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VIAS DE COMUNICAÇÃO 2
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1- PREÂMBULO
2- ESTUDO PRÉVIO
2.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
O Estudo Prévio, integrado no projeto de uma estrada, não tem como missão fornecer
elementos definitivos, nem a pormenorização necessária, quer à execução da obra quer à
fiscalização da sua construção. Na realidade o seu objetivo primordial é o de apontar
uma ou várias soluções alternativas para o traçado, com as respetivas estimativas
orçamentais, de modo a permitir ao dono da obra a opção fundamentada por qualquer
delas. Evidentemente que o traçado escolhido será ainda sujeito a acertos na fase de
Projeto de Execução, mas atendendo à exigência atual em relação aos Estudos Prévios,
estas alterações serão usualmente pequenas, ou seja, não sairão de uma faixa de 400m
centrada no eixo desse estudo preliminar.
Sendo uma etapa onde se não exige pormenorização, mas pelo contrário um trabalho
abrangente de vastas áreas, o estudo do traçado deverá ser efetuado em escalas
pequenas. Embora as disposições normativas da J.A.E. refiram as escalas 1:5.000,
1:10.000 e 1:25.000, as duas últimas caíram em desuso pelo facto de não permitirem
rigor suficiente. Note-se ainda que em certos casos, embora raros, de estudos para
importantes itinerários (normalmente auto-estradas) em que existiu previamente um
Programa Base, no qual a diretriz foi estudada à escala 1:5.000, o Estudo Prévio deverá
ser executado à escala 1:2000, que frequentemente é utilizada em Projeto de Execução.
É nesta fase do trabalho que intervêm os estudos de tráfego para fixação do perfil
transversal a adotar. Têm também um papel importante, e até condicionante na escolha
do traçado os estudos geológico-geotécnicos, paisagísticos e de impacto ambiental.
Fazem ainda parte deste trabalho os estudos hidrológicos e de impacto regional e
económico que poderão assumir-se como relevantes na escolha entre as várias
alternativas estudadas pela equipa projetista.
3
2.2- SEQUENCIA DOS TRABALHOS
2.2.1- ESTUDOS DE TRÁFEGO
É absolutamente independente dos Estudos de Tráfego, pelo que pode ser executado em
simultâneo. É uma tarefa que compete quase exclusivamente ao engenheiro rodoviário.
Consiste na primeira tomada de contacto com a região interessada pelo futuro traçado
da estrada. Usualmente terá componentes de trabalho de gabinete e de campo. A sua
primeira etapa será ocupada pela recolha de toda a cartografia existente (por exemplo
nas Câmaras Municipais) e na maior escala possível e ao estabelecimento de diálogo
com os técnicos autárquicos para conhecimento dos condicionamentos existentes.
Com essa cartografia é assim possível começar a idealizar em gabinete traçados
possíveis para a futura estrada. É frequente não se encontrar cartografia atualizada,
digitalizada e à escala adequada. Em qualquer caso haverá então que percorrer a região,
observando “in loco” os diversos acidentes do terreno que escapem à representação
cartográfica, quase sempre desatualizada que foi possível encontrar, e verificar ainda até
que ponto o mapeamento é condizente com a ocupação do solo prevalecente. É assim
possível fazer atualizações aproximadas da carta e ir aperfeiçoando em gabinete as
diversas opções para os traçados em planta, e visto que as curvas de nível nos permitem
conhecer a configuração do terreno, ajustar possíveis traçados em perfil.
É importante constatar que o reconhecimento topográfico não é uma operação isolada,
antes um conjunto de diligências que vão desde a obtenção de possível cartografia
preexistente até à observação “in loco”.
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Mais importante ainda é afirmar que os traçados assim esboçados são apenas
aproximações relativamente grosseiras, e o seu objetivo não é o de alcançar soluções
mias ou menos perfeitas, mas antes confirmar a viabilidade geométrica do lançamento
do traçado em corredores relativamente largos.
A largura desses corredores, em fase de Estudo Prévio, pode variar entre 500m e 1km e
a sua escolha permite:
Note-se que a posse da cartografia da zona, ainda que a boa escala, nunca dispensa o
percurso ao longo da zona potencialmente interessada pelo futuro traçado.
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Para que um objeto tridimensional possa ter uma representação plana usam-se métodos
convencionais para a altimetria, sendo os mais comuns, os pontos cotados e / ou as
curvas de nível.
Os métodos clássicos de cartografia usam os taqueómetros (ou os seus descendentes
mais poderosos) que permitem a medição de ângulos e distâncias entre um ponto
estação e os pontos que pertencem ao contorno do objeto que nos interessa representar.
Em gabinete, esses ângulos e distâncias (à escala) podem ser marcados no papel (ou no
disco do computador) permitindo assim uma lenta construção das cartas. Importa aqui
referir que este método de representação clássica, é bastante rigoroso, mas também
muito lento e, portanto, incompatível com os prazos que são usualmente destinados ao
projeto de estradas.
Ao contrário de outras obras de engenharia, que por terem implantação mais pontual,
não exigem grandes áreas de levantamento, as estradas ( e os caminhos de ferro) por
serem obras lineares de grande extensão demandam enormes extensões de plantas de
terreno correspondentes a faixas longitudinais com o mesmo desenvolvimento do
traçado e larguras médias significativas (atrás referiu-se 500 a 1000 metros em Estudo
Prévio em rodovias). Esta maior ou menor largura das faixas ou corredores está ligada
ao grau de liberdade de seleção de traçados diferentes, uma vez que quanto mais
diretrizes sejam analisadas melhor será a solução final selecionada.
É exatamente a grande dimensão dos levantamentos em vias de comunicação que levou
à utilização de metodologias mais rápidas para a obtenção de cartas. E é aqui que entra
o uso da fotografia aérea na obtenção de cartas, permitindo medições no plano
horizontal, mas também no plano vertical através da combinação de duas tomadas de
vista de cada ponto e da medição das respetivas paralaxes.
2.2.3.2.2- AEROFOTOGRAMETRIA
2.2.3.2.2.1- RESUMO
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2.2.3.2.2.2- 1ª FASE – OBTENÇÃO DE FOTOGRAFIAS
Uma fotografia que tenha sido obtida em condições cuidadas não é mais do que uma
perspetiva do objeto representado. O centro de projeção é o centro da objetiva e o plano
do quadro coincide com o plano da chapa (Fig. 1).
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Fig. 2 Fotografias de objeto irregular
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Fig. 3 – Fotografia aérea nadiral
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Fig. 4 – Sobreposição de fotografias aéreas
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Fig. 5 – Paralaxes para determinar cotas
b. f
H
p
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Fica:
b f
dH d p
p2
b f
ou, como p , resulta:
H
H2
dH d p
b f
ou ainda:
dH = - c d p
onde:
H2
c
b f
Representa uma constante, desde que nos cálculos se entre com a altura média de voo H
e esta possa-se considerar como sensivelmente constante.
A igualdade dH = -c d p mostra, portanto, a existência de proporcionalidade dos
desníveis entre dois pontos com as diferenças de paralaxe observadas, em tais
condições.
Na prática do método tem importância fundamental o valor a atribuir a c. Vejamos,
pois, quais os processos de que se dispõe para determinar esse valor.
A constante c é dada pela expressão anterior, mas nela H e f não são independentes pois
se encontram ligados pela relação.
1 f
n H
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n
c f , em que b’ é a base reduzida à escala:
b'
b = n.b’
H
c
b'
f .n
c (como já tínhamos visto).
b'
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2.2.3.2.2.3- APOIO DE CAMPO
2.2.3.2.2.4- RESTITUIÇÃO
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Fig. 6A – Base coordenada à escala pretendida
2. Nesta base serão marcados os pontos cujas coordenadas exatas foram calculadas
após o apoio de campo
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Fig. 6C – Sobreposição fotografia/planta
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2.2.4- ESCOLHA DO TRAÇADO EM PLANTA E PERFIL
LONGITUDINAL
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2.2.5.2- RECONHECIMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
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2.2.5.3- PROSPEÇÃO GEOFÍSICA
A segunda fase do estudo G-G é a prospeção. Que pode ser geofísica ou mecânica.
A primeira aplica princípios da física ao estudo da terra e permite a obtenção de dados
de profundidade através de trabalhos feitos à superfície.
De entre estes métodos saliente-se o de refração sísmica por ser o mais utilizado em
estradas. Este método, baseando-se no principio de que em meios diferentes as ondas de
choque, provocadas por uma pequena explosão, se propagam com diferentes
velocidades, dá informações tais como: espessura de estratos e seu estado de alteração,
presença de falhas, grau de ripabilidade (maior ou menor facilidade no desmonte do
material, podendo até prever-se a necessidade do recurso a explosivos).
É um método de prospeção indispensável em qualquer estudo de estradas nacionais, e
que pelo volume de informação que fornece (já bastante aproximada) se torna num meio
económico. É aplicado em zonas de escavação.
Este segundo tipo de prospeção, que implica penetração direta no terreno, é, em geral,
na fase de Estudo Prévio, limitado à recolha de amostras remexidas por utilização do
trado e a ensaios com o penetrómetro dinâmico ligeiro.
Sobre as amostras remexidas serão efetuados ensaios laboratoriais de identificação e
classificação do solo e ainda os ensaios Proctor e C.B.R. (nesta fase sobre número
limitado das amostras recolhidas). O penetrómetro dinâmico ligeiro, utilizado em zonas
de aterro (baixas) permite, por correlação entre a resistência de ponta encontrada e a
tensão de rutura dos solos, prever de uma forma sumária as suas características de
resistência. O trado, para além da colheita de amostras remexidas, permite avaliar a
possança da terra vegetal e a posição do nível freático (que pode ser também observado,
com vantagem pelo nível de água nos poços).
Com estas três fases, a parte de campo e laboratorial de estudo geológico-geotécnico
está completa. Se tal não tiver sido já feito apenas com o reconhecimento de superfície,
o traçado (ou traçados caso existam alternativas) escolhido(s) pelo engenheiro
rodoviário pode(m) sob o ponto de vista geológico-geotécnico passar a definitivo(s), ou
então sofrer alterações que naturalmente implicam repetição parcial do estudo do
traçado nos locais onde houve necessidade de o modificar.
Nesta fase de Estudo Prévio o Estudo Geológico-Geotécnico permite:
- determinar uma boa localização da estrada (ainda que aproximada) quanto à
diretriz e quanto à rasante;
- dar ideia aproximada das inclinações a adotar para os taludes, embora sujeitas a
alterações pontuais na fase de projeto;
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- pré-dimensionar o pavimento;
- fazer desde logo uma previsão da quantidade de material rochoso em relação ao
qual haverá necessidade de utilizar explosivos para o seu desmonte (sujeito a
confirmação e ampliação em Projeto de Execução);
- situar o nível freático;
- estimar a espessura de terra vegetal nos diferentes locais,
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Fig. 7 – Planta Geológica e Perfil Geotécnico – E.P.
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Verifica-se também a presença, nas zonas baixas de material aluvionar (Q/A1).
São ainda indicados os locais exatos onde se procedeu à prospeção:
- penetrómetros dinâmicos ligeiros (PD nº26 a nº29);
- perfil sísmico (Psi 11);
- trado com recolha de amostra (Tr 15).
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permanentes e temporários), introduzidos pelo projeto, sua quantificação, ou seja
predição da sua magnitude e avaliação do seu significado (importância), tanto na fase de
construção como de operação.
Serão estudados os diferentes tipos de impactes, cobrindo os tópicos que se discriminam
em seguida, sem prejuízo de outros que se venham a revelar necessários, e a sua inter-
relação entre os fatores mencionados. Segue-se a listagem recomendada de marcadores
ambientais feita pelo Caderno de Encargos Tipo das Estradas de Portugal S.A.:
a) Geologia
- Eventual destruição de caracteres geológicos de interesse especial
- Potencialidade de ocorrência de deslizamento de terras, tremores de terra,
avalanches e outros acidentes e efeitos subsequentes
- Problemas devidos a fenómenos de erosão
- Problemas devido à extração de inertes, nomeadamente, em relação com
cursos de água e aquíferos
- Impactes devido a aterros, escavações, túneis e grandes obras de contenção
- Impacte sobre jazidas de materiais mineralógicos com interesse económico
b) Solos
- Alteração das características do solo devido à erosão ou compactação
- Poluição do solo originada por poluentes atmosféricos, efluentes líquidos
ou depósito de resíduos
d) Microclimatologia
Identificação e avaliação dos locais onde ocorram com maior significado:
- Situações favoráveis à ocorrência de nevoeiros, geadas e formação
de gelo e suas repercussões no futuro funcionamento da estrada e
dos solos cultivados em redor
- Afetação da circulação atmosférica e efeitos daí decorrentes,
devido ao corte de vales por aterro
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e) Recursos Hídricos
e.1) – Hidrologia e Hidrogeologia
Identificação e avaliação dos impactes decorrentes de:
- Alterações na drenagem superficial, destacando-se os resultantes da
interceção de linhas de água e respetivos restabelecimentos
previstos
- Intervenção e desvio de linhas de água durante a construção ou
definitivamente; alteração das linhas de água e padrões de
drenagem superficial; caudais desviados ou acrescentados às linhas
de água por força da operação e construção da estrada
- Alterações na hidrogeologia
f) Qualidade do Ar
Impactes das emissões de poluentes atmosféricos gerados pelo tráfego
automóvel, após a entrada em funcionamento da estrada:
• estimativa das concentrações de poluentes na atmosfera, no ano de
entrada em funcionamento da estrada, em anos intermédios e no
ano horizonte de projeto;
• deverão ser considerados os cenários normal e crítico, em relação
ao tráfego e em relação às condições meteorológicas locais;
• a estimativa das concentrações de poluentes na atmosfera deverá
ser realizada para várias distâncias ao eixo da via tendo em conta
ao recetores identificados como potencialmente sensíveis;
g) Ruído
Considerar o conjunto de requisitos a satisfazer constantes do quadro
normativo nacional, o qual respeita os seguintes princípios gerais:
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- A integração do ruído de funcionamento das vias de tráfego, na
componente acústica do ambiente não poderá determinar, relativamente
à Situação de Referência, mudança na classificação do local de acordo
com o artigo 4º do Dec.Lei nº251/87 de 24 de Junho
- Relativamente aos locais “pouco ruidosos” a eventual elevação do nível
sonoro médio, corresponde à Situação de Referência, deverá respeitar o
estabelecido no artigo 20º do diploma legal referido
- Previsão dos níveis sonoros a várias distâncias do eixo para os
diferentes corredores, salientando as isofónicas correspondentes aos
limites impostos no Regulamento Geral sobre o Ruído.
h) Ecologia
- Efeito de barreira: seu impacte sobre percursos migratórios, divisão da
população, isolamento de habitats complementares para certas espécies,
destruição de habitats e efeito de interrupção
- Afetação dos ecossistemas naturais e humanizados devido à poluição do
ar, água ou solo ou outros efeitos indiretos associados à construção ou
operação da estrada
i) Sócio Economia
- Integração ou interferência entre a implantação da nova via e figuras de
ordenamento vigentes
- Afetação dos caminhos existentes e necessidade do seu
restabelecimento
- Alterações demográficas: eventual estabelecimento de novas
populações e/ou esvaziamento de alguns aglomerados existentes;
movimentos migratórios; alteração à estrutura etária local
- Alterações à estrutura económica local e regional; situação das
atividades tradicionais sob as novas condições; criação de novas
atividades a montante ou jusante do projeto em causa, ou ocasionadas
pelas alterações demográficas
- Alteração das condições de habitação, estrutura fundiária, rede urbana,
infraestruturas, equipamento sociais, acesso a áreas naturais, áreas de
recreio, locais de interesse natural ou histórico, etc.
- Impactes do empreendimento sobre a saúde e bem estar das populações
afetadas, por efeito da poluição atmosférica, hídrica, sonora ou outros
fatores
- Alterações da estrutura sócio-económica, cultural e qualidade de vida
em geral, da população local e regional; eventuais alterações ao modo
de vida
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j) Áreas Regulamentares
- RAN: identificação e medição das áreas de RAN ocupadas pelos
corredores
- REN: identificação e medição das áreas de REN ocupadas pelos
corredores
- Interferência com outras áreas condicionadas
l) Património
- Devem ser descritos os impactes previsíveis sobre os locais de
interesse, arqueológico, histórico, arquitetónico, construído e
etnográfico, nos corredores em estudo, tanto para a fase de construção
como de exploração
m) Paisagem
- Alterações estruturais da paisagem
- Impacte sobre os valores estéticos da paisagem, originado pelas
operações de construção e atividades complementares; análise gráfica,
nomeadamente com recurso a gravuras, registo fotográfico, maquetes,
desenho assistido por computador, etc.
- Análise do impacte visual da via em relação às áreas circundantes e aos
utentes
- Identificação de potenciais áreas de repouso ou miradouros
Neste ponto pretende-se fazer um resumo dos principais impactes detetados, devendo
ser apresentado um quadro e uma carta síntese dos impactes, incluindo as medidas de
minimização propostas.
O quadro síntese deverá conter a caracterização dos impactes estudados quanto à sua
importância, seu efeito, duração, reversibilidade, área de influência, entre outros
aspetos. Este quadro deve também incluir as medidas de minimização, distinguindo
entre as já contempladas no Estudo Prévio e a contemplar em Projeto de Execução ou
implementar em obra, apresentando igualmente os impactes residuais.
Com base na informação gerada nos capítulos anteriores será efetuada uma análise
comparativa das alternativas de traçados, incluindo a situação de não implementação do
projeto, dando ênfase às consequências, para as principais componentes ambientais, da
escolha de cada uma das alternativas.
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2.2.6.4- SEQUÊNCIAS DE APROVAÇÕES
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A estas obras de drenagem será dada a devida atenção na disciplina de Complementos
de Estradas e Aeródromos da Opção de Vias de Comunicação.
No Estudo Prévio da estrada, o estudo das passagens desniveladas sobre ou sob a rede
viária pré-existente, viadutos, pontes e pontões é muito sumário. Pode afirmar-se que o
trabalho se resume à apresentação das estruturas tipo e a um pré-dimensionamento
simplificado com o objetivo primordial de alcançar uma estimativa orçamental do custo
destas obras. A parte mais importante dos estudos referentes às Obras de Arte apenas
tem início na fase de Projeto de Execução da estrada e quando o traçado desta está
definitiva e analiticamente definido.
O Estudo de Impacto Regional da construção de uma obra do tipo da que é objeto deste
trabalho tem a intenção de antever o que na região interessada irá alterar-se por ação
dessa construção. Isto sob o ponto de vista da instalação de novas indústrias, alteração
do nível de vida dos cidadãos, interconexão com outros eixos rodoviários ou
ferroviários, evolução demográfica, etc.
Saindo este estudo da responsabilidade direta do engenheiro rodoviário parece
desnecessário um maior desenvolvimento deste assunto.
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avaliação simplificada da rentabilidade do investimento, usando para o efeito os
habituais indicadores económicos.
Deste modo deve tratar-se, e em função dos dados disponibilizados, avaliar com rigor a
solução proposta, no que diz respeito aos aspetos tidos como mais importantes, como
sejam os custos de construção e manutenção da via, as condições de operação e a
economia de transportes.
De entre as soluções propostas e orçamentadas admite-se que algumas se vão
eliminando. Num processo de aproximações sucessivas até se chegar à solução
considerada viável, diversos tipos de razões se irão orientando para a seleção de
alternativas, desde a grande dificuldade de construção (tanto em custo como em
dificuldade de construção com qualidade) até ao não cumprimento dos objetivos das
conexões necessárias, ou ainda pelo facto de se poder originar prejuízo das zonas
envolventes.
Uma boa análise de rendibilidade económica deve atender a:
a) os custos de construção e manutenção da via;
b) os benefícios diretos para o utilizador.
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Fig. 8 – Peso relativo dos diversos trabalhos – E.P.
a) Peças Desenhadas:
- Esboço corográfico (escala 1:25.000);
- Traçado em planta das soluções preconizadas e alternativas nas escalas já
referidas (mais vulgarmente 1:5.000);
- Perfis longitudinais correspondentes (escalas 1:5.000 D; 1:500 H);
- Perfis transversais tipo (escala 1:50);
-Planta das bacias hidrográficas das linhas de água mais importantes (escala
1:25.000);
- Planta e perfil longitudinal com localização dos elementos de drenagem,
nas escalas correspondentes à planta e ao perfil;
- Planta geológica e perfil geotécnico nas mesmas escalas da planta geral e
do perfil longitudinal;
- Plantas correspondentes ao Estudo de Impacto Ambiental;
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- Desenhos referentes às Obras de Arte.
b) Peças escritas:
- Memória descritiva e justificativa referente a:
• Estudo do Traçado
• Drenagem
• Pavimentação
• Obras de Arte
- Estudos de Tráfego
- Estudo geológico-geotécnico:
• Relatório
• Resultados da prospeção e ensaios “in situ”
• Resultados de ensaios laboratoriais
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2.2.11- DIAGRAMA RESUMO
Levantamento Topográfico
(Aerofotogrametria)
1. Vôo
2. Obtenção de Fotografias Aéreas
3. Apoio de Campo
4. Restituição
Definição do Traçado
Provisório
E.G.G. E.I.A.
Reconhecimento G.G.
Prospecção Geofísica
Prospecção Mecânica (ver A)
Ensaios Laboratoriais
Relatórios
Traçado Definitivo
Pavimentos
P.B.
Terraplenagens O. Acessórias
O. Arte
Drenagem Sin&Seg
Medições
Estimativa Orçamental
Estudo Económico
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Sequência de Estudos Ambientais (A)
Comisão de
Relatórios
Avaliação
Final EP
PE
Projetos de Pormenor
Verficação de Conformidade
RECAPE
Parecer Final da
Comisão de Avaliação
2.2.12- CONCLUSÃO
Em regra, no final do Estudo Prévio, o projetista apresenta várias (a maior parte das
vezes duas alternativas) ao dono da obra, ambas com os respetivos corredores validados
pelo EIA e pelo E.G.G. e ainda instruídas com a estimativa orçamental possível.
Compete aos técnicos do dono da obra selecionarem a mais adequada aos desideratos
que se procuram alcançar. Com base nesse eixo selecionado a solução é:
- Publicado no Diário da República;
- fornecida às Câmaras Municipais interessadas e afetadas pelo traçado de
modo a que esta passe a fazer parte das Plantas de Condicionamentos da
respetiva edilidade.
- a partir do momento da publicação e até à conclusão do Projeto de
Execução haverá uma faixa ou corredor com 200m para cada lado do eixo,
na qual é interdita qualquer construção permanente.
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Na realidade é este o grande objetivo do E.P. pois é preciso garantir que na fase seguinte
(Projeto de Execução) a equipa projetista terá liberdade para selecionar um traçado que
possa oscilar nessa faixa reservada de 400 metros.
3- O PROJETO DE EXECUÇÃO
3.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
Concluído o Estudo Prévio, o dono da obra vai selecionar uma das soluções (base ou
variante) tendo em atenção o seu traçado e a estimativa orçamental respetiva.
Essa solução, colocada num corredor com 200m de cada lado da diretriz vai ser
considerada e publicada no D.R. de modo a interditar a construção na faixa respetiva.
Vai ainda ser colocada na Planta de Condicionamentos das C.M. interessadas pelo
traçado para que exista proibição de qualquer construção na faixa. A intensão é libertar
todo este espaço, aprovado em E.P., de modo a garantir a máxima liberdade ao
projetista do Projeto de Execução.
Como a faixa para levantamento em P.E. tem uma largura entre 250m e 400m poderia
justificar-se logo o avanço para o levantamento aerofotogramétrico sem qualquer
reconhecimento prévio. Um engenheiro avisado, no entanto, deverá percorrer a faixa
para garantir que nenhuma construção adicional, posterior ao E.P. foi erigida, ainda que
ilegalmente.
Verificada a situação pode então avançar-se para o levantamento aerofotogramétrico da
faixa dos 250/400 metros. Note-se que este levantamento vai ter um novo voo a menor
altitude. Para que as fotografias garantam uma maior escala, (1/1000) permitindo captar
e cartografar elementos que não eram visíveis à escala do E.P.
O Projetista desta fase vai receber o corredor aprovado em Estudo Prévio, com os 400m
impedidos à construção civil. Em todo o caso um percurso rápido pelo campo poderá
permitir reduzir um pouco a largura deste corredor, sem prejuízo da garantia do traçado
se vir a inserir nesta faixa mais estreita (250/400m); qualquer redução terá como
consequência um levantamento aerofotogramétrico de menor custo. Por outro lado não é
raro o aparecimento de alguma construção ilegal.
Uma vez que se dispõe já de um traçado aproximado em planta, escolhido e aprovado
em Estudo Prévio, o levantamento topográfico será feito para uma faixa (corredor) com
largura variável, mas que em média terá cerca de 250m a 400m centrada em relação ao
eixo escolhido em estudo Prévio. Este levantamento é feito geralmente à escala 1:2000,
podendo, no entanto, para estradas de grande importância ou desenvolvendo-se em
zonas densamente urbanizadas, ser executado à escala 1:1000.
34
3.2.2- LEVANTAMENTO AEROFOTOGRAMÉTRICO
Este trabalho é do mesmo tipo do descrito para a fase homóloga em Estudo Prévio ainda
que agora muito mais rigoroso.
a) A diretriz provisória:
Consistirá na escolha da poligonal do eixo da futura estrada, tendo em atenção os
condicionamentos de vária índole referidos no capítulo 5. Entre cada dois
alinhamentos retos consecutivos compete ao projetista escolher o raio das curvas
circulares, tendo em atenção os valores dos raios mínimos, normais e absolutos.
Em seguida dimensionar-se-ão as clotóide de modo a conseguir uma diretriz
completa.
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Convirá verificar, imediatamente, se a diretriz obtida é possível ou não, isto é, se
não conduz a traineis de inclinações superiores às impostas nas Normas da J.A.E.,
nem a escavações ou aterros de grande altura. Se assim acontecer torna-se
necessário corrigir a posição da diretriz, alongando o traçado no 1º caso ou
aproximando-o do terreno no 2º caso.
Portanto, a diretriz definitiva obtém-se ao cabo de certo número de ajustamentos e
tentativas, tendo em atenção as indicações dadas pelo perfil longitudinal
provisório.
c) Diretriz definitiva:
A Fig. 9 representa uma carta coordenada (+) sobre a qual o projetista marcou os
alinhamentos retos, curvas circulares e clotóides que compõem a diretriz.
Na intersecção de dois alinhamentos retos consecutivos estão marcados (◦) os
respetivos vértices. Aproveitando as coordenadas da carta deve o projetista
referenciar por leitura o mais exata possível as respetivas coordenadas. Note-se
que em princípio a leitura poderia informar de um erro próprio da escala. Tal não
36
acontece porque o projetista lê e fixa as coordenadas, ou seja, torna-as como
exatas. Para jusante essas coordenadas serão sempre consideradas exatas. Em cada
curva é conhecido o raio da parte circular e o parâmetro da clotóide.
A partir daqui é possível calcular analiticamente as coordenadas de qualquer
ponto do eixo, com base nas coordenadas dos pontos de intersecção dos
alinhamentos adjacentes e raios e parâmetros da clotóide de curvas. Em regra,
para estradas comuns são calculados pontos, perfis ou P.K.’s, espaçados de 25
metros. O traçado em planta fica assim definido pelas coordenadas exatas de
pontos afastados de 25 metros. Em certas estradas de montanha, ou nos ramos dos
nós, como existem nestes casos grandes curvaturas os P.K.’s devem ser definidos
(coordenadas) com espaçamentos menores (12,5 m; 8,333 m; 6,25m).
V1 M M V1 P
2
PV1
2
37
X V1 X
V1 Arctg K
yV1 y
1
V1 R1 R1 tg Xm
2
Subtraindo este valor a V1 fica a conhecer-se , local onde haverá mudança
da reta para clotóide. Esta mudança será regulada por instrução
IF n x d < ØO reta
Não (clotóide)
M2 = MØ + 2d*sen (ØV1)
P2 = PØ + 2d*cos (ØV1)
38
IF 3d < ØO Não
IF 3d + L < ØO + L clotóide
Não – c. circular
03
Cálculo das coordenadas do ponto de osculação reta/clotóide:
MO = M MØ + *sen ( V1)
PO = P + *cos ( V1)
6 A2
Reconhecimento Topográfico
Sumário
Levantamento Aerofotogramétrico
Escolha do Traçado
Aproximado
Estudo Geológico-Geotécnico
Resultados
Início
Novo Reconhecimento
Topográfico
Diretriz Definitiva
39
3.2.5- A POLIGONAL DE APOIO
Resta o perfil longitudinal que ainda foi conseguido por cotas lidas na carta e, por
consequência com erros relevantes e que não permite considerá-lo mais do que
provisório. É então imperioso arranjar um referencial preciso que permita a
transferência dos pontos já obtidos da diretriz para o seu justo local no terreno. Aí será
possível medir com todo o rigor as respetivas cotas.
Os vértices da poligonal de apoio serão materializados por marcos de betão, fundados
em argamassa, de modo a torna-los inamovíveis.
Os vértices da poligonal de implementação ou de apoio serão materializados por marcos
de betão, devidamente fundados e enterrados de forma a deixar à superfície apenas uma
pequena altura. Estas preocupações são exigidas para que os referidos vértices sejam
dificilmente deslocados ou destruídos. Convém não perder de vista que entre a fase de
Projeto de Execução, em que a poligonal de apoio é materializada, e a construção da
estrada pode passar muito tempo, e é essencial que os pontos representativos dos
vértices da poligonal se mantenham na sua exata posição inicial. Até porque a utilidade
da poligonal de apoio continua até ao final da obra e, às vezes, até para além dessa.
No entanto, o posicionamento destes marcos tem outras exigências:
- os marcos devem ser intervisíveis de modo a permitir a medição dos ângulos e
lados da poligonal;
- não devem ser colocados muito longe do local onde se desenvolverá o futuro
traçado, para facilitar a implantação do eixo deste a partir da poligonal de apoio;
- não poderão ser colocados demasiadamente próximos da futura estrada para que
não sejam destruídos pelas máquinas de terraplenagens;
- é forçoso que esta poligonal esteja ligada, nos seus extremos, a dois pares de
marcos de coordenadas e cotas fáceis de conhecer de modo a permitir a
compensação de eventuais erros angulares, lineares e de cotas. A obtenção das
coordenadas e cotas destes 4 marcos será conseguida por meio de interseções
inversas.
40
Estacionando no marco A podem visar-se 3 marcos geodésicos de coordenadas
conhecidas, obtendo os ângulos φA e ψA, bem como os zenitais do 2º fio reportados ao
prato do marco geodésico.
Com estes valores é possível calcular, por intersecção inversa, as coordenadas de A,
bem como as respetivas cotas. Repetindo esta intersecção para os marcos B, G e H é
então possível calcular as coordenadas destes marcos.
Com elas, fácil se torna calcular:
AB x A xB 2 y A y B 2 1 GH xG x H y G y H 1
2 2
Confirmações
x H xG
AB arctg x B x A 200 GH arctg
yB y A y H yG
Nesta fase são medidos os lados e ângulos da poligonal de apoio, 1 , 2 …e αA, αB…
O trabalho passa agora para gabinete:
a- Cálculo dos azimutes de todos os lados
Conhecido (AB), conhece-se (BA) = (AB + 200) e o azimute seguinte:
(BC) = (BA) + αB – 400. Com CB = (BC) + 200 calcular-se-á (CD), e assim
sucessivamente. Quando se alcançar (GH) o azimute assim calculado deveria
ser igual ao acima calculado. Não o sendo mas sendo o erro pequeno este
deverá distribuir-se pelos diferentes azimutes. Em topografia denomina-se esta
operação de fecho de erro angular.
41
Fig. 12 – Poligonal de Apoio
42
Com o erro angular compensado, e por isso com todos os azimutes corrigidos é possível
transmitir coordenadas entre os marcos B e G.
Assim:
xC x B 2 * senBC
yC y B 2 * senBC
43
Fig. 13 – Exemplo de piquetagem
Até este ponto, o perfil longitudinal do terreno tinha sido executado a partir da leitura de
cotas sobre a carta, pelo que não pode ainda ser considerado como definitivo.
Torna-se então necessário obter as cotas, exatas e no campo, dos perfis já piquetados.
Mais uma vez a poligonal de apoio serve de base a este trabalho, uma vez que são
conhecidas as cotas dos seus vértices. A figura seguinte ilustra o modo de obter, no
campo, a cota do perfil P7 a partir da cota conhecida do vértice (marco A) da poligonal
de apoio.
44
Fig. 14 – Nivelamento longitudinal
Note-se que este nivelamento longitudinal pode ser feito à medida que se processa a
piquetagem, aproveitando o necessário estacionamento do aparelho nos marcos
representativos dos vértices da poligonal de apoio.
Estas cotas “precisas” obtidas no campo, obrigam a ligeiras correções no perfil
longitudinal do terreno e, eventualmente, como consequência, a pequenas alterações na
rasante. Ficará assim finalmente definido o perfil longitudinal definitivo.
45
estrada. Este objetivo pode ainda ser conseguido, de forma mais expedita, com
eclímetro, bandeirolas e fita métrica, evidentemente com alguma perda de precisão, não
só a que é inerente ao material utilizado mas ainda pela maior dificuldade na definição
da perpendicular ao eixo da estrada.
Note-se que é vulgar, em estradas nacionais, proceder apenas ao nivelamento de campo
em perfis alternados, sendo a configuração do terreno dos restantes obtida por
nivelamento sobre a carta.
O desenho do perfil transversal do terreno assim obtido, juntamente com a diferença de
cotas de projeto e de terreno retiradas do perfil longitudinal, com a largura da
plataforma da estrada e com as inclinações a adotar para os taludes irá permitir o
desenho da peça “Perfis transversais”. Esta peça desenhada é executada à escala 1:200.
Peça desenhada, geralmente com base em cartografia à escala 1:1.000 (o que obriga a
ampliação fotográfica no caso mais frequente de a planta geral estar representada à
escala 1:2.000), e na qual é indispensável a delimitação das extremas das propriedades
bem como a definição do tipo de culturas agrícolas ou silvícolas aí existentes. A
presença de habitações, arrecadações ou estufas, tal como poços e tanques, embora
detetável na planta deve ser complementada com trabalho de campo que descreva o seu
estado de conservação e o tipo de construção. Aliás, os trabalhos de delimitação de
extremas e definição de culturas são também resultantes de trabalho de campo.
46
Com estes elementos e com base na diretriz escolhida e nas larguras ocupadas (extraídas
dos perfis transversais), é então possível calcular as áreas de que cada proprietário será
expropriado, bem como a indemnização a atribuir.
Note-se que para estradas nacionais existe a exigência da expropriação adicional de 3m
para cada lado da faixa ocupada pela estrada quando se trata de itinerários secundários.
No caso de itinerários principais ou complementares essa expropriação é de 7 m de cada
lado da zona ocupada pelas terraplenagens.
47
3.2.11- ESTUDO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
g) dimensionar o pavimento;
- duas sondagens junto à obra de arte (S 15 e S 16) com a indicação dos valores do
ensaio S.P.T. a diferentes profundidades;
Não aparece a localização de qualquer perfil sísmico, já que a zona de escavação tem o
terreno suficientemente caracterizado pelas sondagens.
49
Fig. 15 – Planta Geológica e Perfil Geotécnico – P.E.
50
3.2.12- RESTANTES TRABALHOS
O Projeto de Execução não se esgota nos passos aqui descritos. Fez-se referência
detalhada àqueles que são intervenientes ou decorrem diretamente da escolha do
traçado, que é o objetivo de estudo deste capítulo. No entanto o Projeto prossegue,
sendo necessário executar Projetos de Drenagem, dos Nós, Cruzamentos e
Entroncamentos, Sinalização e Segurança, Pavimentação e um pequeno estudo
Paisagístico. Estas questões serão abordadas na Opção de Vias de Comunicação.
É ainda necessário apresentar Projetos de Execução individualizados para cada Obra de
Arte Especial que o traçado exija, bem como o dimensionamento de outras obras de
betão, tais como muros de suporte e espera.
Adiante se indicarão as peças escritas e desenhadas que constituirão o Projeto de
Execução.
A figura seguinte procura representar o peso relativo dos diferentes trabalhos a efetuar
em Projeto de Execução.
Tratando-se de um exemplo, não será correto generalizar o caso apresentado para todas
as situações, até porque se trata de um caso com desnivelamento de intersecções.
51
Fig. 16 – Peso relativo dos diversos trabalhos – P.E.
a) Peças desenhadas:
- Esboço corográfico (Esc. 1:25.000);
- Perfis transversais tipo a adotar (Esc. 1:50);
- Traçado em planta da solução escolhida (Esc. 1:2.000 ou 1:1.000);
- Perfil longitudinal correspondente;
- Plantas dos nós, cruzamentos e entroncamentos (Esc. 1:2.000 ou 1:1.000);
52
- Perfil longitudinal correspondente;
- Planta de pormenor devidamente coordenada dos nós, cruzamentos e
entroncamentos (Esc. 1:500);
- Perfis Transversais (Esc. 1:200);
- Gráfico de Brückner;
- Planta Geológica e Perfil Geotécnico (nas mesmas escalas da Planta Geral e do
Perfil Longitudinal);
- Drenagem: Representação das bacias hidrográficas (Esc. 1:25.000), Planta e
perfil com localização de todos os órgãos de drenagem (à escala da Planta Geral
e do Perfil Longitudinal), Desenhos de Pormenor de todos os Órgãos de
Drenagem a utilizar;
- Sinalização e Segurança: Planta com localização dos diferentes tipos de
sinalização horizontal e vertical (de código e direcional), bem como das guardas
de segurança;
- Desenhos de pormenor dos sinais de orientação ou do código e das guardas de
segurança;
- Planta de Localização das vedações (Esc. Planta geral);
- Desenhos de Pormenor dos diferentes tipos de vedação;
- Desenhos referentes ao Enrelvamento e Arborização de taludes e de outras áreas
circundantes à estrada;
- Desenhos pormenorizados dos Muros de Suporte e Espera;
- Planta dos Serviços Afetados;
- Planta de Localização da Poligonal de Apoio;
- Planta Parcelar;
- Projetos individualizados das Obras de Arte Especiais.
b) Peças Escritas:
- Caderno de Encargos;
- Memória Descritiva e Justificativa:
- Estudo do Traçado
- Movimentação de Terras
- Pavimentação
- Drenagem
- Sinalização e Segurança
- Obras Acessórias
- Paisagismo
- Expropriações
- Topografia
53
- Definição Analítica do Traçado em Planta e Perfil; Programa de Implantação;
- Medições;
- Orçamento;
- Relatório do Reconhecimento Geológico-Geotécnico,
- Resultados da Prospeção e Ensaios “In-situ”;
- Resultados dos Ensaios Laboratoriais;
- Mapa de Expropriações;
- Peças Escritas correspondentes ao Projeto de cada Obra de Arte Especial.
54
BIBLIOGRAFIA
55
CAPÍTULO 7
Perfil Transversal–Tipo
1. INTRODUÇÃO
57
Figura 2 - Perfil Transversal–Tipo de estrada com faixas separadas
58
Figura 3 - Perfis Transversais-Tipo: Faixa única
59
Figura 4 - Perfis Transversais-Tipo: Faixa separadas
60
2 FAIXA DE RODAGEM
Nas estradas com duas vias estas devem ter a largura de 3,5 metros, mesmo para
volumes de tráfego moderados (Figura 3 – Plataformas 5 a 7). No entanto, a fim de
se assegurar o necessário afastamento entre os veículos pesados devem adotar-se
vias com 3,75 metros nas estradas com duas vias e classificadas como IP’s ou IC’s
(Figura 3 - Plataforma 8).
Deste modo, torna-se claro que valores inferiores para a largura de vias, ou seja,
menores que 3,00 metros, apenas devem ser adotados em estradas ou caminhos
municipais (Figura 3 – Plataformas 1 a 3).
Nas estradas de dupla faixa (2 x n vias, com n≤3) a largura de cada uma das vias
deve ser de 3,50 metros (Figura 4 – Plataforma 9) apenas se a Velocidade Base for
menor que 100 Km/h, ou de 3, 75 metros caso a Velocidade Base seja superior ou
igual a 100 Km/h (Figura 4 – Plataformas 10 a 12).
A largura de eventuais vias adicionais, em rampa ou declive, deve ser igual à da via
normal adjacente menos 0,25 metros, mas não inferior a 3,25 metros.
3 BERMAS
61
utilizadas pelo tráfego. De modo a assegurar esta distinção entre faixa e bermas
deverá existir:
4. SEPARADOR CENTRAL
Os separadores são os espaços centrais nas estradas de dupla faixa localizada entre
as duas faixas de rodagem. Assim, este separador compreende as bermas
esquerdas, o(s) elemento(s) físico(s) de separação e, eventualmente, o espaço livre
entre estes.
62
reduzem os riscos de encadeamento em condução noturna.
5. TALUDES
a) Escavação
b) Aterro
c) Misto
A relevância dos taludes reside essencialmente no declive que para cada caso
deverá ser adotado, sendo evidente que fortes declives têm maiores riscos de
estabilidade mas menores custos decorrentes de terraplenagens e expropriações.
Para a fixação do valor dos declives dever-se-á ter em consideração:
as características geológicas-geotécnicas do solo;
a integração paisagística.
63
qualitativos podem referir-se algumas indicações gerais quanto a reforços da
segurança de taludes:
revestimento dos taludes de aterro com terra vegetal onde posteriormente
serão semeadas plantas herbáceas de raiz fasciculada;
adoção de declives mistos nas escavações, com menores valores junto da
superfície
implementação de banquetas de estabilidade nos taludes de escavação;
implementação de muros de espera, suporte ou trincheira;
introdução de estruturas de ancoragem/pregagem ou betão projetado nos
taludes de escavação;
implementação de uma boa rede de drenagem.
64
Figura 10 - Banquetas de estabilidade
65
Figura 14 – Parede ancorada
6.1.1 Valetas
66
Figura 16 – Valeta normal de fundo revestido (com ou sem dreno)
67
Figura 18 – Valeta revestida (sempre associada a dreno)
De facto, no primeiro caso a vala pode ser colocada no interior do separador e sob
a proteção da guarda metálica; no segundo, obrigatoriamente, deverá situar-se na
berma interior adjacente à faixa do extradorso sem proteção física. Deste modo,
face a estas situações distintas de localização, a implementação deste tipo de órgão
de drenagem exige formas de construção distintas cujos pormenores se
exemplificam nas figuras seguintes.
68
6.2. EXTERNOS À PLATAFORMA
l Ø
%
b
a
69
Na figura seguinte apresenta-se um exemplo de um desenho de pormenor deste
tipo de vala.
b
3,00 m a
10%
Ø
b
a
Nas figuras seguintes pode-se visualizar quer a sua localização quer um exemplo de
um desenho de pormenor.
b
a
1,00
1% 1,5 1,5
1 1
h
70
7. CONCORDÂNCIAS
71
CAPÍTULO 8
RUDIMENTOS DE DRENAGEM SUPERFICIAL
LONGITUDINAL
1- GENERALIDADES
74
Fig. 1 – Trajetória da água em extradorso
Para reduzir os riscos que esta acumulação de águas tende a provocar são possíveis dois
caminhos:
- a utilização localizada de pavimentos drenantes.
- o recurso a modelos parabólicos de disfarce de sobreelevação que tendem a
aumentar a inclinação longitudinal, na zona de pequenas inclinações horizontais.
75
3- REDE DE RECOLHA DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS.
DESCRIÇÃO
3.1- INTRODUÇÃO
As redes de colecta e evacuação das águas superficiais das vias rodoviárias são, em
geral, lineares, constituídas por obras elementares cujo traçado segue aproximadamente
o do eixo da estrada. A espaços, estas obras longitudinais são ligadas entre si por
coletores transversais. Os pontos de junção ou de expulsão de uma rede são como nós
de uma malha, onde se situam geralmente as obras de concordância (câmaras de visita,
de limpeza e/ou mudanças de direção).
As redes de escoamento das águas superficiais são agrupadas em duas famílias:
- rede longitudinal ao nível da plataforma;
- rede longitudinal fora da plataforma.
76
- a sua distância à faixa de rodagem é evidentemente pequena;
- o seu dimensionamento é diretamente influenciado pela largura da plataforma da
estrada.
3.2.2- VALETAS
Fig. 2 - Valeta
A forma mais comum deste órgão de drenagem é a triangular com inclinações de 1/3,
1/4 ou 1/5 do lado da berma (mais raramente 2/3) e inclinações que podem ser idênticas
à do talude de escavação, nas valetas em terra e 1/1 nas revestidas, do lado desta
“parede” lateral.
As dimensões, em projeção horizontal, desta valeta são geralmente, no caso das valetas
revestidas, de 1,0m, 1,2m, 1,5m e 1,8m.
77
A adoção de inclinações mais suaves (1/5) do lado da berma torna-as menos perigosas
em caso de acidente, mas em contrapartida, obriga para idêntica secção de vazão a uma
maior largura do perfil transversal tipo.
A opção por valetas revestidas deve ser feita:
- para velocidades de escoamento previsíveis, inferiores a 0,30m/s;
- para velocidades de escoamento previsíveis superiores a 1,5m/s;
- quando o fundo da última camada do pavimento se localizar abaixo do vértice da
valeta de menor cota.
VALETA DE BETÃO
Estas obras têm como função primordial a proteção do talude de aterro no que diz
respeito à ação erosiva das águas. Daí crescer a necessidade da sua existência com a
altura do talude a proteger e ainda com a largura da plataforma que funciona como bacia
drenante. Em relação a este último aspeto é comum a sua utilização em estradas de vias
múltiplas ou em estradas de uma só faixa, em situação de curva, colocando-se do lado
mais baixo da plataforma.
A altura do aterro, e consequentemente a extensão do pano do talude, ao possibilitar
velocidades de escoamento elevadas e com suficiente poder erosivo pode, se conjugado
com a situação desfavorável anteriormente referida, forçar a sua adoção em aterros com
alturas superiores a 3-4m.
78
DESCIDA DE ÁGUA DA VALETA DE BORDADURA DO ATERRO
79
faixa alta, no caso do separador rígido ficam na berma interior adjacente à faixa de
extradorso e por estarem sem proteção visível exigem formas de construção diferentes.
A Fig. 6 procura ilustrar vários pormenores destas duas situações.
80
3.3- REDE LONGITUDINAL FORA DA PLATAFORMA.
DESCRIÇÃO SUMÁRIA
81
Fig. 7 – Rede longitudinal fora da plataforma
82
As características comuns que apresentam valas de crista e de pé-de-talude são:
- a sua inclinação é, aproximadamente, a do terreno natural e pode, por vezes,
atingir valores elevados;
- a sua colocação deve ser cuidada pois assentam em fundação particularmente
irregular;
- são de mais difícil acesso, o que torna o local de eventual mau funcionamento
mais demorado e difícil de detetar.
Como nota final atente-se serem as características das valas de banqueta uma mistura
daquelas que forma agora referidas e as atrás citadas a propósito da rede longitudinal da
plataforma.
83
Fig. 9 – Vala de banqueta
- aterro
84
- escavação com banqueta de estabilidade
85
Fig.12 - P. Inferior entre muros e cortes
86
- encontro do viaduto com muros
87
Supondo que o terreno desce (não
quantificadamente) da esquerda para
a direita, quando nos posicionamos no
sentido dos quilómetros crescentes, a
Fig. 16 representará diversos cortes
transversais nos pontos assinalados
88
Fig. 17 - Planta com taludes
89
Fig. 18 – Localização da P.H.
4.2.2- VALETAS
Fig. 19 - Valetas
90
4.2.3 – VALAS DE CRISTA
Em E’ juntam-se as águas da vala de crista e da valeta, sem hipótese de saída a não ser
prolongando para o aterro uma vala de pé de talude. O mesmo se passa em D. Usar-se-á
o símbolo . Nos pontos E’ e D existem bacias de derivação que recolhem a água de
montante (valeta e vala de crista) e lançam a jusante na vala de pé de talude.
Em A’ e B’ as águas transportadas pela valeta podem sair naturalmente dada a
inclinação favorável do terreno. No entanto se existirem propriedades a proteger a
jusante dever-se-á prolongar uma vala de pé de talude a jusante até C.
91
CAPÍTULO 9
NÓS DE LIGAÇÃO
1- RESENHA HISTÓRICA
93
Fig. 1 – Nó de Sacavém (auto-estrada Lisboa – Vila Franca de Xira)
94
Fig. 4 – Nó de Santo Ovídio (Ponte da Arrábida)
95
Fig. 6 – Nó do Candal e Arrábida (Ponte da Arrábida)
Resumidamente, as características técnicas limite de plena via dos vários lanços foram
as seguintes:
a) Lisboa – Vila Franca de Xira:
- velocidade base: 140 km/h;
- raio mínimo em planta: 1000m;
- rampa máxima: 4,5%;
- raio mínimo das concordâncias convexas: 9000m;
- raio mínimo das concordâncias côncavas: 5000m.
b) Carvalhos - Porto:
- velocidade base: 120 km/h;
- raio mínimo em planta: 350m;
- rampa máxima: 5,7%;
- raio mínimo das concordâncias convexas: 4556m;
- raio mínimo das concordâncias côncavas: 3646m.
Com exceção da rampa máxima do lanço a sul, todos os valores mínimos adotados
infringiriam o documento interno de 1967. No caso do lanço norte, as características
técnicas apenas seriam compatíveis com a velocidade base de 90 km/h.
96
Mais interessante, por se dirigirem também aos nós de ligação cujas características se
basearam em velocidades da ordem dos 40 km/h, foram as curvas de transição
utilizadas:
- o ramo direto é aquele que liga a estrada principal à estrada secundária, ou vice-
versa, possibilitando o movimento de viragem à direita. Pode ser também aquele
que começa por virar à esquerda para configurar os movimentos à esquerda. É o
tipo de ramo mais simples por possibilitar ao condutor um movimento direto ao
seu destino, ou seja, o condutor quer virar à esquerda ou à direita e para isso usa
um ramo em curva à esquerda ou à direita, não havendo possibilidade para
qualquer confusão. Acompanha assim o percurso mais espontâneo e intuitivo,
que lhe possibilita maiores velocidades e capacidades;
97
adicional ou, mais frequentemente, o aumento das dimensões da obra de arte já
previstas;
- o ramo em forma de laço, vulgarmente conhecido por loop, e que perfaz uma
viragem média de 300gr proporciona aos condutores uma viragem à esquerda
através de um percurso em curva à direita. É assim um ramo indireto. É de mais
difícil leitura pelo contraste da curva à direita para possibilitar movimento de
viragem à esquerda e pode trazer problemas de entrecruzamentos aquando da
coexistência de dois loops em quadrantes adjacentes. Usualmente será o ramo
com velocidades mais baixas e tráfego menos fluente. Tem entrada e saída muito
próximas da obra de arte, o que pode dificultar a sua visualização;
98
Fig. 7 – Tipologia de Ramos de Nós
99
3- TIPOLOGIA DOS NÓS DE LIGAÇÃO
3.1- GENERALIDADES
Outra classificação possível é a que permite separar nós onde se pretendem praticar
velocidades elevadas nos seus ramos, por serem destinados a ligar Auto-Estradas,
100
Itinerários Principais ou Complementares. Usar-se-á para estes a denominação de “nó
de mobilidade”. Quando as estradas a ligar forem de níveis diferenciados, ou de menor
relevância, a tipologia do nó corresponderá àquilo que adequadamente se denomina por
“nó de acesso”.
No primeiro caso eliminar-se-ão, preferencialmente, as viragens à esquerda nas duas
estradas, enquanto no segundo, por razões económicas, os movimentos à esquerda
poderão existir, pelo menos na via que for ou se considere ser secundária. Nos nós de
mobilidade, os ramos serão mais retilíneos permitindo velocidades mais altas e elevados
níveis de serviço. Nos nós de acesso, por sua vez, já se considera razoável o que o
simples desnivelamento propicia, sendo apenas de garantir velocidades moderadas e
níveis de serviço razoáveis nas vias secundárias.
Outras classificações poderiam ainda ser analisadas, como distinguir os nós situados em
zona rural dos localizados em zona urbana, ou dividir os nós em tipificados e
especialmente concebidos e adaptados a cada situação. Naturalmente que quantas mais
classificações fossem idealizadas maior seria o cruzamento de soluções entre nós que
obedeceriam simultaneamente a opções dentro de cada uma das variações.
Um nó de três ramos ocorre quando uma das estradas se agrega à outra perdendo
continuidade a partir daí.
101
Fig. 8 – Nós em Trompa
102
Fig. 9 – Nós em pêra
Claro que este tipo de nó se, por um lado, começa a resvalar para a classificação de
tipificado, por outro lado, vai-se assemelhando a um nó de mobilidade, particularmente
no que diz respeito ao seu elevado custo, decorrente do número de obras de arte a que
obriga.
Ainda mais claramente associado à mobilidade é o nó em forquilha, que se mostra na
Fig. 10.
103
Note-se que o primeiro exemplo não proporciona todos os movimentos, o segundo
exige três obras de arte e o terceiro tem obras de arte sobrepostas (não comum entre
nós).
Mais original é o desenvolvimento do primeiro exemplo, originando o chamado nó em
raquete, modelo que liga o IP1 e o IC23 imediatamente a sul da Ponte do Freixo (Fig.
11).
104
Estes tipos de nós podem caracterizar-se pelos movimentos que são permitidos sem
conflito direto (atravessamento ou viragem à esquerda) dos oito que são possíveis de
realizar.
3.4.2.2- DIAMANTE
Nós sem loops e com quatro ramos diretos de sentido único, um em cada quadrante,
com os quatro viragens à esquerda a serem feitas na via secundária. Alguns exemplos
encontram-se nas Figs. 12 e 13.
Todas estas viragens à esquerda da e para a via principal são resolvidas por intersecções
de nível na via secundária, sendo apenas evitados os conflitos de cruzamento.
Em regra deviam ser utilizados em nós de acesso, onde a estrada secundária não faça
parte da Rede Rodoviária Fundamental (ou Itinerários Complementares), e portanto não
haja necessidade de lhe garantir velocidades elevadas.
É assim o nó de quatro ramos mais simples entre os básicos existentes. Os seus ramos
são caracterizados pelo seu bom traçado, permitindo, a par de custos de construções
mínimos, a adaptação a grande variedade de volumes de tráfego.
A capacidade está usualmente limitada à capacidade da intersecção na estrada
secundária, sendo possível o aumento desta capacidade através do alargamento do ramo
para duas vias ou mais, a fim de proporcionar uma via própria para viragem à esquerda
no ramo para a secundária, do aumento do número de vias da secundária ou auxilia-la
com vias de aceleração e vias de viragem à esquerda com capacidade de
armazenamento de veículos.
Assim um nó clássico em diamante tem como vantagem:
- as rampas de saída localizam-se antes da obra de arte;
- as rampas de entrada localizam-se depois da obra de arte;
- a não existência de entrecruzamentos na via principal;
- a não existência de vias auxiliares sobre ou sob a obra de arte, o que mantêm a
largura e o vão desta.
105
Fig. 12 – Nó tipo em Diamante
106
Fig. 13 – Nó em diamante clássico com rotundas na estrada secundária
Nó constituído por dois loops para realizar, sem conflito, as duas viragens à esquerda de
saída da via principal para a secundária, ou vice-versa, e dois ramos diretos para
fazerem duas das viragens à direita, uma da via secundária para a principal e outra da
principal para a secundária. Os quatro ramos de ligação estão distribuídos por dois
quadrantes, geralmente os quadrantes alternados conforme mostra a Fig. 15.
Neste nó existem quatro viragens à esquerda sobre a via secundária, sendo que duas
delas correspondem a movimentos à direita, facto que recomenda fortemente apenas o
seu uso em nós de acesso. Duas das viragens à esquerda são resolvidas com loops.
No caso do meio-trevo incompleto com ramos de ligação nos quadrantes adjacentes
colocam-se problemas de entrecruzamento pelo que deve ser evitado (Fig. 14).
Referem-se algumas vantagens deste tipo de nó:
- com loops em quadrantes opostos a obra de arte apenas é afetada na sua largura
ou no seu vão;
- não existem entrecruzamentos quando os loops se desenvolvem em quadrantes
opostos;
- tem sinalização mais simplificada que o nó em diamante;
- liberta de expropriações dois quadrantes;
- existe a possibilidade de melhorar o nó no futuro passando este para nó em
meio-trevo completo ou mesmo para nó em trevo completo.
107
Fig. 14 – Nó em meio-trevo em quadrantes adjacentes
108
Também este nó apresenta inconvenientes:
- tem bastantes pontos de conflito na via secundária;
- no caso do nó se desenvolver em quadrantes opostos existe afetação da obra de arte no
vão ou na largura;
- nos casos do nó em quadrantes adjacentes existem entrecruzamentos;
- comparando com o nó em diamante exige uma maior largura ou vão da obra de arte,
por necessidade de vias auxiliares de abrandamento ou de aceleração.
Este nó resolve dois dos quatro movimentos à esquerda, permanecendo apenas duas
viragens à esquerda na via secundária. As outras duas viragens são resolvidas com loops
e os quatro movimentos à direita por quatro ramos de ligação diretos, o que perfaz um
total de seis ramos, com os ramos indiretos situados geralmente em quadrantes opostos
(Figs. 16 e 17).
109
Fig. 17 – Nó em meio-trevo com passagem superior na via principal
Este tipo de nó é conveniente quando os volumes das viragens à esquerda são elevados,
em particular as viragens à esquerda e à direita na principal, uma vez que são todas
resolvidas por ramos diretos ou ramos indiretos. Porém, continua a ser uma solução
indicada para nós de acesso.
A utilização dos ramos indiretos (loops) em quadrantes adjacentes nunca será
aconselhada nem fará qualquer sentido e traz sempre problemas de entrecruzamentos.
Assim, segue-se com enunciado das vantagens e desvantagens deste tipo de nó.
Sendo um nó bastante complexo existem várias vantagens que lhe estão associadas:
- no tipo esboçado na Fig. 16 as saídas na via principal estão antes da obra de arte;
- não tem entrecruzamentos;
- tem grande capacidade, apenas limitada pelo número de veículos que pretendem
virar à esquerda nas estradas (Fig. 16) ou saídas (Fig. 17) da via secundária.
- é bastante seguro, não conduzindo os condutores a manobras erradas.
110
3.4.2.5- TREVO COMPLETO
Num nó em trevo completo todos os movimentos são naturais, não havendo por isso
qualquer viragem à esquerda. Os movimentos à esquerda são solucionados por quatro
loops, um em cada quadrante, e os quatro movimentos à direita são feitos por quatro
ramos diretos, igualmente um por cada quadrante, geralmente do estilo curva
contracurva, como está presente na Fig.18.
Assim, poderá ser o tipo de nó a usar em nós de mobilidade (ainda que com restrições
onde se exigirem altas velocidades nos movimentos à esquerda), não sendo
desaconselhado em nós de acesso.
O trevo completo pode ser auxiliado por vias colectoras-distribuidoras. No entanto, esta
solução ocupa uma maior área de terreno e de pavimento, sendo muitas vezes inviável
em ambiente urbano. Contudo, para zonas rurais e suburbanas trata-se de uma solução
bastante desejável pela remoção dos conflitos de entrecruzamento e pela simplicidade
dos movimentos de saída e entrada na via principal.
111
necessário um desenvolvimento elevado da rampa para se poderem adotar inclinações
legais ou suaves.
Para os ramos diretos a ligação clássica é a que acompanha parcialmente o loop. Este
tipo de ramo direto não permite velocidades elevadas em comparação com os ramos
diretos afastados dos loops.
A desvantagem de ramos diretos adaptados aos loops reside na necessidade da
diminuição dos raios, do ramo direto e consequentemente das velocidades aí permitidas.
Acrescentando-se o facto de que o traçado em curva e contracurva dificulta a leitura
óptica do trajeto, bem como a drenagem das águas pluviais, devido às variações de
sentido da inclinação do perfil transversal em função da sobreelevação.
De uma forma simplista podem-se resumir as propriedades do trevo pelas suas
vantagens:
- todas as viragens à esquerda são eliminadas, sendo por isso aplicado quando as
duas estradas que se cruzam têm aproximadamente a mesma importância, ou em
nós de mobilidade que não exijam altas velocidades nos ramos indiretos (ou até
nos diretos);
- pode ser construído por fases.
E desvantagens:
- é o nó tipificado que exige mais espaço;
- tem entrecruzamentos na sua forma mais simples (não recorrendo às vias
distribuidoras-colectoras);
- tem duas saídas seguidas na via principal que dificultam a sinalização (sem
colectoras-distribuidoras);
- os veículos que circulam na via principal e querem virar à esquerda entram em
loop;
- exige vias de aceleração e abrandamento sobre a obra de arte, alargando o seu
vão e largura.
112
Fig. 19 – Nós em trevo completo com ramos diretos afastados dos indiretos ou
acompanhando-os
A Fig. 20 representa um nó em trevo com um dos seus loops substituído por ramo semi-
direto. Pode designar-se genericamente por nó semi-direcional e têm vantagens e
inconvenientes parecidos com os direcionais. Destaca-se este nó em que apenas um dos
loops é substituído por um ramo semi-direto, por ser o caso do nó de Francos no IC23.
113
CAPÍTULO 10
Tráfego
1. INTRODUÇÃO
Descrição do Projeto, onde deve ser incluído as alterações que irão ser
efetuadas na rede rodoviária existente e a descrição detalhada do projeto
quanto à sua geometria de traçado (planta e perfil longitudinal) bem como
115
as suas ligações à rede. Observe-se, que neste ponto deverão ainda ser
incluídos todos os dados existentes sobre outros projetos de natureza
diversa que possam ter influência na infraestrutura rodoviária.
116
2 CORRENTES DE TRÁFEGO
2.1 PREÂMBULO
O movimento dos veículos pode ser definido pela função x(t), sendo x a distância
percorrida pelo veículo desde um ponto de referência e t o tempo gasto, podendo
ser representada graficamente num sistema de eixos em que as abcissas
correspondem ao tempo e as ordenadas ao espaço, constituindo o diagrama
espaço-tempo (Figura 1).
117
destas grandezas (velocidade e aceleração) dependerá do declive e da curvatura.
Na Figura 1 ainda é possível mostrar que o veículo B foi ultrapassado pelo veículo A
e na secção X os veículos passaram muito próximo uns dos outros durante o tempo
t1 e t2.
distância x
A
B
T t1 t2 tempo t
O tempo entre veículos h é o intervalo de tempo, registado num local fixo, que
decorre entre os instantes de passagem de pontos homólogos dos veículos
sucessivos. Em geral, é utilizado como ponto de referência o para-choques ou a
roda dianteira dos veículos, admitindo-se que o tempo entre veículos hi, associado
ao veículo i, diz respeito ao intervalo existente antes da sua passagem, isto é, à
diferença entre os instantes de passagem dos veículos de ordem i-1 e i.
hi 1 t i 1 t i (1)
onde,
118
distância x
xi h i+1(X)
s i+1(T)
x i+1
ti T t i+1 tempo t
Note-se que o valor de hi+1 inclui o tempo que demora a passar o veículo i e o
intervalo de tempo que decorre entre a passagem do para-choques traseiro do
veículo i e o para-choques dianteiro do veículo i+1.
O tempo entre veículos reflete a sua proximidade, sendo útil nos estudos de
segurança rodoviária, na distinção entre veículos que circulam em regime livre e
em regime congestionado, na regulação dos sinais luminosos, nos estudos de
capacidade em cruzamentos prioritárias, etc.
si 1 x i x i 1 (2)
onde,
si 1 hi 1 ui 1 (3)
onde,
119
Embora a distância entre veículos esteja relacionada com certos fatores que
caracterizam o tipo de escoamento, a sua utilização nos estudos de tráfego é
reduzida porque o tipo de informação que se obtém é análoga à anterior, com a
desvantagem de ser mais difícil de medir. Um aspeto importante relacionado com
esta variável consiste na determinação da distância a respeitar entre veículos,
imposta por razões de segurança.
Medindo a velocidade dos veículos que passam numa secção, ao longo do tempo, o
seu valor está longe de ser uma constante e o mesmo aconteceria se a medição
fosse, num dado instante, para os veículos que ocupassem uma certa extensão de
estrada.
Por último será de referir que estas 3 variáveis microscópicas (h, s e u) estão
relacionadas através de:
si 1 hi 1 ui 1 (4)
onde,
2.3.1 Débito
Sendo n(t1 ,t2 ,x) o número de veículos que passam na secção x durante o intervalo
de tempo t2-t1, o débito é dado por:
nt1 , t 2 , x
qt1 , t 2 , x (5)
t 2 t1
Observe-se que o débito está relacionado com o valor médio do intervalo entre
veículos h através de:
120
1
q (6)
h
Total 1300 -
V
FPH (7)
4 V15
1300
FPH 0,812
4 400
O valor de FPH está, em geral, compreendido entre 0,75 e 0,95, embora em termos
teóricos possa variar entre 0,25 e 1,00.
121
ano. Em fase de projeto considera-se normalmente o volume horário de projeto,
VHP, correspondente ao volume da 30ª hora de ponta (volume horário que é
excedido, durante um ano, 29 vezes). Este volume representa um compromisso
entre questões de tipo económico e operacional, pois que volumes de projeto mais
elevados conduzirão a características da estrada mais exigentes, enquanto para
volumes mais baixos há o risco de ocorrência frequente de congestionamento. Isto
é mostrado na Figura 3 onde se pode observar que o volume da 30ª hora de ponta
corresponde aos pontos das curvas em que há uma mudança acentuada no valor da
derivada.
55
50
45
40
35
30ª hora
30
25
turís
20 tica
15 turística
rural
rural
10 sub-urbana
urbana
122
tráfego verificado nas pontas de manhã e da tarde, aumentando à medida que este
desequilíbrio se acentua. Deste modo, as vias radiais têm valores de k2 superiores
ao das vias circulares, aproximando-se neste caso de 0,50.
Deste modo, é importante que, de uma forma inequívoca, se possa dispor de uma
única unidade de medida do volume de tráfego ou débito, que será obtida a partir
do conceito de coeficiente de equivalência (ou de homogeneização), que permite
transformar o volume real num outro equivalente constituído apenas por veículos
ligeiros. O coeficiente de equivalência representa o número de veículos ligeiros que,
nas mesmas condições, produz o mesmo efeito que um veículo duma certa classe.
Se for qr o débito real compreendendo veículos ligeiros e pesados numa
percentagem de (1-p) e p, respetivamente, e sendo E o coeficiente de equivalência
dos veículos pesados o débito homogeneizado qh é dado por:
qh qr 1 p p E (8)
qh qr 1
p p
i
i
i
i Ei
(9)
us
k u
i i
(10)
k i
123
a que se pretende uma velocidade média ao longo do tempo, a ponderação, neste
caso, será feita pelos débitos, ou seja:
ut
q u
i i
(11)
q i
A diferença entre estes dois conceitos será melhor compreendida com a ajuda do
seguinte exemplo: imagine-se um segmento de estrada com 2 vias circulando na
via 1 veículos a uma velocidade de 20 m/s espaçados de 40 m e na via 2 a
velocidade é de 10 m/s e os veículos estão espaçados 20 m. Um observador
colocado em qualquer secção deste segmento de estrada vê, quer na via 1 quer na
via 2 os veículos a passarem com intervalos de 2 segundos, o que se traduz em
débitos iguais nas 2 vias. Sendo a velocidade média no tempo dada pela média
aritmética das velocidades dos veículos que passam numa secção e, tendo em
conta que há um igual número de veículos com velocidades de 10 m/s e 20 m/s,
resulta:
10 20
ut 15 m/s
2
2 10 1 20
us 13,3 m/s
3
l
us (12)
ti
n
l
t i
ut (13)
n
Por outro lado, é possível demonstrar que estas duas variáveis estão relacionadas
através das seguintes equações:
2s
u t us (14)
us
124
e
2t
us u t (15)
ut
2.3.3 Concentração
nx1 , x 2 , t
k x1 , x 2 , t (16)
x 2 x1
x x
k x, t lim x ,x , t (17)
x 0 2 2
1
k (18)
s
Esta variável é uma das que melhor caracteriza a correntes de tráfego mas, em
virtude da dificuldade em medi-la diretamente, não tem sido muito utilizada nos
estudos de tráfego.
125
débito e a concentração destas correntes de tráfego i são, respetivamente, qi e ki.
Então, o débito total da corrente de tráfego q é:
q q i (19)
e a concentração k é:
k k i (20)
qi k iui (21)
q
us (22)
k
Relação u-k: na sua forma mais simples admite-se uma relação linear entre
a velocidade e a concentração, diminuindo aquela à medida que esta
aumenta, isto é, as interações entre os veículos tornam-se cada vez mais
importantes; o ponto onde a reta intersecta o eixo das ordenadas é a
velocidade máxima, designada por velocidade em regime livre uf, que se
atinge quando a concentração é praticamente nula; no outro extremo do
segmento surge a concentração máxima kj obtida no regime de
congestionamento com todos os veículos parados;
Relação u-q: a relação da velocidade com o débito é representada por uma
curva onde a parte superior corresponde ao escoamento estável e a parte
inferior diz respeito ao escoamento instável; o valor máximo do débito qm
representa a capacidade à qual está associada a velocidade crítica um,
estabelecendo a transição entre os 2 regimes atrás referidos; a velocidade
máxima uf, atinge-se quando o débito é próximo de zero; no entanto, para
126
q=0 pode também acontecer que a velocidade seja nula em situações de
completo congestionamento com k= kj; de um modo geral a cada valor de q
vai corresponder 2 velocidades diferentes, uma do regime estável e outra do
regime instável, o que reflete a inaptidão daquela variável, quando utilizada
isoladamente, para caracterizar as correntes de tráfego;
É a curva mais calibrada a partir das observações, uma vez que as 2
variáveis são medidas com relativa facilidade; na definição dos níveis de
serviço em estradas é usual recorrer-se a este tipo de relação.
q
q
m
0 k k k
m j
u u
u u
f
f
u
m u
m
0 k k k 0 q q
m j m
127
3. CAPACIDADE E NÍVEIS DE SERVIÇO EM ESTRADAS
3.1 PREÂMBULO
Em Portugal o HCM tem sido utilizado desde há muitos anos, contribuindo para as
definições das metodologias que integram alguns documentos da ex-JAE (p.e.
Normas de Traçado). Assinale-se a existência duma tradução para português da
edição de 1965 do HCM da responsabilidade do Laboratório de Engenharia de
Angola, o que de certo modo demonstra o interesse destes assuntos já nessa altura
no nosso país.
Na edição de 1965 o HCM introduz pela 1ª vez o conceito de nível de serviço, que
representa não apenas uma diferença da terminologia, mas uma alteração mais
profunda, já que se procura avaliar o serviço que a estrada proporciona aos seus
utilizadores. Ao número máximo de veículos que, por unidade de tempo, podem
passar numa secção da estrada de forma a garantir-se uma gama de condições de
circulação dá-se o nome de débito (ou volume) de serviço.
128
desempenho que se prevê que essa infraestrutura possa ter. Isto é, pretende-se
garantir certas condições de escoamento, que terão exigências diferentes conforme
a importância que se pretenda atribuir à estrada em estudo.
O HCM define, qualquer que seja o tipo de infraestrutura (estradas em zona rural,
autoestradas, cruzamentos, peões, etc.), 6 níveis de serviço designados pelas letras
de A a F. O nível de serviço A corresponde ao regime de escoamento livre com
condições de circulação muito boas. À medida que as condições de circulação se
degradam, faz-se corresponder aos níveis B e C, ainda, um escoamento estável,
sendo o nível D atribuído quando o escoamento se aproxima da instabilidade. O
nível se serviço E representa condições de escoamento instáveis, resultantes dos
débitos de tráfego serem elevados com valores perto da capacidade, representada
pelo débito de serviço do nível E. Ao escoamento em regime de sobressaturação,
correspondente a situações de congestionamento é reservado o nível de serviço F.
A solução está pois em encontrar-se parâmetros que, por um lado sejam facilmente
quantificáveis e, por outro, reflitam duma forma satisfatória a avaliação que os
condutores fazem do serviço que a infraestrutura lhes proporciona. Adicionalmente
o(s) parâmetro(s) selecionados devem ser capazes de serem suficientemente
sensíveis à variação do débito de tráfego a fim de, com facilidade, poder
estabelecerem-se os limites (débitos de serviço) de cada nível de serviço. Assinale-
se que a solicitação da infraestrutura é representada pelo débito de tráfego que se
pretende escoar e, portanto, para qualquer parâmetro escolhido terá de ser
conhecida a sua relação com ele.
Dum modo geral os débitos de serviço são calculados a partir de valores estimados
para as condições definidas como ideias. Uma vez que a verificação simultânea das
condições ideais é altamente improvável, há que ajustar aqueles valores de forma a
129
refletirem as condições prevalecentes da situação em estudo. Estes fatores
corretivos dos débitos de serviço que traduzem a influência de características
diferentes das ideais podem agrupar-se em 2 conjuntos:
Os débitos de serviço podem, assim, ser calculados desde que se conheça quer os
débitos de serviço em condições ideais que resultam do parâmetro selecionado para
a definição do respetivo nível de serviço, quer a correção a aplicar para atender a
influência da inexistência das condições ideais refletida pelos fatores de
ajustamento atrás referidos.
Uma estrada de 2 vias é uma estrada constituída por duas vias de tráfego, uma
para cada sentido, em que não existe qualquer separação física entre elas. O
escoamento do tráfego difere de outros tipos de estradas, assumindo especial
relevância as manobras de ultrapassagem. Assim, a ultrapassagem de veículos que
circulem a velocidades mais baixas requer o uso da via reservada ao tráfego que
circula em sentido oposto, pelo que apenas é possível a sua realização em
condições de segurança, desde que ocorram intervalos de tempo entre veículos que
circulam na corrente de tráfego oposta com amplitude suficiente, e não haja
restrições de visibilidade.
130
devido à formação de pelotões, mais relevante como medida de avaliação da
qualidade do serviço.
Assim, esta classificação das estradas de 2 vias está intimamente relaciona com a
sua função ou seja com a hierarquização viária. As vias coletoras e a maioria das
vias distribuidoras principais são consideradas estradas da Classe I enquanto as
vias distribuidoras locais e de acesso local são consideradas estradas da Classe II.
131
Figura 6 – Tempo de percurso com atraso vs Débito nos 2 sentidos
132
Figura 8 - Tempo de percurso com atraso vs Débito em 1 via
O critério para a definição dos diferentes níveis de serviço utiliza as duas medidas
de desempenho. Nas estradas de duas vias onde a mobilidade é fundamental
(estradas da classe I), o nível de serviço é definido pelo tempo de percurso com
atraso e pela velocidade média de percurso. Em estradas em que a função de
acessibilidade é a principal e a mobilidade é menos importante, o nível de serviço é
definido apenas com base no tempo de percurso com atraso. Aceita-se que os
condutores geralmente toleram maiores níveis do tempo de percurso com atraso
em estradas da Classe II do que nas da Classe I, porque usualmente as estradas da
Classe II são utilizadas para viagens mais curtas.
133
Tempo de percurso Velocidade Média de Percurso
Nível de Serviço
com atraso (%) (km/h)
A ≤35 >90
B >35-50 >80-90
C >50-65 >70-80
D >65-80 >60-70
E >80 ≤60
A ≤40
B >40-55
C >55-70
D >70-85
E >85
3.5 CAPACIDADE
A capacidade de uma estrada de duas vias é de 1 700 uvl/h para cada sentido de
tráfego e para o conjunto das 2 vias é, em geral, 3 200 veic/h. Para troços de curta
extensão, como túneis ou pontes, pode-se atingir para o conjunto dos dois
sentidos, uma capacidade entre 3 200 e 3 400 uvl/h.
134
Terreno Montanhoso – se o traçado obrigar os veículos pesados a circular
a “velocidade lenta” em extensões significativas ou em intervalos
frequentes.
Por outro lado a análise do nível de serviço pode fazer-se para um sentido ou para
o conjunto de 2 sentidos em troços extensos ou em traineis isolados. Se um trainel
tem um declive superior a 3 % e a sua extensão é de pelo menos 1,0 km, deve ser
analisado como trainel isolado (Figura 9). Um troço extenso deve ter no mínimo
uma extensão de 3,0 km.
5%
Inclinação (%)
4%
3%
2%
Troços Extensos
1% Traineis Isolados
0%
0 0.5 1.0 1.5 2.0
Extensão (km)
Figura 9 – Caracterização dos traineis isolados e dos troços extensos
135
Caso contrário, isto é, se o estudo de velocidades tiver de ser realizado para um
débito de veículos superior a 200 uvl/h no total dos dois sentidos, a velocidade em
regime livre pode ser obtida a partir da relação apresentada na Figura 5, devendo
para isso haver um registo simultâneo dos débitos de tráfego. A velocidade em
regime livre pode ser calculada com base nos dados recolhidos no local através da
seguinte expressão:
Vf
FFS SFM 0,0125 (23)
fHV
em que:
em que:
136
Os quadros 3 e 4 apresentam os ajustamentos à velocidade em regime livre base,
devido à largura das vias e das bermas, e à densidade dos pontos de acesso.
Largura da via
Largura da berma (m)
(m)
Quadro 3 – Ajustamento (fLS) devido à largura das vias e à largura das bermas
0 0.0
6 4.0
12 8.0
18 12.0
≥24 16.0
em que:
137
Redução na Velocidade Média de Percurso (km/h)
Débito para o
conjunto das
Zonas de não-ultrapassagem (%)
duas vias, vp
(uvl/h)
0 20 40 60 80 100
em que:
BPTSF 100 1 e
0.000879vp
(27)
em que:
138
vp – Débito para o período de ponta de 15 minutos no conjunto das 2 vias
(uvl/h) (expressão 28)
139
3.8.3 Determinação do Débito
V
vp (28)
PHF fG fHV
em que:
O fator (fG) devido ao tipo de terreno utilizado para o cálculo da velocidade média
de percurso é obtido com recurso ao Quadro 7.
Tipo de Terreno
Débito no conjunto Débito num
das 2 vias (uvl/h) sentido (uvl/h)
Plano Ondulado
140
Tipo de Terreno
Débito no conjunto Débito num
das 2 vias (uvl/h) sentido (uvl/h)
Plano Ondulado
1
fHV (29)
1 PT (E T 1) PR (ER 1)
em que:
141
Débito no Tipo de Terreno
Tipo de Débito num
conjunto das 2
Veículo sentido (uvl/h)
vias (uvl/h) Plano Ondulado
em que:
142
Débito no Zonas de não ultrapassagem (%)
sentido oposto,
vo (uvl/h) ≤20 40 60 80 100
FFS=110 km/h
≤100 1.7 3.5 4.5 4.8 5.0
200 3.5 5.3 6.2 6.5 6.8
400 2.6 3.7 4.4 4.5 4.7
600 2.2 2.4 2.8 3.1 3.3
800 1.1 1.6 2.0 2.2 2.4
1000 1.0 1.3 1.7 1.8 1.9
1200 0.9 1.3 1.5 1.6 1.7
1400 0.9 1.2 1.4 1.4 1.5
≥1600 0.9 1.1 1.2 1.2 1.3
FFS=100 km/h
≤100 1.2 2.7 4.0 4.5 4.7
200 3.0 4.6 5.9 6.4 6.7
400 2.3 3.3 4.1 4.4 4.6
600 1.8 2.1 2.6 3.0 3.2
800 0.9 1.4 1.8 2.1 2.3
1000 0.9 1.1 1.5 1.7 1.9
1200 0.8 1.1 1.4 1.5 1.7
1400 0.8 1.0 1.3 1.3 1.4
≥1600 0.8 1.0 1.1 1.1 1.2
FFS=90 km/h
≤100 0.8 1.9 3.6 4.2 4.4
200 2.4 3.9 5.6 6.3 6.6
400 2.1 3.0 3.8 4.3 4.5
600 1.4 1.8 2.5 2.9 3.1
800 0.8 1.1 1.7 2.0 2.2
1000 0.8 0.9 1.3 1.5 1.8
1200 0.8 0.9 1.2 1.4 1.6
1400 0.8 0.9 1.1 1.2 1.4
≥1600 0.8 0.8 0.9 0.9 1.1
FFS=80 km/h3.1
≤100 0.3 1.1 3.1 3.9 4.1
200 1.9 3.2 5.3 6.2 6.5
400 1.8 2.6 3.5 4.2 4.4
600 1.0 1.5 2.3 2.8 3.0
800 0.6 0.9 1.5 1.9 2.1
1000 0.6 0.7 1.1 1.4 1.8
1200 0.6 0.7 1.1 1.3 1.6
1400 0.6 0.7 1.0 1.1 1.3
≥1600 0.6 0.7 0.8 0.8 1.0
FFS=70 km/h
≤100 0.1 0.6 2.7 3.6 3.8
200 1.5 2.6 5.0 6.1 6.4
400 1.5 0.8 3.2 4.1 4.3
600 0.7 0.5 2.1 2.7 2.9
800 0.5 0.5 13 1.8 2.0
1000 0.5 0.5 1.0 1.3 1.8
1200 0.5 0.5 1.0 1.2 1.6
1400 0.5 0.5 1.0 1.0 1.2
≥1600 0.5 0.5 0.7 0.7 0.9
143
3.9.2 Determinação do Tempo de Percurso com Atraso
em que:
É de notar que existem valores distintos para fnp, em função do que se pretende
calcular, velocidade média de percurso ou tempo de percurso com atraso.
BPTSF 1001 e a vd
b
(32)
em que:
144
Débito no Zonas de não-ultrapassagem (%)
sentido oposto,
≤20 40 60 80 100
vo (uvl/h)
FFS=110 km/h
≤100 10.1 17.2 20.2 21.0 21.8
200 12.4 19.0 22.7 23.8 24.8
400 9.0 12.3 14.1 14.4 15.4
600 5.3 7.7 9.2 9.7 10.4
800 3.0 4.6 5.7 6.2 6.7
1000 1.8 2.9 3.7 4.1 4.4
1200 1.3 2.0 2.6 2.9 3.1
1400 0.9 1.4 1.7 1.9 2.1
≥1600 0.7 0.9 1.1 1.2 1.4
FFS=100 km/h
≤100 8.4 14.9 20.9 22.8 26.6
200 11.5 18.2 24.1 26.2 29.7
400 8.6 12.1 14.8 15.9 18.1
600 5.1 7.5 9.6 10.6 12.1
800 2.8 4.5 5.9 6.7 7.7
1000 1.6 2.8 3.7 4.3 4.9
1200 1.2 1.9 2.6 3.0 3.4
1400 0.8 1.3 1.7 2.0 2.3
≥1600 0.6 0.9 1.1 1.2 1.5
FFS=90 km/h
≤100 6.7 12.7 21.7 24.5 31.3
200 10.5 17.5 25.4 28.6 34.7
400 8.3 11.8 15.5 17.5 20.7
600 4.9 7.3 10.0 11.5 13.9
800 2.7 4.3 6.1 7.2 8.8
1000 1.5 2.7 3.8 4.5 5.4
1200 1.0 1.8 2.6 3.1 3.8
1400 0.7 1.2 1.7 2.0 2.4
≥1600 0.6 0.9 1.2 1.3 1.5
FFS=80 km/h
≤100 5.0 10.4 22.4 26.3 36.1
200 9.6 16.7 26.8 31.0 39.6
400 7.9 11.6 16.2 19.0 23.4
600 4.7 7.1 10.4 12.4 15.6
800 2.5 4.2 6.3 7.7 9.8
1000 1.3 2.6 3.8 4.7 5.9
1200 0.9 1.7 2.6 3.2 4.1
1400 0.6 1.1 1.7 2.1 2.6
≥1600 0.5 0.9 1.2 1.3 1.6
FFS=70 km/h
≤100 3.7 8.5 23.2 28.2 41.6
200 8.7 16.0 28.2 33.6 45.2
400 7.5 11.4 16.9 20.7 26.4
600 4.5 6.9 10.8 13.4 17.6
800 2.3 4.1 6.5 8.2 11.0
1000 1.2 2.5 3.8 4.9 6.4
1200 0.8 1.6 2.6 3.3 4.5
1400 0.5 1.0 1.7 2.2 2.8
≥1600 0.4 0.9 1.2 1.3 1.7
Quadro 13 – Fator de ajustamento (fnp) do tempo de percurso com atraso devido às
zonas de não ultrapassagem
145
3.9.3 Determinação do Débito
V
vd (33)
PHF fG fHV
em que:
Tal como se procedia na análise do conjunto das duas vias, é necessário calcular
diferentes valores de vd, um valor para se utilizar no cálculo da velocidade média de
percurso e outro para o cálculo do tempo de percurso com atraso.
Vo
vo (34)
PHF fG fHV
em que:
Sempre que não existam dados locais, pode-se usar como valores de referência
para o Fator de Ponta Horária os seguintes:
Fatores de Ajustamento
146
trainel descendente. A seguir apresentam-se os diferentes valores de fG e fHV a
considerar em cada caso.
A) Troços Extensos
O fator de ajustamento fG a considerar quando se calculam os débitos vd e vo a
utilizar na determinação da velocidade média de percurso são os que constam no
Quadro 7.
B) Traineis Ascendentes
No caso dos traineis ascendentes o fator de ajustamento devido ao declive fG é
dado no Quadro 14, quando se pretende a velocidade média de percurso, e no
Quadro 15 para a determinação do tempo de percurso com atraso. De referir que
para o caso de traineis em que haja variação do declive, ou seja traineis
compostos, pode-se substituir esse trainel por outra equivalente com um declive
médio obtida através do quociente entre a diferença de nível entre os pontos inicial
e final do troço em análise e a extensão do troço, devendo o declive vir expressa
em percentagem.
C) Traineis Descendentes
Nos traineis descendentes o fator de ajustamento devido ao declive fG a considerar
é sempre igual a 1,0. Em relação ao fator de ajustamento devido à presença de
pesados, fHV, pode acontecer uma de duas situações. No primeiro caso se a
velocidade dos camiões não se altera significativamente durante a descida, os
valores a utilizar são os mesmos que foram considerados para os troços extensos,
ou seja, os fatores de ajustamento, fHV, são obtidos pela expressão 29, sendo que
os fatores de equivalência são dados no Quadro 9, quando se pretende determinar
a velocidade média de percurso e no Quadro 10 quando se pretende determinar o
tempo de percurso com atraso. No segundo caso em que se verifica existirem
veículos que têm necessidade de reduzir significativamente a sua velocidade em
147
relação à velocidade em regime livre, deve-se calcular o fator de ajustamento pela
expressão a seguir apresentada. Para a determinação do tempo de percurso com
atraso utiliza-se a expressão 29 e o Quadro 10.
1
fHV (35)
1 PTCPT (E TC 1) (1 PTC )PT (E T 1) PR (ER 1)
em que:
fHV – Fator de ajustamento devido à existência de veículos pesados
PT – Proporção de camiões na corrente de tráfego
PR – Proporção de veículos de recreio (RVs) na corrente de tráfego
PTC – Proporção de camiões que reduzem a velocidade na descida
ET – Fator de equivalência de camiões em veículos ligeiros de passageiros
ER – Fator de equivalência de veículos de recreio (RVs) em veículos ligeiros
de passageiros
ETC - Fator de equivalência dos camiões que reduzem a velocidade na
descida
148
Fator de Ajustamento devido ao declive, fG
Extensão do
Declive (%) Débito no sentido em análise vd, (uvl/h)
trainel (km)
0-300 >300-600 >600
0.4 0.81 1.00 1.00
0.8 0.79 1.00 1.00
1.2 0.77 1.00 1.00
1.6 0.76 1.00 1.00
≥3.0<3.5
2.4 0.75 0.99 1.00
3.2 0.75 0.97 1.00
4.8 0.75 0.95 0.97
≥6.4 0.75 0.94 0.95
0.4 0.79 1.00 1.00
0.8 0.76 1.00 1.00
1.2 0.72 1.00 1.00
1.6 0.69 0.93 1.00
≥3.5<4.5
2.4 0.68 0.92 1.00
3.2 0.66 0.91 1.00
4.8 0.65 0.91 0.96
≥6.4 0.65 0.90 0.96
0.4 0.75 1.00 1.00
0.8 0.65 0.93 1.00
1.2 0.60 0.89 1.00
1.6 0.59 0.89 1.00
≥4.5<5.5
2.4 0.57 0.86 0.99
3.2 0.56 0.85 0.98
4.8 0.56 0.84 0.97
≥6.4 0.55 0.82 0.93
0.4 0.63 0.91 1.00
0.8 0.57 0.85 0.99
1.2 0.52 0.83 0.97
1.6 0.51 0.79 0.97
≥5.5<6.5
2.4 0.49 0.78 0.95
3.2 0.48 0.78 0.94
4.8 0.46 0.76 0.93
≥6.4 0.45 0.76 0.93
0.4 0.59 0.86 0.98
0.8 0.48 0.76 0.94
1.2 0.44 0.74 0.91
1.6 0.41 0.70 0.91
≥6.5
2.4 0.40 0.67 0.91
3.2 0.39 0.67 0.89
4.8 0.39 0.66 0.88
≥6.4 0.38 0.66 0.87
149
Fator de Ajustamento devido ao declive, fG
Extensão do
Declive (%) Débito no sentido em análise vd, (uvl/h)
trainel (km)
0-300 >300-600 >600
0.4 1.00 0.92 0.92
0.8 1.00 0.93 0.93
1.2 1.00 0.93 0.93
1.6 1.00 0.93 0.93
≥3.0<3.5
2.4 1.00 0.94 0.94
3.2 1.00 0.95 0.95
4.8 1.00 0.97 0.96
≥6.4 1.00 1.00 0.97
0.4 1.00 0.94 0.92
0.8 1.00 0.97 0.96
1.2 1.00 0.97 0.96
1.6 1.00 0.97 0.97
≥3.5<4.5
2.4 1.00 0.97 0.97
3.2 1.00 0.98 0.98
4.8 1.00 1.00 1.00
≥6.4 1.00 1.00 1.00
0.4 1.00 1.00 0.97
0.8 1.00 1.00 1.00
1.2 1.00 1.00 1.00
1.6 1.00 1.00 1.00
≥4.5<5.5
2.4 1.00 1.00 1.00
3.2 1.00 1.00 1.00
4.8 1.00 1.00 1.00
≥6.4 1.00 1.00 1.00
0.4 1.00 1.00 1.00
0.8 1.00 1.00 1.00
1.2 1.00 1.00 1.00
1.6 1.00 1.00 1.00
≥5.5<6.5
2.4 1.00 1.00 1.00
3.2 1.00 1.00 1.00
4.8 1.00 1.00 1.00
≥6.4 1.00 1.00 1.00
0.4 1.00 1.00 1.00
0.8 1.00 1.00 1.00
1.2 1.00 1.00 1.00
1.6 1.00 1.00 1.00
≥6.5
2.4 1.00 1.00 1.00
3.2 1.00 1.00 1.00
4.8 1.00 1.00 1.00
≥6.4 1.00 1.00 1.00
150
Fator de equivalência para os camiões, ET
Extensão do
Declive (%) Débito no sentido em análise vd, (uvl/h)
trainel (km)
0-300 >300-600 >600
0.4 2.5 1.9 1.5
0.8 3.5 2.8 2.3
1.2 4.5 3.9 2.9
1.6 5.1 4.6 3.5
≥3.0<3.5
2.4 6.1 5.5 4.1
3.2 7.1 5.9 4.7
4.8 8.2 6.7 5.3
≥6.4 9.1 7.5 5.7
0.4 3.6 2.4 1.9
0.8 5.4 4.6 3.4
1.2 6.4 6.6 4.6
1.6 7.7 6.9 5.9
≥3.5<4.5
2.4 9.4 8.3 7.1
3.2 10.2 9.6 8.1
4.8 11.3 11.0 8.9
≥6.4 12.3 11.9 9.7
0.4 4.2 3.7 2.6
0.8 6.0 6.0 5.1
1.2 7.5 7.5 7.5
1.6 9.2 9.0 8.9
≥4.5<5.5
2.4 10.6 10.5 10.3
3.2 11.8 11.7 11.3
4.8 13.7 13.5 12.4
≥6.4 15.3 15.0 12.5
0.4 4.7 4.1 3.5
0.8 7.2 7.2 7.2
1.2 9.1 9.1 9.1
1.6 10.3 10.3 10.2
≥5.5<6.5
2.4 11.9 11.8 11.7
3.2 12.8 12.7 12.6
4.8 14.4 14.3 14.2
≥6.4 15.4 15.2 15.0
0.4 5.1 4.8 4.6
0.8 7.8 7.8 7.8
1.2 9.8 9.8 9.8
1.6 10.4 10.4 10.3
≥6.5
2.4 12.0 11.9 11.8
3.2 12.9 12.8 12.7
4.8 14.5 14.4 14.3
≥6.4 15.4 15.3 15.2
Quadro 16 – Fator de Equivalência para os camiões na estimativa da velocidade
média de percurso em traineis ascendentes
151
Fator de equivalência para os RVs, ER
Extensão do
Declive (%) Débito no sentido em análise vd, (uvl/h)
trainel (km)
0-300 >300-600 >600
0.4 1.1 1.0 1.0
0.8 1.2 1.0 1.0
1.2 1.2 1.0 1.0
1.6 1.3 1.0 1.0
≥3.0<3.5
2.4 1.4 1.0 1.0
3.2 1.4 1.0 1.0
4.8 1.5 1.0 1.0
≥6.4 1.5 1.0 1.0
0.4 1.3 1.0 1.0
0.8 1.3 1.0 1.0
1.2 1.3 1.0 1.0
1.6 1.4 1.0 1.0
≥3.5<4.5
2.4 1.4 1.0 1.0
3.2 1.4 1.0 1.0
4.8 1.4 1.0 1.0
≥6.4 1.5 1.0 1.0
0.4 1.5 1.0 1.0
0.8 1.5 1.0 1.0
1.2 1.5 1.0 1.0
1.6 1.5 1.0 1.0
≥4.5<5.5
2.4 1.5 1.0 1.0
3.2 1.5 1.0 1.0
4.8 1.6 1.0 1.0
≥6.4 1.6 1.0 1.0
0.4 1.5 1.0 1.0
0.8 1.5 1.0 1.0
1.2 1.5 1.0 1.0
1.6 1.6 1.0 1.0
≥5.5<6.5
2.4 1.6 1.0 1.0
3.2 1.6 1.0 1.0
4.8 1.6 1.2 1.0
≥6.4 1.6 1.5 1.2
0.4 1.6 1.0 1.0
0.8 1.6 1.0 1.0
1.2 1.6 1.0 1.0
1.6 1.6 1.0 1.0
≥6.5
2.4 1.6 1.0 1.0
3.2 1.6 1.0 1.0
4.8 1.6 1.3 1.3
≥6.4 1.6 1.5 1.4
152
Fator de equivalência para os pesados,
Extensão do ET
Declive (%) RVs, ER
trainel (%) Débito no sentido em análise vd, (uvl/h)
0-300 >300-600 >600
0.4 1.0 1.0 1.0 1.0
0.8 1.0 1.0 1.0 1.0
1.2 1.0 1.0 1.0 1.0
1.6 1.0 1.0 1.0 1.0
≥3.0<3.5
2.4 1.0 1.0 1.0 1.0
3.2 1.0 1.0 1.0 1.0
4.8 1.4 1.0 1.0 1.0
≥6.4 1.5 1.0 1.0 1.0
0.4 1.0 1.0 1.0 1.0
0.8 1.0 1.0 1.0 1.0
1.2 1.0 1.0 1.0 1.0
1.6 1.0 1.0 1.0 1.0
≥3.5<4.5
2.4 1.1 1.0 1.0 1.0
3.2 1.4 1.0 1.0 1.0
4.8 1.7 1.1 1.2 1.0
≥6.4 2.0 1.5 1.4 1.0
0.4 1.0 1.0 1.0 1.0
0.8 1.0 1.0 1.0 1.0
1.2 1.0 1.0 1.0 1.0
1.6 1.0 1.0 1.0 1.0
≥4.5<5.5
2.4 1.1 1.2 1.2 1.0
3.2 1.6 1.3 1.5 1.0
4.8 2.3 1.9 1.7 1.0
≥6.4 3.3 2.1 1.8 1.0
0.4 1.0 1.0 1.0 1.0
0.8 1.0 1.0 1.0 1.0
1.2 1.0 1.0 1.0 1.0
1.6 1.0 1.2 1.2 1.0
≥5.5<6.5
2.4 1.5 1.6 1.6 1.0
3.2 1.9 1.9 1.8 1.0
4.8 3.3 2.5 2.0 1.0
≥6.4 4.3 3.1 2.0 1.0
0.4 1.0 1.0 1.0 1.0
0.8 1.0 1.0 1.0 1.0
1.2 1.0 1.0 1.3 1.0
1.6 1.3 1.4 1.6 1.0
≥6.5
2.4 2.1 2.0 2.0 1.0
3.2 2.8 2.5 2.1 1.0
4.8 4.0 3.1 2.2 1.0
≥6.4 4.8 3.5 2.3 1.0
153
Diferença entre Fator de equivalência para os camiões em descida, ETC
154
CAPÍTULO 11
Terraplenagens
1. PERFIS TRANSVERSAIS
1.1 PREÂMBULO
A definição anterior não exclui que este nivelamento seja efetuado sobre a carta. Neste
caso o corte processar-se-ia com uma representação à escala do terreno. No entanto,
embora seja correto considerar que o nivelamento transversal pode ser efetuado sobre
a Planta Topográfica, conseguir-se-á outro grau de rigor ao atuar sobre o próprio
terreno.
156
O passo seguinte para o desenho de um perfil transversal vai exigir que se conheça a
cota de projeto da estrada no ponto do eixo respetivo à representação do corte. Uma
vez que nesta fase do projeto já está executado o nivelamento longitudinal, o que
permite a passagem a definitiva da respetiva rasante, é então conhecida a cota de
projeto no Ponto Quilométrico (P.K.) considerado. Localizada sobre o eixo das
ordenadas a cota de projeto e marcadas as larguras e declives de faixa, bermas,
concordâncias e, caso necessário, valetas, resulta a representação da plataforma e
respetivos órgãos de drenagem sobre o desenho do terreno (Figura 2).
157
O desenho do perfil transversal ficará completo (Figura 4) com alguns pormenores,
que se descrevem de seguida:
P.K. 0+000
P.K. 0+025
P.K. 0+050
P.K. Final
Esta peça desenhada é das mais relevantes quer a nível do Projeto de Execução quer
da própria construção.
158
Assim, de uma forma genérica os perfis transversais permitem a medição da
generalidade das rubricas integradas no Capitulo das Terraplenagens. Para além disso,
as larguras entre pontos de intersecção taludes/terreno vai ser determinante para o
Processo de Expropriações, particularmente no que se refere ao cálculo de áreas da
Planta Parcelar. Projetos de Drenagem, Estruturas de Contenção e Obras Acessórias
usam com muita frequência os dados fornecidos por esta Peça Desenhada.
- desmatação e desarborização;
- demolição de construções e enchimento de poços;
- decapagem.
2. CÁLCULO DE VOLUMES
2.1 PREÂMBULO
Tendo por base os desenhos dos perfis é possível determinar as áreas de aterro e/ou
escavação afetas a cada P.K.. Assim, a partir destas e das distâncias entre os perfis
podemos calcular os volumes dos aterros e das escavações, além de outras medições
relevantes.
159
Para o cálculo dos volumes serão apresentados diversos métodos começando pelo
chamado Método Exato. A partir deste e introduzindo na sua expressão algumas
simplificações chegaremos ao Método da Média das Áreas e ao Método da Área Média.
Destes o mais utlizado é o método da média das áreas, de expressão bastante simples
e cujo rigor é compatível com a precisão pretendida.
Deve observar-se, desde já, que este estudo conserva hoje a mesma importância que
tinha anteriormente, mesmo após o advento dos processos de cálculo eletrónico, dado
que as fórmulas em que assenta este cálculo se mantêm.
S1 S2 4 Sm
V
6
S1, S2 e Sm - áreas das duas bases e da secção média (obtida a metade da altura l).
160
superfície regrada mas sim irregular, em geral. No entanto, se se traçarem os perfis
transversais, atendendo ao que oportunamente se expôs a respeito da execução do
trabalho de campo de modo que a distância entre perfis não seja exagerada poderá
considerar-se regrada a superfície do terreno.
Sx A B x
E portanto a secção a meia distância é igual a média das secções extremas, isto é:
S1 S 2
Sm
2
S S2 S S2
3 S1 3 S2 1
V S1 S2 4 1
6 2 6 2
Esta expressão traduz o método da média das áreas, geralmente aplicado por ser de
aplicação mais simples do que a fórmula do prismoide, pois não obriga ao cálculo da
área da secção média (Sm). Portanto, no método da média das áreas o volume do
entre perfil é dado pelo produto da semissoma das áreas dos perfis transversais
extremos, pelo comprimento do entre perfil.
S1 S2
positivo se Sm
2
S1 S2
negativo se Sm
2
De uma forma gráfica este erro pode ser verificado na figura seguinte
161
Figura 6 – Erro associado ao Método da Média das Áreas
No prismoide a área duma secção paralela à base é função algébrica, racional e inteira
do 2º grau, da sua distância à base, isto é:
Sx a b x c x2
Ao considerar-se a fórmula da média das áreas o que se faz é supor uma variação
linear das áreas, isto é, substituir a parábola P1̂
Pm P2 pela reta ̅̅̅̅̅̅̅
P1 P2 . O erro que se
comete, no volume, ao assim se proceder, vem representado pelo área compreendida
entre o segmento parabólico e a reta, que será positivo ou negativo conforme a
concavidade da parábola esteja voltada para cima ou para baixo, respetivamente.
A fórmula da média das áreas sugere a fórmula da área média, Sm, e a partir desta o
volume V ser calculado através da seguinte expressão:
V Sm
162
aplica. Pelo contrário, quando tal não suceder obtém-se um erro diferente do obtido
pelo método da média das áreas. De facto:
S1 S2 4 Sm S1 S2 2 Sm
Sm
6 6
O facto de este método conduzir a erros menores que o anterior não o recomenda
particularmente, uma vez que encerra o mesmo problema do Método Exato, isto é,
obriga a calcular as áreas da secção média.
A fórmula da média das áreas foi estabelecida para o caso de os dois perfis extremos
serem perfis simples do mesmo nome (ambos em escavação ou em aterro). No
entanto, se eles têm superfícies de natureza diferente temos que, no entre-perfil,
avaliar separadamente os sólidos em escavação e em aterro.
De acordo com o método da média das áreas vamos supor que a área das secções
varia linearmente. Feita esta hipótese, a determinação dos volumes não oferece
dificuldade, assim como a sua representação gráfica, como em seguida se verá.
Neste caso, para o qual foi definida a fórmula, o volume do entre-perfil, considerando L
a distância entre os perfis e E e E' as áreas dos perfis transversais (em escavação,
Figura 7), será dado por:
E E'
Ve L
2
163
Se os dois perfis fossem aterro, a fórmula era idêntica mas em que A e A’ seriam as
áreas dos perfis em aterro:
A A'
Va L
2
A E A E
1 2 L
Pelo que:
164
A E
1 L 2 L
A E A E
A E
VA 1 VE 2
2 2
165
Considerando a porção do entre-perfil à esquerda de ̅12
̅̅̅, pode-se afirmar que se está
presente o caso de 2 “perfis” consecutivos do mesmo nome e, consequentemente, o
seu volume será dado por:
E1 E'
VE' L
2
E2 A'
VE' ' 1 VA 2
2 2
em que
E2 A'
1 L 2 L
A'E2 A'E2
A'
VA 2
2
E1 E' E
VE VE' VE' ' L 2 1
2 2
Assim , neste caso haveria, em rigor, um P.F.. Na prática, porém, considera-se o perfil
fictício coincidente com o perfil simples (Figura 11) e, então, os volumes serão:
A'
VA L
2
E E'
VE L
2
166
Figura 11 – Localização do Perfil Fictício (Teórico vs Prático)
Estes valores são um pouco superiores aos valores exatos, mas a diferença não é tão
importante que compense o trabalho que adviria do cálculo rigoroso.
Neste caso (Figura 12) e em que a representação geométrica se realiza por dois
trapézios (Figura 13), os volumes serão dados por:
A A'
VA L
2
E E'
VE L
2
167
Figura 13 – Representação gráfica dos volumes (perfis mistos correspondentes)
Neste caso temos, como se pode constatar na Figura 14, dois perfis fictícios,
A A'
VA 1' 2
2 2
'
E E'
VE 1 '2
2 2
168
1 2
1' '2
Praticamente podemos supor os dois P.F. reduzidos a um só (Figura 16) e, tendo por
base este pressuposto, os volumes seriam:
169
Na prática trata-se este caso como os perfis fossem correspondentes, isto é, os
volumes são calculados por:
2.5.6 Síntese
Recapitulando o que foi referido nos pontos anteriores, nomeadamente sobre os cinco
casos examinados, na prática, só se considera o Perfil Fictício. no caso de dois perfis
simples consecutivos de nomes contrários, ou seja, a um perfil de aterro segue-se um
perfil de escavação e vice-versa.
De acordo com o método da média das áreas para o cálculo dos volumes de terras o
volume entre os perfis 1 e n é dado por:
Em que S1, S2, ..., S4, são as áreas dos perfis 1,2, ..., n (com os respetivos “sinais”) e
L1, L2, ..., Ln-1 são as distâncias do perfil 1 ao perfil 2, do perfil 2 ao perfil 3, ..., do
perfil n-1 ao perfil n.
L1 L L2 L Ln2 L
V S1 S2 1 ... Sn 1 n 1 Sn n 1
2 2 2 2
170
Correspondendo assim a um novo enunciado do teorema da média das áreas: ”o
volume entre dois meios entre-perfis consecutivos é igual à área do perfil
compreendido entre eles a multiplicar pela semissoma dos comprimentos dos entre-
perfis contíguos a esse perfil”.'
Notemos que, quando há um P.F., temos de o contar como um perfil, tendo então o
retângulo correspondente uma altura nula, por ser nula a área do P.F..
Suponhamos que 1,2 e 3 são perfis simples em escavação, 4 e 5 são perfis simples em
aterro, 6 e 7 perfis mistos correspondentes, 7 e 8 perfis mistos não correspondentes, 9
perfil simples em escavação e 10 perfil de área nula. Neste caso, a figura 17, (a) e (b),
dar-nos-ão as representações geométricas dos dois enunciados do teorema da média
das áreas.
171
2.7 – VOLUME DO ENTRE-PERFIL DE TRAÇADO CIRCULAR
No caso da curva descrita pelo centro de gravidade da secção ser circular, vem:
As secções da estrada não são geralmente de forma constante. Assim, uma secção
única de área igual ao valor médio das áreas das secções extremas consideradas,
valerá:
172
e a fórmula do volume será:
Como as secções, conforme já referido, não são constantes, pode-se sem grande erro,
para troços curtos supor:
Quando o raio da curva é grande, a distância entre as secções da ordem dos valores
habituais e o terreno não é excessivamente acidentado, as distâncias b1 e b2 são
muito pequenas em relação a R, e portanto, o segundo termo pode desprezar-se.
Teremos, assim:
Nestas condições, o caso do entre-perfil circular pode então incluir-se dentro do caso
geral.
3. EQUIPAMENTOS DE TERRAPLENAGENS
173
3.1 INTRODUÇÃO
No ponto anterior ficou estabelecido o modo de cálculo dos volumes resultantes das
escavações e dos aterros, sem se precisar o que faríamos das terras provenientes das
primeiras, nem onde tomaríamos as terras necessárias para se fazerem os segundos.
Quanto a este ponto é natural que se empreguem as terras que saem das escavações
para com elas se executarem os aterros, o que pressupõe, evidentemente, igualdade
dos volumes de terraplenagens de nomes contrários.
Se assim não acontecer, isto é, se existir, por exemplo, excesso de escavações sobre
os aterros, haverá terras sobrantes que serão conduzidas para locais
convenientemente escolhidos, os chamados depósitos; se forem os volumes de aterro
a exceder os de escavação, tornar-se-á necessário procurar terras fora, ou seja,
recorrer aos chamados locais de empréstimo. Esta forma de proceder pressupõe,
naturalmente, que dela resulte a maior economia e que as terras a aplicar em aterro
sejam geotecnicamente adequadas para a construção dos aterros.
Muitas vezes, como adiante referido, as máquinas de corte são muito flexíveis, sendo
capazes de propiciar transporte de forma económica.
3.2.1 Generalidades
174
despesas de exploração, que por sua vez, dependem largamente das características da
rasante, como já referido.
Referimos já diferentes meios de transporte e façamos notar que cada um deles deixa
de ser meio económico para além de determinadas distâncias. A classificação das
distâncias vai fornecer-nos um critério de ordenação dos meios de transporte a
empregar em cada secção em que, para fins construtivos, a estrada vai ser dividida.
Note-se que algumas das máquinas usadas nas escavações são autocarregadoras e
transportadoras. Outras funcionam apenas em equipa, com máquinas próprias para o
corte e outras específicas para o transporte.
175
Figura 20 - Moto - Scraper
Figura 22 - Pá Escavadora
Dentro de cada uma das tipologias descritas existem ainda diferentes capacidades de
transporte, diferentes potências e velocidades de transporte, às vezes muito
diferenciadas. Máquinas mais lentas e de menor capacidade de transporte serão mais
económicas em distâncias curtas, aumentando a sua economia de atuação a maiores
176
distâncias com o crescimento das velocidades de atuação e com o aumento do volume
da carga a transportar.
De uma forma resumida e aproximada pode referir-se que para pequenas distâncias,
deve empregar-se o bulldozer que é constituído por um trator munido na parte
dianteira duma lâmina inclinável que, conforme a sua posição, corta, acarreta e
distribui as terras que acumula à sua frente. A distância ótima de transporte é,
variando com a sua capacidade de transporte da ordem dos 10 - 20 metros, podendo a
sua utilidade ir até aos 100-150 metros.
Para distâncias médias, utilizam-se scrapers. Estas máquinas, que são arrastadas por
tratores, servem para escavar, carregar, transportar e distribuir a terra, sendo
constituídas fundamentalmente duma caixa que pode subir ou baixar e dispõem no seu
fundo duma lâmina de corte. A caixa apresenta duas comportas: uma dianteira provida
de movimento giratório, servindo para reter o material durante o transporte e outra na
parte de trás utilizada para o lançar fora durante a descarga. Se o scraper tiver motor
próprio perde as rodas dianteiras, tomando o nome de moto - scraper. Estas
máquinas, que devem ser ajudadas por um trator na fase de carregamento, deslocam-
se a velocidade superior, sendo maior em consequência a sua distância de transporte,
a qual pode atingir os 1500m
3.3 ATERROS
177
descarga dos materiais que é feita pela carga basculante dos dumpers em movimento
lento, propiciando um espalhamento primário.
Figura 24 - Motoniveladora
178
Figura 25 – Cilindro
3.3.2 Compactação
Consegue-se assim que os solos ganhem uma maior resistência mecânica, uma menor
deformabilidade e uma redução da sua permeabilidade.
Uma zona em aterro deve ser diferenciada em profundidade, uma vez que conforme a
sua localização, assim diferentes características assumem relevância particular. A
Figura 26 ilustra esquematicamente as diferentes zonas de um aterro e que se legenda
de seguida:
1. Leito do pavimento;
2. P.S.A. - Parte superior do aterro (geralmente com a espessura igual ou inferior
a 1,00 m);
3. P.I.A. - Parte inferior do aterro (geralmente com a espessura igual ou inferior a
1,00 m);
4. Espaldares;
5. Corpo do aterro.
179
Figura 26 - Zonamento de um aterro
No Corpo de aterro são colocados os solos de menor qualidade, ainda que se lhes
exijam características de resistência e deformabilidade suficientes.
180
No quadro seguinte dá-se uma ideia do valor de percentagem de empolamento de
alguma tipologia genérica de solos.
Tipologia % de Empolamento
Areia 0
Argila 25 - 35%
181
CAPÍTULO 12
Distribuição de Terras – Gráfico de Brückner
1- INTRODUÇÃO
1.1- A ORIGEM
1.2- A IMPORTÂNCIA
183
Porém, a questão relativa à aplicação, em diferentes partes dos aterros, dos materiais
resultantes das escavações, consoante as suas capacidades geotécnicas, já não será de
resolução tão fácil.
Não deixa é de ser possível proceder a adaptações da teoria de Brückner de modo a que
a aplicação, desse valioso auxiliar do planeamento de obra, possa ser adequadamente
feita nos tempos de hoje.
Importa referir que, quando os perfis são misto, isto é, naqueles onde existe Escavação
(E) e Aterro (A), é excluído do gráfico o menor dos dois, assumindo que a compensação
desse volume se faz dentro do mesmo perfil. Incluir-se-á então na curva de Brückner a
diferença entre os dois volumes: [E-A].
Supondo que se optou por colocar as escavações com sinal positivo e os aterros com
sinal negativo, o aspeto da conversão dos dois gráficos é o apresentado na Fig. 1.
O principio do método de Brückner consiste em construir uma curva cuja ordenada em
perfil é, não a área do perfil, mas sim o cubo acumulado correspondente a esse perfil-
soma algébrica dos volumes de escavação e aterro em todos os entre-perfis anteriores,
com a convenção de sinais adotada (escavações – positiva – para cima da LT; aterros –
negativa – para baixo da LT).
Assim em a1, Fig. 1, marcaremos uma ordenada que representa o cubo v1; em a2 uma
ordenada que representando o cubo acumulado v1+v2 e em p, uma ordenada
184
representando o cubo acumulado v1+v2+v3+v4+v5–v6, etc. Assim se construirá a curva
de Brückner.
“Comparando a curva de Brückner com a dos volumes, vê-se que ela atinge um
primeiro máximo em a e igual a aA, correspondente ao ponto de passagem a, das
escavações para os aterros. É fácil de explicar esse máximo: desde a origem até a não há
senão escavações, logo as ordenadas da curva de Brückner vão aumentando mas a partir
de a há aterros, passando as coordenadas a decrescer pois vão sendo diminuídas desses
volumes em aterro. Em a houve então passagem na curva de Brücner de ascendente
para descendente, logo trata-se de um máximo. Continuando a seguir a curva a partir
desse máxima A, vê-se que as ordenadas vão diminuindo à medida que, sucessivamente,
se vão subtraindo novos volumes em aterro; e elas atingem mesmo valores negativos
uma vez que soma dos volumes de aterro subtraídos seja superior ao total dos volumes
de escavação anteriores, isto é, quando o cubo acumulado seja negativo. As ordenadas
negativas vão crescendo em valor absoluto enquanto existam aterros, quer dizer, até ao
ponto b de passagem de aterro para escavação.
A partir desse ponto voltam a predominar escavações, passando então as ordenadas da
cuva de Brückner a diminuir em valor absoluto, e assim o ponto B será um mínimo da
curva, que se atinge quando se dá a passagem de aterro para escavação.
Vimos, assim, que os máximos da curva de Brückner correspondem aos pontos de
passagem de escavação para aterro, e os mínimos, às passagens de aterro para
escavação. Por consequência a natureza dos perfis é a mesma no intervalo
compreendido entre um máximo e um mínimo consecutivo, isto é, nos ramos
descendentes – aterro; no intervalo entre um mínimo e um máximo, ou seja, nos ramos
ascendentes, a natureza dos perfis é também a mesma – escavação”
185
aterros se compensam exatamente. Medindo a ordenada máxima, obtém-se o volume
total de aterros igual ao volume total de escavações. Esta propriedade não se restringe à
LT – estende-se a todas as linhas paralelas à LT e resulta da própria maneira como é
traçada a curva de Brückner”.
É o caso que se verifica entre h e d onde os acumulados, não sendo zero, são iguais hH
=dD. Também aqui os volumes de escavação e aterro entre os perfis h e d são iguais: cC
– hH ou cC – dD.
São pontos onde se executam escavações e se passa para aterros (máxima) ou o seu
inverso (mínimo). É muito relevante a sua localização por se tratarem de possíveis
frentes de obra.
Mas existirão razões de peso para o aparente desuso de tão útil instrumento no
planeamento de terraplenagens? Claro que, os condicionalismos geotécnicos dos solos a
utilizar, criam a necessidade de fazer adaptações, particularmente fáceis, que se
resumem à exclusão da decapagem e do saneamento, dos volumes a considerar na
curva.
Porém, a questão relativa à aplicação, em diferentes partes dos aterros, dos materiais
resultantes das escavações, consoante as suas capacidades geotécnicas, já não será de
resolução tão fácil.
Não deixa é de ser possível proceder a adaptações da teoria de Brückner de modo a que
a aplicação, desse valoroso auxiliar do planeamento de obra, possa ser adequadamente
feita nos tempos de hoje.
2.5- O OBJETIVO
186
Para a execução deste trabalho requer-se a utilização de meios de corte, carga,
transporte, descarga, nivelamento e compactação das terras (bulldozers, pás
escavadoras, dumpers, scrapers, camiões, motoniveladores, cilindros, etc…) o emprego
de equipamentos vários que implicam que é necessário comprar ou alugar e de mão-de-
obra adequada para os porem a funcionar.
Existirão, assim, custos proporcionais às quantidades transportadas e á distância à qual
se fazem os transportes. É objeto da distribuição de terras, o estudo e combinação de
todos estes elementos, por forma a conseguir-se a maior economia para a obra.
Se as trincheiras e os aterros apresentam volumes iguais diz-se que as escavações e os
aterros se compensam. Como já se vincou, na elaboração dum projeto procura
normalmente chegar-se a este resultado, o que se consegue pela escolha conveniente da
posição e inclinação dos traineis. É, porém, raro atingir-se esse resultado, podendo
mesmo haver as já referidas sujeições que o perturbem, além do desacerto que seria
sempre tentar alcança-lo à custa do sacrifício das características técnicas da estrada. É
preciso ter presente que o custo da estrada não é representado apenas pelas despesas de
primeiro estabelecimento mas que estas são agravadas pelas despesas de exploração,
que por sua vez, dependem largamente das características da rasante, como sabemos.
Como é evidente, o movimento de terras para as terraplenagens da estrada pode fazer-se
de inúmeras maneiras, isto é, cada m3 que sai duma escavação pode indistintamente ser
lançado em qualquer perfil de aterro, ou em depósito.
O problema do movimento de terra parece-nos, assim, indeterminado. É objeto da
distribuição de terras fixar entre todos os movimentos de terra possíveis aquele que
seja mais económico, e o mais económico é o que conduzir a distâncias de transporte
mínimas (uma vez que os volumes globais de solos em jogo, estão, à partida fixados).
Conhecida a mais económica distribuição de terras é possível:
- selecionar os aterros para onde transportar as terras das escavações;
- estimar custos de transporte em função do meio de transporte e das distâncias;
- planear o parque de máquinas;
- fasear as terraplenagens;
- construir os acessos provisórios adequados à distribuição selecionada;
- escolher com critério económico os locais de empréstimo e/ou depósito.
3- PREVENÇÕES
3.1- FORMAIS
187
A escala das distâncias é usualmente a mesma da Planta Geral (1:2000 ou 1:1000)
enquanto os volumes acumulados devem corresponder à maior escala possível (1cm < >
x m3) e que seja possível incluir no desenho atendendo às dimensões das folhas de
impressão.
Quanto aos sinais, Brückner convencionou o sinal positivo para os aterros e negativos
para as escavações e tal tem sido mantido ao longo de quase 200 anos da C.B..
Acontece que a escolha não foi muito feliz dado que maior volume de escavações
significa excesso de terras enquanto predominância de aterros corresponde a falta de
terras. Assim, e pela primeira vez, trocar-se-á o sinal das escavações e aterros,
passando aquelas a positivas e os aterros a negativos.
3.2- GEOTÉCNICAS
Para efeito da construção do Gráfico (ou curva) de Brückner serão contabilizadas como
escavações apenas os materiais (solos e rochas) geotecnicamente adequados para a
construção dos aterros. Assim estão excluídas a decapagem (terra vegetal) e os
saneamentos (solos geotecnicamente inadequados).
Nos entre-perfis mistos existem escavações e aterros numa extensão pequena, que no
máximo corresponde à largura da zona da estrada. Assim, nestes casos o transporte das
terras das escavações para os aterros faz-se no próprio perfil, ou seja na perpendicular
ao eixo. As terras (ou ausência de terras) sobrante nesses perfis seguirá
longitudinalmente para os outros, pelo que só esta fração intervém na Curva de
Brückner.
188
3.5- APROVEITAMENTO GLOBAL VERSUS APROVEITAMENTO
PARCIAL
189
Aproveitamento Global com Falta de Terras (Excesso de aterros)
190
O aproveitamento parcial resulta de situações em que a distância escavação/aterro é
muito elevada podendo tornar-se mais económica desaproveitar-se parte das terras
saídas das escavações.
Sejam os seguintes os custos unitários de uma terraplenagem:
- 1m3 de escavação e respetiva carga ............................................................. x
- 1m3 de descarga, nivelamento e compactação ............................................. y
- 1m3 de transporte por cada km ...... ............................................................. c
- indemnização por depósito ............ ............................................................. id
- indemnização por empréstimo ....... ............................................................. ie
- distância escavação/aterro (desconhecido) .................................................. L
- distância escavação/depósito (conhecido) ................................................... ℓ1
- distância empréstimo/aterro (conhecido) ..................................................... ℓ2
Hipótese A:
Aproveitamento Global
C = x + y + cL
191
Desaproveitamento Global
192
4- PRINCÍPIO GERAL DA CURVA DE BRÜCKNER
4.1- PROPRIEDADES DAS ÁREAS DOS SGMENTOS
Na Fig. 6 são vistas duas zonas (em planta) de escavação e aterro. A tracejado
representa-se a futura plataforma das terraplenagens e pode observar-se a ordem de
realização das operações de corte e de compactação. Este trabalho deverá começar pelo
ponto de contacto entre a escavação e o aterro porque, executado o corte e compactado
o aterro adjacente, ficará construído um caminho para as terras a escavar, entre A e B, e
as terras a transportar para o aterro, entre A’ e B’.
Assim, a construção da estrada deve irradiar do ponto de contacto escavação/aterro e
caminhar para um gradual afastamento que possibilite o caminho para o transporte sobre
a linha. Em termos do gráfico (curva) de Brücner, (Fig. 7). Substituímos a linha
contínua KBK’ pela linha em degraus representada.
193
Na porção de segmento onde a linha é ascendente – entre os perfis k e b – as ordenadas
sucessivas indicam a sucessiva acumulação das escavações e, por consequência, a altura
de cada degrau representará o cubo de escavação em cada entre-perfil, assim:
nN – cubo acumulado em n
mM – cubo acumulado em m
nN = mM + VN
em que VN – cubo entre-perfil m e n
A soma total destes degraus – cubo acumulado em b – é a ordenada bB
O transporte de volume MS para aterrar, volume igual entre os perfis k e k’, tem de ser
feito paralelamente à LT, caso contrário, não respeitamos o anteriormente explicitado
com a Fig. 6, ou seja, a possibilidade de criar um caminho de acesso sobre a linha.
“Se o transporte se faz da maneira indicada, então o cubo de escavação SM será
conduzido para aterro igual a S’M’ entre os perfis m’ e l’, e o momento desse transporte
serão produto de SM pela distância entre os centros de gravidade de LSM e L’S’M’
(praticamente mm ' ); o momento será então representado pela área indicada na Fig. 7 a
tracejado. Para os outros cubos teríamos retângulos idênticos, de forma que o momento
total seria dado, com suficiente aproximação, pela soma daquelas áreas retangulares.
Por passagem ao limite – fazendo tender para zero as distâncias entre-perfis – vemos
que o momento total de transporte do cubo Bb de escavação para aterro é dado pela área
do segmento KBK’.
Recorda-se que aquele momento é o produto de um volume pela distância à qual esse
cubo é transportado. Verifica-se que o orçamento, na parte de terraplenagens, é função
daquela área.
A propriedade de o momento de transporte ser dado pela área do segmento respetivo é
muito importante, porque nos vai permitir descobrir a linha de distribuição mais
vantajosa e, como veremos mais adiante, permite-nos também determinar a distância
média de transporte.
Vejamos, então, como utilizar a propriedade das áreas dos segmentos para escolher a
linha de distribuição que conduza a uma menor despesa de transporte.”
Se considerarmos que o Custo Unitário do Transporte de 1m3 é linearmente
proporcional à distância de transporte, vem:
P = kdi + k’
Onde:
p [€] – Custo Unitário do Transporte de 1m3 à distância di;
di [km] – Distâncias variáveis;
K [€/km] e K’ [€] – constantes características do parque de máquinas e produtividade da
equipa de terraplenagem.
194
O volume (V), representado na Fig. 7, corresponde ao somatório dos volumes parciais
(vi), e será:
V vi
P K x divi K ' x vi
ou
P K x M K' x V
“Sendo V uma constante, então a expressão acima indica-nos que o preço do transporte
é uma função linear do momento de transporte, isto é, o transporte será tanto mais
económico quanto menor for o momento de transporte.”
Em resumo, a busca pela distribuição de terras mais económica vai implicar a pesquisa
da linha de distribuição que nos conduz aos menores momentos de transporte.
195
Fig. 8
Fig. 9
Comparando as áreas tracejadas nas duas figuras, pode constatar-se imediatamente que
a área da Fig. 8 é menor do que aquela que resulta da distribuição da Fig. 9.
A diferença entre os dois momentos de transporte é exatamente o dobro da área do
“trapézio” destacado.
Poderia então concluir-se ser ideal a distribuição indicada no quadro seguinte:
Entre-perfis que recebem terras Entre-perfis que cedem terras Volumes a transportar
b–c a-b V1
c–d d-e V2
f–g e–f V3
g-h h-i V4
196
5.2- CURVA TERMINANDO FORA DA LT
5.2.1- REGRAS PARA A DETERMINAÇÃO DA LINHA DE
DISTRIBUIÇÃO
197
- a muito maior rarefação de construções ou terrenos valiosos permitia o despejo
em vazadouro em locais próximos dos sítios onde os solos sobravam.
No final do traçado
A Fig. 10 evidencia umsó local fixo situado a jusante do último P.K. da estrada.
198
No inicio do traçado
Se o local fixo estiver na origem do traçado (Fig. 11), a curva de Brückner fecha-se
sobre L1T1 e, neste caso, a melhor linha de distribuição será L1T1 pois ela tem
funcionamento análogo à própria LT, por ser através dela que se obtém a compensação
de terras.
Intercetando o traçado
Neste caso a linha de distribuição tem dois patamares:
199
Fig. 12 – Um só local intercetando o traçado
Volume movimentado: v1 + v2 + v3 - v + v = v1 + v2 + v3
Momento de transporte: [área tracejada] + v x d
200
Se não existir qualquer posição intermédia para a qual s i , a linha de
distribuição coincidiria com a LT ou L1T1, conforme regra já anteriormente enunciada,
o que equivaleria a abandonar um dos locais fixos, mantendo o outro. Assim, supondo o
caso da Fig. 13, com dois locais fixos, EE’ e FF’, nos extremos do traçado, a linha de
distribuição deverá coincidir com a RR’, pois para esta linha s i .
Esta solução pressupõe que os locais fixos se encontrem a igual distância do principio e
do fim do traçado.
Este é o caso típico em que já existe uma extensão da teoria de Brückner. Nele, a curva
á “enganada”, prolongando-a com ordenada constante do lado em que a distância ao
empréstimo ou depósito é maior, e por d2 – d1. Com esta translação do local do
empréstimo retoma-se o caso anterior com ambos os locais à distância d1.
201
Dois locais intercetando o traçado
A aplicação das regras práticas permite indicar qual a linha de distribuição mais
económica.
À esquerda do 1º local é a LT.
Entre o 1º e 2º local é a linha que promove s i
À direita do 2º local é a L1T1.
Volume movimentado: v1 + v2 +v3 -v4 + (v5 – v’) + (v’ – v6) + v’ + (v7 – v8) + v’’
=v1 + v2 +v3 – v4 + v’ + v5 – v6 + v’ + v7 – v8 + v’’
com v’ + v’’ = v9
Momento de transporte: [área tracejada] + v’ x d + v’’ x d = [área tracejada] + v9 x d
Se os dois locais estiverem a distâncias diferentes prolongar-se-á o 1º o 2º ou o 3º troço
da curva para se conseguir o efeito descrito para dois locais no inicio e final do traçado.
202
D
M
Mi
V Vi
em que:
M Mi é a soma dos momentos parciais de transporte;
Inscrevamos no segmento aBc uma linha paralela à corda ac, cujo comprimento
represente o percurso máximo económico para o transporte a buldózer – 90 metros;
limitamos assim um segmento mn no qual o transporte das terras é todo feito a buldózer,
sendo o momento de transporte dado pela área limitada pelo segmento mn e o volume
de terras a transportar pela ordenada máxima pB desse segmento. Se considerarmos um
retângulo cuja área seja o momento de transporte e cuja altura seja o cubo a transportar,
a base desse retângulo dá-nos a distância média de transporte. É desta maneira que
determinamos as distâncias médias de transporte.
Na Fig. 16, uma vez traçada a corda mn, desenhamos o retângulo edgf de altura pB
igual ao cubo a transportar e cuja a área mxe seja igual à área dxB, e a área gfn igual à
203
área gBy. A base ef do retângulo dá-nos a distância média de transporte a buldózer para
o segmento curvilíneo considerado.
Para determinar a distância média de transporte a scraper procedia-se do mesmo modo:
construía-se um retângulo rqsl, de altura bp cuja área fosse igual à área amnc.
A base rl do retângulo dá-nos a distância média do transporte a scraper para o segmento
curvilíneo considerado.
Se houver transporte por outros meios procedia-se de forma análoga.
Fig. 17 – Distância mais económica de transporte por tipo de meio (Fonte: Manual de
Produção CATERPILLAR – edição 37)
204
150 metros e os 1500 metros. No caso do camião articulado entre os 300 e os 3000
metros e o Dumper até aos 6500 metros. O camião de estrada basculante, não se
encontra representado na Fig. 17, e não apresenta qualquer restrição respeitante à
distância de transporte.
205
CAPÍTULO 13
Rudimentos de Geotecnia Rodoviária
1- PREÂMBULO
Atendendo ao exposto existe uma evidente influência das terraplenagens sobre o destino
do pavimento que sobre elas se vai apoiar.
Acresce que, algumas das vezes são solos que integram ou constituem as camadas
inferiores dos pavimentos e, mesmo outros estratos mais superficiais e resistentes
resultam da aplicação de material rochoso britado misturado e recomposto de modo a
serem conseguidas as maiores resistências.
Todas as razões indicadas apontam para a importância do Estudo Geológico-Geotécnico
no âmbito dos Projetos Rodoviários. Embora este estudo já tivesse feito parte do
capítulo do Estudo do Traçado parece ser uma boa ocasião para, sobre este assunto,
proceder a uma rápida revisão.
207
2- ESTUDO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
2.1- CONSTITUIÇÃO GERAL EM PROJETO DE EXECUÇÃO
Os locais onde efetuar prospeção para colheita de amostras ou realização de ensaios “in
situ” incide exatamente nos locais onde existem mais dúvidas sobre a constituição,
resistência, deformabilidade e permeabilidade dos solos.
Em regra, este Plano deve comportar:
- em zonas de escavação ou aterro: trados, poços ou valas com amostragem para
ensaios laboratoriais;
- em zonas de escavação relativamente profundas: perfis sísmicos de refração para
avaliação de ripabilidades;
. exclusivamente em locais de aterro: PDL, e em zonas mais difíceis, ensaios de
corte e permeabilidade;
- em zonas de fundação de obras de arte especiais e correntes: sondagens à
percursão com ensaios S.P.T. e sondagens à rotação
208
2.3- ENSAIOS LABORATORIAIS
209
- a profundidade do nível freático;
- os solos para aterros ou a sanear;
- a mais favorável geometria dos taludes;
- os potenciais tratamentos de solos para aterro ou fundações;
- as características de resistência e deformação dos solos que relevam para o
dimensionamento das obras de contenção;
- os materiais pétreos que, depois de britados, possam ser utilizados no pavimento;
- a resistência e deformabilidade dos solos indispensáveis para dimensionar o
pavimento.
Desenhados sobre a Planta Geral e o Perfil Longitudinal vão dar uma rápida informação
gráfica sobre:
- os locais onde se executaram cada um dos ensaios;
- a caracterização geológico-geotécnica dos solos;
- a ripabilidade das formações a escavar;
- a localização da drenagem interna;
- a profundidade do nível freático e a possança da terra vegetal;
- a geometria dos taludes e o eventual uso de estruturas de contenção;
- as espessuras do leito do pavimento, p.s.a. e p.i.a.;
- os eventuais tratamentos das fundações.
210
Fig. 1 – Planta Geológica
211
Fig. 2 – Perfil Geotécnico
212
3- CLASSIFICAÇÃO RODOVIÁRIA OU AASHO
3.1- DESCRIÇÃO
213
Fig. 3 – Partes de um aterro
O segundo nível de separação dependerá do limite de liquidez: o seu valor ser superior
ou inferior a 40%.
214
No caso dos siltes, se WL < 40: classificados como A4
se WL > 40: classificados como A5
De forma simplificada pode referir-se que a qualidade dos solos (em termos
rodoviários) decresce de A1 para A7.
215
quanto à sua distribuição, compactação e drenagem, especialmente em relação aos solos
dos grupos A4, A5, A-6 e A-7.
Os materiais xistosos, os muitos alteráveis ou contendo pedra demasiadamente branda,
poderão ser utilizados em aterros desde que se tomem as devidas precauções baseadas
em estudo especial e/ou se tenha em conta o seu comportamento em comportamento em
obras anteriores na região.
O Quadro 2 dará uma ideia da utilização de solos das escavações nos aterros e conforme
a zona estrutural destes – P.I.A., corpo ou P.S.A.
216
Uma nova classificação (LCPC – SETRA), que não será aqui abordada, reservando-se a
sua leccionação para as disciplinas da Opção Condicionada do 5º ano, tem maior
potencialidade no auxílio ao engenheiro rodoviário nos processos de terraplenagens.
A vantagem desta classificação LCPC – SETRA, é patente, dado que nenhuma outra
especificação faz referência ao estado de humidade dos solos, ignorando assim os
parâmetros de estado do solo na sua utilização.
a usar, pois que para uma mesma energia de compactação os solos bem graduados se
compactam melhor que os solos uniformes.
No entanto, é quando se junta a análise granulométrica com os valores obtidos para os
limites de Atterberg, que se conseguem as melhores indicações para a classificação dos
solos.
A terminologia corrente de argila, silte, areia ou seixo tem como base exatamente as
dimensões das partículas que constituem o solo.
A dimensão das partículas de um solo é visível no Quadro 3.
217
Quadro 3 – Dimensões das partículas dos solos
- uniforme, se Cu < 5
- medianamente uniforme, se 5 < Cu < 20
- não uniforme, se Cu > 20
218
com uma rolha de borracha, e fixada num agitador para ser submetida a uma agitação de
90 + 1 ciclo em 30 + 1 s. De seguida as paredes da proveta devem ser lavadas de cima
para baixo com um tubo de lavagem, sendo este introduzido até ao fundo fazendo subir
os elementos argilosos, até que o líquido atinga o traço superior de referência. Deixa-se
depois repousar sem perturbações durante 20 minutos + 10 s, e determina-se a altura h1
do nível superior do floculado. Depois, faz-se descer lentamente o pistão na proveta, até
repousar sobre a parte sedimentada, e determina-se h3, entre a face superior da peça
guia e a face inferior do peso do pistão e a altura do sedimento h2, que se obtém pela
diferença entre h3 e a constante do aparelho k.
A figura 4, ajuda a evidenciar a classificação atrás colocada.
h2
O equivalente de areia, E.A. dum provete é, por definição, dado por x 100 :
h1
219
em que,
h1 – altura do nível superior do floculado em relação ao fundo da proveta
h2 – altura do sedimento determinada com o auxílio do pistão
O equivalente de areia EA da amostra é a média aritmética dos valores determinados
sobre dois provetes, arredondados às unidades.
220
4.4- TEOR DE HUMIDADE NATURAL
221
4.5- ENSAIO DO AZUL DE METILENO (VBS)
A quantidade de siltes e argilas é avaliada pelo índice de plasticidade (IP) e pelo ensaio
do azul de metileno (VBS).
O IP é o parâmetro mais vulgarmente utilizado para caracterizar a quantidade de argila
nos solos. Os limites considerados são 12, 25 e 40, que, respetivamente dividem as
classes pouco argilosas, medianamente argilosas, e argilosas ou muito argilosas. No
entanto, o VBS permite ir um pouco mais longe.
O VBS permite determinar a quantidade e atividade da argila e silte presentes no solo e
exprime-se em gramas de azul de metileno por 100 gramas de solo. Apresenta 6 limites,
que permitem distinguir a plasticidade de solos argilosos e siltosos, e a sensibilidade à
água. Os limites são os seguintes:
O VBS é aplicável a todo o tipo de solos. No entanto para solos medianamente argilosos
e muito argilosos o IP apresenta vantagens, porque é muito mais sensível e por se tratar
de um parâmetro não só de identificação mas também de comportamento. Na
Classificação de Solos LCPC/SETRA está prevista a utilização destes 2 parâmetros. Em
cada caso deverá ser utilizado o que melhor se adapta.
Os gráficos 2 e 3 permitem visualizar as correlações VBS = f (IP) e VBS = f (EA).
As figuras 5 e 6 dão-nos uma ideia gráfica da metodologia do ensaio.
222
Gráfico 2 – VBS = f (IP) Gráfico 3 – VBS = f (EA)
METODOLOGIA
1-
Material retido
no # 200
#
(74μ/D)
200
Material
passado do #
200 (0/74μ)
Como o ensaio se realiza apenas sobre a fração fina do solo, para projetarmos o seu
valor final é necessário conhecer a sua percentagem no conjunto do solo, como segue:
223
peso 0 / 74
peso 0 / 74 peso 74 / D
2-
Azul de metileno
3-
Papel de filtro
Vão-se lançando gotas sobre o papel de filtro até que a auréola à volta da gota seja
incolor. Quando tal acontecer avalia-se a quantidade de V.A.M. usada.
O resultado final obter-se-á pela expressão:
224
Com γ [ ] – definido atrás
e V.A.M. (0/74μ) – valor azul de metileno para a fração fina em gramas
e V.A.M. (0/D) –resultado final em g/100gr.
Adensamento
Pr é consolidação
Fisi cos
Misturas de solos
Vibroflutuação
Estabilização com sais,
Métodos de estabilização de solosQuimi coscimento, betume asfáltico
cal e outros
Mecâni cos compactaçã o e outras
225
As variáveis que afetam o processo de compactação, são:
a) Natureza do solo
É evidente que os problemas de compactação são diferentes para solos argilosos e solos
do tipo arenoso.
b) Método de compactação
Em laboratório, em geral podem usar-se três métodos principais: por impacto, por
amassamento e por carga estática. Atualmente utilizam-se métodos de vibração. No
entanto, o seu uso não está generalizado.
No campo distinguem-se os equipamentos seguintes:
- cilindros lisos;
- cilindros vibradores;
- cilindros de pneus;
- cilindros de pés de carneiro.
Presume-se que os métodos de laboratório reproduzem as condições de campo, mas às
vezes é difícil de estabelecer uma correspondência entre o método de compactação de
campo e o de laboratório.
N nwh
Ec , em que:
V
226
d) Teor de humidade do solo
Observa-se que para terras de humidade crescentes a partir de valores baixos obtém-se
maiores baridades secas para o material compactado usando a mesma energia de
compactação.
No entanto esta tendência não se mantém indefinidamente, já que quando o teor de
humidade ultrapassa um certo valor (WOP) diminuem os pesos específicos secos
conseguidos.
g) Temperatura
Em obra perde-se humidade por evaporação, ou esta aumenta por condensação o que
afeta o teor de humidade do solo.
a) Homogeneidade
b) Características favoráveis de permeabilidade
c) Baixa compressibilidade para evitar o aumento de tensões neutras ou
deformações inaceitáveis
d) Razoável resistência ao esforço cortante
e) Manutenção das propriedades mecânicas em condições de saturação
f) Flexibilidade para suportar assentamentos diferenciais sem fendilhação
227
5.3- COMPACTAÇÃO EM OBRA
228
5.4- ENSAIO DE COMPACTAÇÃO EM LABORATÓRIO
5.4.1- GENERALIDADES RELEVANTES
229
3
p1 – percentagem em peso retido no # (19 mm)
4
3
p2 - percentagem em peso passado no # (19 mm) e retido no # 4 (5
4
mm)
p3 – percentagem em peso passado no # 4 (5 mm) retido no # 10 (2
mm)
p4 - percentagem em peso passado no # 10
S
Molde pequeno com
p2 < 20% substituição dos solos p2 por
solos p3
S
Molde grande com
P1 < 20% substituição dos solos p1 por
solos p2
Gráfico 4 – Fluxograma para seleção entre molde pequeno e grande do Ensaio Proctor
Embora frequentemente o molde pequeno, adequado para solos mais finos, corresponda
a energias de compactação menores (por comparação com os respetivos cilindros) tal
poderá não ocorrer sempre. Como se viu em 5.4.2 a dimensão do molde corresponde à
dimensão das partículas enquanto que a realização do Proctor Modificado em
detrimento do Normal está relacionado com o tipo de compactador a utilizar:
- Proctor Modificado quando o solo em obra foi compactado com cilindros
vibradores, estáticos ou de pneus com grande carga na geratriz
230
- Proctor Normal quando o solo em obra for compactado com cilindros de pneus
de baixa carga na geratriz ou por cilindros de pés de carneiro
Assim teremos:
PROCTOR NORMAL:
Molde Pequeno (o mais frequente)
Solo disposto em 3 camadas
25 pancadas por camada
31,5 cm de altura de queda do pilão
2,45 kgf de peso do pilão
Molde Grande (raro)
55 pancadas por camada (única diferença da situação anterior)
PROCTOR MODIFICADO:
Molde Pequeno (o mais raro)
Solo disposto em 5 camadas
25 pancadas por camada
45,7 cm de altura de queda do pilão
4,54 kgf de peso do pilão
Molde Grande (o mais frequente)
Apenas altera em relação ao Modificado de molde pequeno o
número de pancadas por camada que passam a ser 55.
231
Se retomarmos aqui o ponto 5.1.c) poder-se-á calcular, o título exemplificativo, a
energia de compactação especifica para as duas modalidades de ensaio mais frequentes:
232
extrair o γd máximo (de máxima resistência) e o respetivo teor de humidade, que se
designará de ótimo.
233
Gráfico 5 – Cuva de Compactação
234
Gráfico 6 – Curva de Compactação
235
Na fase de construção e aquando da colocação em aterro do solo ensaiado em projeto e
cuja Curva de Compactação é conhecida, ficará o construtor na posse de teor óptimo de
humidade (wop) que conduzirá ao máximo γd, valor a que corresponderá a máxima
resistência. Adiante se verá que esse γd não é totalmente exigido embora deva atingir
valores muito próximos dos laboratoriais.
Para conseguir os valores indicados, deve ser utilizado o teor ótimo de humidade pelo
mesmo ensaio, com variações de + 10%, de acordo com o tipo de solos (compactação
no ramo seco ou no ramo húmido).
Como é percetível, o aumento do número de passagens do cilindro compactador sobre o
mesmo local, reforça o seu Grau de Compactação. Compete à fiscalização verificar, por
extração de provetes e subsequente cálculo de baridade seca, comprovar que o Grau de
Compactação fixado é ou não atingido.
236
se as dimensões das partículas forem superiores a 19mm em percentagem superior a
20%, como se viu atrás.
Esta dimensão corresponde à interface entre o seixo médio e o seixo graúdo.
Para controlar estes aterros é então usada a relação Q/S definida como a razão entre o
volume de material rochoso adensado durante um certo intervalo do tempo e a
superficievarrida pelo cilindro durante o mesmo tempo.
No Quadro 5 são indicados os valores recomendados para Q/S.
237
Os ensaios são executados sobre provetes imersos e tendencialmente saturados para
tentar provocar em laboratório as condições mais difíceis que o solo vai ter de enfrentar
em obra. Em regra a imersão dos provetes deve prolongar-se por 4 dias.
No caso de solos coerentes deverão moldar-se provetes correspondentes às energias de
compactação de 12, 25 e 55 pancadas por camada e com os respetivos teores ótimos de
humidade obtidos no ensaio Proctor que deve anteceder a realização do CBR.
Para cada energia de compactação o provete será penetrado pelo pistão normalizado,
avaliando-se as forças necessárias para cada penetração. Conforme o Gráfico 7 dever-
se-á corrigir a concavidade inicial, alterando-se assim a origem do sistema de eixos,
particularmente no que diz respeito às penetrações. Por cada energia de compactação, e
uma vez corrigido a curva força / penetração o CBR, expresso em percentagem, será:
F2,5
CBR 2,5 mm
1355 Kg f
238
Gráfico 7 – Correção de curvas força-penetração
239
7- ESCAVAÇÕES – MÉTODO DE REFRAÇÃO SÍSMICA
7.1- INTRODUÇÃO
Quando uma onda P (longitudinal) se propaga num meio com a velocidade v1 encontra a
superfície de separação com outro meio de diferentes características e onde se propague
à velocidade v2 (v2 > v1), refrata-se seguindo as leis de Snell que se podem considerar
uma extensão das leis da ótica.
De acordo com essas leis e a Fig. 3, vem:
v1 sen 1
v2 sen 2
v1 sen c v1
ou sen c
v2 1 v2
240
Fig. 8 – Lei de Snell
241
Fig. 10 – Cálculo de tempo para a onda refratada
x
td
v1
x 2htg c h
tr 2x
v2 cos c v1
ou
x 2h sen c 2h
tr
v2 v 2 cos c cos c v1
x 2h sen c v1 2h
tr
v2 v2 cos c v 1 cos c v1
E,
242
x 2h 2h sen2 c v1
tr pois sen c
v2 cos c v1 v1 cos c v2
tr
x
2h
v 2 cos c v1
1 sen2 c
2
cos c
x 2h 1 sen2 c
tr
v2 v1
x 2h v2
tr 1 12 e finalmente :
v 2 v1 v2
x v 22 v12
tr 2h
v2 v12 v 22
x
Se a onda direta chegar ao mesmo tempo da refratada: t d igual a
v1
x v22 v12 x v2 v1
tr 2h e, finalmente h
v2 v12 v22 2 v2 v1
Alternativa:
Considerando a ordenada na origem da domocrónica (x,t) teremos o atraso da refratada,
ta:
v 22 v12
2h ta (tempo de atraso da onda refratada)
v12 v 22
ou
ta
h
1 1
2 2
2
v1 v 2
243
A construção das domocrónicas corresponderá à marcação num sistema coordenado os
tempos de chegada de cada onda (ordenadas) a cada um dos geofones (abcissas).
1
v2
t
(m 3)
1
ta v1
G1 G2 G3 G4 G5 X
x (m)
Fig. 11 - Domocrónica
244
Gráfico 9 – Domocrónicas com tiros direto e inverso
245
7.4- CONCLUSÕES
246
ANEXO 1
247
248
249
250
251
252
253
254
255
ANEXO 2
256
257
258
259
260
261
262
263
264
265
266
CAPÍTULO 14
Pavimentação
1- A NECESSIDADE DOS PAVIMENTOS
Torna-se então imperioso construir sobre as terraplenagens uma estrutura que seja
adequada à prevenção dos riscos descritos. A adoção de uma estrutura não homogénea,
mas antes constituída por camadas diferenciadas permite que, em profundidade e à
medida que aquelas se afastam do ponto de aplicação das cargas rolantes, se utilizem
materiais menos nobres e consequentemente de menores custos.
A seleção dos melhores solos para as camadas superiores das terraplenagens e a sua
adequada compactação melhora as características mecânicas da fundação, permitindo
economias na estrutura do pavimento.
268
2- TIPOS DE PAVIMENTOS
2.1- CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇAS RELATIVAS
269
A diferença fundamental entre os dois tipos de pavimentos reside no modo como é
distribuída a carga sobre a fundação.
Dada a menor coesão que, em geral, se verifica nas camadas de pavimentos flexíveis,
estes deformam-se, em geral, de modo considerável, sob a ação das cargas, formando a
sua superfície uma depressão de profundidade relativamente importante e bastante
“cavada”, isto é, de certo modo localizada (Fig. 1). Daqui resulta também uma certa
localização das pressões no solo de fundação, numa zona concentrada na vertical do
centro da carga e de raio relativamente pequeno. É para distribuir tais pressões e reduzir
o respetivo valor máximo que o pavimento deve ter espessura suficiente.
No caso dos pavimentos rígidos, dado o efeito laje, as cargas são largamente
distribuídas, de modo que as pressões no solo são, em geral, pequenas, embora atuando
numa extensão considerável. A superfície da laje forma, então, sob a ação da carga, uma
depressão de profundidade relativamente pequena e pouco cavada, isto é,
desenvolvendo-se numa grande extensão (Fig. 1). Contudo, se as pressões aplicadas ao
solo são, em geral, fracas e dependem relativamente pouco da espessura da laje, as
flexões desta podem ser elevadas e conduzir à rotura da laje, se esta tiver espessura
insuficiente.
Fig. 1
270
2.2- VANTAGENS E DESVANTAGENS ENTRE TIPOS DE PAVIMENTOS
3- PAVIMENTOS FLEXÍVEIS
3.1- CONSTITUIÇÃO - GENERALIDADES
Não existe uma fórmula geral para a composição dos estratos que constituem um
pavimento flexível. Em regra, pavimentos sujeitos a maiores e mais repetidas cargas por
eixo serão compostos por:
271
- Camada de Desgaste, aquela que contacta diretamente com as cargas rolantes;
- Camada de Ligação que propicia a ligação desta camada com as subjacentes;
- Camada de Regularização que proporciona uma superfície lisa e desempenada
para a execução das camadas sobrejacentes.
272
Fig. 2 – Descarga, nivelamento e compactação
Consegue-se assim que os solos ganhem uma maior resistência mecânica, uma menor
deformabilidade e uma redução da sua permeabilidade.
Na compactação de aterros em vias de comunicação os compactadores mais vulgares
são os de rasto liso, de pneus, vibradores e pés-de-carneiro. A eficácia dos primeiros
para camadas espessas é fraca, pelo que vão caindo em desuso. São no entanto os
preferidos para fases de regularização e acabamento. Solos arenosos e granulares têm
indicação preferencial para os cilindros vibradores. Estes tornam-se absolutamente
imprescindíveis na execução de pedra-plenos. Solos fracamente coerentes demandam
cilindros de pneus e solos argilosos devem ser compactados com os de pés-de-carneiro.
Uma zona em aterro deve ser diferenciada em profundidade, uma vez que conforme a
sua localização, assim diferentes características assumem relevância particular. No
Capítulo 13 este assunto foi detalhadamente estudado.
No caso das escavações e quando a rocha aflora vai causar uma irregularidade mesmo
debaixo do pavimento.
Neste caso, e devido à irregularidade da superfície removida deverão sobre-escavar-se
espessuras da ordem dos 20-30 cm que serão posteriormente preenchidos com solos
selecionados ou materiais granulares britados. Esta camada, integrada ainda nas
terraplenagens, funcionará como leito de pavimento.
Em solos, a escavação não deve ser levada abaixo da cota prevista, salvo circunstâncias
especiais surgidas durante a construção (presença de afloramentos rochosos não
detetados na prospeção, cavidades existentes em material calcário, ou outros materiais
273
impróprios que devem ser substituídos por solos selecionados ou material britado,
devidamente compactados).
Nas zonas húmidas, e sem prejuízo da previsão de drenos de interceção ou de
rebaixamento do nível prático, é adequado sobre-escavar numa espessura de 0.15-0.20m
com substituição obrigatória do solo húmido por material granular britado devidamente
compactado.
Foi já referida a presença do leito do pavimento nos aterros e em certas condições
especiais de escavação. A sua presença nos aterros, constituindo um coroamento da
p.s.a. permite melhorar as condições de fundação do pavimento. Nestas circunstâncias
este estrato terá uma função económica nos pavimentos flexíveis já que permitirá uma
redução na espessura dos estratos sobrejacentes (do pavimento), já que estes são mais
onerosos.
Para que tal melhoria seja possível é imperioso que as características mecânicas desta
camada sejam adequadas, pelo que na sua constituição só podem ser utilizados solos
selecionados ou material britado. As suas funções e características são, assim, próximas
das que são típicas das sub-bases dos pavimentos flexíveis. Assim, quando coexistem, a
sua distinção é puramente formal integrando o leito do pavimento a rúbrica das
terraplenagens e a sub-base a da pavimentação.
274
dispersão dos glóbulos finos aumenta consideravelmente a superfície de
separação das fases, que é ainda facilitada pela adição à fase aquosa dum
emulsionante que baixa a tensão interfacial entre as duas fases.
275
Quadro 1 – Ligante – Betume Asfáltico
Designação “Fabrico” Designação Identificação antes
Genérica Comercial da Aplicação
RC – Cura rápida
Betume Fluificado Solução MC – Cura média Odor a gasolina
SC – Cura lenta
3.4– AGREGADOS
276
Quadro 2 – Agregados para Pavimentação
Dimensões Denominação
d – D (mm) Elemento Natural Elemento Britado
277
3.5.2– BASES
3.5.2.1- GENERALIDADES
A principal função da base, nos pavimentos flexíveis, é, como se disse, degradar a ação
do peso das rodas dos veículos sobre o terreno, de forma a que, a pressão sobre o solo
de fundação ou sobre a sub-base seja compatível com as respetivas capacidades de
suporte.
Para que essa transmissão de esforços se faça duma forma eficaz e duradoura, a base
deverá ter uma espessura adequada e os agregados que a constituem uma natureza e
uma distribuição tais que possam resistir quer aos esforços tangenciais derivados do
tráfego quer ao efeito de esmagamento dos elementos do agregado.
A resistência da base às diferentes solicitações é mobilizada fundamentalmente pelo
atrito e pela ação agregadora dum ligante, que é usualmente um ligante hidrocarbonado.
Nas bases estabilizadas apenas mecanicamente (sem ligante) a usar em estradas com
pouco tráfego os agregados deverão ser constituídos por “tout-venant” ou material de
granulometria extensa.
A diferença entre os dois quando são iguais as granulometrias limite superiores (0/40,
por exemplo) reside no facto de que o material de granulometria extensa terá de
obedecer a um fuso granulométrico testado para aumentar a sua capacidade de
resistência. É por isso mais caro que o “tout-venant” até pelas sobras que gera na sua
composição.
No caso de adição dum ligante hidrocarbonado o tipo de agregado utilizado e a forma
como o ligante penetra na camada demarcam duas categorias de bases; por um lado as
penetrações betuminosas, em que o agregado é de granulometria aberta e o ligante
penetra por gravidade; por outro, as impregnações betuminosas, em que o agregado é de
granulometria extensa e o ligante penetra por capilaridade.
Vejamos, seguidamente, com mais pormenor, como se realizam estes dois tipos de base.
3.5.2.2– PENETRAÇÕES
278
Durante a operação de cilindramento deverá cobrir-se com agregado de recobrimento
todos os pontos em que o ligante tenda a refluir. Este cilindramento deve ser repetido
pelo menos durante os três dias seguintes, após a execução da penetração, nas horas de
mais elevada temperatura ambiente.
Poderá ser permitida a circulação de veículos logo após a execução da penetração, desde
que se não note qualquer deformação no pavimento e se tenha utilizado betume puro
como ligante. Os veículos deverão, então, circular a uma velocidade inferior a 30 km/h,
durante um período tanto maior quanto mais elevada for a temperatura ambiente (nunca
menos de três dias).
No caso de ter sido utilizado um betume fluidificado ou uma emulsão, o trânsito deverá
ser cortado durante um período tanto maior quanto maior for a sua intensidade em
número e peso dos veículos.
279
Fig. 3 – Sequência de construção de bases “in situ”
280
3.5.2.3– IMPREGNAÇÕES
As diferenças entre estes dois tipos de bases executadas “in situ” resultam da dimensão
relativa dos inertes:
- Brita d/D no caso da penetração o que dará origem a uma base com muitos e
grandes vazios antes do espalhamento do ligante.
- Material de Granulometria Extensa o/D no caso da impregnação o que origina,
após compactação, uma base muito fechada, com poucos e pequenos vazios,
muito mais compacta e resistente mesmo antes do espalhamento do betume.
281
No Quadro 3, resumem-se as principais diferenças.
282
Quadro 4 – Quantidades a utilizar na Penetração
Espessura da 5 cm 7 cm 8 cm 10 cm 15 cm
camada
Dimensões
20/40 20/40 25/50 30/50 40/65
aconselhadas
para a brita
Taxa de
5 7 8 10 15
Betume
(kgf/m2)
Dimensão de
2/14 2/14 4/20 4/20 4/20
areia ou
gravilha de
recobrimento
Taxa de
7/12 7/12 12/18 12/18 15/20
material de
recobrimento
(ℓ/m2)
As quantidades de betume a utilizar na penetração vão tornando este tipo de base cada
vez menos competitiva, desde logo com a impregnação, mas até com bases feitas em
central. A sua única utilidade económica residirá em curtos lanços de rodovias onde não
compensa estabelecer uma central de betuminosos. Mesmo assim a sua falta de
competitividade com a impregnação vai tornando este tipo de base cada vez menos
utilizada.
283
3.5.3– CAMADA DE DESGASTE
3.5.3.1- GENERALIDADES
A camada de desgaste realizada “in situ” é a mais económica de todas, desde logo
porque não necessita de instalação de central betuminosa. Em contrapartida é
particularmente débil, não contribuindo para a resistência estrutural do pavimento. Em
consequência deverá ser usada em rodovias com pouco tráfego de pesados.
284
Fig. 4 – Revestimento superficial betuminoso simples
285
O Quadro 6 reproduz a operacionalidade deste revestimento classificado em função do
número de camadas de agregado e as respetivas dimensões.
V inerte em / m 2 1,1 x
dD
2
(onde d e D são os diâmetros nominais de camada
expressos em mm).
286
A quantidade de betume a utilizar previamente será dada por:
B peso de betume em kgf / m 2 V
10
O Quadro 7 dará uma ideia das temperaturas de aplicação dos betumes asfálticos, nas
suas diversas formas.
287
- camada de sub-base estabilizada mecanicamente e construída à custa de solos
selecionados (A-1a ou A-1b) ou agregados britados de menor custo (tout-
venant).
288
Tal como as outras misturas usadas como base, ligação ou regularização, o betão
betuminoso é uma mistura de agregado médio (dimensão máxima de 14 mm) , finos
(areia ou finos de pedreira) e filler (cimento ou pó de calcário) uniformemente
misturados, usando-se como ligante o betume puro.
Aplicado em camadas delgadas de 4 a 6 cm, constitui um tapete resistente, estanque em
certas condições, e que permite uma boa perfilagem ou reperfilagem do pavimento,
graças à facilidade com que pode ser colocado mecanicamente em obras. Há que ter em
conta, no entanto, que, para pequenas espessuras, é forçoso ter em atenção o efeito mais
adverso dos esforços tangenciais.
Como se referiu já, as centrais betuminosas são o equipamento de obra que permite
realizar a mistura entre agregados e ligante, gerando as denominadas misturas
betuminosas. Estas vão dar origem às mais poderosas camadas dos pavimentos
flexíveis. Estas centrais podem ser do tipo descontínuo ou contínuo. A Fig. 5 dá-nos a
perspetiva da posição relativa dos equipamentos numa central do tipo descontínuo.
289
Fig. 5 – Central Betuminosa Descontínua
290
O funcionamento da central descontínua pode ser resumido:
Os doseadores de agregados (nº1 na Fig. 5) são constituídos por tremonhas onde é
colocado o agregado, com várias granulometrias, por intermédio de uma pá carregadora
e têm unidades de alimentação na sua base que permitem controlar o fluxo do agregado.
Cada tremonha comportará uma granulometria, previamente separada e colocada nas
pilhas observáveis à direita da mesma figura.
O equipamento número 2 é o tambor secador que tem por finalidade retirar a humidade
aos agregados, permitindo o seu envolvimento pelo betume evitando um choque térmico
que dificultaria a mistura.
A retirada da água do agregado é muito importante na medida em que um teor de
humidade de 10% representa 100 litros de água por tonelada de agregado e este, quando
molhado não adere ao betume.
O tambor secador consiste num tambor que roda em torno de um eixo (inclinado de 2 a
10º) e no seu interior tem armações em ferro em forma de “L” que permitem que o
material fique solto e em contacto com o ar quente proveniente do queimador, colocado
na parte inferior e oposta à da entrada do agregado. A entrada do agregado faz-se pela
esquerda e o queimador situa-se do lado direito (Fig. 5).
Os queimadores geralmente trabalham a gás, óleo ou fuel. Os queimadores a gás que
têm uma grande vantagem ambiental, produzem uma queima praticamente limpa.
Os agregados entram então no tambor pela sua parte superior e percorrem o tambor em
direção à chama do queimador que se encontra na parte inferior deste. O percurso é feito
por gravidade devido à inclinação do tambor e disposição das armações de ferro.
Este movimento do agregado em direção à chama, contra o fluxo do ar quente é uma
característica e uma vantagem das centrais descontínuas, já que o agregado está quase
seco quando está mais perto da chama, facilitando assim esta secagem na parte final.
Por este motivo é frequente designar-se este tipo de centrais de “contra-corrente”.
O período de tempo que uma partícula de agregado está dentro do tambor é designado
por “tempo de retenção”.
O percurso dos agregados prossegue através do elevador (nº6) que tem por função criar
cota suficientemente elevada para que aqueles permitam as operações posteriores de
crivagem e as façam por gravidade. Os crivos recebem o agregado aquecido e separam-
no em frações ganulométricas de acordo com a dimensão das malhas (nº6A). Na mesma
zona existem os silos dos agregados quentes.
O sistema de pesagem, colocado mais abaixo pesa o agregado, o filler e o betume. Este
é oriundo dos respetivos silos (nº7) e o filler é proveniente dos silos (nº8) e do sistema
de despoeiramento e filtros (nº4 e respetiva conduta de entrada com o nº 3).
È importante referir que existe uma “balança” para o agregado, outra para o betume,
mas duas para o filler (uma para o recuperado e outra para o comercial). A unidade final
e fundamental é o misturador (conjunto 9) que tem como finalidade misturar e
homogeneizar o agregado, o filler e o betume. O tempo de realização da mistura deverá
ser o mínimo possível, apenas o necessário para garantir que a mistura fique
homogénea. O betume durante a mistura está a uma temperatura muito elevada e em
película muito fina, envelhecendo rapidamente nesta operação. A viscosidade
aproximadamente quadruplica durante a mistura.
291
Com os números 10e 11 (fig. 6) encontra-se o tapete transportador do produto acabado e
os respetivos silos de armazenamento e entrega aos camiões que o levarão à obra.
Nas centrais contínuas a mistura é feita em contínuo no tambor (2), aqui designado por
tambor secador misturador por fazer ambas as funções: a secagem do agregado e a
mistura. Não existe aqui a Unidade de Mistura (9).
Aqui, no Tambor Misturador, o queimador está a jusante e por isso os inertes
acompanham o fluxo de ar quente. É outra diferença em relação às descontínuas.
Obviamente estas centrais são muito mais simples pois não têm tantos elementos
constituintes. Assim os elementos essenciais neste tipo de central são os doseadores de
agregado, a grelha separadora, sistema de pesagem e o tambor secador misturador.
Esta simplicidade confere mais mobilidade a estas centrais e torna-as menos
dispendiosas na aquisição. Obriga no entanto a um controlo muito mais cuidadoso da
granulometria do agregado e na sua pesagem que é feita nos tapetes após os doseadores
do agregado e sua correção em virtude de serem pesados com humidade, antes da
secagem. Estes condicionalismos podem ser atenuados se a proveniência dos agregados
for sempre a mesma e não haja grandes variações na sua produção.
292
A Fig. 7 ilustra o funcionamento deste tipo de centrais e a Fig. 8 dá um pormenor a
maior escala do Tambor Secador Misturador.
293
3.8.4- TRANSPORTE DAS MISTURAS BETUMINOSAS
O espalhamento é feito com pavimentadoras (de rodas ou lagartas) que recebem no seu
depósito as massas diretamente do camião. O camião descarrega por basculamento de
carga.
A Fig. 8 mostra o depósito (1), as vias de evacuação (2), o depósito junto ao piso (3) e o
regulador de espessura da camada (4)
Fig. 8 - Espalhadora
As misturas são geralmente espalhadas a uma temperatura superior a 110ºC. Não é
prudente fazer o espalhamento das massas a uma temperatura ambiente inferior a 5ºC.
294
O cilindramento inicial costuma ser feito por um cilindro de rasto liso, geralmente com
um peso de 8 toneladas. É de boa técnica que a primeira compactação seja seguida de 3
passagens completas dum cilindro de pneus (cuja pressão de enchimento pode ser, em
primeira aproximação de 6kg/cm2), enquanto a temperatura das massas for superior a
60ºC. Esta prática deve ser escrupulosamente seguida se a construção se estiver a
desenrolar no final da estação seca. Evitam-se, assim, dissabores, geralmente
provocados pela chegada das chuvas antes do trânsito ter causado a natural densificação
da mistura. O cilindramento final da mistura pode ser levado a cabo por um cilindro de
rasto liso com um peso que pode atingir as 12 toneladas. É habitual fixar-se a
compactação relativa em 97%, quando referida ao ensaio Marshall.
O trânsito nunca deverá ser restabelecido antes de 3 horas após o cilindramento. Sempre
que possível, este prazo deve ser alargado para as 24 horas.
4- PAVIMENTOS RÍGIDOS
4.1- INTRODUÇÃO
4.2- CONSTITUIÇÃO
Os pavimentos rígidos são constituídos por uma laje de betão de cimento apoiada numa
sub-base granular cuja função é apenas a de evitar que, por ação da água infiltrada haja
migração de finos através das juntas.
A este fenómeno dá-se habitualmente o nome de “pumping”, ou, em português
bombagem.
Em regra os pavimentos não são armados dispondo apenas de varões de aço Ø25 que
ligam placas adjacentes criadas pelas juntas de retração ou construção. Estes passadores
procuram que sob a ação de cargas que se exerçam sobre uma placa haja distribuição
dessa carga pelas placas adjacentes dando continuidade aos valores das deformações.
As lajes estão divididas em placas, praticamente retangulares e limitadas pelo bordo, por
juntas transversais de contração (espaçadas de 3 a 6m) e junta(s) longitudinal(is) de
articulação (largura máxima de 5m).
Outra modalidade deste tipo de pavimentos, rara entre nós, é o BAC – Betão Armado
Contínuo onde existe de facto uma armadura de aço cuja função é aguentar trações que
surjam pela inexistência de juntas. O único exemplo existente em território nacional é a
CREL – Cintura Regional Exterior de Lisboa.
295
4.3- JUNTAS
4.3.1- JUNTAS TRANSVERSAIS DE CONTRAÇÃO (RETRAÇÃO)
São as mais frequentes e podem ou não ser dotadas de barras de transferência de cargas.
As primeiras são visíveis na Fig. 9 e usadas apenas em pavimentos onde não se esperam
cargas muito elevadas.
296
Fig. 10 – Junta de contração com passadores de carga
O seu objetivo é impedir o afastamento das diversas vias de circulação, pelo que
impõem o uso de aços nervurados (Ø12).
Através de cofragens é conseguido que a transferência de cargas se faça por dispositivo
tipo “macho-fêmea”.
A Fig. 11 ilustra o pormenor dessas juntas.
297
4.3.3- JUNTAS DE DILATAÇÃO
298
Fig. 14 – Pormenor da selagem de juntas transversais
5- OUTROS PAVIMENTOS
5.1- INTRODUÇÃO
No sub-capítulo 2.1 foi feita referência sumária aos pavimentos mistos, de que se
apresentou como exemplo uma estrutura quantitativamente flexível dado que apenas
uma das camadas de fundação é constituída por um betão pobre. Apesar disso a rigidez
dessa camada confere à estrutura global um comportamento intermédio entre o flexível
e o rígido. Daí a designação de misto para este tipo de pavimentos de que são exemplo
relevante a generalidade dos arruamentos do Porto, que tendo à superfície uma camada
de desgaste betuminosa possuem em fundação uma camada rígida constituída como
acima se referiu.
Mas esse comportamento intermédio é ainda vulgar nos denominados pavimentos de
macadame hidráulico e os de calçada. Ambos têm interesse histórico, mas as calçadas
continuam a ter aplicação em arruamentos.
299
O espalhamento da brita pode ser feito por espalhadores próprios que recebem a carga
diretamente dos camiões ou por meio de moto-niveladoras a partir de depósitos
provisórios ao longo do traçado da estrada.
Após o espalhamento procede-se à compactação. Quando a pedra começa a ficar
travada vai-se espalhando saibro e regando, só se parando a compactação após a camada
estar perfeitamente estabilizada. O principal problema é exatamente a compactação que
deve ser feita manualmente por apiloamento o que tira rendimento ao trabalho.
Deve notar-se que, exatamente por ser uma base muito exigente em termos de mão-de-
obra, e devido ao facto de esta ter hoje um peso muito elevado no custo global de
qualquer empreendimento, o macadame hidráulico tornou-se uma base de preço muito
elevado o que faz com que a sua utilização seja nula nas estradas nacionais ou até
municipais, destinando-se especialmente a caminhos no interior de complexos turísticos
dado o seu efeito paisagístico positivo.
Ressalve-se no entanto a oportunidade desta referência, quer pelo facto de existirem
ainda muitos pavimentos de macadame hidráulico, quer porque em curtos caminhos
municipais ou interiores a propriedades ter ainda o seu campo de aplicação.
5.3.2- COMPOSIÇÃO
As calçadas devem assentar sobre blocagem com 15 a 25cm de diâmetro sobre o qual se
deve colocar camada de brita com funções drenantes. Sobre esta deve realizar-se uma
camada de material de granulometria extensa com a espessura necessária para conferir
300
resistência a toda a estrutura. Entre a camada de brita e a camada de M.G.E. deverá,
sempre que a primeira seja muito aberta ser interposto um geotêxtil com funções
anticontaminantes. Sobre o M.G.E. dispor-se-ão os cubos (11 x 11 x 11cm3) ou
paralelepípedos (22 x 11 x 11cm3) assentes em almofada de areia ou, de preferência, pó
de granulação (por ter maior ângulo de atrito). A espessura de areia deve variar entre 3 e
5cm.
As juntas entre os blocos devem ser refechadas com areia muito fina misturada com pó
de cimento a traço seco.
Muito semelhante a este tipo de pavimento, para tentar obviar ao problema do seu custo,
usam-se blocos artificiais com 6 ou 8cm de altura e formas diversas, denominados de
pedras de chão. Aqui o assentamento não deve ultrapassar 3cm e ser constituído por
mistura de areia (ou pó de granulação) com cimento. Este pavimento é normalmente
designado apenas para locais com tráfego ligeiro.
301