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Laboratório de Calçados

e Produtos de Proteção - IBTEC


Instruções para escolha adequada dos calçados
profissionais de acordo com a simbologia empregada
Governador
João Agripino da Costa Doria Junior
Secretaria de Desenvolvimento Econômico
Patricia Ellen da Silva
Diretor Presidente do IPT
Jefferson de Oliveira Gomes
Diretora de Inovação e Negócios
Claudia Echevenguá Teixeira
Diretora Financeira e Administrativa
Flávia Gutierrez Motta
Diretoria IPT Open
Rodrigo de Araujo Teixeira
Diretor de Operações
Adriano Marim de Oliveira
Autores
Nicole Aparecida Amorim de Oliveira
Felipe Cintra Clementino
David Henrique Zago
Revisão Técnica
Jorge Luis Dias dos Santos
Fernando Soares de Lima
ACC - Assessoria de Comunicação Corporativa
Diagramação e projeto gráfico
Luiz Silviano
Revisão
Flavio Sergio Jorge de Freitas

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Oliveira, Nicole Aparecida Amorim de


Instruções para escolha adequada dos calçados profissionais de acordo com a simbologia empregada [livro eletrônico] /
Nicole Aparecida Amorim de Oliveira, Felipe Cintra Clementino, David Henrique
Zago. -- 1. ed. -- São Paulo : Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 2020. -- (IPT Publicação ; 3035)

PDF
Bibliografia

ISBN 978-65-5702-003-6
1. Calçados - Indústria 2. Calçados para profissionais 3. Segurança do trabalho - Normas 4. Serviços de saúde I. Clementino,
Felipe Cintra. II. Zago, David Henrique. III. Santos, Jorge Luiz Dias dos. IV. Lima, Fernando Soares de. V. Título VI. Série.

20-46473 CDD-363.15

Índices para catálogo sistemático:


1. Calçados profissionais : Segurança do trabalho :
Serviços de saúde 363.15
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
SUMÁRIO

1 Objetivo .................................................................................................................................................................................... 5
2 Introdução ............................................................................................................................................................................ 5
3 Os calçados ....................................................................................................................................................................... 7
4 As normas vigentes .............................................................................................................................................. 8
4.1 Classes e desenhos dos calçados ........................................................................................................... 9
4.2 Requisitos e simbologias aplicadas ...................................................................................................... 10
5 Disposições finais .................................................................................................................................................. 15
6 Referências normativas .................................................................................................................................. 16
7 Siglas .......................................................................................................................................................................................... 17
8 Referências bibliográficas ......................................................................................................................... 18
9 Sobre os autores .................................................................................................................................................... 19
Instruções para escolha adequada dos calçados
profissionais de acordo com a simbologia empregada

1 Objetivo
Auxiliar os profissionais da área de saúde e segurança do trabalho e os próprios usuários a realizar a
escolha adequada dos calçados profissionais, em consonância com as normatizações adotadas pelos
órgãos competentes, visando reduzir os danos decorrentes de acidentes de trabalho por fatores
mecânicos e térmicos na região dos pés.

Imagem de Dewald Van Rensburg por Pixabay

2 Introdução
A existência de dúvidas inerentes a um processo de compra pode induzir a uma escolha inadequada,
situação essa que pode acontecer ao adquirir qualquer produto inclusive um calçado1. Estima-
se que hoje 50% da população utiliza um calçado inadequado, podendo ocasionar dores, lesões
hiperquerostáticas (calos)2, problemas de saúde nos membros inferiores e tronco. Esses fatores
incrementam os acidentes por quedas e ainda podem influenciar negativamente na independência
e mobilidade da população idosa(2,3). Dessa forma, a escolha do calçado ideal deve ser realizada com
atenção, visando à proteção imediata e futura do usuário4.

De acordo com a Norma Regulamentadora n°6 (NR6), a empresa é obrigada a fornecer aos
empregados de forma gratuita EPI’s adequados aos riscos inerentes à função, estando em
perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias5:

a) Sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de
acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;

b) Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;

c) Para atender a situações de “emergência”.

Ainda de acordo com a NR6, as empresas que não forem obrigadas a constituir SESMT, conforme à
Norma Regulamentadora n°4, a seleção adequada do EPI cabe ao empregador, seguindo orientações
de profissional habilitado para este fim, CIPA, ou na falta desses a seleção deverá ser realizada pelo
empregador em conjunto com dois trabalhadores que utilizam os EPI’s6.

Para saber se a empresa necessita possuir um SESMT instalado é necessário fazer uma consulta NR4,
onde é qualificado seu grau de risco conforme o tipo de atividade exercida e confrontar esse grau
de risco com o número de funcionários da empresa. A tabela 1 informa os grupos de empresas
desobrigadas a constituir o SESMT.

Tabela 1: empresas desobrigadas a constituir SESMT

Grau de risco da empresa Número de empregados

1e2 Até 500

3 Até 100

4 Até 50

Fonte: NR-45 modificada

Conforme disposto na tabela 1, as empresas que nesta se enquadram não são obrigadas a
manterem em tempo integral um técnico ou engenheiro do trabalho. Este posicionamento traz
benefícios financeiros para a empresa, mas deixa uma lacuna para que esses funcionários não
participem de momentos importantes como a orientação da escolha correta dos Equipamentos
de Proteção Individual (EPI’s). O pouco conhecimento técnico envolvido na escolha do EPI pode
ocasionar a aquisição de produtos inadequados à função e isso pode equivaler à ausência de
proteção para a execução da atividade pelo usuário.
3 Os calçados
Para entender um pouco mais sobre as informações seguintes é necessário indicarmos as partes
integrantes dos calçado.

A figura 1 mostra um calçado em corte horizontal e suas partes integrantes.

Figura 1: calçado em corte horizontal

2
4
3

5
Fonte: autores

1 - Cabedal: parte superior do calçado, pode ser confeccionado em materiais como couro, laminados
sintéticos e materiais têxteis. Deve apresentar resistência mecânica e capacidade de absorver
parte do suor gerado pelo pé;

2 - Palmilha interna removível: palmilha para conforto, comumente confeccionada em látex,


Poliuretano (PU) e Etileno Acetato de Vinila (EVA); deve apresentar capacidade de absorver parte
do suor gerado pelo pé e resistência ao desgaste pelo atrito;

3 - Palmilha de montagem: palmilha fixa, utilizada para auxiliar na conformação do calçado, deve
possuir resistência ao desgaste e ser capaz de absorver água;

4 - Biqueira: pode ser constituída em materiais rígidos como aço e composite para proteção dos
dedos do trabalhador contra quedas de materiais pesados ou em material flexível como o plástico
para auxiliar na conformação do bico do calçado;

5 - Solado: parte inferior do calçado que irá em contato com o chão. Diversos materiais podem
ser empregados na sua conceitualização, desde que o produto final tenha propriedades físicas
positivas, como baixo desgaste, resistência mecânica, resistência ao escorregamento entre outras.
4 As normas vigentes

Em 2009, foi publicado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), através da Portaria nº 121, as
novas normas a serem adotadas no Brasil para a certificação de calçados utilizados como EPI’s7. Para
calçados de proteção contra riscos mecânicos foram adotadas as normas ABNT NBR ISO 203448,
ABNT NBR ISO 203459, ABNT NBR ISO 2034610 e ABNT NBR ISO 2034711. Atualmente ainda são
adotadas as mesmas normas em versões atualizadas, regularizadas e pela Portaria n° 452 de 20 de
novembro de 2014, sendo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT) responsável pela
emissão dos certificados.

O método de realização da maior parte dos ensaios em calçados e seus componentes, como cabedal,
forros, palmilhas e solados, são especificados pela norma ABNT NBR ISO 203448, com exceção de
alguns ensaios cujas metodologias estão em outras normas, porém são citadas pela NBR 203448.

Os parâmetros normativos de especificação a serem obrigatoriamente atendidos são indicados


nas normas ABNT NBR ISO 203459, ABNT NBR ISO 2034610 e ABNT NBR 2034711; sendo as duas
primeiras normas adotadas para calçados que possuem proteção específica para os dedos dos pés
(biqueiras), e a última para calçados que não possuem esta proteção específica.

As normas possuem especificações para proteção dos dedos dos pés e são similares, diferindo-se
apenas nos métodos dos ensaios de impacto e compressão de biqueira. Para a norma ABNT NBR
ISO 203459, o ensaio de impacto deve ser realizado com energia de 200 J e o ensaio de compressão
com força de 15 kN, enquanto que para a ABNT NBR ISO 2034610, o ensaio de impacto deve ser feito
com energia de 100 J e força de 10 kN de compressão.

Figura 1: ensaio de impacto realizado em biqueira Figura 2: ensaio de compressão realizado em


metálica biqueira plástica

Fonte: arquivo IPT Fonte: arquivo IPT

Os calçados para proteção contra agentes térmicos de alta intensidade (calçados para bombeiros), contra
agentes químicos, corte por motosserra, calçados específicos para proteção contra metais fundidos
(calçados para uso em metalúrgicas e siderúrgicas) e riscos elétricos não são abordados nesse documento,
pois seguem métodos de ensaios e parâmetros de especificação detalhados por outras normas técnicas.
4.1 Classes e desenhos dos calçados

Os calçados são inicialmente divididos em duas classes 9, 10, 11:

•
Classe I: Calçados confeccionados em couro e outros materiais, excluindo calçados inteiros
poliméricos e/ou elastoméricos;

• Classe II: Calçados confeccionados inteiramente em material elastomérico e/ ou poliméricos.

Cada uma das classes possui ensaios específicos de acordo com os materiais empregados na sua
confecção, seu tipo de construção e a finalidade de uso em relação à proteção exigida.

Existe ainda um calçado híbrido: que se configura pela combinação das duas classes, sendo a princípio
um Classe II com uma extensão em material aplicável à Classe I. A figura 3 mostra como deve ser este
calçado, onde a região 1 deve se comportar como calçados Classe I e a região 2 como um Classe II,
ambas as regiões devem atender aos requisitos de cada classe.

Figura 3: calçado Híbrido. Região 1

Região 2

Fonte: ABNT 9,10,11

Além disso, conforme a altura do calçado e seu tamanho, eles ainda são subdivididos em cinco tipos
de desenhos:
a
Figura 4: desenhos dos calçados.

A B C D E
Calçado Baixo Botina Bota meio-cano Bota de cano longo Bota de cano extra-longo

Fonte: ABNT 9,10,11


4.2 Requisitos e simbologias aplicadas

Existem simbologias específicas que demonstram que os calçados foram submetidos aos testes
necessários para desempenharem suas funções.

Quando realizados apenas os ensaios básicos, o calçado deve ser identificado com um símbolo que
varia de acordo com a norma de especificação que foi adotada.

Quadro 1: simbologias básicas

Simbologia Significado atribuído


SB Segurança básico pela ABNT NBR ISO 20345

PB Proteção básico pela ABNT NBR ISO 20346


OB Ocupacional básico pela ABNT NBR ISO 20347

SBH Segurança básico híbrido pela ABNT NBR ISO 20345


PBH Proteção básico híbrido pela ABNT NBR ISO 20346

OBH Ocupacional básico híbrido pela ABNT NBR ISO 20347

Todo calçado profissional deve ser submetido ao ensaio de escorregamento e obter resultados
satisfatórios. Neste ensaio é avaliado o coeficiente de atrito, ou seja, será avaliada a capacidade
do calçado de se opor à tendência de escorregar quando submetido a uma força inicial superior
a necessária para dar início ao movimento. Para este ensaio, existem três tipos de simbologia
aplicáveis, sendo obrigatória a utilização de ao menos uma delas.

Quadro 2: simbologia para o ensaio de escorregamento

Simbologia Significado atribuído

SRA Quando submetido a ensaio de escorregamento tendo como premissa a utilização do calçado em um
posto de trabalho com superfícies secas que podem ter contato com água e saponáceos, especialmente
em pisos cerâmicos, por exemplo; serviços de limpeza; construção civil e linha de produção.

SRB Quando submetido a ensaio de escorregamento tendo como premissa a utilização do calçado
em um posto de trabalho de piso de aço ou outro similarmente liso na presença de lubrificantes,
por exemplo; postos de combustíveis; plataforma para extração de petróleo; oficinas mecânicas;
refinarias; usinas de álcool e açúcar; frigorífico e cozinhas.

SRC Quando submetido aos dois tipos de ensaios citados anteriormente. São adequados a trabalhadores
que podem se deparar com ambas situações no seu posto de trabalho.

Fonte: parcialmente retirado das normas ABNT 9,10,11


Os calçados podem possuir requisitos adicionais que são opcionais. Cada um desses requisitos
identificados por um símbolo específico a ser marcado junto à simbologia básica, demonstrando
que o calçado possui esta propriedade adicional de proteção. Estes símbolos variam de acordo
com a quadro 3.

Quadro 3: simbologias adicionais aplicadas aos calçados da Classe I e da Classe II

Ensaio Simbologia Significado e usos


Penetração da Sola P Calçados resistentes à penetração da sola por objetos perfurantes como pregos, parafusos ou
estacas. Ideal para uso em construção civil.
Calçado Condutivo C Calçado altamente condutivo (com resistência elétrica menor que 100 kW) que dissipa as
cargas eletrostáticas. Ideal para quem trabalha com eletrônica, pois evita sobrecargas em chips
ocasionando a queima dos circuitos.
Calçado A Calçado que permite dissipar cargas eletrostáticas, evitando que se acumulem no corpo. Ideal para
Antiestático trabalho em locais com risco de explosão, como postos de gasolina e indústrias que trabalham com
materiais inflamáveis.
Isolamento HI Determina a capacidade do calçado em proteger os pés em ambientes com altas temperaturas,
ao calor evitando o ganho de calor excessivo do ambiente. Ideal para uso próximo a fornos de fundição.

Isolamento CI Determina a capacidade do calçado em proteger os pés em ambientes com baixas temperaturas,
ao frio evitando a perda de calor excessiva para o ambiente. Ideal para trabalho em frigoríficos e câmaras frias.

Absorção de E Calçado aplicado para trabalhos em que o trabalhador deve permanecer muito tempo na
energia na posição em pé, absorvendo a energia e não sobrecarregando a coluna vertebral.
região do salto

Resistência à água WR Calçado que protege os pés do usuário em ambientes em que haja lâmina de água.
Proteção do M Calçado com proteção contra o impacto na região dorsal do pé. Protege os ossos do metatarso.
metatarso (adicional Para uso em locais em que haja risco de queda de objetos.
aplicado apenas
a calçados com
biqueira)
Proteção do AN Calçado que protege o usuário contra impacto na região do tornozelo.
tornozelo

Resistência ao CR Calçado que protege o usuário de possíveis cortes na região do cabedal.


corte

Penetração e WRU Calçado que possui o cabedal impermeável. Ideal para trabalhos que são executados na presença de
absorção de água umidade.

Resistência ao HRO Calçado que possui solado resistente ao contato com materiais em alta temperatura. Ideal para uso em
calor de contato locais muito quentes ou com solo aquecido.

Resistência ao óleo FO Calçado que possui solado resistente ao óleo combustível Indispensável para uso em postos de
combustível gasolina e refinarias.

Fonte: parcialmente retirado das normas ABNT 9,10,11


Calçado sendo perfurado por parafuso

Fonte: arquivo IPT

Conforme demonstrado no quadro 3, para calçados da Classe II não são aplicados os requisitos
adicionais de simbologias WR e WRU, pois os calçados dessa classe obrigatoriamente devem ser
impermeáveis ao ar e consequentemente à água.

Outras formas de símbolos que referenciam a informações de calçados profissionais são as


simbologias por categoria, onde, para facilitar a marcação, as normas caracterizam o calçado com
as combinações mais utilizadas de requisitos básicos e adicionais. Essas simbologias aplicam-se
a calçados aprovados nos requisitos obrigatórios e em alguns requisitos adicionais selecionados.
Quadro 4: simbologia por categoria

Simbologia Significado atribuído


“S1” (para calçado de segurança Calçado de segurança, proteção ou ocupacional da Classe I que cumpra os seguintes requisitos:
conforme ABNT NBR ISO 20345) • Área do calcanhar fechada
“P1” (para calçado de proteção • Propriedades antiestáticas
conforme ABNT NBR ISO 20346) • Absorção de energia na área do salto
“O1” (para calçado ocupacional • Resistência ao óleo combustível
conforme ABNT NBR ISO 20347)

“S2” (para calçado de segurança Calçado de segurança, proteção ou ocupacional da Classe I que cumpra os seguintes requisitos:
conforme ABNT NBR ISO 20345) • Área do calcanhar fechada
“P2” (para calçado de proteção • Propriedades antiestáticas
conforme ABNT NBR ISO 20346) • Absorção de energia na área do salto
“O2” (para calçado ocupacional • Resistência ao óleo combustível
conforme ABNT NBR ISO 20347) • Resistência à absorção e à penetração de água no cabedal

“S3” (para calçado de segurança Calçado de segurança, proteção ou ocupacional da Classe I que cumpra os seguintes requisitos:
conforme ABNT NBR ISO 20345) • Área do calcanhar fechada
“P3” (para calçado de proteção • Propriedades antiestáticas
conforme ABNT NBR ISO 20346) • Absorção de energia na área do salto
“O3” (para calçado ocupacional • Resistência ao óleo combustível
conforme ABNT NBR ISO 20347) • Resistência à absorção e à penetração de água no cabedal
• Resistência à penetração da sola
• Solado com ressaltos

“S4” (para calçado de segurança Calçado de segurança, proteção ou ocupacional da Classe II que cumpra os seguintes requisitos:
conforme ABNT NBR ISO 20345) • Área do calcanhar fechada
“P4” (para calçado de proteção • Propriedades antiestáticas
conforme ABNT NBR ISO 20346) • Absorção de energia na área do salto
“O4” (para calçado ocupacional • Resistência ao óleo combustível
conforme ABNT NBR ISO 20347)

“S5” (para calçado de segurança Calçado de segurança, proteção ou ocupacional da Classe II que cumpra os seguintes requisitos:
conforme ABNT NBR ISO 20345) • Área do calcanhar fechada
“P5” (para calçado de proteção • Propriedades antiestáticas
conforme ABNT NBR ISO 20346) • Absorção de energia na área do salto
“O5” (para calçado ocupacional • Resistência ao óleo combustível
conforme ABNT NBR ISO 20347) • Resistência à penetração da sola
• Solado com ressaltos

Fonte: parcialmente retirado das normas ABNT 9,10,11

Comumente as informações citadas no quadro 4 são pouco utilizadas, sendo o padrão SB X SRY, PB
X SRY ou OB X SRY, de uso mais comum; onde X representa os símbolos dos requisitos adicionais
desempenhados pelo EPI, conforme mostrado oquadro 3 e Y o requisito de escorregamento do
quadro 2.

De acordo com o item 7 das normas ABNT NBR ISO 20345:20159, ABNT NBR ISO 20346:201510
e ABNT NBR ISO 20347:201511, os símbolos que caracterizam as propriedades de proteção dos
calçados devem ser, obrigatoriamente, marcados de forma clara e permanente no calçado.
5 Disposições finais
Através do conhecimento do significado de cada uma das simbologias fica claro escolher o
calçado ideal que alinhe o tipo de proteção ao local onde serão desempenhadas as funções
pelo trabalhador. De acordo com o artigo a NR65 é obrigação do empregador fornecer ao
funcionário o EPI adequado à função e é obrigação do empregado usa-lo todo o tempo em que
está desempenhado sua função. Para isto é indispensável o conhecimento sobre os EPI’s, a serem
utilizados em consonância com os riscos existentes no ambiente de trabalho. Vários produtos
são comercializados como EPI’s, mas não trazem essas informações ao usuário. Cabe então aos
compradores e usuários exigir do mercado, recusando produtos sem as informações obrigatórias
de segurança. Essa atitude não só ajuda a moralizar o mercado de EPI’s, como também protege
empregado e empregador.

Ensaio de abrasão solado

Fonte: arquivo IPT


6 Referências normativas
Portaria N° 452, de 20 de novembro de 2014

Estabelece as normas técnicas de ensaios e os requisitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos


de Proteção Individual - EPI enquadrados no Anexo I da NR-6 e oferece outras providências.

1
Branthwaite, H.; Chockalingam, N.

Everyday footwear: An overview of what we know and what we should know on ill-fitting footwear
and associated pain and pathology, The Foot 39 (2019) 11–14.

2
López PP, Vallejo RBB, Iglesias

MEL, Sanz DR, Lobo CC, López DL. Footwear used by older people and a history of hyperkeratotic
lesions on the foot. Medicine 2017;96 (15).

3
Burns SL, Leese GP, McMurdo

MET. Older people and ill fitting shoes. Postgrad Medical Journal 2002; 78:344-346.

4
Esselense Hospital

Escolha o calçado adequado para a saúde dos seus pés. [accessed 2020 Apr 7]. Available at: http://
www.esselense.com.br/escolha-o-calcado-adequado-para-a-saude-dos-seus-pes/

5
Brasil

Norma Regulamentadora Nº 6 NR 6 - Equipamento de Proteção Individual – EPI. Brasília: Ministério


da Economia, Secretaria de Trabalho; 2018.

6
Brasil

Norma Regulamentadora Nº 4 NR-4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho. Brasília: Ministério da Economia, Secretaria de Trabalho; 2016. [accessed2020
Apr 7]. Available at: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-04.pdf

7
Brasil

Portaria Nº 121, de 30 de setembro de 2009. Estabelece as normas técnicas de ensaios e os requisitos


obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual enquadrados no Anexo I da NR-6.
Ministério do Trabalho e Emprego, 2009.
8
Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT). NBR ISO 20344: Equipamento de Proteção Individual - Métodos de ensaio para
calçados. Rio de Janeiro: ABNT; 2015.

9
Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT). NBR ISO 20345: Equipamento de proteção individual - Calçado de segurança. Rio de
Janeiro: ABNT; 2015.

10
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

NBR ISO 20346: Equipamento de Proteção Individual - Calçado de proteção. Rio de Janeiro: ABNT; 2015.

11
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

NBR ISO 20347: Equipamento de Proteção Individual - Calçado ocupacional. Rio de Janeiro: ABNT; 2015.

7 Siglas
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

EPI - Equipamento de Proteção Individual.

MTE- Ministério do Trabalho e Emprego.

NBR - Norma Brasileira.

NR - Norma Regulamentadora.

SEPRT - Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

SESMT - Serviços Especializados em Saúde e Medicina do Trabalho.


8 Referências bibliográficas
1
 RANTHWAITE H.; CHOCKALINGAM, N. Every footwear: an overview of what we know and what
B
we should know on ill-fitting footwear and associated pain and pathology. The Foot, v.39, p.11-
14, 2019

2
L ÓPEZ,P.P.; VALLEJO, R.B.B.B.; IGLESIAS, M.E.L.; SANZ, D.RR; LOBO, C.C.; LÓPEZ, D.L. Footwear used
by older people and a history of hyperkeratotic lesions on the foot. Medicine, v.96, n.15, 2017.

3
BURNS, S.L.; LEESE, G.P.; McMURDO, M.E.T. Older people and ill fitting shoes. Postgrad Medical
Journa v, v.78, p.344-346, 2002.

4
ESSELENSE HOSPITAL. Escolha o calçado adequado para a saúde dos seus pés. Disponível
em 7 de abr., 2020. Acessado em: http://www.esselense.com.br

5
BRASIL. Ministério da Economia. NR 6: equipamento de proteção individual, EPI. Brasília:
Ministério da Economia, Secretaria de Trabalho, 2018.

6
 RASIL. Ministério da Economia. NR-4: Serviços especializados em engenharia de eegurança
B
e em medicina do trabalho. Brasília: Ministério da Economia, Secretaria de Trabalho, 2016.
Acessado em 07 de abr., 2020. Disponível em:: http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/
NR/NR4.pdf

7
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria, n. 121 de 30 de setembro 2009. Estabelece
as normas técnicas de ensaios e os requisitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de
Proteção Individual enquadrados no Anexo I da NR-6. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego,
2009.

8
 SSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA. ABNT NBR ISO 20344: equipamento de
A
proteção individual, métodos de ensaio para calçados. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

9
 SSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA. ABNT NBR ISO 20345: equipamento de
A
proteção individual, calçado de segurança. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

10
 SSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA. ABNT NBR ISO 20346: equipamento de
A
proteção individual, calçado de proteção. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

11
 SSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA. ABNT NBR ISO 20347: equipamento de
A
proteção individual, calçado ocupacional. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
9 Sobre os autores
Nicole A. Amorim de Oliveira
Pós-graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho (2015). Engenheira química pela
Universidade de Franca (2013). Atua no Laboratório de Calçados e Produtos de Proteção do IPT
(filial em Franca/SP) como assistente de pesquisas, com experiência em vestimentas e
calçados desde 2011. Dedica-se a pesquisa e desenvolvimento, publicações, análises la-
boratoriais, auditoria técnica e de sistemas pelas normas ISO 17025 e ISO 9001, representante da
qualidade e comitês do setor calçadista.

Felipe Cintra Clementino


Graduado em engenharia química (2013), pós-graduado em engenharia de segurança do
Trabalho (2015), licenciado em química (2017) e mestre em ciências pela UNIFRAN-
Universidade de Franca (2019). Trabalha no Laboratório de Calçados e Produtos de Proteção
do IPT (filial em Franca/SP) como assistente de pesquisas, com experiencia em calçados e
seus componentes desde 2011. Atuação em projetos de capacitação, pesquisa e
desenvolvimento, publicações, análises laboratoriais, auditoria técnica e representação em
comitês do setor calçadista.

David Henrique Zago


Graduado e Licenciado em Química (2010) e (2017) respectivamente, técnico em curtimento
(2014), atuou no desenvolvimento e apresentação do projeto de Fertilizantes Organominerais
a partir de Lodos de Curtumes e Aproveitamento do Bucho Bovino (2012). Desde 2010 trabalha
no Laboratório de Calçados e Produtos de Proteção, em São Paulo, como Assistente de
Pesquisas, com atuação em pesquisa e desenvolvimento de materiais, consultoria em processos
industriais, análises laboratoriais, auditoria técnica e representação em comitê calçadista.

Jorge Luis Dias dos Santos


Mestre em Processos industriais com ênfase em engenharia pelo IPT – Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (2014). Químico Industrial pela Faculdade
Oswaldo Cruz de São Paulo (2008). Técnico em química pelo Colégio Estadual de São Paulo
em 1999. Atuou no Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes do IPT (1999 - 2019)
envolvido em análise laboratorial, pesquisas, palestras e elaboração de cursos. Atualmente no
Laboratório de Calçados e Produtos de Proteção do IPT (filial em Franca/SP) como supervisor.
Dedica-se a projetos de capacitação, auditoria técnica, representação em comitês do
setor calçadista, gerência de projetos de pesquisa e desenvolvimento.

Fernando Soares de Lima


Licenciado em química pela Universidade de Mogi das Cruzes (2004), Mestre em
Processos Industriais pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (2013) e
Engenheiro de Produção Química pelas Faculdades Oswaldo Cruz (2017). Atualmente é
responsável pelo Laboratório de Têxteis Técnicos e Produtos de Proteção e pelo Laboratório de
Calçados e Produtos de Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
Atua principalmente nos seguintes temas: tecidos técnicos, ensaios de caracterização e
avaliação do desempenho de têxteis e EPI’s, intemperismo e microencapsulação aplicada a
têxteis.
Instituto Brasilero de Tecnología do Couro Calcado e Artefatos

IBTEC

EPI 7691/18

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Laboratório de Química e
Manufaturados - Unidade Franca
Instruções para escolha adequada do calçado
profissional isolante elétrico
Governador
João Agripino da Costa Doria Junior
Secretaria de Desenvolvimento Econômico
Patricia Ellen da Silva
Diretor Presidente do IPT
Jefferson de Oliveira Gomes
Diretora de Inovação e Negócios
Claudia Echevenguá Teixeira
Diretora Financeira e Administrativa
Flávia Gutierrez Motta
Diretor de Operações
Adriano Marim de Oliveira
Autores
Felipe Cintra Clementino
Nicole Aparecida Amorim de Oliveira
David Henrique Zago
Pedro Yuri Kovatch

Revisão Técnica
Fernando Soares de Lima

ACC - Assessoria de Comunicação Corporativa


Diagramação e projeto gráfico
Luiz Silviano

Revisão
Flavio Sergio Jorge de Freitas

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Instruções para escolha adequada ao calçadoprofissional isolante elétrico [livro eletrônico] / Felipe
Clementino ... [et al.] ; Fernando Soares Lima. -- 1. ed. -- São Paulo : Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo, 2021. -- (IPT publicação ; 3044)
PDF

Outros autores : Nicole Aparecida Amorim de Oliveira, David Henrique Zago, Pedro Yuri Kovatch.
Bibliografia
ISBN 978-65-5702-011-1

1. Acidentes de trânsito - Leis e legislação - Brasil 2. Calçado profissional isolante elétrico 3. Eletricidade -
Acidentes e ferimentos 4. Segurança do trabalho - Equipamento e acessórios. I. Oliveira, Nicole Aparecida
Amorim de. II. Zago, David Henrique. III. Kovatch, Pedro Yuri.

21-69468 CDD-363.11

Índices para catálogo sistemático:


1. Seguran  a do trabalho : Bem-estar social 363.11
Aline Graziele Benitez - Bibliotec  ria - CRB-1/3129
SUMÁRIO

1 Objetivo ................................................................................................................................................................................... 5

2 Introdução ........................................................................................................................................................................... 5

3 Os calçados ...................................................................................................................................................................... 7

4 As normas vigentes ............................................................................................................................................. 8

4.1 Norma para calçados isolantes elétricos de classe I. (ABNT NBR 16603:2017) ...... 9

4.2 Norma para calçados isolantes elétricos de classe II. (EN 50321-1:2018) ................... 14

5 Conclusão .......................................................................................................................................................................... 17

6 Referências normativas ................................................................................................................................ 17

7 Referências bibliográficas ........................................................................................................................ 18

8 Siglas ......................................................................................................................................................................................... 19

9 Autores .................................................................................................................................................................................... 20
Instruções para escolha adequada
do calçado profissional isolante elétrico

1 Objetivo
O presente documento tem como objetivo auxiliar os profissionais que atuam nas proximidades
de sistemas elétricos a realizarem a escolha adequada dos calçados profissionais em consonância
com as normatizações adotadas pelos órgãos competentes, visando reduzir os danos decorrentes
de acidentes de trabalho por fatores elétricos.

2 Introdução
Mais de 60% da constituição do corpo humano é de água e sais minerais: isso o torna um bom
condutor elétrico (BARROS JUNIOR, 2020). Em decorrência, acidentes elétricos são bastante
comuns, mas podem ser evitados com a adoção de medidas de segurança, conhecimento
técnico e metodologias de trabalho adequados.

A norma regulamentadora Nº 10 (NR 10), determina as condições para o trabalho em instalações


elétricas, desde o projeto até a manutenção e a ampliação de redes elétricas, visando elaborar
medidas preventivas e de controle de acidentes de forma a garantir a integridade dos
trabalhadores em serviços com eletricidade.

Segundo as diretrizes da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a fiscalização dos serviços de
distribuição é realizada pela Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade (SFE) e
tem por propósito direcionar as empresas distribuidoras na adequada prestação do serviço público
de distribuição de energia elétrica, especialmente nos aspectos relacionados ao atendimento
comercial e aos indicadores de desempenho, técnicos e comercial, como também estipular que
haja uma frequente manutenção nas redes (MACHADO, 2018). Para garantir a integridade do
colaborador que realiza o serviço, é necessário que haja a qualificação do trabalhador, treinamentos
e utilização de equipamentos de proteção coletiva e/ou individuais (NR10).

Conforme a Norma Regulamentadora n°6 (NR6), toda empresa deve fornecer de forma gratuita
aos seus colaboradores os EPIs adequados aos riscos inerentes às funções, estando em perfeito
estado de conservação e funcionamento. A escolha do EPI correto para a função deve ser efetuada
por um profissional qualificado, pois a escolha de produtos inadequados pode corresponder
à ausência de proteção para o usuário efetuar a atividade, elevando o risco de acidente para
desempenho da função.
3 Os calçados

Para entender um pouco mais sobre as informações seguintes, é necessário indicarmos as partes
integrantes dos calçados.

A Figura 1 mostra um calçado em corte horizontal e as partes integrantes do calçado.

Figura 1: calçado em corte horizontal

2
4
3

Fonte: : OLIVEIRA, CLEMENTINO, ZAGO., 2020


1 - Cabedal: parte superior do calçado; pode ser confeccionada em materiais como couro, laminados
sintéticos, materiais têxteis, poliméricos e elastoméricos. Deve apresentar resistência mecânica e
para calçados de classe I. O material deve ser transpirável, para absorver e expulsar parte do suor
gerado pelo pé;

2- Palmilha interna: Palmilha para conforto, normalmente confeccionada em látex, Poliuretano (PU)
ou Etileno Acetato de Vinila (EVA); deve apresentar capacidade de permear ou de absorver parte
do suor gerado pelo pé, e deve possuir resistência ao desgaste pela abrasão;

3- Palmilha de montagem: Palmilha fixa, utilizada para auxiliar na montagem do calçado; deve
possuir resistência ao desgaste e ser capaz de absorver e dessorver (eliminar) o suor.

4- Biqueira: Constituída em materiais rígidos como aço e composite, tem o objetivo de proteger os
dedos do trabalhador contra quedas de materiais pesados.

5- Solado: Parte inferior do calçado que irá em contato com o chão. Diversos materiais podem ser
empregados na sua fabricação, desde que tenham propriedades físicas positivas, como baixo
desgaste, resistência mecânica e resistência ao escorregamento, entre outras.

4 As normas vigentes
As normas a serem adotadas no Brasil para a certificação de calçados profissionais estão presentes
na Portaria n° 121 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de 2009. Para calçados, foram
adotadas como normas básicas a ABNT NBR ISO 20344, ABNT NBR ISO 20345, ABNT NBR ISO 20346
e ABNT NBR ISO 20347. Estas versões foram atualizadas e regularizadas pela Portaria nº 11.437, de
8 de maio de 2020, sendo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT) responsável pela
emissão dos certificados de aprovação (CA).

Os métodos de realização dos ensaios básicos em calçados e seus componentes, como cabedal,
forros, palmilhas e solados, são especificados pela norma ABNT NBR ISO 20344, com exceção de
alguns ensaios cujas metodologias estão em outras normas, porém são citadas pela NBR 20344.

Os parâmetros normativos de especificação a serem obrigatoriamente atendidos são indicados


nas normas ABNT NBR ISO 20345, ABNT NBR ISO 20346 e ABNT NBR 20347; sendo as normas NBR
ISO 20345 e NBR ISO 20346 similares e adotadas para calçados que possuem biqueiras, diferindo-
se apenas nos métodos dos ensaios de impacto e compressão de biqueira. Para essa, o ensaio de
impacto deve ser realizado com energia de 100 J e força de 10 kN de compressão enquanto que,
para aquela, o ensaio de impacto deve ser realizado com energia de 200 J. A norma NBR ISO 20347
é utilizada para calçados que não possuem biqueiras para proteção dos dedos.
Os ensaios elétricos são determinados conforme a classe do calçado, sendo a norma ABNT NBR
16603:2017 que trata de calçados isolante elétrico da classe I e a norma BS EN 50321-1:2018 para
os calçados da classe II.

Os calçados para proteção contra agentes térmicos de alta intensidade (calçados para bombeiros),
contra agentes químicos, corte por motosserra e calçados específicos para proteção contra metais
fundidos (calçados para uso em metalúrgicas e siderúrgicas) não são abordados nesse documento, pois
seguem métodos de ensaios e parâmetros de especificação detalhados por outras normas técnicas.

4.1 Norma para calçados isolantes elétricos de classe I. (ABNT NBR 16603:2017)

Os calçados elétricos de classe I podem se enquadrar entre os desenhos A, B, C ouD, de acordo


com a altura do cano do calçado, conforme a Figura 2:

Figura 2: Desenhos dos calçados

A B C D
calçado Baixo botina bota meio-cano bota de cano longo

Fonte: ABNT NBR 16603:2017.

Conforme a norma ABNT NBR 16603:2017, estes calçados são específicos para trabalhos em
instalações de baixa voltagem, de até 500 V, em condições secas. Devem ser fabricados com sola
não condutiva, resistente à passagem de corrente elétrica, de modo que proteja o usuário contra
os perigos de um contato acidental com peças e/ou circuitos elétricos energizados.

Na construção do calçado não pode haver a presença de materiais metálicos, como alma de aço,
ilhoses, fivelas, zíper, pregos, rebites, tarraxinhas, biqueira de aço e palmilha antiperfurante de aço,
dentre outros. O calçado deve possuir o menor número possível de costuras e peças, não sendo
permitido que haja costuras ornamentais ao longo do cabedal.

Caso haja a necessidade de costura, esta não pode se localizar na região de flexão do calçado
(região hachurada da Figura 3), e sim preferencialmente próxima à região do salto.
Figura 3: Desenhos dos calçados

A B C D
calçado Baixo botina bota meio-cano bota de cano longo

Fonte: ABNT NBR 16603:2017.

Todos os calçados devem possuir marcação legível e que não seja de fácil remoção, contendo as
seguintes informações: marca de identificação do fabricante, data de fabricação (lote), número
do CA e pictograma, que devem se localizar no lado externo do calçado; o tamanho do calçado,
a designação do modelo, o número e o ano da norma e a simbologia apropriada para proteção
oferecida podem se localizar tanto na parte externa como na interna.

De acordo com a norma, os calçados devem apresentar as simbologias básicas SI, PI e OI aplicáveis
a calçados de segurança, proteção e ocupacionais, respectivamente, significando que eles foram
submetidos aos ensaios obrigatórios e obtiveram resultados satisfatórios em todos os requisitos. É
exigida a aprovação em ao menos um tipo de ensaio de escorregamento, e é imprescindível que
seja informado no calçado a simbologia correspondente deste ensaio, podendo variar de SRA, SRB
ou SRC, conforme Quadro 2.

Quadro 2: simbologia para o ensaio de escorregamento

Simbologia Significado atribuído

SRA Ensaio de escorregamento em piso cerâmico com solução de detergente. Ideal para calçados utilizados
em posto de trabalho com superfícies secas que podem ter o contato com a água e detergentes, especial-
mente em pisos cerâmicos, por exemplo, serviços de limpeza, linha de produção, etc.

SRB Quando submetido a ensaio de escorregamento tendo como premissa a utilização do calçado
em um posto de trabalho de piso de aço ou outro similarmente liso na presença de lubrificantes,
por exemplo; postos de combustíveis; plataforma para extração de petróleo; oficinas mecânicas;
refinarias; usinas de álcool e açúcar; frigorífico e cozinhas.

SRC Quando submetido aos dois tipos de ensaios citados anteriormente. São adequados a trabalhadores
que podem se deparar com ambas situações no seu posto de trabalho.

Fonte: Oliveira, et al. (2020).


A proteção desse calçado é enfraquecida quando o calçado é exposto a ambientes úmidos,
molhados, ao frio, produtos químicos, óleos, combustíveis e desgaste excessivo da sola como
também possíveis danos no cabedal. Por estes possíveis problemas, este tipo de calçado possui
restrição quanto aos ensaios adicionais, os quais estão apresentados no Quadro 3, impossibilitando
de possuir as simbologias: CI (resistência ao frio), WR (resistência á água), FO (resistência ao óleo
combustível) e CR (resistência ao corte).

Quadro 3: Simbologias adicionais aplicadas a calçados isolante elétricos

Ensaio Simbologia Utilizações


Penetração da Sola P Determina a resistência do calçado à penetração da sola por objetos perfurantes, como pregos,
parafusos, estacas etc.

Isolamento HI Determina a capacidade do calçado em proteger os pés em ambientes com altas temperaturas,
ao calor evitando o ganho de calor excessivo do ambiente.

Absorção de E Calçado aplicado para trabalhos que exijam que o trabalhador fique muito tempo na posição em
energia na pé, absorvendo a energia e não sobrecarregando a coluna vertebral.
região do salto

Proteção do M Determina a capacidade do calçado em proteger os pés contra impactos na região dorsal do pé.
metatarso

Proteção do AN Determina a capacidade do calçado em proteger o usuário contra impactos na região do tornozelo.
tornozelo

Resistência ao HRO Determina a resistência do solado a suportar altas temperaturas.


calor de contato

Fonte: elaborado pelos autores com dados da ABNT NBR 16603:2017 e Oliveira et al. (2020).

O símbolo deve ser colocado na parte do cabedal do calçado e deve apresentar dimensões e cores
conforme a Figura 4.
Figura 4: Formato, dimensões e cores do pictograma

Fonte: : ABNT NBR 16603:2017.

Acerca dos ensaios, o que diferencia o calçado isolante elétrico para os demais calçados profissionais
de classe I, é a obrigatoriedade do ensaio de absorção e penetração de água no cabedal, o ensaio
de resistência elétrica e de isolamento elétrico ou resistência à corrente de fuga, onde o mesmo é
submetido á uma tensão de 14 kV.

O ensaio de penetração de água tem o objetivo de garantir que, mesmo que o calçado tenha
contato com água, esta não penetre por seu cabedal. O ensaio consiste em retirar corpos de prova
do cabedal e desgastar seu acabamento com uma lixa para simular o desgaste provocado pelo
tempo de seu acabamento muitas vezes impermeável, para assim coloca-los em contato com água
por durante 1 hora, e medir o quanto penetra de água e o quanto o corpo de prova absorve, não
podendo passar certo limite para aprovação do mesmo. Deve-se ressaltar que, apesar de requerer
baixos índices de absorção e penetração de água, os materiais utilizados como cabedal da classe
I devem ser respiráveis, ou seja, serem capazes de absorver e eliminar o suor produzido pelos
pés durante o uso do calçado. O ensaio que avaliação o comportamento do calçado quanto a
respirabilidade é o de Determinação da permeabilidade, absorção e coeficiente de vapor de água.

O ensaio de resistência elétrica consiste em colocar o calçado sobre uma placa de cobre contendo
um eletrodo em sua extremidade, e adicionar por dentro do calçado 5 kg de esferas de aço com
outro eletrodo fixado na palmilha perto da região de flexão do calçado, é aplicada uma tensão de
100 V em corrente contínua e medida por meio de um megômetro a resistência do calçado. O ensaio
também é realizado em condições críticas, sendo necessário um pré-condicionamento das amostras
em uma câmara climática com temperatura controlada em (20 ± 2) º C e (85 ± 5)% de umidade relativa,
4.2 Norma para calçados isolantes elétricos de classe II. (EN 50321-1:2018)
Figura 5: Calçado após pré-condicionamento para ensaio de resistência elétrica

Fonte: os autores.

Os calçados isolantes elétricos produzidos completamente em material polimérico ou elastômeros


são ensaiados de acordo com a norma EN 50321-1:2018, e visam fornecer proteção contra choques
elétricos aos usuários que trabalham com linhas vivas ou próximos a elas, em instalações com
tensão de até 36.000 V em corrente alternada ou 25.500 V em corrente contínua.

As marcações básicas deste calçado são similares aos calçados profissionais regidos pelas normas
ABNT NBR ISO 20345, 20346, 20347, não possuindo simbologia específica para isolantes elétricos.
Os ensaios básicos são: “SB” (Segurança Básico), “PB” (Proteção Básico) e “OB” (Ocupacional Básico).

Ao contrário do calçado isolante elétrico de classe I, este calçado pode ser exposto a ambientes
úmidos, ao frio, a produtos químicos, óleos combustíveis, permitindo a possibilidade de se obter
calçados com as seguintes simbologias adicionais: P (resistência à penetração), HI (resistência ao
calor), CI (resistência ao frio), E (absorção de energia na área do salto), M (proteção do metatarso),
AN (proteção do tornozelo), CR (resistência ao corte), HRO (resistência ao calor de contato) e FO
(resistência ao óleo combustível).

Neste calçado não há restrição quanto à utilização de peças metálicas, possibilitando a existência
de biqueiras e palmilhas antiperfurantes de aço como parte da sua composição.
Há diferentes classes elétricas para este tipo de calçado, sendo que o fabricante deve informar no
calçado qual é a classe pertencente. Essa classificação é feita de acordo com o nível de isolamento
elétrico do calçado, conforme o Quadro 4.

Quadro 4: Classificação do calçado elétrico de classe II e suas aplicações

Classe do calçado Aplicação do calçado

00 Para instalações com tensão nominal de até 500 V corrente alternada ou 750 V corrente contínua.

0 Para instalações com tensão nominal de até 1000 V corrente alternada ou 1500 V corrente contínua.

1 Para instalações com tensão nominal de até 7500 V corrente alternada ou 11250 V corrente contínua.

2 Para instalações com tensão nominal de até 17000 V corrente alternada ou 25500 V corrente contínua.

3 Para instalações com tensão nominal de até 26500 V corrente alternada.

4 Para instalações com tensão nominal de até 36000 V corrente alternada.

Fonte: BSI Standards Organization BS EN 50321-1:2018.

Este calçado deve possuir um pictograma e um campo próximo a ele destinado à anotação da
data do primeiro uso, como também a data da inspeção periódica do calçado. Este pictograma
tem o formato de duplo triângulo e possui uma cor específica para cada classe de aplicação. O
pictograma e suas cores podem ser visualizados na Figura 5.

Figura 6: Formato, dimensões e cores do pictograma.

Classe Cor
00 Beje
0 Vermelho
1 Branco
2 Amarelo
3 Verde
4 Laranja

Fonte: BSI Standards Organization BS EN 50321-1:2018

Para este tipo de calçado não é realizado o ensaio de penetração de água, pois o mesmo passa
pelo ensaio de resistência ao vazamento de ar, quando é colocado em um tanque de água com
sua borda superior vedada. É aplicado um jato de ar com uma determinada pressão, para garantir
que não há presença de furos no calçado, garantindo sua impermeabilidade.
O ensaio de resistência elétrica também não é aplicável para este tipo de calçado; além disso, o
teste de isolamento elétrico é realizado após pré-condicionamento no qual o calçado é submerso
em água por (16 ± 0,5) h. O calçado é então colocado em um recipiente contendo um eletrodo
e novamente água; outro eletrodo é posicionado dentro do calçado, também na presença de
água. O nível de água interno e externo depende do tipo do desenho do calçado e seu respectivo
tamanho. A escolha do tipo de corrente utilizada no ensaio (contínua ou alternada), assim como o
valor da tensão, é determinada pelo fabricante do calçado ao escolher a classe elétrica para o EPI.

Figura 7: Calçado sendo preparado para o ensaio de isolamento elétrico conforme a norma BS EN 50321-1:2018.

Fonte: os autores.
5 Conclusão
Apesar de serem submetidos a ensaios semelhantes, os dois tipos de calçados elétricos previstos
possuem características diferentes, o que implica em usos diferenciados. Para garantir a proteção
adequada do trabalhador, deve ser realizada uma análise do ambiente no qual o trabalhador
irá operar para uma possível escolha do EPI correto. Além disso, o desgaste do calçado implica
severamente no nível de proteção do mesmo, sendo necessária uma avaliação contínua do grau
de conservação do calçado pelo usuário. É aconselhável que estes calçados sejam utilizados
apenas nos postos de trabalho para diminuir o desgaste natural e possíveis perfurações e cortes.
Vale entender que a simbologia “E” indica absorção de energia na região do salto e leva em
consideração apenas a energia potencial causada pelo corpo humano e sua pisada, não possuindo
necessariamente qualquer característica de isolamento elétrico, sendo necessária a presença das
normas, pictogramas e/ou outras simbologias adequadas para este fim citadas neste documento.

6 Rerefências Normativas
Norma_Regulamentadora_Nº10
Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - EPI.

Norma_Regulamentadora_Nº6 Portaria_Nº_121,_de_30_de_setembro_2009
Equipamento de Proteção Individual - EPI. Estabelece as normas técnicas de ensaios e os requisitos
obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual - EPI enquadrados no Anexo I da
NR-6 e dá outras providências.

ABNT NBR ISO 20344:2015


Equipamento de proteção individual - Métodos de ensaio para calçados.

ABNT NBR ISO 20345:2015


Equipamento de proteção individual - Calçado de segurança.

ABNT NBR ISO 20346:2015


Equipamento de proteção individual - Calçadode proteção.

ABNT NBR ISO 20347:2015


Equipamento de proteção individual - Calçado ocupacional.
Portaria nº 11.437, de 8 de maio de2020
Estabelece as normas técnicas de ensaios e osrequisitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de
Proteção Individual - EPI enquadrados no Anexo I da NR-6 e dá outras providências.

ABNT NBR ISO 16603:2017


Equipamento de Proteção Individual - Calçado Isolante Elétrico para Trabalhos em Instalações Elétricas
de Baixa Tensão até 500 V em Ambiente Seco - Requisitos e Métodos de Ensaios.

BS EN 50321-1:2018
Live Working - Footwear for Eletrical Protection - Insulation Footwear and Overboots. Brussels.

7 Referências bibliográficas
BARROS JÚNIOR, A. Riscos elétricos e acidentes no ambiente de trabalho. São Paulo: ABEE,
2020. Disponível em: https://abee-sp.org.br/riscos-eletricos-e-acidentes-no-ambientede-trabalho
Acessado em 27 jul.2020.

CLEMENTINO, F.C.et al. Um calçado de couro resistente à passagem de corrente elétrica. Revista
Digital AdNormas, v.2, n.101, 5p., abr., 2020

MACHADO, R.P. et al. Estudos e desenvolvimento de produtos para a limpeza de EPI’s e EPC’s
utilizados em redes energizadas. Gestão, Tecnologia e Inovação, v.2, n.6, p.52-62, 2018.

OLIVEIRA, N.A.A.de; CLEMENTINO, F. C.; ZAGO, David Henrique. Instruções para escolha adequada
dos calçados profissionais de acordo com a simbologia empregada, revisado por Jorge Luiz
Dias dos Santos e Fernando Soares de Lima. São Paulo: IPT, 2020. 20p. (IPT. Publicação, 3035)

OLIVEIRA, N..A.A.de. et al. Calçados profissionais contra riscos mecânicos e suas características
específicas de proteção. Revista CIPA, ed.490, p.80-84, maio, 2020
8 Siglas
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica.

CA - Certificado de Aprovação.

EPI - Equipamento de Proteção Individual.

EVA - Etileno Acetato de Vinila

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego.

NBR - Norma Brasileira.

NR - Norma Regulamentadora.

PU - Poliuretano.

SEPRT - Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

SFE - Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade


9 Sobre os autores

Felipe Cintra Clementino


Graduado em engenharia química (2013), pós-graduado em engenharia de segurança do
Trabalho (2015), licenciado em química (2017) e mestre em ciências pela UNIFRAN- Universidade
de Franca (2019). Trabalha no Laboratorio de Quimica e Manufaturados do IPT (filial em Franca/
SP) como assistente de pesquisas, com experiencia em calçados e seus componentes desde
2011. Atuação em projetos de capacitação, pesquisa e desenvolvimento, publicações, análises
laboratoriais, auditoria técnica e representação em comitês do setor calçadista.

Nicole A. Amorim de Oliveira


Pós-graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho (2015). Engenheira química pela
Universidade de Franca (2013). Atua noLaboratorio de Quimica e Manufaturados do IPT (filial
em Franca/SP) como assistente de pesquisas, com experiência em vestimentas e calçados desde
2011. Dedica-se a pesquisa e desenvolvimento, publicações, análises laboratoriais, auditoria
técnica e de sistemas pelas normas ISO 17025 e ISO 9001, representante da qualidade e comitês
do setor calçadista.

Pedro Yuri Kovatch


Graduado em Química Industrial pela Universidade de Franca (2008),Química Licenciatura pela
Universidade de Franca (2009) e Pedagogia pela Universidade de Franca (2016) . Mestrado em
Ciências pelo Programa de pós-graduação em Ciências da Universidade de Franca (2019).
Atualmente é Assistente de Pesquisa no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo - IPT , Professor efetivo de química da rede de educação básica do Estado de São Paulo e
membro do CB-32 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para elaboração e revisão
de normas para couros, calçados e afins.

David Henrique Zago


Graduado e Licenciado em Química (2010) e (2017) respectivamente, técnico em curtimento
(2014), atuou no desenvolvimento e apresentação do projeto de Fertilizantes Organominerais
a partir de Lodos de Curtumes e Aproveitamento do Bucho Bovino (2012). Desde 2010 trabalha
no Laboratorio de Quimica e Manufaturados, em São Paulo, como Assistente de Pesquisas, com
atuação em pesquisa e desenvolvimento de materiais, consultoria em processos industriais,
análises laboratoriais, auditoria técnica e representação em comitê calçadista.

Fernando Soares de Lima


Licenciado em química pela Universidade de Mogi das Cruzes (2004), Mestre em Processos
Industriais pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (2013) e Engenheiro
de Produção Química pelas Faculdades Oswaldo Cruz (2017). Atualmente é gerente técnico do
Laboratorio de Quimica e Manufaturados do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo. Atua principalmente nos seguintes temas: tecidos técnicos, ensaios de caracterização e
avaliação do desempenho de têxteis e EPI’s, intemperismo e microencapsulação aplicada a têxteis.
Instituto Brasileiro de Tecnologia do couro, Calcado y Artefatos

IBTEC

EPI 7690/18

Laboratório de Química e Manufaturados - Unidade Franca


Av. Wilsom Bego, 300
Distrito Industrial I - Franca - SP
CEP 14406-091
(16) 3720-1033

Redes sociais
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iptsp

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IPTbr

ipt_oficial
NR 37 - Gestão de Segurança e Saúde no
Trabalho (Texto Proposto - Ministério do
Trabalho e Emprego - MTE).

37.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece


princípios e requisitos para gestão da segurança e
saúde no trabalho.
37.2 A gestão da segurança e saúde no trabalho deve ser desenvolvida por parte
de todas as empresas, observando que:

a) as empresas obrigadas a constituir SESMT, de acordo com a NR 4, devem


desenvolver um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho, incluindo
a implementação das ações de avaliação e controle de riscos;
b) as empresas não obrigadas a constituir SESMT devem implementar ações de
avaliação e controle de riscos e elaborar um planejamento anual do qual conste
pelo menos as metas, ações e cronograma para controle dos riscos avaliados.
37.3 A gestão da segurança e saúde no trabalho constitui um conjunto amplo de
iniciativas da empresa com os seguintes objetivos:
a) aprimorar o desempenho no cumprimento articulado das disposições legais e
regulamentares em segurança e saúde no trabalho;
b) integrar as ações preventivas a todas as atividades da empresa para
aperfeiçoar de maneira contínua os níveis de proteção e desempenho no campo
da segurança e saúde no trabalho.
37.4 Para fins desta NR considera-se risco a possibilidade ou chance de
ocorrerem danos à saúde ou integridade física dos trabalhadores, devendo ser
identificado em relação aos eventos ou exposições possíveis e suas
consequências potenciais.
37.4.1 O risco deve ser expresso em termos da combinação das consequências
de cada evento ou exposição possível e da probabilidade de sua ocorrência.
37.5 A gestão da segurança e saúde no trabalho deve ser conduzida sob
responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo
sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos
existentes e das necessidades de controle.
37.6 A gestão da segurança e saúde no trabalho é um processo contínuo e deve
estar integrada em todos os níveis hierárquicos, a partir de um planejamento,
incluindo as formas de organização, o uso de tecnologia e as condições de
trabalho.
37.7 A gestão de SST deve abranger quaisquer riscos à segurança e saúde,
abordando, no mínimo:
a) riscos gerados por máquinas, equipamentos, instalações, lugares e espaços de
trabalho, materiais,produtos químicos, eletricidade, incêndios e resíduos, entre
outros;
b) riscos gerados pelo ambiente de trabalho, entre eles os decorrentes da
exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, como definidos na NR 9,
incluindo o desconforto decorrente da exposição;
c) riscos gerados pela organização do trabalho, pelas relações sociais e por
inadequações nas cargas de trabalho - física, cognitiva e psíquica;
d) riscos gerados pela interação das fontes de risco acima.
37.8 A gestão da segurança e saúde no trabalho deve considerar em todo o seu
desenvolvimento e implementação os seguintes princípios preventivos:
a) evitar os riscos;
b) avaliar os riscos que não se possa evitar;
c) eliminar os riscos;
d) controlar os riscos que não possam ser evitados ou eliminados, na fonte de
geração;
e) adaptar o trabalho às pessoas, em particular com relação à concepção e projeto
dos postos de trabalho, escolha de equipamentos e métodos de trabalho e de
produção;
f) considerar a evolução tecnológica e do conhecimento;
g) substituir o que for perigoso por alternativas menos perigosas;
h) adotar medidas que privilegiem a proteção coletiva em relação à proteção
individual;
i) fornecer instruções aos trabalhadores sobre os riscos existentes e as maneiras
de preveni-los;
j) considerar a qualificação profissional dos trabalhadores em segurança e saúde
em qualquer tarefa;
k) garantir que os trabalhadores recebam informações adequadas para acessar
áreas de risco;
l) antecipar e prevenir a possibilidade de erros, distrações ou omissões;
m) considerar repercussões geradas por mudanças relacionadas a pessoal, novos
processos e procedimentos de trabalho;
n) considerar situações que possam afetar gestantes ou nutrizes, portadores de
necessidades especiais e trabalhadores sensíveis a determinadas fontes de riscos;
o) prover medidas de proteção para reduzir as conseqüências de eventos
adversos ocorridos.
37.9 Os requisitos para a gestão da segurança e saúde no trabalho estabelecidos
nesta Norma podem ser alterados pela empresa, que deve demonstrar a
correspondência entre o adotado e o previsto.
37.10 A empresa pode implementar modelos voluntários de gestão da segurança
e saúde no trabalho, desde que observados os objetivos e os requisitos previstos
nesta Norma.
37.10.1 A adoção de modelos voluntários de gestão da segurança e saúde no
trabalho desobriga as empresas das exigências dos programas obrigatórios
previstos nas demais NR, desde que atendidos todos os objetivos das normas
especificas.
Responsabilidades do empregador e dos trabalhadores
37.11 Cabe ao empregador estabelecer, implementar e assegurar a gestão
da segurança e saúde no trabalho como atividade permanente da empresa ou
organização.
37.12 O empregador deve garantir, na ocorrência de situação de grave e
iminente risco, que os trabalhadores possam interromper de imediato as suas
atividades, comunicando o fato ao superior hierárquico para as devidas
providências.
37.13 Para garantir a eficácia da gestão da SST, os trabalhadores devem:
a) colaborar e participar na sua implementação;
b) seguir as orientações recebidas;
c) informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento,
possam implicar riscos à segurança saúde dos trabalhadores.
Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho - SGSST
37.14 As empresas obrigadas a constituir SESMT devem desenvolver e
implementar um SGSST.
37.14.1 Empresas desobrigadas de constituir SESMT podem voluntariamente
desenvolver e implementar um SGSST.
37.15 O SGSST deve:
a) ser aprovado pela direção da empresa, assumido por sua estrutura
organizacional e conhecido pelos trabalhadores do estabelecimento;
b) integrar-se à administração da empresa e dirigir as atividades preventivas da
organização em segurança e saúde no trabalho;
c) abranger concepção, montagem, construção, instalação, operação e
manutenção de processos de produção e trabalho próprios ou contratados;
d) incluir as empresas com empregados atuando no seu estabelecimento;
e) garantir que os requisitos em segurança e saúde no trabalho da organização
sejam aplicados igualmente aos trabalhadores de seus contratados;
f) considerar riscos passíveis de atingir indivíduos do público.
37.16 A elaboração, implementação e avaliação do SGSST devem estar sob
coordenação dos profissionais do Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT da empresa, de modo a observar
as disposições previstas no item 4.12 da NR 4.
37.16.1 A empresa pode contar com outros profissionais que a seu critério
sejam capazes de desenvolver o disposto nesta NR.
37.17 O SGSST deve incluir, no mínimo, os seguintes
elementos:
a) política de saúde e segurança no trabalho;
b) estrutura organizacional para a gestão da segurança e saúde no trabalho;
c) planejamento e implementação do SGSST e das ações de avaliação e controle
de riscos;
d) avaliação de desempenho e revisão do Sistema.
Política de segurança e saúde no trabalho
37.18 A política de segurança e saúde no trabalho deve conter diretrizes,
objetivos e compromissos da organização, devendo ser:
a) específica para a organização;
b) concisa e clara;
c) acessível a todas as pessoas na empresa;
d) revisada periodicamente;
37.19 A política de segurança e saúde no trabalho deve expressar o
comprometimento da empresa com:
a) controle dos riscos originados ou relacionados aos processos de produção e de
trabalho;
b) cumprimento dos dispositivos legais e regulamentares e das convenções e
acordos coletivos em SST;
c) consulta permanente aos trabalhadores e seus representantes;
d) melhoria contínua do desempenho do SGSST.
e) compreensão e implementação seus princípios em todos os níveis na
organização.
Estrutura organizacional para a gestão da segurança e saúde
no trabalho
37.20 Para fazer cumprir a política de segurança e saúde no trabalho e
implementar o SGSST a empresa deve organizar e estruturar:
a) responsabilidades e relações entre os indivíduos que integram seus ambientes
de trabalho;
b) recursos técnicos, materiais e financeiros, meios de comunicações e
documentação necessários.
37.21 A empresa deve definir formalmente pessoas capacitadas e competentes
para implementar os elementos do SGSST.
Planejamento e implementação do SGSST
37.22 O planejamento para o SGSST deve considerar desde diretrizes gerais da
organização até o detalhamento para o controle de riscos específicos e
estabelecer métodos, programas e ações para a
melhoria contínua. 37.23 No planejamento das ações preventivas a empresa
deve integrar tecnologia, organização do trabalho, condições de trabalho,
relações sociais e influências dos fatores ambientais, entre outros, levando em
consideração disposições legais e regulamentares relativas a riscos específicos.
37.24 No planejamento devem ser definidos métodos, técnicas e ferramentas
adequados para a avaliação de riscos, incluindo parâmetros e critérios necessários
para a valoração dos riscos e tomada de decisão.
Avaliação de desempenho e revisão do SGSST
37.25 A empresa deve avaliar o desempenho do SGSST por meio do
acompanhamento da implementação de seus elementos, com a finalidade de
determinar em que extensão a política está sendo implementada e se os objetivos
estão sendo atingidos.
37.26 A empresa deve realizar auditorias periódicas com a finalidade de
determinar se o SGSST e seus elementos foram colocados em prática e se são
adequados e eficazes na proteção da segurança e saúde dos trabalhadores.
37.26.1 Os critérios e métodos para auditorias devem ser definidas pelas
empresas com a participação do SESMT, quando houver, e dos trabalhadores e
de seus representantes.
37.26.2 As conclusões da auditoria devem ser registradas e comunicadas aos
responsáveis pelas ações corretivas.
Ações de avaliação, controle e monitoração de riscos
37.27 As ações de avaliação e controle e monitoração de riscos,
independentemente do desenvolvimento de um SGSST, são obrigatórias para
todas as empresas.
37.28 As ações de avaliação, controle e monitoração dos riscos constituem um
processo contínuo e iterativo e devem envolver consulta e comunicação às partes
envolvidas.
37.29 As ações de avaliação e controle e monitoração de riscos podem estar
organizadas em programas que podem substituir os programas de prevenção e
gestão previstos nas demais NR, desde que atendidos os preceitos e exigências
nelas previstos.
37.30 A avaliação dos riscos deve envolver a análise das repercussões sobre a
segurança e saúde de projetos de novas instalações, métodos ou processos de
trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando a identificar os riscos
potenciais e introduzir medidas de prevenção para sua redução ou
eliminação.
37.31 A avaliação de riscos refere-se ao processo geral, abrangente, amplo de
identificação, análise e valoração, para definir ações de controle e monitoração.
Identificação dos riscos
37.32 A identificação de riscos é o processo de encontrar, reconhecer e
descrever os riscos, incluindo a identificação de fontes de riscos, de eventos
adversos ou exposições possíveis e das consequências potenciais, podendo a
empresa definir os métodos e estratégias mais adequados ao seu contexto.
37.33 A identificação de riscos deve envolver todos os riscos relacionados ao
trabalho e incluir os riscos já controlados e aqueles cujas fontes não estejam
evidentes ou sob controle da empresa.
37.34 A empresa não precisa considerar na identificação de riscos aqueles
associados com atividades típicas da vida cotidiana, que não sejam capazes de
comprometer a segurança e saúde dos trabalhadores, a menos que a atividade ou
organização de trabalho amplifiquem esses riscos ou que
tenham ocorrido acidentes ou doenças do trabalho deles decorrentes.
37.34.1 A empresa está dispensada de ações de avaliação e controle nos
estabelecimentos em que não tenham sido identificados riscos no trabalho.
37.34.2 O Auditor Fiscal do Trabalho, por motivos justificados, pode solicitar
declaração do empregador de que o estabelecimento se enquadra na situação
especificada no item 35.34.
37.35 O Auditor Fiscal do Trabalho pode solicitar, por motivos justificados,
avaliações de risco mais aprofundadas para verificar se o processo de
identificação de riscos foi adequado.
Análise dos riscos
37.36 Os riscos identificados devem ser analisados, utilizando-se métodos e
técnicas apropriados à sua natureza.
37.37 A análise de risco constitui processo sistemático de compreender a
natureza do risco e de determinar sua magnitude ou nível, a partir da estimativa
da gravidade e probabilidade das
conseqüências possíveis.
37.38 Para a análise de riscos podem ser utilizadas abordagens qualitativas,
semi-quantitativas, quantitativas ou combinação dessas, dependendo das
circunstâncias e natureza do risco.
Valoração dos riscos
37.39 A valoração do risco refere-se ao processo de comparar a magnitude ou
nível do risco em relação a critérios previamente definidos para estabelecer
prioridades e fundamentar decisões sobre o
controle/tratamento do risco.
Controle e monitoração dos riscos
37.40 A empresa, com base na avaliação dos riscos, deve estabelecer programas
ou planos indicando as ações a serem desenvolvidas, cronograma de
implementação, recursos, responsáveis e ações de
monitoração, contemplando, no que se aplicar:
a) medidas para evitar a introdução de novos riscos;
b) medidas para eliminar ou reduzir os riscos;
c) informação, formação e participação dos trabalhadores;
d) atuações frente a mudanças previsíveis;
e) atuação frente a situações de emergência previsíveis;
f) atividades de monitoração das condições de trabalho;
g) acompanhamento da eficácia das medidas de controle implementadas;
h) atividades de vigilância da saúde dos trabalhadores.
37.41 A empresa, ao estabelecer medidas de controle, deve observar a seguinte
ordem de prioridade:
a) evitar o risco, tomando a decisão de não iniciar ou continuar atividade que dê
origem a riscos;
b) eliminar as fontes de risco;
c) reduzir os riscos, alterando a probabilidade ou a gravidade das consequências
possíveis por meio da adoção de medidas de engenharia ou organizacionais.
37.42 A empresa deve definir formalmente pessoas capacitadas e competentes
para implementar as medidas de controle dos riscos relacionados à SST.
37.43 Quando comprovado pela organização a inviabilidade técnica da adoção
de medidas de proteção coletiva, ou quando estas não forem suficientes ou
estiverem em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter
complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas,
obedecendo-se à seguinte hierarquia:
a) medidas de caráter administrativo;
b) utilização de equipamento de proteção individual - EPI.
37.44 A utilização de EPI deve ser baseada em programa específico e deve
considerar as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no
trabalho e envolver no mínimo:
a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está
exposto e à atividade exercida, considerando-se a eficiência necessária para o
controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do
trabalhador usuário;
b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e
orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece;
c) estabelecimento de normas ou procedimento para promover o fornecimento,
uso, guarda, conservação, manutenção e reposição do EPI, visando a garantir as
condições de proteção originalmente estabelecidas;
d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva
identificação dos EPI adequados para os riscos.
37.45 Com vistas a estabelecer critérios de priorização das medidas de controle,
a empresa deve considerar, para cada uma delas:
a) aplicabilidade em diferentes situações;
b) estabilidade no tempo;
c) possibilidade de deslocamento de riscos ou geração de outros;
d) possibilidade de acréscimos de exigências ao operador;
e) prazo de implantação compatível com a valoração do risco.
37.46 A implantação das medidas de controle deve ser acompanhada de
capacitação dos trabalhadores quanto aos procedimentos que assegurem sua
eficácia, bem como de informação acerca de suas limitações.
37.47 As empresas não devem restringir o controle de riscos a, isoladamente,
medidas comportamentais, treinamento ou fornecimento de EPI.
37.48 As medidas de controle implementadas devem garantir a segurança dos
empregados da empresa, dos contratados a seu serviço e de todas as pessoas que
possam ter acesso ao estabelecimento ou estar nas proximidades.
37.49 A empresa deve monitorar a efetividade das medidas de controle dos
riscos por meio de indicadores ativos e reativos.
37.49.1 A monitoração por indicadores ativos deve abranger, no mínimo:
a) verificação do cumprimento de planos de controle de riscos e do atendimento
aos objetivos estabelecidos;
b) inspeção sistemática de métodos, locais, instalações e equipamentos de
trabalho;
c) vigilância do ambiente de trabalho incluindo a organização de trabalho;
d) acompanhamento da saúde dos trabalhadores; e
e) avaliação do cumprimento das disposições legais e regulamentares e das
convenções e acordos coletivos.
37.49.2 A monitoração por indicadores reativos deve incluir análise de
informações relativas a danos à saúde e a eventos adversos ocorridos,
relacionados com o trabalho.
Ações de consulta e comunicação
37.50 A empresa deve manter atividades de consulta e comunicação com as
partes envolvidas, externas e internas à organização, em todas as fases do
processo de gestão da segurança e saúde no trabalho.
37.51 O empregador deve assegurar que os trabalhadores no estabelecimento
sejam informados e capacitados em aspectos de segurança e saúde associados ao
seu trabalho, incluindo as medidas relativas a situações de emergência.
37.52 O empregador deve adotar medidas para que os trabalhadores disponham
de tempo e recursos para participar dos processos de gestão da segurança e saúde
no trabalho.
37.53. O conhecimento e a percepção que os trabalhadores tem do processo de
trabalho e dos riscos presentes deverão ser considerados na gestão da segurança e
saúde no trabalho.
37.54 A empresa deve garantir que dúvidas, idéias e sugestões dos
trabalhadores e seus representantes sobre segurança e saúde no trabalho sejam
recebidas e consideradas.
Relações entre contratantes e contratadas
37.55 Sempre que vários empregadores realizem simultaneamente atividades no
mesmo local de trabalho, devem executar ações integradas de gestão da
segurança e saúde no trabalho.
37.56 As empresas que contratam outras para trabalhar em seu estabelecimento
devem incluir nos processos de gestão da segurança e saúde no trabalho:
a) critérios de segurança e saúde no trabalho nos procedimentos de avaliação e
seleção de contratados;
b) comunicação aos contratados dos riscos existentes no estabelecimento;
c) capacitação de contratados sobre práticas seguras de trabalho, riscos e
medidas de controle, antes do início dos trabalhos e regularmente, conforme a
necessidade;
d) processos de coordenação para gestão integrada da segurança e saúde no
trabalho;
e) critérios de notificação de lesões, enfermidades, doenças e eventos adversos
relacionados com o trabalho;
f) monitoração periódica do desempenho dos contratados em segurança e saúde
no trabalho; e
g) garantia de adoção de procedimentos e medidas relativas à segurança e saúde
no trabalho pelos contratados.
Atuação em eventos adversos e emergências
37.57 Devem integrar a gestão de SST as análises de acidentes de trabalho ou
de outros eventos adversos e a implementação de ações corretivas e de
prevenção.
37.58 As análises de acidentes de trabalho ou de outros eventos adversos devem
ser desenvolvidas pelos empregadores com a participação dos trabalhadores, da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA e do Serviço Especializado
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, onde
houver, podendo incluir outros profissionais, sendo sua abrangência e
detalhamento função das características do evento.
37.59 Cabe à empresa determinar os procedimentos que devem ser adotados em
caso de acidentes de trabalho e de outros eventos adversos, tais como:
a) procedimentos de emergência para controle da situação e de socorro às
pessoas envolvidas;
b) mecanismos de comunicação para atendimento das exigências legais;
c) realização da análise do evento;
d) meios de divulgação dos resultados das análises;
e) implementação das medidas de controle dos riscos identificados.
37.60 As análises de eventos adversos devem obedecer às seguintes diretrizes:
a) buscar compreendê-los em sua complexidade, evitando conclusões
reducionistas que não contribuam para a prevenção de outros eventos adversos;
b) evitar a utilização de métodos de análise focados predominantemente no
comportamento dos trabalhadores;
c) considerar as situações de trabalho geradoras dos eventos adversos, buscando
compreender como o trabalho habitual era de fato realizado.
37.61 As análises de eventos adversos devem:
a) ser iniciadas o mais brevemente possível;
b) ser desenvolvidas em equipe;
c) apontar os fatores imediatos, subjacentes e latentes relacionados com o
evento;
d) considerar fatores relativos aos indivíduos, às atividades, ao meio ambiente
de trabalho, aos materiais e à organização da produção e do trabalho, de forma
que não se restrinja a identificar apenas fatores de ordem pessoal;
e) relacionar as medidas de controle necessárias;
f) ser registradas em relatório de modo a facilitar a comunicação e o diálogo para
a prevenção.
37.62 Para que as análises de acidentes de trabalho ou de outros eventos
adversos resultem em melhoria contínua das condições de trabalho, as empresas
devem assegurar:
a) capacitação de pessoas para conduzir as análises;
b) tempo e meios adequados;
c) definição de cronograma e responsáveis pela adoção de ações corretivas e de
prevenção;
d) implementação efetiva das medidas planejadas;
e) mecanismos de estímulo à participação das pessoas envolvidas.
37.63 Acidentes de trabalho ou outros eventos adversos que envolvam mais de
uma empresa devem ser analisados com a participação de todas as envolvidas, as
quais são responsáveis pela implementação das medidas necessárias.
35.64 A empresa deve definir medidas de prevenção, preparação e resposta a
emergências, em cooperação com serviços externos públicos e privados de
cuidado de emergências.
Documentação de gestão da segurança e saúde no
trabalho 37.65 De acordo com as obrigações contidas nesta NR, o porte e a
natureza da empresa, deve ser elaborada e mantida atualizada uma documentação
sobre gestão da segurança e saúde no trabalho que inclua no mínimo:
a) registro sistematizado de todos os riscos existentes nos estabelecimentos da
empresa;
b) descrição das ações de controle e de monitorações;
c) plano anual de ações;
d) registros dos resultados das avaliações e monitorações realizadas.
37.65.1 Ficam dispensadas de apresentar os documentos especificados no item
35.65 as empresas em que não forem identificados riscos.
37.66 As empresas obrigadas a desenvolver SGSST devem manter atualizados
os seguintes documentos:
a) documento estratégico contendo a política e descrição dos elementos do
sistema;
b) documento demonstrando a equivalência dos requisitos exigidos nesta NR
com os dos modelos voluntários adotados, quando for o caso;
c) todos os demais documentos previstos no sistema adotado.
37.67 A empresa pode manter os documentos relacionados a esta NR em meio
eletrônico, à exceção dos registros sistematizados das avaliações de risco e do
plano de ação anual.

Observação: Texto ainda não publicado oficialmente, apenas disponível para


consulta pública.

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