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GASTROPEDIATRIA

CONSTIPAÇÃO INTESTINAL

DEFINIÇÃO:
Eliminação de fezes endurecidas com dor, dificuldade ou esforço ou a
ocorrência de comportamento de retenção, aumento no intervalo entre as
evacuações (menos que três evacuações por semana) e incontinência fecal
secundária à retenção de fezes (fecaloma). Podem ocorrer, também, dor
abdominal crônica e laivos de sangue na superfície das fezes em consequência
de fissura anal.

Estima-se que cerca de 90 a 95% dos casos de constipação intestinal crônica


sejam de natureza funcional.

Uma das características da constipação intestinal funcional é o comportamento


de retenção, que são manobras realizadas pela criança pela contração, que
pode chegar à exaustão do esfíncter anal externo e da musculatura glútea
(cruzando as pernas) para evitar a evacuação.

No caso da constipação intestinal funcional, considera-se a existência de um


ciclo vicioso de dor nas evacuações, provocando comportamento de retenção.
Assim, as fezes ficam mais endurecidas e volumosas, o que aumenta a dor nas
evacuações.

QUADRO CLÍNICO:
No lactente, em geral, observam-se com mais frequência manifestações clínicas
caracterizadas pela evacuação de fezes endurecidas, em cíbalos, eliminadas com
dor, esforço e dificuldade. É comum, também, a presença de fissura anal. Nem
sempre se constata aumento no intervalo entre as evacuações.

A partir do segundo ano de vida, pode-se caracterizar o comportamento de


retenção. Ampliação do intervalo entre as evacuações, que se caracterizam pela
eliminação de fezes de maior calibre e consistência, com grande esforço e dor.
Após o controle esfincteriano, pode-se constatar entupimento do vaso sanitário
em função da eliminação de fezes muito volumosas.

No pré-escolar e escolar, pode-se constatar a incontinência fecal por retenção.


Os pacientes perdem o conteúdo fecalóide na cueca ou na calcinha.

Outras manifestações clínicas podem ocorrer em associação com a constipação


intestinal, como dor abdominal crônica reversível com o controle da constipação
intestinal, enurese noturna, falta de apetite e sintomas de infecção urinária atual
ou pregressa.

O exame físico pode revelar a presença de massa fecal palpável no abdome.


Em geral, localiza-se no hipogástrio, entretanto, pode ocupar toda a extensão
do colo nos casos mais graves. O toque retal pode revelar o preenchimento da
ampola retal com fezes endurecidas.

DIAGNÓSTICO:
É clínico e tem como base as informações da anamnese e do exame físico,
conforme preconizado pelo critério de Roma III. É fundamental definir se
existe ou não impactação fecal, que em geral está presente em pacientes com
incontinência fecal por retenção. Nesses pacientes deve-se pesquisar: massa
fecal na palpação abdominal, o toque retal pode revelar presença de grande
quantidade de fezes endurecidas, a radiografia simples de abdômen contribui
para a caracterização de impactação fecal.

TRATAMENTO

Quando houver fecaloma ou


impactação fecal, o esvaziamento
do reto e do colo constitui a
primeira e imprescindível etapa.

Educação e orientação
sobre a constipação
intestinal e seu tratamento.

Medidas promotoras da saúde em


geral: aumento na ingestão de fibra
alimentar e fluidos, estimular a
prática de atividade física.

Tratamento de manutenção com o


objetivo primordial de prevenção da
formação de fecaloma.

A desimpactação é a primeira etapa do tratamento.


Assim, é necessário estabelecer o diagnóstico da
presença ou não de retenção fecal. Incontinência
fecal por retenção, massa fecal palpável e reto
preenchido com fezes são manifestações clínicas
indicativas de impactação fecal.

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A desimpactação pode ser realizada com enemas


por via retal ou por via oral. Classicamente, é
realizada com enemas por via retal; no entanto,
nos últimos anos vem sendo recomendada a
desimpactação por via oral, com a utilização do
polietilenoglicol (PEG) 3350 ou 4000 (macrogol).

Tanto pela via oral como retal,


em geral são necessários 3
a 5 dias para se obter plena
desimpactação.

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