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Objetivos

1 – Reconhecer os principais aspectos do Império Antigo.

2 – Analisar a produção artística do período.

3 – Compreender a relação da arte com a sociedade egípcia do período.

Revisão
A Época Tinita marca o desenvolvimento das características que farão parte do Egito até o fim
de sua história, como a divinização do faraó, o uso dos hieróglifos, ampliação do culto aos
deuses com formas humanas. Tem início com a unificação do Egito e conta com duas dinastias,
embora tenhamos poucas evidências que nos permitam ter certeza de alguns elementos dessa
época, como o nome do primeiro faraó. Seria Menés? Seria Narmer? Nem os próprios egípcios
tinham certeza quanto a isso. Na arte temos um aperfeiçoamento do que era criado no pré-
dinástico com vasos lapidados e a criação das primeiras obras primas egípcias, são construídas
mastabas mais complexas e templos, porém ainda com tijolos.

Após a época Tinita, chegamos a um dos períodos mais conhecidos da história do Egito: O
Império Antigo e por que é o mais conhecido? Porque em suas dinastias foram construídas as
pirâmides. Os primeiros túmulos egípcios não eram piramidais, na verdade eram estruturas
retangulares feitas de tijolos chamadas Mastabas e possuíam um fosso com câmaras onde era
depositado o corpo do faraó. Nesse local havia banheiros, objetos de uso cotidiano, alimentos,
animais e até mesmo escravos para servi-lo na outra vida. A primeira pirâmide foi construída
para o faraó Djózer da 3ª dinastia em Saqqara por seu arquiteto Imhotep. Este era também
médico, sacerdote, mágico e foi divinizado e adorado tanto no Egito como também na Grécia
sob o nome de Asclépios. A pirâmide foi erguida com pedra e não com tijolos como eram as
mastabas e ficou conhecida como Pirâmide de degraus. Ela reproduz a residência real em
Mênfis e possui passagens secretas e portas falsas e se acredita que a intenção dos egípcios
com esses obstáculos seria tanto para proteger a múmia e seus tesouros como para impedir a
volta do morto ao mundo dos vivos.

A história dessa dinastia ainda é incerta, mas temos conhecimento sobre expedições ao
território da Líbia e a região do Sinai destinada a trazer turquesas, além da anexação da Baixa
Núbia e a transferência da capital para a cidade de Mênfis no Baixo Egito. O sucessor de Zoser
nos legou, em um reinado curto, estimado em apenas seis anos, uma pirâmide em degraus
inacabada e sabemos que seu último representante teria começado uma pirâmide terminada
por seu sucessor, Snefru, primeiro representante da quarta dinastia e a partir daqui são
construídas as primeiras pirâmides de sua forma definitiva como as pirâmides de Gizé e a
esfinge. A maior delas, construída para Queóps possui cerca de 146 metros de altura sem
nenhum tipo de argamassa, apenas blocos de pedra cortados com precisão. A função desse
tipo de construção despertou a curiosidade de gregos e romanos, mas somente no século XIX é
que se descobriu a sua função como túmulos dos faraós. Já a esfinge que por muito tempo foi
vista como uma representação de uma mulher, hoje sabe-se que se trata do faraó Quéfren que
também possui uma pirâmide em Gizé ao lado do faraó Miquerinos. Dentro desse contexto,
somente as obras religiosas como as pirâmides, mastabas, hipogeus e templos é que mereciam
um tratamento mais duradouro através da pedra, pois as construções civis, incluindo o palácio
do faraó, eram feitas em tijolos e não resistiram ao tempo.
A quinta dinastia é menos rica em monumentos que a anterior, no entanto nessa época os
túmulos começaram a ser decorados com cenas inspiradas no cotidiano. Essa situação também
demonstra que o poder real começara a se enfraquecer, pois a sepultura real foi diminuindo
ao mesmo tempo em que as sepulturas privadas vão ganhando maior importância, de modo
que de que a única diferença está na forma do túmulo. O do rei em forma de pirâmide e a
mastaba para os particulares. Com o fim da quinta dinastia temos o chamado Primeiro Período
Intermediário.

No Império Antigo, o governo foi constituído pelo faraó que tem poderes absolutos, auxiliado
por um corpo de ministros, funcionários, escribas e sacerdotes. Nesse momento temos o início
da estratificação social do Egito, ou seja, no topo da pirâmide os faraós, os nobres e os
sacerdotes, no centro, a massa da população composta por mercadores, artesãos e
camponeses, ainda na base estavam os escravos que eram obtidos geralmente através das
guerras, mas não existia em absoluto, os testamentos que chegaram até nós, por exemplo, não
apontam transmissão de servos aos herdeiros. Deve-se apontar, porém, que não existiam
castas no Egito. Se na terceira dinastia temos a figura do Chanceler como dirigente a
administração geral, sob a quarta dinastia emerge o Vizir no posto mais elevado e eram
escolhidos entre os membros da família real devido a sua impor: Justiça, Tesouro, Arsenal,
trabalhos agrícolas e obras públicas. Esse processo complexo acaba caindo sob as costas dos
Escribas, responsáveis por redigir as listas, contratos, testamentos, títulos de propriedade,
reunir a documentação das províncias e todo um trabalho burocrático que pode ter lhe soado
bem familiar. Toda essa documentação era realizada nos papiros, obtidos através das folhas da
planta de mesmo nome. Seus rolos eram flexíveis e manejáveis, porém frágeis, nos deixando
menos informações do que as tabuletas de barro da mesopotâmia.

A economia egípcia girava em torno da agricultura, pesca e pecuária. Os pagamentos eram


feitos através de domínios aos alto-funcionários e os pequenos funcionários recebiam porções
de gêneros como pão, peixe, cerveja, roupas. O ritmo do trabalho no Egito era ditado pelas
cheias do Nilo, em Setembro se semeava os campos, principalmente trigo, cevada e linho, às
vezes lançando a semente no solo, sendo ela enterrada pelos animais soltos no campo ao
pisarem no solo e a rega era desnecessária, apenas para as culturas de cebola, alface, pepino,
alho-poró. O vale do Nilo era formado por estepes, o que favorecia a criação de gado, além de
oríx, hienas, patos, gansos, grous e pelicanos. Nesse contexto também entra a pesca que
favorece tanto a alimentação quanto a caça que além de prover alimentos, tem possibilidade
de favorecer a domesticação de novas espécies.

As trocas são de suma importância para a economia egípcia, visto que não possuem grandes
reservas minerais e de madeira, por isso as expedições são necessárias e devido a sua
importância são da responsabilidade do próprio faraó. Da costa da Somália se traz incenso, o
Sinai fornece Turquesas, a Núbia traz o cobre e os desertos orientais além deste fornecem o
ouro e as pedras necessárias aos escultores e oleiros. O comércio era baseado nas trocas:
hortelã e legumes por um leque, um vaso por sandálias.

Artistas trabalhavam para sacerdotes e príncipes. No Oriente Antigo a arte começou a se


limitar, com exceção das tarefas domésticas, a criação de Ofertas aos deuses e Monumentos
aos reis. Isso fez com que as regras tradicionais na arte fossem consideradas tão sagradas
quanto os credos religiosos. Os sacerdotes faziam com que os reis fossem considerados deuses
e os reis promoviam a construção de templos para os sacerdotes em nome dos deuses. De
modo que ambas se aproveitaram dos artistas para promoverem seus poderes, tornando a
arte subordinada a esta atividade, fazendo com que o artista desaparecesse atrás de sua obra:
os artistas permaneceram anônimos. Dessa forma, desde o pré-dinástico a arte egípcia reflete
também a crença de que a morte é uma transição para a outra vida, por isso os túmulos são
dotados de objetos que os egípcios consideram úteis e necessários ao morto. As estatuetas
mortuárias encontradas nas tumbas, não tentam copiar a realidade, mas passar a ideia do que
é a mulher, por isso usam formas simples.

A cerâmica é simples e funcional, com muitos exemplares decorados com desenhos


geométricos, paisagens ou figuras de animais, barcas e objetos de uso cotidiano feitos de
forma esquemática. Também, no fim do quarto milênio, temos ornamentos de luxo como a
pedra malaquita moída para ser usada para pintar as pálpebras, prática feita tanto para
embelezamento quanto para neutralizar a intensidade dos raios de sol e afastar as moscas tão
presentes naquela região quente e seca. Mas mesmo esse tipo de atividade estava revestida
de mágica, pois o preparo da pedra era realizado em forma de ritual. As paletas utilizadas eram
trabalhadas com animais e figuras humanas, em uma clara referência à arte pré-histórica: a
imagem mágica do animal e a representação dos atos da comunidade.

A arte, com exceção da indústria doméstica, estava limitada a realização de tarefas impostas
por seus patronos: reis e sacerdotes. Portanto as principais obras estavam voltadas para
ofertas aos deuses e perpetuar a memória dos reis, de modo que podemos enxerga-la como
um instrumento de propaganda. Desse modo, o receio de alterações na ordem social, levou a
declarar as regras tradicionais da arte como algo sagrado e inviolável. Com isso os sacerdotes
alimentavam o poder do faraó, considerando-o um deus e o próprio faraó alimentava o poder
dos sacerdotes promovendo a construção de templos. Cada um deles utilizou o artista como
ferramenta para aumentar sua própria glória.

É importante destacar, que apesar da pintura mural e da escultura monumental atrair tantos
olhares atualmente, não foram feitas para serem admiradas por sua beleza, mas eram
encomendadas, em sua maioria, para ficar no interior dos santuários ou nas profundezas dos
sepulcros. A arte estava tão subordinada às suas funções práticas, que a pessoa do artista
desapareceu atrás de sua obra, sem salientar sua personalidade que temos bem poucos
nomes de artistas do Egito Antigo, isto fica ainda mais evidente com os textos dos escribas,
que falam com desprezo da profissão do artista, com exceção dos arquitetos. Também
existiam os artesãos que trabalhavam atendendo a economia doméstica produzindo peças,
como vasos e tecidos, realizando um trabalho que no período anterior era visto como restrito
às mulheres. Nesse contexto surgem escolas onde eram treinados jovens artistas, de modo
que aqui também existiam modelos e métodos que nos levam a observar um sistema rígido,
fazendo com que a expressão do artista se concentrou na busca por perfeição e precisão.

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