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1. INTRODUÇÃO
O método tradicional de ensino da língua inglesa tem sido sujeito a bruscas mudanças,
especialmente durante os últimos dois séculos. Talvez em maior proporção do que qualquer
outra disciplina, enquanto o ensino da Matemática ou da Física, ou seja, a metodologia de
ensino da Matemática ou da Física, permanece, em maior ou menor grau, o mesmo, isso
dificilmente acontece com o ensino do inglês ou de línguas em geral. Numa tentativa de
organizar e revisar conceitos considerados importantes para uma sala de aula de ELT (English
Language Teaching), este trabalho discutirá os conceitos em vigor quando se trata de modos
retóricos, gênero, tipos textuais e reconhecimento de padrões textuais.
2. EMBASAMENTO TEÓRICO
Quando Brian Paltridge escreveu "Genre, Text Type, and the Language Learning
Classroom" em 1996, a sala de aula ELT estava vendo um aumento no uso de gênero como
ferramenta de análise de textos, no entanto, não era raro encontrar este conceito sendo
confundido com o conceito de tipos textuais. Para esclarecer este equívoco, Paltridge (1996)
sugere que gênero descreve tipos de atividades, tais como orações, "que ocorrem regularmente
na sociedade" e "são consideradas pela comunidade de fala como sendo do mesmo tipo"
(SWALES, 1990:58), enquanto tipos textuais agrupam textos semelhantes em forma
linguística, independentemente de gênero.
Enquanto o mesmo tipos textual pode pertencer a uma variedade de gêneros
diferentes, o mesmo gênero também pode conter uma variedade de padrões linguísticos
diferentes dentro de si mesmo. O artigo sugere uma análise de textos considerando a estrutura
genérica e a estrutura textual em um método de problema-solução baseado em Hammond et
al. 1992:57. Ele classifica o texto em seções, as quais são: situação, problema, solução,
avaliação; e lembra o leitor de que a ordem em que cada seção aparece não é necessariamente
imutável. As aplicações deste método em uma aula de inglês também são brevemente
discutidas.
Para Paltridge, gênero e tipos textuais funcionam como dois lados da mesma moeda,
um complementa o outro no processo de compreensão do que está por trás da organização de
um texto. Este conceito sugerido de tipos textuais também é chamado de modos retóricos e,
de acordo com o autor, é uma ferramenta valiosa para melhorar a compreensão dos textos
pelos estudantes.
Estes conceitos foram postos em prática por Lucena em ‘Situation - Problem -
Solution - Evaluation: Recognizing How These Functions Are Signaled in a Text’, escrito no
ano 2000. Este trabalho traz uma análise de texto onde a autora identifica o padrão
Situação - Problema - Solução - Avaliação em um trecho extraído de uma revista intitulada
Speak up. Ela reforça a idéia de que o reconhecimento destes padrões pode melhorar a
capacidade dos estudantes de escrever textos.
Tomando como base trabalho de Paltridge e outros pesquisadores, Meurer escreve em
2002 ‘Genre as Diversity, e Rhetorical Mode as Unity in Language Use’, argumentando que
os modos retóricos podem ser incorporados como uma ferramenta na análise de gêneros em
Linguística Funcional Sistêmica (SFL) e em outras tradições de análise de gênero. De
maneira semelhante a Paltridge, ele faz uma distinção entre os gênero e modos retóricos.
Gênero então é definido como tipos de texto razoavelmente estáveis, orais ou escritos,
formais ou informais, que podem ser reconhecidos por sua estrutura retórica e função, ou seja,
sua organização e função, formadas por grupos coexistentes de componentes semióticos, tanto
denotativos como conotativos, usados para alcançar determinados propósitos em meios
sociais reconhecidos. E modos retóricos são divididos em tradicionais e organizacionais,
sendo que o primeiro compreende as estratégias textuais de exposição, argumentação,
descrição e narração, incluindo subcategorias como ilustração, classificação, explicação,
processo e o segundo compreende princípios semânticos textuais de organização que podem
subdividir-se ainda mais em modos retóricos macrosestruturais e microestruturais.
(MEURER,2002)
Meurer propõe que modos de retóricos macroestruturais incluem relações de orações
que constituem Estruturas de Texto Básicas e os modos de retórica microestrutural incluem
relações semânticas convencionais, tais como correspondência, retrospecção ou rotulagem.
Ele encapsula perfeitamente a diferença entre gênero e tipos de texto como "gêneros
significam diversidade, enquanto os modos retóricos significam unidade" e reforça que
gêneros podem ter mais que um modo retórico contidos em si e o mesmo modo retórico
acontece em gêneros diferentes.
Outro tópico explorado são as relações entre orações, que são definidas como
mecanismos retóricos de organização de texto e, como tal, também constituem modos
retóricos específicos que ocorrem em diferentes gêneros. A noção de relação entre orações
aplica-se tanto à interpretação quanto à produção de textos. Elas são limitadas em número e
em número de padrões de combinação convencionalmente preferidos para uso, dividem-se
em Relações de Oração Básicas, ou seja, nosso estoque de relações entre duas orações ou
sentenças quando reunidas, e Estruturas de Texto Básico, que são as estruturas básicas de
mensagem que atuam como contextos linguísticos particulares ou veículos para Relações de
Oração Básicas. Como por exemplo as relações de Situação- Avaliação, Hipotético-Real,
Previsão-Detalhe ou Previsão-Exemplo. As Relações de Oração Básicas incluem relações de
micro-níveis, tais como sequência lógica e correspondência. Meurer conclui destacando a
necessidade de mais pesquisas, pois o impacto do gênero e dos modos retóricos ainda não era
bem compreendido na época.
Para preencher esta lacuna nas pesquisas, vem Humphrey com "The Use of Textual
Patterns in Reading" em 2007, ele fornece uma análise para um trecho de um texto e
identifica cinco elementos principais do padrão de problema-solução: Situação - Problema –
Resposta ao problema - Resultado da resposta - Avaliação do resultado da resposta; e
encontra que o padrão 'Geral-específico' esta presente como uma estrutura subordinada
(menor). Ele usa esta análise para apoiar sua tese de que a compreensão dos padrões
discursivos permite aos estudantes prever o que virá a seguir e como o texto se desenvolverá,
melhorando suas habilidades de leitura, Humphrey usa especificamente estudantes de nível
L2 em seu trabalho, pois neste nível muitas vezes os estudantes são capazes de ler um texto
em voz alta e compreender seu vocabulário, mas não conseguem compreender sua mensagem
geral.
Ele define que a microanálise se concentra em vocabulário e gramática, incluindo
relações coesas e regularidades gramaticais, enquanto a macro-análise investiga a organização
de textos, tais como padrões e tipos textuais. A aprendizagem de padrões de texto pode
permitir aos estudantes decodificar a linguagem falada/escrita no nível de estrutura macro.
Entretanto, para fins de interpretação de textos, ambos os tipos de análise podem ser
considerados eficientes, podendo ser considerados como requisitos mútuos.
Os itens lexicais são enfatizados no trabalho de Humphrey como cruciais para a
compreensão da organização de textos, pois uma determinada palavra pode ser um sinal para
uma propriedade textual, por exemplo, a palavra crise e problema que podem ser usadas para
reconhecer que uma frase apresenta um problema.
O autor afirma que existem três padrões principais para o reconhecimento do texto:
Problema-Solução, de acordo com Hoey (1983) qualquer gênero de texto inclui esta
estrutura e consiste em quatro partes Situação-Problema-Resposta-Avaliação;
Geral-Específico, este consiste em um texto que começa com uma declaração inicial
ampla, seguida por uma série de declarações progressivamente mais específicas
Argumento-Contra-argumento, que consiste em uma série de argumentos e contra-
argumentos contrastantes, que é apresentada sobre um determinado tópico.
Talvez a contribuição mais importante do trabalho de Humphrey seja o levantamento
de duas problemáticas: ensinar aos estudantes como identificar modos retóricos é um
problema em si mesmo, pois pode requerer tempo para praticar e aplicar tal conhecimento à
leituras reais; há uma necessidade de construir schemas nos leitores sobre a língua-alvo para
compreensão de contextos e padrões específicos da cultura na qual aquela língua é falada.
3. METODOLOGIA
4. ANÁLISE
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PALTRIDGE, B., Genre, text type, and the language learning classroom, ELT Journal,
Volume 50, Issue 3, July 1996, Pages 237–243, https://doi.org/10.1093/elt/50.3.237
MEURER, J.L., Genre as Diversity, and Rhetorical Mode as Unity in Language Use, Ilha
do Desterro Florianópolis n43 p.061-082, Jul./Dec. 2002
HOEY, M. On the Surface of Discourse, London: George, Allen and Unwin, 1983