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COLÉGIO EQUIPATOS

TURMA: 3º ANO
ALUNO PROFESSOR: MAGELLA MATÉRIA: ARTES
EGITO E MESOPOTÂMIA

A evolução da vida do homem sobre o planeta dependeu, em parte, das transformações


climáticas e geológicas que definiram as condições de vida e a ocupação dos espaços. Em paralelo, a
fixação do homem em determinadas regiões e o aperfeiçoamento de suas habilidades intelectuais,
emocionais e sensório-motoras tornaram possíveis seu desenvolvimento e sua adaptação ao meio onde
vivia, ocasionando a organização de sociedades mais complexas e a configuração de verdadeiros
impérios, mais conhecidos como as “grandes civilizações do mundo antigo”.

A monumentalidade dos antigos impérios


Egito e Mesopotâmia são consideradas as primeiras grandes civilizações ou grandes impérios da
humanidade. Esse fato se deve não tanto à expansão territorial desses impérios, mas, sobretudo, às
conquistas culturais e materiais.

Muito do que se conhece hoje a respeito dessas civilizações deve-se ao trabalho dos
arqueólogos. Ruínas e restos de cultura material (construções, armas, utensílios e os mais diversos
objetos), bem como restos mortais, têm sido encontrados há mais de um século por pesquisadores e
constituem os vestígios a partir dos quais podemos conhecer melhor a vida e a evolução daqueles povos.

Sabemos que muita coisa já se perdeu, não só pela ação do tempo, mas, em muitos casos, pela
ação dos homens. Saques realizados em pirâmides e templos egípcios, desde os tempos antigos, fi
zeram desaparecer boa parte do legado da civilização que ocupou o vale do rio Nilo há mais de 5 mil
anos.

Na Mesopotâmia são relativamente poucos os testemunhos da monumental arquitetura


desenvolvida pelos povos que ocuparam a região entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, onde
hoje se localiza o Iraque. Nessa região predominava a construção com adobe, que, como sabemos, não é
um material muito resistente.

Ainda assim, o que restou, somado às fontes deixadas pelos antigos egípcios e pelos povos
mesopotâmicos, é sufi ciente para os estudiosos elaborarem hipóteses e construírem conhecimentos
sobre as práticas e os costumes daquelas civilizações.

Mesopotâmia, que quer dizer “entre rios”, e Egito foram reinos fluviais, cuja força e poder
sempre estiveram associados ao papel dos rios e da riqueza que havia em torno deles. Os rios Nilo,
Tigre e Eufrates determinavam as atividades, a economia e a cultura dos grupos que ocupavam a região
ao redor. As cheias do rio Nilo garantiam a riqueza do solo para o plantio e uma colheita capaz de
sustentar os faraós, a nobreza e o povo egípcio. Para a Mesopotâmia, além de provedores de riquezas, os
rios Tigre e Eufrates representaram também a porta de entrada para os diferentes povos que se
alternavam no controle da região, tornando-a um império marcado por renovadas iniciativas no sentido
de desenvolver a civilização local e aumentar o poder dos impérios constituídos.

Em ambos os locais, desenvolveu-se uma sociedade agrária, dependente de um governo forte o


suficiente para sustentar o esforço tecnológico e econômico demandado pelas atividades de controle das
águas e planejamento dos trabalhos agrícolas. Desse modo, faraós e reis desses impérios têm um
significado fundamental para a compreensão dos hábitos e da cultura daquelas civilizações. O alcance
desse poder traduz-se no caráter monumental das construções egípcias e mesopotâmicas – complexos
funerários, pirâmides, templos e conjuntos urbanísticos, bem como toda a riqueza contida em seus
interiores, que espelhavam a importância atribuída aos faraós e reis, por vezes associados a divindades
locais.

O LUGAR DOS DEUSES


A existência de edifícios dedicados às divindades oficiais egípcias está documentada desde o
Antigo Império; no entanto, grande parte das construções egípcias, sobretudo os templos e complexos
funerários, não foi resultado de apenas uma dinastia, mas estendeu-se por longos períodos, passando por
remodelações e reconstruções.

O caminho de acesso aos templos era protegido por esfinges – esculturas com o rosto do monarca e
corpo de animal –, cuja força deveria afugentar os maus espíritos. A passagem para o interior da
construção era feita através de uma extensa fileira de colunas, em que o formato lembrava alguns
vegetais. Conforme se avançava para o interior, alcançavam-se outros ambientes: pátios abertos,
ladeados por enormes colunas, salões e santuários internos, cujo acesso se tornava cada vez mais difícil,
à medida que os ambientes se tornavam mais sagrados. O espaço diminuía – o chão era elevado e o teto,
rebaixado – provavelmente para simbolizar a dificuldade de se passar do ambiente externo e terreno
para o interno e sobrenatural. De certa forma, fazia-se também referência à passagem da vida para a
vida após a morte.

LUGAR DESTINADO AOS MORTOS

O Egito foi, em todos os tempos, exaltado por sua arquitetura funerária. Como já ressaltamos,
além da afirmação do poder divino dos faraós, a civilização egípcia guiava-se pela crença na
imortalidade da alma, levando-os a construir e ornamentar tumbas e complexos funerários dos mais
diversos tipos e graus de complexidade. Além daqueles destinados aos faraós e aos familiares mais
próximos, a nobreza egípcia e alguns altos funcionários passaram a ocupar necrópoles especialmente
construídas para eles, a partir da V dinastia do Antigo Império. A verdade, porém, é que, de acordo com
tal crença, para garantir a existência eterna, era preciso investir muito para construir as moradas e dotá-
las de todos os utensílios necessários a uma vida confortável e tranquila na eternidade, o que não era
uma condição viável para todos os membros da hierárquica sociedade egípcia.

De todo modo, moradas eternas era o termo empregado no Egito Antigo para definir os locais
onde eram depositados os cadáveres de monarcas, nobres ou artesãos. Nessas “moradas”, o indivíduo
ficava livre do caráter passageiro da vida terrena e passava a desfrutar de uma existência eterna, para a
qual havia se preparado durante toda a vida. Dessa preparação, faziam parte o projeto e a execução dos
monumentos sepulcrais, inicialmente construídos com adobe, pouco restando, portanto, desses
primeiros túmulos. A partir da III dinastia, o uso da pedra nas construções se difundiu, garantindo maior
durabilidade a vários desses monumentos.
O primeiro complexo em que a pedra foi unicamente empregada é o conjunto funerário de
Djoser, monarca da III dinastia. Nele está o único exemplar de pirâmide escalonada que perdurou,
forma que se originou das mastabas, e constitui o modelo a partir do qual os construtores aperfeiçoaram
a forma das pirâmides propriamente ditas, que se tornariam a marca registrada da arquitetura egípcia.
A pirâmide de Djoser foi projetada pelo arquiteto Imhotep, por volta de 2600 a.C., e consiste em
uma sobreposição de mastabas, em tamanho decrescente, até atingir a forma de uma pirâmide em
degraus. O complexo de Djoser, porém, era muito amplo e incluía um recinto sagrado, um pavilhão real,
dois palácios, depósitos e locais de serviços para os ritos de mumificação e sepultamento. Alguns restos
de muralhas e recintos desse complexo demonstram a riqueza plástica do conjunto, no qual Imhotep
transpôs para a pedra modelos da arquitetura em adobe, extremamente criativa e rica em efeitos.

Da pirâmide escalonada, a evolução das técnicas construtivas levou à criação das pirâmides
sólidas, de base quadrada. Os degraus foram preenchidos até atingirem a forma piramidal canônica e
algumas delas, como as pirâmides do complexo de Gizé, recebiam ao final uma cobertura brilhante,
transformando-as em marcos espaciais no meio do deserto. Esse conjunto de pirâmides, talvez o
complexo arquitetônico mais
famoso do Egito antigo, foi erguido
pelos reis da IV dinastia e
compreende a pirâmide de Quéops,
a maior de todo o país, com 146
metros de altura, a de Quéfren e a de
Miquerinos. Por trás da pirâmide de
Quéops, foi construída uma
necrópole civil, onde o faraó
permitiu que fossem erguidas
mastabas para os colaboradores. No
interior desses imensos túmulos
piramidais, desenhavam-se
corredores ascendentes e
descendentes, conduzindo a câmaras
muito profundas e escondidas. O
objetivo era, obviamente, proteger a
câmara mortuária, onde seria depositado o sarcófago do faraó e seus objetos.

Mesmo com todo esse cuidado, não foi possível evitar os saques aos túmulos no interior das
pirâmides. Esse fato fez surgir, no Novo Império, uma nova tendência na arquitetura funerária: em vez
das pirâmides, que eram um marco destacado na paisagem e, consequentemente, mais à vista dos
saqueadores, os reis passaram a construir seus sepulcros em locais mais afastados e de fácil vigilância
— os vales da margem ocidental do rio Nilo, na região de Tebas, capital do país. Hoje conhecidos como
vale dos Reis e vale das Rainhas, eram chamados na época, respectivamente, “lugar da verdade” e
“lugar da beleza” e abrigaram sepulturas escavadas na rocha, igualmente recortada por corredores e
galerias ricamente decoradas com pinturas parietais e baixos-relevos, com pequenas aberturas no lado
de fora. A ideia de esconder os túmulos sob as rochas não impediu, porém, que vaidosos monarcas
mandassem erguer para si templos funerários grandiosos, em locais bem visíveis.

REGRAS E CONVENÇÕES DA ARTE EGÍPCIA


Vimos que a arte egípcia tinha uma função específica e seu caráter era sagrado. Arquitetura,
pintura, escultura e ourivesaria deveriam atender à glória dos deuses e à magia dos rituais ligados à
imortalidade da alma. O objetivo era garantir que tudo fosse perfeito na nova morada do morto. Dessa
forma, diante das intenções evidentes de toda a arte egípcia, é fácil compreender que as regras e
convenções estabelecidas por eles para a execução de pinturas e esculturas também estejam
relacionadas com esses objetivos e com a natureza simbólica da arte. A arte oficial egípcia afastou-se
intencionalmente do Naturalismo, buscando alcançar a essência das coisas, e não sua aparência
transitória. Criou e desenvolveu ainda um sistema próprio de representação que a distância de grande
parte da arte ocidental desde a época grega, pois não considera a arte como imitação da realidade, mas
como instrumento mágico e sagrado. Assim, a rigidez característica das figuras, sua posição frontal e
estática, bem como a presença de convenções figurativas reconhecidas em todo o império, deveria
assegurar a eternidade daquelas formas.
Essas convenções figurativas remetem a vários aspectos, como a fixação de elementos de
figurino, tal como peças e adornos que caracterizavam a figura dos faraós – a nemes, espécie de
cobertura para a cabeça, de linho listrado em azul, com duas tiras que descem sobre os ombros e o peito
e uma cauda de tecido na nuca; as diversas coroas que ajudavam a identificar os soberanos; figuras
animais também relacionadas à caracterização dos monarcas, entre outros. Outro aspecto dessas
convenções reside na maneira de representar as figuras e os objetos, já comentada anteriormente: captar
as formas eternas e evitar as particularidades. Também por isso, grande parte das representações dos
faraós não pode ser considerada retrato, pois geralmente não há semelhança física com o personagem;
são figuras idealizadas, atemporais.

LEI DA FRONTALIDADE EM PINTURAS E ESCULTURAS

ARTE DA MESOPOTÂMIA: HISTÓRIA


E RELIGIÃO
Diferentemente do que aconteceu na fase antiga da existência do Egito, em que o isolamento da
região permitiu a constituição de um Estado forte e de um sistema teológico uniforme e permanente, a
região conhecida como Mesopotâmia teve outro destino. Ocupando a parte sul da confluência dos rios
Tigre e Eufrates, essa área esteve constantemente submetida às invasões que trouxeram instabilidade
política e administrativa considerável, durante quase quatro milênios. No que diz respeito à arte, porém,
parece ter havido certa continuidade dos padrões originalmente concebidos pelos sumérios, fundadores
da civilização mesopotâmica, como uma maneira de legitimar a presença dos novos dominadores,
apoiados na força da tradição das representações já instituídas.
Por volta de 3500 a.C., os sumérios, vindos da Pérsia, instalaram-se na região, inventaram a
escrita cuneiforme e organizaram uma administração centrada nos templos. Os deuses, soberanos, eram
representados pelos príncipes-sacerdotes, que não eram considerados descendentes dos deuses nem
eram adorados como os soberanos egípcios. Na Mesopotâmia, cultuar os mortos não era uma
preocupação da arte e da arquitetura, como no Egito. Com a sucessão de povos no comando da região,
também os deuses soberanos se sucediam, impedindo que se constituísse um império mesopotâmico
unificado.
No decorrer das ocupações da região por diferentes povos, o poder transformador dos homens
dirigia os rumos da história, muito mais do que no Egito, se pensarmos na importância absoluta da
religião para essa civilização. Os soberanos da Mesopotâmia investiram na organização política,
administrativa e jurídica do império, e isso resultou em uma relação diferente da sociedade com a
religião. Essa característica da civilização mesopotâmica se reflete diretamente na maneira como
conceberam a arte e a arquitetura.

ARTE, RELIGIÃO E PODER


Desde o início da ocupação da Mesopotâmia, desenvolveu-se uma arquitetura voltada para a
construção de templos sagrados. Esses complexos incluíam um pátio e um santuário e, próximos a eles,
muitas vezes se erguiam os zigurates, torres altas e escalonadas com acesso por escadarias laterais. O
acesso ao topo dos zigurates, porém, era reservado aos príncipes-sacerdotes, onde estes se encontrariam
com as divindades. Sendo assim, esses santuários eram erguidos em plano mais elevado que as
moradias, para chegar mais próximo dos deuses. Esses locais também eram usados para observar o céu
e os astros.
Estátuas de mármore, representando os deuses e os fiéis, mostram a hierarquia que regulava o
contato da população com as divindades – as maiores representam deuses e divindades e as menores,
sacerdotes e fiéis. As imagens são estilizadas, concebidas a partir de blocos cilíndricos, característica da
estatuária mesopotâmica.
Em sintonia com o estilo egípcio, essas estátuas se caracterizam pela frontalidade e imobilidade,
ainda que apresentem um elemento muito particular: a presença de grandes olhos, mais evidentes nas
figuras divinas. Acredita-se que esse traço esteja associado à concepção religiosa daquele povo, como
se os olhos arregalados estivessem vislumbrando outra realidade, além da materialidade presente.
Igualmente envolvida numa trama que confunde os níveis de realidade, está a famosa torre de
Babel. Citada na Bíblia e incontáveis vezes representada na arte, a torre foi um zigurate erguido na
cidade da Babilônia, célebre por seus luxuosos palácios, pelos jardins suspensos e pela torre de Babel. A
cidade era cercada por altíssimas muralhas de tijolos e atravessada por uma vasta avenida, a Rua da
Procissão, com 22 metros de largura e pavimentada com calcário branco e mármore rosa. A Porta de
Ishtar era a entrada da cidade, cuja construção traduz o requinte da arte mesopotâmica e é, talvez, o
mais significativo resquício da grandeza e do luxo babilônicos.
A beleza dela deve-se, em grande
parte, ao emprego de uma técnica
desenvolvida pelos mesopotâmios: azulejos
esmaltados coloridos usados como cobertura
ornamental.
A porta é revestida por esses ladrilhos
cozidos e esmaltados, de azul intenso,
destacando-se figuras em relevo de dragões,
auroques (espécie bovina, extinta no século
XVII) e leões, todos esmaltados, de notável
delicadeza.

Pela primeira vez, os governos de uma sociedade antiga pensaram na organização das pessoas e
dos espaços, regularizando o trabalho e as práticas coletivas.
As construções eram feitas de adobe, produzido com a argila abundante na região; assim, pouco
dessa primeira arquitetura pode ser encontrada nos dias de hoje. Entretanto, há vestígios importantes da
riqueza e sofisticação dos edifícios e das muralhas desses conjuntos urbanísticos, demonstrando que a
arquitetura já era vista como símbolo e manifestação de poder.
Esse é um traço bastante referenciado na iconografia mesopotâmica: as cenas violentas, nas
quais os soberanos sempre triunfam sobre os opositores. Outros palácios reais também eram adornados
com relevos pintados, característica da arte na região. Os temas representados nesses conjuntos
exaltavam a fi gura do soberano e os feitos militares, além de cenas de caça, em que a coragem do rei
era constantemente exaltada.
Percebemos que as imagens na Mesopotâmia agregaram à função mágica e simbólica da arte a
função de fazer propaganda de seus soberanos e de seus domínios.

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