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“Na minha cultura, a morte não é o fim, ela é como um ponto de impulso. Se você esticar os braços,
Bast e Sekhmet levarão você até os campos verdes, onde poderá correr para sempre.” T’CHALLA;
Pantera Negra, 2018
RESUMO: Este trabalho acadêmico tem como objetivo apresentar e discorrer sobre os
principais costumes e cultos presentes na antiga sociedade romana e como a morte, enquanto
fator natural da vida humana, se relaciona com a cultura, religião e as práticas festivas
presentes na sociedade que se davam em função do tempo, fator determinante para aqueles
que viviam da produção agrária e dos resultados dos cultivos que serviam de fonte de renda
para os camponeses e lucro para a alta classe, fatos embasados em artigos científicos que
tratam a sociedade romana em torno dos cultos e das religiosidades.
ABSTRACT: This academic work aims to present and discuss the main customs and cults
present in ancient Roman society and how death, as a natural factor of human life, is related
to culture, religion and festive practices present in society that took place in function of time,
a determining factor for those who lived from agrarian production and the results of crops
that served as a source of income for the peasants and profit for the high class, facts based
on scientific articles that deal with Roman society around cults and religiosities.
Em casos de colheitas não bem sucedidas, a elite da sociedade poderia ter grandes
prejuízos em seus negócios, mas os camponeses, que já viviam em estado de calamidade,
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Graduanda em Licenciatura em História na Universidade Federal do Piauí – Campus
Ministro Petrônio Portela
estavam sujeitos à morte e carência de suprimentos básicos, levando em conta que sua única
fonte de renda foi altamente prejudicada. Caroline Bertassoni dos Santos descreve bem
como ocorriam as festas em favor aos deuses em As Festas Religiosas e a Demarcação do
Tempo na Roma Antiga, onde pontua a dependência do trabalho de produção agrária no
clima que pudesse ser favorável para as colheitas. Ocorriam inúmeros imprevistos, já que o
calendário da antiguidade ainda não seguia o ano solar de 365 dias, alterando a data das
comemorações a cada ano, adotando o sistema de calendário citado apenas no Império de
Júlio César, em 46 a.C.
Uma forma de botar em prática esse ciclo de bom agrado aos deuses, foram as festas
que acabavam por não acontecer em datas fixas, tendo em vista o acesso restrito do
calendário e as mudanças ocorridas. Nessas festas, as danças e músicas foram os principais
instrumentos de cultuamento, apresentando um grande deleitamento religioso ao realizar
esses atos de agradecimento. Cada festa poderia carregar um conjunto de simbolismos e
significados diferentes, realizadas em torno da coletividade e princípios compartilhados, as
festas não possuíam enfoque apenas na fertilidade das terras, mas também poderiam ser
sobre a origem da cidade ou do povo, por exemplo. O espaço, o tempo e o homem são os
principais pilares que estruturam o movimento das festividades, onde a ordem se faz
presente novamente, em busca de possuir um domínio, por mais abstrato que fosse, da
natureza e seus desdobramentos, suas passagens climáticas e temporais, suas manifestações
e suas mudanças, já que o desconhecido trazia uma sensação de desconforto,
desarmonização da ordem. (SANTOS, 2010)
Havia uma diferença gritante quando se tratava de elogios fúnebres entre mulheres e
homens. Enquanto os homens, no período arcaico, tinham em seus túmulos elogios épicos e
heróicos, para as mulheres restavam apenas a informação de seus nomes ou parentescos com
pai e irmão e ainda “desculpam-se” pela ocasião da morte tão prematura que não deu tempo
à oportunidade do casamento. É possível encontrar novamente elogios fúnebres dedicadas a
mulheres por volta do século V, agora é notório a presença dos maridos e algumas dos pais,
os elogios giram em volta da virtude e da prudência, a autora traz alguns exemplos:
Esta mulher deixou para trás seu marido e seus irma os, e (legou) a sua mãe
pesar, uma crianc a e renome por uma grande virtude que não envelhecerá
(megáls te aretḗs eúklean agḗrō). Aqui, alguém que alcançou a virtude
inteira (pás s aretḗs), Mnesarete, é mantida na câmara de Perséfone
(thállamos). Mnesarete, filha de Sokrates. (Clairmont1, pl. 15, 30; GV
1962; c. 380 a.C.)
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Marta Mega de. Política e visibilidade: o elogio das mulheres em contextos
funerários atenienses (sécs. V-IV a.C.). In: Mare Nostrum. São Paulo: Laboratório de
Estudos sobre o Império Romano e o Mediterrâneo Antigo, 2014. p. 1-18.