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TURMA: 3º ANO
ALUNO PROFESSOR: MAGELLA MATÉRIA: ARTES
EGITO E MESOPOTÂMIA
Muito do que se conhece hoje a respeito dessas civilizações deve-se ao trabalho dos
arqueólogos. Ruínas e restos de cultura material (construções, armas, utensílios e os mais diversos
objetos), bem como restos mortais, têm sido encontrados há mais de um século por pesquisadores e
constituem os vestígios a partir dos quais podemos conhecer melhor a vida e a evolução daqueles povos.
Sabemos que muita coisa já se perdeu, não só pela ação do tempo, mas, em muitos casos, pela
ação dos homens. Saques realizados em pirâmides e templos egípcios, desde os tempos antigos, fi
zeram desaparecer boa parte do legado da civilização que ocupou o vale do rio Nilo há mais de 5 mil
anos.
Ainda assim, o que restou, somado às fontes deixadas pelos antigos egípcios e pelos povos
mesopotâmicos, é sufi ciente para os estudiosos elaborarem hipóteses e construírem conhecimentos
sobre as práticas e os costumes daquelas civilizações.
Mesopotâmia, que quer dizer “entre rios”, e Egito foram reinos fluviais, cuja força e poder
sempre estiveram associados ao papel dos rios e da riqueza que havia em torno deles. Os rios Nilo,
Tigre e Eufrates determinavam as atividades, a economia e a cultura dos grupos que ocupavam a região
ao redor. As cheias do rio Nilo garantiam a riqueza do solo para o plantio e uma colheita capaz de
sustentar os faraós, a nobreza e o povo egípcio. Para a Mesopotâmia, além de provedores de riquezas, os
rios Tigre e Eufrates representaram também a porta de entrada para os diferentes povos que se
alternavam no controle da região, tornando-a um império marcado por renovadas iniciativas no sentido
de desenvolver a civilização local e aumentar o poder dos impérios constituídos.
O caminho de acesso aos templos era protegido por esfinges – esculturas com o rosto do monarca e
corpo de animal –, cuja força deveria afugentar os maus espíritos. A passagem para o interior da
construção era feita através de uma extensa fileira de colunas, em que o formato lembrava alguns
vegetais. Conforme se avançava para o interior, alcançavam-se outros ambientes: pátios abertos,
ladeados por enormes colunas, salões e santuários internos, cujo acesso se tornava cada vez mais difícil,
à medida que os ambientes se tornavam mais sagrados. O espaço diminuía – o chão era elevado e o teto,
rebaixado – provavelmente para simbolizar a dificuldade de se passar do ambiente externo e terreno
para o interno e sobrenatural. De certa forma, fazia-se também referência à passagem da vida para a
vida após a morte.
O Egito foi, em todos os tempos, exaltado por sua arquitetura funerária. Como já ressaltamos,
além da afirmação do poder divino dos faraós, a civilização egípcia guiava-se pela crença na
imortalidade da alma, levando-os a construir e ornamentar tumbas e complexos funerários dos mais
diversos tipos e graus de complexidade. Além daqueles destinados aos faraós e aos familiares mais
próximos, a nobreza egípcia e alguns altos funcionários passaram a ocupar necrópoles especialmente
construídas para eles, a partir da V dinastia do Antigo Império. A verdade, porém, é que, de acordo com
tal crença, para garantir a existência eterna, era preciso investir muito para construir as moradas e dotá-
las de todos os utensílios necessários a uma vida confortável e tranquila na eternidade, o que não era
uma condição viável para todos os membros da hierárquica sociedade egípcia.
De todo modo, moradas eternas era o termo empregado no Egito Antigo para definir os locais
onde eram depositados os cadáveres de monarcas, nobres ou artesãos. Nessas “moradas”, o indivíduo
ficava livre do caráter passageiro da vida terrena e passava a desfrutar de uma existência eterna, para a
qual havia se preparado durante toda a vida. Dessa preparação, faziam parte o projeto e a execução dos
monumentos sepulcrais, inicialmente construídos com adobe, pouco restando, portanto, desses
primeiros túmulos. A partir da III dinastia, o uso da pedra nas construções se difundiu, garantindo maior
durabilidade a vários desses monumentos.
O primeiro complexo em que a pedra foi unicamente empregada é o conjunto funerário de
Djoser, monarca da III dinastia. Nele está o único exemplar de pirâmide escalonada que perdurou,
forma que se originou das mastabas, e constitui o modelo a partir do qual os construtores aperfeiçoaram
a forma das pirâmides propriamente ditas, que se tornariam a marca registrada da arquitetura egípcia.
A pirâmide de Djoser foi projetada pelo arquiteto Imhotep, por volta de 2600 a.C., e consiste em
uma sobreposição de mastabas, em tamanho decrescente, até atingir a forma de uma pirâmide em
degraus. O complexo de Djoser, porém, era muito amplo e incluía um recinto sagrado, um pavilhão real,
dois palácios, depósitos e locais de serviços para os ritos de mumificação e sepultamento. Alguns restos
de muralhas e recintos desse complexo demonstram a riqueza plástica do conjunto, no qual Imhotep
transpôs para a pedra modelos da arquitetura em adobe, extremamente criativa e rica em efeitos.
Da pirâmide escalonada, a evolução das técnicas construtivas levou à criação das pirâmides
sólidas, de base quadrada. Os degraus foram preenchidos até atingirem a forma piramidal canônica e
algumas delas, como as pirâmides do complexo de Gizé, recebiam ao final uma cobertura brilhante,
transformando-as em marcos espaciais no meio do deserto. Esse conjunto de pirâmides, talvez o
complexo arquitetônico mais
famoso do Egito antigo, foi erguido
pelos reis da IV dinastia e
compreende a pirâmide de Quéops,
a maior de todo o país, com 146
metros de altura, a de Quéfren e a de
Miquerinos. Por trás da pirâmide de
Quéops, foi construída uma
necrópole civil, onde o faraó
permitiu que fossem erguidas
mastabas para os colaboradores. No
interior desses imensos túmulos
piramidais, desenhavam-se
corredores ascendentes e
descendentes, conduzindo a câmaras
muito profundas e escondidas. O
objetivo era, obviamente, proteger a
câmara mortuária, onde seria depositado o sarcófago do faraó e seus objetos.
Mesmo com todo esse cuidado, não foi possível evitar os saques aos túmulos no interior das
pirâmides. Esse fato fez surgir, no Novo Império, uma nova tendência na arquitetura funerária: em vez
das pirâmides, que eram um marco destacado na paisagem e, consequentemente, mais à vista dos
saqueadores, os reis passaram a construir seus sepulcros em locais mais afastados e de fácil vigilância
— os vales da margem ocidental do rio Nilo, na região de Tebas, capital do país. Hoje conhecidos como
vale dos Reis e vale das Rainhas, eram chamados na época, respectivamente, “lugar da verdade” e
“lugar da beleza” e abrigaram sepulturas escavadas na rocha, igualmente recortada por corredores e
galerias ricamente decoradas com pinturas parietais e baixos-relevos, com pequenas aberturas no lado
de fora. A ideia de esconder os túmulos sob as rochas não impediu, porém, que vaidosos monarcas
mandassem erguer para si templos funerários grandiosos, em locais bem visíveis.
Pela primeira vez, os governos de uma sociedade antiga pensaram na organização das pessoas e
dos espaços, regularizando o trabalho e as práticas coletivas.
As construções eram feitas de adobe, produzido com a argila abundante na região; assim, pouco
dessa primeira arquitetura pode ser encontrada nos dias de hoje. Entretanto, há vestígios importantes da
riqueza e sofisticação dos edifícios e das muralhas desses conjuntos urbanísticos, demonstrando que a
arquitetura já era vista como símbolo e manifestação de poder.
Esse é um traço bastante referenciado na iconografia mesopotâmica: as cenas violentas, nas
quais os soberanos sempre triunfam sobre os opositores. Outros palácios reais também eram adornados
com relevos pintados, característica da arte na região. Os temas representados nesses conjuntos
exaltavam a fi gura do soberano e os feitos militares, além de cenas de caça, em que a coragem do rei
era constantemente exaltada.
Percebemos que as imagens na Mesopotâmia agregaram à função mágica e simbólica da arte a
função de fazer propaganda de seus soberanos e de seus domínios.