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Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2

Aula 10 – Sentença, Coisa Julgada, Liquidação


Prof. Anderson de Oliveira Noronha

Aula 10
Direito Processual Civil – AJAJ – TRF2
Sentença. Conceito. Classificações. Requisitos. Efeitos. Publicação, intimação,
correção e integração da sentença. Mérito. Questão principal, questões
preliminares e prejudiciais. Remessa Necessária. Coisa julgada. Conceito.
Espécies. Limites. Liquidação de Sentença. Espécies. Procedimento

Professor: Anderson de Oliveira Noronha

Data: 20/11/2016

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Aula 10 – Sentença, Coisa Julgada, Liquidação
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Aula Conteúdo Programático Data

 Jurisdição. Princípios da jurisdição. Características


principais da jurisdição. Equivalentes jurisdicionais.
16/out

Espécies de Jurisdição. Ação. Elementos da ação. Partes.

 Pedido. Causa de pedir. Condições da ação. Interesse de


agir. Legitimidade. Classificação e critérios identificadores.
16/out

Concurso e cumulação de ações.


Processo. Conceito, Natureza Jurídica. Procedimento.

 Relação jurídica processual. Pressupostos processuais.


Princípios processuais. Processo e procedimento. Espécies
16/out

de processos e de procedimentos. Preclusão.


Princípios gerais do processo civil. Fontes. Lei processual
 civil. Eficácia. Aplicação. Interpretação. Direito Processual
Intertemporal. Critérios. Limites da Jurisdição.
23/out

Das partes e dos procuradores. Da capacidade processual,


da legitimação, da representação e da substituição
 processual. Dos Procuradores. A Advocacia Pública.
Prerrogativas da Fazenda Pública em juízo. Do Ministério
23/out

Público.
Litisconsórcio. Da Intervenção de Terceiros (Assistência.
Denunciação da Lide. Chamamento ao Processo. Incidente
de desconsideração da personalidade jurídica. Amicus
Curiae). Organização Judiciária Federal e Estadual. Da
 Competência interna. Competência.
determinadores. Competência originária dos Tribunais
Critérios
23/out

Superiores. Competência absoluta e relativa. Modificações.


Meios de declaração de incompetência. Conflitos de
competência e de atribuições. Conexão e continência.
Do juiz. Dos deveres do juiz. Da responsabilidade do juiz.
Da parcialidade do juiz (impedimento e suspeição). Dos
auxiliares da justiça. Escrivão e Chefe de Secretaria. Oficial
 de Justiça. Responsabilidade do Escrivão, do Chefe de
Secretaria e do Oficial de Justiça. Perito. Depositário e
30/out

Administrador. Intérprete e Tradutor. Conciliadores e


Mediadores Judiciais.
Dos atos processuais. Forma dos atos processuais. Tempo
e Lugar dos atos processuais. Prazos. Comunicações dos
 atos processuais. Cartas. Citação. Intimações. Nulidades
dos atos processuais. Da formação, suspensão e extinção
30/out

do processo.
Procedimento comum. Aspectos Gerais. Fases. Petição
inicial. Requisitos. Indeferimento da petição inicial e
 improcedência liminar do pedido. Resposta do réu. Impulso
processual. Prazos e preclusão. Prescrição. Inércia
06/nov

processual: contumácia e revelia. Contestação.

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Aula Conteúdo Programático Data


Reconvenção. Das Providências preliminares e do
Saneamento. Julgamento conforme o estado do processo.
Provas. Audiências. Conciliação e Mediação. Instrução e
julgamento. Distribuição do ônus da prova. Fatos que

 independem de prova. Depoimento pessoal. Confissão.


Prova documental. Exibição de documentos ou coisas.
13/nov

Prova testemunhal. Prova pericial. Inspeção judicial. Exame


e valoração da prova. Produção Antecipada de Provas.
Sentença. Conceito. Classificações. Requisitos. Efeitos.
Publicação, intimação, correção e integração da sentença.

 Mérito. Questão principal, questões preliminares e


prejudiciais. Remessa Necessária. Coisa julgada. Conceito.
20/nov

Espécies. Limites. Liquidação de Sentença. Espécies.


Procedimento
Cumprimento da sentença. Procedimento. Impugnação.
Processo de Execução. Princípios gerais. Espécies.
Execução contra a Fazenda Pública. Regime de Precatórios.
11 27/nov
Requisições de Pequeno Valor. Execução de obrigação de
fazer e de não fazer. Execução por quantia certa. Embargos
de Terceiros. Exceção de pré-executividade. Remição.
Suspensão e extinção do processo de execução.
Meios de impugnação à sentença. Ação rescisória.
Recursos. Disposições Gerais. Apelação. Agravos.
Embargos de Declaração. Embargos de Divergência.
12 04/dez
Recurso Ordinário. Recurso Especial. Recurso
Extraordinário. Recursos nos Tribunais Superiores.
Reclamação e correição. Repercussão geral. Súmula
vinculante. Recursos repetitivos.
13 Da Tutela Provisória: Tutelas de Urgência e de Evidência. 11/dez

14 Procedimentos Especiais. 18/dez

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CONTEÚDO
1. Apresentação .......................................................................................................................................... 5
2. SENTENÇA. .............................................................................................................................................. 6
3. Conceito. ................................................................................................................................................. 6
4. Classificações. ......................................................................................................................................... 7
5. Elementos da sentença......................................................................................................................... 14
6. Publicação e correção da sentença. ..................................................................................................... 21
7. Efeitos. .................................................................................................................................................. 22
8. Remessa Necessária. ............................................................................................................................ 23
9. COISA JULGADA. ................................................................................................................................... 27
10. Conceito e Espécies. ............................................................................................................................. 27
11. Limites................................................................................................................................................... 29
12. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. ................................................................................................................. 33
13. Espécies. ............................................................................................................................................... 33
14. Procedimento. ...................................................................................................................................... 34
15. QUESTÕES PARA TREINO ............................................................................................................................ 37
16. GABARITO ................................................................................................................................................ 43
17. QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................................................................... 44
18. EXEMPLO DE SENTENÇA ............................................................................................................................. 53

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Apresentação

Olá, como vai?

Continuamos no procedimento comum, agora chegando até a sentença.

Vamos lá!

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SENTENÇA.

Temos visto o procedimento, desde a petição inicial, que pode ser indeferida ou
redundar em julgamento de improcedência liminar do pedido, passando pela
audiência de conciliação/mediação e pela contestação. Depois vimos as
providências preliminares, as hipóteses de extinção do processo, de julgamento
antecipado do mérito (total ou parcial), o saneamento e organização do
processo e a fase probatória.

Depois de percorrido todo este caminho, chegamos à fase decisória, em que o


juiz analisará as pretensões das partes e o conjunto probatório para chegar a
uma decisão sobre a quem será entregue o bem da vida pela tutela
jurisdicional.

E a decisão que faz isso por excelência (não sendo a única) é a sentença.

Conceito.

Os códigos anteriores oscilaram entre definir sentença pelo seu conteúdo ou por
seus efeitos.

O CPC, no art. 203 §1º traz um conceito legal de sentença:

Art. 203, § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos


especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução.

Há no conceito elementos referentes ao conteúdo, quando se aponta que é o


pronunciamento que tem como fundamento as matérias dos arts. 485 e 487.

Também há elementos referentes aos seus efeitos, quando se diz que ela põe
fim à fase cognitiva do procedimento comum ou extingue a execução.

Portanto, é um conceito híbrido.

Há, ainda, a ressalva sobre disposições expressas em procedimentos especiais,


isso porque há vários deles em que se diz expressamente que a decisão tomada
é sentença sem que ela se ajuste ao novo conceito acima. Estes continuam
como eram: se a lei diz que é sentença, será tratada como sentença.

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Classificações.

Como já dito várias vezes, a classificação depende do critério utilizado.

No caso da sentença, os mais comuns critérios são o seu conteúdo e a


resolução ou não do mérito.

Quanto ao conteúdo, há duas teorias que classificam as sentenças, e já


tratamos superficialmente delas quando tratamos das tutelas jurisdicionais.
Para a teoria ternária, defendida por autores que seguem as lições de
Liebman, as sentenças podem ser meramente declaratórias, constitutivas ou
condenatórias.

Para os defensores da teoria quinária, linha inaugurada por Pontes de Miranda,


além das três acima ainda há as sentenças executivas lato sensu e as sentenças
mandamentais.

Há ótimos autores defendendo ambas as linhas.

O conteúdo da sentença meramente declaratória é a declaração da existência,


da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica (este último caso é
quando se reconhece que a relação jurídica existe, mas há dúvida sobre sua
natureza: é empréstimo ou doação?). Já seu efeito é a geração de uma
certeza jurídica. Por exemplo, em uma investigação de paternidade o
conteúdo da sentença pode ser a declaração de que João é pai de Júnior, e o
efeito é a certeza da relação de paternidade, juridicamente pondo fim à dúvida.

Perceba que é necessária que haja uma crise de incerteza, não bastando dúvida
só do autor. Por exemplo, se Maria espalha a todos os vizinhos que Júnior é
filho de João, mesmo João tendo absoluta certeza de que não é pai há uma
situação de incerteza social que justificaria uma ação meramente declaratória
movida por João com o objetivo de declarar que ele não é pai de Júnior
(inexistência desta relação jurídica).

Também se presta a sentença meramente declaratória a declarar a


autenticidade ou falsidade de documento, como especificado no art. 19, II.

A sentença meramente declaratória tem eficácia ex tunc (desde o início, ou


“retroativa”), já que se limita a declarar algo que já existia. Por fim, a sentença

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de improcedência é sempre uma sentença declaratória da inexistência do direito


material alegado pelo autor.

O conteúdo da sentença constitutiva é a criação, a extinção ou a


modificação de uma relação jurídica, e seu efeito é a alteração da situação
jurídica. Por exemplo, uma sentença de procedência em ação de divórcio tem
como conteúdo a extinção do vínculo conjugal, e como efeito a alteração do
estado civil de casado para divorciado.

Alguns dividem estas sentenças em necessárias, quando a atividade


jurisdicional for o único meio da parte obter a alteração da situação jurídica
(são as chamadas ações constitutivas necessárias) e em facultativas, quando
haveria outra possibilidade de resolução da questão, por exemplo, por acordo
entre as partes para a revisão de uma cláusula contratual.

A sentença constitutiva tem eficácia ex nunc (daqui por diante), pois é com sua
prolação que há a alteração efetiva da situação jurídica. Excepcionalmente pode
ter efeitos ex tunc fixados pela lei, como no caso de anulação de um contrato.

O conteúdo da sentença condenatória é a imputação ao réu do


cumprimento de um prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar
quantia, e seu efeito é a criação de um título executivo que servirá de base
para atos de cumprimento daquela prestação.

Para os que adotam a teoria ternária (majoritária), as sentenças executivas lato


sensu e as mandamentais têm o mesmo conteúdo da sentença condenatória, ao
imputarem o cumprimento de uma prestação ao réu, diferenciando-se apenas
na forma de satisfação. Por isto, para a teoria ternária estas sentenças são
espécies da sentença condenatória.

Na acepção original, a sentença executiva lato sensu seria aquela que não
necessita de processo de execução para ser satisfeita, pois seria
autoexecutável. A doutrina mais moderna prefere descrever como uma
sentença em que se retomaria um bem do exequente mas que estava com o
executado indevidamente (sem acréscimo patrimonial, como em uma ação de
despejo), ao passo que na sentença condenatória haveria uma diminuição do
patrimônio do executado e um aumento do patrimônio do exequente (obrigação
de pagar, por exemplo).

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Por fim, a sentença mandamental seria aquela em que há uma ordem do juiz
(veiculada em um mandado, daí o nome) para que alguém faça (ou não faça)
algo que apenas ela poderia praticar, não havendo substitutividade. O juiz não
simplesmente condena, ele ordena. Se a sentença executiva mira o patrimônio,
a mandamental mira a vontade, podendo até mesmo se utilizar de pressão
(multas, crime de desobediência etc).

A outra classificação é quanto à resolução do mérito, e por ela há as sentenças


terminativas e definitivas.

As sentenças terminativas são aquelas que extinguem o processo sem


resolução de mérito, pelas causas previstas no art. 485.

CAPÍTULO XIII
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por
negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou
quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível
por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão
proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será
condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.

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§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV,


V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não
ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o
consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da
causa pelo autor depende de requerimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os
incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

O inc. I diz que haverá extinção do processo sem resolução de mérito quando o
juiz indeferir a petição inicial. Os fundamentos estão no art. 330, de que já
tratamos.

A negligência das partes pode redundar em sentença terminativa se o processo


ficar parado durante mais de 1 ano por este motivo. O §1º diz que a parte deve
ser intimada no prazo de 5 dias para que promova o andamento, e se o fizer
evita a extinção. Se não o fizer, haverá a extinção e as partes pagarão
proporcionalmente as custas (§2º).

O inciso III traz a hipótese de abandono do processo, quando o autor deixa de


promover os atos e as diligências que lhe incumbem por mais de 30 dias. Do
mesmo modo deve o autor ser intimado para suprir a falha em 5 dias. No caso
de não o fazer, será o autor condenado ao pagamento de despesas e honorários
advocatícios, pois esta hipótese é exclusiva para desídia dele. O §6º diz que a
extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de
requerimento do réu se já tiver sido oferecida contestação.

Enquanto não ocorrer o trânsito em julgado, o juiz poderá conhecer de ofício


e proferir sentença terminativa se: verificar ausência dos pressupostos de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; reconhecer a
existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; verificar
ausência de legitimidade ou de interesse processual; ou se a morrer a parte em
uma ação considerada intransmissível por disposição legal. Exceto o último
caso, em todos os outros o juiz deve avaliar se é possível julgar o mérito em
favor da parte que se beneficiaria do reconhecimento destes fatos e, em caso
positivo, deve proferir sentença com resolução de mérito (art. 282, §2º). No

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caso da morte em ação intransmissível, contudo, não há alternativa à sentença


terminativa.

O acolhimento da alegação de existência de convenção de arbitragem ou o caso


em que quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;

Desistência da ação é desistir do processo em curso, não havendo qualquer


relação com a renúncia, que trata do direito material. O autor pode desistir da
ação antes da contestação apenas por sua vontade ou após oferecida a
contestação, quando deverá haver a concordância do réu (que pode ter
interesse em que a demanda continue até o julgamento de mérito). A
desistência, em qualquer dos casos, será homologada pelo juiz, mas ela não
poderá ser aceita se já houver sido prolatada sentença. Lembrando que a
desistência da ação não obsta o prosseguimento da reconvenção (art. 343, §2º)
e que, em regra, quem desistiu paga as despesas e os honorários (art. 90).

O art. 1.040, §§1º e 3º, trazem a hipótese em que há julgamento de demanda


repetitiva e o autor, reconhecendo que a tese vencedora se aplica à questão
discutida em sua causa, vislumbra ser mais adequado desistir da ação (por
exemplo, se sabe que a tese é contrária a ele e que redundará em
improcedência). Neste caso, a desistência não dependerá de consentimento do
réu, mesmo se já apresentada a contestação.

Art. 1.040. § 1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro


grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão nela
discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da
controvérsia.
(...) § 3º A desistência apresentada nos termos do §1º independe de
consentimento do réu, ainda que apresentada contestação.

Por fim, o §7º é expresso ao estabelecer que se houver apelação contra uma
sentença terminativa, o juiz tem 5 dias para se retratar, revogando a
sentença e prosseguindo com o andamento do processo. É o chamado efeito
regressivo da apelação, que depende de expressa previsão legal para existir.

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta
a que a parte proponha de novo a ação.
§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos
dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação

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depende da correção do vício que levou à sentença sem


resolução do mérito.
§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do
pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em
abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

Extinta sem resolução de mérito o processo, poderá o autor em alguns casos


repropor a ação. Em cinco casos, contudo, esta repropositura depende da
correção do vício que determinou aquele fim ao processo: litispendência,
indeferimento da petição inicial, ausência de pressuposto processual, carência
de ação e convenção de arbitragem.

Nos casos em que for admitida a repropositura, ela só será despachada com a
prova do pagamento/depósito das custas e dos honorários relativos à ação
extinta (é um pressuposto processual negativo, que se não for demonstrado,
seja de pronto seja após oportunidade dada pelo juiz, redundará em nova
extinção).

O §3º traz a chamada perempção: se o autor por 3 vezes der causa a


extinção por abandono, não poderá propor uma quarta ação, podendo
apenas alegar seu direito em caso de uma ação movida pelo réu contra ele
(pode alegar em contestação, mas não pode reconvir porque a reconvenção
tem natureza de ação).

O art. 488 traz regra de que, se possível, o juiz proferirá decisão de mérito se
ela for favorável a quem se aproveitaria da sentença terminativa. Ou seja, o
juiz deve antes de proferir sentença terminativa analisar se é possível decisão
de mérito neste momento (se a causa já está pronta), não lhe cabendo
desconsiderar as hipóteses do 485 para aguardar momento futuro.

Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre


que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual
pronunciamento nos termos do art. 485.

As sentenças definitivas são aquelas em que há resolução de mérito.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

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I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na


reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de
decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a
prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja
dada às partes oportunidade de manifestar-se.
Art. 332, § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de
decadência ou de prescrição.

Em todos estes casos há resolução de mérito, colocando-se definitivamente fim


ao conflito.

Quando o juiz acolhe ou rejeita o pedido, por ser este o único caso em que o
direito material alegado pelo autor é efetivamente analisado, alguns chamam
de sentença genuína de mérito a decisão (por oposição aos outros casos, em
que haveria sentenças de mérito impuras).

Quando ele julga com base na prescrição ou na decadência, reconhece estar


impedido de analisar o direito material do autor por transcurso de prazo para
isso. Aqui, só se não for caso da hipótese do art. 332, §1º, de julgamento
liminar de improcedência.

E no caso do inc. III profere as chamadas sentenças homologatórias de mérito


quando há:

a) reconhecimento jurídico do pedido: quando o réu concorda com a


pretensão do autor, concordância esta que atinge tanto os fatos quanto o
direito (causa de pedir e pedido), sendo mais ampla que a confissão (só
abrange fatos);

b) renúncia à pretensão: quando o autor renuncia à pretensão derivada do


direito material que alega ter, gerando os efeitos materiais, com efeitos
mais amplos que a desistência do processo, que gera efeitos apenas

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processuais. Apenas para lembrar, não é possível homologação com


relação a direitos que não admitem renúncia.

c) transação: acordo de vontades entre as partes, com concessões


recíprocas. Pode ser mais amplo o acordo do que o objeto da demanda,
envolvendo outros direitos não em jogo na lide, e também pode envolver
terceiros (515, §2º).

Elementos da sentença.

Há alguns elementos que a sentença deve ter (tecnicamente não é correto falar
em requisitos), e eles são especialmente aplicáveis às sentenças genuínas de
mérito. Nas sentenças terminativas, nas sentenças de mérito impuras e nas
homologatórias há certa relativização. Por exemplo, a sentença que homologa
transação terá como fundamento a mera remissão ao artigo de lei; outras
podem ter fundamentação mais concisa; e mesmo pode ser caso de forte
fundamentação, como quando se reconhece prescrição ou decadência.

Seção II
Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do
caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das
principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e
de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que
as partes lhe submeterem.

O relatório é descritivo e serve também para demonstrar que o julgador


conhece o processo que julgou (resumo do pedido e da contestação e das
principais ocorrências). Sua ausência gera nulidade (há controvérsia sobre se é
absoluta ou relativa).

A fundamentação é a parte em que o juiz analisa as questões de fato e de


direito relevantes para a decisão, em obediência ao previsto no inc. IX do art.
93 da CR/1988 (todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade). Ausência
de fundamentação, portanto, gera nulidade absoluta da sentença. As partes

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podem recorrer via apelação pedindo a anulação da sentença e remessa ao juiz


para prolação de outra (salvo se a causa já estiver “madura”, pronta para
julgamento, caso em que o art. 1.013, §3º, IV do CPC prevê que deve o
tribunal decidir desde logo o mérito).

CR, 93, X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e


em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria
absoluta de seus membros.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Art. 1.013, § 3° Se o processo estiver em condições de imediato
julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

É na fundamentação que estará a motivação da decisão judicial, que como dito


nas primeiras aulas, tem como finalidade permitir a demonstração de como o
magistrado chegou à conclusão, qual foi desenvolvimento racional fático e
jurídico, esclarecer as partes sobre os fundamentos e permitir, deste modo, a
impugnação. Além dessas vertentes endoprocessuais, a motivação também
permite ao órgão revisor (Tribunal) analisar a decisão, fazendo um controle
judicial, bem como permite à sociedade em geral verificar a correção do
julgador (controle político), o que leva a uma legitimação social da atuação do
Poder Judiciário.

O dispositivo é a parte da sentença que contém a conclusão decisória, bem


como é a parte responsável pela geração dos efeitos da decisão. Ele decorre da
fundamentação, pois lá estão as razões e fundamentos da decisão. A ausência
de dispositivo redunda em inexistência jurídica da decisão.

Ao final desta aula coloquei um exemplo de sentença para melhor visualização.

O art. 489 §1º traz casos em que a decisão será considerada não-
fundamentada e, portanto, nula.

Art. 489, § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão


judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

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O julgador tem que explicar a interpretação da norma e a relação com os fatos


do caso concreto, não bastando só citar o artigo ou reescrevê-lo com outras
palavras.

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo


concreto de sua incidência no caso;

Os conceitos jurídicos indeterminados (por exemplo, boa-fé, função social)


permitem que o seu conteúdo seja definido nos casos concretos e, mais ainda,
acompanhem a evolução da sociedade em termos de valores. O julgador,
contudo, tem que dizer qual o conteúdo e o alcance dado em sua decisão aos
conceitos jurídicos indeterminados e o motivo da incidência no caso concreto.

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra


decisão;

Era comum decisões em recursos que simplesmente diziam “indefiro por não
preenchimento dos requisitos legais”. Isso tem que mudar. Agora
expressamente (mas mesmo antes, implicitamente) o julgador deve
explicar/fundamentar porque decidiu como decidiu para cada questão jurídica.

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes


de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

Passamos a ter o sistema de fundamentação exauriente, em que há a


necessidade de que o julgador enfrente todas as alegações das partes. Antes,
tínhamos o sistema da chamada fundamentação suficiente, bastava que o
julgador analisasse todas as causas de pedir do autor e todos os fundamentos
de defesa, e se encontrasse um motivo para fundamentar, bastava (não
precisava analisar, por exemplo, as várias outras alegações relativas a uma
mesma causa de pedir).

Contudo, registre-se que já há reação de juízes que, reunidos informalmente,


firmaram posição (não jurisdicional, frise-se) no sentido de que “o art. 489, §
1º, IV, do CPC/2015 não obriga o juiz a enfrentar os fundamentos jurídicos
invocados pela parte, quando já tenham sido enfrentados na formação dos
precedentes obrigatórios” (Enunciado Enfam nº 13).

Ou seja, defendem que argumentos apresentados pela parte mas já rejeitados


na formação de um precedente com eficácia vinculante não precisam ser

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enfrentados. Contudo, parece ser necessário que o julgador faça referência às


razões utilizadas no precedente para repelir tais argumentos. Por exemplo, se o
STJ refutou os argumentos A e B em precedente vinculante invocando como
fundamento X e Y, o juiz que receber petição utilizando os argumentos A e B
pode utilizar os fundamentos X e Y para repelir tais argumentos, demonstrando
apenas que se trata da mesma questão jurídica.

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem


identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso
sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

Parecido com o último, cria a obrigação de o julgador relacionar sua decisão


com as circunstâncias do caso concreto.

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou


precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

Aqui, para não seguir precedente, o juiz deve utilizar um dos dois seguintes
expedientes. Distinção (distinguishing), em que demonstra que a situação no
caso concreto é particularizada por hipótese fática distinta, a impor solução
jurídica diversa daquela firmada no precedente; ou Superação (overruling),
justificar que o entendimento do precedente está superado por algum motivo
(por exemplo, nova lei sobre o tema, etc). Em suma, deve fundamentar porque
não seguiu o precedente.

§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o


objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando
as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as
premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

O juiz deve fundamentar a decisão que tratar de decisão de normas. Deixe-me


resumir o assunto de colisão:

Regra x regra – colisão entre regras é resolvida pelos critérios de hierarquia


(Constituição > Lei, por exemplo), de cronologia (lei nova > lei antiga), da
especialidade (lei especial > lei geral) etc.

Regra x princípio – prevalece a regra.

Princípio x princípio – faz-se uma ponderação, não eliminando completamente


nenhum dos princípios, mas diminuindo sua aplicação e explicitando as razões

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de diminuição da incidência e as premissas fáticas. Aqui é que se aplica com


mais força o artigo acima citado, pois nas outras hipóteses quase não há
espaço.

§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de


todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.

A decisão deve ser interpretada não por pontos isolados, argumentos fora do
contexto e usados literalmente, mas sempre em conjugação dos seus
elementos, de modo sistêmico entre a fundamentação e o dispositivo, e sempre
pela lente da boa-fé objetiva.

Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo ou rejeitando, no todo


ou em parte, os pedidos formulados pelas partes.
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que
formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão
da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo
inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o
caso, salvo quando:
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de
realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida
na sentença.
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor
devido por liquidação.
§ 2o O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar a
sentença.

O art. 491 traz a regra de que na condenação de pagar quantia, mesmo que
tenha sido formulado pedido genérico a sentença deve ser líquida.

Explico: quando há condenação de pagar quantia, o juiz declara o an debeatur


que é a existência da dívida, “o que se deve”; em regra, deve ele também fixar
o quantum debeatur que é a quantidade delimitável do que se deve. O an
debeatur deve ser sempre declarado, caso contrário não haverá
reconhecimento da obrigação. A regra é que a sentença traga ambos, pelo
que será uma sentença líquida, ou seja, que está com todos os elementos
para ser executada. Não declarando o quantum debeatur, haverá uma fase de
liquidação antes da execução, justamente se determina-lo, e aquela sentença
será chamada sentença ilíquida (excepcional).

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Os incisos do art. 491 permitem prolação de sentença ilíquida quando não for
possível determinar, de modo definitivo, o montante devido, e quando a
apuração do valor devido depender da produção de prova de realização
demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença.

Exemplo: o juiz condena o réu que causou um atropelamento a pagar os danos


materiais relativos aos valores dos remédios que o autor deve utilizar até a
curar (an debeatur). Caso já se saiba que o total é de R$1.000,00 já deve o juiz
fixar tal valor na sentença (sentença líquida); caso o autor ainda não esteja
curado, necessitando ainda se esperar para saber quando se curou e, com isso,
quanto gastou com remédios, o juiz proferirá sentença ilíquida, sem fixar o
valor, devendo haver liquidação da sentença quando se puder saber e provar o
gasto total.

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da


pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em
objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação
jurídica condicional.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas
partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo
respeito a lei exige iniciativa da parte.

O art. 492 e o art. 141 se completam, estabelecendo ambos o princípio da


adstrição, da congruência ou correlação, que vincula o juiz às causas de
pedir e aos pedidos formulado pelas partes, não podendo ele decidir sobre
questões não suscitadas por elas. A causa de pedir e o pedido delimitam a
atividade jurisdicional. Há alguns tipos de vícios que afrontam o princípio da
congruência, redundando em determinados tipos de sentenças.

A sentença extra petita é aquela em que o juiz concede algo diferente do que
foi pedido, seja em natureza diversa, por exemplo, se pediu a declaração não
pode o juiz condenar; seja por objeto diverso, se pediu condenação em dinheiro
não pode o juiz condenar a dar um carro.

Note que a sentença também é limitada pela causa de pedir, não podendo o
juiz conceder o pedido com fundamento em causa de pedir não apresentada
pelo autor. Exemplo: João, após várias tentativas de receber crédito de Pedro, e
depois de avisá-lo várias vezes que iria inscreve o nome dele no SERASA por

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atraso no pagamento, efetiva a inscrição conforme as regras. Pedro,


inconformado, ingressa em juízo alegando que a inscrição indevida no SERASA
lhe causou um abalo de crédito e, por isso, pedindo indenização por dano
moral. João, em defesa, alega que avisou Pedro várias vezes, tendo inclusive
mandado um carro de som passar pela rua de Pedro anunciando que era
devedor, que não pagou, dizendo o montante e o motivo da dívida para toda a
vizinhança. O juiz, fundamentando, conclui que a inscrição obedeceu todas as
regras e foi legítima, não cabendo dano moral por isso. Contudo, concede o
dano moral pleiteado com fundamento na forma indevida de cobrança e
exposição ao escárnio público que foi a utilização do carro de som. Aqui não foi
deferido pedido diferente, mas a causa de pedir narrada pelo autor (fato:
inscrição indevida / fundamento jurídica: abalo de crédito) não foi o
fundamento da decisão (fato: anúncio a toda a vizinhança de que era devedor /
fundamento jurídico: dano à imagem e à honra).

A sentença ultra petita é aquela em que o juiz concede mais do que se pediu.
Se há uma dívida de 1.000 mas o autor pede condenação em 750, mesmo que
o juiz se convença de que o réu deve 1000 não poderá condená-lo a mais que
750, pois o próprio autor tem poder de dispor do direito material (crédito).

A sentença citra petita é aquela em que o juiz deixa enfrentar e decidir algum
pedido formulado (ou parte de um), alguma causa de pedir, ou alguma das
alegações de defesa do réu. Quanto aos sujeitos, também é citra petita a
sentença que não decide a causa para todos os sujeitos processuais.

Por fim, há três exceções, casos em que o juiz poderá conceder algo não pedido
pelo autor sem incorrer em sentença nula:

a) pedidos implícitos;

b) fungibilidade, quando a lei permitir o juiz conceder tutela diferente da


pedida, por exemplo, nas ações possessórias e nas ações cautelares;

c) concessão de tutela que gere um resultado prático equivalente ao do


adimplemento da obrigação de fazer ou de não fazer.

Ao lado da liquidez como característica da sentença (em regra), o parágrafo


único diz que a decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica

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condicional. Não pode haver sentença condicional, ela deve ser certa no que
dispõe. Por exemplo, se A e B firmam contrato em que A se compromete a
disponibilizar sua Ferrari a B se ele se casar com sua sobrinha. A relação
jurídica está sob condição suspensiva (acontecimento futuro e incerto). Mas B
pode ingressar em juízo pleiteando declaração de que o negócio jurídico é uma
doação, não sendo um comodato (em que a Ferrari deve ser restituída após
algum prazo). A sentença, apesar de tratar de uma relação jurídica condicional,
deve ser certa e declarar ser doação ou comodato.

Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato


constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento
do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as
partes sobre ele antes de decidir.

O art. 493 traz regra que permite ao juiz conhecer de fato superveniente à
propositura da ação, de modo a prolatar uma decisão consentânea com o
estado de fatos atual. A única observação aqui é que a jurisprudência do STJ é
clara no sentido de que fatos novos constitutivos do direito do autor podem ser
admitidos desde que não alteram a causa de pedir. Fatos constitutivos,
modificativos ou extintivos alegados pelo réu são aceitos sem maiores
complicações; por exemplo, se no curso do processo houve pagamento da
dívida, não seria razoável que o juiz desconhecesse isso e proferisse uma
sentença condenatória ao pagamento.

Em respeito ao contraditório e à não-surpresa, se o fato novo for conhecido de


ofício pelo juiz, deve ele ouvir as partes antes de decidir.

Publicação e correção da sentença.


Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões
materiais ou erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.

A sentença deve ter divulgação, o que é feito pela sua publicação. Após
publicada, o juiz só pode alterá-la: para corrigir erros de cálculo ou inexatidões
materiais (equívocos de digitação, etc); por meio de embargos de declaração

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(que serão vistos na aula sobre recursos); e ainda por meio do juízo de
retratação de alguns tipos de apelação (por exemplo, a apelação contra
sentença terminativa).

Efeitos.

Normalmente se dividem os efeitos da sentença em efeitos principais e efeitos


secundários.

Efeitos principais são aqueles que emanam diretamente do conteúdo da


sentença. Por exemplo, a declaração de existência de uma relação jurídica, a
modificação de uma relação jurídica etc.

Efeitos secundários ou anexos são os que derivam de previsão legal, sendo


automaticamente gerados pela existência da sentença. Entre estes efeitos
podemos citar a criação de um título constitutivo de hipoteca judiciária na
decisão que condenar a pagamento em dinheiro ou prestação pecuniária (art.
495) e a vedação de modificação da sentença (em regra). Alguns ainda inserem
aqui os pedidos implícitos, que não precisam ser objeto de pedido do autor para
constarem na sentença, como despesas, custas e honorários, correção
monetária (art. 322, §1º); prestações vincendas e inadimplidas (art. 323);
juros legais/moratórios (art. 404).

Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação


consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação
de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária
valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.
§ 1o A decisão produz a hipoteca judiciária:
I - embora a condenação seja genérica;
II - ainda que o credor possa promover o cumprimento provisório da
sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do devedor;
III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.
§ 2o A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante
apresentação de cópia da sentença perante o cartório de registro
imobiliário, independentemente de ordem judicial, de declaração
expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
§ 3o No prazo de até 15 (quinze) dias da data de realização da hipoteca,
a parte informá-la-á ao juízo da causa, que determinará a intimação da
outra parte para que tome ciência do ato.

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§ 4o A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o credor


hipotecário, o direito de preferência, quanto ao pagamento, em
relação a outros credores, observada a prioridade no registro.
§ 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que impôs o
pagamento de quantia, a parte responderá, independentemente de
culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em razão da
constituição da garantia, devendo o valor da indenização ser liquidado e
executado nos próprios autos.

A hipoteca judiciária é um meio para assegurar a futura execução de uma


sentença. Por ela é possível gravar um bem imóvel de propriedade de quem foi
condenado a pagar dinheiro (seja diretamente, seja por resultado de conversão
de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa de ou a entregar coisa em
prestação pecuniária).

O art. 495 diz que esta decisão vale como título constitutivo da hipoteca
judiciária, que será efetivada se a parte levar cópia da sentença ao cartório de
registro imobiliário, independentemente de ordem judicial, de declaração
expressa do juiz ou de demonstração de urgência. Efetivada a hipoteca, em 15
dias a parte deve comunicar o juiz, que intimará a parte contrária para ciência.
A grande vantagem da hipoteca é o direito de preferência em relação a outros
credores, ou seja, recebe o crédito antes, observada a ordem de registro.

A constituição da hipoteca judiciária é opcional, e é regida pela teoria do risco-


proveito: a parte que a constituir tem o proveito, mas está sujeita ao risco de a
decisão ser reformada ou invalidade, situação em que responderá
objetivamente, independente de culpa, pelos danos que a parte tiver
sofrido em razão da constituição da garantia.

Remessa Necessária.

O conceito majoritário de remessa necessária é: condição que impede a


geração de efeitos da sentença proferida nas condições elencadas em
lei.

Atenção: ela não tem natureza de recurso. E por várias razões: não está
prevista como recurso, não exige contraditório (o tribunal analisa os atos
praticados até a sentença), não tem prazo e não é voluntário. A única coisa que
os aproxima, fora o fato de levarem a sentença ao tribunal, é a proibição de

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que haja uma reforma que piore a situação da Fazenda Pública (proibida a
reformatio in pejus).

Seção III
Da Remessa Necessária
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo
efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à
execução fiscal.
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no
prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se
não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal julgará a
remessa necessária.

A remessa necessária será cabível nos casos dos incisos do art. 496, e o §1º dá
a entender que só haverá remessa necessária se não for interposta a apelação
no prazo legal. Como sempre, na prova objetiva fique com a literalidade;
contudo, historicamente a apelação da Fazenda Pública nunca impediu a
remessa necessária porque, por exemplo, se a apelação for parcial a remessa
necessária sempre é total, ou se a apelação não for admitida por um vício
formal não há esse risco com o reexame necessário. Se isto vai mudar,
veremos.

§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o


proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior
a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas
autarquias e fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito
Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os
Municípios que constituam capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e
respectivas autarquias e fundações de direito público.
§ 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença
estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

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III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas


repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante
firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

O §3º traz exceções ao cabimento da remessa necessária, com relação ao


valor. Já o §4º traz exceções quando houver entendimento dos tribunais
superiores sobre o tema (súmulas, julgamento de recursos repetitivos) ou
entendimento administrativo consolidado e a sentença os tiver adotado.

Seção IV
Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de
Não Fazer e de Entregar Coisa
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de
não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica
ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a
inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a
sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou
da existência de culpa ou dolo.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao
conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da
obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo
gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição inicial, se
lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará
individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o
autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de
tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da
multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cumprimento
específico da obrigação.
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de
vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez
transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não
emitida.

Tutela específica é aquela em que os resultados gerados pela prestação


jurisdicional são os mesmo daqueles que seriam produzidos se houvesse o
cumprimento voluntário da obrigação. A chamada tutela pelo resultado

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prático equivalente, como o nome sugere, também se presta a obter


resultados no plano prático equivalentes ao cumprimento da obrigação. Por fim,
a tutela pelo equivalente em dinheiro é o que acontece quando há a
conversão de uma obrigação em seu equivalente monetário.

Os arts. 497 e 498 orientam o juiz a dar preferência à tutela específica ou à


tutela pelo equivalente prático, e o art. 499 reforça esta preferência ao relegar
a conversão em perdas e danos (tutela pelo equivalente em dinheiro) apenas
quando houver requerimento do autor ou nos casos de impossibilidade das
outras duas espécies de tutela.

Exemplo clássico é aquele em que se pede que a fábrica deixe de funcionar


20% do tempo para reduzir a poluição. Se o juiz mandar instalar um filtro que
cumpra o mesmo papel de redução, ter-se-á a tutela pelo resultado prático
equivalente à diminuição do tempo de produção.

A emprestou uma livro a B, que se comprometeu a devolver em certo prazo.


Não tendo devolvido, A ingressou em juízo pedindo o livro. Se o juiz mandar B
devolver o livro, temos a tutela específica. Se mandar o réu comprar outro igual
e entregar ao réu, trata-se da tutela pelo resultado prático equivalente.

Agora, se o livro era raro por ter o autógrafo do autor que já faleceu, será o
caso do art. 499, de converter esta obrigação em perdas e danos e que, por
fim, redundará em uma obrigação de pagar quantia.

O art. 497, parágrafo único, diz que para a concessão da tutela inibitória, seja
a preventiva (a que é especificamente destinada a inibir a prática, a reiteração
ou a continuação de um ilícito) seja a de remoção do ilícito (remover os
efeitos do ato ilícito já praticado) é irrelevante a demonstração da ocorrência de
dano ou da existência de culpa ou dolo. Isso porque ambas são voltadas ao
futuro, para inibir a primeira prática de um ilícito (por exemplo, evitar o início
de funcionamento de fábrica sem filtros antipoluentes), a reiteração dele (evitar
novo lançamento de dejeto em rio) ou a sua continuação (parar o
funcionamento da fábrica poluente), ou ainda para remover o ilícito (uma vez
jogado lixo nos rios, determina-se que o remova de lá). A preocupação é com a
adequação ao direito. A tutela reparatória, por sua vez, é aquela que se
preocupara com o ressarcimento, e por isto se preocupará com dano e culpa ou
dolo.

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COISA JULGADA.

O processo é finalizado por uma sentença. Idealmente, que ela seja de mérito,
mas pode ser terminativa. No momento em que não haja mais cabimento de
qualquer recurso, diz-se que houve o trânsito em julgado da sentença.

Conceito e Espécies.

Este impedimento de modificação da sentença no próprio processo em que ela


foi proferida é chamada de coisa julgada formal ou de preclusão máxima e
ocorre em todos os processos.

Em alguns processos (não em todos) haverá uma coisa julgada mais forte, que
impedirá a modificação e a discussão também para outros processos. Esta é a
chamada coisa julgada material, que impede que a sentença seja alterada ou
desconsiderada em quaisquer processos. Ela somente ocorre em sentenças de
mérito proferidas em cognição exauriente; não ocorre, então, em sentenças
terminativas, nem em sentenças de mérito de natureza cautelar.

Seção V
Da Coisa Julgada
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna
imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.

A sentença pode conter, segundo a doutrina majoritária, várias partes, cada


uma contendo o julgamento de uma pretensão diferente.

Estas partes são chamadas de capítulos de sentença. Assim, havendo dois


pedidos, por exemplo, a sentença poderá ter dois capítulos, um para cada
pedido. Além destes, Cândido Rangel Dinamarco ainda diz que há um capítulo
relativo aos pressupostos de admissibilidade do julgamento do mérito
(condições da ação e pressupostos processuais), um capítulo para a decisão de
cada pedido (ou se divisíveis, um para cada parte do pedido), e um capítulo
para as despesas e custo do processo.

Entre os vários temas em que esta ideia doutrinária tem impacto, um deles é a
recorribilidade e, por consequência, a formação da coisa julgada.

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Se em uma sentença com vários capítulos a parte impugna apenas parte deles,
deixando outros sem impugnação, a doutrina majoritária considera que se estes
capítulos forem autônomos e independentes a impugnação parcial faz com que
os capítulos não impugnados transitem em julgado. Se, contudo, eles forem
autônomos mas dependentes, nenhum deles transita em julgado. O Supremo
Tribunal Federal já admitiu esta possibilidade de coisa julgada parcial. Contudo,
o Superior Tribunal de Justiça, responsável pela última palavra em termos de
legislação federal, não admite tal ideia, consignando que a coisa julgada apenas
ocorre após o julgamento do último recurso interposto, independente de sua
extensão.

Fala-se em função negativa da coisa julgada quando se quer referir ao


impedimento de que a mesma causa seja objeto de discussão em um novo
processo. Esta função ocorre na mesma causa, ou seja, quando há identidade
de causas (a chamada tríplice identidade): mesmas partes, mesma causa de
pedir e mesmo pedido. Duas observações: se houver modificação de um destes,
a causa não é a mesma e não se aplica a função negativa. Por exemplo, se
houver um novo fato jurídico, modifica-se a causa de pedir, não havendo este
óbice. No tocante à parte, a que interessa aqui é a parte material e não a
processual: se José ingressou em juízo em nome próprio defendendo direito
alheio (de Marcos, parte material, titular do direito material discutido), em um
caso de legitimação extraordinária concorrente (em que tanto ele quanto a
parte material poderiam ingressar com a demanda), uma nova ação com
mesmo pedido, mesma causa de pedir mas agora com troca da parte
processual (Marcos ingressa defendendo direito próprio), o efeito negativo da
coisa julgada não será afastado e o processo será extinto sem resolução de
mérito por existência de coisa julgada.

Função positiva da coisa julgada, por sua vez, não impede que o juiz julgue
o mérito de outra ação, mas vincula o juiz ao que foi decidido na demanda
anterior cuja decisão está protegida pela coisa julgada material. As causas aqui
não são as mesmas (pois seria caso de aplicação da função negativa), mas há
uma relação jurídica já decidida pela demanda anterior (teoria da identidade da
relação jurídica) a que obrigatoriamente o juiz atual estará vinculado, não
podendo decidir de maneira diferente.

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Por exemplo, em uma ação de investigação de paternidade houve sentença que


reconheceu ser José pai de Martinha, tendo sido formada a coisa julgada
material. Se houver nova ação, desta vez uma ação de Martinha pedindo
alimentos, mesmo que José queira provar que não é pai o juiz não poderá
desconsiderar a decisão anterior, que obriga o juiz a considerar que José é pai
de Martinha, por respeito à coisa julgada material.

Toda sentença tem um conteúdo declaratório, que ficará protegido pela coisa
julgada material. Outro exemplo: se Ana é condenada a pagar uma dívida ao
Banco B, esta sentença condenatória declara que Ana é devedora do Banco B e
a condena a pagar. Se após o trânsito em julgado desta ação Ana ingressar
com uma ação declaratória de inexigibilidade de débito, com base na mesma
obrigação que estava em causa na demanda anterior, o juiz atual estará
obrigado a julgar improcedente a ação porque já houve elemento declaratório
em sentença anterior que está protegido pela coisa julgada material.

Limites.

Limites objetivos da coisa julgada

Art. 504. Não fazem coisa julgada:


I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da
parte dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

O art. 504 diz que não fazem coisa julgada os motivos e a verdade dos fatos,
até mesmo porque estando eles na fundamentação, e não no dispositivo, sobre
eles não recai a coisa julgada.

O art. 503, caput, por sua vez, diz que a decisão que julgar total ou
parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida. A questão principal, assim, sem dúvida estará coberta
pela coisa julgada material:

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força
de lei nos limites da questão principal expressamente decidida.
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial,
decidida expressa e incidentemente no processo, se:

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I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;


II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se
aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para
resolvê-la como questão principal.
§ 2o A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver
restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o
aprofundamento da análise da questão prejudicial.

Poderá haver questão no processo que necessariamente deve ser decidida pelo
juiz antes de ele resolver o mérito (questão prejudicial). Esta questão, em
regra, não fica coberta pela coisa julgada. Contudo, o §1º excepciona esta
regra, estabelecendo que a questão prejudicial fará coisa julgada se obedecer
aos seguintes requisitos, cumulativamente:

a) for uma questão de cuja resolução dependa o julgamento do mérito, ou


seja, sem a sua resolução o juiz não poderia julgar o mérito;

b) ter sido objeto de contraditório prévio e efetivo, não fazendo coisa julgada
a questão prejudicial no caso de revelia;

c) o juízo tenha competência em razão da matéria e da pessoa para resolver


a questão prejudicial como questão principal, evitando que a coisa julgada
material se forme sobre decisão de juiz absolutamente incompetente; e

d) que no processo em que tenha sido decidida, não haja restrições


probatórias (mandado de segurança e causas em curso nos Juizados
Especiais são exemplos em que há limitação à prova pericial, por
exemplo) ou limitações à cognição (como na tutela provisória, por
exemplo) que impeçam o aprofundamento da análise da questão
prejudicial (§2º). Veja que se houver restrições/limitações no processo
mas elas não impedirem o aprofundamento da análise da questão
prejudicial (por exemplo, se a prova necessária é exclusivamente
documental), poderá haver formação da coisa julgada material.

Limites subjetivos da coisa julgada

Todos os sujeitos que participam do processo sofrem os efeitos da decisão.


Contudo, a coisa julgada operará sobre eles de maneira diferente.

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As partes por óbvio sofrem os efeitos jurídicos da decisão e se vinculam à coisa


julgada. Os terceiros interessados, aqueles que podem ingressar no processo,
também suportam os efeitos jurídicos; e os terceiros desinteressados suportam
apenas os efeitos naturais da decisão. Nenhum dos tipos de terceiro, em regra,
suporta a coisa julgada material.

Por exemplo, se a sentença decretou o divórcio de Ana e Bento, eles suportam


a coisa julgada material e sofrem os efeitos jurídicos da sentença. Os terceiros,
no caso todos desinteressados, suportam os efeitos naturais da sentença
(também para eles Ana e Bento estarão divorciados) mas por não terem
legitimidade para discutir a decisão, não há como se dizer que eles suportam a
coisa julgada material. Não há que confundir efeitos da sentença com coisa
julgada material.

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é


dada, não prejudicando terceiros.

O art. 506, na sua primeira parte, diz que a sentença faz coisa julgada entre as
partes (coisa julgada inter partes).

A parte final trata dos terceiros, dizendo que em regra eles não serão
prejudicados pela coisa julgada. Há divergência doutrinária sobre se a parte
final se resume a isso ou se significaria que terceiros possam se aproveitar da
coisa julgada. Fiquemos, para a prova objetiva, com a literalidade: não
prejudica terceiros.

Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já


decididas a cujo respeito se operou a preclusão.

O artigo 507 é outro artigo que trata da preclusão, instituto que já estudamos.
Como lembrete:

Preclusão temporal: perda de uma faculdade processual pelo seu


não-exercício no prazo ou termo fixado pela lei.
Preclusão lógica: perda de uma faculdade processual pela
incompatibilidade entre sua prática e outro ato já praticado.
Preclusão consumativa: ocorre após praticado um ato processual e
implica na impossibilidade de se realizar novamente este mesmo ato.

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Eficácia preclusiva da coisa julgada

Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-


ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a
parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.

Na demanda, se o réu possuir várias defesas contra a pretensão do autor, é


prudente que ele apresente todas, pois ao transitar em julgado a decisão de
mérito o art. 508 impedirá que ele alegue as não apresentadas em outra
demanda. Assim, se a parte tem como defesa a decadência e cumprimento da
obrigação, e apenas alega a segunda, não poderá ingressar com outra ação
alegando a primeira. Também é aplicável ao autor. Por isso se diz que serão
consideradas deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que as
partes poderiam opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. Este
fenômeno é chamado de eficácia preclusiva da coisa julgada.

A ideia é não permitir em um novo processo a discussão de alegações não


realizadas no processo original, protegendo coisa julgada material de casos que
poderiam redundar em contrariedade a ela.

Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já


decididas relativas à mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado,
sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que
poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.

Diferente é o caso do art. 505, I.

A regra do caput do art. 5050 é de que nenhum juiz decidirá novamente as


questões já decididas relativas à mesma lide. O inciso I traz exceção quando
houver mudança de fato ou de direito em relações jurídicas de trato continuado,
permitindo revisão do que foi estatuído na sentença desde que haja pedido da
parte.

Relações de trato continuado são aquelas que se prolongam no tempo, por


exemplo, por meio de prestações periódicas como as obrigações de prestar
alimentos.

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Sentenças que decidem estas relações produzem coisa julgada formal e


material como quaisquer outras. Contudo, em razão da modificação na causa de
pedir (por modificação no estado de fato ou de direito) estaria afastada a
tríplice identidade e, por consequência, também se afastaria a função negativa
da coisa julgada material, permitindo nova decisão.

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.

Como dito anteriormente, a liquidação é uma fase cognitiva destinada a fixar o


quantum debeatur, ou seja, fixar o objeto da condenação. Ele permite que a
execução se processe com as duas partes sabendo exatamente qual é este
objeto.

A decisão que julga a liquidação tem natureza meramente declaratória do valor


da obrigação.

Espécies.

Há duas espécies de liquidação.

A liquidação por arbitramento, que terá lugar quando o juiz determinar na


sentença, quando as partes assim convencionarem ou quando exigido pela
natureza do objeto da liquidação. A natureza do objeto da liquidação apta a
justificar este espécie á aquela em que o cálculo do valor de um bem, serviço
ou prejuízo dependa de um conhecimento técnico específico.

E a liquidação pelo procedimento comum, que tem lugar quando for


necessário alegar e provar fato novo. Por fato novo, entende-se fato que não foi
objeto de análise e decisão no processo cuja sentença se quer liquidar. Não
precisa ser um fato superveniente. Se for caso de conhecimento técnico
específico e também de alegação e prova de fato novo, esta é a espécie
adequada.

Meros cálculos aritméticos não justificam liquidação, devendo a parte


providenciá-los e ir diretamente ao cumprimento de sentença. O CPC diz isso
porque no CPC/1973 havia esta possibilidade de liquidação.

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CAPÍTULO XIV
DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia
ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor
ou do devedor:
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença,
convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da
liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar
e provar fato novo.
§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao
credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em
autos apartados, a liquidação desta.
§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético,
o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à
disposição dos interessados programa de atualização financeira.
§ 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a
sentença que a julgou.

Na liquidação não cabe discussão que não trate de matéria relativa à fixação do
quantum debeatur. Qualquer outra discussão fora disso é impedida pela
existência de um pressuposto processual negativo, seja pela eficácia preclusiva
da coisa julgada (se a sentença já tiver transitado em julgado), seja pela
litispendência. Em ambos os casos será caso de nulidade da liquidação.

Procedimento.

A legitimidade ativa para a liquidação pode ser tanto do credor quanto do


devedor, pois ambos têm interesse em delimitar o valor.

Feito o requerimento, na liquidação por arbitramento o juiz intimará as partes


para apresentação de pareceres ou documentos elucidativos. Se com eles puder
decidir, o fará; caso contrário, nomeará perito e adotará o procedimento para a
prova pericial, decidindo ao final.

Já na liquidação pelo procedimento comum, após o requerimento haverá a


intimação da outra parte para, se quiser, apresentar contestação em 15 dias. A
partir daí terá início fase probatória e seguintes, observando no que couber o
procedimento comum.

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Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes


para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo
que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito,
observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial.
Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz
determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou
da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo,
apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a
seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste
Código.
Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso,
processando-se em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao
liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais
pertinentes.

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Muito bem, chegamos ao fim de mais uma aula.

Dúvidas, críticas ou sugestões podem ser feitas via


andersonnoronhajus@gmail.com.

Bom estudo e que Deus te ilumine até o nosso próximo encontro!

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QUESTÕES PARA TREINO

1. (TRT4/TRT4/2016 – Juiz do Trabalho Substituto) Assinale a


assertiva incorreta sobre processo de conhecimento.
a) Até o trânsito em julgado da ação, poderá o Juiz conhecer de ofício, em
qualquer tempo e grau de jurisdição, a ausência dos pressupostos de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, a
existência de perempção, litispendência ou coisa julgada, a ausência de
legitimidade ou interesse processual, bem como a intransmissibilidade da
ação, por disposição legal, em caso de morte.
b) A não regularização da representação processual pelo autor, no prazo
fixado pelo Juízo de primeiro grau, acarreta a extinção do processo sem
resolução do mérito.
c) São condições da ação, conforme previsão expressa, e, portanto, matéria
de ordem pública, sobre as quais o Juiz deve se pronunciar de ofício, a
legitimidade de parte, o interesse processual e a possibilidade jurídica do
pedido.
d) É permitido ao Juiz decidir parcialmente o mérito em julgamento
antecipado quando um ou mais pedidos ou parcela deles se mostrarem
incontroversos ou em condições de imediato julgamento, podendo a parte
liquidar ou executar, desde logo, a obrigação parcialmente reconhecida,
ainda que existente recurso interposto.
e) A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e áudio,
podendo ser realizada a gravação diretamente por qualquer das partes,
ainda que sem autorização judicial.

2. (TRT4/TRT4/2016 – Juiz do Trabalho Substituto) Considere as assertivas


abaixo sobre fundamentos das decisões judiciais.
I - No caso de colisão entre normas, o Juiz deve justificar o objeto e os critérios
gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a
interferência na norma afastada e as premissas fá- ticas que fundamentam a
conclusão.

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II - Não serão consideradas fundamentadas as decisões interlocutórias, caso


haja referência apenas à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida.
III - É fundamentada a sentença que deixar de seguir o enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Quais são corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) I, II e III

3. (CESPE/FUNPRESP-EXE/2016 – Especialista – Área Jurídica) A respeito de


sentença e coisa julgada, julgue o item que se segue.
A sentença é composta basicamente de três partes: relatório, fundamentação e
dispositivo, determinando a lei processual que o juiz, quando considerar
adequado, poderá dispensar o relatório.

4. (CESPE/TCE-RN/2016 – Auditor) Considerando uma demanda hipotética na


qual A busque a satisfação de seu crédito decorrente de uma obrigação por
parte de B, julgue o item a seguir.
Na hipótese de B ser o estado do Rio Grande do Norte, a sentença não
produzirá efeitos senão depois de confirmada pelo tribunal de justiça, exceto se
já houver orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio
estado, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

5. (CESPE/TCE-RN/2016 – Auditor) Considerando uma demanda hipotética na


qual A busque a satisfação de seu crédito decorrente de uma obrigação por
parte de B, julgue o item a seguir.
Caso os pedidos de A sejam julgados procedentes e a sentença condene B em
quantia ilíquida, a liquidação poderá ocorrer tanto a requerimento de A quanto

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de B, sendo certo que se dará pelo procedimento comum quando houver a


necessidade de alegar ou provar fato novo.

6. (CONSUPLAN/TJ-MG/2016 – Titular de Serviços de Notas de Registros –


Provimento) Em se tratando de coisa julgada, avalie as seguintes
afirmações:
I. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a
cujo respeito operou-se a preclusão.
II. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros.
III. A verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença, faz coisa
julgada.
IV. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se- ão deduzidas e
repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao
acolhimento quanto à rejeição do pedido.
Está correto somente o que se afirma em:
a) I e II
b) III e IV
c) I, II e III
d) I, II e IV

7. (FGV/MP-RJ/2016 – Analista do Ministério Público – Processual - adaptada)


Proposta demanda em face do Instituto de Previdência Estadual, alegou a
parte autora ter sido companheira de um servidor público, já falecido, para
pleitear a condenação da autarquia previdenciária fluminense a conceder a
pensão por morte que entende lhe ser devida. Citada, a autarquia
apresentou, no prazo legal, a sua contestação, negando o vínculo que a
autora afirmara ter mantido com o servidor, pugnando pela improcedência
do pedido. Encerrada a fase instrutória, com ampla produção de provas, o
juiz da causa concluiu, de forma expressa, pela configuração da entidade
familiar alegada na inicial, condenando a ré a conceder o benefício
previdenciário. Encaminhados os autos ao órgão ad quem, por força da
interposição de recurso de apelação e do duplo grau de jurisdição
obrigatório, a Câmara Cível confirmou a sentença, advindo, na sequência, o

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seu trânsito em julgado. No que tange à coisa julgada material formada, de


conformidade com a legislação vigente, é correto afirmar que:
a) os seus limites objetivos alcançam o julgamento da pretensão
condenatória e, também, o reconhecimento da existência do vínculo
familiar;
b) os seus limites objetivos alcançam apenas o julgamento da pretensão
condenatória, mas não o reconhecimento da existência do vínculo
familiar, já que não foi proposta ação declaratória incidental em relação à
questão prejudicial, que, assim, só pôde ser apreciada incidenter tantum;
c) os seus limites objetivos alcançam apenas o julgamento da pretensão
condenatória, mas não o reconhecimento da existência do vínculo
familiar, já que o órgão julgador não tinha competência ratione
materiae para resolver a questão prejudicial como principal;
d) os seus limites subjetivos alcançam ambas as partes do processo e,
também, o Estado do Rio de Janeiro e os parentes do servidor falecido;
e) os seus limites subjetivos não alcançam a autarquia previdenciária, já que
esta atuou no feito como mera substituta processual do Estado do Rio de
Janeiro.

8. (FAURGS/TJ-RS/2016 – Juiz de Direito Substituto) Na vigência do Novo


Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº 13.105/2015, Antônio propõe
ação em face de Ovídio, pedindo ordem para cumprimento de obrigação de
fazer cumulada com indenização por danos materiais. Após a regular
instrução do feito, passa-se à fase decisória. Nesse caso, quanto à sentença,
assinale a alternativa correta.
a) Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente
fixar na sentença a liquidação por procedimento comum para os danos
materiais, uma vez transitada em julgado a decisão, a forma de
liquidação não poderá ser alterada, por estar protegida pela coisa julgada.
b) Após contraditório prévio e efetivo e uma vez transitada em julgado a
decisão do juiz absolutamente competente, não será possível a Ovídio
obter alterações no julgado calcadas em supostas modificações de fato ou
de direito supervenientes, mesmo se a obrigação de fazer referir-se à
relação jurídica de trato continuado.

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c) Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente


fixar, na sentença, a técnica da multa diária para o cumprimento da
obrigação de fazer, uma vez transitada em julgado a decisão, a técnica
executiva não poderá ser alterada, por estar protegida pela coisa
julgada.
d) Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente
decidir questão prejudicial de cuja solução dependa o mérito da causa,
uma vez transitada em julgado a decisão, não será possível a Ovídio
rediscutir tal questão em ação futura, por estar protegida pela coisa
julgada.
e) Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente
reconhecer, em sentença, que o valor da indenização é menor do que 40
salários mínimos nacionais, a motivação poderá ser feita de maneira
sucinta, omitindo-se o relatório.

9. (FCC/TJ-PI/2015 – Juiz Substituto adaptada) Em relação à liquidação de


sentença, é correto afirmar:
a) Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, tanto
o credor quanto o devedor poderão requerer a liquidação de sentença.
b) Far-se-á liquidação por arbitramento quando, para determinar o valor da
condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.
c) Do requerimento de liquidação da sentença por arbitramento será a parte
intimada para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos.
d) A liquidação não pode ser requerida na pendência de recurso, por ser
juridicamente inviável cindir-se a execução futura.
e) É possível, na liquidação, discutir novamente a lide, bem como modificar
eventualmente a sentença que a julgou, por ser introduzido contraditório
próprio nos autos.

10. (FCC/TRT14/2016 - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador


Federal) Sobre a sentença e coisa julgada analise as seguintes assertivas:
I. A sentença proferida pelo Magistrado deve ser certa, salvo quando a decisão
versar sobre relação jurídica condicional.

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II. A sentença proferida contra uma autarquia federal fundada em


jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal, não estará sujeita ao
duplo grau de jurisdição.
III. Tratando de sentença condenatória genérica não será possível a produção
da hipoteca judiciária.
Nos termos preconizados pelo Código de Processo Civil está correto o que se
afirma em
a) III, apenas.
b) I, II e III.
c) I e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) II, apenas.

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GABARITO

1. C 2. D 3. Errado 4. Errado 5. Certo

6. E 7. C 8. D 9. C 10. C

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QUESTÕES COMENTADAS

1. (TRT4/TRT4/2016 – Juiz do Trabalho Substituto) Assinale a


assertiva incorreta sobre processo de conhecimento.
a) Até o trânsito em julgado da ação, poderá o Juiz conhecer de ofício, em
qualquer tempo e grau de jurisdição, a ausência dos pressupostos de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, a
existência de perempção, litispendência ou coisa julgada, a ausência de
legitimidade ou interesse processual, bem como a intransmissibilidade da
ação, por disposição legal, em caso de morte.
b) A não regularização da representação processual pelo autor, no prazo
fixado pelo Juízo de primeiro grau, acarreta a extinção do processo sem
resolução do mérito.
c) São condições da ação, conforme previsão expressa, e, portanto, matéria
de ordem pública, sobre as quais o Juiz deve se pronunciar de ofício, a
legitimidade de parte, o interesse processual e a possibilidade jurídica do
pedido.
d) É permitido ao Juiz decidir parcialmente o mérito em julgamento
antecipado quando um ou mais pedidos ou parcela deles se mostrarem
incontroversos ou em condições de imediato julgamento, podendo a parte
liquidar ou executar, desde logo, a obrigação parcialmente reconhecida,
ainda que existente recurso interposto.
e) A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e áudio,
podendo ser realizada a gravação diretamente por qualquer das partes,
ainda que sem autorização judicial.

Letra C. Errada porque não há mais expressa menção no CPC da


possibilidade jurídica do pedido.
Letra A correta porque traz as hipóteses do art. 485, §3º, matérias
cognoscíveis de ofício enquanto não ocorrer o trânsito em julgado e
que podem ensejar uma sentença terminativa.
Letra B correta, traz a previsão do art. 76, §1º, I, que redunda em
extinção sem resolução do mérito.
Letra D correta. Traz a previsão do art. 356 e incisos, combinada
com a do §2º.

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Letra E correta, reflete o texto do art. 367, §6º, sobre a audiência


de instrução e julgamento.

2. (TRT4/TRT4/2016 – Juiz do Trabalho Substituto) Considere as assertivas


abaixo sobre fundamentos das decisões judiciais.
I - No caso de colisão entre normas, o Juiz deve justificar o objeto e os critérios
gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a
interferência na norma afastada e as premissas fá- ticas que fundamentam a
conclusão.
II - Não serão consideradas fundamentadas as decisões interlocutórias, caso
haja referência apenas à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida.
III - É fundamentada a sentença que deixar de seguir o enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Quais são corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) I, II e III

Letra D.
Esta questão, assim como muitas, cobra a literalidade do CPC.
Item I correto porque é o texto literal do art. 489, §2º.
Item II correto, reflete o 489, §1º, I.
Item III errado, pois tal sentença será fundamentada COM a
demonstração da existência da distinção ou da superação.

3. (CESPE/FUNPRESP-EXE/2016 – Especialista – Área Jurídica) A respeito de


sentença e coisa julgada, julgue o item que se segue.

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A sentença é composta basicamente de três partes: relatório, fundamentação e


dispositivo, determinando a lei processual que o juiz, quando considerar
adequado, poderá dispensar o relatório.
Item Errado. O juiz não poderá dispensar o relatório por sua
vontade. Apenas nos casos legalmente previstos isto será possível,
como no caso do art. 38 da Lei nº 9.099, dos Juizados Especiais. É
possível, sim, que ele faça um relatório conciso, se a causa não for
complexa. Mas não dispensar o relatório.

4. (CESPE/TCE-RN/2016 – Auditor) Considerando uma demanda hipotética na


qual A busque a satisfação de seu crédito decorrente de uma obrigação por
parte de B, julgue o item a seguir.
Na hipótese de B ser o estado do Rio Grande do Norte, a sentença não
produzirá efeitos senão depois de confirmada pelo tribunal de justiça, exceto se
já houver orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio
estado, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
Item Errado. Veja aqui que na pressa até se poderia dizer que o
item está certo, ele até repete a expressão do caput do art. 496,
sobre a remessa necessária. Contudo, há erros. Primeiro, a
remessa necessária é aplicável quando a fazenda pública “perde”,
para sentenças contra ela. Se a sentença for favorável, não há
remessa necessária e a sentença produz efeitos. Como faltou esta
ressalva no item, um erro. Outro é que há hipóteses no §4º além
de orientação vinculante administrativa, não sendo esta a única
exceção.

5. (CESPE/TCE-RN/2016 – Auditor) Considerando uma demanda hipotética na


qual A busque a satisfação de seu crédito decorrente de uma obrigação por
parte de B, julgue o item a seguir.
Caso os pedidos de A sejam julgados procedentes e a sentença condene B em
quantia ilíquida, a liquidação poderá ocorrer tanto a requerimento de A quanto
de B, sendo certo que se dará pelo procedimento comum quando houver a
necessidade de alegar ou provar fato novo.

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Item Correto. Ambas as partes têm interesse em delimitar o valor


devido, não sendo exclusivo o interesse do vencedor da demanda,
e o procedimento adequado quando se tem que alegar e provar
fato novo é a liquidação pelo procedimento comum (art. 509).

6. (CONSUPLAN/TJ-MG/2016 – Titular de Serviços de Notas de Registros –


Provimento) Em se tratando de coisa julgada, avalie as seguintes
afirmações:
I. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a
cujo respeito operou-se a preclusão.
II. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros.
III. A verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença, faz coisa
julgada.
IV. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se- ão deduzidas e
repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao
acolhimento quanto à rejeição do pedido.
Está correto somente o que se afirma em:
a) I e II
b) III e IV
c) I, II e III
d) I, II e IV
Letra E.
Outra questão de literalidade, em que o examinador pegou artigos
próximos.
Item I é exatamente o que diz o art. 507.
Item II é cópia do art. 506.
Item III é o art. 505, I, com a diferença de que aquilo não faz coisa
julgada. Único item errado.
Item IV é transcrição do art. 508.

7. (FGV/MP-RJ/2016 – Analista do Ministério Público – Processual - adaptada)


Proposta demanda em face do Instituto de Previdência Estadual, alegou a
parte autora ter sido companheira de um servidor público, já falecido, para
pleitear a condenação da autarquia previdenciária fluminense a conceder a

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pensão por morte que entende lhe ser devida. Citada, a autarquia
apresentou, no prazo legal, a sua contestação, negando o vínculo que a
autora afirmara ter mantido com o servidor, pugnando pela improcedência
do pedido. Encerrada a fase instrutória, com ampla produção de provas, o
juiz da causa concluiu, de forma expressa, pela configuração da entidade
familiar alegada na inicial, condenando a ré a conceder o benefício
previdenciário. Encaminhados os autos ao órgão ad quem, por força da
interposição de recurso de apelação e do duplo grau de jurisdição
obrigatório, a Câmara Cível confirmou a sentença, advindo, na sequência, o
seu trânsito em julgado. No que tange à coisa julgada material formada, de
conformidade com a legislação vigente, é correto afirmar que:
a) os seus limites objetivos alcançam o julgamento da pretensão
condenatória e, também, o reconhecimento da existência do vínculo
familiar;
b) os seus limites objetivos alcançam apenas o julgamento da pretensão
condenatória, mas não o reconhecimento da existência do vínculo
familiar, já que não foi proposta ação declaratória incidental em relação à
questão prejudicial, que, assim, só pôde ser apreciada incidenter tantum;
c) os seus limites objetivos alcançam apenas o julgamento da pretensão
condenatória, mas não o reconhecimento da existência do vínculo
familiar, já que o órgão julgador não tinha competência ratione
materiae para resolver a questão prejudicial como principal;
d) os seus limites subjetivos alcançam ambas as partes do processo e,
também, o Estado do Rio de Janeiro e os parentes do servidor falecido;
e) os seus limites subjetivos não alcançam a autarquia previdenciária, já que
esta atuou no feito como mera substituta processual do Estado do Rio de
Janeiro.
Letra C.
Os limites objetivos da coisa julgada não alcançam o
reconhecimento do vínculo familiar porque, apesar de ser uma
questão prejudicial, e sobre ela ter havido contraditório prévio e
efetivo, o juiz não é competente em razão da matéria e da pessoa
para resolver esta questão como principal. A questão exigia saber
que a decisão tramitaria perante Vara com competência para julgar
ações relativas à Fazenda Pública; e que a competente para
resolver a questão familiar é a vara de família.

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Já os limites subjetivos estão, neste caso, restritos à Autarquia e à


companheira, especialmente porque o art. 506 é claro a dizer que a
sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros, de modo que o Estado do Rio de Janeiro e
os parentes do falecido estão fora porque a decisão os prejudicaria.

8. (FAURGS/TJ-RS/2016 – Juiz de Direito Substituto) Na vigência do Novo


Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº 13.105/2015, Antônio propõe
ação em face de Ovídio, pedindo ordem para cumprimento de obrigação de
fazer cumulada com indenização por danos materiais. Após a regular
instrução do feito, passa-se à fase decisória. Nesse caso, quanto à sentença,
assinale a alternativa correta.
a) Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente
fixar na sentença a liquidação por procedimento comum para os danos
materiais, uma vez transitada em julgado a decisão, a forma de
liquidação não poderá ser alterada, por estar protegida pela coisa julgada.
b) Após contraditório prévio e efetivo e uma vez transitada em julgado a
decisão do juiz absolutamente competente, não será possível a Ovídio
obter alterações no julgado calcadas em supostas modificações de fato ou
de direito supervenientes, mesmo se a obrigação de fazer referir-se à
relação jurídica de trato continuado.
c) Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente
fixar, na sentença, a técnica da multa diária para o cumprimento da
obrigação de fazer, uma vez transitada em julgado a decisão, a técnica
executiva não poderá ser alterada, por estar protegida pela coisa
julgada.
d) Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente
decidir questão prejudicial de cuja solução dependa o mérito da causa,
uma vez transitada em julgado a decisão, não será possível a Ovídio
rediscutir tal questão em ação futura, por estar protegida pela coisa
julgada.
e) Se, após contraditório prévio e efetivo, o juiz absolutamente competente
reconhecer, em sentença, que o valor da indenização é menor do que 40
salários mínimos nacionais, a motivação poderá ser feita de maneira
sucinta, omitindo-se o relatório.

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Letra D. Reflete o art. 503, §1º, e atende a todos os requisitos


cumulativos ali elencados para que a questão prejudicial seja
protegida pela coisa julgada.
Letra A errada. A coisa julgada não abrange a decisão sobre a
forma de liquidação, de modo que se houver motivo poderá ser ela
modificada para atender aos seus fins e ao do processo, tudo em
decisão fundamentada.
Letra B errada, pois se tratando de relação jurídica de trato
continuado, o art. 505, I é expresso ao prever possibilidade de
revisão da sentença em caso de modificação em estado de fato ou
de direito.
Letra C errada, porque sobre esta matéria é questão principal nem
prejudicial, de modo que sobre ela não há coisa julgada. Ainda, o
juiz pode modificar a periodicidade da multa nos casos do §1º do
art. 537, por exemplo, se ela tiver se tornado insuficiente.
Letra E errada. O elaborador, ao fazer menção ao valor de 40
salários-mínimos, quer remeter à competência dos Juizados
Especiais Cíveis Estaduais, cuja lei dispensa o relatório. Contudo,
para aplicação a causa deve tramitar perante aqueles juizados, não
bastando apenas que o valor seja semelhante para dispensar-se o
relatório no procedimento comum.
Lei nº 9.099/1995, art. 38. A sentença mencionará os elementos de
convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
audiência, dispensado o relatório.

9. (FCC/TJ-PI/2015 – Juiz Substituto adaptada) Em relação à liquidação de


sentença, é correto afirmar:
a) Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, tanto
o credor quanto o devedor poderão requerer a liquidação de sentença.
b) Far-se-á liquidação por arbitramento quando, para determinar o valor da
condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.
c) Do requerimento de liquidação da sentença por arbitramento será a parte
intimada para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos.
d) A liquidação não pode ser requerida na pendência de recurso, por ser
juridicamente inviável cindir-se a execução futura.

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e) É possível, na liquidação, discutir novamente a lide, bem como modificar


eventualmente a sentença que a julgou, por ser introduzido contraditório
próprio nos autos.

Letra C. Reflete o art. 510 (Na liquidação por arbitramento, o juiz


intimará as partes para a apresentação de pareceres ou
documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa
decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o
procedimento da prova pericial).
Letra A errada, pois será caso de promover, desde logo, o
cumprimento da sentença, não sendo caso de liquidação (art. 509,
§2º).
Letra B errada, pois ali é caso de liquidação pelo procedimento
comum (art. 509, I)
Letra D errada porque o art. 509, §1º é expresso ao permitir a
divisão da execução futura, prevendo mesmo a situação de
liquidação da parte ilíquida da sentença simultânea à execução da
parte líquida. E o art. 512 também é claro ao permitir liquidação na
pendência de recurso.
Letra E errada, pois é na liquidação é vedado discutir de novo a lide
ou modificar a sentença que a julgou (art. 509, §4º).

10. (FCC/TRT14/2016 - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador


Federal) Sobre a sentença e coisa julgada analise as seguintes assertivas:
I. A sentença proferida pelo Magistrado deve ser certa, salvo quando a decisão
versar sobre relação jurídica condicional.
II. A sentença proferida contra uma autarquia federal fundada em
jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal, não estará sujeita ao
duplo grau de jurisdição.
III. Tratando de sentença condenatória genérica não será possível a produção
da hipoteca judiciária.
Nos termos preconizados pelo Código de Processo Civil está correto o que se
afirma em
a) III, apenas.
b) I, II e III.

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c) I e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) II, apenas.

Letra C.
Item I errado, pois mesmo neste caso a decisão deve ser certa
(art. 492, p.u.).
Item II (tido pela FCC como) correto. Deixei para que você saiba
como a banca se comportou, mas o entendimento do item é
jurisprudência consolidada antes do CPC atual. Agora, com as
hipóteses do art. 496, §4º, parece não ser mais aplicável, pois se
fala de súmula ou acórdãos em recursos repetitivos ou em causas
que geram decisões vinculantes. Veja:
496, § 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a
sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;

Item III errado, pois mesmo a condenação genérica produz


hipoteca judiciária (art. 495, §1º, I).

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EXEMPLO DE SENTENÇA

ABCDE Comércio LTDA. - ME ajuizou Ação de Reparação de Danos Morais em face de SERASA
S.A, partes qualificadas nos autos.
Em síntese, afirmou que o réu manteve seu nome inscrito no cadastro de restrição ao crédito
indevidamente, após a quitação da dívida objeto de execução fiscal extinta pelo pagamento.
Requereu, a título de antecipação de tutela, a retirada de seu nome do cadastro de
inadimplentes. Pediu a confirmação da tutela antecipada na sentença e a condenação do réu
ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil
reais).
Instruiu a inicial com os documentos de fls. xxx.
Em decisão interlocutória de fl. xxx, o pedido de tutela antecipada foi deferido.
Citado (fl. xxx), o réu compareceu à audiência de conciliação do rito sumário. A tentativa de
conciliação restou infrutífera e o réu apresentou contestação, acompanhada de documentos, Relatório
após o que a parte autora se manifestou em réplica, conforme ata de audiência de fls. xxx.
Em contestação, o réu alegou que: a) promoveu a inscrição da dívida após tomar
conhecimento da execução fiscal em face da autora no site do TJDFT; b) a lei autoriza a
manutenção do registro por prazo de 5 anos; c) a anotação reproduziu informação verdadeira;
d) houve prévia comunicação à parte autora acerca do registro; e) não há prova nos autos de
que o réu foi instado a retificar o registro; f) o réu praticou ato lícito, amparado pela CF e pelo
CDC; g) a autora não comprova a ocorrência do alegado dano moral, sendo tal prova
necessária por ser a autora pessoa jurídica. Ao final, pugnou pelo julgamento de total
improcedência dos pedidos.
Trouxe os documentos de fls. xxx aos autos.
É o relatório.

Decido.
O feito comporta julgamento antecipado, na forma do art. 355, I, do NCPC, pois a solução da
lide independe da produção de outras provas, sobretudo em audiência.
Sem preliminares a analisar e estando presentes os pressupostos processuais e as condições
da ação, passo ao mérito.

Mérito
Trata-se de ação de indenização por danos morais decorrente de indevida inscrição em
cadastro de restrição ao crédito.
Alega a autora que o réu manteve a inscrição de seu nome no SERASA por dívida quitada,
objeto de execução fiscal que tramitou perante a Vara de Execução Fiscal do Distrito Federal,
extinta pelo pagamento em 30/09/2014. Tais fatos são comprovados pelos documentos de fls.
xxx dos autos.
Extinta a execução pelo pagamento em 30/09/2014 (fl. xxx), a dívida permaneceu anotada no
cadastro do réu até o cumprimento da tutela antecipada deferida por este Juízo, em
Fundamentação
22/07/2015, segundo informa o próprio réu em sua defesa (fl. xxx).
Destarte, o nome da parte autora foi mantido no cadastro do réu por quase 1 (um) ano após a
quitação da dívida.
O cadastro com informação inverídica é ilícito e gera o dever de indenizar.
Se o réu, como aduz em contestação, promoveu a inscrição de ofício mediante consulta
realizada no site do TJDFT, estava obrigado, igualmente, a promover a exclusão de ofício.
Porque não é lícito ao réu manter informação inverídica em seus cadastros.
A manutenção do registro pelo prazo máximo de 5 (cinco) anos autorizada pela lei pressupõe
a veracidade e atualização da informação, o que não é a hipótese dos autos.
E da inscrição indevida no cadastro de inadimplentes, adveio à parte autora danos morais,
consistentes na violação dos seus direitos à imagem, crédito e boa fama, todos direitos da
personalidade compatíveis com a natureza de ente fictício da autora (art. 52, CC).
Em situações como a presente, o dano moral é in re ipsa ou presumido, independente de
prova do efetivo prejuízo, ainda que a vítima seja pessoa jurídica. Nessa linha, segue a
jurisprudência do TJDFT:

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CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA. COBRANÇA DE TARIFA EM


CONTA CORRENTE BLOQUEADA. ILEGALIDADE. REPETIÇÃO EM DOBRO DO
INDÉBITO. CABIMENTO. INSCRIÇÃO INDEVIDA DE NOME DE PESSOA JURÍDICA EM
CADASTRO DE DEVEDORES INADIMPLENTES. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. MANUTENÇÃO.
1. Mostra-se incabível a cobrança de tarifas bancárias em conta corrente que se
encontrava bloqueada, devendo ser restituído em dobro os valores cobrados
indevidamente.
2. A inscrição do nome de pessoa jurídica em cadastro de devedores inadimplentes
configura circunstância suficiente para configurar danos de ordem moral passíveis
de indenização.
3. Para a fixação do quantum devido a título de indenização por danos morais, deve
o magistrado levar em consideração as condições pessoais das partes, a extensão
do dano experimentado, bem como o grau de culpa do réu para a ocorrência do
evento, não se justificando a modificação do valor arbitrado, quando devidamente
observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
4. Recurso de Apelação e Recurso Adesivo conhecidos e não providos. (TJDFT,
Acórdão n.884784, 20130710131134APC, Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA, Revisor:
ALFEU MACHADO, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento: 29/07/2015, Publicado no
DJE: 06/08/2015. Pág.: 196, sem grifo no original)

CONSUMIDOR. INDENIZAÇÃO DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA. NEGATIVAÇÃO DO


NOME. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO IN RE
IPSA.
1 - O dano moral decorrente da restrição indevida é presumido, ainda que o lesado
seja pessoa jurídica, devendo o montante ser fixado em valor que considere a
extensão do dano, o nexo de causalidade, bem como as peculiaridades que cada
caso requer. 2 - Apelação conhecida e provida. (TJDFT, Acórdão n.734849,
20090111087207APC, Relator: LEILA ARLANCH, Revisor: TEÓFILO CAETANO, 1ª
Turma Cível, Data de Julgamento: 07/11/2013, Publicado no DJE: 19/11/2013.
Pág.: 60, sem grifo no original)

Destarte, julgo procedente o pedido de indenização por danos morais e considero, para
arbitramento do quantum indenizatório, as funções reparadora, punitiva e pedagógica da
indenização, bem como as peculiaridades do caso concreto.
As partes gozam de boa condição sócio-econômica, estando o réu entre as grandes empresas
do ramo no país. O grau de culpa do réu é elevado, pois atuou com extrema desídia ao manter
o nome da autora no cadastro de inadimplentes por dívida já quitada.
Assim, em juízo de proporcionalidade e bom senso, fixo o quantum indenizatório em R$
6.000,00 (seis mil reais), valor que entendo suficiente a reparar o dano causado, punir e
desestimular a reincidência da parte ré.

Dispositivo

Ante o exposto, com resolução de mérito, na forma do art. 487, I, do NCPC, julgo
TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos, para condenar o réu a pagar à autora indenização
por danos morais no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), acrescidos de correção monetária a
partir desta data (Súmula 362, STJ) e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês a partir do
evento danoso (30/09/2014, Súmula 54, STJ). Confirmo e torno definitiva a decisão que
deferiu o pedido de tutela antecipada.
Dispositivo
Por conseguinte, condeno o réu ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios que arbitro em 15% (quinze por cento) do valor da condenação, com base no art.
85, § 2º, do NCPC.
Decorrido o prazo legal, sem recurso, arquivem-se com baixa.
Sentença registrada. Publique-se. Intimem-se.
Brasília - DF, terça-feira, 29/03/2016 às 15h13

Esta sentença foi retirada do sítio do TJDFT e foi muito bem redigida e prolatada pela
Juíza de Direito Substituta Fernanda Almeida Coelho de Bem.

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