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Laboratório de Química e Manufaturados - Unidade Franca

Instruções para escolha


adequada do calçado
profissional isolante elétrico

SÃO PAULO - 2021


Laboratório de Química e
Manufaturados - Unidade Franca
Instruções para escolha adequada do calçado
profissional isolante elétrico
Governador
João Agripino da Costa Doria Junior
Secretaria de Desenvolvimento Econômico
Patricia Ellen da Silva
Diretor Presidente do IPT
Jefferson de Oliveira Gomes
Diretora de Inovação e Negócios
Claudia Echevenguá Teixeira
Diretora Financeira e Administrativa
Flávia Gutierrez Motta
Diretor de Operações
Adriano Marim de Oliveira
Autores
Felipe Cintra Clementino
Nicole Aparecida Amorim de Oliveira
David Henrique Zago
Pedro Yuri Kovatch

Revisão Técnica
Fernando Soares de Lima

ACC - Assessoria de Comunicação Corporativa


Diagramação e projeto gráfico
Luiz Silviano

Revisão
Flavio Sergio Jorge de Freitas

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Instruções para escolha adequada ao calçadoprofissional isolante elétrico [livro eletrônico] / Felipe
Clementino ... [et al.] ; Fernando Soares Lima. -- 1. ed. -- São Paulo : Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo, 2021. -- (IPT publicação ; 3044)
PDF

Outros autores : Nicole Aparecida Amorim de Oliveira, David Henrique Zago, Pedro Yuri Kovatch.
Bibliografia
ISBN 978-65-5702-011-1

1. Acidentes de trânsito - Leis e legislação - Brasil 2. Calçado profissional isolante elétrico 3. Eletricidade -
Acidentes e ferimentos 4. Segurança do trabalho - Equipamento e acessórios. I. Oliveira, Nicole Aparecida
Amorim de. II. Zago, David Henrique. III. Kovatch, Pedro Yuri.

21-69468 CDD-363.11

Índices para catálogo sistemático:


1. Seguran  a do trabalho : Bem-estar social 363.11
Aline Graziele Benitez - Bibliotec  ria - CRB-1/3129

3
SUMÁRIO

1 Objetivo ................................................................................................................................................................................... 5

2 Introdução ........................................................................................................................................................................... 5

3 Os calçados ...................................................................................................................................................................... 7

4 As normas vigentes ............................................................................................................................................. 8

4.1 Norma para calçados isolantes elétricos de classe I. (ABNT NBR 16603:2017) ...... 9

4.2 Norma para calçados isolantes elétricos de classe II. (EN 50321-1:2018) ................... 14

5 Conclusão .......................................................................................................................................................................... 17

6 Referências normativas ................................................................................................................................ 17

7 Referências bibliográficas ........................................................................................................................ 18

8 Siglas ......................................................................................................................................................................................... 19

9 Autores .................................................................................................................................................................................... 20

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Instruções para escolha adequada
do calçado profissional isolante elétrico

1 Objetivo
O presente documento tem como objetivo auxiliar os profissionais que atuam nas proximidades
de sistemas elétricos a realizarem a escolha adequada dos calçados profissionais em consonância
com as normatizações adotadas pelos órgãos competentes, visando reduzir os danos decorrentes
de acidentes de trabalho por fatores elétricos.

2 Introdução
Mais de 60% da constituição do corpo humano é de água e sais minerais: isso o torna um bom
condutor elétrico (BARROS JUNIOR, 2020). Em decorrência, acidentes elétricos são bastante
comuns, mas podem ser evitados com a adoção de medidas de segurança, conhecimento
técnico e metodologias de trabalho adequados.

A norma regulamentadora Nº 10 (NR 10), determina as condições para o trabalho em instalações


elétricas, desde o projeto até a manutenção e a ampliação de redes elétricas, visando elaborar
medidas preventivas e de controle de acidentes de forma a garantir a integridade dos
trabalhadores em serviços com eletricidade.

Segundo as diretrizes da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a fiscalização dos serviços de
distribuição é realizada pela Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade (SFE) e
tem por propósito direcionar as empresas distribuidoras na adequada prestação do serviço público
de distribuição de energia elétrica, especialmente nos aspectos relacionados ao atendimento
comercial e aos indicadores de desempenho, técnicos e comercial, como também estipular que
haja uma frequente manutenção nas redes (MACHADO, 2018). Para garantir a integridade do
colaborador que realiza o serviço, é necessário que haja a qualificação do trabalhador, treinamentos
e utilização de equipamentos de proteção coletiva e/ou individuais (NR10).

Conforme a Norma Regulamentadora n°6 (NR6), toda empresa deve fornecer de forma gratuita
aos seus colaboradores os EPIs adequados aos riscos inerentes às funções, estando em perfeito
estado de conservação e funcionamento. A escolha do EPI correto para a função deve ser efetuada
por um profissional qualificado, pois a escolha de produtos inadequados pode corresponder
à ausência de proteção para o usuário efetuar a atividade, elevando o risco de acidente para
desempenho da função.

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Essas classes são subdivididas ainda em segurança, proteção ou ocupacional. Os calçados de
segurança e proteção possuem como característica uma biqueira que protege os dedos dos pés
contra quedas de materiais pesados, enquanto os ocupacionais não têm como intuito este tipo
de proteção. O Quadro 1 diferencia os tipos de calçados e mostra suas classificações de acordo
com os resultados obtidos em ensaios:

Quadro 1: Tipos de calçados de acordo com os resultados dos ensaios

Presença de biqueira Energia de Força de


Tipo de calçado
de desempenho impacto compressão

Segurança Sim 200 J 15 kN

Proteção Sim 100 J 10 kN

Ocupacional Não Não se aplica Não se aplica

Fonte: elaborado pelos autores

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3 Os calçados

Para entender um pouco mais sobre as informações seguintes, é necessário indicarmos as partes
integrantes dos calçados.

A Figura 1 mostra um calçado em corte horizontal e as partes integrantes do calçado.

Figura 1: calçado em corte horizontal

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4
3

Fonte: : OLIVEIRA, CLEMENTINO, ZAGO., 2020

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1 - Cabedal: parte superior do calçado; pode ser confeccionada em materiais como couro, laminados
sintéticos, materiais têxteis, poliméricos e elastoméricos. Deve apresentar resistência mecânica e
para calçados de classe I. O material deve ser transpirável, para absorver e expulsar parte do suor
gerado pelo pé;

2- Palmilha interna: Palmilha para conforto, normalmente confeccionada em látex, Poliuretano (PU)
ou Etileno Acetato de Vinila (EVA); deve apresentar capacidade de permear ou de absorver parte
do suor gerado pelo pé, e deve possuir resistência ao desgaste pela abrasão;

3- Palmilha de montagem: Palmilha fixa, utilizada para auxiliar na montagem do calçado; deve
possuir resistência ao desgaste e ser capaz de absorver e dessorver (eliminar) o suor.

4- Biqueira: Constituída em materiais rígidos como aço e composite, tem o objetivo de proteger os
dedos do trabalhador contra quedas de materiais pesados.

5- Solado: Parte inferior do calçado que irá em contato com o chão. Diversos materiais podem ser
empregados na sua fabricação, desde que tenham propriedades físicas positivas, como baixo
desgaste, resistência mecânica e resistência ao escorregamento, entre outras.

4 As normas vigentes
As normas a serem adotadas no Brasil para a certificação de calçados profissionais estão presentes
na Portaria n° 121 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de 2009. Para calçados, foram
adotadas como normas básicas a ABNT NBR ISO 20344, ABNT NBR ISO 20345, ABNT NBR ISO 20346
e ABNT NBR ISO 20347. Estas versões foram atualizadas e regularizadas pela Portaria nº 11.437, de
8 de maio de 2020, sendo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT) responsável pela
emissão dos certificados de aprovação (CA).

Os métodos de realização dos ensaios básicos em calçados e seus componentes, como cabedal,
forros, palmilhas e solados, são especificados pela norma ABNT NBR ISO 20344, com exceção de
alguns ensaios cujas metodologias estão em outras normas, porém são citadas pela NBR 20344.

Os parâmetros normativos de especificação a serem obrigatoriamente atendidos são indicados


nas normas ABNT NBR ISO 20345, ABNT NBR ISO 20346 e ABNT NBR 20347; sendo as normas NBR
ISO 20345 e NBR ISO 20346 similares e adotadas para calçados que possuem biqueiras, diferindo-
se apenas nos métodos dos ensaios de impacto e compressão de biqueira. Para essa, o ensaio de
impacto deve ser realizado com energia de 100 J e força de 10 kN de compressão enquanto que,
para aquela, o ensaio de impacto deve ser realizado com energia de 200 J. A norma NBR ISO 20347
é utilizada para calçados que não possuem biqueiras para proteção dos dedos.

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Os ensaios elétricos são determinados conforme a classe do calçado, sendo a norma ABNT NBR
16603:2017 que trata de calçados isolante elétrico da classe I e a norma BS EN 50321-1:2018 para
os calçados da classe II.

Os calçados para proteção contra agentes térmicos de alta intensidade (calçados para bombeiros),
contra agentes químicos, corte por motosserra e calçados específicos para proteção contra metais
fundidos (calçados para uso em metalúrgicas e siderúrgicas) não são abordados nesse documento, pois
seguem métodos de ensaios e parâmetros de especificação detalhados por outras normas técnicas.

4.1 Norma para calçados isolantes elétricos de classe I. (ABNT NBR 16603:2017)

Os calçados elétricos de classe I podem se enquadrar entre os desenhos A, B, C ouD, de acordo


com a altura do cano do calçado, conforme a Figura 2:

Figura 2: Desenhos dos calçados

A B C D
calçado Baixo botina bota meio-cano bota de cano longo

Fonte: ABNT NBR 16603:2017.

Conforme a norma ABNT NBR 16603:2017, estes calçados são específicos para trabalhos em
instalações de baixa voltagem, de até 500 V, em condições secas. Devem ser fabricados com sola
não condutiva, resistente à passagem de corrente elétrica, de modo que proteja o usuário contra
os perigos de um contato acidental com peças e/ou circuitos elétricos energizados.

Na construção do calçado não pode haver a presença de materiais metálicos, como alma de aço,
ilhoses, fivelas, zíper, pregos, rebites, tarraxinhas, biqueira de aço e palmilha antiperfurante de aço,
dentre outros. O calçado deve possuir o menor número possível de costuras e peças, não sendo
permitido que haja costuras ornamentais ao longo do cabedal.

Caso haja a necessidade de costura, esta não pode se localizar na região de flexão do calçado
(região hachurada da Figura 3), e sim preferencialmente próxima à região do salto.

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Figura 3: Desenhos dos calçados

A B C D
calçado Baixo botina bota meio-cano bota de cano longo

Fonte: ABNT NBR 16603:2017.

Todos os calçados devem possuir marcação legível e que não seja de fácil remoção, contendo as
seguintes informações: marca de identificação do fabricante, data de fabricação (lote), número
do CA e pictograma, que devem se localizar no lado externo do calçado; o tamanho do calçado,
a designação do modelo, o número e o ano da norma e a simbologia apropriada para proteção
oferecida podem se localizar tanto na parte externa como na interna.

De acordo com a norma, os calçados devem apresentar as simbologias básicas SI, PI e OI aplicáveis
a calçados de segurança, proteção e ocupacionais, respectivamente, significando que eles foram
submetidos aos ensaios obrigatórios e obtiveram resultados satisfatórios em todos os requisitos. É
exigida a aprovação em ao menos um tipo de ensaio de escorregamento, e é imprescindível que
seja informado no calçado a simbologia correspondente deste ensaio, podendo variar de SRA, SRB
ou SRC, conforme Quadro 2.

Quadro 2: simbologia para o ensaio de escorregamento

Simbologia Significado atribuído

SRA Ensaio de escorregamento em piso cerâmico com solução de detergente. Ideal para calçados utilizados
em posto de trabalho com superfícies secas que podem ter o contato com a água e detergentes, especial-
mente em pisos cerâmicos, por exemplo, serviços de limpeza, linha de produção, etc.

SRB Quando submetido a ensaio de escorregamento tendo como premissa a utilização do calçado
em um posto de trabalho de piso de aço ou outro similarmente liso na presença de lubrificantes,
por exemplo; postos de combustíveis; plataforma para extração de petróleo; oficinas mecânicas;
refinarias; usinas de álcool e açúcar; frigorífico e cozinhas.

SRC Quando submetido aos dois tipos de ensaios citados anteriormente. São adequados a trabalhadores
que podem se deparar com ambas situações no seu posto de trabalho.

Fonte: Oliveira, et al. (2020).

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A proteção desse calçado é enfraquecida quando o calçado é exposto a ambientes úmidos,
molhados, ao frio, produtos químicos, óleos, combustíveis e desgaste excessivo da sola como
também possíveis danos no cabedal. Por estes possíveis problemas, este tipo de calçado possui
restrição quanto aos ensaios adicionais, os quais estão apresentados no Quadro 3, impossibilitando
de possuir as simbologias: CI (resistência ao frio), WR (resistência á água), FO (resistência ao óleo
combustível) e CR (resistência ao corte).

Quadro 3: Simbologias adicionais aplicadas a calçados isolante elétricos

Ensaio Simbologia Utilizações


Penetração da Sola P Determina a resistência do calçado à penetração da sola por objetos perfurantes, como pregos,
parafusos, estacas etc.

Isolamento HI Determina a capacidade do calçado em proteger os pés em ambientes com altas temperaturas,
ao calor evitando o ganho de calor excessivo do ambiente.

Absorção de E Calçado aplicado para trabalhos que exijam que o trabalhador fique muito tempo na posição em
energia na pé, absorvendo a energia e não sobrecarregando a coluna vertebral.
região do salto

Proteção do M Determina a capacidade do calçado em proteger os pés contra impactos na região dorsal do pé.
metatarso

Proteção do AN Determina a capacidade do calçado em proteger o usuário contra impactos na região do tornozelo.
tornozelo

Resistência ao HRO Determina a resistência do solado a suportar altas temperaturas.


calor de contato

Fonte: elaborado pelos autores com dados da ABNT NBR 16603:2017 e Oliveira et al. (2020).

O símbolo deve ser colocado na parte do cabedal do calçado e deve apresentar dimensões e cores
conforme a Figura 4.

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Figura 4: Formato, dimensões e cores do pictograma

Fonte: : ABNT NBR 16603:2017.

Acerca dos ensaios, o que diferencia o calçado isolante elétrico para os demais calçados profissionais
de classe I, é a obrigatoriedade do ensaio de absorção e penetração de água no cabedal, o ensaio
de resistência elétrica e de isolamento elétrico ou resistência à corrente de fuga, onde o mesmo é
submetido á uma tensão de 14 kV.

O ensaio de penetração de água tem o objetivo de garantir que, mesmo que o calçado tenha
contato com água, esta não penetre por seu cabedal. O ensaio consiste em retirar corpos de prova
do cabedal e desgastar seu acabamento com uma lixa para simular o desgaste provocado pelo
tempo de seu acabamento muitas vezes impermeável, para assim coloca-los em contato com água
por durante 1 hora, e medir o quanto penetra de água e o quanto o corpo de prova absorve, não
podendo passar certo limite para aprovação do mesmo. Deve-se ressaltar que, apesar de requerer
baixos índices de absorção e penetração de água, os materiais utilizados como cabedal da classe
I devem ser respiráveis, ou seja, serem capazes de absorver e eliminar o suor produzido pelos
pés durante o uso do calçado. O ensaio que avaliação o comportamento do calçado quanto a
respirabilidade é o de Determinação da permeabilidade, absorção e coeficiente de vapor de água.

O ensaio de resistência elétrica consiste em colocar o calçado sobre uma placa de cobre contendo
um eletrodo em sua extremidade, e adicionar por dentro do calçado 5 kg de esferas de aço com
outro eletrodo fixado na palmilha perto da região de flexão do calçado, é aplicada uma tensão de
100 V em corrente contínua e medida por meio de um megômetro a resistência do calçado. O ensaio
também é realizado em condições críticas, sendo necessário um pré-condicionamento das amostras
em uma câmara climática com temperatura controlada em (20 ± 2) º C e (85 ± 5)% de umidade relativa,

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por 168 horas (7 dias). Para evitar possíveis falsos positivos a sola do calçado é pintada antes do
condicionamento com uma laca condutiva facilitando a identificação de possíveis defeitos/fissuras
em regiões entre os ressaltos (cravos/relevos), pois essas regiões não entram em contato com a placa
de cobre sobre qual o calçado fica durante a medição da resistência elétrica (CLEMENTINO, 2020).

Para o isolamento elétrico, os calçados são pré-condicionados em temperatura de (20 ± 2) º C e


(50 ± 5) % de umidade relativa por 48 h (2 dias), após isso o calçado ensaiado é colocado sobre
um dispositivo que possui um eletrodo em sua borda, esferas de aço também são colocadas por
dentro do calçado junto com outro eletrodo, é utilizado uma fonte de alta-tensão (transformador)
para aplicar a tensão em uma taxa de 1kV/s até 14 kV em 60 Hz por durante 1 minuto, para se obter
o valor da corrente elétrica que passa pelo calçado.

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4.2 Norma para calçados isolantes elétricos de classe II. (EN 50321-1:2018)
Figura 5: Calçado após pré-condicionamento para ensaio de resistência elétrica

Fonte: os autores.

Os calçados isolantes elétricos produzidos completamente em material polimérico ou elastômeros


são ensaiados de acordo com a norma EN 50321-1:2018, e visam fornecer proteção contra choques
elétricos aos usuários que trabalham com linhas vivas ou próximos a elas, em instalações com
tensão de até 36.000 V em corrente alternada ou 25.500 V em corrente contínua.

As marcações básicas deste calçado são similares aos calçados profissionais regidos pelas normas
ABNT NBR ISO 20345, 20346, 20347, não possuindo simbologia específica para isolantes elétricos.
Os ensaios básicos são: “SB” (Segurança Básico), “PB” (Proteção Básico) e “OB” (Ocupacional Básico).

Ao contrário do calçado isolante elétrico de classe I, este calçado pode ser exposto a ambientes
úmidos, ao frio, a produtos químicos, óleos combustíveis, permitindo a possibilidade de se obter
calçados com as seguintes simbologias adicionais: P (resistência à penetração), HI (resistência ao
calor), CI (resistência ao frio), E (absorção de energia na área do salto), M (proteção do metatarso),
AN (proteção do tornozelo), CR (resistência ao corte), HRO (resistência ao calor de contato) e FO
(resistência ao óleo combustível).

Neste calçado não há restrição quanto à utilização de peças metálicas, possibilitando a existência
de biqueiras e palmilhas antiperfurantes de aço como parte da sua composição.

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Há diferentes classes elétricas para este tipo de calçado, sendo que o fabricante deve informar no
calçado qual é a classe pertencente. Essa classificação é feita de acordo com o nível de isolamento
elétrico do calçado, conforme o Quadro 4.

Quadro 4: Classificação do calçado elétrico de classe II e suas aplicações

Classe do calçado Aplicação do calçado

00 Para instalações com tensão nominal de até 500 V corrente alternada ou 750 V corrente contínua.

0 Para instalações com tensão nominal de até 1000 V corrente alternada ou 1500 V corrente contínua.

1 Para instalações com tensão nominal de até 7500 V corrente alternada ou 11250 V corrente contínua.

2 Para instalações com tensão nominal de até 17000 V corrente alternada ou 25500 V corrente contínua.

3 Para instalações com tensão nominal de até 26500 V corrente alternada.

4 Para instalações com tensão nominal de até 36000 V corrente alternada.

Fonte: BSI Standards Organization BS EN 50321-1:2018.

Este calçado deve possuir um pictograma e um campo próximo a ele destinado à anotação da
data do primeiro uso, como também a data da inspeção periódica do calçado. Este pictograma
tem o formato de duplo triângulo e possui uma cor específica para cada classe de aplicação. O
pictograma e suas cores podem ser visualizados na Figura 5.

Figura 6: Formato, dimensões e cores do pictograma.

Classe Cor
00 Beje
0 Vermelho
1 Branco
2 Amarelo
3 Verde
4 Laranja

Fonte: BSI Standards Organization BS EN 50321-1:2018

Para este tipo de calçado não é realizado o ensaio de penetração de água, pois o mesmo passa
pelo ensaio de resistência ao vazamento de ar, quando é colocado em um tanque de água com
sua borda superior vedada. É aplicado um jato de ar com uma determinada pressão, para garantir
que não há presença de furos no calçado, garantindo sua impermeabilidade.

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O ensaio de resistência elétrica também não é aplicável para este tipo de calçado; além disso, o
teste de isolamento elétrico é realizado após pré-condicionamento no qual o calçado é submerso
em água por (16 ± 0,5) h. O calçado é então colocado em um recipiente contendo um eletrodo
e novamente água; outro eletrodo é posicionado dentro do calçado, também na presença de
água. O nível de água interno e externo depende do tipo do desenho do calçado e seu respectivo
tamanho. A escolha do tipo de corrente utilizada no ensaio (contínua ou alternada), assim como o
valor da tensão, é determinada pelo fabricante do calçado ao escolher a classe elétrica para o EPI.

Figura 7: Calçado sendo preparado para o ensaio de isolamento elétrico conforme a norma BS EN 50321-1:2018.

Fonte: os autores.

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5 Conclusão
Apesar de serem submetidos a ensaios semelhantes, os dois tipos de calçados elétricos previstos
possuem características diferentes, o que implica em usos diferenciados. Para garantir a proteção
adequada do trabalhador, deve ser realizada uma análise do ambiente no qual o trabalhador
irá operar para uma possível escolha do EPI correto. Além disso, o desgaste do calçado implica
severamente no nível de proteção do mesmo, sendo necessária uma avaliação contínua do grau
de conservação do calçado pelo usuário. É aconselhável que estes calçados sejam utilizados
apenas nos postos de trabalho para diminuir o desgaste natural e possíveis perfurações e cortes.
Vale entender que a simbologia “E” indica absorção de energia na região do salto e leva em
consideração apenas a energia potencial causada pelo corpo humano e sua pisada, não possuindo
necessariamente qualquer característica de isolamento elétrico, sendo necessária a presença das
normas, pictogramas e/ou outras simbologias adequadas para este fim citadas neste documento.

6 Rerefências Normativas
Norma_Regulamentadora_Nº10
Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - EPI.

Norma_Regulamentadora_Nº6 Portaria_Nº_121,_de_30_de_setembro_2009
Equipamento de Proteção Individual - EPI. Estabelece as normas técnicas de ensaios e os requisitos
obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual - EPI enquadrados no Anexo I da
NR-6 e dá outras providências.

ABNT NBR ISO 20344:2015


Equipamento de proteção individual - Métodos de ensaio para calçados.

ABNT NBR ISO 20345:2015


Equipamento de proteção individual - Calçado de segurança.

ABNT NBR ISO 20346:2015


Equipamento de proteção individual - Calçadode proteção.

ABNT NBR ISO 20347:2015


Equipamento de proteção individual - Calçado ocupacional.

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Portaria nº 11.437, de 8 de maio de2020
Estabelece as normas técnicas de ensaios e osrequisitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de
Proteção Individual - EPI enquadrados no Anexo I da NR-6 e dá outras providências.

ABNT NBR ISO 16603:2017


Equipamento de Proteção Individual - Calçado Isolante Elétrico para Trabalhos em Instalações Elétricas
de Baixa Tensão até 500 V em Ambiente Seco - Requisitos e Métodos de Ensaios.

BS EN 50321-1:2018
Live Working - Footwear for Eletrical Protection - Insulation Footwear and Overboots. Brussels.

7 Referências bibliográficas
BARROS JÚNIOR, A. Riscos elétricos e acidentes no ambiente de trabalho. São Paulo: ABEE,
2020. Disponível em: https://abee-sp.org.br/riscos-eletricos-e-acidentes-no-ambientede-trabalho
Acessado em 27 jul.2020.

CLEMENTINO, F.C.et al. Um calçado de couro resistente à passagem de corrente elétrica. Revista
Digital AdNormas, v.2, n.101, 5p., abr., 2020

MACHADO, R.P. et al. Estudos e desenvolvimento de produtos para a limpeza de EPI’s e EPC’s
utilizados em redes energizadas. Gestão, Tecnologia e Inovação, v.2, n.6, p.52-62, 2018.

OLIVEIRA, N.A.A.de; CLEMENTINO, F. C.; ZAGO, David Henrique. Instruções para escolha adequada
dos calçados profissionais de acordo com a simbologia empregada, revisado por Jorge Luiz
Dias dos Santos e Fernando Soares de Lima. São Paulo: IPT, 2020. 20p. (IPT. Publicação, 3035)

OLIVEIRA, N..A.A.de. et al. Calçados profissionais contra riscos mecânicos e suas características
específicas de proteção. Revista CIPA, ed.490, p.80-84, maio, 2020

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8 Siglas
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica.

CA - Certificado de Aprovação.

EPI - Equipamento de Proteção Individual.

EVA - Etileno Acetato de Vinila

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego.

NBR - Norma Brasileira.

NR - Norma Regulamentadora.

PU - Poliuretano.

SEPRT - Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

SFE - Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade

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9 Sobre os autores

Felipe Cintra Clementino


Graduado em engenharia química (2013), pós-graduado em engenharia de segurança do
Trabalho (2015), licenciado em química (2017) e mestre em ciências pela UNIFRAN- Universidade
de Franca (2019). Trabalha no Laboratorio de Quimica e Manufaturados do IPT (filial em Franca/
SP) como assistente de pesquisas, com experiencia em calçados e seus componentes desde
2011. Atuação em projetos de capacitação, pesquisa e desenvolvimento, publicações, análises
laboratoriais, auditoria técnica e representação em comitês do setor calçadista.

Nicole A. Amorim de Oliveira


Pós-graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho (2015). Engenheira química pela
Universidade de Franca (2013). Atua noLaboratorio de Quimica e Manufaturados do IPT (filial
em Franca/SP) como assistente de pesquisas, com experiência em vestimentas e calçados desde
2011. Dedica-se a pesquisa e desenvolvimento, publicações, análises laboratoriais, auditoria
técnica e de sistemas pelas normas ISO 17025 e ISO 9001, representante da qualidade e comitês
do setor calçadista.

Pedro Yuri Kovatch


Graduado em Química Industrial pela Universidade de Franca (2008),Química Licenciatura pela
Universidade de Franca (2009) e Pedagogia pela Universidade de Franca (2016) . Mestrado em
Ciências pelo Programa de pós-graduação em Ciências da Universidade de Franca (2019).
Atualmente é Assistente de Pesquisa no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo - IPT , Professor efetivo de química da rede de educação básica do Estado de São Paulo e
membro do CB-32 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para elaboração e revisão
de normas para couros, calçados e afins.

David Henrique Zago


Graduado e Licenciado em Química (2010) e (2017) respectivamente, técnico em curtimento
(2014), atuou no desenvolvimento e apresentação do projeto de Fertilizantes Organominerais
a partir de Lodos de Curtumes e Aproveitamento do Bucho Bovino (2012). Desde 2010 trabalha
no Laboratorio de Quimica e Manufaturados, em São Paulo, como Assistente de Pesquisas, com
atuação em pesquisa e desenvolvimento de materiais, consultoria em processos industriais,
análises laboratoriais, auditoria técnica e representação em comitê calçadista.

Fernando Soares de Lima


Licenciado em química pela Universidade de Mogi das Cruzes (2004), Mestre em Processos
Industriais pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (2013) e Engenheiro
de Produção Química pelas Faculdades Oswaldo Cruz (2017). Atualmente é gerente técnico do
Laboratorio de Quimica e Manufaturados do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo. Atua principalmente nos seguintes temas: tecidos técnicos, ensaios de caracterização e
avaliação do desempenho de têxteis e EPI’s, intemperismo e microencapsulação aplicada a têxteis.

20
IPT
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do Estado de São Paulo
Av. Prof. Almeida Prado, 532
Cidade Universitária - São Paulo - SP
CEP 05508-901 - Brasil

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