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CURSO DE FARMACOLOGIA BÁSICA

COM FISIOLOGIA DETALHADA


MÓDULO 7. SISTEMA ENDÓCRINO
• Sistema endócrino: Hormônios; locais de secreção; função; tipos de receptores

• Eixo hipotálamo, hipófise e células alvo;

• GH: ações, IGFs, Metabolismo e distúrbios, fármacos

• Tireoide: histologia, hormônios, distúrbios, fármacos

• Pâncreas: hisotlogia, hormônios, DIABETES , fármacos

Por Profa. Dra. Talita Sartori


SISTEMA ENDÓCRINO
SISTEMA ENDÓCRINO
Hormônio – mediador químico secretado por uma
célula que possui ação endócrina
ENDÓCRINO AUTÓCRINO
Molécula
sinalizadora é
Glândula produzida pela
própria célula
alvo

Sangue
PARÁCRINO

Célula alvo

Molécula sinalizadora é por uma


célula e atua na célula vizinha
SISTEMA ENDÓCRINO
SILVERTHORN, 2016

Hormônios são secretados


tradicionalmente por glândulas
endócrinas e também por células
endócrinas isoladas, por neurônios
(neuro-hormônios) e,
ocasionalmente, por
células do sistema imune (citocinas).
SISTEMA ENDÓCRINO
Função dos hormônios

Participar do crescimento e Regulação do metabolismo energético


desenvolvimento • Insulina
• GH • Glucagon
• T3 • GH
• T4 • T3 e T4
• Insulina

Reprodução Modulação do comportamento


• Testosterona • Insulina (saciedade)
• Estrógeno • ADH ( vontade de beber água)
• Progesterona • Testosterona ( atividade sexual)
SISTEMA ENDÓCRINO
Hormônios precisam de receptores em suas células alvo

Receptores de membrana Receptores intracelulares

Acoplados à proteína G Associados à enzimas Citoplasmáticos Nucleares


Glugacon Insulina Aldosterona T3 e T4
Adrenalina GH Cortisol Vitamina D

Ativação de genes
Abertura ou fechamento
Ativação de enzimas
de canais iônicos
Ativação de enzimas já
já sintetizadas
sintetizadas

Resposta celular
SISTEMA ENDÓCRINO
Eliminação de leite
durante
Ocitocina amamentação e
contração uterina
Hipotálamo Neurohipofise
Hipófise posterior

Hipófise Vasopressina/ADH
Controle de
eliminação e
reabsorção de água
Adenohipofise
Hipófise anterior

GH TSH ACTH
Prolactina Hormônio do adrenocorticotrófico LH e FHS
Tireotrófico
crescimento
SISTEMA ENDÓCRINO
Neurônios produtores de
hormônios
Neuroendócrino

SILVERTHORN, 2016
SISTEMA ENDÓCRINO

SILVERTHORN, 2016
SISTEMA ENDÓCRINO

Neurônio magnocelular – maiores


Neurônio parvocelular - menores

Modificado de CLASADONTE; PREVOT, 2018


GH
GHRH – hormônio liberador do GH

Hormônio anabólico
hiperglicemiante, liberado
principalmente em
situações de estresse
(jejum/ exercício físico)

SILVERTHORN, 2016
GH e IGFs
GH

IGFs Crescimento de
Fator de ossos, cartilagens,
crescimento tecidos moles,
semelhante a aumento da
insulina glicemia
GH e metabolismo
GHRH - hipotálamo
GH- hipófise
GH- hipófise
Tecido adiposo Músculo esquelético

Gliconeogênese

Concentração de glicose Sensibilidade a insulina

Hiperglicemia
GH e diminuição de sensibilidade a insulina

INSULINA
GH

P JAK JAK P T P
P P P T
K K
P P

STAT P85
P85
PI3K
P110
TS23

Distúrbios do crescimento
Na criança
Excesso de produção de GH Crescimento ósseo exagerado,
pois ainda há epífises em
Tumor no
desenvolvimento
hipotálamo
Gigantismo

Tumor na Na adulto TS24


TS25
hipófise Crescimento de ossos curtos
crescendo em estatura : falanges,
GH maxila e mandíbula
Acromegalia
IGF Crescimento e
disfunção
metabólica
Slide 15

TS23 excesso ou falta de hormonios


Talita Sartori; 10/09/2022

TS24 tratamento é cirurgico para retirada do tumor


Talita Sartori; 10/09/2022

TS25 manejo farmacologico é paleativo, não cura


Talita Sartori; 10/09/2022
Farmacologia para tratamento de acromegalia

Antagonista Antagonista do receptor do GH

P JAK JAK P
P P

Pegvisomant
Análogo a molécula de GH
Competição pelo receptor
Farmacologia para tratamento de acromegalia

Angonista Angonista do receptor de


somatostatina

Octreotida e lanreotida
Análogo a molécula de somatostatina
Inibição da secreção do GH
Distúrbios do crescimento
Deficiência na produção de GH

Hipopituarismo

Deficiência pode ser hipofisária ou hepática na


GH produção do IGF

IGF Crescimento e
disfunção
metabólica
Tireoide

SILVERTHORN, 2016
Tireoide
Tireoide
Tireoide é formada por células (tireócitos)
que se organizam na forma de folículos
fechados. Tireócito

Coloide

Tireogobulina

T3 T4
Tireoide
Tireoide Sangue
Iodeto
Captação
de iodo
Tireócito
Iodeto

Captação
de iodo

Iodo direcionado ao
folículo

Iodo + tirosina
Peroxidase (oxidação do iodeto/iodo)

Hormônios tireoidianos Tireoglobulina


Tireoide

Glândula que secreta 2 Entretanto toda tiroxina


hormônios: (T4) é convertida em tri-
tri-iodotironina (T3) iodotironina (T3) nos
tiroxina (T4) tecidos, sendo 4x mais
potente que a tiroxina
Tireoide
Tireoide
Na corrente sanguínea, TBG – globulina ligadora de
T3 ligam-se rapidamente a tiroxina
T4 proteínas
transportadoras Albumina
T4 tem maior afinidade pelas proteínas portanto e liberada
mais lentamente para tecidos

T3 tem menor afinidade pelas proteínas portanto é


liberada mais rapidamente para tecidos
T3
T3 T4 T4
T4 T4 T3
Tireoide
Tecidos que
tem receptor
para T3: O T3 age em receptores
Hipófise, fígado,
nucleares estimulando a
Coração, transcrição de inúmeros
pulmão, genes relacionados ao
músculo funcionamento do
esquelético, organismo em geral
intestino e
cérebro.

GUYTON, A.C. e Hall J.E, 2017


Tireoide
Controle da produção hormonal T3 e T4

Hipotálamo
Inibição de TRH Aumento de
TRH

Eixo
Hipotálamo Adenohipófise
Hipófise
Tireoide T3 e T4
TSH

Estímulo para
liberação de T3 e T4

GUYTON, A.C. e Hall J.E, 2017


Doenças da tireoide
Hipertireoidismo Hipotireoidismo

Doença caracterizada Doença caracterizada


pelo estado pelo redução dos níveis
hipermetabólico devido adequados dos
elevação de T3 e T4 hormônios tireoideanos
Hormônios Hormônios
Redução do tamanho e número das células Aumento do tamanho e número das
foliculares células foliculares

Causas podem ser primárias, que ocorrem diretamente na


glândula) ou secundárias (ocorrem em hipotálamo ou hipófise)
Hipotireoidismo
Causas Sintomas:
• Congênita/genética gerando • Pele fria e pálida (redução de
deficiência intelectual - calorigênese);
cretinismo; • Pálpebra caída
• Doença autoimune • Redução de débito cardíaco, de
(Tireoidite de Hashimoto); retenção de CO2 (redução de
• Após retirada cirúrgica de frequência respiratória), de apetite;
tiroide (tireoidectomia); • Letargia;
• Influência farmacológica • Fadiga muscular,
(lítio, iodo) • Anemia
• Deficiência nutricional de • Infertilidade, impotência;
iodo (bócio endêmico) • Redução de TMB e aumento de peso
Deficiência nutricional de iodo (bócio endêmico)
Muito TRH e TSH fazem a tireoide Glândula Bócio
normal
ficar hiper-reativa e aumentar de
tamanho- bócio

Hipotálamo
TRH
Estímulo para Modificado de STOJSAVLJEVIĆ et al., 2020
liberação de TRH
e TSH Adenohipófise

T3 e T4
TSH

Em dietas pobres em
iodo, não há produção de Estímulo para
T3 e T4 liberação de T3 e T4
Tireoidite de Hashimoto
TRH

Doença autoimune
TSH
Aumento de
Produção de anticorpos TRH e TSH
contra a glândula tireoide

Auto anticorpos
contra tireoide
Anticorpos anti-tireoperoxidase
(TPO) impedindo a atuação na
enzima para conversão de iodeto
em iodo Redução de T3 e T4
na corrente sanguínea
Tireoidite de Hashimoto

(CHAKER et al., 2022)


Tratamento farmacológico
Reposição hormonal com T3 e T4
Liotironina T3 Levotiroxina (T4)

T4 apresenta meia vida mais prolongada (7 dias, por


maior afinidade a proteínas plasmáticas), o que permite
o paciente tomar o fármaco 1 vez ao dia
Hipertireoidismo

Causas Sintomas:

• Bócio difuso tóxico (Doença de • Crescimento da glândula tireoide;


Graves); • Fome;
• Bócio multinodular tóxico – • Aumento de ritmo intestinal,
proliferação de folículos • Nervosismo, insônia,
formando diversos nódulos; • Tremores,
• Bócio unilocular tóxico (adenoma • Intolerância ao calor;
tóxico); • Palpitações ao calor;
• Emagrecimento,
• Olhar amplo, arregalado e atraso
palpebral
Doença de Graves
Doença autoimune TRH

Produção de auto anticorpos TSH


ESTIMULATÓRIOS
Se ligam ao receptor de TSH Redução de
estimulando-o TRH e TSH

Auto anticorpos
Estimulantes do
receptor de TSH

Aumento de T3 e T4
na corrente sanguínea
Doença de Graves

DAVIES et al., 2020)


Tratamento farmacológico
Terapia com agentes Usados na doença leve,
anti-tireoideanos glândula pequena e
pacientes jovens
Tionamidas

Inibição da enzima peroxidase


(oxidação do iodeto),
influenciam na síntese do
hormônio
Podem ser bociógenos-
reduzem feedback negativo
por induzirem síntese de TSH
Tratamento farmacológico
Beta bloqueadores

Usados como adjuvantes


para reduzir os sintomas
Redução de tremores,
da tireotoxicose causados
sudorese e taquicardia
pela estimulação
simpática.

Propanolol
Pâncreas
Pâncreas é uma glândula mista
Porção Porção
Exócrina endócrina

Ácinos
Ilhotas de
langerhans
Enzimas
Suco Hormônios
pancreático

BARDEESY; DEPINHO, 2002


Pâncreas
Porção Hipoglicemiante – transporta a
endócrina glicose do sangue para os tecidos

Insulina
Hormônios
de ação
oposta

Glucagon

Hiperglicemiante – transporta a
glicose dos tecidos para o sangue
INSULINA
Insulina ao longo do dia
paciente saudável Nos períodos de refeição
Estímulos:
Liberação rápida Glicose
Insulina bolus (em Aminoácidos
grande quantidade) Insulina estocada hormônios
em vesículas
Insulina

Liberação lenta

Insulina basal Quantidade menor


Refeição Refeição Refeição Jejum e entre as
refeições Insulina recém
sintetizada

Tempo
INSULINA
Mecanismo de Mecanismo de ação
secreção de insulina da insulina

GUYTON, A.C. e Hall J.E, 2017 SALTIEL; KAHN, 2001


INSULINA
No tecido adiposo: No fígado
Captação de glicose; Captação da glicose
Lipogênese Glicogênese
Lipólise Lipogênese

Ações da insulina
No músculo:
Existem tecidos que não
precisam de insulina para Captação de glicose;
captar a glicose, como no Gliconeogênese
caso do SN
Síntese proteica
Diabetes Mellitus
Considerada um grupo de distúrbios
metabólicos que cursam com
HIPERGLICEMIA
Diabete Mellitus tipo I (DMI) Diabete Mellitus tipo II (DMII)
Destruição das células Relação com obesidade,
BETA pelo sistema maus hábitos, sedentarismo,
imune genética

Insucesso dos tecidos


responderem a
insulina

Há síntese de
Não há síntese de Insulina, entretanto
insulina RESISTÊNCIA A INSULINA
HIPERINSULINEMIA
Diabetes Mellitus
Causas da resistência a insulina:

• Excesso de ácidos graxos pode


inibir a sinalização do receptor de
insulina;

• Citocinas pró-inflamatórias do
tecido adiposo inibem a
sinalização insulínica;

• Aumento de hormônios
contrareguladores: cortisol,
catecolaminas
Tratamento para DMI
Tem que ser feita a reposição de insulina
INSULINOTERAPIA
Tipos de insulina
DURAÇÃO
INSULINA TIPO DE AÇÃO INICIO Podem ser usadas em
MÁXIMA
associação de acordo com
ASPART/ seu tempo de ação.
ULTRA-RAPIDA 5-15m 4-6H
LISPRO Ex: glargina + NPH
Recombinantes REGULAR RAPIDA 30-60m 6-10H Regular+ NPH
humanas NPH/LENTA INTERMEDIÁRIA 1-2H 14-18H Lispro+NPH
ULTRALENTA PROLONGADA 2-4H 20-24H
DETEMIR/
PROLONGADA 1-3H 20-24H
GLARGINA
Forma microprecipitações,
com isso ela é degradada e
absorvida aos poucos
Tratamento para DMI
Tem que ser feita a reposição de insulina
INSULINOTERAPIA
Tipos de insulina

Insulina regular

https://www.colegiofarmaceutico.cl/MFT/PRODUCTO/P6034.HTM
Tratamento para DMII
Inicialmente com mudança no estilo
de vida
(dieta + exercícios físicos)
Caso não tenha melhora

Antidiabéticos orais (ADO) + imunoterapia


Antidiabéticos orais (ADO) + combinações
Antidiabéticos orais (ADO) + insulina
Tratamento para DMII
Antidiabéticos orais (ADO)/hipoglicemiantes
K+ retido na célula e despolarização da célula

Sulfoniluréias Sulfonilureias
Estimulam as células beta produzirem mais
Bloqueiam
insulina canais de K+
Abrem canais
de Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Primeira geração Segunda geração
Insulina

Tolbutamina Gliburida
Sulfonilureias, bloqueiam canais de K+,
consequentemente abrem mais canais de cálcio
e com isso há maior liberação de insulina
Tratamento para DMII
Antidiabéticos orais (ADO)/hipoglicemiantes

Gliconeogênese hepática
Biguanidas
Metformina Aumentam a utilização da glicose por
Ativação da AMPK
aumentarem o metabolismo anaeróbio
Fenformina
Buformina
Diminuem absorção intestinal de glicose

Referências
Bardeesy, N., DePinho, R. Pancreatic cancer biology and genetics. Nat Rev Cancer 2, 897–909 (2002). https://doi.org/10.1038/nrc949

• Chaker, L., Razvi, S., Bensenor, I.M. et al. Hypothyroidism. Nat Rev Dis Primers 8, 30 (2022). https://doi.org/10.1038/s41572-022-00357-7

• Clasadonte, J., Prevot, V. The special relationship: glia–neuron interactions in the neuroendocrine hypothalamus. Nat Rev Endocrinol 14, 25–44
(2018). https://doi.org/10.1038/nrendo.2017.124

• Davies, T.F., Andersen, S., Latif, R. et al. Graves’ disease. Nat Rev Dis Primers 6, 52 (2020). https://doi.org/10.1038/s41572-020-0184-y

• GOLAN, David E. e col. Editora Guanabara Koogan, 3ª edição, 2014. Farmacologia.

• GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017.

• Rang, H.P; Dale, M.M. Editora Elsevier, 8aedição, 2016. Farmacologia Clínica. Fuchs,

• Saltiel, A., Kahn, C. Insulin signalling and the regulation of glucose and lipid metabolism. Nature 414, 799–806 (2001).
https://doi.org/10.1038/414799a

• SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre: ArtMed, c2016. 930 p.

• Stojsavljević, A., Rovčanin, B., Krstić, Đ. et al. Risk Assessment of Toxic and Essential Trace Metals on the Thyroid Health at the Tissue Level: The
Significance of Lead and Selenium for Colloid Goiter Disease. Expo Health 12, 255–264 (2020). https://doi.org/10.1007/s12403-019-00309-9

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