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Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro – SEEDUC/RJ

Pró-Reitoria de Pós-graduação e Pesquisa – PR2/UERJ

Módulo VII
BNCC na prática de Sala de Aula – 1ª série/Ensino Médio

Unidade 3
BNCC na prática da sala de aula: relações entre
sociedade, natureza e o espaço geográfico
FICHA TÉCNICA
Agenciamento:
Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro – SEEDUC/RJ
Universidade do Estado do Rio de Janeiro –UERJ
Título:
Especialização em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Título do Módulo VII:
BNCC na prática de Sala de Aula – 1ª série/Ensino Médio
Autores – Módulo VII:
Cássia Brandão (UERJ)
Márcia de Almeida Gonçalves (UERJ)
Rui Aniceto Fernandes (UERJ)
Design Gráfico
Fábio Gouvêa Andrezo Carneiro (Fundação Cecierj)
Mario Ricardo da Silva Lima (Fundação Cecierj)
Equipe administrativa:
Ricardo Lodi Ribeiro – Reitor (UERJ)
Mario Sergio Alves Carneiro – Vice-reitor (UERJ)
Luís Antônio Campinho Pereira da Mota – Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (UERJ)
Rosana de Oliveira – Coordenação Geral dos Cursos de Especialização: Formação de
Profissionais da Educação do Ensino Médio – (EDU/UERJ)
Márcia Taborda – Coordenação Geral dos Cursos de Especialização: Formação de Profissionais
da Educação do Ensino Médio – (UERJ)
Apoio técnico:
Ambiente Virtual de Ensino de Pós-Graduação
Equipe de Apoio:
Rosana de Oliveira – Coordenação Geral dos Cursos de Especialização: Formação de
Profissionais da Educação do Ensino Médio – (EDU/UERJ)
Márcia Taborda – Coordenação Geral dos Cursos de Especialização: Formação de Profissionais
da Educação do Ensino Médio – (UERJ)
Norma Sueli Rosa Lima – Coordenação do Curso de Especialização em Linguagens e suas
Tecnologias (UERJ)
Débora Raquel Alves Barreiros – Coordenação Material Didático e Professora de Apoio
Conteudista (EDU/UERJ)
Ana Paula Pereira Marques de Carvalho – Coordenação de Material Didático (Coordenadora do
Programa de Bolsas de Iniciação Científica – Pró-reitoria de Pós-Graduação/UERJ)
Maria do Socorro dos Santos – Assessora de Material Didático (Doutoranda ProPEd/EDU/UERJ)
Nataly da Costa Afonso – Assessora de Material Didático (Doutoranda ProPEd/EDU/UERJ
e Professora de Anos Iniciais da SME-RJ)
Vittorio Leandro Oliveira Lo Bianco – Designer Instrucional (Fundação Cecierj)
Judith Almeida de Mello – Designer Instrucional (Fundação Cecierj)
Renata Vettoretti – Designer Instrucional (Fundação Cecierj)
Clarisse de Mendonça e Almeida (Fundação Cecierj)
Flávia de Mattos Giovannini Busnardo (Fundação Cecierj)
Revisão Textual:
Alexandre Alves (Fundação Cecierj)
Lícia Matos (Fundação Cecierj)

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ÍNDICE
1.  Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.  Tempo, natureza e processos: dinâmicas evolutivas do planeta Terra . 4

3.  Formação territorial e social, e a dinâmica socioambiental


no Brasil e no mundo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

4.  Sociedade de consumo e o uso dos recursos naturais. . . . . . . . . . . . . 9

5.  Imagens, lugares e a representação de mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Referências bibliográficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

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1.  Apresentação
Nesta unidade, você poderá refletir sobre diferentes abordagens que possi-
bilitem ao aluno compreender as relações entre a sociedade e a natureza de
forma não fragmentada, estimulando o raciocício geográfico e a análise espa-
cial, que são as principais premissas da nova BNCC das Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas.
O raciocínio geográfico é uma maneira de exercitar o pensamento espacial, em
que se aplicam determinados princípios para compreender a realidade, como: a
localização e a distribuição dos fatos e fenômenos na superfície terrestre, o orde-
namento territorial, as conexões existentes entre componentes físico-naturais e
as ações antrópicas.

2.  Tempo, natureza e processos: dinâmicas evolutivas


do planeta Terra
Pode-se dizer que mudanças e transformações são a marca da história do
nosso planeta, pois nada se configura como permanente, tudo está em transição
e alteração contínua. Segundo Vieira (2010), a formação e a evolução do planeta
têm uma longa história geológica marcada por grande instabilidade, responsável
por mudanças na paisagem e na manifestação da vida. A história da Terra é
marcada por um passado repleto de transformações físicas, transições geológi-
cas e mudanças climatológicas e geomorfológicas. O equilíbrio entre as forças
endógenas e exógenas se alterou ao longo do processo evolutivo do planeta,
promovendo mudanças na paisagem e na dinâmica dos ecossistemas, seja favo-
recendo o surgimento de novas formas de vida ou seu desaparecimento. Assim,
a cada grande transformação na superfície terrestre, seja de origem externa ou
interna, haverá sempre uma adaptação no sentido evolutivo (VIEIRA, 2010).
Ao longo de milhões de anos, o planeta Terra adquiriu formações geomorfo-
lógicas variadas em sua superfície, definindo cadeias de montanhas, vales, rios,
mares e oceanos profundos. As forças endógenas do planeta, como o movi-
mento das placas tectônicas e as atividades vulcânicas, foram e vão alterando,
durante uma escala de tempo geológica, a modelagem dos continentes e ilhas.
De forma concomitante, as forças exógenas, caracterizadas pela ação de pro-
cessos como o intemperismo, a erosão e a abrasão, são responsáveis por remo-
delar essa mesma paisagem, num processo contínuo e em perpétua evolução.
Para Camargo (2008), o espaço é um elemento não estático, não fragmentado
no tempo, estando em constante construção. O espaço, portanto, é uma ordem

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de coexistências e o tempo, uma ordem de sucessões, em que o futuro vai sendo
construído a partir da dinâmica do espaço geográfico.
A evolução dos ambientes naturais ocorre de forma lenta, embora determi-
nados eventos se façam sentir com extrema intensidade. Os ambientes natu-
rais mudam de acordo com determinadas variáveis, como eventos geológicos,
cósmicos, geofísicos, bioquímicos, físico-químicos e mudanças antropogênicas.
Esse último é o único que não se configura como um evento natural, mas, ao
mesmo tempo, a interferência do homem no meio ambiente desequilibra e ace-
lera os processos de degradação ambiental, criando possibilidades de grandes
mudanças planetárias.
Na Terra, os ecossistemas estão interligados através de várias relações de
troca, com interconectividade entre todos os elementos da totalidade. O con-
ceito relativo à abordagem sistêmica proposta por Cristofoletti (1999) se enqua-
dra nesse viés de pensamento, uma vez que o autor considera que um sistema é
constituído por um conjunto de elementos interconectados que funcionam com-
pondo uma complexa entidade integrada.
Para Camargo (2008, p. 140), “as escalas locais e globais se integram e dessa
forma o processo evolutivo, derivado dos diferentes vetores e fluxos em rede,
faz da evolução ecológica do planeta um só mecanismo, no qual se integram as
consequências do modelo produtivo à dinâmica ambiental”. Assim, não podemos
desconsiderar nem desprezar os impactos antropogênicos na dinâmica evolutiva
dos ambientes naturais, pois tais ações podem iniciar um processo de insta-
bilidade que pode ser repercutido na intensidade e na frequência dos eventos
naturais extremos.
Conceitos básicos, como dinâmica, evolução e complexidade, são fundamen-
tais na compreensão dos fenômenos naturais, sendo instrumentos valiosíssimos
em sala de aula. O uso de uma abordagem holística permite romper com raciocí-
nios lineares e reducionistas, permitindo que o discente compreenda interações
complexas entre os diversos elementos da natureza e das sociedades, por meio
da identificação à dicotomia existente entre as abordagens ditas sociais e natu-
rais, e da crítica a ela.

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Deixamos uma sugestão de vídeo para você! Trata-se
de um documentário sobre a origem do planeta Terra,
que pode ser usado, inclusive, em sua prática em sala
de aula: https://youtu.be/dgJOMTRIBms

3.  Formação territorial e social, e a dinâmica


socioambiental no Brasil e no mundo
De acordo com Sauer e Pinto (2016), o surgimento do homem remonta a mais
de 195 mil anos atrás, sendo que a formação de uma sociedade mais organizada,
do ponto de vista das relações humanas, ocorreu apenas há cerca de 10 mil
anos. O processo evolutivo do homem e da sociedade se deu a partir da intera-
ção do ser humano com a natureza, apropriando-se de seus recursos naturais e
imprimindo modificações na paisagem.
Para Santos (1988),

A paisagem é um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificiais; é for-


mada por frações de ambas, seja quanto ao tamanho, volume, cor, utilidade,
ou por qualquer outro critério. A paisagem é sempre heterogênea. A vida em
sociedade supõe uma multiplicidade de funções e quanto maior o número destas,
maior a diversidade de formas e de atores. Quanto mais complexa a vida social,
tanto mais nos distanciamos de um mundo natural e nos endereçamos a um
mundo artificial (SANTOS, 1988, p. 23).

A cada nova tecnologia que surge, a paisagem é modificada, refletindo-se


também em novas relações no espaço geográfico e na dinâmica socioambiental

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do mundo. A criação da paisagem não ocorre de uma só vez, mas se dá a partir
de acréscimos e substituições. Nessa perspectiva, identificamos que uma pai-
sagem é formada por um conjunto de objetos que possuem diferentes idades,
verdadeira herança de muitos momentos diferentes.
Acessando o vídeo a seguir, você encontrará imagens do Rio antigo recriadas
pelo artista plástico Carlos Gustavo. Nele você poderá observar as transforma-
ções da paisagem ao longo dos anos e a presença de formas com diferentes
idades que, por vezes, coexistem na atualidade.
A paisagem é uma sucessão de tempos…

No link abaixo, você também poderá encontrar obras


que recriam a ocupação urbana do município do Rio
de Janeiro.
h t t p s : //g1. g l o b o .c o m /r j /r i o - d e - j a n e i r o /n o t i -
cia/2020/03/01/rio-455-anos-obras-recriam-a-ocu-
pacao-urbana-desde-a-fundacao-veja-o-antes-e-o-
-depois.ghtml

Quando as sociedades agrárias surgiram, houve uma evolução do crescimento


urbano e uma mudança das relações com a natureza face ao uso de seus recur-
sos para o acúmulo de riquezas. No entanto, com esse acúmulo, o capitalismo
passou a ser a nova forma de controle dos meios de produção, transformando
o modo de se observar a natureza. Ela passou a ser entendida como fonte de
recursos e o homem começou a se ver como parte dissociada dela. As revoluções
industriais também ampliaram esse processo, contribuindo para uma visão da
natureza como objeto e fonte de matéria-prima para o benefício do ser humano.

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Outra consequência das atividades industriais foi a ampliação do consumo, bem
como do crescimento urbano e demográfico, sendo que estes, por sua vez, gera-
ram problemas de ordem ambiental em diferentes escalas. Porém, de acordo
com Mendonça (2008), a partir da segunda metade do século XX, com o movi-
mento de industrialização do pós-guerra, surgiram também os primeiros movi-
mentos em prol da natureza.
Já na década de 1960, verificou-se uma “Revolução Técnico-Científico-Infor-
macional” (SANTOS, 2002, p. 155) que desenvolveu uma sociedade baseada no
conhecimento e na informação, sobretudo nos setores de informática e telecomu-
nicações. Nessa nova fase, a natureza tornou-se mais artificializada.
Portanto, pode-se entender que a organização e o domínio do espaço pelas
sociedades ocorrem pelo desenvolvimento da técnica, sendo que seu uso é um
importante agente transformador da paisagem. O espaço geográfico, assim, é
uma construção social influenciada pelo desenvolvimento da técnica e por dife-
renças culturais e socioeconômicas de cada sociedade.
O desenvolvimento entre os países ocorre de forma desigual, havendo maior
acúmulo de riquezas e de poder nos países desenvolvidos. Já aqueles em desen-
volvimento tendem a explorar mais os seus recursos naturais e a mão de obra
barata, o que se reflete em diferentes dinâmicas socioambientais pelo globo. O
modelo de produção capitalista cria um contexto temporal que se impõe sobre as
nações periféricas, subordinando-as aos ditames da tecnologia e controlando os
locais de produção, que deverão ser capazes de se adequar às necessidades do
processo de geração de lucro (CAMARGO, 2016).
A crise ambiental atual é reconhecida pela sociedade em razão das signifi-
cativas mudanças que vêm ocorrendo em diferentes escalas (local, regional e
planetária), sendo evidenciados problemas como poluição do ar e da água, perda
de biodiversidade, mudanças climáticas, entre outros.
No que se refere à crise socioambiental no Brasil, sabemos que ela é marcada
pelo desmatamento e por conflitos no campo. Os ecossistemas mais ameaçados
no território brasileiro são a Amazônia e o Cerrado, com o agravante de que, em
meio à destruição da vegetação, estão os conflitos pela terra com as comunida-
des tradicionais, quilombolas e indígenas.
No contexto da prática de sala de aula, o docente deverá viabilizar a integra-
ção de conteúdos, ressaltando sempre que o espaço geográfico é resultado das
interações entre sociedade e natureza, não podendo ser interpretado de forma
isolada e fragmentada.

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4.  Sociedade de consumo e o uso dos recursos naturais
Consumir é necessário para a manutenção das necessidades básicas dos
indivíduos, por exemplo, comer, beber e vestir-se, porém, nunca se viu, como
na sociedade contemporânea, tamanha oferta por produtos descartáveis e que
foram feitos para durar pouco. Isso caracteriza o conceito de consumismo, que
é distinto do conceito de consumo, direito fundamental que visa à obtenção de
recursos imprescindíveis. O consumismo, portanto, pode ser entendido como o
ato de consumir produtos supérfluos, de acordo com Bauman (2008).
Nesse contexto, uma das características mais marcantes da sociedade capita-
lista é a necessidade de consumir cada vez mais, e tal comportamento é estimu-
lado pela chamada indústria cultural. De acordo com Sauer e Pinto (2016, p. 194),
a indústria cultural seria “o conjunto de meios de comunicação, como o cinema,
o rádio, a televisão, os jornais e as revistas, que formam um sistema poderoso
para gerar lucros e, por serem acessíveis às massas, exercem um tipo de mani-
pulação e controle social”.
Assim, a sociedade vai seguindo os padrões impostos pelas publicidades, con-
sumindo pelo ato de consumir ou para conquistar um status social que a aquisi-
ção de certos bens pode, em tese, promover.

O uso de recursos como ilustrações, charges e fotografias em sala de aula


pode facilitar o processo de ensino e aprendizagem, permitindo ao aluno refletir
sobre o conteúdo com maior facilidade e questioná- lo.

COMO PODEMOS INTERPRETAR A ILUSTRAÇÃO ACIMA?

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A sociedade contemporânea consome em excesso buscando uma relação


simbólica com o prazer, o sucesso e a felicidade que os seres humanos tanto
almejam. De acordo com Pereira e Horn (2010), muitas vezes, o consumo exces-
sivo é uma forma de preencher um vazio existencial. Uma das consequências
desse hiperconsumo é a velocidade com que os bens são facilmente descartá-
veis, ou seja, a obsolescência dos produtos é uma forma de desvalorizar o antigo
para que o novo possa ser consumido à medida que novos produtos são lança-
dos e divulgados pelas campanhas de marketing.
Destacam-se, assim, duas vertentes da obsolescência, que são definidas, de
acordo com Sauer e Pinto (2016), como:

Obsolescência percebida
Percebem-se pequenas mudanças nos objetos, que induzem o consumidor a
comprar a nova versão de um produto, mesmo quando o antigo ainda é funcional.

Obsolescência planejada
Acontece quando o fabricante limita uma validade ao produto, forçando o
consumidor a adquirir um novo bem. É o caso dos equipamentos eletrônicos e
dos eletrodomésticos.
O consumismo acelera o desenvolvimento de um país, mas, em contrapartida,
a finitude dos recursos naturais e os impactos ambientais gerados pelo atual
modelo produtivo criam um cenário conflituoso que coloca em xeque as limita-
ções da natureza para atender às demandas sociais. A expansão econômica e o
consumismo da sociedade contemporânea vêm atrelados a inúmeros impactos
ambientais, incluindo o crescimento da geração de resíduos sólidos, o esgota-
mento dos recursos naturais e a degradação ambiental de recursos indispensá-
veis à vida, como a água, o solo e o ar. Nesse sentido, as mudanças climáticas
também emergem como um grande desafio para a sobrevivência futura da huma-
nidade no planeta.
Dentro dessa perspectiva de forte pressão sobre os recursos naturais, o con-
ceito de desenvolvimento sustentável surge como uma ideia de crescimento
econômico que visa à proteção da biodiversidade. Assim, o desenvolvimento

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sustentável seria definido como aquele “capaz de suprir as necessidades da
geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das
futuras gerações” (WCED, 1987, p. 9).
Portilho (2010) aponta que as tendências ambientalistas rapidamente incorpo-
raram a proposta de desenvolvimento sustentável, sendo que, em um constante
paradoxo, ninguém responsabilizava o consumismo como um dos fatores para
a crise ambiental. Gonçalves (2006), por exemplo, sinaliza que o conceito de
desenvolvimento sustentável não é o mais apropriado, uma vez que está asso-
ciado ao progresso e à dominação da natureza.
De acordo com Sauer e Pinto (2016):

[...] no atual estágio de modernidade, o conceito de desenvolvimento, remetendo


às condições de crescimento econômico propostas pela força do capital, perde
sentido. Por isso, adota-se o termo sustentabilidade no movimento ambienta-
lista, em vez de desenvolvimento sustentável, apesar de ambos os conceitos
serem confundidos e até mesmo utilizados para indicar a mesma coisa (SAUER;
PINTO, 2016, p. 196).

Desse modo, a sustentabilidade deve ser baseada em diferentes dimensões,


destacando-se a ambiental, a social, a cultural, a territorial, a econômica e a
política, para que as relações entre sociedade e natureza ocorram de forma mais
harmoniosa. Numa sociedade sustentável, o progresso não está associado ao
consumo material, mas, sim, aos aspectos ligados à qualidade de vida (saúde,
educação, ambiente ecologicamente equilibrado, redução da pobreza e da desi-
gualdade social, entre outros).
Para Sachs (2008), o desenvolvimento deve almejar uma equidade, ou seja,
deve-se buscar uma sustentabilidade associada a melhorias nas condições
sociais e ambientais do planeta.
Os desafios são inúmeros e envolvem mudanças de consciência, hábitos de
consumo, equilíbrio e diálogo com a sociedade, sendo que, nesse contexto, o
papel do professor na sua prática diária em sala de aula é de suma importân-
cia para que mudanças de comportamento ocorram entre as gerações atuais e
futuras. A compreensão da sociedade sobre as dimensões dos impactos que o
homem vem provendo em suas relações com a natureza se configura como o
primeiro passo desse processo. Destaca-se, ainda, que o docente deverá discutir
com os seus alunos os pressupostos éticos sobre a maneira como o ser humano
vem conduzindo suas ações no planeta, uma vez que elas colocam em risco o
futuro da humanidade.

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Deixamos uma sugestão de vídeo para você! Ele apre-
senta uma séria crítica à sociedade de consumo.

5.  Imagens, lugares e a representação de mundo


De acordo com a nova BNCC, as formas de representação espacial e o pen-
samento espacial são fundamentais para que o aluno desenvolva um raciocínio
geográfico que amplie a produção de sentidos em sua leitura de mundo. Fotogra-
fias, mapas, esquemas, desenhos, imagens de satélites, recursos audiovisuais
e gráficos são considerados ferramentas importantes nesse processo, embora
ainda sejam pouco explorados no currículo escolar.
Há diversas formas de representar o espaço geográfico, seja por meio de
desenhos artísticos, técnicos, fotografias, maquetes, mapas, entre outras. A Car-
tografia é a ciência responsável pela representação gráfica do espaço geográfico,
tendo como produto final o mapa. Os mapas, por sua vez, são representações
da realidade, pois ilustram de forma reduzida uma determinada área da Terra ou
do espaço geográfico. São também uma forma de comunicação e de comparti-
lhamento de informações, podendo, inclusive, ser utilizados como instrumentos
de poder. Porém, tais representações jamais são imparciais ou neutras, quer
sejam consideradas no âmbito das ciências, da filosofia ou das artes. Os mapas
refletem o mundo social que o produziu, sendo uma ferramenta importante em
sala de aula, uma vez que permitem ao professor explorar os sentimentos e o
interesse dos alunos quanto às questões geográficas e ambientais, além de aju-
darem a formação de alunos críticos e conscientes dos processos de construção
do espaço.

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As representações de mundo
A concepção de espaço é progressivamente estruturada a partir das relações
e experiências com o espaço vivido. Assim, a construção identitária se dá a partir
das relações dinâmicas entre os indivíduos e o ambiente, o sujeito e seu território.
Através da elaboração de desenhos, por exemplo, verifica-se o espaço vivido dos
sujeitos, demonstrando-se, em alguns casos, na formação de um espaço ou de
um território, a riqueza e a complexidade das representações (BOMFIM, 2012).
As representações do espaço vivido devem ser levadas em consideração em
sala de aula, pois permitem uma aprendizagem mais significativa. A leitura de
mundo do aluno é realizada pelo processo de percepção espacial, pela repre-
sentação social do espaço e pela construção de conceitos, numa relação entre a
linguagem que se aprende e o mundo em que se vive.
Segundo Ferreira et al., (2012), a leitura do mundo é um processo fundamental
para que ocorra o desenvolvimento de habilidades e competências que levem o
discente a observar, descrever, comparar, construir explicações e representar a
espacialidade em diferentes dimensões, considerando a relação entre o tempo e
o espaço.
As imagens visuais refletem sempre concepções, crenças e valores daqueles
que as produziram, contudo, a imagem mental que o indivíduo elabora de um
objeto reflete a estrutura espacial desse objeto. De acordo com Bonfim (2012 p.
90), “a imagem pode ser considerada como um prolongamento do pensamento,
uma forma de representação analógica da realidade e como resultado de abstra-
ções da percepção”.

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O uso de recursos como as imagens também pode contribuir para
que o aluno desvende ideologias, diferencie paisagens e compreenda
relações socioambientais.

Acessando o link abaixo, você irá encontrar os


debates mais recentes sobre o uso das imagens na
educação básica.
ht t p s://sa b e re sd o c ent e s.p r 2 .u e r j. b r/ava /mo d /
resource/view.php?id=5617

Acesse também a live abaixo, com o professor Ronaldo


Duarte (UERJ), que traz um debate sobre a Cartogra-
fia Escolar e o pensamento espacial.

Referências bibliográficas
CAMARGO, Luís Henrique Ramos. A ruptura do meio ambiente. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2008.

CHRISTOPHERSON, Robert W.; BIRKELAND, Ginger H. Geossistemas: uma


introdução à geografia física. Tradução de Francisco Eliseu Aquino et al. 7. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2012.

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CHRISTOFOLETTI, Antonio. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo:
Edgard Blucher, 1999.

BAUMAN, Zygmund. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mer-


cadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BOMFIM, Natanael Reis; ROCHA, Lurdes Bertol (org.). As representações na


Geografia. Ilhéus: Editus, 2012.

BOMFIM, Natanael Reis. Representações e território: conceitos em reflexão. In:


BOMFIM, Natanael Reis; ROCHA, Lurdes Bertol (org.). As representações na
Geografia. Ilhéus: Editus, 2012.

FERREIRA. Brenda de Nascimento et al. Uso de maquetes e fotografias no


ensino da Geografia. In: BOMFIM, Natanael Reis; ROCHA, Lurdes Bertol (org.).
As representações na Geografia. Ilhéus: Editus, 2012.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. A globalização da natureza e a natureza da


globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

MENDONÇA, Francisco. Geografia e meio ambiente. 8 ed. São Paulo: Contexto, 2008.

PEREIRA, Agostinho; HORN, Luiz. Relações de consumo e consumismo. Caxias


do Sul: Edwards, 2010.

PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade ambiental, consumo e cidadania. 2. ed.


São Paulo: Cortez, 2010.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São


Paulo: Hucitec, 2002.

SACHS, Ignacy. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de


Janeiro: Garamond, 2008.

SAUER, Carlos Eduardo; PINTO, Roberto Carlos. Sociedade, natureza e espaço


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TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora
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16
VIEIRA, Eurípedes Falcão. Dinâmica dos ambientes naturais. Porto Alegre: Ins-
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www.ihgrgs.org.br/artigos/membros/Euripedes%20Falc%C3%A3o%20Vieira%20-
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futuro comum. 1987. Disponível em: Nosso futuro em comum: conheça o relatório
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