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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO


DISCIPLINA: Cultura e práticas escolares
SEMESTRE 2011/1
Profa Dra. Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas
Profa. Msc. Maria José Dantas (Estágio Docente)
Acadêmica: Milena Aragão

FICHAMENTO 13

Referência bibliográfica: GRAÇA, Tereza Cristina Cerqueira da. Pés-de-anjo e letreiros de neon:
ginasianos na Aracaju dos anos dourados. São Cristóvão: Editora da UFS, 2002.

Objeto: Este estudo visa reconstruir as relações entre cultura escolar e cultura urbana na década de
1950 em Aracaju.

Objetivos: Reconstruir a cultura escolar e urbana de Aracaju através das memórias de ex-alunos de
importantes ginásios da cidade; investigar a cultura material escolar apropriada por alunos e
professores nos ginásios pesquisados; investigar a relação entre as práticas escolares, urbanas e
familiares vivenciadas pelos jovens da época; investigar as tensões e conformações entre os saberes
escolares e urbanos em sua diversidade cultural e social;

Metodologia: O livro foi elaborado a partir de pesquisa bibliográfica, oral e documental. Para o
alcance dos objetivos propostos, o texto foi estruturado em seis capítulos além da introdução. No
primeiro capítulo, a autora aborda com mais ênfase os exames de admissão utilizados para ingressar
nos ginásios; no capítulo seguinte, ela nos introduz no cotidiano escolar analisando as práticas
ocorridas no pátio, na sala, nas aulas, na avaliação e sobre a relação professor-aluno. No capítulo três,
é possível observar as táticas utilizadas pelos alunos na relação destes com os inspetores escolares, nas
fugas e brigas, bem como investiga as brincadeiras e a alimentação no horário de intervalo. No quarto
capítulo a autora apresenta o mundo feminino e suas relações com o masculino, sem esquecer as
vivencias musicais e dos momentos de rebeldia, acompanhando as transformações do período. No
capítulo posterior ela abre as portas dos festejos, como a primeira comunhão, páscoa, natal, sete de
setembro, concursos, São João, carnaval, formatura, entre outras comemorações. A autora encerra o
texto a partir da reconstrução dos capítulos anteriores, problematizando-os com o intuito de
compreender a relação entre cultura e escola.

Fontes: A autora se utiliza de fontes bibliográficas, documentais e orais. Como fontes documentais
têm-se as fontes escritas (documentos oficias, artigos de jornais, poesias, crônicas, etc.) e icnográficas.
Sobre as fontes orais, a autora entrevistou 15 ex-alunos de 6 importantes ginásios da cidade, sendo 3
públicos e 3 particulares.

Principais conceitos utilizados pela autora: Civilização: “[...] o conceito de civilização expressa a
consciência que o Ocidente tem de si mesmo, incluindo aí a ‘consciência nacional. Dessa forma, a
sociedade ocidental expressa o que constitui seu caráter e tudo aquilo de que se orgulha, resumindo
sua posição de superioridade em relação ao passado e aos outros modelos sociais ‘contemporâneos’
mais primitivos.” (p.32). “Para Elias, os temos ‘civilizado’ e ‘incivil’ não constituem antítese do tipo
bem e mal, mas representam fases de um desenvolvimento e continua infinita e indefinidamente. É um
processo ou parte de um processo no qual estamos envolvidos. “(p.269). Tradição docente: “[...] como
um trabalho paciente e continuamente recomeçado que, transmite e perpetua a cultura através da
educação: ‘a educação realiza a cultura como memória viva, reativação incessante e sempre
ameaçada, fio precário e promessa necessária da continuidade humana [...]” (p.260). Pedagogia de
cunho religioso-católico: “[...] preconizava uma disciplina rígida, o cultivo da atenção e da
perseverança nos estudos. O princípio pedagógico fundamental era a emulação, tanto individual
quanto coletiva, aliada a uma hierarquização do corpo discente baseada na obediência e na
meritocracia”. (p.245). Pedagogia Tradicional: “[...] essa pedagogia preconizava três estágios de
desenvolvimento do caráter, donde era preciso conter a impulsividade e o capricho da criança para,
em seguida, ministrá-la uma educação sistemática e, finalmente, instruir os adolescentes e jovens,
formando e conformando sua vontade.” (p.245). Pedagogia Libertária: “[...] a educação libertária
concebia a preparação de um ser moral e fisicamente equilibrado através do exemplo dado pelos
adultos nas suas ações de companheirismo e solidariedade [...]” (p.246). Pedagogia Nova: “[...]
preconizava a liberdade do educando, confiante de que a motivação e o interesse pelo estudo não
seriam impostos de fora para dentro, mas brotaria, naturalmente, das condições do processo ensino-
aprendizagem. [...]” (p.246)

Principais conclusões da autora: 1) “Em que pese toda a contenda entre conservadores e liberais,
tradicionalistas e escolanovistas [...] afora algumas experiências efêmeras e isoladas, o cotidiano da
escola brasileira [...] continuou marcado por relações autoritárias, pelo conteúdo livresco e desatrelado
da vida real dos alunos e pelo método tradicional de dar aulas” (p.239). 2) “Esta pesquisa se insere
nesse ‘novo olhar’ para a escola. Delineou como hipótese inicial que a investigação da cidade e da
cultura urbana, tomadas como o ‘em torno’ da escola, possibilitaria penetrar no seu interior, operando
um deslocamento que permitisse uma melhor compreensão daquilo que é comumente caracterizado
como cotidiano escolar’ ou ‘práticas escolares’. (p.256). 3) “[...] optar por investigar a escola, a partir
do seu ‘em torno’, é esbarrar-se numa multiplicidade de aspectos e implicações e até de perspectivas
analíticas difíceis de dar conta. No entanto, creio que essa pesquisa foi capaz de problematizar as
‘fáceis’ noções, cristalizadas em certa literatura da imposição cultural através da escola, assim como
as premissas que justificam o sucesso dos alunos de classe média e alta pela suposta identidade entre
sua cultura e os saberes escolares” (p.270)

Comentário pessoal: A leitura deste texto me levou a lembrar das conversas com a minha mãe, avó e
sogros, especialmente quando eles reforçaram questões referentes ao exame e o orgulho que sentiram
ao passar em uma prova tão difícil, ao civismo – minha mãe chora até hoje com o hino -, à relação
professor aluno entre outras práticas. Sua leitura também me fez voltar no tempo e no espaço,
lembrando das minhas vivências como adolescente “na rua” e na escola. Percebi algumas diferenças
entre mim e os jovens da década de 1950, quando se trata do espaço urbano, mas quanta similaridade
percebi quando se trata do espaço escolar: diversas práticas explicitadas no texto vivenciei já década
de 90! É interessante perceber que em muitos momentos a escola não dialoga com o cotidiano dos
jovens, com as mudanças que ocorrem na sociedade. Sinto que ela se fecha em seu mundo de
“certezas”, de preconceitos, de moralismos, buscando homogeneizar os alunos, categorizá-los. Dizem
querer prepará-los para a vida, mas que vida? O que a escola sabe sobre os jovens? O que ela permite
que os jovens mostrem? Pensemos: se uma pessoa do século XIX ou início do século XX vem até a
minha casa, ela teria que ser apresentada a uma série de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, pois
seriam objetos no mínimo curiosos; mas se a levássemos em algumas escolas – em especial as
públicas -, ela provavelmente não se sentiria uma estranha: ela veria uma sala, com carteiras
enfileiradas, um quadro de giz na frente, talvez um tablado onde ficasse o professor e, caso assistisse
às aulas de alguns, fatalmente se sentiria “em casa”, mesmo num tempo diferente. A escola é uma
instituição que demora a mudar, presa no tempo, em representações, em resistências. Uma questão
interessante sobre a escrita da autora é que, em muitos momentos, parece que as memórias são delas,
tamanha sua identificação com a temática.

Palavras-Chave: História da Educação; Cultura Escolar X Cultura Urbana; Ginásios; Década de


1950; Aracaju/SE.
Falar sobre a dificuldade de se pensar, de se olhar o adolescente. Conversando com as meninas, elas
falam q na aula de psicologia para as licenciaturas, é falado da infância, do idoso e pula-se o
adolescente. É complicado isso, é ocmplicado um professor q trabaha com adolescente, mas não
entende. Ora, se para atuar na Ed infantil fala-se em conhecer as fases, pq noa o adolescente? O legal
dste livro é que ela aborda justamente essa etapa.

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