Aula 02

A integral de Riemann - Continuação
A integral de Darboux - Critério de

Integrabilidade e Propriedades
Aula 02
Universidade de São Paulo

São Carlos SP, Brazil
22 de Agosto de 2022
Segundo Semestre de 2022
SMA0354 Cálculo II
A integral de Darboux
Critério de Integrabilidade para integrais de Darboux
A integral de Riemann - Continuação Propriedades da Integral
O Teorema Fundamental do Cálculo
Cálculo de Integrais Definidas
Vamos dar uma noção (devido a Darboux) equivalente à noção de
integral de Riemann que apresenta algumas vantagens na obtenção
de critérios de integrabilidade. Seja f : [a, b] → R uma função
limitada e
P : a = x0 < x1 < x2 < · · · < xnP = b,
uma partição de [a, b]. Sejam
Mi = sup f (x) e mi = inf f (x), 1 ⩽ i ⩽ n.
x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]
Defina a soma superior Sp (inferior sP ) de f relativamente à

partição P por
nP nP
!
X X
SP = Mi ∆xi sP = mi ∆xi .
i=1 i=1
Seja P uma partição e Q uma partição obitida de P adicionando

um ponto x̄. É imediato que SQ ≤ SP e que sQ ≥ sP . Mais
geralmente, se P ⊂ Q temos que SQ ≤ SP e que sQ ≥ sP .
Dadas duas partições P e Q denotamos por P ∪ Q à partição

formada pelos pontos de P e de Q.
Segue que, dadas duas partições P e Q quaisquer
inf f (x)(b − a) ≤ sP ≤ sP∪Q ≤ SP∪Q ≤ SQ ≤ sup f (x)(b − a)

x∈[a,b] x∈[a,b]
Definição
Se P denota o conjunto de todas as partições do intervalo [a, b] e
f : [a, b] → R é uma função limitada a integral superior (inferior)
de f é definida por
Z b Z b !
f (x)dx = inf {SP : P ∈ P} f (x)dx = sup {sP : P ∈ P}
a a
Definição
Uma função limitada f : [a, b] → R é Darboux integrável se, e
somente se,
Z b Z b
f (x)dx = f (x)dx
a a
Z b
e neste caso o valor comum é denotado por D f (x)dx
a
Teorema
Uma função limitada f : [a, b] → R é Darboux integrável se, e
somente se, dado ϵ > 0 existe partição P ∈ P tal que
SP − sP < ϵ.
Prova: Recorde que, se R, Q ∈ P então,

Z b Z b
SR ≥ SR∪Q ≥ f (x)dx ≥ f (x)dx ≥ sR∪Q ≥ sQ .
a a
Teorema
Uma função limitada f : [a, b] → R é Riemann integrável se, e
somente se, é Darboux integrável e em qualquer caso
Z b Z b
D f (x)dx = f (x)dx.
a a
Lembrar do Teorema do Confronto para D ⇒ R. Para qualquer

partição P de [a, b] vale
Z b Z b n
X Z b Z b
f (x)dx = f (x)dx ← sP ≤ f (ci )∆xi ≤ SP → f (x)dx = f (x)dx
a a i=1 a a
D ⇒ R é ainda mais simples, segue da definição de sup e inf .
Critério de Integrabilidade
Proposição
Se f for contı́nua em [a, b] então,
▶ f é uniformemente contı́nua; isto é, dado ϵ > 0 existe δ > 0
(que depende somente de ϵ) tal que, se x, y ∈ [a, b] e
|x − y | < δ então, |f (x) − f (y )| < ϵ.
▶ f é Darboux (e Riemann) integrável em [a, b].
Definição Z b
Se existir a integral f (x) dx , então definiremos
a
Z a Z b
f (x) dx = − f (x) dx .
b a
Propriedades da Integral
Sejam f , g : [a, b] → R funções integráveis. Então
▶ Para todo k ∈ R, a função f + kg é integrável e
Z b Z b Z b
(f + kg )(x) dx = f (x) dx + k g (x) dx.
a a a
▶ Se a ≤ c < d ≤ b, então f é integrável em [c, d].
▶ Se f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b], então ab f (x) dx ≥ 0. Em
R
particular, se g (x) ≤ f (x) para todo x ∈ [a, b], então

Z b Z b
g (x) dx ≤ f (x) dx.
a a
▶ Se existirem as integrais a f (x) dx e cb f (x) dx , com
Rc R
Rb
c ∈ [a, b], então existirá a integral a f (x) dx e
Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx .
a a c
Vamos apenas provar a primeira propriedade e no caso k = 1, os

demais casos são deixados como exercı́cio. Sabemos do critério de
integrabilidade que, dado ϵ > 0 existem partições P, Q ∈ P tais
que SPf − sPf < ϵ/2 e SQg − sQg < ϵ/2. Assim,
Z b Z b
sPf + sQg ≤ f
sP∪Q + g
sP∪Q ≤ f (x) dx + g (x) dx
a a
g
≤ f
SP∪Q + SP∪Q ≤ SPf + SQg
f g f +g f +g f g
Como (exercı́cio) sP∪Q + sP∪Q ≤ sP∪Q ≤ SP∪Q ≤ SP∪Q + SP∪Q ,
f +g f +g
segue que SP∪Q − sP∪Q < ϵ. Do critério de integrabilidade f + g é
integrável e, como ϵ > 0 é arbitrário,
Z b Z b Z b
(f + g )(x) dx = f (x) dx + g (x) dx.
a a a
Teorema (Teorema Fundamental do Cálculo)

Se f : [a, b] → R é contı́nua então, a função g definida por
Z x
g (x) = f (t) dt, a≤x ≤b
a
é diferenciável em [a, b] e g ′ (x) = f (x).
Prova: Se x e x + h estão em [a, b], então

Z x+h Z x
g (x + h) − g (x) = f (t) dt − f (t) dt
a a
Z x Z x+h Z x
= f (t) dt + f (t) dt − f (t) dt
a x a
Z x+h
= f (t) dt,
x
logo para h ̸= 0,
x+h
g (x + h) − g (x)
Z
1
= f (t) dt.
h h x
Como f é contı́nua em no intervalo fechado de extremos x e x + h

pelo Teorema de Weierstrass existem x1 e x2 entre x e x + h tais
que f (x1 ) ≤ f (t) ≤ f (x2 ) para todo t entre x e x + h. Logo,
1 x+h
Z
f (x1 ) ≤ f (t) dt ≤ f (x2 ).
h x
ou equivalentemente,
g (x + h) − g (x)
f (x1 ) ≤ ≤ f (x2 ).
h
Agora, quando h → 0, x1 → x e x2 → x. Conseqüentemente,
lim f (x1 ) = f (x), e lim f (x2 ) = f (x),

h→0 h→0
pois f é contı́nua, e assim pelo Teorema do Confronto,
g (x + h) − g (x)
g ′ (x) = lim = f (x),
h→0 h
e o teorema está demonstrado.
Exemplo Z xp
Ache a derivada da função g (x) = 1 + t 2 dt.
0
√
Como f (t) = 1√+ t 2 é contı́nua, pelo Teorema Fundamental do
Cálculo g ′ (x) = 1 + x 2 .
Exemplo
Z x4
Calcule a derivada de g (x) = sec(t) dt.
1
Utilizamos o Teorema Fundamental do Cálculo e a Regra da
Cadeia. Seja u = x 4 , então
Z x4 Z u
′ d RC d du
g (x) = sec(t) dt = sec(t) dt
dx 1 du 1 dx
du
= sec(u) = sec(x 4 )4x 3 .
dx

Do Teorema Fundamental do Cálculo, se f : [a, b] → R é contı́nua
então Z x
F (x) = f (t)dt
a
é uma primitiva de f . Se G é outra primitiva de f , temos que
existe uma constante k ∈ R tal que F (x) = G (x) + k. Como
F (a) = 0 temos que G (a) = −k e
Z x
F (x) = f (t)dt = G (x) − G (a).
a
Em particular
Z b
f (t)dt = G (b) − G (a).
a

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A integral de Riemann - Continuação

A integral de Darboux - Critério de

Universidade de São Paulo

Defina a soma superior Sp (inferior sP ) de f relativamente à

Seja P uma partição e Q uma partição obitida de P adicionando

Dadas duas partições P e Q denotamos por P ∪ Q à partição

Segue que, dadas duas partições P e Q quaisquer

inf f (x)(b − a) ≤ sP ≤ sP∪Q ≤ SP∪Q ≤ SQ ≤ sup f (x)(b − a)

Critério de Integrabilidade para integrais de Darboux

Prova: Recorde que, se R, Q ∈ P então,

Lembrar do Teorema do Confronto para D ⇒ R. Para qualquer

D ⇒ R é ainda mais simples, segue da definição de sup e inf .

particular, se g (x) ≤ f (x) para todo x ∈ [a, b], então

Vamos apenas provar a primeira propriedade e no caso k = 1, os

O Teorema Fundamental do Cálculo

Teorema (Teorema Fundamental do Cálculo)

é diferenciável em [a, b] e g ′ (x) = f (x).

Prova: Se x e x + h estão em [a, b], então

Como f é contı́nua em no intervalo fechado de extremos x e x + h

Agora, quando h → 0, x1 → x e x2 → x. Conseqüentemente,

lim f (x1 ) = f (x), e lim f (x2 ) = f (x),

pois f é contı́nua, e assim pelo Teorema do Confronto,

Cálculo de Integrais Definidas

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