Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APERFEIÇOAMENTO
FORTALECIMENTO
DAS AÇÕES DE IMUNIZAÇÃO
NOS TERRITÓRIOS
MUNICIPAIS
MÓDULO VII
Aula
35
// PROFILAXIA DA RAIVA
HUMANA
Todos os direitos reservados. É permitida a
reprodução parcial ou total desta obra, desde
//
Ficha Catalográfica
Material de Referência. Mais CONASEMS. Curso de
Aperfeiçoamento Fortalecimento das Ações de Imunização nos
Territórios Municipais. Módulo VII: Estrutura física da sala de
vacina e rede de frio – Aula 35 - Profilaxia da Raiva Humana.
Curadoria e Produção de Conteúdos Ficha
Mandic
André Ricardo Ribas Freitas Técnica
Fabiana Medeiros Lopes de Oliveira
Giuliano Dimarzio
Laura Andrade Lagoa Nóbrega
Márcia Fonseca
Regina Célia de Menezes Succi Este material foi
elaborado e desenvolvido
Gestor Educacional pela equipe técnica e
Rubensmidt Ramos Riani
pedagógica do Mais
CONASEMS, em parceria
Coordenação Técnica e Pedagógica
Cristina Crespo com a Faculdade São
Valdívia Marçal Leopoldo Mandic.
Designer instrucional
Alexandra Gusmão
Juliana de Almeida Fortunato
Pollyanna Micheline Lucarelli
Olá!
Este é o seu Material de
Referência da Aula 35 do
Módulo 7 que apresenta, de
forma mais aprofundada, o
conteúdo referente aos
sistemas de informação do
Programa Nacional de
Imunizações e cobertura vacinal.
A proposta é agregar mais
conhecimento à sua
aprendizagem, por isso, leia-o
com atenção e consulte-o
sempre que necessário!
Objetivos de
aprendizagem
Aprender a clínica, a cadeia de transmissão e a
01 situação epidemiológica da raiva humana.
Boa leitura!
// INTRODUÇÃO
A raiva é uma zoonose transmitida
ao homem pela inoculação do vírus
rábico contido na saliva do animal
infectado, principalmente por meio
de mordeduras, arranhaduras ou
lambeduras.
// Introdução
// VÍRUS DA RAIVA
Agente Etiológico
O vírus da raiva pertence à ordem
Mononegavirales, vírus com genomas de RNA de
fita negativa não segmentados. São vírus da família
Rhabdoviridae (do grego rhábdos, "bastão") que
possuem forma de bastão ou bala de revólver,
pertencentes ao gênero Lyssavirus (Lyssa, era uma
deusa grega associada à loucura e raiva). O gênero
Lyssavirus tem 8 genótipos, o mais importante
epidemiologicamente e único presente no Brasil e
nas Américas é o genótipo 1, conhecido como vírus
rábico (RABV).
// Vírus da raiva
No Brasil, já foram encontradas 7 variantes
antigênicas:
// Vírus da raiva
Cadeia de transmissão e
reservatórios
A doença afeta apenas mamíferos e a cadeia
epidemiológica da doença pode ser classificada em 4
ciclos de transmissão: urbano, rural, silvestre aéreo e
silvestre terrestre (Figura 1).
// Vírus da raiva
Figura 1- Ciclos de transmissão da raiva, no Brasil
(Fonte: Boletim Epidemiológico, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Volume
51, Nº 35, Ago. 2020): urbano, rural, silvestre aéreo
e silvestre terrestre.
Fonte: CGZV/SVS/MS.
// Vírus da raiva
Epidemiologia e controle
O controle da raiva no Brasil iniciou-se em 1973
com o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva
(PNPR),com ações focadas na profilaxia antirrábica
humana, vacinação de cães, diagnóstico e vigilância
em educação em saúde.
Nas últimas décadas, tem sido observado grandes
avanços no controle da raiva humana (figura -2).
Até 2003, a principal espécie fonte de infecção pelo
vírus rábico no Brasil foi o cão; a partir de 2004, o
morcego passou a ser o principal transmissor no
Brasil.
Houve um total de 11 casos de transmissão por
morcegos em 2018, um caso transmitido por gato
doméstico em 2019 e em 2020 dois casos, um
transmitido por morcego, outro por raposa. De
acordo com dados do Ministério da Saúde, desde
2010 não há registro de casos de raiva causados por
animais de produção (bovinos, equinos, caprinos e
suínos).
Figura 2
Fonte:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva
// Vírus da raiva
Período de incubação e
transmissibilidade
O período de incubação no homem tem duração
média de 45 dias, mas pode variar podendo durar
anos. Em crianças, o período de incubação tende a
ser menor que no indivíduo adulto.
O período de incubação está diretamente
relacionado à localização, extensão e profundidade
da mordedura, arranhadura, lambedura ou contato
com a saliva de animais infectados; distância entre
o local do ferimento, do cérebro e troncos
nervosos; concentração de partículas virais
inoculadas e cepa viral.
Para cada espécie animal, o período de incubação é
diferente, variando de 15 dias a 4 meses, exceto
para os quirópteros, cujo período pode ser maior
(Quadro 1).
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva
ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos
sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da
doença. A morte do animal acontece, em média,
entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas.
Ainda não se sabe ao certo sobre o período de
transmissibilidade de animais silvestres.
// Vírus da raiva
Especificamente os quirópteros podem albergar o
vírus por longo período, sem sintomatologia
aparente. O homem também pode, em tese, ser
um transmissor e, portanto, o paciente com raiva
deve ser isolado e a equipe médica do hospital
deverá usar Equipamentos de Proteção Individual
(EPI). Há apenas alguns casos registrados de
transmissão de raiva de pessoa para pessoa e todos
ocorreram por meio de transplantes de órgãos de
doadores infectados.
// Vírus da raiva
Figura 3 Distribuição de casos de raiva humana no
Brasil, de 2009 a 2019 (Fonte: Boletim
Epidemiológico, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Ministério da Saúde. Volume 51, Nº 16, Abr. 2020.).
Manifestações clínicas
Após um período variável de incubação, surgem os
pródromos, que duram em média de 2 a 10 dias. Os
primeiros sintomas podem incluir mal-estar geral,
pequeno aumento de temperatura, anorexia,
cefaleia, náuseas, dor de garganta,
entorpecimento, irritabilidade, inquietude e
sensação de angústia. Pode ocorrer também
formigamento no local da exposição e no trajeto de
nervos periféricos próximos ao local da mordedura.
// Vírus da raiva
A infecção progride, surgindo manifestações de
ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre,
delírios, espasmos musculares involuntários e
convulsões, evoluindo para paralisia, retenção
urinária e obstipação intestinal.
O paciente pode apresentar disfagia, aerofobia,
hiperacusia, fotofobia. Podem haver espasmos dos
músculos da laringe, faringe e língua quando o
paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando
sialorreia intensa.
O paciente se mantém consciente, com período de
alucinações, até a instalação de quadro comatoso e
a evolução para óbito.
O período de evolução do
quadro clínico, depois de
instalados os sinais e
sintomas até o óbito, é em
geral de 2 a 7 dias.
// Vírus da raiva
Vigilância da raiva
Na vigilância da raiva, a integração entre assistência
médica e as vigilâncias epidemiológica/ambiental
são imprescindíveis para o controle.
Objetivos da vigilância
// Vírus da raiva
// IMUNIZAÇÃO CONTRA
RAIVA HUMANA
A imunização contra a raiva humana pode ser feita
através do uso de vacina (inativada) produzida por
meio do cultivo celular e soro antirrábico (SAR). A
profilaxia é classificada em pré-exposição e
pós-exposição. A profilaxia pós-exposição é sempre
baseada exclusivamente no uso da vacina,
enquanto a profilaxia pós-exposição deve ser
iniciada sempre com limpeza cuidadosa do
ferimento com uso de antissépticos que inativem o
vírus da raiva (ex: polvidine, clorexidine ou
álcool-iodado), seguido do uso de vacina ou vacina
e SAR conjuntamente, dependendo da situação
(vide abaixo).
Vacina de cultivo
celular
São vacinas potentes e seguras, produzidas
em cultura de células (diploides humanas,
células vero, células de embrião de galinha
etc.) e apresentadas sob a forma liofilizada,
acompanhadas de diluente. Devem ser
vacina
conservadas na temperatura entre + 2ºC e +
(inativada) 8ºC, até o momento de sua aplicação,
observando-se o prazo de validade do
fabricante.
Quando utilizada pela via intradérmica, a
vacina, depois de reconstituída, tem que ser
mantida na temperatura entre + 2ºC e + 8ºC
e desprezada em, no máximo, 8 horas após
sua reconstituição.
Imunoglobulina humana
hiperimune antirrábica –
soro homólogo
A imunoglobulina humana hiperimune antirrábica é
uma solução concentrada e purificada de
anticorpos, preparada a partir de hemoderivados
de indivíduos imunizados com antígeno rábico, é
um produto mais seguro que o soro antirrábico,
porém de produção limitada e, por isso, de baixa
disponibilidade e alto custo. Deve ser conservada
entre + 2°C e + 8°C, protegida da luz, observando-se
o prazo de validade do fabricante.
Profilaxia pré-exposição
A vacina é indicada para pessoas com risco de
exposição permanente ao vírus da raiva, durante
atividades ocupacionais, como:
• profissionais e auxiliares de laboratórios de
virologia e anatomopatologia para a raiva;
• profissionais que atuam na captura de
quirópteros;
• médicos veterinários e outros profissionais que
atuam constantemente sob risco de exposição ao
vírus rábico (zootecnistas, agrônomos, biólogos,
funcionários de zoológicos/parques ambientais,
espeleólogos);
• estudantes de medicina veterinária e
estudantes que atuem em captura e manejo de
mamíferos silvestres potencialmente transmissores
da raiva.
• profissionais que atuam em área epidêmica para
raiva canina de variantes 1 e 2, com registro de
casos nos últimos 5 anos, na captura, contenção,
manejo, coleta de amostras, vacinação de cães, que
podem ser vítimas de ataques por cães.
Doses:
• Dia 0 - 02 aplicações/02 locais distintos (ID)
• 3º dia - 02 doses/02 locais distintos (ID)
• 7º dia - 02 doses/02 locais distintos (ID)
• 28º dia - 02 doses/02 locais distintos (ID)
Imunoglobulina
antirrábica humana
(IGHAR)
Administração dose única, de 20UI/kg de
peso. A lesão (ou lesões) deve(m) ser
rigorosamente lavada(s) com água e sabão. A maior
quantidade possível da dose prescrita do IGHAR
deve ser infiltrada na lesão (ou lesões). Quando
necessário, o IGHAR pode ser diluído em soro
fisiológico até, no máximo, o dobro do volume,
preferencialmente. Nas crianças com idade inferior
a 2 anos, a IGHAR deve ser administrada na face
lateral da coxa em que não foi aplicada a vacina.
Nas crianças maiores e nos adultos, o músculo
deltoide deve ser poupado, ficando livre para a
administração da vacina. A IGHAR está disponível
nos Centros Referência para Imunobiológicos
Especiais.
// Imunização contra raiva humana
Observações: a infiltração no local
do ferimento proporciona proteção
local importante, pois impede a
disseminação e neutraliza as toxinas
produzidas pelo vírus rábico para as
terminações nervosas. Esta conduta é
fundamental para a neutralização
local do vírus rábico (diminui a
replicação viral local), e se constitui
em um procedimento que evita falhas
terapêuticas.
Características do
animal envolvido no
acidente
• Estado de saúde do animal no momento da
agressão – avaliar se o animal estava sadio
ou se apresentava sinais sugestivos de raiva.
A maneira como ocorreu o acidente pode
fornecer informações sobre seu estado de
Cão e saúde. O acidente provocado (por exemplo,
o animal que reage, em defesa própria, a
Gato estímulos dolorosos ou a outras
provocações) geralmente indica uma reação
normal do animal, enquanto a agressão
espontânea (sem causa aparente) pode
indicar alteração do comportamento e
sugere que o animal pode estar acometido
de raiva. Mas o animal também pode
agredir devido à sua índole ou
adestramento.
• Possibilidade de observação do animal por
10 dias – mesmo se o animal estiver sadio
no momento do acidente, é importante que
seja mantido em observação por 10 dias.
Nos cães e gatos, o período de incubação da
doença pode variar de alguns dias a anos,
mas em geral é de cerca de 60 dias.
Fonte: Extraído de: BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Guia de Vigilância em Saúde, 3ª ed,
volume único. 2019.
// CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Chegamos ao final desta aula. É
importante destacar os seguintes
pontos abordados:
// Considerações Finais
• Na pré-exposição, a vacina é indicada para
pessoas com risco de exposição permanente
ao vírus da raiva, durante atividades
ocupacionais.
• É imprescindível a limpeza do ferimento com
água corrente e sabão o mais rápido possível
após a agressão, para diminuir o risco de
infecção. No serviço de saúde, a limpeza do
ferimento deve ser repetida,
independentemente do tempo transcorrido,
utilizando antissépticos que inativem o vírus
da raiva (ex: polvidine, clorexidine ou
álcool-iodado).
• Em todo atendimento antirrábico deve-se
avaliar a necessidade da profilaxia do tétano
de acordo com os calendários nacionais de
imunização.
Até a
próxima!
// Considerações Finais
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação
Nacional de Saúde. Guia de Vigilância em
Saúde, 3ª ed, volume único. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
//
// referências
Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de
vigilância em saúde. Raiva Humana.
[Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2021.
//
ude-de-a-a-z/r/raiva
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Normas técnicas de
profilaxia da raiva humana / Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância Epidemiológica. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 60 p.
Acesso em 10 Out 2021.
OBSERVAÇÃO:
Este documento possui trechos extraídos do
seguinte documento: Brasil. Ministério da
Saúde, Secretaria de vigilância em saúde. Guia
de vigilância em saúde. Brasília: MS; 2019.
Capítulo 10, Raiva. p. 625-650. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/g
uia_vigilancia_saude_3ed.pdf. Acesso em 10
Out 2021.
World Health Organization. WHO expert
consultation on rabies. third report. Geneva:
World Health
Organization; 2018 . 184 p. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/handle/10665/2723
64
// referências
Créditos das imagens
// créditos