Você está na página 1de 158

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Geociências
Núcleo de Estudos Geografia & Ambiente

O Lugar Onde Moro ­ FLONA de Tefé


Práticas Pedagógicas em Geografia

Cristiano Quaresma de Paula


Maíra Suertegaray Rossato
Cleder Fontana
(Organizadores)
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, sem
autorização expressa dos autores ou da editora. A violação
importará nas providências judiciais previstas no artigo 102, da
ISBN: 978­85­61424­52­7 Lei nº 9.610/1998, sem prejuízo da responsabilidade criminal. Os
1ª Edição ­ 2016 textos deste livro são de responsabilidade de seus autores.

Cristiano Quaresma de Paula

Sinthia Cristina Batista

Cláudia Luísa Zeferino Pires


Ana Lúcia da Silva
Dirce Maria Antunes Suertegaray
Theo Soares de Lima

Astrogildo Martins de Moraes


André Suertegaray Rossato
Cleder Fontana
Cristiano Quaresma de Paula
Mateus Gleiser Oliveira
Daniele Machado Vieira
Éder Rodrigues
Elisa Caminha da Silveira Delfino
Gabriella Calixto Scelza
Helena Bonetto
Isabel Pérez Alves
Laurindo Antônio Guasselli
Luiz Alberto Morelli
Carlos Alexandre Netto
Maíra Suertegaray Rossato
Mateus Gleiser Oliveira
Rui Vicente Oppermann
Pablo Leandro Proença Ferreira
Pedro Saldanha Frantz
Rafael Suertegaray Rossato
André Sampaio Mexias
Renato Barbieri
Sinthia Cristina Batista
Nelson Luiz Sambaqui Gruber Theo Soares de Lima

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


De Paula, Cristiano Quaresma
O Lugar Onde Moro ­ FLONA de Tefé: práticas pedagógicas em
geografia/ Cristiano Quaresma de Paula; Maíra Suertegaray Rossato,
Cleder Fontana (Organizadores). Porto Alegre: IGEO/UFRGS, 2016.
[154.p.] il.

1.Geografia 2. Educação I. Rossato, Maíra Suertegaray. II. Fontana,


Cleder. III. Título.
CDU 900

Catalogação na Publicação
Biblioteca Instituto de Geociências UFRGS

2 Renata Cristiana Grun CRB 10/113


Apresentação

Neste texto nos dirigimos ao professor, para expressar de maneira


sintética, a compreensão dos diferentes conceitos abordados nesta proposta
de ensino de Geografia da FLONA de Tefé.
O espaço geográfico constitui­se o conceito balizador da Geografia. Sua
formulação apresentou e apresenta, ainda hoje, variadas concepções. Na
perspectiva do ensino de Geografia, podemos conceber que, o espaço
geográfico é o espaço construído pelas atividades de homens e mulheres ao
longo da história. O trabalho humano imprimiu, e imprime, na superfície
natural do planeta Terra, modificações importantíssimas. Este trabalho
dependeu sempre da natureza, daquilo que ela oferece para a nossa
existência e pela forma como a utilizamos.
Então, podemos conceituar espaço geográfico como o espaço que
expressa, na sua materialidade – nas suas formas –, as transformações da
natureza pela sociedade. Essas transformações podem ser positivas ou
negativas; sendo negativas, estaremos destruindo a natureza, ou seja,
destruindo uma dimensão importante e necessária para nossa sobrevivência.
Sendo positivas permitiremos a continuidade de nossas vidas e a preservação
da natureza.
É por isso que, ao estudar Geografia, sempre tratamos de entender a
natureza e as ações humanas, em conjunto.
Assim, o conceito de espaço geográfico expressa a preocupação
primeira da Geografia, ou seja, compreender a relação da sociedade com a
natureza. Agora cabe perguntar: que natureza?
Por natureza entendemos o conjunto de feições, processos e formas de
vida que constituem o Planeta Terra, incluído o homem.
No entanto, na medida em que o homem interagiu com a natureza, foi
transformando­a. Em nossos dias, mas mesmo desde muito tempo, o
homem, em sua relação com a natureza, produziu uma “nova natureza”,
muitas vezes uma natureza artificial, como, por exemplo, os alimentos
produzidos em laboratórios. Trata­se, neste caso, de uma concepção de
natureza chamada de natureza artificial ou tecnificada.
Portanto, a presença do homem, como ser natural e, ao mesmo tempo,
como alguém oposto à natureza, promoveu, e promove, profundas
transformações na natureza em si e na sua própria natureza.

3
Se consideramos, como dito anteriormente, que o espaço geográfico é
uma construção humana ao logo do tempo, cabe, também, perguntar o que é
entendido por tempo. Para Milton Santos (1997), o tempo é entendido como
processo: não é um tempo linear, pré­determinado. Este geógrafo considera
que o “mundo é um conjunto de possibilidades” e a paisagem, enquanto
materialidade do espaço geográfico, é uma “acumulação desigual de tempos”.
Este autor considera que a história é fundamental para a explicação do
espaço geográfico, pois, ao longo do tempo, os processos naturais e sociais
atuam conjuntamente, materializando­se em sucessivas paisagens.
Quando Milton Santos diz que a paisagem é a materialidade e,
também, a acumulação desigual de tempos, como podemos interpretá­la?
Para ele, a paisagem é formada de objetos construídos, pelos homens e
mulheres, nas suas mais diferentes dimensões, por exemplo, casas,
utensílios domésticos, barcos, estradas, caminhos, cidades, entre tantas
outras coisas. Assim, a paisagem, como construção também humana, pode
ser entendida como acumulação de tempos, ou seja, na paisagem ficam
registradas formas (casas, prédios, objetos diversos) construídas em tempos
diferentes. Um exemplo seriam as moradias dos ribeirinhos, cada uma foi
construída numa época, com um tipo de material, mas, todas juntas,
compõem a paisagem da comunidade. Muitas vezes, quando destruímos uma
casa, destruímos uma forma que representa outra época, em termos de
construção. Por vezes, essas formas são importantes de serem preservadas,
pois são o registro de nossas histórias.
Para entender a análise geográfica é importante compreender que nós,
enquanto professores ou alunos, podemos analisar o espaço geográfico
através de diferentes conceitos. Significa dizer que podemos ler o espaço
geográfico através de conceitos, que podem ser denominados operacionais, na
medida em que permitem focar o espaço geográfico sob diferentes
perspectivas. Estes conceitos são: lugar, paisagem, região, território e
ambiente.
Cada conceito expressa a possibilidade de diferentes leituras e, o
espaço geográfico é uma expressão conjunta de todas essas dimensões.
Fazendo uma analogia com o Disco de Newton, podemos pensar que, o
espaço geográfico é dinâmico. Sua dinâmica é representada pelo movimento
do círculo das cores. No movimento tem­se o branco, que representa o espaço
geográfico na sua totalidade. Em repouso tem­se a presença de cores
individualmente definidas, cada cor representando, por exemplo, um
conceito: território (vermelho), região (amarelo), lugar (azul), ambiente (verde)
etc. Ao girar o disco as cores se imbricam. O disco, em movimento, expressa

4
a ideia de um todo, que é uno, múltiplo e complexo (SUERTEGARAY, 2000).
Esta representação é elaborada no sentido de expressar a
concepção de que o espaço geográfico pode ser lido através
do conceito de paisagem, e/ou região, e/ou território, e/ou
lugar, e/ou ambiente; sem desconhecermos que cada uma
dessas dimensões está contida em todas as demais.
Paisagens contêm territórios e/ou regiões que contêm lugares
que contêm ambientes valendo, para cada um, todas as
conexões possíveis (SUERTEGARAY, 2000, p. 31).

Em inúmeras obras geográficas, o conceito de espaço geográfico


expressou­se, ou se expressa ­ e muitas vezes se confunde ­, com os de
paisagem, região, território, lugar. Pensamos que se pode estabelecer
diferenças entre esses conceitos. É importante que, cada um de nós,
tenhamos esclarecidos os conceitos com os quais trabalhamos. Embora haja
diferenciações, todas as dimensões individualizadas na análise, a partir de
conceitos mais específicos, estão presentes no espaço geográfico em interação
e transformação.
Para exemplificar, apresentamos um texto que é, também, uma
descrição de um espaço geográfico. O texto a seguir, extraído de “Amazonas
Pátria das Águas”, de Thiago de Mello (1981, p. 71­73), sugere várias
possibilidades de leitura.
A lei do rio não cessa nunca de impor­se sobre a vida dos
homens. É o império das águas. Água que corre no furor da
correnteza, água que lava, água que leva, água que arranca
água que oferta cantando, água que se despenca em
cachoeira, água que roda no rebojo, água que vai, ainda bem
que começou a baixar, mas de repente volta em repiquete,
água de rio que quase não corre, um perigo quando o vento
vem, ela se agarra no vento para poder voar, água parada no
silêncio do igapó...

O regime das águas é um elemento constante no cálculo da


vida do homem. Porque são também ciclos econômicos.
Grandes vazantes significam fartas colheitas: a terra da
várzea inundada é fertilizada pelo rio que lhe acrescenta em
sais minerais e matérias orgânicas. É tempo de grandes
pescarias, tempo de bom plantar. Grandes cheias
correspondem a duras calamidades e amargas misérias: o
peixe se esconde nos lagos de remanso, aos quais se chega
pelo varadouro da mata, as plantações são destruídas, o
gado tem que ser levado para as alturas da terra firme ou
então é reunido as presas na “maromba” exíguo curral
erguido sobre esteios acima das águas, as sucurijus
espreitando; soalhos de casas fica submerso, as cobras se

5
aproximam no faro de animais domésticos. Mas não
desanima: espera pela vazante a alteia o soalho, e aproveita
a terra enriquecida pela enchente. O rio diz ao homem o que
ele deve fazer. E o homem segue a ordem do rio. Se não,
sucumbe.

Ao analisarmos este texto, podemos fazer sua leitura através dos vários
conceitos. Assim, podemos nos perguntar: como se dá essa construção
amalgamada de homens e natureza, expressa na relação entre solo, água,
fauna, flora e seres humanos, ou seja, em seu “modo de vida”? A resposta, a
essa pergunta, poderá partir da leitura desse espaço através do conceito de
paisagem, ou seja, através da caracterização dos elementos que constituem,
por exemplo, uma paisagem, onde domina a floresta e as águas, e onde as
marcas do trabalho humano a transformam em um movimento contínuo.
Da mesma forma, poderemos perguntar: qual a relação de forças que
se estabelecem internamente ao grupo de ribeirinhos e, externamente, em
relação a outros grupos, no sentido de manter esse espaço de apropriação?
Neste caso, nossa reflexão deriva do conceito de território. Entre as perguntas
possíveis, podemos indagar sobre o que fazem os ribeirinhos para preservar
esse espaço como espaço de trabalho e sobrevivência. Há pressões externas
em relação a essa atividade? Quem as realiza?
Podemos, ainda, querer saber: qual o sentido atribuído pelos
ribeirinhos àquele espaço? O que significa, para eles, coletar, pescar e roçar?
Ou seja, aqui procura­se verificar qual é a percepção dos moradores sobre
suas atividades, seu lugar de existência, sobre seu trabalho e suas condições
de vida. Estaremos, neste caso, refletindo sobre o lugar enquanto espaço de
coexistência, buscando reconhecer o significado que ribeirinhos atribuem ao
lugar onde moram.
Podemos desejar descobrir qual o sentido dado pelos ribeirinhos àquele
espaço? O que significa para eles viver na floresta, tentar desvendar qual as
razões que emanam de uma formação/organização social mais ampla, como,
por exemplo, a formação do Estado brasileiro que lhes deu origem e fez, deste
espaço, sua moradia. Ou, ainda, buscar compreender as interferências
internacionais nesses espaços. Nesta ótica, estaremos resgatando o conceito
de lugar como centro de significados, ou o conceito de lugar como condição
objetiva de vida a partir de uma relação local­regional­nacional­global.
Podemos, também, refletir sobre as transformações positivas ou
negativas que ocorrem na natureza, e na natureza humana, a partir deste
modo de viver: coletar, pescar, roçar. Entender o ambiente em que vivem os
ribeirinhos, que problemas revelam sob esta perspectiva. Estaríamos, neste
caso, buscando decifrar a questão ambiental a partir das práticas cotidianas

6
dos ribeirinhos.
Conforme conceituamos, o espaço geográfico pode ser compreendido
sob diferentes perspectivas. Para analisá­lo utilizamos diferentes conceitos,
porque estes nos permitem circunscrever a análise ao que desejamos. Assim,
se quisermos compreender a paisagem, devemos trabalhar o conjunto de
elementos que a compõe, sejam eles de ordem natural ou social.
Em relação ao lugar, devemos nos perguntar que percepção têm os
moradores do espaço geográfico onde vivem? Como se estabelecem as
relações entre os moradores, como vivem e com quem se relacionam. Para
entender o território, devemos nos perguntar quem se apropria do espaço em
estudo, e que disputas são reveladas.
No caderno de atividades, que aqui apresentamos, busca­se trabalhar
os diferentes conceitos a partir do espaço geográfico denominado FLONA de
Tefé. Cada conceito permite uma leitura diferente desse mesmo espaço e, ao
mesmo tempo, permite compreender a totalidade do espaço, na medida em
que revelam as múltiplas dimensões envolvidas. Percorremos, no texto inicial
e no caderno de atividades, o conjunto de conceitos aqui expressos, na
expectativa de fazer uma análise do espaço geográfico da FLONA, de forma
dinâmica e compreensível.
Desta forma, organizamos os capítulos e as atividades a partir dos
conceitos apontados anteriormente. Sugerimos atividades partindo do espaço
próximo – a vida em comunidade – "O Lugar em que Moramos". Na
sequência, em "A Paisagem que Construímos", tratamos da paisagem da
FLONA, seus elementos, suas mudanças ao longo do tempo e diferentes
formas de representá­la. Na continuidade no capítulo "A Natureza que nos dá
Vida", trabalhamos os elementos da natureza e suas conexões na construção
da paisagem caracterizada pela presença marcante da floresta e das águas. O
capítulo "O Ambiente em que Vivemos" apresenta as atividades que
caracterizam o modo de viver dos moradores da floresta, que são, também,
moradores da FLONA, uma Unidade de Conservação. Em "Nossa Região e
Outros Lugares", contextualizamos a FLONA no território brasileiro, na região
Norte do país e em relação a outras unidades de conservação. O capítulo,
"Vivemos em um Território" traz atividades que abordam os limites e a
caracterização do território nacional, bem como territorialidades construídas
pelos comunitários, a exemplo dos territórios pesqueiros.
Em "Vamos ler Boyrá e o Menino" é apresentada uma proposta de
trabalho a partir da leitura do livro infantil Boyrá e o Menino, que compõe
este conjunto de materiais de ensino sobre a FLONA de Tefé. O último
capítulo, "Avaliação das Atividades de Geografia", apresenta sugestões de

7
como avaliar as atividades didáticas elaboradas pelos estudantes a partir das
propostas desenvolvidas, retomando os objetivos das unidades, as atividades
realizadas e os conhecimentos construídos.
No início de cada unidade, buscamos apresentar os conceitos
geográficos abordados, exemplificando de que forma o professor poderá
trabalhar a Geografia da FLONA de Tefé a partir do enfoque sugerido. O texto
relativo às questões conceituais, que aparecem nesta apresentação, e no
início dos capítulos, foi adaptado do texto de Suertegaray (2000 e 2005). Na
sequência, são apresentados os objetivos da unidade e as atividades práticas
sugeridas para o professor, descritas em detalhes.
As práticas, aqui apresentadas, estão organizadas em duas partes. A
primeira parte apresenta o título da proposta e seu objetivo. Em seguida,
aparecem as Possibilidades de trabalho a serem desenvolvidas a partir do
tema, que contêm a sequência de ações necessárias para o andamento da
proposta (desenho, conversa em roda, entrevista, boneco, painel). Cada ação
está identificada por um símbolo e tem uma explicação de como desenvolvê­
la. O professor poderá, conforme as características da turma de alunos,
manter, ou modificar, a ordem das ações propostas.
Todas as possibilidades de trabalho apresentadas podem incluir uma
única atividade, que será desenvolvida em um tempo mais longo, ou várias
atividades conectadas, que acontecem em etapas sucessivas, gradativamente
mais complexas. Portanto, as propostas das unidades estão organizadas de
modo que o professor possa trabalhá­las em sequência, construindo
gradualmente os conhecimentos e os conceitos. O professor poderá, também,
selecionar etapas das atividades que julgar mais adequadas, às
características de sua turma, e recriar uma prática a partir daí. Em alguns
casos, há exemplos de materiais a serem entregues aos estudantes,
colocados ao longo do texto principal. No item noções são apresentadas ideias
importantes relativas aos conteúdos geográficos. Os textos são direcionados
ao professor, mas podem ser adaptados e entregues aos alunos como
material de apoio. As possíveis conexões com outras áreas de conhecimento,
que abrem possibilidade para o trabalho interdisciplinar, são indicadas em
um box junto ao título da mesma. Tem­se aqui, um conjunto de sugestões
que esperamos sejam proveitosas para o ensino de Geografia no ensino
fundamental na FLONA de Tefé –AM. Uma boa leitura, um bom trabalho.

Os organizadores

8
Sumário
Apresentação 3

Unidade I: O LUGAR EM QUE MORAMOS 11


1. Eu e minha família 13
2. A nossa história 14
3. Todo mundo tem uma história 15
4. Objetos que representam a nossa história 16
5. Imagens e representações de objetos 17
6. A organização da nossa sala de aula 19
7. Orientando­se na sala de aula 21
8. Localização relativa e absoluta 24
9. Sistema de coordenadas geográficas 26

Unidade II: A PAISAGEM QUE CONSTRUÍMOS 29


10. Localizando a sala de aula na escola 31
11. Minha escola na comunidade 33
12. Da sala de aula para o pátio: entendendo a paisagem 34
13. A comunidade muda: a paisagem tem um tempo 36
14. A maquete: construíndo a paisagem da comunidade 37
15. O mapa: representação da painsagem onde moro 39
16. A fotografia: representação e análise da paisagem 41

Unidade III: A NATUREZA QUE NOS DÁ VIDA 43


17. Os elementos da natureza que compõem a paisagem 44
18. Clima: o ritmo das chuvas 45
19. Construindo nosso observatório do tempo 47
20. Hidrografia: o caminho das águas 51
21. Relevo: as formas da terra 53
22. O relevo da FLONA de Tefé 56
23. Relevo e hidrografia da FLONA de Tefé 60
24. A floresta e seus usos 63
25. Vegetação e sua representação na FLONA de Tefé 65
26. Elementos da paisagem onde moro 67

9
Unidade IV: O AMBIENTE EM QUE VIVEMOS 71
27. As atividades dos ribeirinhos 73
28. Roçado: o chão dá se a gente plantar 75
29. Os frutos da terra e do trabalho: a farinha de mandioca 77
30. Extrativismo: a floresta que nos alimenta 79
31. Pesca: a riqueza que vem do rio 81
32. Dia­a­dia na FLONA 84
33. Os ribeirinhos e suas atividades 86
34. Festejos na FLONA 90
35. Estamos em uma Unidade de Conservação 92
36. Estamos em uma Floresta Nacional 94

Unidade V: NOSSA REGIÃO E OUTROS LUGARES 97


37. A localização da FLONA na Região Norte do Brasil 98
38. Quem somos: nossa população 100
39. Região Norte: a população, suas atividades e paisagens 102
40. Atividades da Região Norte 104
41. Setor primário na Região Norte 107
42. O setor secundário e terciário na Região Norte 111
43. As Unidades de Conservação na Região Norte 114
44. As florestas nacionais 118

UnidadeVI: VIVEMOS EM UM TERRITÓRIO 123


45. Territórios e territorialidades: construindo o conceito 125
46. A organização do território brasileiro 128
47. O território brasileiro, sua localização e seus limites 132
48. A FLONA de Tefé é um território? 135
49. Territórios e territorialidades dos comunitários 137

Unidade VII: VAMOS LER "BOYRÁ E O MENINO" 139


50. As leituras possíveis 140

Unidade VIII: AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE GEOGRAFIA 143

10
U n i d ad e I
O LUGAR EM QUE MORAMOS

Maíra Rossato Suertegaray


Cláudia Luísa Zeferino Pires
Helena Bonetto

O lugar é um conceito, de nosso ponto de vista, operacional em


Geografia. A Cartografia o entendia como a expressão do espaço geográfico na
escala local; a dimensão pontual. Por muito tempo, a Geografia tratou o lugar
nesta perspectiva e considerou­o como único e auto explicável.
Recentemente, o lugar é resgatado na Geografia como conceito
fundamental, passando a ser analisado de forma mais abrangente. Lugar
constitui a dimensão da existência que se manifesta através do cotidiano
compartido entre pessoas, empresas e instituições. Assim, cooperação e
conflito são a base da vida em comum (SANTOS, 1997).
Para um melhor entendimento desta concepção, precisamos pensar
que o lugar é o espaço geográfico próximo: onde moramos, trabalhamos,
enfim, onde vivemos. Neste lugar estabelecemos interações entre pessoas, na
forma de amizade, trabalho e, convivência. Ao mesmo tempo recebemos
influências externas, de outras pessoas e outros grupos que exercem
influência na nossa maneira de ser, de viver e de trabalhar. Portanto, quando
analisamos o lugar sob esta concepção devemos considerar como vivemos
num determinado local e que influências externas recebemos e quais são os
resultados dessas interferências em nossas vidas.
O conceito de lugar induz a análise geográfica a uma outra dimensão ­
a da existência. Este tratamento vem assumindo diferentes concepções. De
um lado, o lugar se singulariza a partir de visões subjetivas vinculadas a
percepções emotivas, a exemplo do sentimento topofílico (experiências felizes)
das quais se refere Yi­Fu Tuan (1975). Neste caso, quando analisamos o
lugar, enfatizamos o valor que as pessoas dão ao espaço de vivência, o
significado que o atribuem a esse lugar, o sentimento de pertencimento a
esse espaço geográfico.
O lugar pode ser lido, também, através do conceito de geograficidade,
termo que, segundo Relph (1979), refere­se às experiências que temos de
ambientes nos quais vivemos através de nossas necessidades existenciais
(localização, posição, mobilidade, interação com os objetos e/ou com as
pessoas). Ele constitui o desenvolvimento das nossas habilidades corporais,
nossa identidade étnica e, a partir dela, o nosso estar no mundo.

Objetivos desta unidade:


• Reconhecer o lugar como um espaço de convivência, afetividade e
identidade.
• Entender o lugar como o espaço de moradia, de vivência familiar e
comunitária, enfatizando suas características e o seu significado.
• Representar objetos de nosso uso comum com a finalidade de iniciar
a aprendizagem de alfabetização cartográfica, ou seja, da leitura e elaboração
de mapas.

12
Unidade I: O Lugar em que Moramos

1. EU E MINHA FAMÍLIA
Interdisciplinar
Língua Portuguesa, Artes Visuais e História.

Objetivo
Promover a socialização dos estudantes, a partir de informações
pessoais e de suas famílias.

Questões Norteadoras

Perguntas:
a) Qual o seu nome?
b) Quantos anos você tem?
c) Qual o nome da sua mãe e do seu pai?
d) Quem faz parte da sua família?
e) Quantos irmãos você tem?

Possibilidades de Trabalho
Desenho
Solicite aos alunos um desenho representando a sua
família e, na sequência, peça que apresente para a turma,
destacando as principais questões da atividade.

Conversa em roda
Convide os alunos a fazerem uma roda para
conversar sobre os desenhos apresentados e sobre as
respostas às perguntas norteadoras.

Entrevista
Organize os alunos em duplas para que um
entreviste o outro quanto às questões da atividade.
Transcorrido o tempo necessário, os alunos devem
apresentar­se para a turma.

13
Unidade I: O Lugar em que Moramos

2. A NOSSA HISTÓRIA
Interdisciplinar
Língua Portuguesa e História.

Objetivo
Iniciar a reflexão sobre a história do lugar e dos seus moradores.

Leitura
Texto “Dona Raimunda do Juruá”
Autor Cristiano Q. de Paula
Oi meninada, minha história eu vim contar:
Eu sou dona Raimunda, nasci na cabeceira do Rio Juruá.
Quando fiquei viúva, me mudei pra cá,
Vim eu e três filhos para na FLONA morar.

No Juruá a gente trabalhava no seringal, mas já não dava mais


pra se sustentar,
Meu pai e minha mãe nasceram no Ceará,
Mas também eram pobres e não tinham como nos ajudar,
Por isso viemos pra FLONA e aqui fizemos o nosso lar.

No início não tinha comunidade, estava cada um em um lugar.


Igual a essas palhas na minha mão, sem serventia até se
tramar.
As palhas viraram paneiro, bom pra trabalhar.
E as pessoas juntas viraram comunidade, para conquistas
alcançar.

Possibilidades de Trabalho
Desenho
Solicite aos alunos que façam um desenho sobre a
história da Dona Raimunda, destacando algo que tenha
chamado atenção. Quando o desenho estiver finalizado, cada
estudante apresentará para a turma o que fez. Neste
momento, questione a motivação de o estudante ter feito
aquele desenho, peça que destaque o que achou mais
importante ou interessante sobre a história lida. Incentive os
estudantes a verem a personagem Dona Raimunda como
alguém próximo, que poderia ser a mãe, avó ou tia.
Para a Próxima Atividade
Solicite como tarefa de casa que os alunos conversem com os pais e avós
sobre a história de sua família, antes e depois de chegarem na FLONA.
Oriente­os, apresentando as seguintes perguntas: a) Qual o seu nome?
b) Onde nasceu? c) O que fazia quando era criança? d) Quando cresceu
trabalhavam onde? e) Hoje em dia trabalha em que? f) Como gosta de se
divertir? g) O que mais gosta de comer?
14
Unidade I: O Lugar em que Moramos

3. TODO MUNDO TEM UMA HISTÓRIA


Interdisciplinar
Língua Portuguesa, Artes Visuais e História.

Retomando
Relembrar a história da Dona Raimunda, para que os alunos
percebam que todo mundo tem uma história.

Objetivo
Refletir sobre a história do lugar e dos seus moradores.

Questões Norteadoras
Relato das entrevistas com familiares a partir das
perguntas:
a) Nomes do (a)s entrevistado (a)s:
b) Onde nasceram?
c) O que faziam quando eram crianças?
d) Quando cresceram trabalhavam onde?
e) Hoje em dia trabalham em que?
f) Como eles gostam de se divertir?
g) O que mais gostam de comer na sua casa?

Possibilidades de Trabalho

Painel
Organize a turma em grupos de até 4 alunos, para a
construção de painéis com elementos que representam a
história que cada um contou. Os painéis podem ser
construídos com desenhos, frases marcantes, recortes e
colagens. Os integrantes do grupo decidem o nome do
painel.

Boneco
Organize a turma em grupos de até 4 alunos, para a
construção de painéis com elementos que representam a
história que cada um contou. Os painéis podem ser
construídos com desenhos, frases marcantes, recortes e
colagens. Os integrantes do grupo decidem o nome do
painel.
Para a Próxima Atividade
Solicite que os alunos tragam objetos que representem a história da sua
família.

15
Unidade I: O Lugar em que Moramos

4. OBJETOS QUE REPRESENTAM


A NOSSA HISTÓRIA
Interdisciplinar
Língua Portuguesa, Artes Visuais e História.

Retomando
Destacar o papel do paneiro na história da Dona Raimunda. Lembrar
que, para ela, o paneiro representava a sua relação com a
comunidade.

Objetivo
Reconhecer a importância dos objetos na construção da nossa
história.

Questões Norteadoras

Responda sobre o objeto que trouxe:


a) Qual objeto foi escolhido?
b) O que é?
c) De que é feito?
d) Quem fez?
e) Quem usa mais em casa?
f) Para que ele serve?
g) Porque esse objeto é importante para sua
família?

Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
Solicite aos alunos que façam um desenho sobre a
história da Dona Raimunda, destacando algo que tenha
chamado atenção. Quando o desenho estiver finalizado, cada
estudante apresentará para a turma o que fez. Neste
momento, questione a motivação de o estudante ter feito
aquele desenho, peça que destaque o que achou mais
importante ou interessante sobre a história lida. Incentive os
estudantes a verem a personagem Dona Raimunda como
alguém próximo, que poderia ser a mãe, avó ou tia.

Desenho
Escolha entre os objetos trazidos, um que seja adequado
para ser desenhado ou fotografado de frente e de cima.
Coloque o objeto em cima de uma mesa e convide os alunos a
darem uma volta no seu entorno para observá­lo. Peça que
desenhem ou fotografem o objeto de cima e de frente e
descrevam por escrito no caderno, como ele aparece nestas
duas posições.

16
Unidade I: O Lugar em que Moramos

5. IMAGENS E REPRESENTAÇÕES DE
OBJETOS
Interdisciplinar
Artes Visuais e Matemática.

Retomando
Rever os desenhos ou fotografias, bem como as descrições que foram
feitas dos objetos de frente e de cima.

Objetivo
Através da observação de objetos da comunidade, compreender, de
acordo com a posição do aluno, os diferentes contornos e composição de
formas.
Noções
Inicie um diálogo com os alunos a partir das seguintes
questões: existem diferentes formas de ver e de representar
objetos? Imaginem vocês, ao observarem um colega de cima
de uma árvore, o que vocês iriam ver? E se estivessem na
frente do colega, o que conseguiriam observar?
Ilustre o que foi dito, desenhando na lousa a
representação do colega a partir das duas visões. No
desenho, destaque a diferença entre os contornos dos dois
desenhos.
Agora, peça que os estudantes analisem nas imagens a
seguir (Figura 1), diferentes formas e como elas se unem nos
contornos. Então, apresente a próxima sequência de imagens
(Figura 2), em que a representação (contorno) se dá a partir
da combinação de formas.
Visão Representação Visão Representação
Frontal Frontal Vertical Vertical

Figura 1 ­ Representação frontal e vertical de objetos. Fonte: Organizada pelos


autores.
17
Forma Objeto Contorno

Casa

Remo

Arvore

Figura 2 ­ Representação de formas, suas combinações e seus contornos. Fonte:


Organizada pelos autores.

Possibilidades de Trabalho

Registro
Solicite que os alunos registrem em seus cadernos as
respostas das seguintes questões:
a) São diferentes as visões dos objetos desenhados?
Descreva quais são as diferenças que você observa. Por que
são diferentes?
b) Quando você observa o ouriço da castanha, o remo
ou o cesto, você os vê da mesma forma?
c) O que você entendeu por representação de um
objeto?
d) Para que serve a representação de um objeto? Em
que situação precisamos representar objetos?
e) Quantas formas você vê na figura da casa? E na
figura do remo? E na figura da árvore?
f) Quando você junta duas, três ou mais formas
diferentes, quantas formas você tem?

Desenho
a) Para desenhar uma forma precisamos desenhar o seu
contorno. Desenhe o contorno de um ouriço da castanha, na
visão vertical.
b) Desenhe uma árvore na visão frontal e na visão
vertical.

18
Unidade I: O Lugar em que Moramos

6. A ORGANIZAÇÃO DA NOSSA
SALA DE AULA
Interdisciplinar
Artes Visuais e Matemática.

Objetivo
Estimular a observação dos objetos e das pessoas em sala de aula
para desenvolver a habilidade de localização e posição espacial.

Questões Norteadoras

a) Quantos somos na sala de aula?


b) Quantas mesas ou carteiras tem nesta sala?
c) Que outros objetos você identifica nesta sala?
d) Qual é minha posição na sala de aula? Na frente,
no meio ou atrás?
e) Porque escolhi esse lugar/posição/local?
f) Quem senta atrás de mim? Quem senta na frente?
Quem senta a meu lado direito, e no esquerdo?

Possibilidades de Trabalho
Desenho
Solicite aos alunos as seguintes tarefas:
a) Desenhe a sala de aula de forma que apareçam
todos os objetos identificados. Localize a sua mesa.
b) Observe seu desenho e identifique se você
desenhou os objetos na posição vertical ou frontal.
c) Desenhe a sala aula vista de cima e a divida em 4
partes, tomando como referência as posições, direita (D),
esquerda (E), frente (F) e atrás (A), considerando o aluno
voltado de frente para a lousa. Localize a sua mesa.
Se necessário, para melhor explicar a atividade,
reproduza na lousa o desenho abaixo (Figura 3), de forma a
construí­lo em conjunto com os alunos.

19
Figura 3 ­ Planta da sala de aula com as divisões solicitadas.

Registro
Solicitar aos alunos que, com base no desenho da sala
(visão de cima), respondam as seguintes questões e registrem
no caderno:
a) Você está à direita ou à esquerda da mesa do seu
professor?
b) Que objetos você vê a sua direita? E a sua esquerda?
c) Indique um colega que esteja sentado, ao mesmo
tempo, à frente e à direita.
d) Indique um colega que esteja, ao mesmo tempo, atrás
e à esquerda.
e) Quais colegas estão na frente à esquerda?
f) Partindo da mesa do professor em direção ao fundo da
sala, dê o nome de dois colegas que estão a sua esquerda e
dois, a sua direita.
g) Agora faça o movimento contrário: desloque­se do
fundo da sala em direção à mesa do professor e indique dois
colegas que estão a sua direita e dois, a sua esquerda.
h) O que lhe se chamou a atenção nestes dois
deslocamentos? Por que isso aconteceu?

20
Unidade I: O Lugar em que Moramos

7. ORIENTANDO­SE NA
SALA DE AULA
Interdisciplinar
Artes Visuais e Matemática.

Retomando
Para essa atividade, resgatar o desenho da sala de aula feito na
atividade anterior.

Objetivos
Construir os conceitos de orientação e posição relativa.

Noções
Orientar­se é localizar­se a partir de um ponto de
referência. Existem inúmeras formas de orientação. Uma das
mais simples, e mais utilizadas, toma como referência o
movimento aparente do Sol. Este movimento é dito aparente
porque é a Terra que se desloca e não o contrário.
Ao observarmos o movimento aparente do Sol ao longo
do dia, verificamos que ele nasce no Leste (oriente) e se põe
no Oeste (ocidente). Com base nesse movimento, pode­se
identificar os pontos cardeais e, com base neles, orientar­se.
Vamos pegar o desenho da sala de aula, feito na
atividade anterior, e indicar onde o sol nasce e se põe.
Para nos orientarmos pelo Sol, devemos esticar o braço
direito para onde ele nasce, aí teremos o Leste (L). O braço
esquerdo indicará a orientação oposta, o Oeste (O). À frente
teremos o Norte (N) e às costas teremos o Sul (S). Esses
pontos, chamados pontos cardeais, determinam duas
direções: Leste­Oeste e Norte­Sul (Figura 4).

Figura 4 ­ Menino demonstrando a orientação a partir do nascer do Sol.

21
Os pontos cardeais não são suficientes para nos
orientarmos precisamente sobre a superfície da Terra e, por isso,
é necessário utilizarmos também os pontos colaterais, que se
situam entre dois pontos cardeais. Veja como encontrá­los:
• entre o oeste e o norte, há o ponto colateral noroeste
(NO);
• entre o oeste e o sul, há o ponto colateral sudoeste (SO);
• entre o leste e o sul, há o ponto colateral sudeste (SE);
• entre o leste e o norte, há o ponto colateral nordeste (NE).

Possibilidades de Trabalho

Registro
Na figura da sala de aula, feita na atividade anterior
indique onde o Sol nasce (Leste), onde o Sol se põe (Oeste),
bem como as orientações Norte e Sul (Figura 5).

Figura 5 ­ Planta da sala de aula com as indicações solicitadas.

22
Desenho
Desenhe uma rosa dos ventos e indique os pontos
cardeais e colaterais (Figura 6).

Figura 6 ­ Modelo da rosa dos ventos.

Registro
Agora que sua sala de aula está orientada em relação ao
Sol, responda as seguintes perguntas:
a) Divida sua sala na metade leste e na metade oeste.
Em qual porção você está?
b) Agora, divida a sua sala na metade norte e na metade
sul. Em qual porção você está?
c) Indique um colega que está, ao mesmo tempo, na
porção norte e leste.
d) Dê o nome de um colega que está ao sul de você.
e) Dê o nome de um colega que está ao leste de você.
f) Você está em que posição em relação ao colega que
você nomeou na questão anterior?
g) Qual é a sua posição em relação à mesa do professor?
h) Se você for se deslocar rumo à porta, para que
direção será o seu trajeto?
i) Se você estiver na porta e deslocar­se até a mesa do
professor, tomará que direção?
j) Agora vamos sair da sala e ver o que temos no
entorno da escola: o que você vê a oeste da escola? E a sul?
k) Sua casa fica em qual direção, partindo da escola?

23
Unidade I: O Lugar em que Moramos

8. LOCALIZAÇÃO RELATIVA
E ABSOLUTA
Interdisciplinar
Educação Física e Matemática.

Retomando
Revisar o conceito de orientação, localização e posição relativa.

Objetivo
Construir os conceitos de localização relativa e absoluta.

Noções
Nas duas propostas anteriores foram trabalhados os
conceitos de orientação e localização relativa. No primeiro
exercício, a orientação foi feita a partir de pontos de
referência dentro da própria sala de aula; no segundo, a
orientação foi proposta a partir da posição do Sol,
identificando pontos cardeais e colaterais.
Localização relativa é a posição de um objeto em
relação a outro. Ou seja, esta posição pode mudar,
dependendo do ponto de referência utilizado.
Localização absoluta corresponde à posição de um
lugar em relação a um sistema de referência universalmente
aceito, como, por exemplo, o Sistema de coordenadas
geográficas que veremos na próxima proposta. Nessa
atividade trabalharemos com noções deste sistema.

Possibilidades de Trabalho

Jogo: Caça ao Tesouro


Proponha aos alunos uma caça ao tesouro, utilizando
os pontos cardeais e colaterais como referências para a busca.
Esta atividade pode ser feita tanto no espaço da escola
quanto no entorno dela, mas é fundamental que os
estudantes tenham em mãos um desenho do espaço, em planta, onde
deverão fazer as buscas devidamente orientadas, isto é, com a rosa dos
ventos desenhada. Dependendo do número de estudantes, organize­os em
grupos de até 4, para que busquem as pistas que levarão ao tesouro. Cada
pista numerada indica a localização da pista seguinte até a culminância no
tesouro. As pistas deverão conter dicas para se chegar ao próximo local,
utilizando­se da orientação geográfica, como por exemplo:
“A próxima pista estará num lugar – onde todo mundo se diverte muito
– que fica ao norte da sua sala” ou “partindo do refeitório, ande 20 passos na
direção nordeste e depois mais 10 na direção leste. ”
Sugere­se uma atividade com cerca de 10­15 pistas, pois algumas
crianças tendem a decifrá­las rapidamente. É importante, antes de iniciar o
jogo, esclarecer as regras para que a atividade transcorra com tranquilidade.
Por exemplo, explicar aos estudantes que as pistas são numeradas, então,
ainda que encontrem uma pista com um número que não corresponde àquele
que procuram, não podem pegá­la.
Propostas como estas são importantes para desenvolver a autonomia e
a colaboração entre os pares, além de colocar em prática as aprendizagens
desenvolvidas. Nestes momentos, é possível observar as dificuldades ou os
avanços no entendimento das questões trabalhadas.

Registro
Tomando como referência do desenho da sala feito nas
atividades anteriores, problematize juntos aos alunos de que
forma se poderia localizar cada mesa de forma exata. Escute
as sugestões, questione, teste com os estudantes para verificar
se o sistema indicado por eles funciona. A partir da discussão, surgirá a ideia
de criar um sistema de linhas e colunas, que permite a precisa localização de
cada um dos colegas. No desenho da sala da aula, construa este sistema com
os estudantes e peça que registrem no caderno, para que respondam às
perguntas a seguir (Figura 7).

Figura 7 ­ Planta da sala de aula com o sistema de linhas e colunas.

Responda:
a) Utilizando este novo sistema de localização, qual é a sua posição na
sala de aula?
b) Qual é o colega que está na carteira localizada na linha 4 e coluna C?
c) Qual é o colega que está na carteira localizada na linha 5 e coluna A?
d) Qual é a diferença entre o sistema de localização a partir de pontos
cardeais e colaterais e do sistema a partir de linhas e colunas? Qual permite
uma localização mais precisa dos objetos?

25
Unidade I: O Lugar em que Moramos

9. SISTEMA DE COORDENADAS
GEOGRÁFICAS
Interdisciplinar
Artes Visuais, Educação Física e Matemática.

Retomando
Relembrar o conceito de localização absoluta.

Objetivo
Compreender o sistema de coordenadas geográficas como uma
forma de estabelecermos a localização absoluta dos objetos na superfície
terrestre.

Noções
As questões da aula anterior nos levam a perceber a
diferença entre estes dois sistemas de localização (relativa e
absoluta), construindo noções para compreender o sistema
de coordenadas geográficas.
Este sistema está baseado na localização de objetos na
superfície, através de pares de coordenadas, indicados pelo
cruzamento de linhas imaginárias que cobrem o globo,
chamadas paralelos e meridianos.
Os paralelos são linhas que circundam a Terra no
sentido Leste­Oeste e são traçados a partir da Linha do
Equador, o paralelo inicial que divide o Planeta em
hemisférios Norte e Sul. Os paralelos são linhas numeradas e
a partir deles medimos a latitude.
Os meridianos são linhas que unem um polo ao outro.
Em 1884, por convenção, escolheu­se que o meridiano de
Greenwich (nome de uma localidade da cidade de Londres ­
Inglaterra) seria o meridiano inicial, isto é, aquele que divide
o planeta em hemisférios ocidental ou oeste e oriental ou
leste. Os meridianos também são numerados e através deles
medimos a longitude.
Estas linhas – paralelos e meridianos – formam um
sistema semelhante ao de linhas e colunas que construímos
na nossa sala de aula, permitindo localizar com precisão
cada lugar na superfície do planeta, o que lhe confere sua
posição absoluta.
Este sistema, chamado de Coordenadas Geográficas,
permite localizar objetos na superfície da Terra a partir de
um par de informações ­ chamadas coordenadas geográficas
­ formado pela latitude e pela longitude. Analogicamente, no
nosso sistema construído em sala de aula, o lugar onde cada
aluno senta é informado pelo par de informações linha e
coluna.

26
Possibilidades de Trabalho
Jogo: Esconde­esconde na Floresta
Para entender este sistema, vamos propor uma atividade
que tem o mesmo princípio do jogo chamado batalha naval
(Figura 8). Seu objetivo é o de encontrar todos os objetos
escondidos na floresta por seu adversário. Para esconder e para
procurar o objeto escondido, o aluno terá de trabalhar com
pares de coordenadas, indicados por letras e números na
quadrícula construída sobre o terreno onde será desenvolvido o
jogo.
Os objetos escondidos foram pensados a partir das
características do modo de viver na FLONA, como forma de
aproximar ainda mais o aluno da proposta.

Preparação do jogo
• Faça cópia da imagem que está na próxima página e distribua uma
para cada aluno. O jogo é desenvolvido dois a dois;
• Os jogadores não podem ver o jogo do oponente;
• Na área “SEU JOGO” distribua os objetos que devem ser escondidos na
floresta, marcando com um “X” os quadradinhos e respeitando o formato exato
de cada objeto. Os objetos podem ser escondidos tanto na terra quanto na
água;
• Os objetos não podem se tocar, ou seja, é necessário um quadrado livre
entre eles.

O jogo
• Decida quem será o primeiro a jogar (pode ser no par ou ímpar);
• O primeiro jogador dará as coordenadas da sua busca, fornecendo a
letra e o número equivalentes ao quadrado que selecionou para procurar o
objeto;
• O segundo jogador responderá se o local da busca é VAZIO (quando o
objeto não estiver ali), PARTE (quando acerta uma parte do objeto) ou ACHOU
(quando acerta o objeto inteiro ou todas as partes do objeto);
• Quem estiver buscando deverá marcar o local na área “JOGO DO
ADVERSÁRIO“. Se for vazio, marque com uma bolinha para não buscar no
mesmo quadradinho mais de uma vez. Se for parte, marque com X, se achou,
pinte o quadrado e já coloque bolinhas ao redor, pois nenhum objeto pode
encostar no outro;
• O adversário não poderá informar o tipo de objeto, somente se foi
PARTE ou ACHOU. Cabe ao outro jogador descobrir através das chances de
busca;
• Se a busca foi no vazio, passa a vez para o segundo jogador procurar.
Se acertou o objeto (parte ou inteiro), pode tentar novamente;
• Vence quem encontrar todos os objetos do seu adversário.

27
Figura 8 ­ Tabuleiro do jogo esconde­esconde na floresta.
28
U n i d ad e I I
A PAISAGEM QUE CONSTRUÍMOS

Cristiano Quaresma de Paula


Dirce Maria Antunes Suertegaray
Cleder Fontana
Cláudia Luísa Zeferino Pires

A Geografia clássica divulgou uma compreensão de paisagem como a


materialidade do espaço. Valorizando sua dimensão concreta, considerou a
paisagem o que é visível, o que a vista alcança, ou seja, o conjunto de objetos
identificados pela sua forma e sua disposição no espaço.
Podemos, também, pensar paisagem sob outra perspectiva, considerá­
la como além da forma. Troll (1950) concebia­a como o conjunto das
interações entre homem e meio. Para este autor, o estudo da paisagem
apresentava­se sob dupla possibilidade de análise: o estudo da forma
(configuração) e o da funcionalidade em constante transformação.
Para o referido autor, paisagem é algo além do visível, é resultado de
um processo de articulação entre os elementos naturais e sociais que a
constituem. Assim, deveria ser estudada na sua forma, ou o que é visível, na
sua estrutura, sua expressão de conjunto, na sua funcionalidade e na
temporalidade. Ou seja, estudar como se relacionam seus elementos e como
se modificam no tempo. Esta análise poderá ser elaborada na sua dimensão
natural (paisagens naturais) ou humana (paisagens culturais).
Esta breve consideração permite que compreendamos que, quando
utilizamos o conceito de paisagem, este nos possibilita analisar o espaço
geográfico sob uma dimensão, qual seja a da conjunção de elementos
naturais, socioeconômicos e culturais. Analisar como estes se manifestam,
concretamente, na superfície da Terra, em seu movimento.
Ao optarmos pela análise geográfica a partir do conceito de paisagem,
poderemos concebê­la enquanto forma (formação), funcionalidade
(organização) e transformação. Neste sentido, pode ser analisada como a
materialização das condições sociais de existência em um determinado local.
Nela, poderão persistir elementos naturais, embora já transfigurados (ou

29
natureza artificializada). Este conceito privilegia a coexistência de objetos e
ações sociais através da manifestação de suas faces econômica e cultural
.
Objetivos desta unidade:

• Compreender a noção de paisagem como um conjunto de elementos


naturais e objetos construídos pelo trabalho humano. A paisagem é o
elemento visível do espaço geográfico, mas pode ser analisada a partir de sua
construção ao longo do tempo.

30
Unidade II: A Paisagem que Construímos

10. LOCALIZANDO A SALA DE


AULA NA ESCOLA
Interdisciplinar
Ciências, Educação Física e Matemática.

Retomando
Resgatar os desenhos da sala de aula, destacando que esta é
composta por vários elementos que podem ser identificados e
descritos.

Objetivo
Estimular o aluno a identificar e localizar de objetos e/ou elementos
que compõem a paisagem.

Questões Norteadoras
a) Vamos relembrar o que compõe a nossa sala de
aula? O que está representado nos desenhos?
b) Vamos pensar em grupos de objetos? Quais são os
de uso individual dos alunos? Quais são de uso do
professor? Quais são de uso coletivo?
c) Quais outros grupos ou categorias nós poderíamos
criar, para entender a sala?
d) Vamos atribuir uma cor para cada grupo de
objetos. Assim, vamos colorir nosso desenho, onde cada
objeto deve ter a cor correspondente ao grupo.
e) Qual a cor que predomina?
f) Agora vamos pensar em toda escola? Como
poderíamos representar a escola?
g) Para entendermos toda a escola é melhor fazer a
visão frontal ou a visão vertical?
h) Na visão vertical, teríamos como identificar os
diferentes usos da escola?

Possibilidades de Trabalho
Trabalho de Campo
Convide os alunos a visitarem a escola. Enfatize que
não é um passeio e por isso eles devem prestar atenção no
trajeto, devendo levar seu caderno para fazerem anotações e
descrições do que observarem. Durante o percurso,
destaque os diferentes usos existentes da escola (salas de
aula, refeitório, secretaria, pátio, biblioteca, etc.).

31
Fotografia
Durante o trabalho de campo, estimule os alunos a
fazerem fotografias na visão frontal dos usos da escola. Caso
os alunos não tenham câmera/celular, faça você essas fotos e
em aula apresente para os alunos. A visão frontal da faixada
da escola é importante.

Desenho
Estimule os alunos a fazerem o desenho da escola na
visão vertical. Antes de desenharem, pergunte sobre objetos
encontrados no trajeto e como seriam representados na visão
vertical.

Pintura
Questione os alunos sobre os diversos usos que
poderiam ser identificados e por quais cores seriam
representados. É importante integrar as sugestões de
categorias propostas pelos próprios alunos. Estimule os
alunos a pintarem segundo as cores que, coletivamente,
definiram e solicite que registrem no caderno o uso que
corresponde a cada cor.

Para a Próxima Atividade


Para o desenvolvimento da próxima atividade, os alunos terão que
registrar no caderno a descrição do trajeto que fazem da sua casa até a
escola. Deverão anotar as coisas que costumam observar: O que são? São
coisas importantes para a comunidade? Por quê?

32
Unidade II: A Paisagem que Construímos

11. MINHA ESCOLA NA


COMUNIDADE
Interdisciplinar
Matemática e Artes Visuais.

Retomando
Relembrar a aula anterior, reconstituindo o trabalho desenvolvido em
todas as etapas: trabalho de campo, desenho da escola, definição de
categorias de uso da escola, identificação dos usos e pintura do
desenho.

Objetivo
Estimular a aprendizagem da localização espacial e a compreensão
de que a escola, a casa e tantas outras coisas ou objetos compõem a
paisagem onde moro.

Questões Norteadoras
a) Sua casa é perto ou longe da escola?
b) Como você vem até a escola?
c) O que você mais gosta de observar nesse caminho?
Por quê?
d) Você encontra pessoas nesse caminho? São as
mesmas todos os dias? Para onde será que vão? Vão
trabalhar? Onde?
e) Você gosta de percorrer esse caminho? Todos os
dias? Por quê?
f) Chegando à escola, o que mais gosta de encontrar?

Possibilidades de Trabalho
Desenho
Solicite aos alunos que desenhem o caminho de sua
casa até a escola. Recomende que utilizem a descrição feita
no caderno, para não se esquecerem de desenhar o que
observam nesse caminho. Os objetos do caminho podem ser
representados na visão vertical ou frontal.
Conversa em roda
Estimule o estudante a apresentar o desenho do
caminho da casa até a escola. Durante a apresentação,
converse sobre os objetos representados. Questione se estão
representados na visão frontal ou vertical e algumas vezes
faça na lousa desenhos de como seria a visão vertical de
determinados objetos. Incentive os estudantes a
identificarem os locais da comunidade que mais gostam no
trajeto apresentado.
33
Unidade II: A Paisagem que Construímos

12. DA SALA DE AULA PARA O PÁTIO:


ENTENDENDO A PAISAGEM
Interdisciplinar
Ciências. História e Artes Visuais.

Retomando
Rever as atividades de descrição e de ilustração do trajeto da casa à
escola feito anteriormente, reconstituindo os principais aspectos
comentados e trazidos na discussão.

Objetivo
Refletir sobre importância da transformação das paisagens e seus
reflexos no espaço comunitário.

Questões Norteadoras
Com base na descrição e no desenho do trajeto de casa
até a escola, levante os seguintes questionamentos e solicite
que façam o registro das respostas no caderno.
a) Os elementos que compõem esse caminho são
naturais ou construídos pelos seres humanos?
b) Quando chamamos esse caminho de caminho da
comunidade, o que queremos dizer?
c) Seus pais e avós já falaram como era antes? O que
mudou? Quem foi o responsável por essas mudanças?
d) Esse conjunto de elementos da natureza e de objetos
construídos, que são observáveis, é o que chamamos de
paisagem. Podemos dizer que essa é uma paisagem
comunitária? Por quê?
e) Vocês acham que esta paisagem sofreu
transformações? Quem transforma a paisagem?
f) O que compõe a paisagem natural no caminho
percorrido?
g) Que outras paisagens vocês poderiam destacar (da
religião, do esporte, do trabalho, etc.)?

Possibilidades de Trabalho
Trabalho de Campo
Convide os alunos a olharem pela janela da sala de aula
ou leve­os até a entrada ou pátio da escola. Pergunte aos
alunos o que estão vendo, e explique que tudo o que
descrevem pode compor uma paisagem.

34
Registro
Solicite que os alunos escrevam no caderno os
elementos que observam na paisagem. Mais uma vez,
estimule­os a distinguir as diferentes categorias de uso
(natureza, trabalho, diversão, moradia, uso individual, uso
comunitário).

Desenho ou Fotografia
Incentive os alunos a desenharem ou fotografarem a
paisagem que foi descrita.

Conversa em roda
Incentive os alunos a compartilharem os desenhos ou
fotografias dos elementos que registraram como
componentes da paisagem. Identifique os elementos que
todos registraram e os que poucos lembraram. Construa, de
forma coletiva, junto à turma, as categorias de elementos.
Caso os alunos tenham desenhado a paisagem, poderão
destacar (contornando) nesse desenho as diversas
categorias.

Para a Próxima Atividade


Solicite, para a próxima aula, que o aluno traga fotografias antigas da
comunidade.

35
Unidade II: A Paisagem que Construímos
13. A COMUNIDADE MUDA:
A PAISAGEM TEM UM TEMPO
Interdisciplinar
Ciências. História e Língua Portuguesa.

Objetivo
Trabalhar a transformação da paisagem ao longo do tempo.

Questões Norteadoras
a) Pegue o desenho ou a fotografia da paisagem que
você tirou na aula anterior. Hoje ela continua igual? Por quê?
b) Nos períodos de cheia e de seca, essa paisagem
continua a mesma? Por quê?
c) Quem trouxe fotografias antigas da comunidade? A
paisagem é a mesma? O que é possível ver nas fotografias? O
que mudou?
d) Quais as diferenças entre “como era antes” e “como
é hoje”?
e) Vamos tentar colocar essas fotos antigas em ordem
temporal, para compreendermos como a paisagem da
comunidade foi sendo transformada?
f) Como o homem transforma a paisagem? Como a
natureza transforma a paisagem?

Possibilidades de Trabalho
Registro
Solicite que os alunos escrevam uma carta, contando
para um familiar idoso como é a paisagem hoje. Peça que
contenha as principais transformações que ocorreram e os
papéis do homem e da natureza nessas mudanças.

Desenho
Motive os alunos a olharem as fotos antigas que
trouxeram, comparando­as com a foto ou com o desenho da
última aula. Então, solicite que façam uma ilustração de
como imaginam que será a mesma paisagem daqui a 10 ou 20
anos. Depois de pronto o desenho, peça que elaborem um
texto, descrevendo esta paisagem no futuro. O que mudou?
Por que mudou? Como você vê estas mudanças?

Para a Próxima Atividade


Para a próxima atividade, solicite que os alunos tragam material como
caixas pequenas (por exemplo de fósforo), papel, barro/argila, gravetos,
galhos (pequenos de árvores), cola, lápis de cor etc.

36
Unidade II: A Paisagem que Construímos

14. A MAQUETE: CONSTRUINDO A


PAISAGEM DA COMUNIDADE
Interdisciplinar
Matemática e Artes Visuais.

Objetivo
Construir uma maquete que represente a comunidade ou parte dela,
atentando para noções de proporção.

Maquete da Comunidade
Existem várias formas de representar a paisagem do
lugar onde moramos. Nós já exercitamos algumas, como o
texto (descrição), o desenho e a fotografia. Hoje vamos
propor a construção de uma maquete que deve ter a
participação de todos.
A maquete será um modelo da comunidade de
tamanho reduzido, de forma que seja possível representar
os principais elementos que compõem a paisagem
comunitária.
Possibilidades de Trabalho
Trabalho de campo
Organize, com os alunos, uma visita à comunidade,
para que observem e registrem os principais objetos (casa,
escola, plantas, etc.) que deverão representar na maquete.
Uma alternativa é o uso de uma imagem aérea da
comunidade (como as extraídas no Google Earth:
https://www.google.com/earth/).

Desenho
Divida a turma em grupos de até 4 alunos. Peça aos
alunos para desenharem a comunidade, na visão vertical,
em um papel pardo. Assim, poderão identificar todos os
objetos que irão compor a maquete.

Montagem da Maquete
Nos mesmos grupos, oriente os estudantes a
desenvolverem as etapas abaixo.
a) Planejamento: separe o material que será
necessário para a confecção dos elementos a serem
colocados na maquete. Por exemplo, o número de caixas
pequenas que serão utilizadas para representar as casas, a

37
caixa maior para fazer a escola, galhos para simular as
árvores, etc. Durante este processo, lembre aos alunos que é
importante tentar manter a proporção entre os tamanhos
objetos. Problematize esta questão, comparando os tamanhos
e formas dos elementos a serem representados. Após a
separação dos materiais, inicie a confecção destes elementos:
forre, desenhe e pinte os objetos.
b) Construção da maquete: desenhe sobre uma base
mais rígida (cartão, isopor, madeira) as ruas e caminhos da
comunidade e posteriormente cole os objetos construídos
conforme suas localizações na comunidade.

Exposição
Reserve um local na escola para a exposição das
maquetes dos alunos. Cada maquete deve ter a identificação
dos alunos que fizeram, valorizando a sua construção. Os
alunos poderão convidar seus pais e amigos para conhecerem
a sua maquete no horário de entrada ou de término das
aulas. Neste momento, também podem explicar a paisagem da
comunidade.

38
Unidade II: A Paisagem que Construímos

15. O MAPA: REPRESENTAÇÃO DA


PAISAGEM DE ONDE MORO
Interdisciplinar
Matemática e Artes Visuais.

Retomando
A partir da maquete confeccionada na aula anterior, retome com os
alunos que esta é uma representação reduzida da comunidade e que
existem diversas formas de representação dos espaços.

Objetivo
Promover o entendimento de mapas como representações feitas a
partir das pessoas e de seus objetivos.

Construção de Mapas
Na atividade, que agora apresentaremos, propõe­se a
construção de um mapa, partindo­se da maquete elaborada
nos momentos anteriores. Para iniciar o trabalho com os
mapas, registre na lousa as questões abaixo e solicite que
os estudantes respondam­nas no caderno. Se preferir, esta
discussão pode ser feita no grande grupo ou mesmo nos
grupos de trabalho da maquete. É importante ter em mãos
exemplos de mapas para mostrar aos alunos.
a) O que é um mapa? Vocês já viram muitos mapas?
b) Vocês acham que os mapas são representações da
visão frontal ou da vertical?
c) Quando vocês veem a maquete de cima, que
formas observam? Vamos exercitar, tentando reproduzir
alguns objetos da maquete vistos de cima?
d) O que vocês escolheriam representar no mapa, a
partir da maquete? Explique por que escolheram esses
elementos?
Possibilidades de Trabalho
Desenho
Solicite aos alunos que desenhem em uma folha de
papel a maquete, que seu grupo elaborou, a partir da visão
vertical. O desenho deve conter todos os objetos ou aqueles
que foram selecionados pelos estudantes.

Conversa em roda
Após o desenho pronto, analise junto aos alunos o
mapa feito, levando­os a perceber que objetos diferentes
podem ter o mesmo contorno, por exemplo, um quadrado,

39
ou um círculo. É hora, então, de questionar o aluno: que
objeto é esse? E esse outro? Eles estão representados com o
mesmo contorno? Como vamos fazer para diferenciá­los e
identificá­los?

Legenda
Quando um mapa tem muitas formas semelhantes, é
necessário fazer algumas distinções entre elas. Estas podem
ser através de símbolos, que destacam particularidades (por
exemplo, colocar uma cruz para representar a igreja),
tamanho, para identificar maior intensidade de alguma
informação (por exemplo, fazer maiores as castanheiras mais
produtivas) ou cores, que podem distinguir categorias (por
exemplo, nas construções, as casas têm uma cor e escolas
têm outra). Esse sistema de símbolos e cores, que nos
auxiliam a ler o mapa, chamamos de legenda.
A tarefa agora é construir uma legenda para o mapa do
grupo, conforme o modelo:

Legenda

Cor Objeto

Vermelho Casa

Roxo Escola

Registro
Solicite aos alunos que respondam as seguintes
questões e registrem no caderno suas respostas.
a) Qual a diferença entre uma maquete e um mapa?
b) Qual o nome da sua comunidade? Esse pode ser o
título da maquete e do mapa? Coloque um título (dê um
nome) ao seu mapa.
c) A maquete e o mapa representam toda a comunidade
ou parte dela? Por quê?
d) O que foi representado na maquete e no mapa? Qual
a importância dessas representações para você e para sua
comunidade?
e) Tudo que representou da comunidade é importante
para todos? Tem coisa que observou na comunidade, mas não
representou? Por quê?
f) Olhando para a maquete e para o mapa, aponte o que
gostaria de melhorar na comunidade? Por quê?

40
Unidade II: A Paisagem que Construímos

16. A FOTOGRAFIA: REPRESENTAÇÃO


E ANÁLISE DA PAISAGEM
Interdisciplinar
Artes Visuais, Ciências e Língua Portuguesa.

Retomando
Revisar as outras formas de representação da paisagem que já
foram empregadas nas atividades anteriores: maquete e mapa.

Objetivo
Estimular a observação e a descrição, a partir da noção de
paisagem.

Fotografia
Escolha uma fotografia da comunidade para
trabalhar com a turma ou utilize as imagens e desenhos
produzidos pelos alunos nas atividades anteriores.
A foto é uma representação da paisagem em um dado
instante. As paisagens podem mudar com o tempo, como
vimos nas fotografias antigas ou do passado. Estas
também, nos permitem entender a comunidade no
presente.

Possibilidades de Trabalho

Conversa em roda
Solicite aos alunos, que apresentem para o grupo as
fotos tiradas nas últimas aulas, explicando aos colegas o
que quiseram representar. Mostre a fotografia escolhida por
você e explore os elementos ali presentes. Oriente este
debate, fazendo aos estudantes as seguintes questões:
a) Quais são os elementos que aparecem nas
fotografias?
b) Na análise de fotografias, podemos distinguir os
elementos que estão na frente (primeiro plano) daqueles que
estão atrás (segundo plano). Quais estão no primeiro e no
segundo plano das suas fotografias?

41
Registro
Solicite aos alunos que escolham uma das fotografias
trabalhadas anteriormente e realizem as questões a seguir:
a) Faça uma descrição detalhada da paisagem da foto
escolhida;
b) Informe os objetos que você observa nesta foto;
c) Classifique os elementos observados como naturais e
construídos, de uso individual e de uso coletivo;
d) Crie outras categorias para distinguir os objetos,
como os usos que os comunitários fazem, ou seja, para
produzir alimentos, para abrigo, para
deslocamento/transporte, para lazer, etc;
e) Você descreveu e analisou uma paisagem na
fotografia. O que seria uma paisagem na sua opinião?
f) A sua casa e a sua escola fazem parte da paisagem da
sua comunidade?
g) Como você explica a origem dessa paisagem?

42
U n i d ad e I I I
A NATUREZA QUE NOS DÁ VIDA

Mateus Gleiser Oliveira


Éder Luís da Silva Rodrigues
Dirce Maria Antunes Suertegaray
Isabel Pérez Alves

Natureza é o conjunto dos elementos que nos rodeiam e que não foram
construídos pelo trabalho humano, e sim, pela sua própria dinâmica e
história, como o clima, relevo, água, solo, vegetação e animais. Esse conjunto
de elementos, que identificamos como natureza, são denominados de bióticos
(os que envolvem a vida animal e vegetal, incluindo o homem como espécie
animal) e abióticos (os que envolvem os elementos como água, rochas, solos,
ar).
Os seres humanos, desde sua origem histórica, ao se relacionarem com
a natureza, transformam­na, ou seja, produzem uma “nova natureza”, como,
por exemplo, as plantas híbridas, os alimentos geneticamente modificados, as
transformações genéticas dos animais.
Se considerarmos em conjunto só os elementos naturais que
caracterizam um determinado espaço, podemos defini­lo como paisagem
natural, ou seja, o conjunto de elementos naturais ­ clima, relevo, água, solo,
vegetação e animais ­ que apresentam características diferentes em cada
local. Estas são paisagens onde predominam elementos naturais. Nelas o
trabalho humano não se realiza, ou quando se realiza, é pouco expressivo,
não promovendo alterações significativas. Portanto, a presença do homem,
como ser natural e, ao mesmo tempo, como alguém oposto à natureza,
promoveu e promove profundas transformações na natureza em si e na sua
própria natureza. O homem modifica paisagens naturais e constrói paisagens
culturais a partir de suas diferentes formas de organização social.

Objetivos desta unidade:

• Compreender os conceitos de natureza e de paisagem natural.

43
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

17. OS ELEMENTOS DA NATUREZA QUE


COMPÕEM A PAISAGEM
Interdisciplinar
Ciências e Língua Portuguesa.

Retomando
Revisar as representações de paisagem, ressaltando os elementos
“naturais”.

Objetivo
Compreender que muitos dos elementos que compõem a paisagem
são naturais e que se relacionam, influenciando a vida dos ribeirinhos.

Leitura
Apresente aos estudantes este trecho de texto extraído
do livro Mormaço na Floresta, de Thiago de Mello, 1981, p.73.
Os complementos, entre parênteses, foram feitos pelos
autores.
É o Amazonas e o ciclo das águas. Tempo das “primeiras
águas, quando o rio dá sinal de quem tem vontade de crescer.
Tempo de enchente, tempo de vazante. É o regime das águas
condicionando e transformando a vida do homem (e da mulher)
amazônida ao longo das etapas do ano. Não só no interior das
florestas, na beira dos rios. Também nas cidades e nos
principais centros da região – o homem (e a mulher) sofre os
efeitos, generosos e adversos, da subida ou da descida das
águas. Na sua casa, na sua comida, no seu trabalho de cada
dia. O regime das águas é um elemento constante no cálculo da
vida do homem (e das mulheres).

Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
A partir da leitura do texto, discuta com os alunos e
registre as ideias sobre as questões a seguir:
a) Quais são os elementos naturais que mais
influenciam a vida dos moradores do Amazonas?
b) Aqui na FLONA você também observa o que é
relatado no texto?
c) Você já observou a subida e descida das águas? Por
que as águas dos rios sobem e descem?
d) Quando sobem, o que acontece com as áreas baixas,
por exemplo, as várzeas?
e) As águas das cheias promovem efeitos bons e ruins
para os ribeirinhos. Que efeitos são esses?
f) Que outros elementos fazem parte da natureza e que
não foram citados pelo autor? Como eles interferem na vida
dos moradores?
44
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

18. CLIMA: O RITMO DAS CHUVAS


Interdisciplinar
Matemática.

Retomando
A partir da identificação dos elementos que constituem a natureza –
clima, relevo, água, solo, vegetação e animais – e de sua importância
na vida dos comunitários, destaque que será iniciado um conjunto de
atividades para melhor entendimento de cada um desses elementos.

Objetivo
Reconhecer as características do clima de onde moro, identificando
dois de seus principais elementos: a temperatura e a pluviosidade ao longo
do ano.

Questões Norteadoras
Inicie um debate com os estudantes, solicitando que
pensem sobre o tempo meteorológico ao longo do ano.
Questione sobre as mudanças no tempo. Se necessário, dê
como exemplo as estações extremas.
a) Como vocês observam e descrevem o tempo
meteorológico ao longo do ano? Existem diferenças?
b) Você acha que o clima do local onde vivemos é
diferente ou igual a outros locais do Brasil? Justifique e dê
exemplos, se possível de um lugar que você conheça.

Possibilidades de Trabalho
Analisando um climograma
O climograma é um gráfico que representa dados
sobre a chuva precipitada e a temperatura registrada num
determinado local, em um determinado tempo. Esta
representação tem dois eixos, um vertical e um horizontal,
as informações dos dois eixos estão relacionadas. Cada eixo
tem a sua unidade de medida. O eixo horizontal indica o
tempo, expresso em meses, e o vertical tem duas
informações: à direita, a temperatura medida em graus
Celsius (°C) e, à esquerda, a quantidade de chuva
(pluviosidade) registrada em milímetros (mm). A linha
indica a temperatura e as colunas indicam as chuvas. Para
cada local do mundo esse gráfico será diferente. Assim,
analisando o gráfico, podemos ver o quanto choveu e
comparar com a temperatura média do mês, ou verificar
como foi a distribuição das chuvas em um ano, ou, ainda,
quais são os valores da temperatura nesse período.

45
Observe o climograma de Tefé (Figura 9) e preencha, na tabela, o valor
aproximado da temperatura e da chuva medidos por mês, como foi feito para
o mês de janeiro.

Figura 9 ­ Climograma de Tefé, AM. Fonte: organizado pelos autores. Fonte:


Climate­Data (2014)
Tabela 1 ­ Dados de temperatura e de chuva mensais de Tefé, AM.
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Chuva (mm) 250


Temperatura
26
(ºC)

Registro
a) O que você observa em relação à temperatura? E, em
relação à chuva, o que pode ser dito?
b) Há variação nas chuvas, durante o ano, em Tefé?
c) Há períodos mais secos (vazante) e outros mais
úmidos (cheias)?
Com base no climograma:
d) Qual o mês que mais choveu em Tefé? Quanto?
e) Quais os meses que menos choveu em Tefé? Quanto?
f) Houve grande variação na temperatura média dos meses? Justifique.
g) E em relação às temperaturas, indicam calor ou frio?
h) Você vê semelhanças entre o que observa no gráfico e o texto de
Thiago de Mello lido anteriormente? Quais são elas?

Conversa em roda
Com a finalidade de sintetizar o conteúdo, retome com
os alunos as respostas das perguntas anteriores, buscando, a
partir delas, analisar com detalhes os dados do climograma.
Nesta conversa, destaque que, no gráfico de Tefé, a
temperatura muda bem pouco ao longo dos meses, já a chuva varia um
pouco mais. Em maio/junho ocorre o pico da enchente, pois, como se
observa no gráfico, desde outubro vem sendo acumulada água da chuva. Já
em setembro/outubro é o pico da vazante, visto que esta resulta de meses
seguidos em que as chuvas são reduzidas.
46
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

19. CONSTRUINDO NOSSO


OBSERVATÓRIO DO TEMPO
Interdisciplinar
Matemática.

Retomando
Relembrar o climograma da aula anterior.

Objetivo
Construir instrumentos que permitam monitorar o tempo
meteorológico na comunidade – com ênfase na chuva – e fazer
comparações com outros locais.

Noções
Na atividade anterior, destacamos a importância das
medidas de temperatura e de chuva (pluviosidade) para
compreender o clima. O gráfico estudado, o climograma, é
feito a partir destas duas informações.
Assim, para elaborar um climograma, precisamos de
uma tabela com registros de temperatura e de chuva. A
temperatura pode ser medida com auxílio de um
termômetro. A pluviosidade pode ser medida com um
pluviômetro.
Hoje, como atividade prática, vamos construir um
pluviômetro e um climograma. Observa­se, entretanto, que
essas duas atividades são sugestões para que sejam
desenvolvidas com alunos de maior faixa etária, que
estejam no final do Ensino Fundamental (9º ano) ou no
Ensino Médio.

Possibilidades de Trabalho
Construção de pluviômetro: o pluviômetro é um
instrumento utilizado para coletar e medir a água da chuva.
Ele pode ser construído de maneira fácil, com instrumentos
disponíveis em qualquer casa.

Recipiente Estilete e
Garrafa pet 2l milimetrado tesoura Caneta

47
Como fazer

Passo 1
­ Corte a garrafa pet no gargalo em 7 cm, para que seja
feito um funil.
­Inverta a parte cortada, posicionando­o na boca da
garrafa.

Passo 2
­Encha com água o recipiente milimetrado.
­Encha a garrafa pet com a água, prestando atenção:
para cada 10 ml que você colocar marque a quantidade na
garrafa, com caneta para se construir uma ESCALA.
Professor, para fins didáticos considere que cada 1
mililitro equivale a 1 milímetro. Contudo, caso queira o valor
ser exato, pode calcular o volume pela formula:
v= π .r2.h, onde v=volume, π= 3,14, r=raio, h=altura

Passo 3
­Depois de milimetrar a garrafa inteira, retire a água.
­Com a garrafa vazia coloque o funil.
Posicione a garrafa em ambiente externo, plano e com
boa exposição à chuva.

Como utilizar o pluviômetro


Após sua instalação, pode­se proceder de duas maneiras:
a) Registrar os dados durante uma semana, no mesmo horário ­ antes
da aula, recreio, depois da aula, etc.
b) Caso houver interesse, o procedimento pode ser repetido ao longo
do ano, em diferentes meses, para comparar a mudança que ocorre.

Tabela 2 ­ Modelo de tabela para preenchimento dos dados do pluviômetro


Data da coleta Milímetros de chuva

A média do mês é o resultado da soma dos registros diários dividido


pelo número de dias do mês.

48
Elaboração de climograma
Como já vimos anteriormente, climograma é um
gráfico que registra a temperatura e quantidade de chuva
em um período de tempo, num determinado local.
Para construir um climograma, precisamos de dados
de chuva e de temperaturas. A tabela, a seguir, registra
esses dados para quatro cidades brasileiras.

Tabela 2 ­ Dados de temperatura e de chuva mensais.

Fonte ­ Climate­Data (2014)

Para a construção do climograma, divida a turma em


duplas ou trios. Cada grupo ficará responsável pela
elaboração do gráfico de um dos locais. A escolha do local a
ser representado pode ser feita por sorteio.
Os climogramas (Figura 10) deverão ficar assim:

Figura 10a ­ Climogramas de Tefé e Cabrobó. Fonte: Climate­Data (2014)


Figura 10b ­ Climogramas de São Paulo e Uruguaiana. Fonte: Climate­Data (2014)

Conversa em roda
Após a elaboração, proponha a discussão entre as
diferenças que podem ser percebidas através dos gráficos.
Oriente seus alunos para a interpretação dos gráficos,
enfatizando as características do clima em Tefé, como ocorrem
as variações de temperaturas, os regimes das chuvas.

Registro
Solicite que elaborem um texto apresentando suas
conclusões, tomando como base as seguintes perguntas:
a) Em que cidade chove mais e onde chove menos?
b) Qual a cidade que tem temperaturas mais baixas?
c) Qual cidade tem as temperaturas sem muita variação
no ano todo?
d) O que considera importante registrar sobre o gráfico
de Cabrobó/ PE e de São Paulo/SP?
e) Como você descreveria o clima de Tefé/ AM? E o de
Uruguaiana/ RS?

50
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

20. HIDROGRAFIA: O CAMINHO


DAS ÁGUAS
Interdisciplinar
História.

Objetivo
Identificar os elementos que compõem a hidrografia da FLONA de
Tefé, bem como a relação da mesma com a vida comunitária local,
entendendo hidrografia como a descrição do conjunto dos corpos d´agua de
um local.
Questões Norteadoras
a) Os rios, na FLONA de Tefé, apresentam o mesmo
volume ou quantidade de água durante todo o ano? O que
há de diferente? Estas mudanças influenciam no dia­a­dia?
b) Por que dizemos subir ou descer o rio? Subimos e
descemos para onde? Existiriam outras formas de dizer
isto?
c) Quais os nomes que os ribeirinhos dão aos
diferentes cursos d`água presentes na FLONA de Tefé,
considerando seu tamanho?
d) Qual a importância dos rios para a vida
comunitária: para os deslocamentos, para o trabalho, para
a alimentação, para a diversão?

Possibilidades de Trabalho
Mapa mental
Peça que os alunos elaborem um mapa mental, ou
seja, um desenho que expresse, a partir da sua percepção,
como se distribuem os rios e os lagos que estão próximos
da comunidade. Após construído o desenho, questione
sobre o que há de diferente em cada mapa. Faça, em
conjunto com os alunos, uma listagem dos rios e dos lagos
indicados em cada mapa, individualmente. Elabore um
único mapa síntese de toda a turma, contemplando o
máximo de elementos possíveis. Este mapa pode ser feito
na lousa, mas é importante que fique registrado em papel
pardo ou em outra folha grande, para que todos consigam
vê­lo.

Conversa em roda
No mapa coletivo, feito anteriormente, solicite que os
estudantes identifiquem o rio principal, os rios menores
(igarapés) e os lagos com seus nomes. Desenhe, no mapa,
flechas indicando a direção do fluxo da água dos rios.

51
Identifique onde deságuam os rios, quais são maiores e quais
são menores.
Junto com os estudantes, observe o climograma de
Tefé, identifique os períodos de menor e de maior quantidade
de chuva, e descreva o que acontece com os rios e os lagos
nesse período do ano.

Desenho
Solicite que os alunos escrevam textos ou que façam
desenhos expressando a importância dos rios para a vida
comunitária. Formule questões­problemas como estímulo
para a produção do material. Por exemplo: os comunitários
usam os rios para quê? Que futuro imaginam para os
mesmos (que usos gostariam que fossem dados aos rios)? O
que estão dispostos a fazer para que isso aconteça?

52
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

21. RELEVO: AS FORMAS DA TERRA


Interdisciplinar
História.

Objetivo
Identificar, caracterizar as diferentes unidades do relevo e as
possíveis as atividades comunitárias nelas desenvolvidas.

Noções
O que entendemos como relevo? De modo geral,
podemos compreender o relevo como um conjunto de formas
que se sobressaem na camada mais superficial da Terra (crosta
terrestre). Essas formas vão sendo esculpidas ao longo do
tempo por forças internas e externas. Terremotos e vulcões em
erupção são exemplos de forças internas que destroem e
reconstroem as formas de relevo.
As forças externas, porém, são aquelas que, no nosso
dia­a­dia, podemos observar com mais clareza. Você sabe
quais são? Você já observou que o fluxo dos rios, as cheias e
secas estão sempre moldando o relevo? Chuvas intensas,
ventos fortes também atuam modificando as formas da Terra.
E nós, pessoas em comunidade, somos uma força externa
também? Também moldamos o relevo?
A variação de altitude é um fator importante para definir
e nomear as formas de relevo. Aqui na FLONA observamos
várias formas, como: várzea, pé de terra firme, terra firme, etc.
Fazemos usos diferentes destas formas, conforme suas
características. O que fazemos na várzea? E na terra firme?
O relevo pode ser representado em uma folha de papel
em mapas. Mas como representar diferentes alturas em um
plano? Observe a figura 11.

Figura 11 ­ Curvas de nível representadas em uma mão. Elaboração: André


Rossato, 2015.
53
À esquerda da figura, vemos uma mão fechada sobre a
qual são desenhadas linhas na parte da mão que, ao dobrar,
elevou­se (articulação com os dedos). Essas articulações,
quando a mão está fechada, formam elevações, formas em
relevo.
Observe agora o lado direito da figura 11; a mão está
aberta, o que aconteceu com a elevação ou as formas em
relevo? Ficaram planas e o desenho que circulava as elevações
aparece como um conjunto de linhas circulares. Faça esse
exercício com a sua mão e verifique se ocorre o mesmo.
Agora observe a figura 12 a seguir. Na sua parte
superior, observamos um relevo arredondado que podemos
chamar de morro.

Figura 12 ­ Curvas de nível representadas no papel. Elaboração: André Rossato,


2015.
Observe que foram traçadas linhas em torno desse
morro, da mesma forma que como foram feitas nas elevações
do desenho na mão. Cada linha dessa tem um valor de
altitude, por exemplo, 100m, 200m, 300m e 400m. Quando
vamos representar esse morro num mapa, por exemplo,
precisamos projetar sua forma num plano (folha de papel).
Observe o desenho dessa representação na parte inferior da
figura 12. Ela apresenta as linhas desenhadas em torno do
morro, em uma folha. Podemos ver, então, que, no plano,
temos o morro representado por um conjunto de linhas
fechadas, de forma circular, em que cada linha indica uma
altura do relevo. A essas linhas damos o nome de curvas de
nível.

54
Possibilidades de Trabalho
Confecção de maquete
Uma maquete é uma representação reduzida do
relevo, da paisagem natural ou da paisagem construída pelo
trabalho humano. No capítulo anterior, construímos a
maquete da comunidade (casas, caminhos etc.), agora
vamos fazer uma maquete do relevo de duas comunidades
da FLONA. É possível propor aos alunos, com maior faixa
etária, a construção de uma maquete do relevo.
Primeiramente, organize­os em grupos, de até 4
estudantes, e solicite que o grupo faça um desenho de
como é o relevo de sua comunidade.
Em uma caixa, com terra ou barro, os integrantes do
grupo deverão reproduzir o terreno desenhado na folha.
Solicite, também, que desenhem ou representem, na
maquete, os rios de sua comunidade e localizem duas
comunidades em posições diferentes, mas às margens do
mesmo rio.
Feito isso, peça que façam a comparação do desenho
com a maquete feita pelo grupo. Explique como se
representa uma forma de relevo numa superfície plana.

Conversa em roda
Com a turma reunida, medie a discussão, começando
pela localização da montante para jusante do rio
representado. Pergunte:
a) Quando você anda de canoa, costuma dizer que
sobe ou que desce o rio? Quando você sobe o rio, vai
em direção à nascente ou à foz do rio?
b) Quando você desce, vai em que direção?
É importante esclarecer aos alunos que, quando
subimos um rio, podemos também dizer que vamos para
montante e, quando descemos, vamos para jusante. Dito
isto, questione:
c) Agora que você já sabe o que significa nascente,
foz, subir, descer, montante e jusante, observe a maquete e
indique: qual comunidade está à montante e qual está à
jusante considerando a suas posição em direção ao rio?
d) Quantos tipos de relevo você identifica na sua
maquete? Considere a diferença de altitude, por exemplo.
Identificar a várzea, o pé de terra firme, a terra firme, etc.

55
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

22. O RELEVO DA FLONA DE TEFÉ


Interdisciplinar
Matemática.

Retomando
Reconstituir as últimas atividades, em especial o mapa mental que
fizeram da hidrografia e a maquete de representação do relevo.

Objetivo
Caracterizar as diferentes unidades do relevo e as relações destas
com a hidrografia, exercitando a interpretação de mapas na escala da
FLONA de Tefé.

Questões Norteadoras
Nas últimas atividades, aprendemos que é possível
identificar e representar, de diferentes formas, a hidrografia e o
relevo onde a nossa comunidade está situada.
Hoje, vamos estudar a hidrografia e o relevo no contexto
da FLONA de Tefé.
Para a atividade, vamos trabalhar como mapa da
Hidrografia e o mapa do Relevo da FLONA de Tefé, que foi
utilizado pelo ICMBio na construção do Plano de Manejo
(Figuras 13 e 14).
Mostre para a turma os dois mapas, dando um tempo
para que os estudantes encontrem o local aproximado da
comunidade.

Possibilidades de Trabalho
Comparando mapas
Tome como base a maquete, construída anteriormente, e
o mapa do relevo da FLONA de Tefé e questione:
a) Quais as formas ou unidades de relevo você observa no
mapa?
b) Essas formas ou unidades são as mesmas que você
representou?
c) Faltou alguma unidade na sua maquete?
d) A unidade que faltou não faz parte da sua
comunidade?
e) Porque você acha que essa unidade não faz parte da
sua comunidade?
f) Você já entendeu o mapa de relevo da FLONA de Tefé,
já identificou as formas ou unidades de relevo nesse espaço?
Agora, comparando a maquete com o mapa de hidrografia

56
da FLONA de Tefé, pergunte:
g) Quais os principais rios que banham a FLONA de
Tefé?
h) Sua comunidade fica às margens de qual rio?
i) Observe o relevo e o percurso do rio que banha a
sua comunidade, indicado no mapa. Em que unidade de
relevo nasce esse rio?
j) Como são chamados os rios menores, que
desembocam em grandes rios?
k) Como você utiliza esse rio? E sua família?
l) Você gosta de viver próximo aos rios? Por quê?

Registro
Agora é hora de escrever. Solicite aos alunos uma
produção textual sobre suas aprendizagens acerca do
relevo e da hidrografia da FLONA de Tefé. As perguntas
feitas no exercício anterior podem orientar a escrita deste
texto. Não esqueça de lembrá­los de retomar como o clima
influencia na dinâmica das águas e, portanto, na sua vida,
de seus pais e da comunidade.

Conversa em roda
Tendo como base a tarefa anterior, proponha ou
aborde questões como:
a) Quais são as relações entre as unidades de relevo e
a hidrografia?
b) Que unidades de relevo é possível visualizar na
época de seca? E na época de chuva? Como você explica
essas diferenças?
d) Você conseguiria relacionar algumas atividades
que você ou seus pais fazem em diferentes unidades de
relevo, por exemplo, onde estão os roçados? Onde é feita a
caça? Onde estão construídas as casas e a escola? Ou a
comunidade?

57
Figura 13 ­ Mapa de Hidrografia da FLONA de Tefé.

58
Figura 14 ­ Mapa de Relevo da FLONA de Tefé.

59
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

23. RELEVO E HIDROGRAFIA


DA FLONA DE TEFÉ
Interdisciplinar
Ciências.

Retomando
Relembrar brevemente as atividades de clima e relevo.

Objetivo
Relacionar as diferentes unidades do relevo com as feições
hidrográficas.
Noções
Vamos trabalhar com outra forma de representar os
elementos da natureza, o bloco diagrama. Um bloco diagrama
é uma representação tridimensional que nos permite
visualizar o relevo, em relação a sua forma e também em
relação aproximada a sua altitude.
O bloco diagrama, a seguir (Figura 15), representa de
forma muito simples as unidades de relevo que compõe a
FLONA de Tefé e a denominação dos diferentes corpos d’água
que caracterizam a sua hidrografia. No quadro, você observa
que o relevo está representado no bloco diagrama por letras e
os diferentes cursos e corpos d’água por números. Esse
quadro nos permite identificar e entender o que está
representado, num bloco diagrama ou mesmo num mapa. É o
que se denomina legenda.
Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
Distribua cópias do bloco diagrama anterior, solicitando
aos estudantes que o observem com atenção, para
responderem as questões apresentadas na sequência.
Inicialmente deixe que explorem a imagem silenciosamente
por alguns minutos. Depois, analisando a imagem juntamente
com a turma, oriente a observação.
Chame atenção para a observação dos rios. É possível
perceber que eles parecem árvores. Os rios maiores se
ramificam. Esses conjuntos de rios, maiores e menores, que
se ligam entre si, é o que se denomina de rede hidrográfica.
Uma rede hidrográfica drena uma determinada porção
de terra e é separada de outra rede hidrográfica por uma
porção de terra mais elevada, chamada de interflúvio. Quando
falamos de bacia hidrográfica, estamos nos referindo às terras
que são drenadas pelos seus respectivos rios.
Após esta explicação, peça que respondam por escrito:

60
a) Quantas bacias hidrográficas você observa no
diagrama?
b) Observe a legenda e indique como se denominam
os rios menores?
c) Observe a várzea ou planície aluvial, como indica a
legenda. Que outros tipos de corpos d’água estão presentes
na várzea ou planície aluvial?
d) O que significam estirão e furo?
e) Essas feições hidrográficas, quando navegamos,
são muito úteis, por quê?
f) No bloco diagrama não aparece uma feição
hidrográfica muito importante, o parana. Desenhe um
parana no diagrama e explique seu significado.
g) Delimite, no diagrama, com uma linha tracejada
(­ ­ ­ ­), o limite de cada bacia hidrográfica.

Trabalho de campo
Na continuidade vamos estudar outro elemento da
paisagem: a vegetação. Para isso, proponha uma
caminhada nas proximidades da comunidade, para
observar o relevo e recolher material para o estudo da
vegetação (coletar folhas, frutos etc). Para essa caminhada,
elabore, antecipadamente (coletiva ou individualmente), um
quadro de registro de informações a serem coletadas
durante o percurso, como por exemplo:

Quadro 1 ­ Unidades de relevo e vegetação: características e usos.

Unidade de Característica Uso do Espécies de Característica Uso da Planta


Relevo do Relevo Relevo Plantas da Planta

Várzea

Pé de terra
firme

Terra firme

Para a Próxima Atividade


O quadro e as amostras coletadas devem ser armazenadas para a
próxima atividade.

61
Figura 15 ­ Bloco Diagrama das Unidades de Relevo

62
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

24. A FLORESTA E SEUS USOS


Interdisciplinar
Ciências.

Retomando
Recuperar a caminhada de estudo. Reconstituir o trajeto feito,
destacando, a partir das anotações, o que foi observado e resgatar
as amostras coletadas.

Objetivo
Identificar os diferentes tipos de vegetação do local onde vivemos e, a
partir dos seus usos, a importância da mesma para a vida comunitária.

Questões Norteadoras
a) Como é a vegetação do local onde você vive?
b) Qual a importância dela na sua vida?
c) Imagine a sua vida sem a vegetação do local onde
vive. O que seria diferente?
Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
Convide um morador da comunidade, que seja
conhecedor da floresta, para falar com os estudantes sobre
os locais onde ocorrem as plantas e sobre seus usos
(alimentação, saúde, artesanato).

Retorno à maquete
Proponha que os estudantes, a partir do quadro
elaborado durante a caminhada na aula anterior,
relacionem as plantas coletadas com o relevo e a paisagem
onde ocorrem. Complemente a maquete do relevo já
elaborada, colocando as amostras coletadas das plantas
devidamente identificadas nas unidades de relevo onde
foram encontradas.

63
Painel
Proponha a confecção de cartazes com as amostras
coletadas. Estes cartazes podem apresentar a descrição das
plantas e seus usos. Estimule­os a pensar sobre a utilidade
delas, questionando: alguma delas é usada para confecção de
objetos? Ou alimentos? Você ou sua família fazem uso de
chás ou algum tipo de tratamento de saúde a partir delas?
Este trabalho pode ser feito em grupos ou
individualmente. Ao final, organize a apresentação dos
trabalhos, que pode ser feita de forma oral para os colegas
e/ou através de exposição na escola.

Conversa em roda
Coletivamente, com elementos da vegetação (folhas,
frutos, etc.), proponha à turma a preparação de uma comida
ou bebida, que poderá ser consumida no intervalo ou ao final
da aula. Nesse momento, retome a importância da vegetação
para a vida comunitária.

64
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

25. VEGETAÇÃO E SUA


REPRESENTAÇÃO NA FLONA DE TEFÉ
Interdisciplinar
Ciências.

Objetivo
Identificar os diferentes tipos de vegetação, a partir da interpretação
de mapas na escala da FLONA.

Questões Norteadoras
Na última atividade, aprendemos sobre a vegetação
que está presente na comunidade. Hoje, vamos estudar a
vegetação no contexto da FLONA de Tefé.
Para a atividade, trabalharemos com o mapa da
vegetação da FLONA de Tefé, que foi utilizado pelo ICMBio
na construção do Plano de Manejo (Figura 16).
Apresente o mapa para a turma, dando um tempo
para que os estudantes encontrem o local aproximado da
comunidade. A partir da observação, pergunte quais são as
relações que podem ser estabelecidas entre a vegetação,
sua proximidade de rios e as unidades de relevo.
Possibilidades de Trabalho
Analisando o mapa de vegetação da FLONA de Tefé
A partir da observação detalhada do mapa da FLONA
de Tefé, responda as questões:
a) Leia a legenda. O que está representado na legenda
é semelhante ao que você conhece sobre a vegetação de sua
comunidade?
b) Porque denominamos Mata de Várzea ou Igapó? E Mata de Terra
Firme?
c) O que é extraído da Mata de Várzea? Cite alguns tipos de vegetais
utilizados pelos comunitários;
d) A castanha é colhida da castanheira. Onde ocorre a castanheira?
Explique quando e como é feita a coleta da castanha?
e) Qual a relação que você pode fazer entre relevo e cobertura vegetal
da FLONA de Tefé? (Para essa questão, apresente aos alunos o mapa de
relevo da FLONA de Tefé, anteriormente trabalhado).

Registro
Solicite uma produção textual sobre a vegetação da
FLONA de Tefé, com ênfase para os tipos de vegetação
encontrada, as espécies mais comuns e o uso que os
ribeirinhos fazem dos frutos ou fibras dessas espécies.
Peça aos alunos que façam a leitura do texto que escreveram,
comparem com as ideias apresentadas pelos colegas e destaquem aspectos
comuns e diferentes.
65
Figura 16 ­ Mapa da Vegetação da FLONA de Tefé.

66
Unidade III: A Natureza que nos Dá Vida

26. ELEMENTOS DA NATUREZA DA


PAISAGEM ONDE MORO
Interdisciplinar
Artes Visuais.

Retomando
Retornar às atividades anteriores de clima, relevo, hidrografia e
vegetação, para estabelecer relações entre.

Objetivo
Identificar os elementos naturais e humanos que fazem parte da
paisagem da FLONA e entender como se relacionam.

Questões Norteadoras
Apresente aos alunos cópia do bloco diagrama (Figura
14) e solicite que o descrevam, tomando como base as
perguntas que vêm na sequência.
a) Quais são os principais elementos que compõem a
paisagem representada? Quais são de origem natural e quais
são os construídos pelos comunitários?
b) A representação dessa paisagem seria em período de
seca ou de cheia, na FLONA de Tefé? Por quê?
c) Observe os cursos d’água e suas denominações e,
conforme sua vivência na FLONA de Tefé, indique quais são
suas características.
d) Em que parte do relevo estão localizados a
comunidade e o roçado? Como é chamada essa parte do
relevo e que tipo de vegetação recobre essa porção do
espaço?
e) Que outras formas de relevo você identifica na
paisagem da FLONA?
f) Que tipo de vegetação recobre essas outras formas de
relevo?

Possibilidades de Trabalho

Desenho
Solicite um desenho da paisagem da FLONA em
período de cheia. Para desenvolver essa atividade, você
precisará utilizar o bloco diagrama (Figura 17).
Peça aos alunos que comparem esse desenho com o
feito com o bloco diagrama e indiquem as diferenças
consideradas importantes. Oriente­os, indagando: você
observou que, num mesmo lugar, a paisagem muda de um
período para outro? Indique algumas diferenças entre o

67
período de seca e o de cheia na FLONA de Tefé.
Antes de iniciar a descrição do bloco diagrama, retome
os elementos da natureza que compõem a paisagem da FLONA
de Tefé, dialogando com os alunos de forma coletiva.

Registro
Após a descrição e comparação entre o bloco diagrama e
o desenho elaborado pelos estudantes, solicite que respondam
no caderno:
a) Por que, durante o ano, existem dois períodos: um de
cheia e outro de seca? Que fenômeno produz essa diferença?
b) Os dias de cheia, e os dias de seca, na FLONA de
Tefé, são diferentes para você? Quais são essas diferenças?
c) Agora, com base na observação do bloco diagrama e
de seu desenho, escreva um texto sobre a FLONA de Tefé e
sua paisagem.
d) Para concluir, escreva o que é uma paisagem.

Conversa em roda
Retome a discussão com os alunos ao final da atividade.
Faça uma síntese do conteúdo aprendido, complementando
com as informações que considerar relevante.

68
Figura 17­ Bloco Diagrama Natureza.

69
70
U n i d ad e I V
O AMBIENTE EM QUE VIVEMOS

Dirce Maria Antunes Suertegaray


Cristiano Quaresma de Paula
Mateus Gleiser Oliveira

A Geografia, na sua origem, compreendia o estudo do homem e de seu


meio. O meio constituía­se no entorno, identificado como natureza. Assim, a
natureza passou a ser compreendida como o entorno, do qual o homem
dependia como ser natural, ao mesmo tempo em que o transformava,
também, como ser social.
Para Bertrand (1968), o conceito de meio define­se em relação a
alguma coisa, portanto, impregnado de um sentido ecológico. Nesta
perspectiva, o ambiente pode ser lido como algo externo ao homem, cuja
preocupação seria estudar o funcionamento dos sistemas naturais.
Disto derivou a ideia de ambiente, onde o homem é compreendido
como natureza ou como um ser biológico, exclusivamente. Entretanto,
Gonçalves (1989), em sua crítica ao conceito de meio ambiente, propõe uma
visão de ambiente por inteiro, ou seja, considerá­lo nas suas múltiplas
facetas, não sendo mais possível conceber ambiente como equivalente a
natural. O ambiente por inteiro, como se refere, implica em privilegiar o
homem como sujeito das transformações, sem negar as tensões que ocorrem
entre essas dimensões: a social e a natural.
Na atualidade, os geógrafos compartilham conceitos diferentes de
ambiente. Há aqueles cuja ótica ambiental privilegia os impactos causados
na natureza pelo homem ou pela sociedade. Há outros que incluem o homem
socialmente organizado, ou seja, não o consideram exclusivamente natural e
sim, como um ser social que é produto e produtor de várias tensões
ambientais.
Quando estudamos ambiente em Geografia, deveríamos ser capazes de
pensar quais os impactos provocados pela nossa sociedade na natureza. Que
ambiente resulta desses impactos e, mais, quem são os grupos humanos
afetados por essas transformações?

71
Objetivos desta unidade:

• Compreender as atividades desenvolvidas na FLONA de Tefé pelos


ribeirinhos, na sua relação com os ciclos da água, por exemplo,
demonstrando a influência dos aspectos naturais, de sua dinâmica na vida
dos comunitários, seja ao longo do ano, seja em suas atividades diárias.
• Refletir sobre o ambiente em que vivem, suas práticas e a
conservação da natureza.
• Promover a compreensão sobre como é o modo de viver dos
ribeirinhos, que permite a conservação da natureza local e faz com que a
FLONA de Tefé não apresente significativos impactos naturais, mantendo­se
como um ambiente saudável, sem poluição e sem desmatamento intensivo.
• Compreender o espaço geográfico onde moram, entendendo porque
esse local tornou­se uma unidade de conservação – a FLONA de Tefé.

72
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

27. AS ATIVIDADES DOS RIBEIRINHOS


Interdisciplinar
Matemática.

Retomando
Lembrar a atividade sobre clima, reconstituindo as características
dos períodos de cheia e de seca, bem como suas épocas de
ocorrência.

Objetivo
Compreender as atividades desenvolvidas pelos ribeirinhos,
considerando o ciclo das águas enchentes (cheia) e vazantes (seca).

Questões Norteadoras
Inicie a proposta, relembrando, de forma sucinta, as
atividades do capítulo anterior, que permitiram a
compreensão da natureza na FLONA. Destaque que, agora,
a ideia é entender as atividades que os ribeirinhos realizam
e que, de alguma forma, transformam a natureza. Solicite
que os estudantes falem sobre essas atividades.
a) Quais são as principais atividades dos ribeirinhos?
b) Já acompanharam seus pais no roçado, no
extrativismo e na pesca?
Para melhor entender as atividades dos ribeirinhos,
proponha a elaboração de um gráfico do ciclo anual da
produção. Saliente que esta atividade será realizada em
casa, então é preciso prestar muita atenção nas orientações
que serão dadas em aula.
Apresente o rascunho do gráfico do ciclo anual da
produção (Figura 18), elaborado em conjunto com os
ribeirinhos da FLONA de Tefé. Observe as informações
contidas neste gráfico e como elas foram organizadas.

73
Figura 18 ­ Rascunho do gráfico do ciclo anual da produção da FLONA de Tefé.
Elaboração: Grupo NEGA/UFRGS, gestores e ribeirinhos da FLONA, 2012.

Possibilidades de Trabalho
Elaboração de Gráfico do Ciclo Anual da Produção
Esta atividade, como já informado, será elaborada em
casa. Distribua para cada estudante uma folha de papel.
Nesta folha, o estudante deve desenhar um círculo e
dividi­lo em 12 partes iguais, onde cada uma corresponderá a
um mês do ano. Para exemplificar o procedimento, reproduza
o gráfico na lousa e, com os estudantes, marque, com cores
diferentes, os períodos de cheia e de seca.
Com este desenho em mãos, o estudante perguntará a
seus pais o período (em meses) em que eles realizam as
atividades de plantio da mandioca, de extração do açaí, da
castanha, da andiroba e da copaíba, bem como o melhor
período para pesca.
Para colocar essas informações no gráfico, o aluno deve
escolher cores diferentes para cada atividade, pois, assim, ele
está construindo uma legenda. Coloque as informações no
gráfico, considerando os meses que correspondem ao
extrativismo de cada produto. No caso da agricultura, do
plantio até a colheita das principais produções. E, no caso da
pesca, o melhor período.

74
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

28. ROÇADO: O CHÃO DÁ SE A GENTE


PLANTAR
Interdisciplinar
Língua Portuguesa.

Retomando
Resgatar a proposta de construção do ciclo anual da produção,
reconstituindo as etapas de elaboração (passo­a­passo).

Objetivo
Identificar os principais cultivos produzidos pelos ribeirinhos e a
época do ano em que eles ocorrem.

Questões Norteadoras
Para iniciar a atividade, retome a construção do
gráfico do ciclo da produção, destacando que é muito
importante compreender o trabalho na FLONA. Saliente o
papel da agricultura no ciclo anual da produção, listando, a
partir da contribuição dos estudantes, os principais cultivos
dos roçados. Questione­os sobre onde estão localizados os
roçados da comunidade, incentivando as conexões com as
unidades de relevo, trabalhadas no capítulo anterior.

Possibilidades de Trabalho
Registro
Proponha que os estudantes se reúnam em duplas ou
trios para olharem os gráficos dos ciclos das atividades, que
elaboraram em casa juntamente com seus pais ou
familiares. Peça que analisem com cuidado, verificando se
há semelhanças e diferenças nas informações colocadas e
que registrem suas conclusões na forma de texto.

Conversa em roda
Com a turma novamente reunida, discuta como
aparece a agricultura nos gráficos. Questione quando os
principais cultivos são plantados e colhidos.

Ciclo anual da produção


Em um papel ou papelão grande, construa um
gráfico de ciclo da produção, que represente a síntese das
informações trazidas pela turma. Neste gráfico, marque
somente os meses do ano em que se trabalha nos roçados
(do plantio até a colheita). Não esqueça de diferenciar, na
legenda, as cores dos diferentes produtos agrícolas.

75
Canção
Apresente aos alunos a canção popular “O chão dá". É
importante distribuir cópias da letra da canção, para que os
estudantes possam acompanhá­la enquanto é tocada.

O ch ã o d á

O chã dá, se a gente plantar, se a gente não planta o


chão não dá (2X)

Este meu chão é o chão que a gente pisa/ é o chão que


moraliza/ sem brigas/ sem ambição/ Só ele tem uma cidade
diferente/ é a capital da mente/ é o chão do coração

O chã dá, se a gente plantar, se a gente não planta o


chão não dá (2x)

A gente planta uma semente de alegria/ e no decorrer


do dia já começa a germinar/ a planta cresce em flores de
felicidade/ dá em grande quantidade/ dá mais que peixe no
mar

O chã dá, se a gente plantar, se a gente não planta o


chão não dá (2x)

Plantei amor num buraco bem profundo/ dei amor pra


todo mundo/ ainda tenho amor pra dar/ E ainda mais plantei
um pé de esperança/ que quando o vento balança/ quase
arranca do lugar

O chã dá, se a gente plantar, se a gente não planta o


chão não dá (2x)

Após a escutarem a música, retome a leitura da letra,


interpretando o texto. Faça perguntas aos alunos, instigando­
os a comentarem a canção, a interpretarem aquelas palavras.
Exemplos de questionamentos: sobre o que se refere a
música? O que você entende quando o autor diz: “o chão dá
se a gente plantar” ou “plantei amor no meu coração
profundo”? O que o autor sugere que a gente plante? Solicite
aos alunos que escrevam um pequeno texto sobre sua análise
da música.

76
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

29. OS FRUTOS DA TERRA E DO


TRABALHO: A FARINHA DE MANDIOCA
Interdisciplinar
Língua Portuguesa.

Retomando
Revisar a produção da mandioca no ciclo da anual da produção.

Objetivo
Entender e identificar as etapas do processo de beneficiamento de
farinha de mandioca.

Questões Norteadoras
Inicie a atividade, tocando a música que encerrou a
aula anterior. Funcionará para motivar os estudantes na
mobilização dos conhecimentos construídos a partir da
música.
Indague, entre os alunos, quem trabalha com
produtos da agricultura que são comercializados. Que
produtos são esses? Quais são para o consumo da família
(também chamados de produtos de subsistência). Na lousa,
faça um quadro distinguindo os produtos que são
comerciais e os que são de subsistência, a partir do diálogo
com os alunos.
Na sequência, pergunte sobre os produtos da
agricultura que podem ir direto para a panela ou prato e
sobre aqueles que precisam ser transformados ou
beneficiados antes de serem comidos. Utilize, como
exemplo, a mandioca recém colhida e a farinha de
mandioca. Qual a diferença entre as duas? Destaque que
há um longo processo de trabalho necessário para
transformar a mandioca em farinha.
Possibilidades de Trabalho
Trabalho de campo
Para compreender melhor o processo de
beneficiamento dos produtos da agricultura, a proposta é
organizar uma visita, com os estudantes, a uma casa da
farinha. Para esta atividade é necessário que o professor
tenha combinado previamente, com um comunitário, todas
as etapas da visita e qual seu objetivo. Antes, é essencial
esclarecer aos alunos o que será feito durante a visita, que
materiais terão de levar e estabelecer algumas combinações
para que o trabalho de campo transcorra com
tranquilidade.

77
Registro
Durante a visita, os estudantes devem tomar nota do
passo­a­passo da produção da farinha e de quais
instrumentos são utilizados no processo. Podem, também,
fazer perguntas ao comunitário, que explicarão processo,
registrando as respostas em um diário. Desenhos e
fotografias, além da escrita, são recursos importantes para
enriquecer o registro de informações.

Conversa em roda
Voltando para a sala de aula, converse sobre o trabalho
de campo. Questione os estudantes sobre o processo e os
instrumentos empregados na produção da farinha. Além do
sabor, o que diferencia esses dois produtos (mandioca e
farinha)? Quais são os outros produtos da mandioca? Saliente
que o trabalho dos ribeirinhos, no longo processo de produção
da farinha, resulta em um maior valor comercial do produto.

Registro
Solicite aos alunos a produção de uma narrativa ou de
um poema sobre a produção da farinha. Peça que leiam o
texto para os colegas. Proponha a confecção de um varal de
poemas na sala de aula. Para isso, amarre uma corda, unindo
dois cantos da sala e, com fitas coloridas ou prendedores de
roupa, prenda os textos na corda (Figura 19). Para o varal, as
folhas de papel podem ser recortadas em formas que se
relacionem ao tema da poesia.

Figura 19 ­ Exemplo de como organizar o varal de poemas na sala de aula.


Fonte: http://www.grupouninter.com.br/. Acesso em 01 de março de 2016.
Para a Próxima Atividade
Para a próxima atividade, peça aos estudantes que tragam de casa um
produto do extrativismo.

78
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

30. EXTRATIVISMO: A FLORESTA QUE


NOS ALIMENTA
Interdisciplinar
Ciências.

Retomando
Resgatar a proposta de construção do ciclo anual da produção, com
ênfase no extrativismo.

Objetivo
Identificar os diferentes produtos extrativistas que fazem parte da
vida comunitária.

Questões Norteadoras
Relembre a atividade de construção do gráfico do
ciclo anual da produção que está exposto na sala.
Destaque que a atividade proposta será focada no ciclo
anual da produção extrativista na FLONA. Pergunte:
a) Vocês sabem o que é extrativismo?
b) Quais são os principais produtos do extrativismo
realizado pelos ribeirinhos da comunidade?
c) Onde é realizado o extrativismo? É perto da
comunidade? Na várzea? Na Terra Firme?

Possibilidades de Trabalho
Elaboração de Gráfico do Ciclo Anual da Produção
No ciclo de produção anual, elaborado pela turma,
marque os meses em que ocorre o extrativismo. Escolha
cores que corresponderão aos principais produtos do
extrativismo e marque os meses em que ocorre. O gráfico
deverá contemplar as contribuições que os estudantes
trouxerem de casa.

Painel
Proponha à turma a construção de um painel com
os principais produtos do extrativismo. Para isso, peça que
os estudantes apresentem o produto do extrativismo que
trouxeram de casa. Questione o porquê de terem
selecionado tais produtos. Os produtos apresentados são
iguais? Existem outros produtos que não foram trazidos?
A partir do que for sendo trazido e comentado pelos
estudantes, vá montando o painel, seguindo o exemplo.

79
Quadro 2 ­ Espécies vegetais e possibilidades de uso
Natureza Produto Uso
Como encontramos Em que transformamos Como utilizamos

Cipó titica Paneiro Armazenamento

80
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

31. PESCA: A RIQUEZA QUE


VEM DO RIO
Interdisciplinar
Ciências.

Retomando
Resgatar a proposta de construção do ciclo anual da produção, com
ênfase na pesca.

Objetivo
Identificar e caracterizar a pesca – produtos, petrechos e acordos –
realizada pela comunidade.

Questões Norteadoras
a) Vocês já ouviram que a Amazônia é o lugar que,
em média, mais se consome peixe no mundo?
b) Qual o peixe que vocês mais gostam de comer?
c) Os pais de vocês pescam? Vocês já foram com eles
pescar?
d) Como eles pescam? Redes? Zagaia?
e) Quando eles costumam pescar? Onde?
f) Vocês já ouviram falar em piracema? Esse é o
período em que os peixes estão se reproduzindo e por isso a
pesca deve ser evitada.
g) Vocês sabiam que aqui na FLONA tem Acordo de
Pesca? Esse acordo foi firmado através de reuniões, onde os
pescadores locais e urbanos definiram regras para pescar.

Possibilidades de Trabalho

Ciclo anual da produção


Complemente o gráfico­síntese do ciclo anual da
produção, elaborado pela turma, marcando o principal
período do ano para a pesca. Tal será feito a partir das
informações apresentadas pelos estudantes, coletadas junto
aos pais, quando da construção do gráfico individual.

Conversa em roda
Proponha uma reunião simulada do Acordo de Pesca.
Nesta simulação, você e seus alunos terão papeis a serem
representados:

81
Preparação da Reunião Simulada
• O professor fará o papel do mediador (a), que
normalmente é assumido pelo representante do órgão
ambiental. No caso da FLONA, o ICMbio.
• Metade da turma representará os pescadores urbanos.
Estes, além de pescarem na área do acordo, costumam pescar
em outros lugares.
• A outra metade da turma representará os
comunitários da FLONA. Estes pescam na área do acordo,
pois suas canoas não permitem ir para locais mais distantes.
Os integrantes da reunião estarão representando seus
papeis dentro de um contexto – uma história – apresentada
seguir.

História Introdutória
Hoje estamos discutindo um acordo para a pesca do
pirarucu no Lago (criar com a turma um nome para o lago).
Os comunitários fizeram a contagem dos peixes e descobriram
que há 30 peixes no lago (como o pirarucu vem à superfície
para respirar, os pescadores criaram uma técnica de
contagem dos peixes). Estão participando do acordo 10
pescadores comunitários e 15 pescadores urbanos.

A Reunião
A partir da história, o mediador (professor) escreve na
lousa:
a) Qual é o instrumento para a pesca do pirarucu?
b) Qual é a cota de cada pescador? Ou de cada grupo?
(professor: cota é o número de peixes que se poderá pescar)
c) Se todos os peixes forem pescados, quais seriam as
consequências?
d) Pensando no futuro da pesca, quantos peixes
deveriam ficar no lago, para ser garantida a reprodução do
pirarucu?
Ao discutirem as respostas a estes questionamentos, o
mediador (professor) deve contribuir para que os alunos
compreendam as seguintes questões: o instrumento de pesca
que permite a escolha dos peixes adultos (zagaia); a
dependência dos pescadores da pesca do pirarucu (os
comunitários dependem mais do recurso que está próximo à

82
comunidade); é necessário manter uma parte dos peixes
para continuar existindo a pesca.
Levando estes aspectos em consideração, devem ser
criadas e apresentadas propostas para a pesca do pirarucu.
Os grupos votam nas propostas e, por fim, registram o
acordo por escrito.

Rede dos sonhos


Para finalizar a atividade, pode ser utilizada a técnica
chamada rede dos sonhos. Proponha que os estudantes
desenhem, pintem e recortem um peixe do tamanho de uma
folha de papel. Na parte de trás do peixe, o aluno deve
escrever um sonho que tiveram.
Coloque uma rede de pesca no chão da sala e peça
que cada aluno apresente o seu peixe ­ o seu sonho ­ e o
coloque sobre a rede. Quando todos tiverem exposto seus
sonhos, convide­os para que, com cuidado, todos juntos
levantem a rede.
Faça ponderações sobre o que aconteceria com os
peixes se uma das pontas da rede ficasse solta. Todos eles
cairiam. Compare a situação com a busca pela realização
dos sonhos. Assim como na rede, muitos dos nossos
sonhos individuais só são possíveis quando há um trabalho
coletivo. Peça que escrevam um pequeno texto mostrando
qual a relação desta atividade com a atividade de pesca e
seu respectivo acordo. Proponha que levem o peixe para
casa e presenteiem algum familiar, explicando como
ocorreu esta atividade.

Canção
Proponha que todos encerrem a atividade cantando a
canção popular "O pescador".
O p esca d o r
O pescador, ele sai bem cedinho/ ele sai bem
cedinho, ele vai pescar
O pescador, ele deixa a Maria/ ele deixa os filhos, ele
vai pescar
O pescador, ele ama o rio/ ele ama o rio, o rio
Amazonas
O pescador, ele ama o rio, seus igapós, seus igarapés,
os seus paranás e seus lindos lagos
Você sabe porque, ê, ê, ê/ porque debaixo da água, a,
água/ não existe só boto/ mas existe também o tambaqui,
o tucunaré e o pirarucu

83
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

32. DIA­A­DIA NA FLONA


Interdisciplinar
Matemática.

Retomando
Relembrar a forma de representação das atividades em gráficos de
ciclos.

Objetivo
Explicar a jornada de trabalho de seus pais em relação as atividades
de pesca, roçado e extrativismo. Também observar os momentos de lazer.

Questões Norteadoras
Nas últimas atividades, buscamos conhecer melhor como
funciona a agricultura, a pesca e o extrativismo. Também
buscamos compreender como essas atividades são
desenvolvidas ao longo do ano.
Hoje estudaremos a rotina diária, ou seja, o que os
ribeirinhos fazem desde a hora que acordam até a hora em que
dormem. Para isso, vamos pensar o seguinte:
a) Que hora vocês acordam?
b) O que fazem durante o dia?

c) Isso se repete todos os


dias?
d) E quando não tem aula, o
que fazem nesse horário?
Abordaremos a jornada de
trabalho e de lazer, seguindo este
exemplo de gráfico da jornada diária
do trabalho, elaborado em conjunto
com os ribeirinhos da FLONA de
Tefé (Figura 20).

Figura 20 ­ Gráfico da jornada diária


do trabalho na FLONA de Tefé.
Elaboração: Grupo NEGA/UFRGS,
gestores e ribeirinhos da FLONA,
2012.

84
Possibilidades de Trabalho
Jornada diária de trabalho e lazer
Assim como o gráfico da atividade anterior, a jornada
diária terá a forma de um círculo, que expõe o trabalho e o
lazer da comunidade, representando o ciclo de produção em
um dia, em vez de em um ano.
Solicite, na aula anterior ao desenvolvimento desta
atividade, que os estudantes elaborem, juntamente com
seus pais, um gráfico da jornada diária de trabalho. É
importante destacar, no gráfico, o período destinado ao
trabalho (roçado, extrativismo e pesca), ao lazer e às
atividades domésticas.
Com base no gráfico, feito com os pais, elabore, de
forma coletiva, um gráfico síntese.
Para confeccioná­lo, siga os seguintes passos:
a) Desenhe um círculo em uma folha grande de papel
ou papelão;
b) Divida o círculo em 24 partes, onde cada uma
corresponderá às horas do dia;
c) Numere as partes, conforme as horas em um
relógio.
d) Afixe o desenho em um lugar visível para todos e
pergunte aos estudantes em que hora ou período do dia os
pais acordam, trabalham no roçado, pescam, fazem a
extração de açaí, castanha, óleos ou outros produtos. Não
esqueça de perguntar sobre a hora de descanso ou lazer;
e) Coloque as informações no gráfico, considerando o
período, em horas, que corresponde ao trabalho no roçado,
na pesca e no extrativismo. Para colocar essas informações
no gráfico, os alunos devem escolher cores diferentes para
cada atividade.
f) Solicitar aos alunos que, no mesmo gráfico,
registrem suas atividades, como, por exemplo, a hora da
escola, de brincar, de auxiliar seus pais, etc.
g) Indique no gráfico os períodos de trabalho da
mulher.
h) Não esqueça da legenda do gráfico.

Conversa em roda
Analisando o gráfico síntese, solicite que os alunos
identifiquem o período destinado a cada atividade e o tempo
despendido para cada uma delas, incluindo o lazer. Que
conclusões se pode chegar sobre o tempo de lazer (Ele
existe? É reduzido? É suficiente?). Questione se há
diferença entre as rotinas de trabalho do homem e da
mulher.

85
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

33. OS RIBEIRINHOS E
SUAS ATIVIDADES
Interdisciplinar
Educação Física e Artes Visuais.

Retomando
Reconstituir as principais atividades dos ribeirinhos e como se
distribuem ao longo do dia.

Objetivo
Localizar e representar as áreas onde se desenvolvem as atividades
dos ribeirinhos.

Questões Norteadoras
Na atividade anterior, identificamos como estão
distribuídas as atividades dos ribeirinhos ao longo do dia.
Agora, vamos compreender a expressão dessas atividades, no
espaço, que podem ser representadas em um mapa.
Iniciamos reconstruindo, coletivamente, o mapa da
comunidade, destacando os locais em que se realizam as
atividades de roçado, de extrativismo, de pesca, de lazer, etc.
Esse tipo de mapa é denominado tecnicamente de mapa de
uso da terra. Num segundo momento, sugere­se comparar o
mapa que produzimos com o exemplo de mapa de uso da
terra da FLONA de Tefé, utilizado pelo ICMBio para a
construção do Plano de Manejo (Figura 21).

Possibilidades de Trabalho
Mapeamento das atividas dos ribeirinhos
Tendo trabalhado as atividades dos ribeirinhos no
tempo (ciclo anual e jornada diária), vamos concluir este
estudo com o mapeamento das atividades no espaço. Oriente
os estudantes para a construção coletiva do mapa,
comentando o que segue:
a) Lembre­se que o mapa é a representação da visão
vertical, então, pense como os objetos seriam vistos de cima.
b) No mapa, devem ser registrados:
• as principais referências da paisagem da comunidade
(rios, Igarapés, caminhos).
• a escola e as moradias da comunidade.
• os locais de lazer (campo de futebol, banho de rio, etc.)
• as casas da farinha ou cozinha de forno.
• as áreas de roçados; contorne e pinte.

86
• as áreas de extrativismo vegetal; contorne e pinte;
caso haja alguma árvore, em local específico, pode­se criar
um símbolo para ela.
• em rios e Igarapés, que estão próximos à
comunidade, marque pontos onde ocorre a pesca.
c) Lembre­se que cada um destes locais e áreas,
desenhados no mapa, devem ter símbolos e cores
diferentes, precisando ser identificados, na legenda, com o
nome da atividade (extrativismo, pesca, lazer, etc.) ou do
local (escola, casa da farinha, campo de futebol, roçado,
etc.) correspondente.
d) Oriente seu mapa geograficamente, desenhando a
rosa­dos­ventos. Cuide para desenhá­la conforme a posição
em que o Sol nasce na sua comunidade. Lembre­se do
exercício que fizemos no capítulo 1 (atividade 7).
e) Não esqueça de dar um título para o mapa e de
expô­lo na sala.

Conversa em roda
Tomando como referência o mapa de uso da terra da
do Setor Baixo Curumitá (Figura 21), solicite aos alunos
que observem e respondam as seguintes questões:
a) Todas as atividades representadas no mapa da
turma estão, também, no mapa do Setor Baixo Curumitá?
b) Preencha o quadro comparativo dos dois mapas,
indicando o que aparece representado em ambos, o que só
aparece no da turma e o que só aparece no do Setor Baixo
Curumitá. Veja o quadro a seguir como sugestão.
(Professor: este quadro pode ser detalhado conforme a
observação e relato dos estudantes durante a conversa,
mas é importante que seja registrado no caderno de cada
um).
Quadro 3 ­ Comparação entre mapas

Atividades
Presente nos dois Presente só no Presente só no
Construções
mapas mapa da turma mapa da FLONA
Objetos

Roçado X

87
c) Qual mapa expressa um espaço de maior dimensão?
O que ele representa?
d) Qual mapa indica um espaço de menor dimensão?
Quais elementos estão representados?
e) Qual dos mapas apresenta mais detalhes?
Nesse diálogo, explique que os mapas são diferentes,
representam áreas distintas e, por isso, quanto maior for a
área representada, menor será o número de detalhes que
podemos mostrar.
Retome o mapa de uso da terra, do Setor Baixo
Curumitá, e, a partir da observação dos alunos, exercite a
localização dos objetos. Peça que localizem no mapa feito
pelos alunos o local onde moram. Questione: onde se situa
sua comunidade? Ela fica em Terra Firme ou na Várzea?
Próxima ou longe do lago Tefé? Próxima ou longe da cidade de
Tefé? Quanto tempo, viajando de barco, você leva para ir de
sua comunidade até Tefé?
Em relação às atividades desenvolvidas durante o ciclo
diário de produção, solicite que os alunos indiquem as
atividades que estão representadas no mapa. Elas são comuns
a todas as comunidades da FLONA? Por quê?

Registro
Solicite aos alunos que elaborem uma carta direcionada
a um visitante, que venha de um lugar bem diferente e que
não conheça sua comunidade, mas que está muito curioso
para conhecê­la. Nesta carta, o estudante deve, depois de se
apresentar, descrever quais são as atividades desenvolvidas
pelos ribeirinhos e aonde elas estão localizadas na
comunidade, tendo como base a leitura do mapa. O aluno
também precisa contar, ao visitante, qual é a importância de
um mapa em sua vida, para que ele serve.

88
Figura 21 ­ Mapa de uso da terra do Setor Baixo Curumitá. Elaboração: Grupo
NEGA/UFRGS, gestores e ribeirinhos da FLONA, 2012.

89
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

34. FESTEJOS NA FLONA


Interdisciplinar
Educação Física e Artes Visuais.

Objetivo
Identificar e valorizar os momentos de festividades, as quais
compõem a cultura dos ribeirinhos.

Questões Norteadoras
A maioria das comunidades da FLONA de Tefé realizam
festividades comunitárias. Em algumas, celebram­se santos
da igreja católica, em outras, simplesmente festeja­se a
comunidade. Dialogue com os alunos, perguntando:
a) Qual o dia do festejo da nossa comunidade? O que se
celebra? Que atividades são realizadas nesse dia (missa,
almoço, baile etc.)?
b) Onde é realizado o festejo, quais espaços da
comunidade são utilizados?
c) Além dessas festas, vocês sabiam que há outras
atividades na FLONA que visam divertir os ribeirinhos? Quais
são?
d) Já ouviram falar na Folia do Macaco Doido, da
Comunidade São Francisco do Arraia?

Possibilidades de Trabalho

Painel
Construir um painel sobre a festa da comunidade nele
podem ser feitas ilustrações, bem como pequenos textos, que
caracterizem e expliquem a festividade: qual o motivo (por
exemplo celebração de um santo) e sua data de realização. Se
o professor tiver a informação, poderá também incluir a
programação da festividade. O painel pode ser exposto em um
lugar de maior circulação de pessoas, para ajudar a divulgar o
festejo da comunidade.

90
Folia do Macaco Doido
Seguindo o exemplo da comunidade Arraia, sugira
aos alunos que realizem a folia do macaco. Organize um
momento, para que eles criem máscaras e rabos com o
material disponível. Depois de estarem devidamente
caracterizados, ou seja, fantasiados de macacos, forme uma
roda. Os macacos vão andando em círculo enquanto
cantam:

Macaquinho subiu lá no pé da bananeira


Macaquinho subiu lá no pé da bananeira
Comeu tanta banana que lhe deu tanta coçeira
A cabeçinha coça coça a cabeçinha
A cabeçinha coça coça a cabeçinha...

A música vai sendo repetida, substituindo­se a


palavra cabecinha por outras partes do corpo, descendo até
o pé (zinho). Nesse jogo, os participantes vão imitando os
macacos da floresta, reproduzindo seus sons, seus
movimentos e até suas brincadeiras (um puxando o rabo do
outro).

91
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

35. ESTAMOS EM UMA UNIDADE


DE CONSERVAÇÃO
Interdisciplinar
Ciências e Língua Portuguesa.

Objetivo
Compreender o que é uma unidade de conservação e identificar as
diferenças entre as unidades de proteção integral e as de uso sustentável.

Noções
O governo federal brasileiro tem a responsabilidade de
cuidar dos recursos naturais no Brasil. Para isso, ele definiu
instrumentos como o SNUC, que significa Sistema Nacional
de Unidades de Conservação.
Você já ouviu falar em Unidades de Conservação?
Existem dois grupos de Unidades de Conservação: as de
Proteção Integral e as de Uso Sustentável.
Nas Unidades de Proteção Integral só é permitido o uso
indireto, ou seja, não se pode retirar os recursos diretamente
da área. Só se aproveita os benefícios no seu entorno. Um
exemplo disto é quando ocorrem as piracemas dos peixes.
Estes peixes se deslocam e povoam rios do entorno e de
locais mais distantes da unidade, beneficiando as
comunidades destes lugares.
As Unidades de Uso Sustentável permitem o uso
direto. Nesta categoria, é possível morar, realizar
extrativismo vegetal, pesca, agricultura, etc. Dentro das
Unidades de Uso Sustentável existem regras a serem
seguidas para a conservação da natureza e da cultura das
comunidades. Essas regras são discutidas no Conselho da
Unidade e são escritas no Plano de Manejo.

Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
Proteção Integral ou Uso Sustentável?
Inicie esta conversa riscando, no chão, dois círculos, em
que um representa uma Unidade de Proteção Integral e o
outro, uma Unidade de Uso Sustentável. Distribua entre os
estudantes pedaços de papéis com as palavras/expressões:
residências; espécies raras ou em extinção; extrativismo;
pesca; somente pesquisa; somente visitantes; estatuto da

92
comunidade; escola; uso tradicional; proibido entrar sem
autorização; conselho com participação da comunidade. Os
estudantes devem definir, a partir do que foi conversado
sobre as unidades de conservação, em qual círculo deve ser
colocada a palavra/expressão que lhe foi sorteada. Dê um
tempo para que conversem entre si e troquem ideias a
respeito do que aprenderam. Depois de todos colocarem
suas palavras nos círculos, questione se concordam com
aquela disposição, se há alguma palavra que não está no
círculo adequado. Se for o caso, faça as alterações
necessárias, sempre retomando os dois conceitos. Para
finalizar, peça que observem as características de cada
unidade e respondam: e a Floresta Nacional, em qual
círculo pertence?
É importante que esta construção fique registrada no
caderno dos estudantes.

Entrevista
Exponha, para a turma, o roteiro de uma entrevista,
que deverá ser realizada com uma liderança da comunidade
e apresentada na próxima atividade.
a) Como é o nome da nossa Unidade de Conservação?
b) É de Proteção Integral ou de Uso Sustentável?
c) Tem Plano de Manejo? Quem fez? A Comunidade
participou?
d) Tem Conselho? Quem da comunidade nos
representa no Conselho?

93
Unidade IV: O Ambiente em que Vivemos

36. ESTAMOS EM UMA


FLORESTA NACIONAL
Interdisciplinar
Ciências e Língua Portuguesa.

Retomando
Retomar o conceito de unidade de conservação e os tipos de uso.

Objetivo
Compreender o que é uma Floresta Nacional.

Leitura
Apresente aos estudantes o poema escrito por Heitor Neto,
morador da FLONA de Tefé. Procure fazer uma cópia para que todos
possam acompanhar a leitura.

Meus amigos me dão licença


Para minha história eu contar,
Nasci em 98
E no mulato fui morar,
Com o intuito de um dia meu pai poder ajudar,
Junto com meus irmãos o ajudasse a trabalhar,
Para que no ano futuro nós pudéssemos melhorar,
Caçar a uma vida melhor saindo daquele lugar,
Eu só tenho 13 anos e já tenho várias coisas a contar.

Depois alguns projetos em nossa comunidade começaram a chegar,


nossa vida de repente começou a melhorar,
em casa de qualidade começamos a morar,
diversas outras coisas que passamos a ganhar,
isso veio meu amigo através da associação,
em parceria com entidade de instituição
melhorou em nossa condições financeiras e na nossa profissão.

Porque ganhamos terçado, enxada e carrinho de mão,


Ganhamos também alimentos
Leite óleo e feijão,
E por cima de tudo temos muita fiscalização
Então melhorou muita a nossa situação
Isso porque moramos em unidade de conservação

94
E depois de tudo isso tenho uma coisa a falar
Em minha comunidade quero pra sempre morar,
pois a FLONA é uma unidade que jamais vou abandonar

E ao mesmo tempo volto atrás


E posso até abandonar tudo
Sair de minha comunidade
Se for o caso de estudo
E mesmo se for assim eu ter que sair de lá
Tenha certeza meu amigo que
pra lá eu irei sempre voltar
pois eu amo minha comunidade e sempre vou amar.

Possibilidades de Trabalho

Conversa em roda
Depois da leitura, comente que Heitor Neto é um
jovem morador da FLONA. Nesse poema, o autor fala sobre
como é viver em uma Floresta Nacional, o que mudou ao
longo do tempo e sobre seu amor à comunidade. Pergunte
aos alunos: e vocês, como se sentem morando numa
FLONA? Os sentimentos são semelhantes ao de Heitor ou
são diferentes?
Retome a tarefa que foi dada na última atividade,
estimulando os estudantes a apresentarem suas respostas:
quem vocês entrevistaram? Por quê? Em que tipo de
Unidade de Conservação nós estamos? O que ela permite?
Quem faz e participa da gestão?

Registro
Inspirados pelo texto de Heitor Neto, motive os
estudantes a construírem um poema, um conto, uma
crônica, uma música ou uma paródia sobre como é viver na
FLONA. É importante, antes de iniciar o trabalho,
esclarecer as diferenças entre estes gêneros textuais,
trazendo exemplos para que os estudantes se sintam
seguros para definir como querem fazer sua produção. Os
trabalhos poderão ser apresentados através de uma
pequena mostra, organizada na sala de aula ou em outro
espaço da escola, aberta à visitação da comunidade escolar.

95
Jovens protagonistas
Pergunte aos estudantes se conhecem um grupo de
jovens da FLONA de Tefé chamado “Jovens Protagonistas”.
Este grupo é formado por jovens que participam de diversos
espaços da gestão da FLONA, empenhados em melhorar a
educação, em relação à infraestrutura, formação de
professores, salários, entre outros. Tendo isto em mente,
organize­os, em duplas, para elaboração de uma carta
destinada aos Jovens Protagonistas, falando sobre como eles
se sentem morando na FLONA e destacando melhorias que
gostariam que ocorressem na comunidade. É importante que
os estudantes argumentem a favor destas melhorias e
expliquem porque elas são importantes.

96
U n i d ad e V
NOSSA REGIÃO E OUTROS LUGARES

Cristiano Quaresma de Paula


Cleder Fontana
Maíra Suertegaray Rossato

Da mesma forma que os demais conceitos, região apresenta­se como um


conceito com inúmeras variantes. Na sua etimologia (latim), a palavra indica
extensão e poder sobre uma área e foi compreendida ao longo da história sob
diferentes enfoques: como subdivisão de espaços, como espaços
administrativos limitados e hierarquizados.
Na Geografia, este conceito assume diferentes perspectivas. A Geografia
clássica concebeu região como síntese das relações entre homem e natureza,
cabendo à Geografia estudar as diferenças regionais (sendo ela própria, a
região, o objeto da Geografia), ou regionalizar (delimitar) espaços através da
diferenciação dos fenômenos.
Uma segunda forma de conceber região é entendê­la como um espaço
geográfico delimitado a partir de determinados critérios estabelecidos por quem
regionaliza. Aqui, região passa a ser um meio, ou seja, estabelecemos regiões
para alguma finalidade, em geral para fins de planejamento.
A concepção de região, mais recentemente, adquire significados
múltiplos incluindo a dimensão cultural. Nos últimos anos, pode­se observar a
possibilidade de compreender uma região pela sua construção política.
Podemos analisá­la como uma porção do espaço geográfico, que expressa uma
forma de espacialização do trabalho, por exemplo, a região de pesca. Podendo,
ainda, ser compreendida como espaço de identidade de um determinado grupo
social. Uma região, então, pode ser identificada e analisada considerando
aspectos relativos ao político, ao econômico e ao cultural.

Objetivos desta unidade:


• Compreender a FLONA de Tefé como uma unidade de conservação
(UC), que se encontra juntamente com outras unidades inseridas na região
Norte do Brasil, visando a compreensão das singularidades da FLONA e, ao
mesmo tempo, as semelhanças desta UC em relação aos seus aspectos
naturais, sociais e econômicos, além daqueles relativos ao modo de viver dos
amazônidas (moradores da região amazônica).

97
Unidade V: Nossa Região e outros Lugares

37. A LOCALIZAÇÃO DA FLONA NA


REGIÃO NORTE DO BRASIL
Interdisciplinar
Artes Visuais.

Objetivo
Conhecer a localização e as particularidades da FLONA de Tefé­AM
no contexto regional brasileiro.

Questões Norteadoras
a) Quais são e como são delimitadas as regiões
brasileiras?
b) Quais são as diferenças observadas entre as regiões
brasileiras no que se refere aos aspectos naturais e aos
construídos?
c) Quais são as diferentes funções/atividades
econômicas que cada região apresenta?
d) Em relação ao modo de vida das pessoas, como
podemos perceber as diferenças regionais (músicas/ritmos,
alimentos, sotaque/palavras regionais etc.)?
e) O que a FLONA de Tefé­AM tem de igual e de
diferente em relação à região norte/amazônica?
f) Qual a importância de delimitar regiões para conhecer
os lugares?

Possibilidades de Trabalho
Elaboração de mapas
A tarefa aqui é elaborar um mapa do Brasil com a
delimitação das regiões brasileiras, definidas pelo IBGE, e a
localização da FLONA de Tefé­AM neste contexto. Você pode
solicitar que cada estudante desenhe o seu próprio mapa, ou
pode entregar um mapa mudo (assim chamamos os mapas
que não trazem informações), apenas com o contorno dos
limites do Brasil. A partir daí, explique o que são as regiões e
como foram feitas as divisões regionais brasileiras, solicitando
que as mesmas sejam registradas nos mapas. Peça que os
estudantes marquem no mapa a localização da FLONA de
Tefé­AM. Em qual região brasileira está localizada a FLONA?
Mapas iguais a esse podem ser construídos, para, por
exemplo, registrar aspectos regionais:
• Diferenças regionais naturais (aspectos climáticos,
fauna, flora, relevo etc.).
• Diferenças regionais econômicas (tipos de atividades e

98
intensidade das mesmas; a presença e importância do
campo e das cidades).
• Diferenças regionais culturais (músicas/ritmos,
alimentos/comidas; palavras/expressões regionais).
É importante frisar que os mapas devem apresentar
legendas (adequando o uso de cores ou símbolos), título e
orientação, conforme já estudado.

Conversa em roda
A partir dos mapas confeccionados, organize os
alunos em grupos, de até 4 indivíduos, para que possam
debater sobre os aspectos observados nas diferentes regiões
do país. Retome as respectivas localizações e
particularidades regionais, problematizando as principais
questões propostas para o tema. Elabore outras que
surgirem no processo de realização das atividades. Após a
conversa, solicite que cada grupo faça uma produção
escrita com as conclusões a respeito do tema.

Noções complementares
As regiões e a escala geográfica
A elaboração dos mapas, e a demarcação das
particularidades regionais, podem ser a base para a
apresentação do problema da escala geográfica. Assim,
nesse momento, é oportuno problematizar e diferenciar o
que é o local, o regional e o nacional. Isso pode ser feito em
forma de conversa, bem como de forma escrita, sempre
buscando frisar que, quando nos aproximamos da escala
local, aumentamos o nível de detalhamento do que se está
estudando.
.

99
Unidade V: Nossa Região e outros Lugares

38. QUEM SOMOS: NOSSA


POPULAÇÃO
Interdisciplinar
História.

Objetivo
Conhecer a localização e as particularidades da FLONA de Tefé­AM
no contexto regional brasileiro.

Questões Norteadoras
a) Qual é a origem das pessoas que vivem na FLONA de
Tefé­AM e na região Norte?
b) Quais populações já viveram e quais vivem na região
da FLONA e na região Norte?
c) Que mudanças são possíveis observar na composição
da população (quem eram essas pessoas, seus hábitos, seus
costumes, suas línguas, etc)? Por que tais mudanças
aconteceram? Elas trouxeram melhorias para a vida na região
Norte?
d) Por que, com passar do tempo, alguns povos foram
reduzidos (inclusive diminuindo o seu número efetivo de
pessoas e de áreas que ocupavam), abandonaram/viram seus
costumes, crenças e hábitos serem transformados/perdidos?

Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
Através da reconstituição das atividades do capítulo 1,
problematize a origem dos respectivos familiares de cada um
dos alunos, questione sobre os povos que já viveram na região
da FLONA e na Amazônia. Como era seu modo de viver, que
língua falavam e que hábitos tinham?

Entrevista
Com o objetivo de conhecer a origem dos atuais
moradores da FLONA, elabore, de maneira coletiva, um roteiro
de entrevista. Ele deverá ser dirigido, preferencialmente, às
pessoas mais idosas das comunidades e deve questionar as
origens dos seus familiares (de onde vieram e quando vieram),
seus hábitos e trajetórias de vida até se estabelecerem na
FLONA. Todas as questões devem ser devidamente registradas
no caderno. A realização da entrevista será indicada como
tarefa de casa e retomada para a elaboração da próxima
atividade.

100
Painel
Para a realização desta proposta é necessário que os
estudantes tenham pronta a entrevista solicitada na
atividade anterior.
A partir das informações coletadas, juntamente com
os alunos, elabore um quadro para organizar as
informações em uma classificação da população da região
da FLONA e arredores, por exemplo, população originária
(indígena), migrantes dos seringais e população atual.
Para caracterizar tais populações, você pode sugerir
temas como: a rotina diária; ocupação e instrumentos
utilizados no trabalho; palavras e línguas faladas;
vestimentas; alimentação; suas moradias; suas festas e
seus cultos religiosos etc.
Definidos os temas, construa o quadro como o
exemplo a seguir.

Quadro 4 ­ Caracterização da população da FLONA de Tefé, AM.

Ocupação Língua e Festas e


Rotina Vestimentas Alimentação Características
instrumentos palavras cultos
diária das moradias
de trabalho faladas religiosos
População
original
(indígena)

Migrantes
seringais

População
atual

Este quadro, quando pronto, mostrará um panorama


do modo de viver das respectivas populações, contribuindo
para que os estudantes compreendam as suas próprias
origens.
A partir disso, proponha que os alunos, organizados
em grupos, produzam cartazes, ilustrando as
características de cada uma dessas populações.

Registro
Após a realização dessas tarefas, considerando as
populações estudadas, questione e solicite que registrem,
no caderno, como imaginam que seja a população da
FLONA no futuro.

101
Unidade V: Nossa Região e outros Lugares

39. REGIÃO NORTE: A POPULAÇÃO, SUAS


ATIVIDADES E PAISAGENS
Interdisciplinar
Artes Visuais.

Objetivo
Identificar e compreender a relação entre a população, as atividades
econômicas e a construção das paisagens na região Norte.

Questões Norteadoras
a) Quais são as principais atividades econômicas
desenvolvidas na região Norte?
b) Sobre as cidades grandes na região Norte e a
produção industrial, por que existem essas cidades? O que
levou as pessoas para elas?
c) Qual é a relação entre o crescimento populacional, as
atividades econômicas e as paisagens?
d) Sobre a região Norte e as riquezas naturais: quais são
os recursos de uso comunitário e quais são aqueles
explorados em atividades comerciais, inclusive, empresariais?
e) Pensando nas atividades econômicas desenvolvidas
na região Norte, como conservá­las?

Possibilidades de Trabalho

Elaboração de mapa pictórico


Mapas pictóricos são mapas que apresentam
pictogramas. Os pictogramas são ícones ou símbolos
utilizados, há muito tempo, para representar informações
espaciais. A elaboração destes mapas possibilita, aos alunos,
construir seu próprio sistema de representação, ao
trabalharem, neste caso, com elementos das regiões como
referência. A confecção dos mapas requer uma organização
prévia, que informaremos a seguir. Antes de iniciar o trabalho
propriamente dito, organize os alunos em grupos de até 4
pessoas e distribua para os grupos uma cartolina ou pedaço
de papel pardo.

Organização dos temas


Em um mapa do Brasil desenhado em um quadro
branco, em papel pardo ou em cartolina, coletivamente,
delimite a abrangência da região Norte. Questione e liste
quais são as atividades econômicas que predominam nessa
região, buscando identificar as suas respectivas distribuições

102
no mapa. Tente demarcar, também, áreas com
transformações nas paisagens, como áreas de cidades, de
desmatamento e de produção agrícola.
Concluída esta primeira etapa, defina temas para os
mapas pictóricos, a partir do que foi listado e delimitado no
papel. Antes de sortear os temas entre os grupos, faça uma
breve explicação sobre o que são os mapas pictóricos, a
relação entre o que está sendo representado, a sua forma e
sua localização. Alguns exemplos de temas são:
desmatamento, cidades, atividades econômicas.

Confecção dos mapas


Depois de entendido o que é um mapa pictórico, cada
grupo receberá um tema para representar no seu mapa.
Nas folhas brancas ou cartolinas já entregues, solicite que
os alunos elaborem seus mapas.

Socialização dos mapas


Ao final do trabalho, solicite que cada grupo
apresente o seu mapa para os demais colegas. Na ocasião,
você pode retomar as principais questões do conteúdo,
demarcando as transformações na paisagem e a
distribuição da população. Questione os alunos se a atual
distribuição destes usos corresponde aos que eles
gostariam/esperariam que fossem dados para os recursos
naturais encontrados na Amazônia.

103
Unidade V: Nossa Região e outros Lugares

40. ATIVIDADES DA REGIÃO NORTE

Interdisciplinar
Matemática.

Objetivo
Identificar as principais atividades realizadas na Região Norte do
Brasil, estabelecendo comparações com a FLONA.

Questões Norteadoras
Inicie esta etapa reconstituindo com os alunos as
principais atividades realizadas na FLONA de Tefé. Indague se
essas atividades também são realizadas em outras localidades
do Estado do Amazonas e na Região Norte.
Uma possibilidade para estudar as atividades de uma
região é analisar os setores da economia. A importância
econômica desses setores é avaliada enquanto Produto
Interno Bruto (PIB). Este expressa o quanto o setor contribui
com a economia, na geração de riqueza para o país.
Vamos destacar algumas atividades que compõem os
setores da economia na Região Norte.

Quadro 5 ­ Setores da economia e respectivas atividades

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

Agricultura Indústria Transportes

Extrativismo Energia Turismo

Pecuária Comércio

Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
Pergunte aos estudantes:
a) Vocês sabem o que são os setores da economia?
A partir das respostas, avalie se não é importante fazer
um breve esclarecimento acerca do tema, para que os
estudantes possam seguir dialogando com mais segurança.
Explique que a economia de um país pode ser dividida
em setores (primário, secundário e terciário), conforme os
produtos, formas de produção e recursos utilizados. O setor
primário está relacionado à utilização de recursos da
natureza. Podemos citar como exemplos de atividades

104
econômicas do setor primário: agricultura, mineração,
pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça. É o setor
primário que fornece a matéria­prima para a indústria. As
exportações de matérias­primas não geram muita riqueza
para os países com economias baseadas neste setor, pois
estes não possuem valor agregado como ocorre, por
exemplo, com os produtos industrializados.
O setor secundário é aquele que transforma as
matérias­primas em objetos industrializados (roupas,
máquinas, automóveis, alimentos, eletrônicos, casas, etc).
Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos
produtos do setor secundário, o lucro obtido na
comercialização é significativo.
O setor terciário está relacionado ao comércio e à
prestação de serviços. Os serviços são trabalhos executados
por pessoas ou por empresas a terceiros, para satisfazer
determinadas necessidades. Como atividades econômicas
deste setor econômico, podemos citar: educação, saúde,
telecomunicações, serviços de informática, seguros,
transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação,
turismo, serviços bancários e administrativos, transportes,
etc.
A partir da explicação, peça que opinem:
b) Quais são as diferenças que vocês observam entre
os setores da economia? De qual setor você acha que os
moradores da FLONA dependem mais?
c) Quais atividades do setor primário ocorrem na
FLONA? Quais elementos são necessários para a realização
dessas atividades?
d) Quais atividades do setor secundário vocês sabem
que ocorrem na FLONA ou no entorno?
e) Fale sobre o setor terciário. Para existir o setor
terciário, quais outros setores devem estar fortalecidos? Por
quê?

Registro
Proponha a elaboração de um quadro onde os alunos
possam preencher as atividades de cada setor que integram
a produção dos itens da primeira coluna. Observe os
exemplos.

105
Quadro 6 ­ Processos de Produção

Produtos Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

Banana da Terra

Hidratante de Indústria de
Extrativismo Loja, Revista
Castanha Cosméticos

Sorvete de Açaí

Frango Insdústria de Supermercado


Aviário
Congelado alimentos
Viagem de Barco
Tefé ­ Manaus
Farinha de
Mandioca

Mandioca

Viagem de Avião
Tefé ­ Manaus

Óléo de Copaíba

106
Unidade V: Nossa Região e outros Lugares

41. SETOR PRIMÁRIO NA


REGIÃO NORTE
Interdisciplinar
História e Matemática.

Retomando
Relembrar os setores da economia e suas principais atividades.

Objetivo
Identificar e caracterizar as principais atividades do setor primário
realizadas na Região Norte do Brasil, estabelecendo comparações com a
FLONA.

Questões Norteadoras
Destacaremos, nesta proposta, as principais
atividades que compõem o primeiro setor da economia na
Região Norte. Contudo, é importante relacionar essas
atividades com aqueles que os ribeirinhos realizam na
FLONA.
Assim, em um primeiro momento, vamos trabalhar
em grupos organizados por tipo de atividade: agricultura,
extrativismo e pecuária. Na conclusão, cada grupo irá
apresentar as ideias discutidas para o resto da turma.

Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
Divida a turma em três grupos. Cada um deles irá ler
um dos textos referentes as atividades econômicas do setor
primário na Região Norte e discutirá as questões a seguir,
fazendo registros organizados no caderno, tendo em vista a
apresentação das conclusões aos colegas. Se os grupos
ficarem muito grandes, há o risco de o trabalho não ser
realizado de forma adequada. Neste caso, pode haver mais
de três grupos com a repetição das atividades econômicas.
Esta ação não inviabiliza o trabalho, pelo contrário, uma
vez que serão mais estudantes refletindo sobre o tema.

Grupo Agricultura
Existe grande diversidade de cultivos agrícolas na região Norte do país.
Alguns cultivos são herança da cultura indígena, como a mandioca. Existem,
também, alimentos que antes eram colhidos no extrativismo e que também
passaram a ser plantados, como açaí e cupuaçu. Contudo, existem cultivos
que foram introduzidos através da colonização, ou seja, trazidos por

107
migrantes de outras regiões e países.
Além da agricultura comercial familiar, as monoculturas vêm
crescendo na região Norte, como exemplifica a soja. Monocultura é o plantio
de um único produto, em grande escala, voltado para o mercado
internacional em função de que, geralmente, possui alto valor econômico. No
estado do Tocantins, por exemplo, as características do solo não eram
favoráveis a muitos cultivos, mas a tecnologia permitiu mudar essas
características do solo, fazendo avançar a monocultura.
Essa grande área, por onde se expande a agricultura empresarial,
forma o que se chama de fronteira agrícola. Essas áreas preocupam a
sociedade porque ela observa o aumento do desmatamento e a redução da
biodiversidade, sentindo os impactos dessa natureza conforme ela é
transformada.

A partir da leitura e discussão do texto, respondam:


a) Qual é a importância da agricultura na FLONA?
b) Vocês sabem a diferença entre agricultura comercial familiar e
agricultura de subsistência? Dê exemplos de produtos que são
comercializados e de produtos que só são utilizados na alimentação das
famílias na FLONA.
c) Para as monoculturas são necessárias extensas áreas sem árvores e
a utilização de produtos para a correção do solo e proteção contra pragas.
Quais são as consequências da chegada das monoculturas para a natureza e
para as comunidades?
d) Como diz no texto, a soja é um dos principais produtos das
monoculturas na região Norte. Mas, nos roçados da FLONA, plantam­se
muitos outros produtos. Qual tipo de agricultura tem maior diversidade de
alimentos e garante a satisfação das necessidades alimentares na
comunidade onde você mora?

Grupo Extrativismo
Do ponto de vista da contribuição econômica da região Norte para a
economia nacional, o extrativismo já foi a principal atividade do setor
primário, mas vem perdendo essa importância nos últimos anos.
A borracha (látex) já foi um importante produto do extrativismo, no
final do século XIX e início do século XX, por isso se diz que na região
ocorreu o Ciclo da Borracha. Isso trouxe muitos migrantes, de outras regiões,
para trabalhar nos seringais. Hoje, porém, esse produto não é mais a base
econômica da região.
Atualmente, a madeira é o principal produto do extrativismo vegetal na
região Norte. É importante destacar que o extrativismo realizado por
empresas é diferente daqueles realizados pelas comunidades, nos quais
existem outras regras de manejo.
O extrativismo animal, por sua vez, é representado pela caça e pela
pesca. A Floresta Amazônica é rica em biodiversidade animal, e entre os
peixes mais pescados se destacam o tambaqui, o tucunaré e o pirarucu. O

108
excesso da pesca comercial ameaça a permanência de alguns peixes, como o
pirarucu, que é o maior peixe de água doce do mundo.
O peixe é a principal fonte de proteína na região Norte. Isso quer dizer
que a carne do peixe é um importante alimento na região, o que em outras
regiões seriam as carnes de gado, de suíno e de frango. O consumo de peixe
na região Norte, e, mais precisamente, na Floresta Amazônica, é o maior do
mundo. Nos anos de 2002­2003, a Pesquisa de Orçamento Familiar,
realizada pelo IBGE, mostrou que a aquisição anual de pescado, por pessoa
na região Norte, era de 25 kg, a maior do país. O estado do Amazonas,
consumia, anualmente, 50 kg por pessoa.
Além disso, ocorre um último tipo de extrativismo, o de minerais, como
a prospecção de ouro, diamantes, alumínio, estanho, ferro, etc. O município
de Coari, por exemplo, vem se tornando um importante produtor de petróleo
do país.

A partir da leitura e discussão do texto, respondam:


a) Qual é a importância do extrativismo na FLONA?
b) Muitas pessoas que hoje vivem na FLONA vieram do Nordeste para
trabalhar nos seringais. Atualmente, a borracha ainda é um importante
produto do extrativismo? Quais produtos do extrativismo vêm da Floresta?
c) Estamos em uma Floresta Nacional, então, obedecendo a
determinadas regras, pode ser permitido o corte de madeira. O que
aconteceria se não houvesse regras ou se estas fossem desrespeitadas? Quais
seriam as consequências disto?
d) Os pescados das comunidades são os mesmos citados no texto da
região Norte? Os conflitos com pescadores comerciais na FLONA foram
resolvidos como?

Grupo Pecuária
A abertura de grandes eixos de transporte, como as rodovias que ligam
a região Norte a outras regiões, como Centro­oeste e Sudeste, vem
estimulando a instalação de grandes projetos agropecuários, pois facilitou a
distribuição desses produtos.
A pecuária intensiva, principalmente de bovinos, ocorre em grandes
propriedades. O capital, recurso financeiro que sustenta essa atividade, é
geralmente de empresários de outros países que exploram, no Brasil, essa
possibilidade econômica.
O avanço da pecuária leva ao desmatamento de grandes áreas de
floresta para o cultivo de pastagens. Isso muda toda a dinâmica da natureza,
empobrecimento do solo e perda de biodiversidade. Como se pode perceber, é
um cenário muito parecido com o da fronteira agrícola. Enfim, um exemplo
de tal avanço é a criação de búfalos no Estado de Roraima e na Ilha do
Marajó, que atualmente é a maior do país.

A partir da leitura e discussão do texto, respondam:


a) Qual é o principal fator que dificulta o avanço da pecuária nos

109
municípios que compõem a FLONA?
b) Quais as características da pecuária intensiva?
c) Quais as consequências, que você observou no texto, do avanço da
pecuária intensiva?
d) Imagine que um grande projeto de pecuária intensiva será
desenvolvido no entorno da FLONA. Qual é sua opinião sobre isso? Explique.

Painel
Estimule que cada grupo faça um painel, com desenhos
e frases, que expresse suas aprendizagens sobre o assunto
trabalhado. Após a construção do painel, cada grupo deverá
apresentar, para a turma, o tema estudado. O painel poderá
ser exposto na sala ou na escola.

Registro
Solicite que os alunos, em casa, leiam os textos que não
foram estudados pelo seu grupo e que respondam as
questões, registrando no caderno.

110
Unidade V: Nossa Região e outros Lugares

42. O SETOR SECUNDÁRIO E


TERCIÁRIO NA REGIÃO NORTE
Interdisciplinar
História e ciências.

Retomando
Relembrar os setores da economia e suas principais atividades.

Objetivo
Identificar e caracterizar as principais atividades do setor secundário
e terciário na Região Norte do Brasil, estabelecendo comparações com a
FLONA.

Leitura
Faça cópia do texto a seguir e entregue aos estudantes,
solicitando a leitura.

Setores Secundários e Terciários na Região Norte do


Brasil

Como já conversamos anteriormente, as principais atividades do setor


secundário, na Região Norte, estão relacionadas às indústrias e à geração de
energia.
Indústrias
As principais indústrias da região Norte estão voltadas para o
beneficiamento dos produtos do extrativismo e da agricultura.
A maior expressão industrial da região é a Zona Franca de Manaus.
Nela estão cerca de 500 indústrias, que foram instaladas graças a incentivos
do governo, como isenção de impostos.
Energia
Apesar da maior parte dos rios da região Norte estar em planícies,
alguns são utilizados para a geração de energia hidroelétrica, através de
grandes empreendimentos que visam atender as demandas de centros
urbanos e industriais. Sua instalação e funcionamento gera enorme debate,
devido os impactos ambientais e sociais que provocam, pois atingem espécies
animais e vegetais importantes para a biodiversidade e afetam os modos de
viver dos povos tradicionais da floresta, como indígenas, ribeirinhos, e etc.

No setor terciário, destacam­se atividades de transporte, turismo e


comércio.
Transporte
Os rios são os principais meios de transporte na região Norte,
principalmente na Amazônia central. A vasta rede hidrográfica favorece o uso
dos corpos de água para o transporte hidroviário, de pessoas e de produtos.

111
Outra característica da região Norte é a presença de aeroportos nas
cidades maiores. Sendo uma região tão extensa, com imensos estados como
Pará e Amazonas, o transporte aéreo é uma alternativa para quem precisa
deslocar­se mais rapidamente.
As rodovias na região Norte, diferentemente de outras regiões do
Brasil, não são tão expressivas. Já as ferrovias são um importante meio de
transporte de minerais.

Turismo
A Floresta Amazônica, sendo a maior floresta tropical do mundo, e rica
em biodiversidade, atrai turistas brasileiros e do exterior interessados em
suas belezas naturais. Assim, são cada vez maiores as opções de ecoturismo,
ou seja, de atividades turísticas que proporcionam uma maior aproximação
com a natureza, como passeios de barco, hotéis em unidades de conservação,
etc.
Também é grande o interesse dos turistas na cultura dos povos da
floresta, sobretudo dos indígenas. Soma­se, a isso, o interesse pela cultura
popular dos moradores da região, que se expressa em diversas festas que
destacam a cultura local.

Comércio
As atividades comerciais, como em todo Brasil, também, estão
presentes na Região Norte. Nas maiores cidades existe um elevado número de
lojas, de diversos tipos, e supermercados. Além do comércio local, existem
lojas de grandes redes nacionais e estrangeiras.
Entretanto, permanece, na região, a cultura do mercado popular. Este
integra comerciantes locais que vendem alimentos extraídos da floresta ou
cultivados nos roçados e artesanatos.

Possibilidades de Trabalho

Jogo: Caça­palavras
Sobre o setor secundário e terciário, levando em conta
os textos acima, proponha uma atividade com caça palavras,
jogo em que o estudante deve encontrar palavras que estão
escondidas no meio de várias letras. Os caça­palavras podem
ter dificuldades diferentes, já que dependem do tamanho da
quadrícula, da disposição das palavras (horizontal, vertical e
diagonal) e da possibilidade de existir palavras escritas de trás
para frente.
Ao construí­lo espalhe palavras significativas para
compreensão dos setores secundário e terciário. Distribua

112
para os alunos a folha com o jogo e informe a primeira
palavra a ser encontrada. Quem encontrar a palavra
primeiro, comunica aos colegas, que devem, nesse
momento, virar a folha e parar a busca. O estudante que
encontrou a palavra recebe um determinado número de
pontos e escolhe um dos colegas para falar sobre a palavra
encontrada, reconstituindo aprendizagens. Os colegas
avaliarão se a fala do escolhido está de acordo com o que foi
trabalhado e, em caso positivo, ele também receberá
pontos. Levando em conta as palavras dispostas no jogo,
repita a dinâmica pelo número de vezes que entender
necessário.

Conversa em roda
Coletivamente, peça que os estudantes se
posicionem, avaliando quais seriam os pontos positivos e
negativos da instalação de empreendimentos, como os
listados no quadro seguinte, na FLONA ou em seu entorno.
Este quadro pode ser construído na lousa ou em papel para
compor um painel.

Quadro 7 ­ Pontos positivos e negativos dos empreendimentos

Atividade Pontos Positivos Pontos Negativos

Indústria

Energia

Transporte

Turismo

Comércio

113
Unidade V: Nossa Região e outros Lugares

43. AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


NA REGIÃO NORTE
Interdisciplinar
Língua Portuguesa, Artes Visuais e Ciências.

Objetivo
Objetivos
compreender
Compreender aa região
região amazônica
norte comocomo
área área
de interesse
de interesse
ambiental
ambiental
e de
instalação
e de instalação
de unidades
de unidades
de conservação.
de conservação.

Noções
Na região Norte encontra­se a maior parte da Floresta
Amazônica brasileira. A região natural onde ela se encontra é
ecologicamente chamada de Bioma. Para conservar a Floresta,
o governo, que é responsável pelos recursos da natureza,
criou, através de leis, diversas unidades de conservação na
região. Lembra­se de quando estudamos as unidades de
conservação?
Nas unidades de proteção integral não é permitida a
presença de comunidades. Busca­se preservar a
biodiversidade da fauna e da flora. Contudo, das
comunidades tradicionais indígenas e não indígenas já
estudadas, no Brasil, 60% vivem no bioma amazônico.
Por isso, existem as que permitem a presença de
comunidades. Essas são chamadas de unidades de uso
sustentável.
Além destas, existem as Terras Indígenas. Esse é um
direito adquirido com a elaboração da Constituição Brasileira.
Por isso, as terras indígenas podem estar sob unidades de
proteção integral, já que nenhuma lei é maior do que a
Constituição.

Possibilidades de Trabalho
Interpretação de mapas
Distribua cópia dos mapas (Figuras 22 e 23) aos alunos
e solicite a análise dos mesmos. Depois de observarem
atentamente a eles, peça que respondam as questões que vem
na sequência.

114
Mapa 1

Figura 22 ­ Mapa das Unidades de Conservação da região Norte.

a) A área da FLONA de Tefé é definida como unidade


de proteção integral ou de uso sustentável? O que isso
significa?
b) Qual tipo de unidade de conservação aparece mais
na Região Norte? Por que você acredita que isso aconteça?
c) A área tracejada indica a presença de Terra
Indígena. Geralmente essas terras estão em que tipo de
unidade? Qual e por quê?

Mapa 2

Figura 23 ­ Mapa das Unidades de Conservação vizinhas à FLONA de Tefé.


115
a) Próximo da FLONA de Tefé, há que tipo de unidade
de conservação: proteção integral ou uso sustentável?
b) Você já ouviu falar nessas unidades de conservação
vizinhas? Quais são as Reservas de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) e Reservas Extrativistas (RESEX)?
c) Observe o mapa e indique o que as Reservas de
Desenvolvimento Sustentável (RDS), as Reservas Extrativistas
(RESEX) e as Florestas Nacionais (FLONAS) têm em comum?

Fotonovela
A proposta escolhida, com o objetivo de construir uma
síntese das aprendizagens construídas anteriormente, será a
criação de uma fotonovela. Fotonovelas são novelas em
quadrinhos, que utilizam, no lugar de desenhos, fotografias,
de forma a contar, sequencialmente, uma história. A
fotonovela apresenta uma narrativa que utiliza em conjunto a
fotografia e o texto verbal (Figura 24). Como nas histórias em
quadrinhos, cada quadro da sequência corresponde a uma
cena da história, neste caso, uma fotografia com a mensagem
textual.

Figura 24 ­ Exemplo de uma fotonovela criada por alunos.


Fonte:http://criticartes.blogspot.com.br/. Acesso em 10 de março de 2016.

116
Para desenvolver esta proposta, organize os alunos
em grupos de até 4 estudantes. Explique qual será o
produto da atividade, indicando quais são as principais
características de uma fotonovela. Solicite que criem e
registrem, nos seus cadernos, uma narrativa – não esqueça
do título – a partir do tema trabalhado nesta atividade: a
região amazônica como área de interesse ambiental e as
unidades de conservação. Depois de criada a história, que
funcionará como roteiro, solicite que, numa folha branca,
façam um storyboard, isto é, um guia visual (sequência de
desenhos) narrando as principais cenas do que será
contado. Os storyboards são desenhos rápidos e com
poucos detalhes, que tem como objetivo transpor as cenas
do roteiro para quadros.
A partir daí os alunos terão de montar as cenas
registradas no storyboard e fotografá­las. Depois de todos
os grupos terem feito suas fotos, imprima­as e entregue aos
grupos para que possam montar a fotonovela. Ressaltamos
que, nesta etapa, as fotografias ainda não estarão com os
diálogos, então, os alunos poderão fazer os balões com os
textos e colar sobre a foto. Distribua um pedaço de papel
pardo ou de cartolina para que os alunos montem sua
fotonovela. A montagem também pode ser feita na forma de
pequenos livretos, se for de interesse dos alunos. Se os
estudantes tiverem acesso a computadores, é possível fazer
a colocação dos balões de diálogo e montar a sequência das
cenas em programas de edição de texto.
Depois de prontas, as fotonovelas, proponha que os
grupos apresentem para turma, ou que façam circular as
produções entre eles, para que possam ler e comentar. Se a
turma quiser, estes trabalhos podem ficar expostos na sala
de aula ou mesmo em outro espaço da escola.

117
Unidade V: Nossa Região e outros Lugares

44. AS FLORESTAS NACIONAIS


Interdisciplinar
Ciências, Artes Visuais e Língua Portuguesa.

Retomando
Relembrar no mapa de localização das Unidades de Conservação.

Objetivo
Conhecer a distribuição das Florestas Nacionais no Brasil e na
Região Norte. Estudar o zoneamento e os respectivos usos possíveis na
FLONA de Tefé, AM.

Noções
No Brasil, existem diversas Florestas Nacionais
(FLONAS) e a maioria delas está localizada na Região Norte.
De maneira geral, as FLONAS devem servir para promover um
manejo múltiplo e sustentável dos recursos florestais. Para
tal, são desenvolvidas técnicas de produção que promovam
esses usos, focando especialmente nos produtos do
extrativismo.
Estimula­se, junto a isso, a existência, dentro da área
da FLONA, de pesquisas científicas, de ações de educação
ambiental e de atividades de lazer. O manejo deve, também,
contribuir para recuperar áreas degradadas – como regiões
desmatadas ou rios poluídos ­ e para preservar a diversidade
de animais e plantas.
Todas as informações da FLONA, e as regras de uso,
constam em um documento chamado Plano de Manejo. Uma
das informações principais é sobre o zoneamento, que define
modalidades de uso.

Possibilidades de Trabalho
Interpretação de mapas
Para que os estudantes possam fazer a análise dos
mapas (Figuras 25 e 26), entregue cópias destes materiais a
eles, solicitando que observem com atenção e respondam as
perguntas que vêm a seguir.

118
Mapa 1

Figura 25 ­ Mapa da Distribuição das Florestas Nacionais do Brasil.

a) Qual é a Região brasileira onde tem mais Florestas


Nacionais Federais? Qual é aquela que tem menos?
b) Lembram quando estudamos as atividades
econômicas e vimos que a madeira é o principal produto do
extrativismo vegetal na Região Norte? Você acha que isso
tem relação com a maior presença de FLONAS na região?
Por quê?
c) Através de qual documento é possível controlar o
corte de árvores nas FLONAS, para evitar o excesso de
desmatamento?
No Plano de Manejo da FLONA de Tefé, há o
zoneamento da unidade. O mapa 2 (Figura 26) apresenta a
FLONA dividida em zonas, onde existem diferentes regras
de uso.

119
Mapa 2

Figura 26 ­ Zoneamento da FLONA de Tefé

Fanzine
Com o objetivo de identificar e caracterizar os diferentes
espaços dentro da FLONA de Tefé (Zona Populacional, Zona de
Uso Florestal Comunitário, Zona de Preservação e Zona de
Amortecimento), propomos a elaboração de fanzines junto aos
estudantes.
A palavra fanzine vem da contração da expressão em
inglês fanatic magazine, que significa revista de fãs. São
publicações feitas por pessoas que gostam de determinados
temas. Desta forma, existem fanzines sobre temas diversos:

120
ficção­científica, música, literatura, culinária, entre outros.
Estes temas, dentro do fanzine, podem ser abordados de
diferentes maneiras, como contos, poesias e quadrinhos,
por exemplo (Figura 27).

Figura 27 ­ Exemplo de um fanzine artesanal: capa e página interna.


Fonte: http://cristinabottallo.art.br/ Acesso em 11 de março de 2016.

Existem diferentes formas de fazer um fanzine. Nossa


proposta, aqui, é confecciona­los artesanalmente. Para isso,
os estudantes podem ser agrupados em duplas ou trios.
Inicie explicando o que é um fanzine e questionando sobre
como a turma poderia criar fanzines para explicar, de forma
mais divertida e diferente, as diferentes zonas dentro da
FLONA de Tefé. Este é um tema importante para os
ribeirinhos, então, é essencial trazer o debate para sala de
aula, para incentivar os estudantes a desenvolverem
instrumentos de informação comunitária, neste caso, os
fanzines.
Com as duplas e trios formados, distribua folhas
brancas, canetas coloridas, revistas para recorte, colas e
tesouras para a confecção do material. Combine
previamente quais serão os materiais utilizados e peça que
os estudantes que tragam de casa. Circule nos grupos,
pergunte sobre suas ideias, complemente se achar
necessário. O formato do fanzine fica a critério do grupo,

121
podendo­se utilizar a quantidade de folhas que preferir, até
mesmo uma folha dobrada ao meio em forma de folheto.
Chame a atenção que, assim como em jornais e revistas, não
pode faltar no fanzine o expediente, isto é, um espaço com os
dados da publicação e os nomes dos integrantes do grupo:
autores dos textos, entrevistadores, ilustradores, cartunistas e
professor orientador. Os textos podem ser ilustrados por
cartuns, desenhos, quadrinhos, fotos ou bricolagens. É
importante, como este será um material que circulará entre os
comunitários, que seja feita uma revisão do texto escrito
quanto aos aspectos ortográficos.
Depois de prontos, faça algumas fotocópias dos fanzines
produzidos para que os alunos possam distribuir na
comunidade. É possível organizar, com a turma, um momento
para fazer o lançamento dos fanzines. Para isso, é necessário
organizar previamente este lançamento, definindo data e local
para realizar o evento, bem como fazer a divulgação entre os
comunitários.

122
U n i d ad e V I
VIVEMOS EM UM TERRITÓRIO

Dirce Maria Antunes Suertegaray


Maíra Suertegaray Rossato
Cristiano Quaresma de Paula

Quando analisamos o espaço geográfico, a partir do conceito de


território, privilegia­se o político, a dominação ou a apropriação.
Historicamente, o território, na Geografia, tem sido definido e delimitado
pelas relações de poder. No passado da Geografia, Ratzel (1899), ao tratar do
território, vincula­o ao solo, enquanto espaço ocupado por uma determinada
sociedade. Nesta concepção, o território enquanto estado­nação é o exemplo
mais comum.
Observa­se que, historicamente, o conceito de território associa­se à
ideia de um espaço definido por seus limites, seus recursos naturais e sua
população socialmente organizada.
Contemporaneamente, fala­se em complexidades territoriais,
entendendo­o como campo de forças ou teias (redes) de relações sociais.
Segundo Souza (1995), territórios são relações sociais projetadas no espaço.
Por consequência, estes espaços concretos formam­se e/ou dissolvem­se de
modo muito rápido, podendo ter existência regular, porém periódica,
permanecendo o mesmo substrato material em diferentes ações territoriais.
Em breves considerações, o que queremos frisar é a ótica analítica do
conceito de território. Este norteou, na Geografia, perspectivas analíticas
vinculadas à ideia de poder sobre um espaço e seus recursos, o poder na
escala do Estado­nação. Entretanto, hoje podemos pensar territórios em
outras escalas, como espaços apropriados por diferentes grupos sociais.
Mais recentemente, este conceito indica possibilidades analíticas que
expõem apropriações do espaço. Esta flexibilização do conceito permite tratar
de territorialidades como coexistência de grupos, por vezes num mesmo
espaço físico em tempos diferentes. Trata­se de uma dimensão do espaço
geográfico que desvincula as relações sociais da relação direta com a
dimensão natural do espaço, extraindo, deste conceito, a necessidade de
domínio ­também dos recursos naturais­, como se indica a concepção
clássica de território. A natureza, enquanto recurso associado à ideia de

123
território, já não é mais a abordagem predominante.
Estas novas territorialidades apresentam­se como voláteis e
constituem parte do tecido social, expressam uma realidade, mas não
substituem, em nosso entender, a dominação política de territórios em
escalas mais amplas. Devendo essas, quando explicadas e não somente
descritas, serem inseridas em espaços e escalas de maior abrangência.
Podemos, ainda, conceber o território quando analisamos espaços cuja
apropriação se fez através da ocupação e organização comunitária. Esta
forma de entendimento do território está vinculada as chamadas populações
originárias e tradicionais, ou seja, as populações que habitam historicamente
um espaço e que, a partir de suas formas de organizar a produção de
alimentos e da vida, constituem um modo particular de viver. No Brasil,
temos muitos exemplos deste tipo de território. O dos ribeirinhos é, entre
outros, um exemplo de territorialidade.

Objetivos desta unidade:

• Construir as noções de território e territorialidade, a partir do


entendimento das características organizativas de cada um desses conceitos.
• Caracterizar o Brasil como um território considerando sua extensão,
limites e sua organização em relação ao poder, expresso nas atribuições do
poder executivo, legislativo e judiciário.
• Entender o território de pesca dos ribeirinhos a partir do conceito de
territorialidade.

124
Unidade VI: Vivemos em um Território

45. TERRITÓRIOS E TERRITORIALIDADES:


CONSTRUINDO O CONCEITO
Interdisciplinar
Educação Física.

Objetivo
Construir noções (limite, regras, estratégias) para entendimento do
conceito de território e de territorialidades.

Questões Norteadoras
a) O que você considera como limite da sua escola?
b) Todas as pessoas podem entrar nos limites da
escola a qualquer momento?
c) Existem regras na escola? Dê exemplos de algumas
delas.
d) Para que servem estas regras?
e) Por que devemos seguir determinadas regras?

Possibilidades de Trabalho

Jogos corporais
Desenvolva a parte inicial desta proposta no pátio ou
em área externa da escola. Apresente, aos estudantes, um
pequeno circuito dos dois jogos (Jogo 1 e Jogo 2) e depois
questione­os, a partir dos elementos que permeiam o
conceito de território e de territorialidades. Explique o
objetivo dos jogos dentro da proposta, explicite o que devem
observar enquanto jogam e procure organizar a participação
de todos.
Jogo 1: O Território
Este privilegia o contato físico entre os estudantes, que serão
organizados em equipes. As funções de ataque e defesa são solicitadas
simultaneamente, por isso, é preciso diversificar as ações que desequilibram
como: puxar, carregar, empurrar, virar, esquivar, desviar e resistir.
Primeiramente, delimite um território (quadrado ou círculo) com um
grupo de defensores do lado de dentro, e outro grupo, do lado de fora, que
tentará entrar. Nos grupos, os defensores se organizam livremente, pensando
na melhor estratégia para impedir a conquista de seu território. Aqui, o
importante é se deslocar de maneira eficaz, impedir a invasão do adversário,
ser atento e ágil para surpreender o outro. Várias rodadas podem ser feitas,
trocando as ações entre os grupos, que atuarão ora na defesa, ora no ataque.
O conceito de território, trabalhado no jogo, é o clássico, em que o
espaço é fisicamente apropriado e ocupado por um grupo de pessoas, em
virtude da necessidade de posse de recursos naturais para a conquista de

125
sobrevivência. Quando há disputa do espaço físico com outro grupo, a defesa
territorial é exercida diretamente pelos membros da coletividade.

Jogo 2: De quem é a floresta?


Para desenvolver o jogo, escolha ou sorteie um estudante para ser a
onça e os demais serão as queixadas. As queixadas demarcarão dois espaços
para serem seus territórios protegidos, locais onde a onça não as alcançará.
A onça também terá de definir seu espaço de descanso. Ambos, para
encontrarem comida, precisam percorrer a floresta. Para esta atividade, um
aparelho de som, com dois tipos de canções, pode ser utilizado: uma bem
suave e calma e outra acelerada e agitada.
Um fundo sonoro calmo, com as queixadas caminhando, marca o início
do jogo. Elas espalham­se pela floresta, procurando tranquilamente sua
comida. A onça está descansando neste momento. De repente, o som muda e
a agitação toma conta. Este é o sinal para as queixadas rapidamente
retornarem ao seu espaço protegido, pois a onça saiu para se alimentar e as
queixadas são sua presa. As queixadas capturadas são levadas, pela onça, ao
seu espaço de descanso, mas somente quando o som mudar. Essas
queixadas tornam­se onças, e sairão à caça na próxima rodada. As rodadas
se sucedem até que não sobrem mais queixadas.
Embora simples, o jogo auxilia a construir a ideia de que diferentes
territorialidades podem ocupar um mesmo espaço, em momentos distintos.
Este conceito é mais atual, e não está ligado necessariamente à ocupação
física permanente do espaço, como no conceito clássico, construído
anteriormente. A floresta é ocupada pelos dois grupos em momentos
diferentes, para que queixadas e onças possam, dali, retirar seu alimento.
Cada grupo tem seu espaço onde o outro não avança, mas compartilham
espaços comuns, podendo disputá­los, em caso de enfrentamento. Nesta
situação, quem é mais forte (onça), apropria­se do espaço, fazendo dele sua
territorialidade. É importante destacar que as queixadas, embora mais
fracas, estão em maior número e podem ter diferentes estratégias de
sobrevivência.

Conversa em roda
Depois de terminado o jogo, organize­os em roda, no
pátio, ou retorne para a sala de aula, para conversar sobre a
atividade. Questione­os sobre as impressões a respeito dos
objetivos e das estratégias utilizadas. As questões
apresentadas poderão ser registradas na lousa. Pergunte:
Sobre o jogo "O Território":
a) Qual é o objetivo do jogo?
b) Quem são os "donos" do espaço disputado?
c) Que motivos poderiam levar grupos de pessoas a
disputarem espaços comuns?

126
d) Qual seria a sua estratégia de defesa do território?
Por quê?
e) Qual seria a sua estratégia para invadir e ocupar o
território? Por quê?

Sobre o jogo "De quem é a Floresta, afinal?"


a) Qual é o objetivo do jogo?
b) Qual seria a sua estratégia para se alimentar se
fosse uma queixada? Por quê?
c) Qual seria a sua estratégia para se alimentar se
fosse uma onça? Por quê?
d) Qual é o espaço comum ocupado por queixadas e
onças?
e) Todo o espaço é ocupado por eles ao mesmo
tempo?
f) Como acontece a ocupação?
g) Os dois grupos ocupam o espaço da floresta em
igualdade de condições? Por quê?
h) Dê exemplos de outros jogos que abordam disputa
ou ocupação de territórios. Descreva como se joga.
O registro posterior, das conclusões, poderá servir
como instrumento de avaliação, pois mostrará as
reconstituições feitas pelos estudantes, as relações
estabelecidas e as antecipações para elaborar as
estratégias. Ao trazer outros exemplos de jogos, os
estudantes estarão fazendo comparações e generalizações,
indicando a construção, ou não, dos conceitos trabalhados.

127
Unidade VI: Vivemos em um Território

46. A ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO


BRASILEIRO
Interdisciplinar
Artes Visuais.

Objetivo
Compreender que o lugar onde moramos está inserido no território
nacional e participa de diferentes espaços organizacionais entre eles o
regional, estadual e o municipal.

Noções
De maneira simples, podemos dizer que, quando
falamos de território, estamos nos referindo a uma parcela da
superfície terrestre, que dizemos nosso solo. Portanto,
território é o espaço que tem recursos naturais a serem
utilizados, que é ocupado por uma determinada sociedade,
que é delimitado e organizado a partir de leis e normas,
elaboradas e controladas pelo poder político. Além disso, como
o território tem uma extensão, ele tem limites que são
controlados pelo poder central, ou seja, o poder do Estado
nacional. Por isso, dizemos que o Brasil é um território
nacional, uma nação ou um Estado­Nação. O território
brasileiro, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), está dividido em 5 regiões geográficas:
Norte, Nordeste, Centro­Oeste, Sudeste e Sul. Cada região
agrupa estados ou unidades da federação, que estão divididos
em municípios.
A Floresta Nacional de Tefé está situada na Região
Norte do Brasil, no estado no Amazonas (AM). Para entender a
organização política dos estados, tomemos como exemplo o
estado onde moramos, o Amazonas. Este, como os demais
estados, está organizado em três poderes: o poder executivo ­
que governa ­ na pessoa do governante e de sua equipe; o
poder legislativo ­ que cria e fiscaliza as leis ­ desempenhado
pelos deputados estaduais; e o poder judiciário – que julga o
cumprimento das leis. Os municípios se organizam da
seguinte forma: o poder executivo, desempenhado pelo
prefeito e sua equipe; o poder legislativo, exercido pelos
vereadores; e o poder judiciário, representado pelos juízes. Os
representantes do poder executivo e legislativo são escolhidos
pelo povo, através dos votos, em um processo democrático. Os
do judiciário, por concurso público.

128
Possibilidades de Trabalho
Atividades com mapas
Para que os estudantes possam desenvolver a proposta
a seguir, entregue cópias dos mapas (Figura 28 e 29),
solicitando que realizem, com atenção, o que é pedido.

Figura 28 ­ Mapa com a delimitação das regiões e dos estados brasileiros.

O mapa acima representa o território brasileiro. Ele


está dividido em estados e regiões, e é chamado mapa
mudo, pois não traz outras informações além dos
contornos. Solicite que, organizados em duplas, os
estudantes:

129
a) Pintem os estados que correspondem à Região Norte.
Para saber quais são os estados que fazem parte, estimule os
estudantes a pesquisarem essas informações em livros de
Geografia.
b) Localizem a FLONA de Tefé, no estado do Amazonas.
c) Destaquem os estados em que nasceram seus pais e
avós. Estas informações podem ser buscadas nas atividades
realizadas no primeiro capítulo deste livro.
d) Criem uma legenda para identificar: o território
brasileiro, a região Norte, o estado do Amazonas, onde
nasceram seus pais.
e) Deem um título para o mapa elaborado.

Figura 29 ­ Mapa dos municípios que compõem a FLONA.

130
Este mapa apresenta os cinco municípios que
compõem a FLONA de Tefé: Tefé, Coari, Alvarães, Uarini e
Juruá. Em qual município nós moramos? Peça que os
estudantes identifiquem o município no mapa.

Registro
Registre, no quadro, algumas perguntas e solicite que
as façam como tarefa de casa. Para desenvolve­la, poderão
perguntar aos seus pais ou pesquisar em jornais.
a) Qual o nome do governador do estado? Há algum
deputado estadual que é da nossa região?
b) Qual o nome do prefeito do nosso município?
Conhece algum vereador? Qual é o seu nome?
c) Complete o quadro indicando o nome do
responsável atual pelos serviços públicos que utilizamos.

Quadro 8 ­ Serviços e responsabilidades

Estado Município

Escola

Posto de Saúde

Polícia

131
Unidade VI: Vivemos em um Território

47. O TERRITÓRIO BRASILEIRO SUA


LOCALIZAÇÃO E SEUS LIMITES
Interdisciplinar
História.

Objetivo
Localizar, caracterizar e estabelecer os limites do território brasileiro
na América do Sul.

Questões Norteadoras
Nosso assunto, agora, é caracterizar o território
brasileiro, considerando sua localização na América do Sul,
seus limites e sua extensão.
Para iniciar as atividades, solicite que os estudantes se
organizem, em pequenos grupos, e pensem sobre algumas
características que explicam porque o Brasil é um território.
Questione e registre as respostas na lousa. Retome os jogos
corporais, realizados em outra atividade, para reconstituir o
conceito de território. Compare, juntamente com os alunos, as
respostas dadas pelos grupos com o conceito de território
construído e verifique quais as semelhanças e diferenças
observadas.
O Brasil é um país de dimensões continentais, ou seja,
possui uma extensa área territorial, a quinta maior entre os
países do mundo, ficando atrás da Rússia, Canadá, Estados
Unidos e China. Localizado na América do Sul, a compõe com
outros 12 países. A América do Sul é um subcontinente que
compreende a porção meridional da América. Sua extensão é
de 17.819.100 km², abrangendo 12% da superfície terrestre e
6% da população mundial. O nosso país ocupa quase metade
da área territorial da América do Sul (cerca de 48% do
território).

Possibilidades de Trabalho
Atividades com mapas
Para construir a noção de um território brasileiro,
precisamos contextualizá­lo no continente americano.
Apresente o mapa da América do Sul (Figura 30) e questione
se os estudantes conhecem o nome (ou informações) de outros
países que, junto com o nosso, formam este grupo que se
situa ao sul da América. Indique, no mapa, os nomes que
forem surgindo, de modo a completar as informações básicas:

132
a) Nome de países;
b) Oceanos que banham o continente.
Peça que pintem o território brasileiro no mapa.
Chame a atenção para as dimensões do Brasil,
proporcionalmente aos outros países e em relação ao
espaço que ocupa no território americano.
Solicite, aos estudantes, que tracem uma linha
pontilhada entre o Brasil e os países vizinhos. Essa linha é
denominada de limite. Observe que, dos 12 países sul
americanos, nosso país não é vizinho, ou seja, não faz
limite, somente com o Equador e com o Chile.

Figura 30 ­ Mapa da América do Sul.

133
Assim como os estados e municípios, um país tem seu
poder instituído pelo voto. O poder executivo nacional, ou
seja, aquele que governa o Brasil, é desempenhado pelo (a)
presidente da república. O poder legislativo, aquele que cria as
leis, é composto por deputados federais e senadores.
Solicite aos estudantes que pesquisem:
a) Quem é o (a) presidente do Brasil?
b) Você já ouviu falar em algum deputado federal ou
senador da nossa região?

Solicite que os estudantes escrevam uma carta, ao


presidente do Brasil, contando onde você mora, descrevendo
características desse lugar, como vivem os ribeirinhos e quais
são as principais necessidades que desejariam que fossem
reconhecidas, e atendidas, pelo governo brasileiro.

134
Unidade VI: Vivemos em um Território

48. A FLONA DE TEFÉ É UM TERRITÓRIO?

Interdisciplinar
Língua Portuguesa.

Objetivo
Identificar e caracterizar a FLONA de Tefé como uma unidade de
conservação constituída pelo governo brasileiro com objetivo de
conservação da natureza.

Noções
Quando estudamos o local onde moramos,
percebemos que desde algum tempo esse local passou a se
denominar FLONA de Tefé. Na continuidade, aprendemos
que esse local é também o lugar onde moramos, onde
estabelecemos nossos vínculos de trabalho, de convivência
e afetivos. Gostamos de morar aqui, muitos de nós
nasceram aqui, nossos pais vivem e trabalham na FLONA e
nossos avós, embora possam ter vindo de outros lugares,
adaptaram­se, criando um modo de viver na floresta.
A FLONA de Tefé é uma Unidade de Conservação
criada pelo governo brasileiro. O território brasileiro tem um
conjunto de UCs que foram instituídas, em diferentes
governos, para conservar a natureza e seus recursos.
As unidades de conservação possuem um conjunto
de regras. Como as unidades de conservação estão
delimitadas, quem está no seu interior deve respeitar essas
regras. A FLONA de Tefé é uma unidade de conservação
federal e, portanto, está sob responsabilidade do Estado,
através do Ministério do Meio Ambiente. Contudo, nesses
territórios, onde estão comunidades tradicionais, o governo
compartilha o poder com elas. Assim, participam da gestão
através do conselho e por meio da criação de normas, como
os planos de manejo. Sob esta perspectiva, a FLONA de Tefé
pode ser considerada um território.

Possibilidades de Trabalho
Entrevista
Convide um líder da comunidade para que os
estudantes possam entrevistá­lo. Organize previamente esta
visita, fazendo o convite com antecedência e compondo, de
forma coletiva, o roteiro da entrevista. A seguir estão

135
listadas algumas sugestões que podem orientar o roteiro.
a) Você, que vive na FLONA, poderia citar algumas
normas ou sugestões de uso que resultaram da criação da
FLONA?
b) Quem criou essas normas?
c) Por que foram criadas?
d) Como funciona a gestão da FLONA? Qual o papel do
Conselho?
e) O Plano de Manejo é o documento que delimita e
expõe as regras de uso do território da FLONA. Como ele foi
construído?
f) Quais as principais regras do Plano de Manejo da
FLONA de Tefé?

Registro
Retome as respostas das entrevistas e convide os
estudantes a fazerem uma síntese das respostas, através de
frases, desenhos, colagens, etc. Esta produção poderá ser feita
em grupos de até 4 alunos.

136
Unidade VI: Vivemos em um Território

49. TERRITÓRIOS E TERRITORIALIDADES


DOS COMUNITÁRIOS
Interdisciplinar
Artes Visuais.

Objetivo
Construir a noção de território e de territorialidade dos comunitários
a partir do exemplo dos acordos de pesca.

Questões Norteadoras
Para construir a ideia de territorialidades devemos
ter em mente que, significa compreendemos a existência de
diferentes grupos de pessoas ocupando um mesmo espaço,
geralmente em momentos distintos. Este conceito é mais
atual e não está ligado necessariamente à ocupação física
permanente do espaço, como no conceito clássico,
construído anteriormente. Quando existe o reconhecimento,
pelos comunitários, de exclusividade de determinada área
para um grupo, estabeleceu­se um território.
Vamos refletir sobre a territorialidade da pesca, uma
atividade fundamental entre os ribeirinhos:
a) Qual é o principal recurso natural para que ocorra
pesca?
b) Existem limites de áreas de pesca?
c) Na FLONA de Tefé, pode­se pescar?
d) Na FLONA de Tefé, qualquer pessoa pode pescar?
e) Que problemas os pescadores das comunidades da
FLONA enfrentam?
f) Esses problemas são resolvidos? De que forma?

Possibilidades de Trabalho
Painel
Para identificar as características das
territorialidades da pesca ribeirinha vamos partir da
identificação de diversos aspectos, que permitirão
reconhecer o território de tal prática. Com auxílio da turma
vamos construir, na lousa, nossa compreensão do que é um
território de pesca, partindo da comparação com as
características do território nacional. Veja o quadro a
seguir.

137
Quadro 9 ­ Território Nacional e Território da Pesca

Territórios/ Espaço ocupado Recursos Leis e normas Limites


Catacterísticas pela população naturais

Constituição
Território e outras Leis
Nacional

Territórios da Acordos de
Pesca Pesca, Leis
(territorialidade)

Registro
Após a elaboração do quadro, solicite o registro das
seguintes questões:
a) Em relação à pesca, você sabe se existem normas
para pescar, isto é, um Acordo de Pesca?
b) Você sabe quem criou essas normas?
c) Por que essas regras são necessárias?
d) Poderíamos dizer que existem territórios pesqueiros?
e) O que seria um território pesqueiro?
f) Na FLONA de Tefé, qual é a característica desse
território?
g) O território pesqueiro tem outros usos pelos
comunitários? Quais são esses usos?
Tomando, como base, as respostas dadas, solicite aos
alunos que registrem, no seu caderno, o que entenderam
sobre território e territorialidade. Peça que apresentem suas
considerações e que debatam sobre os conceitos. Registre, na
lousa, as construções conceituais da turma.

Atividades com mapas


Com base na construção do conceito de territorialidade,
a partir do exemplo da pesca, solicite que esta seja ampliada,
através da elaboração de um mapa pictórico das
territorialidades dentro da comunidade do estudante. Para
isso, é importante que o aluno inicie seu trabalho com um
croqui da área a ser representada, incluindo as
territorialidades identificadas. Se houver dificuldades, para a
identificação destes espaços, faça um levantamento de
informações junto à turma e registre na lousa.
É importante relembrá­los sobre o que caracteriza um
mapa pictórico (atividade 39, capítulo 5) e quais elementos
devem aparecer nele (título, legenda, orientação).

138
U n i d ad e V I I
VAMOS LER BOYRÁ E O MENINO

Maíra Suertegaray Rossato

Este capítulo apresenta uma proposta de trabalho, a partir da leitura


do livro “Boyrá e o Menino”, que compõe esse conjunto de materiais,
produzidos pelo Núcleo de Estudos de Geografia e Ambiente (NEGA/UFRGS),
em parceria com o ICMBio.
O livro, de autoria de Maíra Suertegaray, ilustrado por Carla Pilla e
editado pela Compasso Lugar­Cultura, surgiu da ideia de trazer a Geografia
para as narrativas, e de transformar as curiosidades e as inquietações dos
jovens leitores em histórias. “Boyrá e o Menino” nasceu da curiosidade sobre
o peixe­boi, animal tão interessante e importante no ambiente da floresta, do
encantamento pelas escolas dentro das comunidades ribeirinhas e do desafio
de viver na floresta sem degradá­la. O menino representa todos os meninos e
as meninas que constroem a história das comunidades, preocupados com o
futuro da floresta. Durante a produção do livro, autora e ilustradora
buscaram contribuições para tornar esta uma história mais próxima das
pessoas que vivem na FLONA, para que os leitores se reconheçam e se
orgulhem dos caminhos por eles construídos.

139
Unidade VII: Vamos ler Boyrá e o Menino

50. AS LEITURAS POSSÍVEIS


Interdisciplinar
Língua Portuguesa e Ciências.
Objetivo
Ler e interpretar o texto e as imagens, identificando os elementos
principais da narrativa. Estabelecer relações entre a narrativa e suas
experiências na FLONA.
Questões Norteadoras
Apresente aos alunos o livro “Boyrá e o Menino”. Deixe­
os manusear o livro, folhear, observar e comentar as
ilustrações e o texto. Depois de ler, e conversar com a turma
sobre o livro, proponha que reconstituam a história, e
destaquem alguns elementos considerados importantes, como:
quem são as personagens da história? Onde se passa a
história? Quando a narrativa acontece? Essas perguntas
auxiliam a reorganizar o que foi lido, contextualizando a
história e as questões apresentadas no enredo.
Após esta conversa, dedique um tempo de aula para o
trabalho com as ilustrações. Especialmente nos livros
infantis, texto escrito e ilustração dialogam, complementam­
se, são parceiros na construção da história, e a ilustração, às
vezes, desempenha um papel central!
Uma possibilidade de leitura é a de decomposição e
recomposição da imagem, permitindo que o leitor reconstrua
seus significados, atribua outros, estabeleça relações, com a
sua vida e com outras imagens. Este tipo de exercício amplia
o horizonte das crianças e desenvolve habilidades que, mais
tarde, serão mobilizadas para a leitura de mapas, imagens,
gráficos, etc. (SILVA et al, 2013).
Para exemplificar esta sugestão, selecione uma imagem
do livro, como a da página 7 (Figura 31).

Figura 31 ­ Boyrá e o Menino de autoria de Maíra Suertegaray, ilustração de


Carla Pilla, editado pela Editora Compasso Lugar Cultura em 2015.

140
Possibilidades de Trabalho
Conversa em roda
Auxilie os estudantes na observação, encaminhando
algumas perguntas:
a) O que e quem aparece nesta ilustração?
b) Como vocês acham que ela foi feita?
c) Que materiais foram utilizados para fazer esta
ilustração?
d) Vocês perceberam que não aparecem os rostos das
pessoas? Por quê?
Esses são apenas alguns exemplos de questões que
podem ser formuladas para explorar a observação da
imagem. São perguntas que propiciam a formulação de
inferências, permitindo uma leitura mais atenta e
consciente, que possibilita o desenvolvimento de hipóteses
explicativas.

Registro
Após estas explorações de imagens, peça aos
estudantes que registrem, no caderno, algumas questões
sobre o livro para serem respondidas. É importante que os
alunos tenham tempo para se dedicar a esta tarefa. Ela
pode ser feita em duplas, para estimular o diálogo e a troca
de ideia entre os pares. Abaixo estão postas algumas
sugestões de questionamentos a partir da leitura. É
importante destacar que tais questões podem ser
reformuladas a partir do que for surgindo no debate, ou
adaptadas conforme a faixa etária dos estudantes. Estes
questionamentos contribuem para que os alunos reflitam
sobre seu cotidiano, na Unidade de Conservação, a partir
das relações que podem ser estabelecidas com a narrativa.
Você pode utilizar todas as questões sugeridas ou
selecionar aquelas que preferir.
• Destaque as personagens da história. Quais são as
suas características?
• Onde se passa a história? Como é este lugar?
• Quando ­ em que tempo­ a narrativa acontece?
• Como é a rotina do menino?
• Quais são os problemas ambientais citados na
história?
• Existe algum problema, como este, na sua
comunidade?
• Por que os serradores, assim como alguns outros
“ores” da floresta (pescadores e caçadores), só entendiam a

141
sua própria linguagem?
• Quem são os povos da floresta? De que forma eles se
relacionam com o lugar em que vivem?
• Por que o menino conseguia entender os animais?
• Explique como a tarefa da escola ajudou o menino a
convencer os serradores a pararem de cortar as árvores.
• Qual a relação entre o ouriço e o corte das árvores?
• Por que a água é importante para a floresta?
• O menino desafiou os serradores a imaginarem o que
aconteceria com seus filhos, quando a floresta estivesse
diferente ou quando acabassem as árvores. O desafio, agora, é
para você: imagine e desenhe como seria a vida das famílias
daqueles serradores, no futuro, se eles continuassem a cortar
as árvores.
• Desenhe a floresta a partir do ponto de vista dos
serradores e do ponto de vista do menino. Há diferenças?
• O pai do menino passou por uma mudança
importante. Que mudança foi essa?
• Como você vê a floresta? Ela é importante? Por quê?
• Como você imagina o futuro da floresta? O que a sua
comunidade está fazendo para contribuir com esse futuro?
• Você acredita que o sonho do Boyrá possa se tornar
realidade? Por quê?
• A autora não deu nome ao menino da história. Para
ela, esse menino representa todos os meninos e meninas que
vivem nas comunidades e constroem um caminho em
harmonia com a floresta.
• Que nome você daria a esse menino?
• Se você pudesse encontrá­lo para conversar sobre a
aventura vivida por ele, que perguntas faria?
• Você poderia ser o menino da história? Conhece
alguma história parecida com aquela vivida pelo menino?
• Qual foi a ilustração do livro que mais gostaste? Por
quê?
• Agora é a sua vez! Crie uma narrativa contando um
dia da sua vida na FLONA. Você pode escolher um momento
especial ou falar das suas atividades cotidianas. Depois de
pronta a história, você pode ilustrá­la.

142
U n i d ad e V I I I
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE
GEOGRAFIA
Dirce Maria Antunes Suertegaray
Maíra Suertegaray Rossato

A discussão sobre o que avaliar, e como fazer a avaliação dos


estudantes na escola, é algo que está sempre em pauta nos debates docentes.
Pesquisas e enfoques mais recentes indicam a importância de analisar os
estudantes em seus processos e caminhadas individuais, isto é, considerar a
caminhada do estudante em relação a ele mesmo, considerando seus saberes
prévios, mas sem esquecer as construções básicas e necessárias de cada
momento de sua escolaridade.
Nesse sentido, a avaliação respeita as etapas escolares, as
necessidades dos sujeitos e as peculiaridades que
caracterizam as circunstâncias do entorno social, o que
significa estar atento para os espaços e os tempos em que
vivem os implicados (SILVA et al, 2013, p. 95).

A avaliação é um instrumento de acompanhamento e de tomada de


decisões, portanto, deve indicar caminhos para o docente, que, por sua vez,
deve estar atento a esses sinais, corrigindo e retomando trajetórias sempre
que necessário, com o intuito de constituir um espaço de construção efetiva
dos estudantes. Desta forma, a avaliação é constante, acontece em todas as
etapas de desenvolvimento das propostas e não se manifesta só através da
análise de trabalhos entregues, mas, também, das observações de interações
entre os estudantes (durante os trabalhos em grupo, durante os jogos), de
suas colocações em debates e de sua conduta em atividades fora da sala de
aula, como os trabalhos de campo, por exemplo.
A presente proposta de material, para uso na FLONA de Tefé­AM, por
propor atividades que podem ser adequadas pelo professor, no momento de
preparação das suas atividades docentes, sugere a possibilidade de trabalhar
em contato com outras disciplinas curriculares, porém, centra­se na
Geografia. Assim, no momento da avaliação é fundamental acompanhar o
desenvolvimento do estudante em relação a sua capacidade de localizar,
representar, enumerar, descrever, compreender os problemas locais, bem
como associá­los com os regionais, e conectar as condições de vida local com
os conhecimentos da dinâmica natural. Todos esses pontos, antes de serem
avaliados como ponto de chegada, devem ser percorridos, por cada um dos

143
estudantes, levando em conta seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e de
comprometimento com a dinâmica coletiva do espaço pedagógico,
especialmente no caso de turmas multisseriadas.
Para fazer a avaliação, em Geografia, existe um conjunto de
habilidades fundamentais que se espera que os estudantes desenvolvam ao
longo de seu processo de escolaridade. Conforme a etapa em que estão, o
desenvolvimento destas habilidades será mais ou menos complexo e
detalhado, de forma mais ou menos autônoma, dependendo do seu
desenvolvimento cognitivo. Tais habilidades são recorrentes nas práticas
pedagógicas propostas, e devem ser verificadas e caracterizadas pelo docente
na sua avaliação. São elas:
• Observa com atenção objetos e fenômenos e os descreve com
detalhes;
• Registra as informações que escuta ou lê com clareza;
• Compara informações, identificando semelhanças e diferenças;
• Ouve com atenção aquilo que é falado durante a atividade;
• Expressa curiosidade sobre aquilo que vê e ouve;
• Investiga as curiosidades que tem;
• Relaciona as aprendizagens anteriores com as novas;
• Associa os conteúdos estudados com informações adquiridas em
outras fontes (TV, Rádio, Jornal ou contatos diretos com as pessoas do local
onde vive);
• É criativo na maneira de se expressar e utiliza diferentes linguagens
(música, desenho, mímica, jogos teatrais, pintura, etc);
• Interage com os colegas, professora e demais pessoas;
• Trata com respeito as pessoas com quem se relaciona;
Em relação ao conteúdo geográfico é importante que o professor avalie
a capacidade do aluno de:
• Compreender suas origens étnicas e suas histórias. Compreender a
sua história local e regionalmente.
• Orientar­se espacialmente, localizar­se.
• Distinguir objetos construídos e elementos constituintes da natureza.
• Compreender as noções e ou conceitos de lugar, paisagem, região,
território e ambiente.
• Entender diferentes formas de representação do espaço geográfico, o
desenho, a maquete, o bloco diagrama, o mapa, ou a imagem e a fotografia.
• Localizar seu espaço de moradia, na região e no território brasileiro.
• Entender outras formas de conceber território.
• Apreender o significado de UCs e de gestão participativa.

144
Na sequência retomaremos, de forma resumida, os objetivos das
unidades e das propostas desenvolvidas, destacando quais as construções
conceituais que se esperam dos alunos a partir delas.

I O Lugar em que moramos

Objetivo da unidade
Entender o lugar como o espaço que se apresenta para nós como
espaço de moradia, de vivência familiar e comunitária, enfatizando suas
características e o seu significado. Representar objetos de uso comum, com a
finalidade de iniciar a aprendizagem de alfabetização cartográfica, ou seja, de
leitura e elaboração de mapas

Atividades
Para o desenvolvimento desta unidade foram sugeridas 9 atividades.
Estas são atividades que podem ser construídas com crianças que estão nos
primeiros anos do ensino fundamental, e orientam o professor para uma na
reflexão com o aluno sobre seu lugar na família e, também em relação a
comunidade. Permitem resgatar a história das famílias das comunidades com
o objetivo de reconhecer­se nelas e de desenvolver atitudes de respeito e
solidariedade com colegas e demais comunitários.

As atividades 1,2,3 e 4 estão voltadas para o reconhecimento do aluno,


da família e de suas origens.
As atividades 5,6,7,8, e 9 têm como objetivo desenvolver habilidades de
localização, orientação e representação de objetos, no papel. Estas são
fundamentais para a compreensão inicial do que seja representar objetos, ou
seja correspondem ao início da alfabetização cartográfica.
Sugere­se ao professor, conhecedor de sua turma, que avalie e
selecione as atividades que melhor se adequem aos alunos.

Avaliação das atividades


A avaliação de desempenho poderá ser conduzida através da
observação da participação, da relação e convívio entre os alunos e suas
compreensões em relação à localização, à situação, à orientação e à
representação do lugar onde moram e de objetos em diferentes situações,
como, por exemplo, na sala de aula, na escola e na comunidade.

145
II A Paisagem que construímos

Objetivo da unidade
Esta unidade tem como objetivo compreender a noção de paisagem,
como um conjunto de elementos naturais e de objetos construídos pelo
trabalho humano. A paisagem é o elemento visível do espaço geográfico, mas
pode ser analisada a partir de sua construção ao longo do tempo.

Atividades
As atividades sugeridas foram construídas de maneira gradativa,
partindo da escola como um elemento da paisagem. São atividades que
podem ser desenvolvidas com crianças que estão no final do ensino
fundamental.
As atividades de 11 a 13, orientam a compreensão da sala de aula
posição, orientação na escola, a escola na comunidade e a paisagem da
comunidade enquanto história de construção humana, ou seja, construída
pelos seus moradores.
As atividades 14 e 15 dão continuidade a alfabetização cartografia,
inserindo elementos da paisagem na representação em maquetes e mapas.
A atividade 16 introduz a compreensão de representação através da
fotografia da paisagem, de sua descrição e caracterização.

Avaliação das atividades


A avaliação do desempenho poderá ser conduzida no sentido de avaliar
a compreensão, pelos alunos, da noção de paisagem e de seus elementos
constituintes, das formas de representação e, neste caso, do entendimento da
legenda como elemento fundamental na leitura de maquetes e mapas.

III A Natureza que nos dá vida

Objetivo da unidade
Esta unidade tem como objetivo a compreensão, pelo aluno, de
natureza, paisagem e paisagem natural.

Atividades
Este conjunto de atividades apresenta um grau de compreensão mais
complexo e, dependendo da avaliação do professor, poderá ser trabalhado
com alunos dos anos finais do ensino fundamental.

146
As atividades 17, 18 e 19 oferecem a possibilidade de compreensão,
pelos alunos, dos elementos da natureza e das noções de natureza e
paisagem, considerando­se o clima. Sugere atividades de construção de
equipamentos simples, de medição de chuvas (observatório do clima), além
da construção de um gráfico, leitura e interpretação dos resultados.
As atividades de 20 a 24 desenvolvem a noção de relevo e suas formas
de representação, em curvas de nível, em maquetes e bloco diagrama,
estabelecendo, nesta última, a relação do relevo com a hidrografia.
As atividades 24 e 25 caracterizam a vegetação, como mais um
elemento da natureza, e seus usos pelos ribeirinhos.
As atividades 25 e 26 retomam a representação em bloco diagrama,
estimulando o aluno a compreender de, forma integrada, os elementos da
natureza na constituição de uma paisagem (natural).

Avaliação das atividades


A avaliação poderá ser conduzida no sentido de verificar a
compreensão dos alunos em relação aos elementos da natureza,
considerando­se (relevo, clima e vegetação) a caracterização desses elementos
e a identificação de feições particulares, seja de relevo ou de hidrografia, bem
como algumas variedades de espécies vegetais e de seus usos pelos
ribeirinhos.
Neste momento, o aluno poderá ser avaliado quanto a sua
compreensão sobre a noção ou conceito de paisagem e suas formas de
representação.

IV O ambiente que vivemos

Objetivos da unidade
Quando estudamos ambiente, em Geografia, deveríamos ser capazes de
pensar quais os impactos provocados pela nossa sociedade na natureza, que
ambiente resulta desses impactos e, mais, quais são os grupos humanos
afetados por essas transformações.
O objetivo desta unidade é compreender, através do reconhecimento
das atividades, de trabalho e de lazer dos ribeirinhos, o sentido atribuído,
pelos alunos, à preservação da natureza e que impactos uma natureza
degradada pode provocar em suas vidas. E, ainda, refletir sobre suas
práticas em relação com o espaço que habitam, uma unidade de
conservação.

147
Atividades
Tratam­se de atividades mais complexas, que o professor pode adaptar
para os últimos anos do ensino fundamental ou primeiro do ensino médio.

As atividades de 27 a 32 permitem, ao aluno, compreender as


atividades desenvolvidas na FLONA de Tefé: pesca, roçado e extrativismo,
além da produção e o trabalho necessário para os ribeirinhos suprirem suas
necessidades fundamentais.
A atividade 33 resgata a representação em mapas, estimulando sua
leitura para compreensão da distribuição espacial das atividades praticadas
pelos ribeirinhos. Exercita a leitura de legenda e compreensão do mapa como
representação.
A atividade 34 resgata as atividades de lazer como momentos
importantes de festa, de convívio e de compartilhamento entre os ribeirinhos.
Valoriza a noção de comunidade.
As atividades 35 e 36 introduzem a compreensão de situação espacial
da FLONA, promovendo a compreensão da localização das comunidades, na
FLONA de Tefé como uma Unidade de Conservação.

Avaliação das atividades


A avaliação desta unidade pode ser centrada na compreensão dos
alunos sobre as atividades e o trabalho que caracterizam o dia a dia dos
ribeirinhos, e do lazer como possibilidade de fortalecimento de laços afetivos
e comunitários.
É importante também considerar, na avaliação, a compreensão dos
alunos, de forma mais ampliada, do espaço que habitam, ou seja, uma
Unidade de Conservação. Distinguir o que significa uma Floresta Nacional de
outras unidades, introduzindo a noção de ambiente, enquanto possibilidade
de preservação da natureza para garantir seu espaço de vivência.

V Nossa região e outros lugares

Objetivos da unidade
O objetivo desta unidade consiste em estabelecer a articulação espacial
da FLONA de Tefé com outros espaços, ou seja, espaços mais amplos, no
caso, a Região Norte, visando comparar as atividades locais com as
desenvolvidas no conjunto regional. Busca, também, compreender o
significado de região.

148
Atividades
Tratam­se de atividades mais complexas que o professor pode adaptar
para os últimos anos do ensino fundamental ou primeiro do ensino médio
As atividades de 37 a 42 apresentam conteúdos referentes às
atividades que caracterizam a região Norte do pais.
As atividades 43 e 44 estabelecem relação entre a FLONA de Tefé e
unidades de conservação em escala regional e nacional.
Estas estão centradas na análise de mapas e visam, entre outros
requisitos, capacitar o aluno na elaboração e/ou análise de mapas, em
diferentes escalas.

Avaliação das atividades


A avaliação poderá ser centrada no entendimento da localização da
FLONA na escala regional e nacional, nas características semelhantes entre a
FLONA e a Região Norte e no entendimento do conceito de região
(homogênea). Da mesma forma, o entendimento da FLONA como uma
unidade de conservação entre outras, em escala regional e nacional.

VI Vivemos em um território

Objetivos da unidade
Compreender que o lugar onde moramos está inserido no território
nacional e que participa de diferentes espaços organizacionais, entre eles o
regional, o estadual e o municipal

Atividades
A atividade 49 é relativa a localização e caracterização do território
brasileiro, em relação à América Latina. Já a questão 48 refere­se à FLONA
de Tefé enquanto unidade de conservação inserida no território nacional. Na
questão 49, trabalha­se com a noção de território sob outra perspectiva, ou
seja, o território da pesca.

Avaliação das atividades


A avaliação do professor poderá ser feita mediante o acompanhamento
das atividades, bem como da participação dos alunos nas discussões e
formulações coletivas, em sala de aula, buscando verificar a compreensão e o
desenvolvimento de habilidades como leitura de mapas e de entendimento de
localização e de limites, seja do Brasil no contexto da América Latina, seja da
FLONA como UC no território brasileiro. Na avaliação é interessante perceber

149
o entendimento dos estudantes em relação à noção de território.

VII Vamos ler Boyrá e o Menino

Objetivos da unidade
Ler e interpretar o texto e as imagens, identificando os elementos
principais da narrativa. Estabelecer relações entre a narrativa e suas
experiências na FLONA.

Atividades
Esta unidade foi organizada em uma única atividade, que envolve
leitura e interpretação de texto escrito e, também, de imagens.
São propostos questionamentos que partem de uma análise mais
direcionada à história do livro, buscando a identificação dos elementos
principais (personagens, lugar e tempo em que se passa a história) e
observando com detalhes as ilustrações, para o desenvolvimento de reflexões
sobre seu cotidiano na Unidade de Conservação, a partir das relações que
podem ser estabelecidas com a narrativa.

Avaliação das atividades


Ao refletir sobre as questões propostas, os estudantes mobilizam os
conhecimentos que trazem de suas vivências, estabelecendo conexões com
aqueles construídos a partir da leitura da história e das propostas
apresentadas neste volume. As perguntas procuram trabalhar com as
habilidades de reconstituição de ideias, estabelecimento de relações,
desenvolvimento de justificativas, de hipóteses e de antecipações de cenários,
a partir de situações a que têm acesso.
O professor poderá avaliar as produções dos alunos de forma contínua,
desde suas contribuições nos debates, passando pela conduta durante o
desenvolvimento do trabalho (engajamento, dedicação, cooperação com a
turma ou com seu parceiro) até sua produção escrita e gráfica. A partir das
respostas, observe o processo de construção de conhecimento, o nível de
detalhamento com que o estudante reconstitui dados, fatos e conceitos e a
consistência das relações estabelecidas.
Chegamos ao final deste segundo volume. Nosso desejo aqui foi
apresentar, de forma ampla, um conjunto de atividades que podem ser
escolhidas para ser desenvolvidas em sala de aula, em diferentes anos do
Ensino Fundamental.
Ao professor cabe avaliar a pertinência das questões e utilizá­las a

150
partir da forma organizativa de seu trabalho.
Não, necessariamente, estamos propondo uma sequência rígida: o que
apresentamos é um conjunto de questões ora mais simples, ora mais
complexas, que se associam aos conteúdos que são, normalmente,
trabalhados pelo professor em Geografia ou em áreas afins.
Muitas das atividades poderão ser desenvolvidas em conjunto com
professores de outras áreas, como Português, Matemática, História, Biologia
e Artes Visuais.
Enfatizamos, nesta proposta, o estudo da FLONA. É muito importante
conhecer o lugar onde se mora para, a partir dele, descobrir outros. Amplia­
se, assim, o conhecimento sobre si e o mundo.

151
Referências Bibliográficas

GONÇALVES, C. W. P. Os (Des) caminhos do Meio Ambiente. São


Paulo: Editora Contexto, 1989.
HEIDRICH, A. Fundamentos da Formação do Território Moderno.
Boletim Gaúcho de Geografia, nº 23, AGB ­ Seção Porto Alegre, Porto
Alegre, 1998.
MELLO, T. Mormaço na Floresta. Rio de Janeiro. Civilização
Brasileira, 1981.p.117.
RATZEL, F. El Territorio, la sociedad y el estado. In: MENDOZA, J. G.;
JIMENEZ, J. M.; CANTERO, N. O. (orgs). El pensamiento geográfico.
Estudio Interpretativo y Antologia de Textos (De Humboldt a las tendências
radicales). Madrid: Alianza Editorial, 1982.
RELPH, E. C. As bases Fenomenológicas da Geografia. Rev. Geografia,
vol.4/nº7, AGETEO, Rio Claro, São Paulo, 1979.
SANTOS, M. Pensando o Espaço do Homem. São Paulo: Editora
Hucitec, 1980.
SANTOS, M. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e
Emoção. 2º Edição. São Paulo: Editora Hucitec, l997.
SILVA, D. L. M. ; GOULART, L. B. ; ROSSATO, M. S. ; REGO, N. .
Práticas Pedagógicas em Geografia: espaço, tempo e corporeidade. 1. ed.
Porto Alegre: Edelbra, 2013. v. 1. 112p.
SOUZA, M. J. L. de. O território; sobre espaço e poder, autonomia e
desenvolvimento. In: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C.; CORRÊA. R. L.
(orgs). Geografia Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Editora Bertrand
Brasil. S. A., 1995.
SUERTEGARAY, D. M. A. Espaço Geográfico Uno Múltiplo. In:
Ambiente e Lugar no Urbano. SURTEGARAY, D. M. A VERDUM, R.; BASSO,
L. A. (Orgs). Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000.
TROLL, C. El paisage geográfico y su investigación. In: MENDONZA, J.
G. ; JIMENEZ, J. M.; CONTERO, N. (org). El pensamiento geográfico.
Estudio interpretativo y antologia de textos (De Humboldt a las tendências
atuales). Madrid: Alianza Editorial, 1982.
TUAN, YI­FU. Space and Place: Humanistic Perspective. Progress in
Geography. V l, nº 6, 1975.

152
Uma realização do

Núcleo de Estudos Geografia & Ambiente ­ IGEO

Entre em contato conosco, mande sugestões:

Telefone: (51) 3308 7396.

Email: nega­geo@ufrgs.br

Endereço (Correio):
Departamento de Geografia ­ Núcleo de Estudos Geografia &
Ambiente ­ Prédio 43.136, Sala 209.
Av. Bento Gonçalves, N. 9500
Bairro: Agronomia
CEP: 91501­900
Porto Alegre ­ RS ­ Brasil

153

Você também pode gostar