a preclusão da prova documental
com o recebimento da defesa, seria importante requerer a sua supressão caso se
queira reservar o direito de futura apresentação de outros documentos, o que
parece bem relevante em tempos de pandemia com dificuldade de obtenção de
documentos.
Se man�da a preclusão em ata, seria importante a consignação dos respeitos
protestos para rediscu�r a questão em grau recursal.
Defesa Oral e suas peculiaridades.
Se não apresentada defesa escrita, a parte possui o direito de apresentar defesa oral.
O art. 847 da CLT estabelece o prazo de 20 minutos para que isso seja feito.
Segundo destaca o professor Gustavo Cisneiros:
O juiz do trabalho é obrigado, quer no processo �sico, quer no PJE, a
conceder, se necessário, o prazo para apresentação da defesa oral, pois, do
contrário, estará proferindo, naquele momento, decisão interlocutória
contra legem, violando, além do art. 5º, LV, da CF, o art. 847 da CLT. Os 20
minutos, reservados à defesa oral, não podem sofrer redução, tampouco o

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magistrado e/ou a parte contrária têm o direito de “pressionar” o
reclamado para que seja “rápido”. É um tempo imaculado, abençoado e
11
protegido pelo princípio da ampla defesa .
Marco delimitador da desistência? Oferecimento ou Recebimento? Com ou sem
sigilo?
A Lei n. 13.467/2017 estabeleceu no art. 841, §3º, da CLT, a seguinte previsão:
“Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o
consen�mento do reclamado, desis�r da ação”.
A interpretação do referido disposi�vo demanda interpretações divergentes, sendo
que ainda não há um direcionamento jurisprudencial sobre a temá�ca.
A professora Vólia Bomfim Cassar, afirma que:
A desistência da ação depende de prévio consen�mento do réu desde que
o autor tome conhecimento do conteúdo da defesa. A medida visa à
igualdade de armas, pois, ciente dos termos da defesa o autor poderia
alterar o pedido, causa de pedir ou documentos para driblar a
argumentação do réu.
Assim, o simples encaminhamento da peça contestatória antes da
audiência pelo PJe, com sigilo, não obsta a desistência unilateral. De forma
contrária, se a defesa for encaminhada sem sigilo, a desistência só será
12
possível com o consen�mento do réu .
Gabriela Neves Delgado e Maurício Godinho Delgado sustentam posição diversa, in
verbis:
Pela lógica do Direito Processual do Trabalho, no qual ostentam muita
importância os princípios processuais específicos da oralidade, da
imedia�cidade, da concentração dos atos processuais e da conciliação, a
defesa somente é consumada após a frustração da primeira tenta�va
conciliatória, realizada no início da audiência inaugural. É o que claramente
estabelece o art. 847, caput, da CLT, ao fixar que a contestação somente é
recebida após o final da fase introdutória de conciliação. Mais clara fica
essa ordem procedimental mediante a leitura conjugada dos arts. 846, 847,
caput, e 848 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Nesse quadro lógico-racional, sistemá�co e teleológico, preserva-se a
possibilidade de desistência, em audiência inaugural, após frustrada a
tenta�va conciliatória feita pelo juiz do trabalho (art. 847, caput e
13
parágrafo único, CLT) .

11
Manual de audiência e prática trabalhista. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017.
12
Op. Cit., p. 492.
13
A reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: LTr, 2017, p. 341.

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Reconvenção. O que fazer?
A reconvenção é uma pretensão do reclamado contra o reclamante dentro da mesma
relação processual em que está sendo demandado.
A CLT somente trata da reconvenção no art. 791-A, §5º, ao asseverar que são devidos
honorários de sucumbência na reconvenção.
Entretanto, aplicável subsidiariamente, por força do art. 769, da CLT, os disposi�vos do
CPC (art.343, caput e parágrafos).
Destacamos que a reconvenção deve ser apresentada em peça apartada, uma vez que
se trata de ação e não defesa.
Apresentada a reconvenção em audiência, o juiz deve designar nova audiência para
que o autor apresente a sua defesa ou, se for o caso, ser fixado prazo para
apresentação de defesa independente de nova audiência.
Manifestação sobre Defesa e/ou Documentos. Tipo de Ritos. Prazo que deve ser
concedido em audiência inicial de rito ordinário (art. 350, 351, 437, § 1º, do CPC)
No Processo do Trabalho, o prazo de impugnação à defesa e/ou documentos é judicial,
ou seja, fixado, em audiência, pelo juiz.
Na audiência una, a impugnação será realizada na própria sessão, oralmente.
Caso exista grande quan�dade e/ou complexidade da documentação, o juiz poderá, de
o�cio ou a requerimento, suspender a audiência, mesmo no rito sumaríssimo (§ 1º do
art. 852-H da CLT).
Nas oportunidades em que designada audiência para instrução, poderá ser aplicada a
disposição dos ar�gos 350 e 351 do CPC, in verbis:
Art. 350. Se o réu alegar fato impedi�vo, modifica�vo ou ex�n�vo do
direito do autor, este será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias,
permi�ndo-lhe o juiz a produção de prova.
Art. 351. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 337, o
juiz determinará a oi�va do autor no prazo de 15 (quinze) dias,
permi�ndo-lhe a produção de prova.
E, sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz
ouvirá, a seu respeito, a outra parte, que disporá do prazo de 15 (quinze) dias para
manifestação (art. 437, §1º, da CLT).
Pode apresentar antecipadamente?
Se a defesa já �ver sido apresentada no sistema do Processo Judicial Eletrônico, sem
sigilo, entendemos como possível, inclusive recomendável, nos casos de audiência una,
que a impugnação já seja previamente anexada aos autos do processo. Tal prá�ca
garante maior celeridade e possibilita maior tranquilidade para a análise dos
documentos, argumentações e demais provas.

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Existe revelia inversa no Processo do Trabalho?
O direito processual do trabalho não define qualquer consequência para a omissão de
manifestação do reclamante sobre a defesa.
Com efeito, o fato de a reclamante apresentar manifestação sobre a contestação não
implica em reconhecer a incidência da tese da revelia inversa.
Entendemos que a ausência de impugnação à defesa não tem o condão de tornar
incontroversos os fatos alegados na contestação, admi�ndo-se a dilação probatória
sobre as temá�cas.

Especificação de Provas e delimitação dos fatos controver�dos


Como a CLT não estabelece a obrigatoriedade de realização do despacho saneador,
nada impede que o magistrado, o faça em audiência, podendo, segundo Mauro
Schiavi, corrigir “eventuais irregularidades, decidindo, se possível, questões
preliminares ou prejudiciais, deferir ou indeferir requerimentos das partes formulados
em audiência, bem como fixar o ônus da prova, inclusive invertê-lo ou aplicar a teoria
14
do ônus dinâmico da prova” .
Embora pouco comentado, o CPC prevê, em seu art. 357, a possibilidade de
delimitação das questões de fato sobre as quais recairá a a�vidade probatória, bem
como a própria distribuição do ônus da prova.

Ocorre que isso geralmente não é u�lizado de o�cio pelo magistrado e raramente é
invocado pelos advogados, perdendo-se oportunidades técnicas que poderiam ser
muito úteis.

Além do aspecto de o�mização do tempo, existem outras vantagens em considerar a


delimitação da prova.

Imagine que seu cliente esteja com testemunhas e que a parte adversa esteja
desprovida de provas testemunhais. Caso haja requerimento de delimitação dos
pontos a serem trabalhados, a prova será colhida tendo em vista os seus obje�vos
apontados. Por outro lado, no caso de colheita da prova sem qualquer delimitação, é
muito comum o ex-adverso ter “insights” durante a audiência e, mesmo sem ter
levado testemunhas, aproveitar a oi�va em curso e tentar produzir a prova a seu favor.

Por isso, a delimitação prévia do objeto da prova poderá ajudar a demarcar o campo
probatório em seu favor, eliminando surpresas.

Nesse planejamento probatório, logicamente, é essencial:

i) iden�ficar os pedidos em relação aos quais você detém o ônus da prova;

14
Op. Cit., p. 321/322.

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ii) iden�ficar, dentre os pedidos do item “i”, quais aqueles ainda remanescem
controversos;

iii) o conhecimento dos fatos que suas eventuais testemunhas possuem;

iv) a segurança e capacidade de transmissão de conteúdo pela testemunha;

v) a existência, ou não, de testemunhas pela parte adversa.

E esses fatores devem con�nuar sendo avaliados e ponderados pelo causídico durante
o curso da audiência até mesmo para, se for o caso, dispensar a con�nuidade da
colheita probatória caso já haja elementos suficientes ou caso o seu prosseguimento
possa piorar o cenário.

Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova. Necessidade de adiamento?


A Lei n. 13.467/2017 deu nova redação ao art. 818 da CLT, estabelecendo que: “O ônus
da prova incumbe: I - ao reclamante, quanto ao fato cons�tu�vo de seu direito; II - ao
reclamado, quanto à existência de fato impedi�vo, modifica�vo ou ex�n�vo do direito
do reclamante”.
Além disso, foi disciplinado o encargo probatório dinâmico, com a previsão de que:
“nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste
ar�go ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo
atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do
ônus que lhe foi atribuído” (Art. 818, §1º, da CLT).
Importante estarmos atentos que a referida decisão deverá ser proferida antes da
abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência
e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admi�do, não podendo
gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou
excessivamente di�cil (Art. 818, §§2º e 3º, da CLT).  
Se a decisão for proferida, sem a observância dos referidos preceitos legais, poderá ser
configurada decisão surpresa, em afronta ao disposto no art. 10 do CPC.
Assim, é importante que a parte interessada, a depender da situação, fundamente o
seu pedido, apresentando as peculiaridades que jus�fiquem a mudança do encargo
probatório e, se for o caso, demonstrando a possibilidade de desincumbência do
encargo pela parte contrária, observando-se o princípio da ap�dão para a prova.
Por fim, destacamos a distribuição dinâmica trata-se de situação excepcional, que
somente poderá ser adotada com respeito ao devido processo legal, ao contraditório e
mediante decisão fundamentada, não podendo se submeter ao livre arbítrio ou
subje�vidade judicial.

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Oi�va das Partes. Necessidade de requerimento? Diferença entre depoimento x
Interrogatório
Nos termos do art. 848 da CLT, “Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do
processo, podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz
temporário, interrogar os li�gantes”.
Assim, o referido disposi�vo, em uma interpretação isolada, poderia dar entendimento
de que a oi�va do depoimento pessoal das partes seria uma faculdade do magistrado.
Todavia, o art. 385 do CPC estabelece que: “Cabe à parte requerer o depoimento
pessoal da outra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e
julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de o�cio”.
Destacamos que a jurisprudência mais recente do TST é no sen�do de que “qualquer
dos li�gantes trabalhistas tem o direito de tentar obter a confissão da parte contrária a
respeito dos fatos objeto da controvérsia por meio de seu depoimento pessoal, até
para que não seja necessária a produção de prova testemunhal a esse respeito”.
(TSTRR: 10729020175060371, José R. Freire Pimenta, 2ª T., P. 01/03/19)
E, além disso, “a prerroga�va conferida ao Juiz de dispensar o depoimento da parte há
de ser apenas nas situações em que não mais subsista controvérsia sobre os fatos, à
luz dos limites balizados pela pe�ção inicial e contestação, não advindo, assim,
prejuízo algum ao li�gante. É certo que cabe ao juiz a direção do processo, mas essa
a�vidade encontra limites na lei. Não há direito absoluto e, por isso, tampouco poder
absoluto do juiz na direção do processo”. (TSTRR: 17021720125060018, Guilherme A.
C. Bastos, 4ª T., P. 31/08/18).
Assim sendo, com base no art. 765 da CLT, é possível o indeferimento da oi�va das
partes, desde que apresentados os devidos fundamentos, com a demonstração da
desnecessidade, diante do contexto probatório produzido nos autos. Caso contrário,
em sede de eventual recurso, se houver prejuízo ao direito de prova, com o registro de
tempes�vos protestos, a referida decisão pode ser anulada.

Ordem de oi�va. É possível colher o depoimento pessoal se já �ver sido ouvida


testemunha por carta precatória?

O art. 820 da CLT estabelece que as partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz,
podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento das partes, seus
representantes ou advogados.
Por sua vez, o art. 456 do CPC, dispõe que o juiz inquirirá as testemunhas separada e
sucessivamente, primeiro as do autor e depois as do réu, e providenciará para que
uma não ouça o depoimento das outras, podendo alterar a ordem estabelecida se as
partes concordarem.

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Entretanto, há decisões do TST entendendo que a referida ordem não seria aplicável
ao Processo do Trabalho:
RECURSO DE REVISTA. (...) NULIDADE. INVERSÃO NA ORDEM DE OITIVA
DAS TESTEMUNHAS. INOCORRÊNCIA. 1. Não se constata a nulidade do
decisum em razão da inversão na ordem de oi�va das testemunhas, tendo
em vista que no Processo do Trabalho não se aplica o art. 452 do CPC/73,
que estabelece a ordem dos depoimentos (primeiro do autor e depois do
réu), porque a matéria está disciplinada na CLT, não restando estabelecida
essa ordem. Ilesos os arts. 820 e 848 da CLT e 452, II e III, do CPC/73.
Recurso de revista não conhecido, no tema. (...) (TST - RR:
924001020095040801, Relator: Hugo Carlos Scheuermann, Data de
Julgamento: 14/12/2016, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/12/2016)
Por outro lado, destacamos decisão que reconheceu a aplicação do disposi�vo
processual civil, mas destacou a importância da demonstração de eventual prejuízo, in
verbis:
RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI
Nº 13.015/2014. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
INVERSÃO DA ORDEM DA OITIVA DE TESTEMUNHAS DISCIPLINADA NO
ART. 413 DO CPC/73 (ART. 456 DO CPC DE 2015), EM RAZÃO DA
NECESSIDADE DE UTILIZAÇÃO DE CARTA PRECATÓRIA. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO. ART. 794 DA CLT. O art. 769 da CLT prevê que, "Nos casos
omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompa�vel com as
normas deste Título". Tratando-se de nulidades, o art. 794 da CLT disciplina
que "Nos processos sujeitos à apreciação da Jus�ça do Trabalho só haverá
nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes
li�gantes". A despeito de o art. 413 do CPC/73 (atual art. 456 do CPC de
2015) disciplinar a ordem para oi�va de testemunhas e a garan�a da
incomunicabilidade da prova testemunhal, tal norma deve ser interpretada
em atenção ao disposto no já citado art. 794 da CLT, que exige manifesto
prejuízo às partes li�gantes. No caso concreto, diante da necessidade de
oi�va das testemunhas indicadas pelo reclamante por carta precatória, por
clara impossibilidade fá�ca, não haveria como se observar a regra do art.
413 do CPC/73 (art. 456 do CPC/2015), seja no tocante à ordem sequencial
para oi�va de testemunhas, seja acerca da própria garan�a da
incomunicabilidade da prova testemunhal. Isso porque, em se tratando de
oi�va de testemunhas por Juízos diversos, natural e precatado, não se há
como observar o critério de concentração dos atos processuais em uma
única audiência. Nesse contexto, só haveria nulidade na hipótese de a
reclamada comprovar manifesto prejuízo, como, por exemplo, demonstrar
que o depoimento prestado pela testemunha ouvida a convite do autor foi
influenciado decisivamente pelos depoimentos prestados pelas
testemunhas ouvidas a seu convite, o que, segundo o Tribunal Regional,
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soberano no exame da matéria fá�ca, não restou comprovado, de modo
que acolher a argumentação da reclamada em sen�do oposto implicaria
revolvimento de fatos e provas, o que encontra óbice na Súmula n.º 126 do
TST. Assim, o quadro fá�co consignado no acórdão regional não permite
que se verifique nulidade por cerceamento do direito de defesa. Incólumes
os arts. 413 do CPC/73 e 5.º, LIV e LV, da Cons�tuição Federal. Recurso de
revista não conhecido. (...) (TST - RR: 961000920095090072, Relator: Breno
Medeiros, Data de Julgamento: 26/09/2018, 5ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 05/10/2018)
Além disso, sobre a expedição de Cartas Precatórias, o art. 85 da Consolidação de
Provimentos da Corregedoria Geral da Jus�ça do Trabalho estabelece que:
Art. 85. Na expedição de Cartas Precatórias para inquirição de
testemunhas, é prerroga�va do Juízo deprecante deliberar sobre a
necessidade ou não da coleta prévia dos depoimentos pessoais das partes.
§ 1º A critério do Juízo Deprecante, poderão ser formulados quesitos para
u�lização na inquirição das testemunhas, os quais deverão integrar a Carta
Precatória, sem prejuízo das perguntas formuladas pelo Juízo Deprecado
ou pelas partes presentes à audiência.
§ 2º O Juízo Deprecado não pode se recusar a cumprir a Carta Precatória
pela ausência de depoimentos pessoais das partes ou dos quesitos.
Alteração no caso de Jus Postulandi?
Entendemos que, no caso de Jus Postulandi por parte do reclamado, seria
recomendável a inversão da ordem de oi�va dos depoimentos pessoais,
determinando-se que o autor se ausentasse da sala de audiências, enquanto colhido o
depoimento da parte contrária.
Oi�va Telepresencial?
Muito se discute sobre a possibilidade de oi�va de testemunhas na modalidade
telepresencial.
O CPC/2015 já estabelecia, no parágrafo 3º do seu art. 236, a admissibilidade da
prá�ca de atos processuais por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico
de transmissão de sons e imagens em tempo real.
O parágrafo 3º do art. 385 do CPC prevê que:
3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou
subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser
colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer,
inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
E, ainda, o parágrafo 1º do art. 453 do CPC dispõe que:

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1º A oi�va de testemunha que residir em comarca, seção ou subseção
judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser realizada por
meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão e
recepção de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer,
inclusive, durante a audiência de instrução e julgamento.
Por fim, destacamos que, em razão da pandemia da Covid-19, foram editados diversos
atos norma�vos disciplinando a realização de audiências telepresenciais (Resoluções
CNJ nº 313, 314 e 318, todas de 2020; Portaria CNJ nº 61/2020; Ato Conjunto
CSJT.GP.VP e CGJT nº 06/2020; e Ato nº 11 da GCGJT/2020).
É possível sair da sala logo após prestar ou ser dispensada do depoimento?
O parágrafo 1º do art. 848 da CLT dispõe que: “Findo o interrogatório, poderá qualquer
dos li�gantes re�rar-se, prosseguindo a instrução com o seu representante”.
Todavia, entendemos que, se ainda restarem testemunhas da parte que pretenda se
re�rar a serem ouvidas, não seria possível a saída do recinto das audiências, sob pena
de perda da prova.
Além disso, a saída antecipada pode prejudicar eventual acareação e, segundo o art.
461, II, do CPC, esta pode se dar entre parte e testemunha, razão pela qual pode ser
ponderado com o magistrado ser desaconselhável a saída.

Confissão Real e Ficta


Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato
contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário (art. 389 do CPC).
A confissão pode ser real ou ficta.
A confissão real é o reconhecimento expresso de fato contrário ao interesse da parte.
A confissão ficta, por sua vez, envolve presunção rela�va de veracidade dos fatos
alegados pela parte contrária. Ocorre quando a parte, embora tenha sido in�mada a
comparecer à audiência, para prestar depoimento pessoal, sob pena de confissão, não
comparece (Súmula 74 do TST). Também pode ocorrer quando, em depoimento
pessoal, a parte afirme desconhecer fatos controver�dos.
A confissão tem como consequência o reconhecimento de serem verdadeiros os fatos
narrados pela parte contrária.
Havendo confissão (real ou ficta), é cabível o indeferimento de prova testemunhal, nos
termos do art. 374, inciso II, do CPC.
Inquirição de Testemunhas
Segundo o art. 442 do CPC, a prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a
lei de modo diverso.

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O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos: I – já provados por
documento ou confissão da parte; II – que só por documento ou por exame pericial
puderem ser provados (art. 443 do CPC).
Importante ressaltar que, embora a legislação estabeleça um número máximo de
testemunhas para cada procedimento, é mais importante do que a quan�dade de
testemunhas é a qualidade dos depoimentos. Quanto maior o número de testemunhas
ouvidas, maior a possibilidade de contradições entre os depoimentos, uma vez que,
mesmo que involuntariamente, cada pessoa pode ter uma percepção diferente sobre
os fatos ocorridos.
O número máximo de testemunhas admi�das no procedimento ordinário é de três
para cada parte (art. 821 da CLT).
No procedimento sumaríssimo, o limite é de duas testemunhas para cada parte (art.
852-H, § 2º, da CLT).
E, por sua vez, no inquérito judicial para apuração de falta grave, o número máximo é
de seis testemunhas para cada parte (art. 821 da CLT).
Rol de Testemunhas ou Art. 825 da CLT? Carta convite.
Nos termos do art. 825 da CLT, aplicável ao procedimento ordinário, “as testemunhas
comparecerão a audiência independentemente de no�ficação ou in�mação”.
E, por sua vez, “as que não comparecerem serão in�madas, ex officio ou a
requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coerci�va, além das penalidades
do art. 730, caso, sem mo�vo jus�ficado, não atendam à in�mação” (art. 825,
parágrafo único, da CLT).
Em relação ao procedimento sumaríssimo, o parágrafo 3º do art. 852-H da CLT dispõe
que “só será deferida in�mação de testemunha que, comprovadamente convidada,
deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha in�mada, o juiz poderá
determinar sua imediata condução coerci�va”.
Embora, no processo do trabalho, não haja obrigação de a parte requerer o
arrolamento de testemunhas, a SBDI-I do TST já decidiu que não configura
cerceamento de defesa o indeferimento do pedido de produção de prova testemunhal
na audiência de prosseguimento, quando a parte, previamente no�ficada para indicar
as provas que pretende produzir, comparece à audiência inaugural e não apresenta o
rol de testemunhas (TST-E-ED-RR-50200-44.2003.5.08.0006, SBDI-I, rel. Min. José
Roberto Freire Pimenta, 15.12.2016. Informa�vo TST n. 151).
Além disso, há de se registrar que, em alguns casos, em sede de procedimento
ordinário, na audiência inaugural, as partes acabam informando que as testemunhas
serão apresentadas, independentemente de no�ficação.
Destaco que tal postura pode, a depender do entendimento, configurar preclusão no
caso de não comparecimento das testemunhas.

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Por fim, importante destacar que incumbe ao interessado informar que pretende ouvir
testemunhas por Carta Precatória, quando fixado prazo para tanto, sob pena de
preclusão.
Como comprovar o convite?
No rito sumaríssimo apenas se defere a in�mação judicial da testemunha ausente à
audiência se a parte interessada em seu depoimento comprovar que a convidou,
conforme art. 852-H, § 3º, da CLT.

É usual se comprovar pelo que se denominou de “carta-convite”, mas o disposi�vo não


exige a forma escrita, podendo se comprovar até por outra testemunha que tenha sido
convidada ao mesmo tempo.

Desse modo, aplica�vos telemá�cos, a exemplo do “whatsapp”, se prestariam a esse


fim?

Inicialmente, cumpre rememorar que as partes tem o direito de empregar todos os


moralmente legí�mos para provar a verdade dos fatos (art. 369 do CPC).

Parece-nos irrefutável que o avanço tecnológico da úl�ma década revolucionou a


forma de comunicação, o que se evidencia de forma ainda mais clara em tempos de
pandemia, tornando o whatsapp como um meio mais do que legí�mo de comunicação.

O art. 236, § 3º, do CPC admite a realização dos atos judiciais por qualquer “recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real”.

Frise-se que a Lei 9.099/95 prevê as formas de in�mação e, após consignar as formas
tradicionais, consagra a possibilidade de u�lização de qualquer outro meio idôneo de
comunicação (art. 19).
Justamente em função dos disposi�vos dos Juizados é que tem sido comum a edição
de Portarias regulamentando a in�mação judicial por meio da ferramenta “whatsapp”,
mediante adesão faculta�va das partes.

E o CNJ, em 23/06/2017, decidiu pela sua validade (Processo:


0003251-94.2016.2.00.0000).
Ora, se até mesmo a in�mação judicial pode ser realizada pelo “whatsapp” com muito
mais razão se deve admi�-la quando se trata de um mero convite da parte à
testemunha.

A apresentação do diálogo da parte com a testemunha seria comprobatório para


tanto. O mero envio da mensagem traz dúvida porque não indica a certeza de leitura
pelo efe�vo des�natário, a não ser que haja o indica�vo azul. Mas por cautela, sem
resposta, recomendável enviar o AR.

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Testemunha sem documento
Entendemos que o art. 828 da CLT não exige que a testemunha apresente documento
de iden�dade, sendo que o indeferimento da oi�va pelo simples fato de não portar
documento de iden�ficação configura cerceamento de defesa.

E, se ausentes outros elementos de iden�ficação, deve-se conceder prazo para que


apresente o documento em Juízo.

Nesse sen�do, é o disposto no art. 205 do Código de Processo Penal, segundo o qual:
“se ocorrer dúvida sobre a iden�dade da testemunha, o juiz procederá à verificação
pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde
logo”.

Todavia, importante destacar que existe controvérsia no âmbito do TST sobre a


temá�ca.

Há decisões entendendo que se trata de requisito indispensável para a oi�va. Nesse


sen�do: “O indeferimento da oi�va de testemunha não enseja o cerceamento de
defesa quando esta se apresenta em Juízo totalmente desprovida de qualquer
iden�ficação, sendo óbvio que as testemunhas devem comparecer munidas de
documentos para prestarem depoimentos, para que o Juiz possa iden�ficá-la." (RR -
800819-10.2001.5.02.5555, Rel. Carlos Alberto Reis de Paula, SBDI-I do TST, DJ
29/08/08)

Por outro lado, há decisões em contrário: “O ar�go 828 da CLT não exige a
apresentação de documento de iden�dade, mas apenas a qualificação da testemunha.
Note-se que, no caso, houve prejuízo para a parte, pois se tratava do único meio de
prova do qual dispunha. Logo, o indeferimento de oi�va de testemunha, pelo fato de
não comparecer à audiência portando documento de iden�dade, configura
cerceamento do direito de defesa da reclamante.” (TST - RR: 14750520115020202, Rel.
Augusto César Leite de Carvalho, 6ª T., DEJT 30/05/14)

Assim, considerada a divergência sobre a temá�ca, seria ideal que a testemunha fosse
previamente orientada sobre a necessidade de apresentar seu documento,
evitando-se contratempos.

E, caso tal fato ocorra, importante que haja registro na ata de audiência e, em caso de
eventual prejuízo, seja destacado no recurso, com a demonstração dos fatos que
seriam objeto do depoimento, nos moldes do art. 794 da CLT. (TST - RR:
6509620135020006, Rel. Maria Cris�na Irigoyen Peduzzi, 8ª T., DEJT 11/12/17). 

Contradita. Momento de arguição. Momento de comprovação. Causas. Contradita da


Contradita. Contradita Superveniente.
Nos termos do art. 829 da CLT, “A testemunha que for parente até o terceiro grau civil,
amigo ín�mo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu
depoimento valerá como simples informação”.

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E, por sua vez, o ar�go 447, parágrafos e incisos do novo CPC, descreve outras causas
para contradita, destacando as causas de impedimento e suspeição, como
transcrevemos:
Ar�go 447. Podem depor como testemunha todas as pessoas, exceto as
incapazes, impedidas ou suspeitas.
§1º São incapazes:
I – o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II – o que, acome�do por enfermidade, ou retardamento mental, ao tempo
em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que
deve depor, não está habilitado a transmi�r as percepções;
III – o que �ver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV – o cego, o surdo, quando a ciência do fato depender dos sen�dos que
lhes faltam.
§2º São impedidos:
I – o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer
grau, e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por
consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou,
tratando-se de causa rela�va ao estado da pessoa, não se puder obter de
outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
II – o que é parte na causa;
III – o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante
legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou
tenham assis�do as partes.
§3º São suspeitos:
I – o inimigo capital da parte, ou o seu amigo ín�mo;
II – o que �ver interesse no li�gio.
§4º Sendo necessário, pode o juiz admi�r o depoimento das testemunhas
menores impedidas ou suspeitas;
§5º Os depoimentos referidos no §4º serão prestados independentemente
de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.
Sobre o momento para arguição, segundo destaca o professor João Humberto Cesário:
Tanto a doutrina quanto a jurisprudência são sólidas ao afirmar que a
contradita deverá ser ven�lada, regra geral, depois da qualificação e antes
da tomada de compromisso, sob as consequências da preclusão. Sem
embargo, se o fato indica�vo da incapacidade, do impedimento ou da
suspeição surgir somente durante o depoimento, nada obstará que o juiz o

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reconheça de o�cio, impedindo, em homenagem ao princípio da economia
dos atos processuais, a con�nuidade do testemunho.
Demais disso, se o magistrado não tomar essa a�tude, o interessado
mesmo durante a inquirição poderá pedir a palavra e requerer o
encerramento do depoimento, caso em que ele não instaurará
propriamente o incidente de contradita (por ausência de interesse
processual, já que o fato, desconhecido a princípio, ficou evidente com o
desenrolar da oi�va), mas poderá, perfeitamente, se insurgir contra a
con�nuidade do testemunho, inclusive fazendo lançar os protesto em ata
para fins de arguição futura de nulidade, caso o magistrado não atenda aos
15
seus reclamos .
Além disso, sobre o momento da comprovação, mais uma vez valemo-nos das lições
do querido Professor:
Já quanto à segunda indagação, rela�va à ocasião em que os fatos da
contradita deverão ser provados, a questão se mostra um tanto mais
sensível, merecendo soluções diferenciadas no Processo do Trabalho.
O fato é que na processualís�ca comum existe indica�vo de que a
contradita haverá de ser provada imediatamente, na medida em que o §1º
do ar�go 457 do CPC/2015 deixa bem claro que a parte poderá provar a
contradita com documentos ou com testemunhas, até 3 (três),
‘apresentadas no ato’ e inquiridas em separado.
Ocorre que no âmbito do Processo Civil a regra geral é a do arrolamento de
testemunhas mesmo que a in�mação doravante seja feita pelo advogado
(vide, a confirmar o afirmado, os ar�gos 450 e 451 do CPC/2015), o que
deverá ser feito em prazo fixado pelo juiz e não superior a quinze dias da
data da audiência (ar�go 357, §4º, do CPC/2015), o que permite ao
interessado iden�ficar, previamente, aquelas que deporão, de modo a
viabilizar a veiculação e a comprovação da contradita já na própria
audiência. Nesses casos, portanto, a prova da contradita, seja documental
ou testemunhal, deverá ser produzida de imediato, sob as consequências
da preclusão.
No Processo do Trabalho, entrementes, onde não há o arrolamento prévio
de testemunhas, o Juiz do Trabalho, evitando o constrangimento das
surpresas, deverá oportunizar ao interessado um tempo mais dilatado para
a comprovação da contradita, inclusive, se necessário, com o adiamento da
16
instrução para a data mais próxima possível .
No mesmo sen�do, são as lições do professor Manuel Antônio Teixeira Filho, em sua
obra: “A prova no processo do trabalho”.

15
Provas no Processo do Trabalho. Cuiabá: Instituo JHC, 2015, p. 337/338.
16
Op. Cit., p. 338/339.

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Por fim, nesse aspecto, salientamos a possibilidade de arguição de “contradida da
contradita”, uma vez que para ser ouvida como testemunha de qualquer dos fatos
(inclusive sobre a contradita), a testemunha não pode ser impedida ou suspeita.

Impedimento por parentesco


A fim de facilitar a aferição do grau de parentesco, apresentamos um quadro
esquema�zado para fins didá�cos:

O parentesco entre pessoas �sicas é muito evidente, seja por consanguinidade ou


afinidade, bastando comprar a parte e a testemunha.
A questão se torna mais controversa quando estamos diante de parentesco entre uma
testemunha e uma parte que é pessoa jurídica.
É necessário ponderar se bastaria o parentesco da testemunha com o preposto ou se
seria necessário que essa relação se desse com as pessoas indicadas no estatuto da
pessoa jurídica como representantes ou os diretores (art. 75 do CPC).
Existe decisão do TST no sen�do de que o parentesco com o preposto é suficiente para
caracterizar o impedimento porque este atua como representante da parte naquela
sessão, podendo até mesmo transigir e até mesmo confessar, além de ser natural que
um parente do preposto tenha receio pelo posição de seu parente em audiência:

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"EMBARGOS. CERCEAMENTO DE DEFESA. TESTEMUNHA. SUSPEIÇÃO.
ESPOSA DO PREPOSTO. OCORRÊNCIA. 1 - Consoante disposto no inciso IV
do parágrafo 3º do ar�go 405 do Código de Processo Civil, considera-se
suspeita a testemunha que �ver interesse no li�gio. 2 – Dispõe, a seu
turno, o ar�go 843, § 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho ser “
facultado ao empregador fazer-se subs�tuir pelo gerente, ou qualquer
outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações
obrigarão o preponente ”. 3 – Extrai-se do ordenamento legal a conclusão
de que o preposto atua no processo como subs�tuto do empregador, e
com tal importância que as suas declarações obrigam o preponente. 4 –
Resulta evidenciado, daí, o impedimento da esposa do preposto para
depor como testemunha, ante o manifesto interesse na solução do li�gio,
com evidente comprome�mento da sua imparcialidade. 4 - Irretocável a
decisão da Turma por meio da qual não se conheceu do recurso de revista
empresarial, no par�cular. Incólume, o ar�go 896 da CLT. 5 – Recurso de
embargos não conhecido" (E-RR-666539-12.2000.5.03.5555, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Redator Ministro Lelio Bentes
Corrêa, DEJT 08/08/2008).

Testemunha que li�ga contra o mesmo empregador. Testemunha que tem processo
com o mesmo patrono, mesmos pedidos e que postula danos morais. Troca de
Favores
O simples fato de li�gar contra o mesmo empregador não torna a testemunha suspeita
por falta de previsão legal, sendo certo que li�gar reflete o exercício do direito
fundamental de ação (art. 5º, XXXV, CF/88), na esteira do entendimento consagrado
na Súmula 357 do TST.

Ainda que sejam os mesmos patronos, mesmos pedidos e haja postulação de danos
morais, a jurisprudência caminha pela incidência da Súmula 357, mas é possível que o
advogado interessado trabalhe uma questão: analisar com atenção as alegações da
pe�ção inicial da testemunha e a ata de audiência daquele processo, requerendo ao
magistrado que seja feito ali mesmo a consulta caso não tenha havido rol de
testemunhas.

Isso porque algumas pe�ções iniciais nas quais se postulam indenizações por danos
morais narram fatos gravíssimos e que denotam profunda mágoa em relação à
reclamada.

Se a testemunha confirmar tais mágoas, ela não teria isenção de ânimo para depor,
enquadrando como hipótese de inimizade.

Se ela negar a existência de mágoa e afirmar o que muitas vezes escutamos em


contradita como “sai numa boa, tenho o maior respeito por eles, não guardo nenhum
sen�mento ruim”, seria possível requerer que seja trasladada cópia da ata deste

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processo para o da testemunha. Ou o próprio advogado promover a juntada naquele
processo como documento novo, forte no art. 435, parágrafo único, do CPC.

Outra situação prá�ca muito importante nas lides trabalhistas: Caracteriza troca de
favores o fato de o reclamante ter sido ouvido como testemunha no processo ajuizado
anteriormente pela mesma contra a reclamada?

Nos termos da Súmula n. 357 do TST, “Não torna suspeita a testemunha o simples fato
de estar li�gando ou de ter li�gado contra o mesmo empregador”.

A abrangência do referido posicionamento objeto de controvérsias prá�cas, sendo que


existe entendimento no sen�do de que o fato de haver o depoimento anterior
afastaria a aplicação do preceito sumular, uma vez que haveria um elemento adicional,
que não apenas a existência de processo anterior ou em curso.

Entretanto, não é esse o direcionamento dado pelo TST sobre a matéria, sendo que,
inclusive, existe julgamento proferido pela sua SBDI-I no sen�do de que “o simples fato
de a testemunha ter arrolado o reclamante para depor em ação trabalhista por ela
ajuizada contra o mesmo empregador não é suficiente para caracterizar troca de
favores apta a tornar suspeita a testemunha, o que dependeria de expressa
comprovação” (TST-E-ED-RR-1970406420025020381, SBDI-I, rel. José Roberto F
Pimenta, 23.8.12. Informa�vos em Frases TST, Juspodivm, 2019).

Conforme já destacado pelo TST, é “imprescindível a comprovação inconteste da


suspeição da testemunha, não se configurando tal condição simplesmente pelo fato de
o reclamante ser testemunha de ação movida por testemunha sua, mas somente pela
existência de manifesto interesse no resultado da ação por parte da testemunha
contraditada, mo�vo que deve ser evidenciado pelo cotejo do próprio depoimento
com as demais provas dos autos” (TST - RR: 121045220175150077, rel. Delaíde M
Arantes, 2ª T., DEJT 11.10.2019).

Portanto, o interesse da testemunha no li�gio deve ser real e estar comprovado, não
se admi�ndo mera presunção em relação à troca de favores, podendo ser
caracterizado cerceamento de defesa o acolhimento de contradita nesse exclusivo
aspecto.

Possibilidade de comprovação de entrega de EPIs por testemunhas?


Essa é uma questão que acontece com certa frequência nas lides trabalhistas: a
tenta�va de comprovação do fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual
por prova testemunhal.

Embora não exista impedimento legal, trata-se de uma situação bastante delicada.

Segundo o art. 166 da CLT, “A empresa é obrigada a fornecer aos empregados,


gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito
estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não

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ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos
empregados”.

Nos moldes do art. 167 do mesmo diploma legal, “O equipamento de proteção só


poderá ser posto à venda ou u�lizado com a indicação do Cer�ficado de Aprovação do
Ministério do Trabalho”.  

Não se nega a possibilidade de a empresa comprovar, pela prova oral, inclusive com a
possibilidade de confissão do trabalhador, o fornecimento do equipamento.  

Todavia, conforme a jurisprudência do TST, “O simples fornecimento do aparelho de


proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade.
Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade,
entre as quais as rela�vas ao uso efe�vo do equipamento pelo empregado” (Súmula n.
289).

E, ainda, nos termos da Súmula n. 80 do TST, “A eliminação da insalubridade mediante


fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder
Execu�vo exclui a percepção do respec�vo adicional”.

Sem a comprovação documentada do fornecimento, di�cil o reconhecimento de que o


equipamento era aprovado pelo órgão competente, que era subs�tuído com
regularidade e que estava dentro do prazo de validade, seja da cer�ficação, seja do
próprio equipamento.

Nesse sen�do: “a simples confissão do autor sobre o recebimento de alguns EPI´s não
é suficiente para afastar o direito em tela Inexis�ndo comprovação do fornecimento
integral destes, por todo o período de labor, e em qualidade adequada para elidir a
insalubridade, torna-se devido o respec�vo adicional” (TST - AIRR: 5764020105020461,
Relator: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, DEJT 16/06/17). 

Testemunha que ocupa cargo de gestão


Eis uma questão ro�neira nas audiências trabalhistas. Em diversos casos, a parte
sustenta a suspeição de testemunha sob o fundamento de que essa ocupa cargo de
gestão na empresa reclamada.

Primeiramente, destacamos que o simples fato de a testemunha prestar serviços à


reclamada não lhe torna suspeita.

Além disso, a jurisprudência do TST é no sen�do de que, por ausência de presunção


legal, o mero exercício de cargo de confiança pela testemunha não configura a sua
suspeição.

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Entretanto, se a testemunha possuir amplos poderes de representação, atuando como
verdadeiro alter ego do empregador, possuindo interesse na solução da lide, tal fato é
impedi�vo da isenção de ânimo necessária à prova testemunhal.

Nesse sen�do:

RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. CERCEAMENTO DE DEFESA.
CONTRADITA DE TESTEMUNHA QUE EXERCE CARGO DE CONFIANÇA COM
PODERES DE GESTÃO EQUIPARÁVEIS AOS DO EMPREGADOR. SUSPEIÇÃO. A
jurisprudência desta Corte firmou-se no sen�do de que o mero exercício
de cargo de confiança por testemunha arrolada pelo reclamado não
configura sua suspeição. Todavia, cabe a contradita quando presentes
poderes de mando equiparáveis aos do próprio empregador. Precedentes.
No caso, conforme registrado pelo Tribunal Regional, a própria testemunha
admi�u que �nha poderes para contratar e dispensar empregados, além
de não possuir superior hierárquico no local em que trabalhava, o que
caracteriza a fidúcia especial capaz de ensejar sua suspeição. Precedentes.
Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento." (RR -
1797-72.2011.5.03.0048, Rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 7.ª
Turma, DEJT 31/03/2017).

Salientamos que há julgados do TST entendendo que o cargo de gerente geral de


agência bancária não seria suficiente para enquadrar como elevado encargo de gestão
para fins de contradita porque o porte de ins�tuições financeiras não permite
compreender que o gerente geral seja assimilável à figura do empregador perante o
Poder Judiciário:

"AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. CPC/1973. CONTRADITA. SUSPEIÇÃO. TESTEMUNHAS. CARGO DE
CONFIANÇA. GERENTE-GERAL DE AGÊNCIA BANCÁRIA. AUSÊNCIA DE
ISENÇÃO DE ÂNIMO PARA DEPOR NÃO DEMONSTRADA. A jurisprudência
desta Corte Superior firmou-se no sen�do de que o mero exercício de
cargo de confiança por testemunha arrolada pela parte ré não é suficiente
para torná-la suspeita, uma vez que tal circunstância, por si só, não
demonstra falta de isenção de ânimo para depor. Todavia, cabe a
contradita quando demonstrada fidúcia suficiente a confundi-la com a
figura do empregador ou de revelar interesse na ação, aspectos que devem
ser aferidos em cada caso concreto . Na presente situação, o Tribunal
Regional manifestou-se no sen�do de que o fato de as testemunhas
contraditadas ocuparem o cargo de gerente-geral em unidade da Caixa
Econômica Federal não autoriza a conclusão de que representam a
empresa. Anotou que , por se tratar de uma das maiores empresas
públicas do país, conquanto detenham determinados poderes de mando e

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gestão, não figuram no topo da hierarquia administra�va da empresa a
ponto de confundir-se com quem é parte na causa ou figurarem como
verdadeiros representantes da CEF. Registrou, outrossim, que não foi
detectada conduta incompa�vel com a busca da verdade real, com a
demonstração clara do ânimo das testemunhas de prejudicar o autor.
Nesse cenário, embora a Súmula nº 287 desta Corte, no que concerne à
jornada de trabalho do bancário, presuma o exercício de encargo de gestão
pelo gerente-geral de agência, aplicando-se-lhe o ar�go 62 da CLT, acerca
do ato de testemunhar em juízo o exercício de tal posto não caracteriza,
por si só, ausência de ânimo para depor hábil a afastar, prima facie , tal
faculdade. Não se pode perder de vista que as testemunhas, não obstante
convidadas por uma das partes do li�gio, atuam no processo judicial
auxiliando o Poder Judiciário no esclarecimento dos fatos controver�dos
entre as partes, e que a prova testemunhal possui especial relevância na
apuração da verdade no âmbito da Jus�ça do Trabalho, razão pela qual se
impõe cautela no exame das hipóteses de impedimento/suspeição para o
referido encargo, na diretriz, aliás, do quanto preconizado na Súmula nº
357 desta Corte. Agravo interno conhecido e não provido.
(Ag-AIRR-1578-14.2012.5.10.0021, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 25/10/2019).

Assim, em sede de contradita, é importante a inves�gação dos poderes conferidos à


testemunha, com a finalidade de verificação de enquadramento da hipótese prevista
no art. 457, §1º do CPC, com a dispensa do compromisso.

Testemunha que já atuou como preposto


A jurisprudência do TST se direciona no sen�do de que, por ausência de previsão legal,
o mero exercício de cargo de confiança pela testemunha não configura sua suspeição.

Entretanto, se a testemunha possuir amplos poderes de representação, atuando como


verdadeiro alter ego do empregado, possuindo interesse na solução da lide, tal fato é
impedi�vo da isenção de ânimo necessária a prova testemunhal.

Igualmente, sobre o fato de a testemunha já ter atuado como testemunha da


reclamada em outros processos, a jurisprudência do TST é a de que tal fato, por si só,
não caracteriza impedimento ou suspeição que autorize o indeferimento de sua oi�va,
sendo necessária a comprovação obje�va de outros elementos que configurem a
ausência de isenção de ânimo.

Nesse sen�do, citamos o seguinte julgado:

RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014.


PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. CONTRADITA DE
TESTEMUNHA. EXERCÍCIO DA FUNÇÃO DE PREPOSTO EM OUTRAS AÇÕES
TRABALHISTAS. A jurisprudência deste Tribunal se firmou no sen�do de

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que o simples exercício da função de preposto em outras demandas
trabalhistas ajuizadas contra a mesma reclamada não implica em
impedimento para prestar depoimento. A figura do preposto não se
confunde com a do representante legal da pessoa jurídica, a que se refere
o ar�go 405, §2º, III, do CPC de 1973 (ar�go 447, §2º, III, do CPC vigente).
Há precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (...). (TST - RR:
108595520145030041, Relator: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª T.,
DEJT 15/06/2018)

Portanto, a arguição da referida contradita, com base nesse único fundamento, se


acolhida, poderia postergar o andamento do feito, viabilizando, inclusive, a
admissibilidade de recurso de revista, por divergência jurisprudencial, se man�da pelo
TRT, com a possibilidade de anulação do julgado, com o retorno do processo à origem,
para a reabertura da instrução processual.

O Compromisso Judicial. Depende de aceite?


Segundo o art. 828 da CLT, “Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal,
será qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e,
quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em
caso de falsidade, às leis penais”.
E, por sua vez, consoante o art. 458, caput, do CPC, “Ao início da inquirição, a
testemunha prestará o compromisso de dizer a verdade do que souber e lhe for
perguntado”, sendo que o juiz adver�rá à testemunha que incorre em sanção penal
quem faz afirmação falsa, cala ou oculta a verdade (parágrafo único).
Adver�mos que, por se tratar de um múnus público, o compromisso de falar a verdade
independe de aceite.

Juiz da causa pode ser testemunha?


De forma inédita, o CPC de 2015 previu em seu art. 452 que o juiz da causa pode ser
arrolado como testemunha se �ver conhecimento de fatos que possam influenciar na
decisão:
Art. 452. Quando for arrolado como testemunha, o juiz da causa:
 I- declarar-se-á impedido, se �ver conhecimento de fatos que possam
influir na decisão, caso em que será vedado à parte que o incluiu no rol
desis�r de seu depoimento;
  - se nada souber, mandará excluir o seu nome.
II

É importante ressaltar que não estamos a fala da hipótese de fatos públicos e notórios,
mas fatos da vida privada e que o juiz teve conhecimento dos fatos da causa por
outros meios, situação em que não poderá ser testemunha, uma vez que impedido.

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Testemunhas Referidas e Acareação. Pode acarear a testemunha com a parte?
A acareação consiste em procedimento para busca da verdade real através do
confronto de depoimentos dissonantes acerca de fatos relevantes para a resolução do
processo.

É comum imaginar que se des�na apenas ao confronto entre depoimento de


testemunhas, mas o art. 461, II, do CPC prevê a acareação de testemunha com parte.

Uma medida interessante é pedir a aproximação dos que serão acareados, relembrar
as responsabilidades de cada um, colocando-os preferencialmente de frente um para o
outro, ressalvada hipótese de ânimos muito exaltados.

As pessoas devem ser reperguntadas para que expliquem os respec�vos pontos de


vista e, através desse diálogo pode resultar a conclusão que:

i) alguém realmente não estava falando a verdade;

ii) estavam falando de fatos rela�vamente diferentes;

iii) apenas �nham percepções diferentes.

O item “i” ocorrerá quando es�vermos diante de fatos bem delimitados como a
situação em que uma testemunha afirma que ninguém da empresa �nha 1h de
intervalo e a outra afirma que todos �nham 1h de intervalo. Se ambos se referem ao
mesmo local e mesmo espaço de tempo, alguém estaria faltando com a verdade.

Para o item “ii”, se uma delas esclarece que não se fazia 1h de intervalo no seu setor
ou no seu turno de trabalho, que seriam diversos daquele da outra testemunha,
estaria esclarecida a questão e se permi�ria a realização do julgamento de forma justa.

O item “iii” geralmente ocorrerá quando houver avaliação subje�va dos depoentes,
para os quais o ideal seria formular as perguntas de outro modo. Exemplo: evite
perguntar se houve assédio. Ques�one, por exemplo, se o chefe �nha o costume de
pedir que a reclamante entrasse sozinha em sua sala; se a reclamante saía de lá
chorando, dentre outros.

Em nossa vida prá�ca, já houve muitas vezes obter retratação ou pelo menos pudemos
compreender melhor o processo.

A acareação é uma forma de assegurar um resultado mais justo, afastando a


concepção meramente formal da prova dividida.

Perito pode ouvir testemunha?


O parágrafo 3º do art. 473 do CPC, dispõe que, para o desempenho de sua função, o
perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários,
ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em
poder da parte, de terceiros ou em repar�ções públicas, bem como instruir o laudo

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com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários
ao esclarecimento do objeto da perícia.
Entendemos que a expressão u�lizada não foi empregada de maneira técnica, uma vez
que as informações não são firmadas sob compromisso.
Saber avaliar a necessidade de con�nuar na a�vidade probatória.
Eis uma questão bastante tormentosa na prá�ca trabalhista: Saber o momento ideal
para a interrupção da a�vidade probatória.
Sabemos que a finalidade da prova é auxiliar na persuasão do magistrado, com a
desincumbência do encargo probatório, permi�ndo o cumprimento do escopo
jurisdicional de pacificação social com jus�ça.
Entretanto, como advogado, nem sempre é possível saber se tal mister foi cumprido,
principalmente se considerarmos que a des�nação da prova não se restringe ao juiz de
primeira instância.
Mas, na medida do possível, é importante que o contexto processual seja analisado e,
constantemente, seja avaliada a necessidade ou a per�nência de con�nuidade da
a�vidade probatória.
Em muitos casos, a insistência em algumas questões podem prejudicar os interesses de
seus clientes.
Juiz pode tomar o celular da testemunha ou advogado?
Pela ó�ca cons�tucional, nos termos do seu art. 5º, inciso XII, “é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no úl�mo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de inves�gação criminal ou instrução processual penal”.
Não estando o Juiz do Trabalho inves�do em jurisdição penal, entendemos que não
poderá consultar conversas existentes nos aparelhos celulares de partes, testemunhas
ou advogados, sem autorização do interessado, sob pena de violar a in�midade e vida
privada, asseguradas pelo ar�go 5º, inciso X, da Cons�tuição Federal.
Obje�vo e Finalidade das Razões Finais
Como já salientamos, uma vez terminada a instrução, as partes podem aduzir razões
finais, em prazo não excedente de dez minutos para cada uma.
No processo do trabalho, as razões finais são orais, mas devem ser transcritas na ata
de audiência.
Não há previsão para a concessão de prazo para apresentação de razões finais por
escrito (“memoriais”), mas é usual o deferimento de tal pleito, principalmente quando
a causa apresentar questões com maior complexidade de fato ou de direito (com
fulcro no art. 364, § 2º, do CPC), caso o julgamento não possa ser proferido na mesma
audiência.

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Em se tratando de li�sconsórcio a�vo e faculta�vo, entende-se que o prazo de dez
minutos para razões finais é comum para todo o polo a�vo, pois os próprios autores
optaram por ajuizar a ação em li�sconsórcio, além do que a matéria normalmente será
a mesma.
Por sua vez, em se tratando de li�sconsórcio passivo, há a possibilidade de concessão
do prazo de dez minutos para cada réu, pois não foi opção das partes figurar no polo
passivo, em li�sconsórcio.
Nas razões finais, cabe à parte apresentar os principais pontos favoráveis aos seus
interesses, inclusive as provas produzidas, que demonstrem as suas alegações.
É importante observar que elas não se des�nam a reiterar a tese da inicial ou da
defesa nem à produção de prova documental porque esta encontra como limite o fim
da instrução.
A grande u�lidade desse momento é aproveitar para demonstrar as razões pelas quais
sua prova oral merece credibilidade e os mo�vos pelos quais a prova oral da outra
parte não deveria ser considerada, destacando contradições e trechos inverossímeis
ou contrários às provas dos autos.
Além disso, por cautela, as razões finais servem também para fazer ou reiterar os
protestos. Fazemos a afirmação no sen�do de cautela porque, embora a
jurisprudência do TST entenda não ser necessário reiterar os protestos, algumas
decisões regionais caminham nesse sen�do, sendo prudente adotar o que
denominamos de “Princípio da Cautela Máxima em Audiência”.
A jurisprudência recente do TST, a bem da verdade, entende que os protestos podem
ser realizados no momento da audiência ou em razões finais orais ou escritas. Isso
porque a CLT estabelece no art. 795 que as nulidades devem ser arguidas na “primeira
vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos”. Por todos, cita-se:
"RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. CERCEAMENTO DO DIREITO DE
DEFESA. INDEFERIMENTO DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE
CONTESTAÇÃO, DOCUMENTOS E PROVA ORAL FORMULADA PELA
ADVOGADA DE RÉU REVEL. AUSÊNCIA DE PROTESTOS NA AUDIÊNCIA.
DEFERIMENTO DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE RAZÕES FINAIS
ESCRITAS. CERCEAMENTO DE DEFESA ALEGADO EM RAZÕES FINAIS
ESCRITAS. AUSÊNCIA DE PRECLUSÃO.
No caso, apenas a advogada da reclamada compareceu à audiência. Depois
do interrogatório do reclamante a advogada presente requereu prazo para
juntada de defesa, documentos e prova oral, o que foi indeferido. Ato
con�nuo foi encerrada a instrução processual, concedendo-se prazo para
apresentação de razões finais escritas. Ao apresentar suas razões finais
escritas a reclamada alegou cerceamento do direito de defesa em razão do
indeferimento do prazo para juntada de defesa, documentos e produção
de prova oral. O Tribunal Regional aplicou a preclusão por entender que a

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parte deveria ter registrado protestos na audiência, logo após o
indeferimento do seu pedido. A causa apresenta transcendência jurídica,
nos termos art. 896-A, § 1º, IV, da CLT uma vez que a matéria não foi
analisada pelo Tribunal Superior do Trabalho sobre o aspecto ora trazido,
razão pela qual passo a apreciação dos demais pressupostos do recurso de
revista. A arguição de nulidade deve ser realizada " na primeira vez em que
�verem de falar em audiência ou nos autos" . A conjunção coordenada
alterna�va nos induz à conclusão de que a parte pode realizar o protesto
de forma imediata ao indeferimento, sem necessidade de renová-lo em
razões finais ou pode apresentá-lo apenas em razões finais, orais ou
escritas. No caso, o protesto não foi feito de forma imediata em audiência,
mas foi realizado em razões finais escritas, conforme facultado pelo
magistrado condutor da audiência. Dessa forma, não houve preclusão para
se insurgir quanto ao indeferimento do pleito de prazo para apresentação
de defesa, documentos e produção de prova oral. Embora afastada a
preclusão, não há como acolher a irresignação da reclamada. Isso porque,
no período anterior à Lei 13.467/2017, como no caso dos autos, a ausência
da reclamada na audiência inicial resulta em revelia, mesmo que o seu
advogado tenha comparecido a audiência (Súmula 122 do TST). Sendo a
parte revel, o indeferimento de prazo para apresentação de contestação,
documentos e prova oral não cons�tui cerceamento do direito de defesa,
nos termos da Súmula 74, II, do TST e art. 847 da CLT. Recurso de revista de
que não se conhece" (RR-10637-44.2016.5.09.0011, 6ª Turma, Relatora
Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT
07/06/2019).
Derradeira Tenta�va de Conciliação.
Após as razões finais, o juiz deve renovar a proposta de conciliação, e, não se
realizando esta, deve proferir a decisão (art. 850 da CLT).

É importante registrar que o fato de ter sido esquecido pelo Juízo a renovação de
proposta conciliatória não é suficiente, por si só, para gerar nulidade, sendo necessário
demonstra efe�vo prejuízo, até porque a CLT faculta a realização de acordo ainda que
encerrado o “juízo conciliatório”, a teor do art. 764, § 3º, da CLT. Nesse sen�do
caminha a jurisprudência do TST. Por todos:

PRELIMINAR DE NULIDADE POR AUSÊNCIA DA SEGUNDA PROPOSTA DE


CONCILIAÇÃO. A ausência de renovação da proposta conciliatória, por si só,
não gera nulidade processual, porquanto de tal procedimento não decorre,
em princípio, nenhum prejuízo às partes, visto que a liberdade das partes
para por fim ao processo por meio da autocomposição não se ex�ngue
com o procedimento conciliatório, consoante dispõe o ar�go 763, § 3º, da
CLT, de seguinte teor. No caso, a parte recorrente não demonstrou a
existência de prejuízos em face da ausência de nova tenta�va de
conciliação. Precedentes. Recurso de Revista não conhecido. CARTÕES DE

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(ARR-473-12.2011.5.05.0462, 1ª Turma, Relator Desembargador
Convocado Marcelo Lamego Pertence, DEJT 22/03/2016).
Registramos, contudo, que, em sede de Regionais, é possível encontrar jurisprudência
em sen�do contrário.

Na prá�ca, se houver a entrega de um esforço e boa vontade, esse é um momento que


palpável para realização da conciliação porque o processo terá �do a instrução
finalizada, as ponderações sobre a prova oral terão sido apresentadas e, ainda que
existam interpretações divergentes, há maior clareza sobre os riscos da demanda para
ambas as partes.

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ANEXO I

TÉCNICAS DE INQUIRIÇÃO E INDÍCIOS ASSOCIADOS À MENTIRA

Como sempre falamos, a audiência trabalhista não envolve apenas conhecimento, mas
fundamentalmente técnica, habilidade e percepção.

Por isso, é fundamental ter a percepção do ambiente e do perfil e da leitura corporal


das pessoas envolvidas, a fim de saber quando perguntar, como perguntar e quando
parar de perguntar.

Para isso, apresentamos algumas técnicas de inquirição e sinais associados à men�ra.

● INQUIRIÇÃO DIRETA E INDIRETA

A inquirição direta seria a pergunta que incide diretamente sobre o núcleo do pedido.
Exemplifica�vamente: aconteceu um acidente de trabalho com o reclamante durante
a viagem?

Já a inquirição indireta ocorre justamente quando você pretende circundar os fatos


para inves�gar se aquela pessoa teria realmente como fazer aquelas afirmações.

Na situação do suposto acidente de trabalho, evite perguntar o fato diretamente e


ques�one: “onde você estava no dia ‘x’; o que estava fazendo; você presenciou o
suposto acidente ou só ouviu falar?”.

DICA: o método da inquirição indireta é bem aconselhável para ser u�lizado em face
de testemunhas da parte contrária.

● INQUIRIÇÃO ABERTA OU FECHADA

A inquirição fechada é quando você reduz o raio de alcance da pergunta.

Exemplifica�vamente, imagine uma situação de assédio moral ou sexual e que você


esteja como advogado da reclamada. Caso queira formular pergunta fechada, poderia
ques�onar “você já chegou a ver o supervisor tocando na reclamante ou a expondo
em público?”.

Por outro lado, uma inquirição aberta seria justamente pedir que fosse falado sobre o
suposto assédio.

DICA: Para as testemunhas que você já teve a oportunidade de entrevistar e que


demonstraram amplo conhecimento dos fatos, a inquirição aberta pode ser bastante

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convincente, mas ela sempre passa pelo risco dessa testemunha não ter contado a
você todos os detalhes.

DICA2: É oportuno também considerar o perfil da testemunha. Existem aquelas


denominadas de “prolixas”, que possuem uma tendência de falar demais e muitas
vezes de forma totalmente divorciada do obje�vo do processo, o que pode gerar
confusão e dificuldade de compreensão. A depender dessa dificuldade de transmissão
das ideias, seria conveniente delimitar melhor a pergunta. Não raro, nos deparamos
com testemunha que é inquirida sobre o horário de trabalho e que começa a falar
sobre a ro�na de sua casa e sua criação.

● INQUIRIÇÃO INDUTORA E RATIFICADORA


Técnica que, de certo modo, induz a resposta, geralmente iniciando com uma
afirmação e encerrando com uma pergunta.
Situação muito comum é ler uma afirmação da inicial ou da defesa e, ao final, dizer:
“isso está correto?”.
Isso pode ocorrer em ordem inver�da também: “é verdade que (passagem da inicial
ou defesa).
Esse �po de inquirição é vedada pelo art. 459 do CPC:
Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
testemunha, começando pela que a arrolou, não admi�ndo o juiz aquelas
que puderem induzir a resposta, não �verem relação com as questões de
fato objeto da a�vidade probatória ou importarem repe�ção de outra já
respondida.
É importante que você esteja atento a esse �po de pergunta pela parte contrária e
promover a devida e respeitosa impugnação como “questão de ordem” antes da
testemunha responder, especialmente se es�vermos diante de “cross examina�on”
(perguntas formuladas diretamente pelos patronos), que não é o procedimento da
CLT, mas que eventualmente é adotado por alguns magistrados.
É importante deixar claro que indução não se confunde com leitura de depoimento
anteriormente prestado. Este úl�mo rende ensejo à inquirição ra�ficadora, o que, no
entanto, pode ser objeto de complemento para esclarecimentos ou demonstração de
falta de credibilidade.

● CONTRADIÇÃO NO MEIO DO DEPOIMENTO


Não raro temos contradição entre o depoimento da testemunha em juízo e aquele que
foi apresentado para o advogado que a entrevistou.

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Se isso acontecer, não finja que nada aconteceu! Tente esclarecer a contradição
através de uma pergunta auxiliar. Exemplifica�vamente, se você perguntou a “letra do
turno” de trabalho da reclamante e ela afirmou algo diferente, ques�one de modo
mais simples para complemento: “era o turno do começo da manhã, começo da tarde,
começo da noite ou madrugada?
Pode acontecer de ficar esclarecido um mero engano ou ficar claro que ela falou de
forma diversa mesmo, mas simplesmente não tentar esclarecer é não ter chance
alguma.
DICA: Se a testemunha da parte contrária que caiu em contradição, deixe o
depoimento ser encerrado e, em razões finais, aponte e mostre as contradições.

● NÃO SEJA AGRESSIVO NEM SARCÁSTICO COM A TESTEMUNHA DA OUTRA


PARTE
O processo não deve ser visto como um campo de batalha ou praça de guerra. O
exemplo e demonstração de grandeza vem pela sobriedade e controle emocional.
Ao ser agressivo com a testemunha, você se colocaria como adversário dela,
potencializando eventual ânimo da testemunha em ajudar a outra parte.
A testemunha não vai voltar atrás por isso, ele vai atrás de tentar reforçar seu
discurso. Aponte em razões finais as contradições.
A postura agressiva ou sarcás�ca apenas vai criar ou es�mular um clima bélico,
enquanto seu equilíbrio e respeito vão mostrar ao juízo sua sensatez, ponderação e
credibilidade.

● TÉCNICAS PARA APURAR MENTIRAS


Mark Bouton, que trabalhou como agente do FBI durante 30 (trinta) anos e
escreveu o livro ‘How to Spot Lies Like the FBI’ (Como iden�ficar men�ras como o FBI,
em português), elencou sinais associados à men�ra.
É importante deixar claro que o simples fato de ocorrer alguma dessas
condutas não equivale a dizer que a testemunha está men�ndo, cuidando-se apenas
de sinais que indicam que você deve observar a ocorrência de outros e explorar o
depoimento com as técnicas de inquirição.
Por exemplo, o autor diz que piscar pode ser um sinal de que alguém está
estressado – e possivelmente men�ndo.
Bouton afirma que uma pessoa costuma piscar cinco ou seis vezes por
minuto, ou uma vez a cada 10 (dez) ou 12 (doze) segundos. E quando alguém está
estressado, por exemplo, quando sabe que está men�ndo – pode piscar cinco ou seis
vezes seguidas rapidamente.

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Vejamos 10 (dez) dicas de linguagem corporal trazidas por Paulo Sergio de
17
Camargo e quais são os sinais para iden�ficar quando o depoente ou a testemunha
falta com a verdade:

- Tapar a boca: A preocupação com a boca reflete a vontade de impedir que


os demais escutem a men�ra que será proferida, ou até o desejo inconsciente de
reprimir suas próprias palavras, por elas serem falsas.

- Coçar o olho: Aqui, o cérebro tenta fazer com que não enxerguem a men�ra
que a pessoa está contando, ou, por outro lado, ele está escondendo do próprio
men�roso que ele mente.

- Falar muito além do necessário: Os men�rosos muitas vezes falam demais,


exercendo um esforço para “preencher” a história, eles oferecem detalhes irrelevantes
e às vezes se repetem.
A Dra. Lillian Glass, autora de ‘The Body Language’ (A linguagem corporal, em
português), diz: “Quando alguém não para de falar e dá informação demais –
informações que não foram requisitadas, e com um excesso de detalhes – há uma
grande possibilidade de que ele ou ela não esteja falando a verdade”. “Os men�rosos
costumam falar muito porque estão esperando que, com tudo que dizem e com sua
aparente abertura, os outros vão acreditar neles”.

- Fazer pausas sem que sejam necessárias: O contexto é fundamental na hora


de iden�ficar men�ras, e pausas em momentos inesperados podem ser um sinal de
que alguém não está falando a verdade.
Os ex-agentes da CIA Philip Houston, Michael Floyd, e Susan Carnicero,
autores de ‘Spy the Lie’ (Espie a men�ra, em português) dizem que uma pausa pode
ser o sinal indicador de que não há segurança na fala.
Eles escreveram: “Faça este teste com um amigo: Pergunte ‘O que você
estava fazendo neste mesmo dia sete anos atrás?’ A pessoa, invariavelmente, vai fazer
uma pausa”.
“Agora pergunte: ‘Neste mesmo dia, sete anos atrás, você assaltou um posto
de gasolina?’ Se o seu amigo fizer uma pausa antes de responder, você provavelmente
precisa escolher seus amigos com mais cuidado”.

Camargo, Paulo Sergio, “Não minta para mim: psicologia da men�ra e


17

linguagem corporal”, Summus Editorial, 2012.

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- Esquivar-se das perguntas: Em um determinado momento, quando es�ver
sendo ouvida, a testemunha poderá tentar fugir das perguntas que estão sendo
realizadas. Outra possibilidade de ocorrência é quando a testemunha responde sobre
fatos que não foram perguntados, esta úl�ma ocorre frequentemente no momento de
realização da contradita.

- Restringir os movimentos: É comum que as pessoas que faltem com a


verdade diminuam muito sua ges�culação. “As mãos ficam grudadas às pernas, nos
bolsos, colocadas para trás”. O mo�vo para essa paralisia é inconsciente: sem saber, a
pessoa acredita que, quanto mais imóvel es�ver, mais facilmente passará
despercebida do olhar atento do seu interlocutor. Ela também tenta reduzir sua
linguagem corporal para não deixar que seus gestos acabem por contradizer sua fala.

- Comprimir os lábios: Quando alguém está men�ndo costuma se fechar em


si mesmo, evitando que as palavras saiam de sua boca. Um sinal bastante claro dessa
resistência à comunicação é dobrar os lábios para dentro, apertando-os com força.
Trata-se de uma reação comum a perguntas com potencial de expor a verdade.
De acordo com Paulo Sergio de Camargo, autor do livro “Não minta para mim:
psicologia da men�ra e linguagem corporal” (Summus Editorial, 2012), o “sumiço” dos
lábios pode indicar que a pessoa foi a�ngida pela pergunta e não deseja respondê-la.

- Mudar a expressão após falar algo que você sabe que é verdade: Os
policiais costumam fazer primeiro uma pergunta para a qual eles já conhecem a
resposta – como ques�onar qual é o endereço do indivíduo.
Fazer isso, permite que os observadores vejam a aparência da pessoa quando
está falando a verdade, o que ajuda a iden�ficar o momento em que ela começa a
men�r. Neste ponto, somos capazes de analisar também o tom de voz.
“É uma questão de observar com muita atenção,” disse Pamela Meyer, autora
do livro ‘Liespo�ng’ (Iden�ficando men�ras, em português).
O que os especialistas buscam é uma mudança no comportamento observado
da verdade para a men�ra, mas não procuram uma alteração específica.
Eles precisam de uma base, um parâmetro de como é a aparência e a fala da
pessoa quando ela está despreocupada e dizendo a verdade. Quando este padrão
“normal” é estabelecido, a ideia é fazer perguntas às quais não é possível responder
com “sim” ou “não” e tentar iden�ficar pistas, mudanças no comportamento verbal e
não verbal, de acordo com Meyer.

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- Confundir os detalhes: Pesquisadores da Universidade de Sussex, na
Inglaterra, descobriram que tentar fazer os men�rosos “tropeçarem” com perguntas
precisas e detalhadas foi 20 vezes mais eficaz do que procurar aspectos que
“entregassem” a men�ra em seu experimento.
Em vez de buscar sinais �sicos, eles fizeram ques�onamentos específicos. Por
exemplo, se alguém falasse que trabalhava na Universidade de Oxford, eles
perguntariam como a pessoa costumava ir até o trabalho.
Os pesquisadores dizem que os entrevistadores devem usar perguntas
“abertas” para forçar os men�rosos a expandir suas histórias, como “Você pode me
dizer mais sobre o seu trabalho?”. Pequenos detalhes, como o número do ônibus que
alguém costuma pegar – são facilmente verificáveis.

- Fuga do contato visual: Estamos falando de desvio e fuga de olhar, não olhar
diretamente nos olhos do outro não significa necessariamente falta de sinceridade:
pode se tratar simplesmente de insegurança ou �midez. Ainda assim, é comum que
quando alguém está men�ndo baixe os olhos para evitar que a falsidade das suas
afirmações seja percebida.

- Olhar difuso para a direita e para cima: Camargo aponta que, quando a pessoa,
direciona os olhos para o canto superior direito normalmente ele quer criar uma
imagem. Esse é �do como um dos sinais mais consistentes da men�ra - a pessoa faz
um esforço cria�vo, isto é, prepara algo fic�cio para dizer. Muitos indivíduos giram a
18
cabeça na mesma direção .

18

https://exame.com/carreira/10-dicas-de-linguagem-corporal-para-identificar-um-mentiroso/#:~:text=U
m%20gesto%20t%C3%ADpico%20de%20quem,boca%20s%C3%A3o%20sinais%20bastante%20comuns.
&text=Um%20mentiroso%20em%20a%C3%A7%C3%A3o%20costuma,palavras%20saiam%20de%20sua
%20boca.

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ANEXO II – FÁBULA DE AUDIÊNCIA

A PIPOCA EM AUDIÊNCIA

As audiências são um grande aprendizado técnico, corpora�vo e de convivência social,


além de experiências marcantes para a vida toda.

Hoje, compar�lho com vocês uma delas.

Certa feita, o Tribunal teve uma urgência e me pediu para realizar um auxílio em uma
unidade distante da minha então circunscrição. Pauta de segunda a quinta pela tarde.
Os outros períodos para fazer julgamentos. E, pela manhã, o juiz �tular da unidade
fazia outra pauta.

Passada a primeira semana, o �tular teve uma situação devidamente jus�ficada e as


audiências que seriam conduzidas por ele iriam ser adiadas.

Minha pauta já era bem extenuante porque era uma comarca de instruções longas e
muitas conclusões para julgamento, mas, com pesar pelas partes de toda aquela
semana e que já deveriam ter se programado para esses compromissos, assumi
também essa outra pauta pra ajudar.

Na segunda-feira, �ve sorte. Audiências tranquilas e a pauta dos dois turnos fluiu fácil.
Cheguei a pensar, “vai dar pra �rar de letra”, depois é só correr para o abraço
(julgamentos). Mas na terça-feira a coisa foi diferente.

A pauta começou, salvo engano, às 08h e terminou já próximo do horário de início da


pauta da tarde, às 13h em virtude de muitos incidentes e muitas oi�vas. Saí para
almoçar próximo ao fórum e rapidamente já voltei, fiz uma higiene bucal apressada e
retomei os trabalhos com a pauta da tarde. Pauta novamente complicada.... aquela
coisa de “contradita da contradita”, li�sconsórcio mul�tudinário, acareação, dentre
outras coisas. Resultado, a úl�ma da pauta, audiência de instrução, que seria por volta
das 16h, apenas foi apregoada por volta de 18h30.

Apregoadas as partes, todos exaustos, mencionei “dras, boa noite, pelo avançado da
hora, quais seriam as provas a produzir?

A advogada do reclamante disse que �nha apenas uma testemunha e ato con�nuo
pedi ao secretário que a anunciasse. Após ela adentrar à sala de audiência e ter o seu
documento solicitado, a advogada de uma das reclamadas, disse: “excelência, pela
ordem, o senhor não perguntou se eu queria ouvir o reclamante e eu quero.”

Eu, então, mencionei “dra, mas eu perguntei as provas que vocês queriam produzir e a
senhora não pediu para o ouvir”. Ela então disse: mas é sua obrigação perguntar se eu
quero ouvir o reclamante, ao que respondi “ah dra, geralmente perguntamos por uma
questão até de civilidade, mas me permita ser técnico: não seria propriamente uma

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obrigação porque o art. 357 do CPC prevê que uma parte REQUER o depoimento da
outra. Sempre que possível, por civilidade e cortesia, eu pergunto, mas não é uma
obrigação.”

Já era tarde e estávamos cansados, então eu disse “dra, mas vamos fazer o seguinte,
para não ter discussão eu vou ouvir o reclamante”. Ela então disse: “para não ter
discussão, não! Vai ouvir porque é sua obrigação! E outra, você nem perguntou se
�nha proposta de acordo, o que era mais uma vez sua obrigação!”.

Fiquei um pouco perplexo com a belicosidade, mas sempre tentando exercitar o


equilíbrio emocional naquele ambiente tenso, respirei fundo e disse: “dra., sou
entusiasta da conciliação, só não perguntei porque estou aqui desde às 08h e já são
quase 19 e imaginei que se �vesse acordo seria a primeira coisa que teriam me falado,
mas me permita ser técnico mais uma vez, estamos em audiência de instrução, as
propostas obrigatórias de conciliação são antes do recebimento da defesa, o que
ocorreu na audiência inicial e após as razões finais, o que ainda não ocorreu. Mas o
acordo é sempre muito bem-vindo e pelo seu comentário, imagino que deva ter uma
proposta de acordo. Qual seria?”.

Ela, então, disse: “não. Não tenho proposta de acordo não.”

Parecia ser algo provoca�vo, mas novamente respirei fundo e disse: “Então, vamos
prosseguir?”

Ela disse: “pro senhor é fácil porque eu vi que sua diretora veio lhe chamar pra comer
durante as audiências da tarde”.

Eu disse: “dra. pelo amor de Deus, o que é isso? Eu estou aqui desde às 08h, fazendo
pauta que nem seria minha para colaborar com a jurisdição, mal almocei, mas
confesso, perguntei à diretora se ela poderia pedir um pão de queijo e um suco para
mim porque estava faminto e também sou ser humano. Comi apressadamente em no
máximo de 10 minutos e já voltei.”.

Ela disse: “mas eu estou aqui desde de tarde e não comi”.

Eu disse ao secretário: “por favor, pega uma água pra dra”.

Ela disse: “água não mata fome”.

Eu então disse: “vamos pedir um ifood?!? O que a senhora gosta, de verdade?”

Ela disse: “não precisa”

Eu, u�lizando todas as forças para pacificar, disse: “então por favor vamos seguir na
audiência, dra?

Imaginava que agora seguiríamos, mas então ela me disse: “Vamos porque senão o
senhor vai chamar a polícia e eu vou chamar a OAB”.

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Par�cularmente sou grande entuasiasta do diálogo e convivência harmoniosa entre
todos os atores processausi, cônscio de que o protagonista do Judiciário deve ser o
jurisdicionado e não o magistrado, que deve ser fomentado o processo
compar�cipa�vo como forma democrá�ca de realização do processo cons�tucional e
que, por tudo isso, eu tento zelar todos os dias pela mais salubre e pacífica convivência
e cooperação com a advocacia. Disse-lhe tudo isso para explicar que eu então fazia
questão da presença da OAB, mas que Polícia para advogado eu nunca precisei chamar
e que não me imaginava em uma situação como essa.

Justamente por essa minha postura de atuação, na semana que cheguei naquela
comarca, o Vice-Presidente e o Presidente da Comissão de Direito do Trabalho foram
me dar boas-vindas e dizerem que ficavam felizes com minha presença por lá e
deixaram o contato.

Peguei o celular e disse então que iria ligar para o número que a própria OAB havia
deixado. Liguei e coloquei em viva-voz, mas a advogada disse que podia desligar, ao
que condicionei ao consenso de prosseguirmos em paz com a audiência.

Ainda sen� algumas rusgas, mas foi possível realizar a instrução. Terminamos por volta
das 20h. O Secretário (que eu já �nha dispensado pelo horário, mas que fez questão de
ficar) me disse: Dr., desculpe, mas por que o Sr. permi�u ela ter sido assim tão
grosseira? Por que con�nuou fazendo a audiência? Eu não teria �do essa paciência.

Eu lhe disse: “fulano, o problema dela não era conosco. A reação dela foi muito
desproporcional, bélica e agressiva. Deve ter �do algum problema sério e temos que
tentar buscar ao máximo a paciência para se colocar no lugar do outro (empa�a),
ainda que não saibamos exatamente o que está acontecendo. Não é fácil, não se se
conseguiremos sempre mas faz parte do sacerdócio tentar.

Depois, a advogada foi até a unidade e pediu que reproduzissem a mim sinceras e
profundas desculpas pelo ocorrido. Foi sugerido que ela falasse comigo, que eu era
bem acessível, mas ela afirmou que se sen�a tão constrangida pela intensidade da
coisa que não conseguiria. Pediu que explicasse que tem diabetes e que estava em um
momento delicado, tendo �do uma grande alteração naquele dia e que o fato de ter
ficado um tempo maior sem alimentação adequada �nha provocado um grande pico.

Estava explicada a reação, mas disso �rei uma lição para aquele período em que estava
a me desdobrar na pauta de audiências: assegurar alguns man�mentos para
descontrair e “enganar” a fome daqueles que es�vessem no fórum aguardando na reta
final.

Eu tenho o hábito de servir meus nespressos e chocolates quando estou em comarcas


de modo mais permanente, mas nestas de rápida cobertura é mais complicado.

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Mas a funcionária terceirizada (um querida!) fazia uma pipoquinha lá na Secretaria que
era um sucesso! Eu perguntei se ela podia então me ajudar com uma pipoquinha
“sucesso” um pouco antes de ela ir embora que aí eu serviria nas pautas finais.

E assim fiz e teve grande e saborosa acolhida naquelas derradeiras “pautas malucas”.

Era uma pipoca salgada, mas que adoçava os corações!

Guardo comigo as fotos dessas pautas com pipocas!

Missão cumprida, pipoca comida e audiência concluída!

Vamos abraçar a pauta da #PipocaEmAudiência!

Iuri Pinheiro

*Mantenho o sigilo da localidade porque o caso envolve estado de saúde da causídica.

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ANEXO III – QUADRO RESUMO PARA AUDIÊNCIA
QUADRO RELATIVO AO PROCESSO SIMULADO DA AUDIÊNCIA DE IMERSÃO

Autor: JAMES HOWLETT

Réu: MARVEL COMICS EMPREENDIMENTOS AGRÍCOLAS S/A

Data do ajuizamento (prescrição quinquenal): 17/07/2020

Data de admissão: 03/12/1996

Data de rescisão (prescrição bienal): 24/04/2020

Valor da causa: R$ 250.000,00

Preliminares:
a) Suspeição do Magistrado – Fl. xx.
b) Suspensão do Processo ADC 58– Fl. xx.
c) Inépcia da Inicial – Fl. xx.
d) Denunciação da Lide por Fato do Princípe – fl. xx.

Observações complementares:
Requerimentos defensivos:
Litigância de má-fé;
Limitação dos pedidos aos valores indicados na petição inicial;
Desistência do pedido de adicional de insalubridade (reclamada protesta pela
condenação do autor em H.A.

ART. 357 DO CPC – DELIMITAR A PROVA E O RESPECTIVO ÔNUS, ALÉM DA


ORDEM DE COLHEITA

Pedido Defesa Ônus

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1- Disp. Disc.: Reintegração Negada a dispensa Reclamante (reclamada
ou Indenização pelas verbas discriminatória. reconhece a dispensa
+ por ind. por DM comum)
2- Adicional de xxxxx. Reclamante (desistiu)
Insalubridade
3- Horas extras Reclamante trabalhou na Reclamada (não provou
jornada contratual. ter menos de 10 ou 20
empregados)
4- Domingos e Feriados Reclamante não Reclamada (não provou
trabalhou em tais dias. ter menos de 10 ou 20
empregados)
5- Dano Moral Banheiro Havia banheiros Reclamante
suficientes e adequados.
6- Dano Moral CTPS A CTPS foi devolvida. .Reclamada (CTPS deve
ser devolvida c/ recibo)
7- Dev. CTPS c/ multa . Reclamada (CTPS deve
diária ser devolvida c/ recibo)
8- Compensação / Dedução.
9-Justiça Gratuita .

A DEPENDER DO ESTADO DO FEITO, OUTROS ELEMENTOS DOS AUTOS A


SEREM CONSIDERADOS: Réplica; Laudo pericial; documentos mais relevantes e ata
de audiência (relativa a uma carta precatória por exemplo).
*Nesse campo, dados que não se relacionam ao processo simulado.

Provas
1- Documentos 2- Impugnação à 3- Laudo pericial: 4- Ata da audiência
mais relevantes contestação: Fls. de instrução: fls.
anexados: 473 e seguintes. a) Insalubridade / 655-656.
Periculosidade: fls.
Fls. 143-191 – a) Reclamante não 544-563. a) Paradigma foi
Controles de ponto. pleiteou horas Insalubridade em ouvido como
extras além da 8 grau máximo pela testemunha e
diária e 44 exposição ao admitiu que a
semanal; e da 6 agente químico função dele e do
diária ou 36 óleo mineral (fl. paragonado era a
semanal, embora a 562). Não mesma quando

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ré, na contestação, constatada a trabalhavam em
tenha apresentado existência de minas distintas,
defesa acerca desse agente periculoso. mas pertencentes
suposto pedido. ao mesmo
b) Horas in itinere: complexo.
b) Durante o labor fls. 568 e seguintes:
em turnos incompatibilidade
ininterruptos, não de horários com o
havia intervalo transporte público.
sequer de 15 De 21/08/2012 até
minutos. junho 2015: 1h e 20
min diários. De
c) Não há tempo julho de 2015 até a
superior há 2 anos demissão: 2 horas e
entre paragonado e 20 minutos por dia
paradigma. (fl. 577). Horas
pagas a título de
horas in itinere
constam da fl. 576.

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