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FALS – Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio

ABA – Associação Brasileira de Acupuntura

ALICE VIEIRA DINIZ

OS VASOS MARAVILHOSOS NO CONTEXTO FILOSÓFICO


DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

GOIÂNIA-GO
1

2015

FALS – Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio

ABA – Associação Brasileira de Acupuntura

ALICE VIEIRA DINIZ

OS VASOS MARAVILHOSOS NO CONTEXTO FILOSÓFICO


DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Monografia apresentada à Faculdade de


Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio e à
Associação Brasileira de Acupuntura para
obtenção do Título de Especialista, sob a
orientação do Prof. José Nilson Fernandes
Filho.
2

GOIÂNIA-GO
2015
BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________
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RESUMO

Este trabalho tem como foco central a Acupuntura Tradicional Chinesa,


apresentou como objetivo compreender o funcionamento dos Vasos Maravilhosos, a
partir de uma perspectiva filosófica, dialogando com os trigramas do I Ching e seus
efeitos no tratamento do reequilíbrio energético. Teoricamente, numa visão tradi-
cional do tratamento com as agulhas, destaca-se a importância do contexto filosófico
do Taoismo, como herança valorosa para o melhor desempenho do trabalho voltado
para suas próprias origens e sua influência na qualidade dos tratamentos. No con-
texto da história filosófica dos Vasos Maravilhosos busca-se mostrar suas conexões
com os trigramas, como eles surgiram e qual suas influências, segundo a velha
filosofia chinesa, no seu pensamento simbólico e sintético. A relação entre Taoismos
e Vasos Maravilhosos diz da relação direta entre o pensamento filosófico chinês e
sua representação expressa em símbolos, o que acabou  influenciando a história da
terapêutica tradicional e medicinal da velha China. O suporte teórico desta pesquisa
pauta-se nas indicações da Associação Brasileira de Acupuntura (ABA), e ainda, nas
aulas do curso de pós graduação, palestras e aulas dos acupunturistas e profes -
sores, da linha da Medicina Tradicional Chinesa. Conclui-se que os efeitos do trata-
mento no reequilíbrio energético, através da Acupuntura Tradicional Chinesa e os
Vasos Maravilhosos, traça seu caminho por meio da compreensão do pensamento
filosófico, aplicado na prática do desenvolvimento do trabalho com as agulhas. Tam-
bém identificou-se que há uma distância de métodos que se aplicam apenas dirigi-
dos com a intenção de tratar os sintomas, dos métodos baseados na visão da
Medicina Tradicional Chinesa, pois essa última aborda o conjunto da natureza hu-
mana, sua totalidade, o que faz alcançar o todo do ser equilibrando-o energetica-
mente, dentro do contexto da cosmologia Taoista.

Palavras-chave: Taoismos; Vasos Maravilhosos; Tratamento energético; Acupun-


tura Tradicional Chinesa.
                                                             
 
 
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ABSTRACT

This work is mainly focused on traditional Chinese acupuncture, intro-


duced aimed at understanding the functioning of Wonderful vessels, from a philo-
sophical perspective, and dialogue with trigrams of the I Ching and its effects in the
treatment of restoring energy. Theoretically, a traditional view of treatment with nee -
dles, highlights the importance of the philosophical context of Taoism, as valuable
heritage for the best performance of the work back to its own origins and its influence
on quality of care. In the context of philosophical history of the Marvellous Vessels
seeks to show its connections with the trigrams as they arose and what their influ-
ences, according to ancient Chinese philosophy, its symbolic and synthetic thinking.
The relationship between Taoismos and vessels Wonderful says the direct relation-
ship between the Chinese philosophical thought and its representation expressed in
symbols, which ended up influencing the history of traditional medicinal therapy of
the old China. The theoretical support of this research is guided in the Brazilian Asso -
ciation of Acupuncture indications (ABA), and also in post-graduate course lectures,
talks and classes of practitioners and teachers, the line of Traditional Chinese
Medicine. It is concluded that the effects of treatment in restoring energy through the
traditional Chinese acupuncture and Wonderful vessels, traces its way through the
understanding of philosophical thought, applied to the practice of development work
with needles. It is concluded that the effects of treatment in restoring energy through
the traditional Chinese acupuncture and Wonderful vessels, traces its way through
the understanding of philosophical thought, applied to the practice of development
work with needles. Also identified that there is a distance of methods that apply only
directed with the intention of treating the symptoms, methods based on the vision of
Traditional Chinese Medicine, since the latter addresses the whole human nature,
full, which makes achieving all of being balancing the energy within the context of
Taoist cosmology.

Keywords: Taoismos; Wonderful Vessels; Energy treatment; Chinese Traditional


Acupuncture.
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SUMÁRIO

INTRODUCÃO..............................................................................................................7

CAPITULO I - OS PRINCIPIOS DO TAO NO MUNDO CULTURAL E


FILOSOFICO CHINESES.............................................................................................9
1.1 Os Princípios Taoista..........................................................................................9
1.2 Acupuntura Tradicional Chinesa no Contexto do Tao......................................13

CAPITULO 2 - OS VASOS MARAVILHOSOS NO CONTEXTO HISTÓRICO E


LENDÁRIO CHINESES..............................................................................................18
2.1 Como Surgiram os Vasos Maravilhosos?........................................................18
2.2 O que são os Vasos Maravilhosos e quais são suas finalidades
terapêuticas?....................................................................................................21
2.3 As Energias (Qi)...............................................................................................23
2.4 Filosofando a Relação entre os Trigramas, Vasos Maravilhosos e suas
Funções Terapêuticas......................................................................................25

CONCLUSÃO.............................................................................................................44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................45
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INTRODUCÃO

Tendo em vista a escassez de abordagem sobre o assunto que versa a


respeito dos Vasos Maravilhosos, bem como um estudo aprofundado e à parte do
contexto dos diversos temas da acupuntura propriamente dita, me arrisquei, talvez
corajosamente, a abordar a saga mística da historia dos Vasos Maravilhosos e seus
trigramas, no contexto da Medicina Tradicional Chinesa.
Meu objetivo principal foi inserir a abordagem aparentemente simples da
sintomatologia indicativa dos Vasos Maravilhosos, em um contexto filosófico da história
da velha China que, quase se perdeu na noite dos tempos.
Os objetivos específicos foram: a) encontrar na filosofia dos princípios
básicos do Taoísmo, a herança do berço de toda a tradição da medicina chinesa,
compreendendo seus conceitos imortais e coerentes com a metodologia e a prática
no atendimento com as agulhas b) reencontrar a história do lendário Imperador Fu
Xi, e seus seguidores, que ao longo do tempo foram desenvolvendo a sistemática
dos extraordinários trigramas e hexagramas que deram origem ao imortal I Ching,
cujo contexto guarda a milenar sabedoria das mutações energéticas do cosmo
universal e individual. c) realizar uma conexão, um sentido, uma coerência de
relação dos trigramas com seus Vasos Maravilhosos.
Essa busca justifica-se porque, a princípio, pode-se simplesmente , indicar
qual dos oitos Vasos Maravilhosos devemos trabalhar, conforme os males acometidos
por deficiências ou escassez energéticas, porém, a intenção é mostrar como a
compreensão da parte filosófica, guardada no berço do Taoísmo, é importante para
atingir a cura real, na sua essência, na sua origem. Desviar do caminho do Tao é, na
compreensão mais profunda do pensamento tradicional Chinês, a origem dos males e
das doenças.
A historia dos Vasos Maravilhosos, com algumas controvérsias de
autores que versam sobre o assunto, remonta à lenda da tartaruga sagrada.
Símbolo histórico rico em significados que, supostamente deu origem aos trigramas
dos oito Vasos Maravilhosos e sua extraordinária conexão com eles.
O pensamento tradicional chinês jamais se desvencilhou da natureza e
seus ciclos de nascimento, crescimento, desenvolvimento e recolhimento. Seus
ciclos seguem as estações do ano, as características da noite, do dia, das horas,
dos anos, todos eles possuem o ritmo que deve ser respeitado.
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Para compreender a Acupuntura Tradicional Chinesa é preciso viajar em


sua própria história, navegar um pouco nestes mares da antiguidade e mesmo
assim, quanto ainda não teremos para desbravar deste rico conteúdo, onde somente
através do trabalho e do estudo ao longo do tempo, sempre será possível alcançar
algo mais profundo.
Ao imaginar que se encerrou uma pequena jornada de dois anos de
estudos sobre Acupuntura Tradicional Chinesa, descobre-se que foi apenas uma
introdução para o estudo de uma ciência milenar. O que faz a profundidade desta
arte de curar é a sua continuidade no tempo e no espaço, pois somente
perpetuando-a é que ela mostrará sua imortalidade. Somente compreendendo-a,
esta arte-ciência mostrará sua transcendência em sua própria imanência.
A Medicina Tradicional Chinesa é um tratado da verdadeira visão do
homem cósmico, dentro dele mesmo, ou seja, a visão dele mesmo em sua pequena
dimensão física.
Mas se se esquecer das suas bases filosóficas, inseridas em seu contexto
do Tao, o qual este é o nome que se dá ao que não se pode definir, este homem
cósmico não será percebido, apesar de sua grandeza. Fica-se, então,
lamentavelmente o tosco paradigma de que os sintomas do corpo físico e suas
superficialidades, seja a causa em si mesma, para o profissional que não conseguiu
enxergar o que há por trás destes mesmos sintomas.
A visão transcendente da filosofia dos grandes Mestres da antiguidade,
deve ser buscada no atual momento em que o materialismo desenfreado empana a
visão do homem cósmico dentro de cada um. E um dos grandes caminhos desta
redescoberta está na verdadeira compreensão do Tao.
Há sempre que se considerar a guia mestra de todo trabalho, e entende-
se que, a filosofia mestra do trabalho do acupunturista tradicional, está ministrado
nos princípios destes grandes Mestres. Eles souberam perpetuá-los também através
dos trigramas e hexagramas do I Ching, os quais simbolizam toda a velha sabedoria
da milenar cultura chinesa.
A pesquisa realizada é de natureza qualitativa, o que significa dizer
que ela se ocupa de analisar relações humanas, fenômenos sociais, envolve a
dimensão ideológica do pesquisador, as suas representações e conhecimentos.
Minayo (2009). Caracteriza-se como pesquisa bibliográfica, pois nesse trabalho, as
aproximações com o objeto de estudo se efetivaram a partir de fontes bibliográficas,
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considerando a análise de documentos escritos, os dados e as publicações que


colaboraram com a construção ou ressignificação de conceitos relacionados à
investigação . Para tanto, fez-se um levantamento bibliográfico, bem como uma
leitura analítica do material selecionado, para se verificar a qualidade e consistência
dos dados coletados.
Os critérios que nortearam esse levantamento bibliográfico foram: seleção de
obras relacionadas ao tema, a consulta de livros, periódicos, sites da internet. Como
orienta Salvador (1986, apud Lima e Mioto (2007, p. 41), as leituras do material
coletado passaram por momentos diversos. Primeiro, um momento de
reconhecimento do material bibliográfico, em seguida uma leitura exploratória e
seletiva, utilizando os sumários e o manuseio da própria obra para selecionar o que
de fato interessa e relaciona-se aos objetivos da pesquisa, segue-se com uma
leitura reflexiva, um estudo crítico da obra, considerando o olhar do autor, buscando
compreendê-lo para responder aos objetivos da pesquisa, por fim, realizou-se uma
leitura interpretativa, um momento complexo em que se estabeleceu relações entre
as ideias expressas nas obras com o problema estudado.
Para investigar soluções, examinar minuciosamente as obras selecionadas,
se construiu um roteiro para leitura, que foi utilizado como instrumento para salientar
nas obras escolhidas a identificação completa da obra; a caracterização dela,
ressaltando o tema central, os objetivos, os conceitos, o referencial teórico; e as
contribuições da obra para o estudo proposto. Finalmente articulou-se uma síntese
integradora, que explicitou as reflexões e proposições de soluções, fundamentada
no material estudado durante a pesquisa.
No capítulo número um, foi estudado os princípios do Taoísmo, a sua filosofia
transcrita em forma sucinta e poética, como só o pensamento tradicional Chinês, na
sua originalidade e economia de palavras, sabe expressar . Ao lado da transcrição
do texto original, foi feito a interpretação das suas ideias, do seu significado e das
suas diversas simbologias.
No capítulo número dois, a abordagem do tema sobre Os Vasos
Maravilhosas, a sua história a sua origem, o lendário Imperador Fu Xi e suas visões,
segundo os antigos relatos dos mestres estudiosos sobre o assunto, onde e como
surgiram as visões dos monogramas, bigramas e trigramas. E, ao longo dos séculos
de estudos, até culminar no manancial de sabedoria, intitulado I Ching.
Ainda neste capítulo, como ponto áugico deste trabalho, foram relacionados os
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Vasos Maravilhosos com cada trigrama. A coerência filosófica e energética de cada


trigrama, foi estudada, para se casar com cada ponto de seus Vasos Maravilhosos,
com o objetivo principal de mostrar as verdadeiras causas de seus desequilíbrios.
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CAPITULO I
OS PRINCIPIOS DO TAO NO MUNDO CULTURAL
E FILOSOFICO CHINESES

1.1 Os Princípios Taoista

O que é o Tao? Podemos defini-lo? Quais são seus princípios? Para


responder a estas questões é necessário voltar um pouco na historia da antiga
China.
A filosofia Taoista foi poeticamente apresentada por um grande Mestre
chamado Lao Tsé, tambem conhecido como Lao Tzu. No livro Tao Te Ching
traduzido para o português, da editora Martim Claret “ Lao significa criança, jovem,
adolescente. Tsé é o sufixo de muitos nomes chineses, indicando idoso, maduro,
sabio, ancião, de maneira que podemos transliterar Lao Tse por jovem sabio...” (Tsé,
2003, p 18).
Tao The Ching, de autoria de Lao Tse é considerado um dos livros mais
importantes da literatura universal, sendo os principios Taoistas, desenvolvidos nesta
obra, surgiram por volta de VI séculos a.C, na China.
Lao Tsé foi a figura enigmática a visualizar o ideal, a pureza, a cosmologia
no ser que transcende o convencional, e tudo que não esteja na natureza e no seu
próprio fluxo. O fluxo contínuo, de constantes mudanças, pois esta é a ordem natural
das coisas e dos seres em sua íntima natureza.
Conta a história que após um longo periodo de meditações e estudos
profundos, Lao Tsé foi inspirado a escrever sobre estas leis da vida, de uma forma
poética e concisa.

Homem de meia idade, Lao Tsé abamdonou a corte imperial e retirou-se


como eremita, para a floresta onde viveu a segunda metade de sua longa
vida estudando, meditando, auscultando a voz silenciosa da intuição
cósmica, que deixou seus reflexos no presente livro. Finalmente, com cerca
de 80 anos, Lao Tsé cruzou a fronteira ocidental da China e desapareceu,
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sem deixar vestígio de sua vida ulterior. (TSÉ, 2003, p. 18)

A partir deste contexto vivencial, Lao Tse criou por um periodo


desconhecido, seu mundo de silêncio e solidão, onde pode auscultar e exprimir os
conceitos fundamentais cósmicos do indizível e incomensurável Tao. Pode-se
traduzir estes conceitos nas palavras sucintas da sua alma poética e sensível à voz
da própria natureza. Pode-se perceber através da sua própria voz interior, a
tradução do Tao, no seu livro Tao Te Ching, o qual se traduz como “O livro que leva à
Divindade” ou “O livro que revela Deus” (Tse, 2003, p 20).
Para Lao Tsé, o Tao é o principio que governa o todo como a própria Lei
que rege a natureza. Lei eterna das mudanças e do porvir. Para o Tao falta definição,
atribuindo a característica do pensamento chinês, um sentido que busca suprimir ao
máximo, as palavras em suas definições faladas ou escritas. Buscar compreender o
Tao como um caminho de sabedoria, pela observação da natureza, fora da erudição
da mente e fora da razão e das especulações. Mesmo sendo inatingível, não se
pode desviar dele mesmo.
Não será possível conhecer o Tao, através das definições calculadas da
mente, para conhecer o Tao, deve-se usar a linguagem sucinta do coração, não
logica do racional. “O Insondável (Tao) que se pode sondar, não é o verdadeiro
Insondável, o Inconcebível que se pode conceber, não indica o Inconcebível, no
Inominável está a origem do Universo.” (Tse, 2003, p 27)
Pode-se estabelecer uma conecção com o Tao, através de uma viagem
às profundezas da alma que encontrou no seu silêncio, a voz do coração.

Tao é a fonte do profundo silêncio. Que o uso jamais desgasta. É como uma
vacuidade, origem de todas as plenitudes do mundo. Desafia as
inteligências aguçadas. Desfaz as coisas emaranhadas, funde em uma só
todas as cores, unifica todas as diversidades. Tao é a fonte do profundo
silêncio. Atua pelo não agir. Ninguém lhe conhece a origem, mas é o
gerador de todos os deuses. (Tse, 2003, p. 35)

Para a filosofia Taoísta a ação do sábio se dá através da não ação, age


apenas regido pelo fluxo do Tao. Entende-se que, aquele que melhor se integra com
o Tao age com mais naturalidade, e desta forma canaliza melhor suas energias,
economizando-as. Para que gastar suas energias com atos contrários à sua
natureza, se ele pode fluir juntamente com o poder do Tao? Atuando sem agir, não
como algo que nada faz, mas como algo que realiza sem se perceber. Nesta visão
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característica da filosofia do Tao, pode-se compreender na síntese e na antítese, a


ideia de que há uma origem de todas as coisas, e que esta origem se traduz em
tudo que existe. Sua manifestação de poder se multiplica infinitamente, sem deixar
de ser o Uno. É sua expressão de unidade na diversidade:

Toda a pluralidade radica na unidade, e esses dois são um em si. O céu é


puro porque é Uno. A terra é firme porque é Una. As potências espirituais
são ativas porque são unidade. Tudo o que é poderoso assim é. Porque é
unidade. Tudo que é vivo assim é, graças à sua unidade. Os soberanos são
modelos somente quando preservam a sua unidade. Tudo se realiza pela
unidade. Sem ela os céus se partiriam, e a firmeza da terra pereceria. Sem
a atuação da unidade, falhariam as potências espirituais. Sem a sua
plenitude, acabaria tudo em vacuidade. A fecundidade acabaria em total
esterelidade... (TSE, 2003, p. 103)

A unidade é a força de integração e sustentabilidade de toda a criação


que se emanou do Tao, como manifestação do visível. Desta força integrativa, deve-
se estabelecer todo o poder, pois a sincronia une, e o que não se torna uno se
desfaz.
Lao Tsé compreende o Tao em sua expressão visível, quando este
assume forma, e em sua expressão invisível em seu estado original e inatingível.
Porém, mesmo em sua expressão visível e em suas diversas formas, não será
possível às criaturas concebê-lo a nível da elaboração da mente humana. Estará o
Tao sempre fora do alcance do racional elaborado e definível. Sempre heverá a
distância que há de fazê-lo inatingível:

Tao é insondável, e invisível, apesar do seu poder. O mundo não o conhece.


Se reis e príncipes tivessem consciência de Tao, todas as criaturas lhe
prestariam espontânea homenagem. O céu e a terra se uniriam em jubilo,
para fazer descer suave orvalho, e os homens viveriam em paz, mesmo
sem governo algum. Quando Tao assume forma, pode ser conhecido
mentalmente, mas todos os conceitos são apenas indícios que apontam
para o Inconcebível. Não se esqueça o homem da sua limitação. Não há
perigo. Neste caso, a relação entre o Concebível e o Inconcebivel é como
entre regatos e lagos, e as grandes torrentes que demandam os mares.
(TSE, 2003, p; 89)

Para Lao Tse, o Tao é o principio que governa o todo como a própria Lei
que rege a natureza. Lei eterna das mudanças e do porvir. E, o encontro entre o céu
e a terra, através do suave orvalho que cai, o encontro dos regatos, lagos e rios com
o grande mar, é a Lei de atração que o Tao exerce sobre a natureza e todas as
coisas. O poder do Tao unifica, e seu magnetismo atrai a tudo e a todos os seres.
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O sábio chinês observa os movimentos do mundo e as transformações


que se operam no universo, e deles extrai os ensinamentos para o bem viver.
Uma constante para o Taoísmo é o movimento da mudança e da
transformação. Adaptar-se aos fatos significa permitir a própria mudança com
brandura, flexibilidade, não rigidez. A exemplo do bambú, ser brando é ser forte, pois
ele se dobra perante a tempestade e se sobressai sem se romper.
O ideal da vida consiste na perfeição, harmonizar em seu rítmo cósmico,
em marcha com a unidade, preenchendo o que se encontra vazio, e esvaziando o
que já se esgotou, aquecendo o que esfriou e refrescando o que se tornou quente:

Quem demanda a perfeição parece ser imperfeito, embora a sua oculta


plenitude, plenifique todas as vacuidades. Quem possui verdadeira
plenitude é inesgotável, por mais que se esgote, Quem anda direito parece
torto. Grande habilidade parece inabilidade. Arte genuína parece
mediocridade. Movimento supera o frio. Quietação vence o calor. O que e
puro e reto, sempre orienta o mundo. (TSE, 2003, p 115)

Lao Tsé quer expressar nos opostos, o trabalho do Tao, ao permitir que,
através dos contrários, possa ser realizada as transmutações de todas as coisas. A
ideia paradoxal, une as adversidades aparentes, para mostrar a constante
integração dos polos em busca da harmonia. Deve ser relacionado com as
polaridades da natureza, como a noite que da lugar ao dia, e que por sua vez a volta
do dia se mescla suavemente com a escuridão. Assim é o principio básico das
polaridades dos elementos Yin e Yang estudados no movimento do Tay Ji.
Ainda dentro dos princípios simbolizados no Tay Ji, abordando a ideia do
céu anterior e do céu posterior, vamos encontrar a expressão de Lao Tsé no poema
chamado “O ciclo do ser e do existir: Tudo o que Existe egressa do Ser, e regressa
ao Ser. O Ser é o Insondável Tao. Das profundezas do Ser, nascem todos os seres
que existem. O Ser porém é o abismo do Não-existir.” (Tsé, 2003, p. 105)
Todos os seres emanados do Tao, estão em constante ciclo de ir e vir, em
constante mutação entre o visível e o invisível de si mesmo. A essência do Tao
preenche a tudo e a todos como se não existisse. Lao Tsé confirma sempre coerente
ao contexto do uno atuante e provedor invisivel das vidas: “...assim é a atuacão do
Tao: tira da plenitude e enche a vacuidade(...). Quem esta baseado no céu do Tao,
oferece aos outros da sua plenitude (…) sem nada querer ser, sem nada querer ter.”
(Tse, 2003, p. 177)
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Lao Tse se inspirou no I Ching, o Livro das Mutacões, como escreve


Wilhelm, quem traduziu do chines para o alemão esta grande obra:

Aquele que percebe o significado da mutação, fixa sua atenção não mais
sobre os entes transitórios e individuais, mas sobre a imutável e eterna lei
que atua em toda mutação. Essa lei é o Tao de Lao Tse, o curso das coisas,
o principio Uno no interior do múltiplo. (WILHELM, 1993, p. 8).

Pode-se conferir então o principio do uno se multiplicar nos trigramas e


hexagramas que se desdobraram, em busca da compreensão dos visíveis seres e
suas complexidades:

Do Tao veio o Um. Do um veio o Dois. Do Dois veio o Três. E o Três gerou
os Muitos. Toda a vida surgiu da Treva, e demanda a Luz. A essência da
vida engendra a harmonia das duas forças. Nenhum homem quer ser
solitário, abandonado e insignificante(…). ( TSE, 2003, p. 109)

A inspiração de Lao encontra no I Ching o conceito primordial da busca do


ser pela Luz, por si mesmo e pelo outro como o caminho para a auto realização.

1.2 Acupuntura Tradicional Chinesa no Contexto do Tao

O Tao significa a via, o caminho do qual não se pode desviar. O fluir da


totalidade nas partes da sua manifestação visível e invisível. Conceber o Tao em suas
manifestações anteriores e posteriores, ou melhor, comparando com o bebê em
gestação, segundo Donatelli em sua aula sobre “A Essência Ancestral na Visão do
Taoismo”, (Donatelli, Taoísmo, 2013), a simbologia da criança em gestação, como
sendo o estado do ser, se preparando para a sua manifestação, porém, de forma ainda
não visível, no céu anterior, e o seu aparecimento, como sendo a manifestação no céu
posterior. O Tao quando ainda imanifesto, guarda em estado latente a herança das
manifestações, ou seja, guarda as forças essenciais de sua natureza ainda não
manifesta. Pode-se dizer ainda, em uma comparação analógica da gestação, que do
encontro amoroso surgiu um novo ser. A mãe já guardava em seu interior a
potencialidade de manifestar a vida. No Vazio do Tao, encontra-se em estado latente a
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própria vida imanifesta, inerente a qualquer tipo de manifestação posterior.


Neste contexto, o momento da concepção é considerado o portal de
entrada entre o céu anterior e o céu posterior, onde a “trama energética do ser
vivente se forma, representada na formação dos oito vasos maravilhosos, onde
encontramos a ordem profunda e primitiva da vida”. (Souza, 2006, p. 24). Desta
forma, os vasos maravilhosos formam o elo de ligação que conduz a energia
ancestral, cuja fonte direta se encontra armazenada nos Rins, a todos os outros
meridianos principais.
Dando continuidade à comparação acima da gestação, o homem deve
guardar a força da polaridade Yang, expressa na sua característica ativa do céu, e a
mulher a expressão da sua força receptiva, manifestando sua polaridade
característica Yin da terra, como exemplo de uma das inúmeras formas de
manifestação do Tao. A mesma força Yang masculina, contém em sua essência a
força Yin feminina, da mesma forma o seu contrário também se dá, pois ambos se
buscam para a formação de um ciclo constante, em busca de sua realização do
equilíbrio e da harmonia. A união destas duas forças irá gerar uma terceira. Partindo
desta analogia, através do encontro do céu e da terra, a vida pode se manifestar na
própria Terra.
O encontro dos opostos, gerou o algo manifesto, que segundo o principio
taoista guarda a essência das duas polaridades. A essência ou energia essencial,
guarda o quantum de vida que a criança terá em sua vida manifesta. Está ela, a
energia ancestral guardada nos Rins, onde terá sua reserva a ser usada, conforme
as suas necessidades ao longo da vida.
O grande Vazio é também a unidade dos opostos, Yin e Yang, vida
manifesta, e vida não manifesta, plenitude e vazio, se confundem em uma realidade
transcendente e imanente, da qual ora se mostra visível e ora se mostra invisível.
Do principio do Yin surge o principio do Yang, e do principio do Yang
surge o principio do Yin, pois que ambos se possuem em suas alternadas
manifestações. O que na verdade possibilita o próprio movimento, as
transformações cíclicas e perpétuas em ritmos alternados, como a expressão e
manifestação do Tao.
Este movimento do Tao é classicamente simbolizado no Tai Ji ou Tai Chi,
como expressão do Supremo Vazio, e que a partir daí deste grande polo ou eixo
central, ordena as transformações e manifestações do Tao:
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Fig. 1 – O Tai Ji O Yin e o Yang

Fonte : Dulcetti, p. 43, 2001.

“Ora, o Yang acumulado faz o Céu, o Yin acumulado faz a Terra. O Yin é
tranquilidade o Yang é movimento, o Yang faz nascer e o Yin faz crescer, o Yang
coloca à morte e o Yin põe à Terra, o Yang transforma os sopros, o Yin perfaz as
formas”. (Su Wen, capitulo 5 in Dulcetti, 2001, p. 44). O circulo quando apresentado
em branco, simboliza o Tao anterior, o grande Vazio. O desenho apresentado na
figura acima com a divisão ondulada dá a ideia de movimento, já indicando a
manifestação das duas polaridades Yin e Yang, transitórias, interpenetrantes,
girando sempre em um ciclo ritmado.
Para abordar os primórdios dos princípios taoistas, o mais antigo dos
escritos que se tem noticias, esta registrado,

pela primeira vez na historia, no canônico Yi Jing o Clássico da


Transmutação. Sua autoria e atribuída ao lendário Imperador Fu Xi, cujo
trabalho consta que foi realizado há mais de 6000 anos, obra mais antiga da
China e do mundo. (DULCETTI, 2001, p. 43)

A história filosófica dos velhos Mestres chineses nos situa no contexto das
técnicas da Acupuntura Tradicional. A compreensão de seu significado é
fundamental para desenvolver coerência e consciência no seu processo de
aplicação.
As polaridades Yin e Yang surgiram como representadas em linhas
continuas e linhas partidas: ( ____ ) representando nesta linha, o movimento de
expansão de polaridade Yang e ( __ __ ) representando nestas duas linhas
partidas, o movimento de contração Yin. Tudo isso teria iniciado com o então
17

lendário imperador chinês Fu Xi que teria vislumbrado no casco de uma tartaruga


que se tornou sagrada, as primeiras inscrições dos trigramas.

Segundo o I Ching, O Livro das Mutacões, estes opostos não são algo
permanente ou duradouro, porém devem ser considerados como estado ou
fases de um processo em transformação, em ciclos alternados. E, por esse
motivo, o contraste como tal torna se relativo. Trata-se novamente de
encontrar a atitude apropriada a fim de compreender os opostos. (…)
(WILHELM, 1995, p. 8)

Desta forma, o desenvolvimento do trabalho de harmonização com as


técnicas da Acupuntura Tradicional Chinesa está sempre em busca da
harmonização, dos aparentes opostos em suas polaridades. A atitude é de buscar
sempre adaptar as situações interiores às oposições exteriores:

(...) quando se consegue manter a harmonia entre o interior e o mundo que


nos cerca este já não mais poderá causar confusão e danos, apesar de toda
sua pluralidade. A atitude inflexível desapareceria naturalmente o seu
oposto, perpetuando a batalha, já nenhum lado conseguiria impor uma
vitória definitiva sobre o outro. De acordo com esta lei de mutação, o
momento da vitória marca inexoravelmente a mudança do ciclo. O homem
deve harmonizar-se com o meio que o cerca. (WILHELM, 1995, p. 8)

Do Uno ou do Tai Ji ou o chamado de o grande Vazio, de onde emana toda a


multiplicidade da existência dos visíveis da criação, meditavam os velhos Mestres da
antiguidade, que deste grande polo do Vazio, surgiram os dois princípios das
polaridades representadas no Yin e no Yang. Porém, como lemos no Tao Te Ching
de Lao Tsé: “O Uno gera o dois, o dois gera o três e o três gera todas as coisas .”
Desde então eles buscaram representar, partindo dos trigramas, as possíveis
representações de dois elevado ao cubo, com o total de oito trigramas, surgiu desta
representação o chamado Pa Kua:
Fig. 2 – Representação dos trigramas no octograma, ou Pa Kuá

Fonte : Wihelm, Richard , p 16, 1991


Observa-se que o trigrama Céu, nesta representação, é considerado o mais
18

Yang, possui suas três linhas continuas de expansão e em seu extremo oposto, o
trigrama Terra com três linhas de contração partidas, considerado o máximo Yin. A cada
um segundo as suas características e influências a expressar em suas combinações.
Para o entendimento mais profundo da aplicação da Acupuntura
Tradicional Chinesa, o movimento energético que será manipulado através das
agulhas, só terá efeito satisfatório se alcançar os resultados, equiparando-os ou
equilibrando-os em seus ajustes de polaridades Yin e Yang. Toda expressão da
natureza humana que resulta em deficiência ou excesso de energia, deve ser vista
pelo acupunturista dentro do contexto físico, emocional , psíquico e espiritual. Para a
análise da velha filosofia taoista chinesa, o corpo fala por canais energéticos que se
manifestam no próprio corpo físico. Saber escutar o corpo, pela voz que ele
expressa, pelo cheiro que exala, apalpando-o, observando as suas cores, pela face,
pela expressão dos olhos e várias outras formas, as quais o corpo se mostra e se
revela a si mesmo. Todas estas avaliações possuem significado para o bom
observador e profissional. Esta sensibilidade requer conecção com canais das
energias sutis, através dos pulsos, por exemplo, um dos canais de expressão
indispensável para o diagnóstico final. Talvez para os velhos mestres taoistas, esta
seria uma comunicação quase sem palavras, onde o desenvolvimento de suas
percepções puderam alcançar níveis mais e mais sutis.
Como já dizia o velho sábio Lao Tse : “Aquele que descobre o Tao, abre
as portas da consciência mais profunda e de tal forma que chega à consciência mais
pura. E pode apreciar a verdade interna de todas as coisas.”(Tsé, , 2003, p. 37)
Desta forma, a tentativa é de resgatar, nesta análise, uma possível
postura de como deve ser a visão e percepção dos estudiosos que compreenderam
a importância de prezar a filosofia Taoista, em geral, para colher o encantamento dos
seus resultados.
19

CAPITULO 2
OS VASOS MARAVILHOSOS NO CONTEXTO
HISTÓRICO E LENDÁRIO CHINESES

2.1 Como Surgiram os Vasos Maravilhosos?

Talvez a existência do lendário Imperador Fu Xi tenha acontecido há mais


de 5000 anos, segundo alguns autores, porém Inada fala sobre uma data mais
aproximada de sua existência:

De acordo com a tradição chinesa, o I Ching começou com o sábio Lendário


Imperado Fu Hsi (2953, a. C.) e atribui-se a ele, entre muitas outras coisas,
domesticação de animais, pesca, e a criação dos oito trigramas básicos(...).
a lenda diz, o sábio Imperador Fu Hsi foi reconhecido como patrono das
artes divinatórias na China antiga por causa da descoberta de Ho Tu (o
mapa do rio Ho, que foi o protótipo mais antigo de “Pá Kuá”(...), além disso,
Fu Hsi era entendido em comportamento dos animais e, em pinturas e
figuras, ele aparece frequentemente vestindo pele de tigre e sempre
acompanhado de animais como a tartaruga e a serpente(...)foi ele quem
ensinou os homens a pescar com rede e a domesticar os animais. O Ho Tu
posteriormente, deu origem aos cinco movimentos. (INADA, 2000, p. 57)

Conta-se, segundo Dr. Hector Roa Morales (Módulo VII, MTC, 2012), que
o Imperador Fu Xi começou a vislumbrar em suas meditações assíduas do alto de
uma montanha, os primeiros sinais para se compreender, o que hoje chamamos de
o ser humano energético.
Através da Medicina Tradicional Chinesa, especificamente a Acupuntura,
todo o tratamento é estruturado nos moldes do corpo energético, com a finalidade
essencial de alcançar seu reequilíbrio entre corpo, mente e espírito.
Tudo começou quando o Imperador, em uma de suas meditações
assíduas, como fazem os seres iluminados que buscam conectar com a grande
consciência expandida. Não se pode precisar a origem destas visões, porém, conta-
nos Dr. Roa Morales, que estas figuras surgiram, segundo consta a lenda, através
de uma tartaruga que emergiu de um lago, e que na sua visão, ali estava o esboço
dos oito octogramas de base com quatro linhas de expansão e quatro linhas de
contração. Estes seriam os chamados monogramas de base. Consta ainda que o
20

Imperador foi construindo em suas visões, mais oito linhas combinadas com as
linhas anteriores, com as quais os bigramas se formaram. Quando em uma
compreensão mais ampla, foi possível vislumbrar os oito trigramas, que conhecemos
hoje, os quais temos a representação de cada um deles nos Vasos Maravilhosos.
Cada um dos oito trigramas representa o arquétipo desta surpreendente estrutura
energética do ser humano, tanto no seu aspecto físico, psíquico e emocional, bem
como todas as coisas manifestas na natureza. Viu que cada um dos trigramas nutria
e alimentava um canal de luz, ou um canal maravilhoso. Foram divididos em quatro
trigramas correspondentes à polaridade Yang, representando o céu anterior , e os
outros quatros trigramas Yin, representando o céu posterior. As características das
polaridades Yin e Yang pertencem a estas forças naturais da criação do Tao. A força
de expansão expressa na polaridade Yang, como consciência expandida do céu em
constante mutação, para retornar à força de contração na polaridade Yin, expressa
na criação de todas as coisas manifestas na terra. As figuras do Yin e Yang formam
os arquétipos que permitiram o início, o princípio da construção das informações
necessárias para a codificação deste ser energético, na sua expressão etérica, física
em constante transformação.
Porém, segundo Inada, “...Pela tradição o mais antigo “Pa-Kuá” estava
inscrito no dorso de um cavalo semelhante ao dragão (cavalo-dragão) que emergiu
do rio Ho (rio Amarelo), para se revelar ao Imperador Fu Hsi.” (Inada, 2000, p. 57).
Como não havia ainda a escrita para se registrar os acontecimentos da história, a
lenda fica impressa nas figuras mitológicas para melhor transpor os séculos e
milênios. Sabe-se no entanto, que muitos reis e sábios da antiguidade, foram ao
longo dos tempos, colaborando para formar a estrutura do conhecimento que hoje
conhecemos como sendo os Vasos Maravilhosos e a Cronoacupuntura.
Os trigramas representados,

a partir do traço inferior para o superior formando a grande tríade Céu/


Homem/ Terra. O traço inferior corresponde ao nível Terra, o do meio, ao
nível Homem e o traço superior corresponde ao nível Céu. São compostos
da combinação Yin e Yang representados por traços contínuos ou
interrompidos respectivamente. (Dulcetti, 2001, p. 47)

Segundo a tradição, em ao longo dos milênios de estudos, os sábios


foram elaborando o significado dos trigramas, e segundo Richard Wilhelm:
21

Esses oito trigramas foram concebidos como imagens de tudo o que ocorre
no céu e na terra. Sustentava-se que eles sempre se acham em estado de
contínua transição, passando de um a outro, assim como uma transição
sempre está ocorrendo, no mundo físico, de um fenômeno para outro. Aqui
se tem o conceito fundamental do Livro das Mutações. Os oito trigramas são
símbolos que representam mutáveis estados de transição. São imagens que
estão em constante mutação. Focaliza-se não as coisas, em seus estados
de ser, como acontece no Ocidente, mas os seus movimentos de
mutação(...), representam suas tendências de movimento. (Wilhelm, , 1993,
p. 5)

As mudanças e seus ciclos seguem uma linha coerente de sucessão de


acontecimentos, assim como o dia segue a noite, a estação do ano segue as
próximas, a vida segue a morte, formando os ciclos dos fenômenos físicos da
natureza.
A sua representação segue, no Livro das Mutações, toda uma simbologia
filosófica, dentro do contexto da sabedoria milenar chinesa. As imagens vão além
quando, por exemplo, pode-se abordá-las no aspecto psicológico e emocional do ser
e sempre em movimento: “ ...Assim um elemento da antítese, pode ser por exemplo
o espiritual (Yang), e o outro material (Yin). E dentro do espiritual, um pode ser a
faceta intelectual e criativa (Yang) e outro seria o lado afetivo e sensível (Yin).
Abrem-se infinitas perspectivas, e o significado reside sempre na relação entre os
dois signos” ( Wilhelm, p 12, 1995)
Podemos assim, encontrar em cada trigrama, um estado representativo, que
por sua vez segue outro estado que vai dar sua continuidade.
Na representação em que os trigramas seguem na sequência de baixo para
cima terra (mãe), homem(filho), céu(pai), podemos expressar em uma
representação simbólica, a família que se formou com a união do “Céu” e da “Terra”
para resultar os frutos da criação, tanto em seu aspecto masculino e feminino, como
em suas combinações entre Yin e Yang, todas as coisas manifestas, simbolizadas
em seus filhos, o “Homem.”

O Trigrama Céu (Qian), no Sul, também recebe o nome de criativo ou Pai.


O trigrama Terra (Kun), no Norte, também receptivo ou Mãe.
O trigrama Trovão (chen) no Nordeste é o primeiro filho.
O trigrama Fogo (Li) é o segundo filho ou “o que se afeiçoa”.
O trigrama Nuvem (Dui, lago ou pântano), no Sudeste, é a terceira filha ou
jovial.
O trigrama Vento (Sun), no Sudoeste, é a primeira filha ou a Dócil.
O trigrama Água (Kan), no Oeste é a segunda filha a Insondável.
O trigrama Montanha (Gen), no Noroeste, é a terceira filha ou Imóvel”.
(Dulcetti, 2001, p. 48)
22

Fig. 3 – Os oito trigramas de Fu Xi, representados geometricamente

Fonte: Wilhelm, Richard p 122, 1991

Cada trigrama deste octograma nutre e alimenta, cria e desenvolve o ser


humano a nível energético, como a representar no octógono a transição entre o
celeste na forma de um círculo, para o terrestre representado na forma de um
quadrado. Considerados os canais de sopro vital ou meridianos condutores de
energias mantenedoras da vida.
A tríade terra/homem/céu, localiza o homem na linha do meio, como
receptor e assimilador e distribuidor das energias do céu e da terra. O ser humano
energético se forma com a união das energias terrestres com as energias celestes,
como fruto que se alimenta, se nutre e se defende também através destes canais
maravilhosos.

2.2 O que são os Vasos Maravilhosos e quais são suas finalidades


terapêuticas?

Os Vasos Maravilhosos são os canais de origem, onde tudo se inicia,


quando da formação do ser energético, em sua constituição fundamental, eles
permitem nível de tratamento mais profundo por receberem diretamente a energia
ancestral do Qi dos Rins, como originária do Qi do céu anterior. Recebem os
excedentes dos meridianos principais, funcionando como reservatórios virtuais, para
restituírem este Qi quando for necessário. Possuem quatro vasos Yin, para absorver
os excessos de Yin dos outros meridianos que estão em relação a eles, e quatro
vasos Yang, cujas funções também consistem em absorver os excessos de Yang de
seus meridianos correlacionados.

São reconhecidos pela importância de captar, equilibrar e fazer alternar as


formas de energia vital Yang e Yin tanto pela própria força vital como pelas
23

duplas de meridianos que a produzem (Yang) e a distribuem (Yin); isto, dois


a dois no mesmo sentido e dois a dois em sentido contrário (aquisição e
gasto). (Souza, 2006, p. 29).
Os Vasos Maravilhosos exercem uma maestria na coordenação das
energias, das quais são portadores os seus reservatórios, pois que captam,
produzem, regulam e distribuem conforme as necessidades do tratamento.

A antiguidade notou que certos pontos têm efeitos análogos e poderosos


sobre a própria energia e suas manifestações nervosas e motrizes. Estes
pontos, dos quais alguns estão situados nas duas linhas medianas e outros
nos meridianos principais, foram reunidos em grupo e receberam o nome
geral de oito Vasos dos Meridianos Maravilhosos. Assim, cada um dos oito
vasos possui um ponto de comando situado em um meridiano principal, da
mesma forma que os outros pontos, isto é, à exceção de Jenn-Mo e Tou-
Mo, os meridianos curiosos não possuem pontos, sendo seus trajetos
constituídos por pontos dos meridianos principais. (CORDEIRO, 2009, p.
25)

Para cada trigrama dos oito vasos, possui um ponto de acesso ao canal
correspondente, porém estes oito pontos pertencem aos Canais dos Meridianos
Principais. Segundo ainda, sobre as funções dos vasos maravilhosos, eles possuem
ação específica na captação, produção, regulagem e distribuição de energia.
Os Vasos Maravilhosos são comparados com os lagos, como sendo os
reservatórios que guardam as energias, as quais estão classificadas como as
energias ancestrais que cada um recebe ao nascer.

Os Vasos Maravilhosos são como os lagos e os meridianos principais como


os rios (...), Os sábios da antiguidade dividiram e construíram diques e
reservatórios que mantinham Os caminhos das Águas (Shui Dao), abertos
segundo alguma situação extraordinária (ORLEY, 2001, p. 166).

Em época de muita chuva, as águas transbordavam e então poderiam ser


acolhidas pelos lagos que serviam como reservatórios destas águas excedentes.

A função dos vasos maravilhosos é de reserva e regulação dos meridianos


principais conduzem as Energias: Ancestral, recebem e distribuem as
energias de Defesa (Wei Qi) e Nutridora (Yong Qi) para os meridianos
principais. E ainda estão ligados às seis vísceras acessórias (Fu extras) Vb.,
cérebro, medula, osso, útero, trajeto das energias (Mai). (DULCETTI, 2001,
p.166)

Para tantas funções faz-se coerente o nome “Maravilhosos”, pois segundo


Inada “... os oito acupontos confluentes ou maravilhosos são locais de encontro de
dois ou mais canais (... ) podem tratar 213 tipos de sintomas.” Porém veio Xu Feng e
24

aumentou seus prodígios para 243 tipos de sintomas para serem tratados com os
Vasos Maravilhosos. (Inada, 2000, p. 5)
Captadores de energia: por captação, segundo Morant,

devemos entender atração e recepção. Estão vinculados, cada um, com um


vaso que permite regular a intensidade da energia captada. São eles: ID3 e
P7. Reguladores de energia: Têm respostas mútuas de seus pontos com
captadores de energia. São eles: R6 e B62. Produtores de energia:
Segundo Soulie de Morant23, são pontos que exercem ação de equilíbrio,
que permite assegurar o balanço entre a produção e a distribuição e, em
consequência, o gasto de energia; entre as regiões do corpo, interior e
exterior; entre os membros superiores e inferiores. São eles: CS6 (NEI-
KOANN) e TR5.(OAÉ-KOANN).
Distribuidores de energia: São distribuidores nervosos e motores de energia.
São eles: BP4 (KONG-SOUN ) e VB41(LINN-TSRI).” (Souza, 2006, p. 30)

Entende-se, que ao utilizar os vasos captadores de energia, naturalmente


a função de captar irá também regular a sua intensidade energética, através dos
vasos Du mai e do Ren mai. Utilizando um destes dois vasos e seus acoplados,
consequentemente a função de regulagem energética estará sendo exercida por
eles. Os vasos Yin wei mai, e Yang wei mai, produzirão energia, para que seus
acoplados, Chong mai e Dai mai, distribuam as energias nervosas e motores.

2.3 As Energias (Qi)

O pensamento chinês compreende o Universo como um mar de energias,


onde o Sopro Vital se caracteriza, para os chineses como fonte de todas as coisas,
onde todas essas coisas tem como fundamento a Unidade Cósmica. Segundo o
comentário clássico de “Ho-chang Hong, do capítulo 59 do Dao de Jing de que o Qi
do Homem é a Raiz e a Jing é o Tronco” (Dulcetti, 2001, p. 40). O Qi então, é a
origem de todos os seres manifestos e o jing é a essência que caracteriza cada
manifestação, desde a sua origem, identificando-a de forma independente de sua
manifestação no tempo e no espaço. “A Terra é o símbolo do espaço, representado
pelo quadrado, é o Aqui (local- espaço). O Céu é o Agora (tempo). O Céu é o
símbolo de tempo representado pelo círculo.” (Dulcetti, 2001, p. 39) O tempo
representa o céu (Yang) e o espaço a terra (Yin), sendo manifestações dos dois
aspectos do céu posterior.
25

No ideograma Qi, para energia, o emblema compõe-se de dois sinais: o


grão de arroz (a energia do cereal) e a força do vapor . O termo energia Qi
força vital designa no aspecto Yin com o ideograma do arroz (Ri)
representando as coisas manifestadas, nível da Terra; enquanto que no
aspecto Yang significa o vapor que sobe da Terra e forma as nuvens
representando o nível muito sutil, o Céu(...)” (DULCETTI, 2001, p. 40)

Esta comparação de Dulcetti, sobre o grão de arroz, como energia


condensada Yin, nível da terra, e seu vapor expresso na mutação enegética, provocado
pelo efeito de seu cozimento, manifesto no movimento Yang do vapor, carrega, no
entanto, a mesma essência, ou o que na filosofia chinesa é chamado de Jing.
O Qi, como energia primordial está contido em todas as manifestações,
sejam elas Yin, Yang, manifestas ou imanifestas, visíveis ou invisíveis. Porém,
enquanto Qi, manifesto no céu anterior, em estado de caos, ou “Caos Primordial”,
este Qi se apresentará como “A mistura das energias” ( Hundun ) ou de Céu
Anterior ( Hou Tian ), que é um estado perfeito das energias criativas do mundo
primitivo – a energia primordial do Tao” ( Dulcetti, 2001, p. 36).
O Tai Ji ou Tai Chi, ( ver acima p. 9) figura que simboliza o movimento
energético manifesto das polaridades expressas no Yin e Yang, antes de ser
preenchida, ela é a bola do Tao, onde estas energias ainda misturadas, aguardam o
movimento de separação, de manifestação, de surgimento para o céu posterior,
onde a vida se fará manifesta. “O movimento das energias provoca gradativamente
o processo da separação no interior no nível da preexistência para o surgimento no
mundo, da matéria e das formas até o aparecimento dos seres.”(Dulcetti, 2001, p.
37)
Este movimento do aparecimento das coisas manifestas, tem na polaridade
Yang, o movimento propulsor, e que por sua vez, contém em si mesmo o impulso de
seu movimento contrário, ou polaridade Yin, circulando em seguida para condensar
um nível mais denso, em suas idas e vindas em constante processo mutante.

Conforme o Su Wen, capítulo 1, o Céu pode receber o emblema


classificatório de número Um, a unidade do movimento vital do Cosmos e de
seus habitantes, entre o Céu/Terra. A noção de energia serve como
estrutura de base da Medicina Tradicional Chinesa ( M.T.C.) A categoria das
energias recebe o número 3 como emblema numérico representativo dos
três níveis Céu (1), Terra (2), e Homem (3)”. (DULCETTI, 2001, p. 36)

Pode-se classificar as energias nas seguintes categorias: em seu nível


primordial, ou “ a mistura das energias que constituem o Modelo Energético Original
26

da tradição chinesa ( denominado pelos chineses de Tao), que é uma Estrutura


Matricial, que é do Universo, O Princípio da totalidade.”(Dulcetti, 2001, p. 36) A
categoria no seu nível de mutações entre as polaridades Yin e Yang, onde o céu,
representa o movimento Yang, a terra o Yin, e o homem, no centro, como receptor
dos dois níveis, pode-se dizer, nas palavras de (Souza, 2006, p. 19) “a imagem mais
perfeita possível da ordem que indica e mantém a vida cósmica(...) os trajetos
energéticos, chamados de meridianos (...), ligam o exterior com o interior do corpo”.
Ligam, os meridianos as diferentes estruturas internas deste ser, a imagem
manifesta como a mais rica e complexa das manifestações visíveis. As linhas
condutoras de energias, ou de Qi, foram desenhadas pelos antigos sábios chineses,
com surpreendente precisão, na anatomia biológica do ser humano, com seus
acupontos ou terminais energéticos, possuidores de elevado potencial elétrico. A
chamada caverna do Tao, onde as dimensões do visível e do invisível se encontram,
para estabelecer a conecção com o Qi do céu e da terra em seu centro condutor, o
homem, através de seus acupontos, localizados nos diversos meridianos e fora
deles, como sendo os pontos exrtras.

2.4 Filosofando a Relação entre os Trigramas, Vasos Maravilhosos e suas


Funções Terapêuticas

Considerando que o Imperador Fu Xi tenha sido o primeiro a iniciar a formação


dos arquétipos dos trigramas, inicia-se o octograma de base com o chamado
trigrama Ch’ien ou Criativo, tendo como porta de acesso o acuponto VB 41, para que
possa receber a nutrição deste vaso chamado Vaso da Cintura, o Dai Mai. Este vaso
tem seu acoplado no ponto TR5, Yang wei mai, como todos os Vasos Maravilhosos,
possuem um ponto de abertura e um ponto de fechamento, o qual deve ser
acionado no final do tratamento.

As três linhas inteiras (de seu trigrama) Ch’ien são fortes. Ch’ien é a força, o
indiviso, cuja tendência almeja dirigir-se para frente, em linha reta.(...) e
justamente a forma apropriada à labuta diária(...) será que este dia produziu
valores ou terá sido apenas um belo vazio? ( Wilhelm, 1995, p. 21).
27

Este formato filosófico do trigrama representado pelo Vaso da Cintura,


segundo o pesquisador da velha filosofia do I Ching, Wilhelm, mostra em sua
simbologia, como o forte, o que vai à luta, mas também, por outro lado, ele
questiona se a jornada do “dia” ou o período que lhe foi dado de trabalho foi
proveitoso.
Este Vaso da Cintura, também chamado Dai Mai, segundo Inada, “ao
circular a cintura cruza os três canais Yin dos pés, além de cruzar o Ren mai, Yang
qiao e Yin qiao mai. Por isso, as perturbações do Dai mai com impedimento da
circulação de energia, leva à paralisia dos membros inferiores”. (Inada, 2000, p. 14).
Se estas energias forem paralisadas, ele, o vaso, não poderá exercer sua função de
ir adiante, nutrindo os membros inferiores em sua caminhada.
Segundo Tetsuo Inada, o desequilíbrio do Vaso da Cintura afeta a região
lombar, com reflexo e fraqueza nas pernas e por ser ele formado na altura dos Rins,
controla e regula o Qi dos Rins. Ideal para tratar a dor no quadril e dor lombar em
faixa.

O dai mai circunda os canais principais dos membros inferiores e controla a


circulação dos mesmos. Por isso podem-se tratar os sintomas: atrofia dos
músculos das pernas e debilidade das mesmas, gonalgia ( afecções
joelhos) e sensação de frio nas pernas e nos pés. ( Inada, 2000, p. 40)

O canal também passa pela região Estômago, deve-se tratar este,


quando Dai mai está desequilibrado. Inada aconselha a tonificar o Estômago,
quando utilizar o Dai mai, pois ele depende muito da energia nutritiva para manter
seu equilíbrio. Vale lembrar que a jornada de trabalho, representada no trigrama
Ch’ien requer nutrição energética.
O interrogatório sobre a digestão e a tomada de pulsos radiais são
importantes e poderão indicar se o desequilíbrio de Dai mai é ocasionado pela
disfunção do Estômago(...) Dai mai destaca-se por acalmar o Yang hiperativo do
Fígado, dispersar o fogo do Fígado e Vesícula Biliar...( Inada, 2000, p.16). Ajuda a
remover a estagnação do Fígado, bem como dispersar sua umidade e calor. Em
consequência desta harmonização do Fígado e Vesícula Biliar, o Dai mai é o vaso
maravilhoso também para os casos de enxaqueca ou cefaleia temporal.
Auxilia a regular o ciclo menstrual. Portanto ele pode ser utilizado para
28

dispersar o calor e a umidade do sistema gênito-urinário, como amenorreia,


anasarca ( inchaço generalizado), dismenorreia, disúria (desconforto ao urinar),
leucorréia, etc Dentre outros sintomas, o Dai mai auxilia no tratamento da artrite,
reumatismo articular agudo, da agalaxia (falta de leite), anemia, desmaios, edema
de face, fadiga, tremores, vômitos e outros relacionados aos membros inferiores e
órgãos localizados na altura dos vasos que circulam a cintura. Em caso de afecções
nos membros inferiores, deve ser tratado o ponto de abertura homolateral, porem
em caso de afecções nos membros superiores, como por exemplo dor no ombro,
deve ser tratado o acuponto de abertura contralateral, segundo Inada, p. 15, 2000.
Isto indica que o Dai mai, assim como o Yang wei mai reequilibra e harmoniza o
fluxo energética da parte inferior e superior do corpo, tratando também algumas
afecções membros superiores. “O seu nome tem origem pelo fato de seu trajeto
contornar o corpo em torno das costelas falsas, assim este vaso percorre os pontos
F13, VB23 a VB28, sendo um vaso Yang é superficial e comporta linhas circulares
horizontais.” (Cordeiro, 2009, p. 29)
Fig. 4 – Vaso da Cintura e seu trajeto

Fonte: Inada, p. 15, 2000

O segundo vaso, Yang wei mai, está relacionado ao trigrama chamado


Tui, a Alegria serena. São duas linhas contínuas e uma partida em cima. Segundo
Wilhelm , este trigrama representa a estação do outono “... o outono é alegre, é o
momento da colheita, o momento que se trazem os frutos dos campos para casa.
Mas apesar do seu júbilo é o momento da reflexão. ( Wilhelm, p. 14, 1995).
Simboliza o sorriso, porém há por traz certa melancolia, pois nele começa a morte,
derradeira alegria com o despontar nascente do rigor que já se encontra em seu
âmago. Momento do repouso sereno da alegria. Simboliza o “lago ao pé da
montanha, e seus vapores que se elevam e se espalham sobre a Terra”.
29

Para uma analogia mais direta entre a filosofia do I Ching, sua simbologia
em relação aos trigramas e os vasos propriamente ditos, o trigrama Tui, segundo
Roa Morales ( Módulo 7, MTC, 2012), corresponde ao diálogo entre o terrestre e o
celeste, as reações entre o interior e o exterior. Sendo assim, há na expressão
simbólica da Alegria, significado do nome do trigrama chamado Tui, uma
demonstração da ligação de todos os seres da criação com o céu e ao mesmo
tempo a expressão da melancolia, como sendo também o momento que se percebe
a morte, como uma transformação temporária ou o próprio período de transição.
As reações ao ambiente exterior podem ser exageradas, como por
exemplo, da utilização do ponto TR5 para tratar alergias. A alergia é uma
manifestação de uma resposta de rejeição do corpo, às energias consideradas pelo
próprio corpo como nocivas. O corpo tenta se defender das energias perversas do
ambiente externo. Ele, o acuponto de abertura TR5, atua buscando as energias
defensivas, segundo Morales, pois é importante na homeostase do indivíduo, para o
seu reequilíbrio. Este vaso auxilia na reformulação da barreira protetora externa que
foi rompida pelas energias perversas do ambiente externo. Também o autor Inada
verifica esta mesma linha de pensamento “... o Yang wei mai, ainda tem a função de
repelir as energias perversas de origem exterior que invadem a superfície do corpo,
como vento frio ou quente e umidade calor que atinge o Fígado e Vesícula Biliar”
( Inada, 2000, p. 11).
O Yang wei mai, cujo acoplado é o vaso da cintura, harmoniza a parte
superior e inferior corpo, o mesmo acontece quando é acionado o seu acoplado,
como uma ação recíproca. Entre os vasos se estabelecem uma comunicação que
busca sempre o reequilíbrio geral das energias como um todo.

O termo wei significa conecção, portanto este Vaso Maravilhoso tem por
finalidade conectar e unir todos os canais de energia Yang do corpo(...).
Quando o Yang wei mai e o Yin wei mai funcionam normalmente, o Yin e o
Yang do corpo entram em equilíbrio. (Inada, 2000, p. 11).

Considerando que o Yang wei mai é um vaso protetor de energias


perversas, é certo que sua função principal é proteger, utilizando-o, quando o
sintoma se mostra característico á invasão destas energias:

O sintoma essencial de Yang wei mai é a febre com calafrios ou febre


intermitente (...). Este sintoma é devido à invasão do vento frio externo que
30

inicialmente penetra no canal de energia tendinomuscular e depois invade o


canal principal e, em seguida, atinge o Yang wei mai onde trava uma luta
entre a energia Wei e a energia perversa.( Inada, 2000, p. 12)

O Yang wei mai conecta e une todos canais Yang do corpo, e o Yin wei
mai todos os canis Yin, portanto estão eles ligados entre si como uma rede
equilibradora e interdependente. Quando os dois não conseguem manter-se unidos,
o paciente sente desconforto e perda de memória(...),frio e calor(...)e há uma
predominância de sintomas álgicos localizados mais na superfície corporal.(Inada,
2000, p. 38) Os fatores patogênicos que estão localizados no exterior, e também os
que já invadiram o interior, podem ser tratados com o Yang wei mai.

O Yang wei mai tem influência na face lateral do corpo Por isso é útil nos
tratamentos de adenopatias axilar (crescimento de linfonodos ou gânglios
linfáticos) cervical e retroauricuar; também serve para tratar braquialgia
caxumba, ciatalgia ou lombalgia do tipo shaoyang, dor e contratura na face
lateral dos membros dor no ouvido e dor de dente. Aftas, epistaxe hematêmese,
hemoptise, podem ser tratados por Yang wei mai porque este vaso trata
sintomas decorrente aumento de Fogo no Fígado” ( Inada, 2000, p. 39)

Este Vaso Maravilhoso tem como fuNção levar a energia ancestral para
as áreas do corpo, como “(...) membros, costelas, ombros, pescoço e cabeça(...) se
a energia Yang não pode circular, há muita febre. Suas doenças são os calores e
frios graves.” (Cordeiro, 2009, p. 30). Seu trajeto se inicia no ponto B63, onde se
unem todos os meridianos Yang, como ensinaram os antigos mestres. A partir do
B63, o seu trajeto percorre os seguintes pontos: “VB35, VB29, ID10, TR15, VB21,
VG 15 e 16, VB20, 19, 17, 15, 14, 13.” (Cordeiro, 2009, p 30,). Este canal
maravilhoso tem seu ponto de abertura no TR5, e seu acoplado se encontra no
ponto VB41.
Fig. 5 – Vaso Yang wei mai e seu trajeto

Fonte: Inada, p. 11, 2000


O terceiro vaso, seguindo a sequência do octograma é o Yang qiao mai,
31

cujo ponto de abertura é o B62 acompanhado com seu acoplado, o ID3. É


representado pelo trigrama chamado Li, a Claridade, duas linhas contínuas, e uma
linha partida ao meio, situada no meio do trigrama. Segundo Wilhelm, este trigrama
é o trigrama da sabedoria, da luz da qual as criaturas podem perceberem a si
mesmas e aos outros. Tudo se organiza através da clareza. Onde há claridade, se
iniciam as atividades do dia. Há também a representação da relação com o outro e
consigo mesmo e também com as próprias coisas. Racionalizar, concluir, contemplar
e intuir. “Aqui as coisas se relacionam mutuamente; aqui começa a atividade. Na
verdade esta é uma atividade peculiar, fundamentada na observação.(...)” Há uma
forma de tirar conclusões e outra de contemplar, intuir. A intuição não é antilógica
mas transcende a lógica. A intuição autêntica está em total harmonia com a lógica, e
a transcende.” (Wilhelm, 1995, p. 18). A Claridade do trigrama Li vai além do
raciocínio e da lógica, ela vê através de um alcance maior, o da intuição, a clareza
de si mesmo e dos outros pelo desenvolvimento das percepções do seu próprio
interior e do interior do outro.
Segundo Morales (Módulo 7, MTC, 2012),

o Yang qiao mai é o início da torrente de yang, equilíbrio da mobilidade do


movimento que permite que se possa abrir os olhos depois do descanso, é
o despertar. Para quem possui dificuldade de despertar, acordar, levantar
para as atividades diárias, o Yang qiao mai poderia funcionar como um
inibidor de melatonina. Porém, Inada nos mostra que o Yang Qiao mai tem
como uma das funções principais acalmar a energia Yang acumulada na
cabeça, combatendo assim a insônia. Esta mesma energia yang acumulada
na cabeça, impede o fechar dos olhos. Pode-se considerar que este vaso
funcione principalmente na insônia, para esvaziar o excesso de Yang na
cabeça. Portanto o seu significado é equilibrador do Yang, acalma e se
necessário desperta para percepção de si mesmo, o despertar de si mesmo,
como representação da claridade perceptiva de si mesmo e do outro.

Inada (p. 12, 2000) nos mostra o que ocorre quando há desequilíbrio do
Yang qiao mai:

Quando há desequilíbrio de energia do Yang quio mai, ocorre a rigidez ou


espasmo da musculatura da face lateral dos membros inferiores, enquanto
os músculos da face medial dos mesmos estão flácidos ou até mesmo
hipotrofiados, podendo surgir torção no tornozelo com maior frequência(...).
Assim o Yang qiao mai pode ser utilizado para tratamento de torção do
tornozelo com eversão do pé(...) e ainda pode ser utilizado para o
tratamento de lombalgia em que o paciente sente dor e inchação em um
dos lados e tem dificuldade em flexicionar-se.

Inada continua considerando (2000, p. 13),


32

que se caso houver dor sem localização definida, com dificuldade de


movimento ou falta de agilidade, deve tratar, se for mulher com o Yin qiao
mai e se for homem com o Yang qiao mai. Como por exemplo a fibromialgia
tem sintoma típico de tratamento, por este ponto de abertura nos homens e
pelo Yin qiao mai nas mulheres, segundo Tetsuo Inada.

Este vaso se caracteriza, segundo Inada, por estimular a energia


nutridora (Yong) e a defensiva (Wei), com grande utilidade, quando a energia
perversa se localiza na superfície, em tratamentos para dermatite. Expele o vento
externo, e remove a estagnação do Qi no canal da Bexiga, por isso serve para o
tratamento de dores nas costas, quadril e pernas. (Inada, 2000, p. 13).
Como já foi mencionado acima, o Yang qiao mai atua de modo eficaz na
cabeça, por absorver o excesso de Yang concentrado nesta região, portanto é útil no
tratamento das cefaleias severas e sequelas de acidente vascular cerebral, como
hemiplegia (paralisia muscular de um lado do corpo, contralateral à lesão cerebral),
afasia (dificuldade para falar) e também paralisia facial. Segundo Inada, a característica
do Yang qiao mai se mostra em afecções e dores unilaterais e a dor da lombar se
manifesta como golpes de martelo, por invasão do vento frio. Causa dor com contratura
muscular unilateral, por tensão muscular muito forte da coxa e da perna. “No Yang qiao
mai encontra-se uma predominância de sintomas ligados à alteração do sistema
nervoso central como paralisia, paraplegia, hemiplegia, etc.” (Inada, 2000, p.39)
Outros sintomas como câimbras, ciatalgia, dor crônica nos ombros, dor no
ângulo interno do olho, tonturta, reumatismo articular, secreção nasal, tensão
nervosa extrema, torcicolo e outros.
Yang qiao mai tem seu trajeto no maléolo externo, sendo considerado um
vaso secundário do meridiano da bexiga. São seus pontos externos B62, 61, 59,
ID10, IG16, 15, E7,6,4, B1 e VB20. (Cordeiro, p. 29, 2009).
Fig. 6 – Vaso Yang qiao mai e se trajeto

Fonte: Inada, 2000, p. 13


33

O quarto vaso Yang, Du mai, representa o trigrama das linhas, contínua, a


primeira, partidas segunda e terceira, respectivamente. O Irromper, expressa na
simbologia do I Ching, o início do movimento terrestre; Ao raiar do dia a mente
desperta para a vida, retirando o véu do sono. O dia deve ser vislumbrado como
vitorioso, e o que determina o sucesso do dia é a natureza de sua atividade.
Segundo Wilhelm, define que

(...) agora, logo ao raiar do dia, um ato de decisão consciente se impõe:


enquanto as coisas ainda permanecem distantes, quando o primeiro tremor
da vida incide sobre os germes do mundo exterior, de modo a só permitir
que se aproximem de nós os que harmonizam conosco. ( Wilhelm, 1995, p.
17).

O trigrama comanda uma mensagem de otimismo, porem quem irá


comandar verdadeiramente as ações do dia, é a própria mente de quem trabalha.
Continua Wilhelm “Assim como o sol inicia o seu alegre percurso como um herói
triunfante, devemos antecipar conscientemente a vitória da batalha diária a partir do
primeiro instante, enquanto está tudo em germinação, encarando o dia e o trabalho
de forma ativa. (Wilhelm, 1997, p. 17).
O Du mai alimenta a circulação do Meridiano do Vaso Governador, move
a energia pela medula espinhal ate a cabeça. Sua ação esta ligada especialmente
às vertebras da coluna, e com a parte superior do corpo, a cabeça. Como o próprio
nome indica a idéia de governar, se a cabeça não estiver bem situada e orientada,
irá provocar um desequilíbrio geral em sua condução, ou em seus comandos.

A função de Du mai é fortalecer a coluna vertebral, tonificar o Yang dos


Rins, nutrir a medula nervosa e o cérebro. Por isso é excelente para o
tratamento de tonturas, vertigens, memória fraca, alucinação, demência, etc.
Se o Du mai está enfermo o paciente sofre rigidez da coluna e
encurvamento. (Inada, 2000, p. 18).

A região cérvico-dorso-lombar é extremamente afetada, as consequências


do desequilíbrio do Du mai atingem especialmente toda a extensão da coluna vertebral,
também com predomínio de sintomas ligados ao sistema nervoso central. Nutre a
medula e o cérebro, tratando com eficácia, as tonturas, zumbidos, memória fraca.

O Du mai faz expelir tanto o vento interno, quanto o vento externo, por isso
pode ser tratado convulsões, eplepsias, opistótono (posição anormal
34

causada por fortes espasmos musculares), rigidaez na coluna, tontura,


torcicolo, tremores, vertigem, alucinação etc. (Inada, p. 41, 2000).
Este vaso nutre a medula nervosa e o cérebro, por isso é tão benéfico a
tadas as afecções ligadas á coluna ao longo de suas vértebras e aos sintomas
característicos dos desequilíbrios mentais.
Acionar o canal do Vaso Governador é fortalecer os ossos, pois tonifica o
yang dos Rins, como também tonifica o Yang do Coração, vitalizando suas funções,
a dos Rins, do Coração e também a do Baço. O Baço fortalecido, evita as ptoses
dos órgãos e vísceras. O Du mai “Dispersa o frio e umidade, expele o vento externo
e interno, fortalece e acalma a mente e o espírito(...), muito eficaz na lombalgia
crônica, com irradiação para o baixo ventre, decorrente de deficiência de Yang dos
Rins.” (Inada, p. 18, 2000). O sintoma característico do Du mai, em relação à coluna,
pode ser avaliado também, quando o paciente sente cervicalgia, especialmente da
sétima vértebra cervical, e a dorsalgia com sensação de queimação nas costas.
A rigidez na coluna vertebral como um todo, indica plenitude energética
ou excesso, e a sensação de cabeça vazia, indica deficiência de energia nesta
região, por isso o vaso beneficia tanto o excesso quanto a deficiência enegética,
pois trata a falta de memória, dores e afecções na cabeça, como também doenças
que se mostram como resultado a rigidez nas vértebras da coluna.
Outros sintomas que podem ser tratados com o Du mai, por ele também
combater o frio e a umidade são: amigdalite, conjuntivite, corrimento nos olhos,
lacrimejamento, tosse com secreção abundante, extremidades frias, etc.
Seu ponto de abertura está situado no ponto ID3, fazendo par com seu
acoplado, o B62. Seu trajeto, “ começa na ponta do cóccix, sobe pela linha mediana
posterior ao longo da coluna vertebral, depois pelo crânio, fronte, nariz, lábio
superior e termina na gengiva maxilar superior. Comanda todos os meridianos Iang e
daí também ser chamado de “Mar dos meridianos Iang”.( Cordeiro, p. 28, 2009)
Fig. 7 – Vaso Du mai e seu trajeto

Fonte: Inada, p. 17, 2000


35

O primeiro canal Yin é o Rem mai, cujo ponto de abertura se encontra no


P7, e tem como acoplado o ponto do Meridiano dos Rins, o R6. Este é o primeiro
canal Yin e o quinto trigrama, chamado Sun, o Suave, com uma linha partida ou
linha de contração e duas linhas de expansão ou contínuas.
Retomando o significado do trigrama, segundo o I Ching, de Wilhelm, este
trigrama simboliza a suavidade. Ela, esta forma suave, representação do trigrama se
torna poderosa, exatamente por penetrar profundamente e atingir sua plenitude
através da leveza e da brandura na sua ação:

Sob o signo da suavidade tudo atinge a sua plenitude. Sun, o Suave, implica
a idéia de penetração. Neste caso, isto significa que as coisas se realizam.
Quando desponta o dia, a vida vem ao nosso encontro, tornando-se
novamente realidade. ( Wilhelm, 1995, p. 17).

É como se ao despertar o dia, as coisas reaparecem novamente e


voltamos a direcionar nossos interesses para elas. “... as coisas afinal perdem
temporariamente sua realidade, e voltam a recobra-lá, ao projetarmos outra vez
nosso interesse sobre elas, incutindo-lhe novamente importância subjetiva”(...) se
conseguimos nos desinteressar completamente por um objeto, ele deixa de existir
para nós. (Wilhelm, 1995, p. 17).
É curioso perceber, que, se reconstrói tudo a partir das mudanças do
interesse e da atenção que é dada ao alvo ou ao objeto dos interesses das
escolhas. É vital a coerência com as escolhas, caso contrário haverá desequilíbrio.
Ainda, o símbolo do trigrama direciona o foco no seu poder, na antítese da sua ação
de ser Suave. Tratar o desagradável com a fortaleza da suavidade.
Rem mai é o canal do Vaso Concepção, portanto tem ação diretamente
ligada aos segmentos geniturinário, na região que percorre do VC2 ao VC9,
digestivo do VC9 ao VC15 e o respiratório que inicia no VC15 até VC24.
Rem mai possui confluência com todos os canais de polaridade Yin dos
meridianos principais, e tem o significado de responsabilidade, cargo e função.
Como o próprio nome diz (Vaso da Concepção), ele é o canal responsável por
conceber, gerar, engravidar. O termo conceber, gerar, requer grande
responsabilidade e, equilíbrio para perpetuar a própria vida. Pode-se fazer uma
analogia simbólica com o seu trigrama, em relação às responsabilidades de cuidar e
de arcar com as suas próprias escolhas de gerar e conceber. Inada relata aqui as
importantes funções do Rem mai:
36

O Rem mai tem a função de regular o Qi e o sangue de todos os canais Yin


do corpo e por isso é denominado o mar dos canais Yin. Regula o sistema
reprodutor feminino, portanto controla o útero, o fluxo menstrual e a
gestação. O feto só pode ser bem nutrido quando o Qi e o sangue fluem
livremente no Rem mai e também quando o Qi e o sangue se encontram em
plenitude no Chong mai. ( Inada, 2000, p. 27).

O Rem mai regula também o sistema reprodutor masculino, portanto pode


ser utilizado nas afecções do pênis, como também em dores nos testículos. O gerar
é potencialidade e responsabilidade tanto dos órgãos feminino, quanto dos órgãos
masculino, portanto os benefícios de reequilíbrio do Rem mai não poderiam deixar
de alcançar os órgãos reprodutor masculino também.
O vaso Rem mai vai além das funções de tratar os órgãos reprodutores.
O seu trajeto passa pelo epigastro, e tem influência de reequilíbrio na digestão.
Continuando pelo seu trajeto, ele vai até as funções respiratórias, com grande
influência no tratamento das afecções deste sistema.

O Rem mai também controla o sistema respiratório e tem influência sobre


asma, bronquite, rinite, sinusite, etc, que são sintomas essenciais. Os
abcessos da boca e afta na língua também são tratáveis pelo Rem mai, que
são explicáveis pelo fato do seu ramo secundário contornar a boca antes de
terminar no olho. As funções mais importantes do Rem mai são na
tonificação do Qi dos Rins, Yin dos Rins e Yang dos Rins.
Ainda remove a umidade da parte inferior do abdomem, assim como a
estagnação do Qi do Pulmão, Coração, Fígado, Baço, Estômago e Útero.
( Inada, 2000, p. 27)

Os benefícios deste vaso abrangem todos os principais órgãos internos,


reequilibrando a comunicação entre eles, para reatar o trabalho conjunto na sua
harmonia para o todo energético.
No Rem mai há predominância de sintomas ligados ao sistema
respiratório e sistema digestivo(...).
O Rem mai nutre o Yin Qi do organismo, bem como tonifica o sangue, por
isso serve para tratar amenorreia, dismenorreia, dor nos testículos,etc. ( Inada, 2000, p.
44-45). Na relação de sintomas tratáveis pelo Rem mai, encontramos outras afcções
como: aborto, astenia, convulsões infantis, diabete, dispepsia (indigestão), dispneia
(falta de ar), esplenomegalias ( aumento do Baço), hidrocele ( acúmulo líquido
testículo), síndrome da menopausa, sudorese noturna, tumores no seio e outros.
Seu trajeto se inicia:
37

entre as partes genitais e o anus; sobe pela linha anterior do abdome e


tórax para terminar no queixo(...) a tradição afirma que sua origem está nos
rins (provavelmente nas supra renais)seguindo um trajeto interno daí até o
aparelho genital e o períneo (...) ( Cordeiro, 2009, p. 27).

A tradição revelou um trajeto interno, porém o trajeto externo é o trajeto


que referencia os tratamentos das regiões por onde ele passa.
Fig. 8 – Vaso Rem mai e seu trajeto

Fonte: Inada, p. 26, 2000

O sexto vaso do octograma, o segundo vaso Yin, o trigrama nomeado


K’an, o Abismal, tem uma linha de expansão no meio e duas de contração nas
extremidades. Seu ponto de abertura está localizado no Meridiano dos Rins, o R6.
Tem como seu acoplado o ponto do Meridiano do Pulmão P7. A Sabedoria do I
Ching, interpreta com maestria, através de Wilhelm, que a filosofia deste trigrama
mostra que nas profundezas abismais do arquivo do inconsciente ele vai viajar,
assim que a noite permitir.

Este é o lado noturno da vida, quando o dia se torna incorpóreo, e o homem


recolhe a colheita no abismo do inconsciente(...) e o que aqui é elaborado
no mundo exterior é acumulado no tabernáculo dos sonhos, convertendo-se
em sonho, projetando-se logo numa forma transmitida ao subconsciente.
( Wilhelm, 1995, p. 22)

O trabalho da noite se elabora nos abismos dos sonhos, com o material


que é dado pelo trabalho do dia. Este dia proporciona a noite, a qual ninguém mais
pode interferir, a não ser o autor dos seus próprios sonhos. “ Agora há simplesmente
a receptividade, porém não uma receptividade inerte, e sim aquela estimulada pela
vivência do dia. E quando no decorrer deste dia, houver algo valioso, o valor
continua a existir.” ( Wilhelm, 1995, p. 23).
Mas ele também sobe nas alturas do Céu, expressa o I Ching, no
38

exemplo das águas que sobem como vapor, para formar as nuvens e novamente
retorna através da chuva para as profundezas de onde emergiu. “ A água em
movimento ascende ao céu e desce do céu, em perpétua mutação. É a cachoeira
que se precipita nas profundezas e, pulverizada, eleva-se convertida em nuvem,
para voltar a cair como chuva. É o abismal enquanto não conhece limitações ou
fronteiras, a se preciptar nas profundaezas, sem hesitar.” É um surpreendente
processo de autodescobrimento através das viagens de idas e vindas, do mundo
consciente ao mundo do inconsciente, como uma verdadeira poesia da vida.
Segundo Inada, o sintoma essencial, quando há desequilíbrio desre vaso
chamado Yin qiao mai, é a sonolência, motivada pela plenitude do Yin no Yin qiao
mai(...) Se houver um excesso de Yin, haverá excesso de umidade, e assim as
pálpebras ficam pesadas e ter-se-há dificuldade em abrir os olhos(sonolência).
Neste caso, devido ao excesso de Yin, o Yang se debilita(...) (Inada, 2000, p. 21.).
Desta forma o Yang não consegue atuar, dando o lugar para uma espécie de auge
do Yin, o que advém a sonolência irresistível. Quando este trigrama do I Ching
mostra que, para buscar o equilíbrio, há que intermediar o sono, para adentrar os
abismos do sonho, há também que retornar para o dia, e realizar as ações
saudáveis e íntegras. A sonolência em seus excessos, seria o desequilíbrio da ação
que resiste em se realizar, para o trabalho do despertar às próprias edificações.
Para tratar o Yin qiao mai, em distúrbios do sono, como a sonolência e
que tem relação com os olhos pesados, tratar o R6 em sedação e o B62 em
tonificação. O contrário também se dá em caso de insônia, inverte o movimento das
agulhas, quando os olhos não querem se fechar. Em considerando a ligação deste
vaso com os olhos, pois o “B1 é acuponto de encontro com o Yin qiao mai e o Yang
qiao mai(...) pode ser utilizado para auxiliar no tratamento de distúrbio da visão(...).
Tem ação sobre o abdômen, assim pode ser utilizado para o tratamento
de abortos, distúrbios urinários (cistites), dor pélvica, etc. ( Inada, 2000, p. 43). A
predominância dos sintomas a serem tratados pelo Yin qiao mai, está nas
alteraçõea situadas na região do abdômen inferior, problemas na região
genitourinária como: espasmos da bexiga, dor pós parto, nefrite ou doenças de
origem renais. As debilidades física em geral, como: astenia, anemia, fraqueza geral,
apatia, abortos frequentes, fibromialgia em mulheres, impotência e outros.
“O Yin qiao mai e o Yang qiao mai são responsáveis pela coordenação
dos movimentos dos membros inferiores. A torção do tornozelo com inversão do pé
39

está relacionada com o distúrbio da energia do Yin qiao mai(...)“ (Inada, 2000, p.
21,).
Segundo Inada, os sintomas de fibromialgia, como dores de localização
imprecisa, as que mudam de lugar no corpo, podem ser tratadas com Yin qiao mai
nas mulheres e com Yang qiao mai nos homens.
O Yin qiao mai pode ser perturbado pela energia perversa, provocando
dores na lombar, as quais irradiam até o pescoço. Pode provocar visão embaçada
por excesso de umidade:

Podem surgir edemas parciais ou localizados no corpo, devido ao acúmulo


de líquido por excesso de Yin no organismo, bem como ocorrer aumento de
peso corporal de um dia para o outro, o que não deve confundir com o
ganho de peso (obesidade) ( Inada, 2000, p. 22).
Seu trajeto começa no ponto R2, dirigindo-se em seguida para o R6 e R8;
sobe pela face interna da perna e da coxa e penetra no aparelho genital só
aparecendo em superfície no ponto E12 e daí para o E9, vai à face e
termina no canto interno do olho no ponto B1. (Cordeiro, 2009, p. 29)
Fig. 9 – Vaso Yin qiao mai e seu trajeto

Fonte: Inada, p. 22, 2000


O sexto trigrama do octograma vislumbrado por Fu Xi, a Montanha, ou
quietude O terceiro vaso Yin, tem seu ponto de abertura no acuponto CS6, cujo
acoplado se encontra no Meridiano Baço Pâncreas, BP4. Segundo o professor Roa
Morales ( Módulo 7, MTC, 2012), o canal Yin wei mai, representado pelo trigrama
chamado a Montanha, tem o seu significado como sendo o momento da conquista
da serenidade interior da pausa e da calma. Deve permitir que o coração esteja em
totalidade consigo mesmo, captando o uno ou a totalidade harmoniosa. Desta forma,
o coração pode desenvolver um estado ampliado de consciência, um estado de
equilíbrio, o encontro da pausa e da calma, e projetar equilíbrio na estruturação da
personalifdade. Compreende-se que este estado permite alcançar o equilíbrio do
Shen (coração ou espírito).
Segundo Elisabeth Rochat, o coração é o ponto de encontro entre o céu e
a terra,
40

(...) como se tivéssemos num aeroporto onde são recebidos os amigos e


parentes que descem do céu. As essências provenientes do pai e da mãe
se encontram num abraço que estrutura os seres dentro da espécie.
Aparecem então os Espíritos que guiam a vida. (Rochat, 1992, p. 18).

Para a psicologia dos chineses, o coração é o centro vital, o soberano, o


governador de todos. Um desequilíbrio no coração ou no Shen (espírito), é capaz de
realizar um efeito em cadeia, desequilibrando todos os outros vasos do corpo.
O vaso Yin wei mai é o reequilibrador dos transtornos do coração. Segundo
Wilhelm, o trigrama, a Quietude, no profundo significado filosófico chinês, “...é o signo do
Nordeste, onde se realizam o princípio e o fim de todas os seres. Na China, o Nordeste
tem uma conotação misteriosa, pois é justamente o lugar da vida e da morte” ( Wilhelm,
1995, p. 23). Cultuou-se como sendo o local, em seus templos sagrados, de encontro
com o final e o novo começo, ou seja, a noite e o novo dia, um ciclo que morre com outro
que nasce ou, o encontro da própria vida com a morte.

E (...) passamos do dia normal, que dura 24 hs, ao dia de uma vida, e
vislumbramos aqui a essência do pensamento chinês: a vida concebida
como um dia, que se molda gradualmente, que encontra seu campo de
ação, que precisa justificar-se, que colhe os seus frutos para desembocar
nessa Quietude misteriosa na qual passado e futuro se tocam. ( Wilhelm,
1995, p. 23)

Esta passagem simbolizada na quietude da montanha, o momento de


transição, do término de um ciclo para o início de novo ciclo. O instante é de
transformação, sempre no contexto da idéia de transmutação, porém o início de um
novo ciclo, carrega consigo a herança do seu interior, do seu centro, enriquecido
com as experiências do ciclo anterior.

Se ao ingressar na mutação, o homem consegue, mesmo assim, manter o


centro, o seu eixo dentro da mutação, ele pode perfeitamente elevar o
transitório ao eterno, criando uma obra que, mediante a evolução, e a
subsequente involução, contenha uma tensão. ( Wilhelm, 1995, p. 24).

Para o entendimento do sentido filosófico desta passagem, se intercalam


dois momentos na vida: o de união com a sua quietude interior e o momento de
oposição, em que a própria vida do dia a dia, exige sair da quietude unificadora, para
o trabalho de um movimento exterior ou de tensão. Até que se alcance um tempo
além das fronteiras do tempo linear: “E o tempo já não é mais mero fluir, porem se
transforma em Kairos ( tempo qualitativo da união e do eterno), um tempo imbuído
de sentido, capaz de se impor diante da eternidade, projetando-se como momento
41

na realidade” ( Wilhelm, p. 24, 1995).


O trigrama da Quietude tem claramente a sua finalidade de acalmar a
mente e o coração, em todos os seus transtornos emocionais da vida do dia a dia. “
Quando o Yin wei mai está doente, o paciente sente dor cardíaca(...), observa-se
uma predominância de sintomas relacionados com alterações psicoemocionais”
( Inada, 2000, p. 41)
O Vaso Maravilhoso Yin wei mai conecta com todos os canais Yin e também
coordena todos eles. Ele passa pelos canais do Baço, Fígado e o Vaso concepção.
Quando estes vasos estão desequilibrados, significa que todas as energias Yin do
corpo estão também afetadas. Segundo Inada, “isto se dá em consequência do conflito
entre o Yin e o Yang(...). O sintoma essencial do distúrbio do Yin wei mai é a presença
de dores toráxicas com sensação de aperto no tórax ou plenitude torácica(...)” ( Inada,
1995, p. 19). Ele remove estagnação de Qi e sangue na garganta, coração, peito e
região epigástrica, equilibra o Coração, Rim e acalma a mente. Tonifica o sangue e o
Meridiano do Coração, por isso o bom efeito em dor cardíaca e opressão torácica.
Alguns dos principais sintomas a serem tratados com Yin wei mai são: agitação mental,
ansiedade, apreensão, confusão mental, depressão, dor cardíaca, lamentações, fobias,
inquietude, irritabilidade, riso nervoso e outros.
O seu trajeto “ começa no cruzamento de todos os Yins, R9 e continua
seu trajeto através dos pontos BP13, BP15, BP16, F14,, VC22 e VC23.” ( Cordeiro,
2009, p. 30)

Fig. 10 – Vaso Yin wei mai e seu trajeto

Fonte: Inada, p. 20, 2000

O último vaso do octograma, e o quarto vaso yin, tem o seu ponto de


abertura no acuponto do Meridiano Baço Pâncreas, BP4, e tem como seu acoplado
o CS6. O Chong mai é classificado como sendo o vaso que expressa a polaridade
42

máxima de Yin. O seu trigrama é representado por três linhas de contração, o K’um,
significa, como é chamado o Receptivo.
Este trigrama representa a receptividade da Terra e é o nutridor de nossa
essência vital Yin,

( ..).deixa que sirvam uns aos outros no signo do Receptivo (...), tão logo
sujeito e objeto estabeleçam uma relação mútua, ocorre uma prestação
recíproca de serviços na comunidade, através da qual as coisas são
alimentadas, alcançando a plenitude da vida. ( Wilhelm, 1995, p. 20).

Este trigrama sai da significação exclusivamente cósmica, para se


estender também ao significado psicológico expresso na relação humana da vida em
comum. Sempre tem alguém para executar a tarefa com o outro, mesmo que este
alguém não esteja presente. “ (...) em época de profunda solidão, Confúcio viveu em
comunidade com o duque de Chou, com quem estava cronologicamente separado
por mais de cinco séculos” ( Wilhelm, 1995, p. 20). Wilhelm está se referindo à
presença do duque de Chou, como uma herança de influência de ideias que o duque
deixou para os séculos porvindouros.
Continua Wilhelm,

(...) não se deve ser demasiado seletivo no que se refere àqueles que se
tornam nossos subordinados a fim de determinar determinado trabalho. Se
nada lograrmos conseguir dessas pessoas, pior para nós!(...) captar sua
essência, precisamos aprender a descobrir seu ponto acessível, lograr-se-á
assim um trabalho de maturidade. ( Wilhelm, 1995, p. 20).

A filosofia educativa, presente na visão dos sábios chineses, em que o


outro sempre possui o seu valor, mesmo que não consiga ainda mostra-lo.
A receptividade da Terra simbolizada neste trigrama, aliada à ideia da
comunidade e sua relação educativa, e a finalidade primordial, como o
enriquecimento e transformação do todos os seres manifestos.
O Chong mai, segundo Dr. Roa Morales ( Módulo 7, MTC, 2012), nutre o
sangue, nutre as matrizes da vida no corpo, nutre o útero, é eficaz em problema de
fertilidade no homem e na mulher. Nutre o canal principal do Meridiano do Rim, tem
relação com os canais principais do Rim, do Estômago e órgãos Baço e Coração.
Favorece a constituição do mais Yin e do mais denso do corpo.
O Chong mai é responsável pelo transporte da energia ancestral dos
Rins, bem como de energia nutritiva (Yong) e de defesa (Wei) (...) O Chong é
considerado o mar do sangue dos doze canais principais de energia e seu acuponto
43

de transmissão é o VG14. ( Inada, p. 24, 2000).


Partindo do princípio de que o Chong mai é o mar do sangue, há uma
verdadeira nutrição enegética, com benefícios consideráveis para o corpo mais denso.
Em consequência destes benefícios nutricionais ao mais denso do corpo, as energias
defensivas são naturalmente acionadas, “(...) trata a estagnação de Qi e de sangue no
abdômen e tórax. Por isso é indicado para amenorreia, distensão abdominal, plenitude
torácica, menorragia ( menstruação abundante), etc. O Chong mai movimenta o Qi e o
sangue, removendo as obstruções”. ( Inada, 2000, p. 24 e 44). A obstrução de prisão de
ventre, por exemplo, indica que o Qi na região abdominal do Chong mai está
comprometido. (...) quando há secura na boca e no nariz, o Qi no segmento
comprometido é o ramo facial. Se surge dor no hálux, dedo maior do pé, com sensação
de frio nos pés, o Qi do ramo descendente está afetado.(Inada, p.24) .
Cordeiro explica sobre este vaso em relação ao seu significado como
vaso dos ataques, ou as crises como:

A palavra ataque deve ser entendida como significando crise: de nervos, ou


de dores, ou de circulação, ou de motricidade ou de excitação. Assim sua
deficiência se manifesta por tudo que é espasmo, contração e outros
excessos da energia Iang. Nos casos de excessos deste vaso há fraqueza
dos órgãos abdominais, insuficiência de regras, atonia nervosa e motriz.

Sintomas que indicam estagnação ou desorganização do Qi, e que estão


localizadas na região abdominal, com dores nesta mesma região, como também na
região torácica, são sintomas de maior frequência nos distúrbios do Chong mai. A
estagnação do Qi, também no sistema digestivo, como plenitude gástrica,
flatulência, eructações ( vulgo arroto), gastrite, borborígmo, constipação atônica,
hiperacidez e outros sintomas ligados aos distúrbios do Qi do Coração, como
taquicardias e hipotensão, arritmia, angina no peito e outros. A dor lombar com
dificuldade de flexão e extensão com impressão de perda de equilíbrio, indicando
estagnação e desorganização do Qi, são sintomas também de acometimento do
Chong mai.
Segue o seu trajeto, segundo Orley,

no ramo ventral ou anterior se superficializa no E30 (Qi chong) e segue para


o R11, a partir daí segue o MP do Rim bilateralmente a meio tsun do VC
lateralmente, até o pescoço, então cruza a mandíbula até o E8, cruza a face
em direção em IG20 contornando superiormente M orbicular dos lábios.
( Dulcetti, 2001, p. 168)
44

Fig. 11 – Vaso Chong mai e seu trajeto

Fonte: Inada, p. 24, 2000


45

CONCLUSÃO

O exercício realizado neste trabalho, teve como abordagem ampla, a


análise dos princípios básicos do Taoísmo, para entender de forma coerente o
aspecto filosófico de todas as vertentes dos tratamentos abordados pela Medicina
Tradicional Chinesa. Em especial o tratamento pela Acupuntura através dos Vasos
Maravilhosos e a relação filosófica tradicional com seus trigramas. É uma pequena
porta que se abre para aprofundar o estudo amplo e rico, da relação entre a filosofia
da sabedoria milenar chinesa expressa nos trigramas do I Ching. Neste contexto, é
possível vislumbrar como os princípios filosóficos são atuantes, para uma
compreensão mais ampla e surpreendente, no efeito que se pode obter no
tratamento com as agulhas através dos seus Vasos Maravilhosos.
Basicamente, não se poderá furtar do que há de essencial no estudo de
qualquer pilar da Medicina Tradicional Chinesa, que é a compreensão do Taoísmo e
suas bases filosóficas. O estudo do Taoísmo é o tratado essencial para o estudos
dos trigramas e do I Ching. Pesquisar qualquer segmento da Medicina Tradicional
Chinesa, sem atentar para as suas raízes filosófias, raízes estas que sustentam este
grande edifício de tratamentos milenares, é como se sentar sob o imenso Sol que
ilumina a Terra, e não sentir o calor dos seus raios vitalizantes e curadores.
A limitação de tempo e espaço para o desenvolvimento do presente
trabalho requer continuidade das pesquisas, para o aprofundamento das idéias
propostas neste trabalho e a promessa de sua extensão. Extensão das pesquisas
para aprimorar a experiência e as vivências nos tratamentos e estudos de casos.
O estudo dos Vasos Maravilhosos, conectados com a compreensão
filosófica dos seus trigramas, abre um horizonte bem amplo para a abordagem
coerente com as origens e fontes primordiais das tradições milenares chinesas. Os
Vasos Maravilhosos acessam estas origens nestes aspectos, como sendo o portal
das energias ancestrais, nutridoras e defensivas, como também os representantes
das matrizes destes mesmos trigramas milenares.
46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORDEIRO Ary, Acupuntura Elementos Básicos, São Paulo, Pólis, 2009.

DONATELLI Sidney, Taoismo HD por Dene Santos Sampaio, www.youtube.com\


watch . Último acesso 11\04\2015

DULCETTI Orley, Pequeno Tratado de Acupuntura Tradicional Chinesa, São Paulo,


Andrei, 2001.

INADA Tetsuo, Vasos Maravilhosos e Cronoacupuntura, São Paulo, Roca, 2000

MORALES Hector, Módulo 7. Medicina Tradicional China, Um Camino de Luz e


Sanación. Disponível: www.youtube.com\watch. Último acesso 11\04\ 2015

ROCAT Elisabeth, Os Movimentos do Coração, São Paulo, Cultrix, 1992.

SOUZA Cristiane, Estudo da Correlação entre os oito Vasos Maravilhosos e os oito


Trigramas, Monografia, São Paulo, 2006, orientador Prof. Dr. Orley Dulcetti

TSÉ Lao, Tao Te Ching , São Paulo, Martim Claret, 2003

WILHELM Richard, A Sabedoria do I CHING, São Paulo, Pensamento, 1995.

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LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamasso. Procedimentos
metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica.
In: Rev. Kátal. Florianópolis v.10, nº. Esp., 2007.

MINAYO, Maria Cécilia de Souza (Org.) Pesquisa social: teoria, método e


criatividade. 24 ed. Petrópolis: Vozes, 2009

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