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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, SAÚDE

INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO PRIVADO CEFAC-MUTUMBO


= HUAMBO =

TRABALHO EM GRUPO
DE
MICROBIOLOGIA II
TEMA: VÍRUS DA RAIVA

Turma: D
Grupo nº 4
Curso: Análises Clínicas

Docente
__________________________
Américo Alves Chilala

Huambo/ Abril de 2024


INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO PRIVADO CEFAC-MUTUMBO
= HUAMBO =

20
1ª PROVA DO PROFESSOR DO III TRIMESTRE
VÍRUS DA RAIVA

Grupo nº4
Turma: D
Sala Nº 11
Classe: 12ª
Período: Tarde
Curso: Análises Clínicas
Disciplina: Microbiologia II

INTEGRANTES DO GRUPO

Número Nomes Classificação


Nº 25 José Moniz
Nº 26 José S. Chico
Nº 27 José S. Dos Santos
Nº28 Laureta de Fátima
Nº 29 Luciano Isaac
Nº 30 Luís Culembe
Nº 31 Luzia Louro
Nº 32 Margarida Sandambongo

Huambo/ Abril de 2024


VÍRUS DA RAIVA

• Causas;
• Sinais;
• Sintomas;
• Tratamento
• Prevenção.

Figura 1: Estado de um Morcego


infectado pela Raiva

Figura 2: Estado de um
cão infectado pela Raiva
Sumário
Siglas e abreviaturas ................................................................................................................... 1
Resumo ......................................................................................................................................... 2
Objectivos de estudo ................................................................................................................... 3
Introdução.................................................................................................................................... 4
Fundamentação teórica............................................................................................................... 5
Histórico e etimologia.................................................................................................................. 5
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS ................................................ 7
Descrição ...................................................................................................................................... 7
Agente Etiológico ......................................................................................................................... 7
Reservatório ................................................................................................................................. 7
Ciclos epidemiológicos de transmissão da Raiva. ..................................................................... 8
Transmissão:................................................................................................................................ 8
Período de Incubação .................................................................................................................. 8
Período de Transmissibilidade ................................................................................................... 9
Susceptibilidade e Imunidade .................................................................................................... 9
Sintomas:...................................................................................................................................... 9
Raiva humana: .......................................................................................................................... 10
ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS .................................................................... 10
Manifestações Clínicas .............................................................................................................. 10
Diagnóstico Diferencial ............................................................................................................. 10
Diagnóstico Laboratorial .......................................................................................................... 11
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS ....................................................................................... 11
TRATAMENTO ........................................................................................................................ 12
Prevenção:.................................................................................................................................. 12
Dia Mundial Contra a Raiva .................................................................................................... 14
Dados estatísticos ....................................................................................................................... 14
Conclusão ................................................................................................................................... 16
Referências bibliográficas......................................................................................................... 17
Anexos ........................................................................................................................................ 19
Siglas e abreviaturas

(PCR) ---------- Imunofluorescência ou (polymerase chainreaction).


(swab) ---------- Raspado de mucosa lingual ou tecido bulbar de folículos pilosos,
(EPI) ---------- Equipamento de proteção individual
(EUA) ---------- Estados Unidos de América
(PVC) ---------- Pressão venosa central
(ARC) ---------- Aliança para o Controle da Raiva ,
(OIE) ---------- Organização Mundial de Saúde Animal
(GARC) ---------- Aliança Global Contra a Raiva
(OMS) ---------- Organização Mundial de Saúde
(FAO) ---------- Organização das Nações Unidas para a Agricultura

1
Resumo
O presente trabalho, fundamentará teoricamente os principais conceitos ligados a
raiva, isto é, o seu agente etiológico, período de incubação, órgãos afectados. Veremos
que anualmente, a raiva causa a morte de > 55.000 pessoas em todo o mundo,
principalmente na América Latina, África e Ásia, onde a raiva canina é endêmica.

Animais com raiva transmitem a infecção pela saliva, geralmente por mordida.
Raramente, o vírus pode entrar por uma escoriação na pele ou atravessar a membrana da
mucosa dos olhos, do nariz ou da boca. Através dos nervos, o vírus se propaga do local
de entrada para a medula vertebral (ou para o tronco encefálico quando a face é mordida)
e, em seguida, para o encéfalo. Então dissemina-se pelos nervos, a partir do sistema
nervoso central, para outras partes do corpo. O acometimento das glândulas salivares e
da mucosa oral é responsável pela transmissibilidade.

"A raiva é uma doença viral que acomete mamíferos, inclusive seres humanos, os
quais são infectados pelo vírus ao entrarem em contato com a saliva de um animal
infectado no momento em que são mordidos, lambidos ou arranhados e posteriormente
lambidos por esse mesmo animal. É uma doença que atinge o sistema nervoso central e
que pode ser fatal caso o tratamento adequado não seja iniciado. A vacinação com a
vacina antirrábica é a melhor forma de prevenção contra a doença."

Palavras Chaves: raiva, morcegos, cães, sistema nervoso central

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Objectivos de estudo
Geral

• Fundamentar teoricamente a Raiva em todos os seus aspectos, bem


como a situação do nosso país quanto ao vírus da Raiva.

Específicos

• Conceituar o vírus da raiva, seus aspectos históricos e etimológicos;


• Identificar as suas causas, órgãos afectados;
• Descrever os seus sinais, diagnóstico, prevenção e tratamento;

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Introdução
Atualmente, não há cura para a raiva. A doença nervosa é transmitida
principalmente por animais, com o risco variando de país para país. Não há regiões
naturais nas quais o vírus era originalmente nativo. Em vez disso, ele ocorreu em todos
os lugares até o século XIX e foi combatido por décadas, principalmente na América do
Norte e na Europa, por meio do controle e da erradicação dos animais que o transmitiam.

Atualmente, há um risco maior, especialmente onde os cães crescem na natureza e


entram regularmente em contato com humanos.

Raiva é uma encefalite viral transmitida por saliva de morcegos e certos mamíferos
infectados. Os sintomas abrangem depressão e febre, seguidos por agitação, salivação
excessiva e hidrofobia. O diagnóstico é por biópsia da pele com teste de anticorpo por
imunofluorescência ou PCR (polymerase chainreaction). A vacinação é indicada a
pessoas em alto risco de exposição. A profilaxia na pós-exposição consiste no cuidado
das feridas e imunoprofilaxias passiva e ativa e, se executada de modo imediato e
meticuloso, quase sempre previne a raiva em seres humanos. Do contrário, essa doença
quase sempre é fatal. O tratamento é de suporte.

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Fundamentação teórica
A raiva (também conhecida, impropriamente, como hidrofobia), é
uma doença infecciosa que afeta os mamíferos causada pelo vírus da raiva que se instala
e multiplica primeiro nos nervos periféricos e depois no sistema nervoso central e dali
para as glândulas salivares, de onde se multiplica e propaga. Por ocorrer em animais e
também afetar o ser humano, é considerada uma zoonose.

A transmissão dá-se do animal infectado para o sadio através do contato


da saliva por mordedura, lambida em feridas abertas, mucosas ou arranhões. Outros casos
de transmissão registrados são pela via inalatória, pela placenta e aleitamento e, entre
humanos, pelo transplante de córnea. Infectando animais homeotérmicos, a raiva nas
áreas urbanas tem como principal agente o cão, seguido pelo gato; em zonas silvestres,
se dá principalmente por lobos, raposas, coiotes e nos morcegos hematófagos. 80% dos
casos registrados de animais infectados são carnívoros.

Mesmo sendo controlada nos animais domésticos em várias partes do mundo, a


raiva demanda atenção em razão dos animais silvestres. Na saúde pública gera grande
despesa para seu controle e vigilância, mesmo nos locais onde é considerada erradicada
ou sob controle, já que é uma doença fatal em todos os casos que evoluem para a
manifestação dos sintomas. Até 2006 apenas 6 casos de cura entre humanos foram
registrados, dos quais 5 haviam recebido o tratamento vacinal pré e pós-exposição e
somente um, em 2004, parece não haver recebido estes cuidados. Sua incidência é global,
salvo em algumas áreas específicas em que é considerado erradicado, como
a Antártida, Japão, Reino Unido, e outras ilhas.

Histórico e etimologia
Aulo Cornélio Celso, um dos antigos a versar sobre a raiva. Sua
ideia da cauterização vigeu até Pasteur

5
O termo raiva deriva do latim rabere (significando fúria ou delírio), mas também
encontra raízes no sânscrito rabhas (tornar-se violento). Entre os gregos era chamada
de Lyssa ou Lytta (loucura, demência). Também a palavra vírus deriva desta doença,
significando veneno no latim, pois muitos supunham que era um mal derivado de um
veneno contido na saliva dos animais infectados.

Desde a Antiguidade a raiva era temida em razão da sua forma de transmissão, ao


quadro clínico e sua evolução. Acreditavam os antigos que era causada por motivos
sobrenaturais, pois cães e lobos pareciam estar possuídos por entidades malignas. É a
doença de registro mais antigo.

Entre os egípcios era comum a crença de que havia a interferência maligna da


estrela Sirius (da constelação de Cão Maior) sobre os cachorros, alterando-lhes o
comportamento. Entre os mesopotâmios, cerca de 1 900 a.C., já era citada no Código de
Eshnunna: quando um animal provocasse a morte de alguém, seu dono era obrigado a
depositar certa quantia nos cofres públicos — o que demonstra ser a raiva um problema
considerável, na época.

Na Grécia Antiga era temida, e Homero (Ilíada) registra a presença de cães


raivosos; na mitologia eram invocados os deuses Aristeu e Ártemis para a proteção e cura
da raiva. Autores gregos e romanos estudaram o mal, entre os séculos IV e I a.C., tais
como Demócrito, Aulo Cornélio Celso e Galeno, descrevendo-as em homens e animais e
sua transmissão, recomendando práticas como a sucção, cauterização por meio de
substâncias cáusticas e/ou ferro em brasa e também a excisão cirúrgica dos ferimentos:
se a vítima não viesse a óbito ficaria com várias cicatrizes. Foi descrita por Aristóteles,
que assinalou o risco da mordida por cães infectos — embora ainda se acreditasse que
sua ocorrência poderia se dar de modo espontâneo, por meio de alimentos muito quentes,
pela sede, por conta da falta de sexo ou forte excitação nervosa.

Gravura medieval de um cão


rábicoFrançois Boissier de Sauvages de
Lacroix. O medo causado pela doença
atingia os campos e também as cidades;
em 1433 há o registro de que lobos
raivosos invadiram Paris.

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Recompensas eram entregues aos que matavam os animais infectados e, para
comprovar o feito, os caçadores exibiam as cabeças ou as patas do animal abatido.
Durante a Idade Média era chamada de Mal de Santo Huberto.

Em 1530, o médico italiano Girolamo Fracastoro descreveu a doença de forma


correta: que sua transmissão dava-se através da saliva do animal infectado em contato
com o sangue do indivíduo sadio; foi além, dizendo que a doença progredia de modo
lento, raramente aparecendo os sintomas antes de vinte dias, a maioria se manifestando
após trinta dias, alguns podendo durar 4 ou 5 meses e, noutros, de um até cinco anos.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS

Descrição
Encefalite viral aguda, transmitida por mamíferos, que apresenta dois ciclos
principais de transmissão: urbano e silvestre. Reveste-se da maior importância
epidemiológica por apresentar letalidade de 100%, além de ser doença passível de
eliminação no seu ciclo urbano, por se dispor de medidas eficientes de prevenção tanto
em relação ao ser humano quanto à fonte de infecção.

Agente Etiológico
O vírus rábico pertence ao gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae. Possui
aspecto de um projétil e seu genoma é constituído por RNA. Apresenta dois antígenos
principais: um de superfície, constituído por uma glicoproteína, responsável pela
formação de anticorpos neutralizantes e adsorção vírus-célula, e outro interno, constituído
por uma nucleoproteína, que é grupo específico.

Reservatório
No ciclo urbano, as principais fontes de infecção são o cão e o gato. Em alguns
lugares, o morcego é o principal responsável pela manutenção da cadeia silvestre. Outros
reservatórios silvestres são: macaco, raposa, coiote, chacal, gato-do-mato, jaritataca,
guaxinim e mangusto.

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Ciclos epidemiológicos de transmissão da Raiva.

Transmissão:
A transmissão da raiva ocorre quando os vírus da raiva existentes na saliva do
animal infectado penetram no organismo através da pele ou de mucosas, por meio de
mordedura, arranhadura ou lambedura. A raiva apresenta três ciclos de transmissão:

• Urbano: representado principalmente por cães e gatos;


• Rural: representado por animais de produção, como: bovinos, equinos,
suínos, caprinos;
• Silvestre: representado por raposas, guaxinins, primatas e, principalmente,
morcegos.

Período de Incubação
É extremamente variável, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no homem
e de 10 dias a 2 meses no cão. Em crianças, existe tendência para um período de incubação
menor que no indivíduo adulto. O período de incubação está diretamente ligado a:

• Localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura


ou contato com a saliva de animais infectados;
• Distância entre o local do ferimento, o cérebro e troncos nervosos;
• Concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.

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Período de Transmissibilidade
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do
aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença. A morte
do animal acontece, em média, entre 5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas. Em
relação aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de transmissão,
sabendo-se que varia de espécie para espécie. Por exemplo, especificamente os
quirópteros podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.

Susceptibilidade e Imunidade
Todos os mamíferos são susceptíveis à infecção pelo vírus da Raiva. Não há relato
de casos de imunidade natural no homem. A imunidade é conferida através de vacinação,
acompanhada ou não por soro.

Sintomas:
Em todos os animais costumam ocorrer os seguintes sintomas:

• Agressividade;
• Alucinações;
• Ansiedade:
• Babar em excesso;
• Confusão mental;
• Convulsão;
• Dificuldade para engolir;
• Dor de garganta;
• Dor onde a mordida ou lambida aconteceu;
• Espasmos musculares;
• Excitabilidade excessiva;
• Febre;
• Mal-estar;
• Mudança de comportamento;
• Mudança de hábitos alimentares;
• Náuseas;
• Perda de sensibilidade em um dos lados do corpo;
Esses sintomas são progressivos e evoluem por cerca de uma semana, conforme o
vírus se instala no cérebro. Os espasmos musculares acabam fazendo com que o paciente
fique paralítico e pare de, entre outras atividades, comer, excretar e respirar, o que é capaz
de levá-lo ao óbito. A raiva humana quase sempre leva à paralisia.

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Nos cães, o latido torna-se diferente do normal, parecendo um “uivo rouco”, e os
morcegos, com a mudança de hábito, podem ser encontrados durante o dia, em hora e
locais não habituais.

Raiva humana:
No início, os sintomas são característicos: transformação de caráter, inquietude,
perturbação do sono, sonhos tenebrosos; aparecem alterações na sensibilidade,
queimação, formigamento e dor no local da mordedura; essas alterações duram de 2 a 4
dias. Posteriormente, instala-se um quadro de alucinações, acompanhado de febre; inicia-
se o período de estado da doença, por 2 a 3 dias, com medo de correntes de ar e de água,
de intensidade variável. Surgem crises convulsivas periódicas.

ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS

Manifestações Clínicas
Após um período variável de incubação, aparecem os pródromos que duram de 2 a
4 dias e são inespecíficos. A infecção progride, surgindo manifestações de ansiedade e
hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios, espasmos musculares involuntários,
generalizados e/ou convulsões. Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua
ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorréia intensa.
Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações
cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. O paciente se mantém
consciente, com período de alucinações, até à instalação de quadro comatoso e evolução
para óbito. Observa-se ainda a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia, fotofobia. O
período de evolução do quadro clínico, após instalados os sinais e sintomas até o óbito, é
em geral de 5 a 7 dias.

Diagnóstico Diferencial
Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quando o quadro clínico
vier acompanhado de sinais e sintomas característicos da Raiva, precedidos por
mordedura, arranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso. Este
quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes.

No caso da Raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é


predominantemente paralítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos

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que podem ser confundidos com Raiva humana. Nestes casos, o diagnóstico diferencial
deve ser realizado com: tétano; pasteurelose, por mordedura de gato e de cão; infecção
por vírus B (Herpesvirus simiae), por mordedura de macaco; botulismo e febre por
mordida de rato (Sodóku); febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de
inoculação); encefalite pós-vacinal; quadros psiquiátricos; outras encefalites virais,
especialmente as causadas por outros rabdovírus; e tularemia.

É importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser realizada junto ao


acompanhante e ser bem documentada, com destaque para sintomas prodrômicos,
antecedentes epidemiológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica,
observar atentamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia,
hidrofobia e alterações do comportamento.

Diagnóstico Laboratorial
A confirmação laboratorial em vida, dos casos de Raiva humana, pode ser realizada
pelo método de imunofluorescência direta (IFD) em impressão de córnea, raspado de
mucosa lingual (swab) ou tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biópsia de pele
da região cervical (procedimento que deve ser feito por profissional habilitado mediante
o uso de equipamento de proteção individual/EPI).

A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a


possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a
confirmação diagnóstica. O sistema nervoso central (cérebro, cerebelo e medula) deverá
ser encaminhado para o laboratório, conservado preferencialmente refrigerado em até 24
horas, e congelado após este prazo. Na falta de condições adequadas de refrigeração,
conservar em solução salina com glicerina a 50%, em recipientes de paredes rígidas,
hermeticamente fechados, com identificação de material de risco biológico e cópia da
ficha de notificação ou de investigação. Não usar formol. O diagnóstico laboratorial é
realizado com fragmentos do sistema nervoso central através das técnicas de IFD e
inoculação em camundongos recém-nascidos ou de 21 dias.

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
A Raiva é uma antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus
rábico contido na saliva do animal infectado, principalmente através da mordedura.
Apesar de ser conhecida desde a antiguidade, continua sendo problema de saúde pública

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nos países em desenvolvimento, principalmente a transmitida por cães e gatos, em áreas
urbanas, mantendo-se a cadeia de transmissão animal doméstico/homem.

Esta doença ocorre em todos os continentes, com exceção da Oceania. Alguns


países das Américas (Uruguai, Barbados, Jamaica e Ilhas do Caribe), da Europa (Portugal,
Espanha, Irlanda, Grã-Bretanha, Países Baixos e Bulgária) e da Ásia (Japão) encontram-
se livres da infecção no seu ciclo urbano. Entretanto, alguns países da Europa (França,
Inglaterra) e da América do Norte (EUA e Canadá) ainda enfrentam problemas quanto ao
ciclo silvestre da doença.

A distribuição da Raiva não é obrigatoriamente uniforme, podendo existir áreas


livres e outras de baixa ou alta endemicidade, apresentando, em alguns momentos, formas
epizoóticas. A taxa de letalidade é de 100%

TRATAMENTO
Independente do ciclo, não existe tratamento específico para a doença. Por isso, a
profilaxia pré ou pós-exposição ao vírus rábico deve ser adequadamente executada. O
paciente deve ser atendido na unidade hospitalar de saúde mais próxima, sendo evitada
sua remoção. Quando imprescindível, tem que ser cuidadosamente planejada. Manter o
enfermo em isolamento, em quarto com pouca luminosidade, evitar ruídos e formação de
correntes de ar, proibir visitas e somente permitir a entrada de pessoal da equipe de
atendimento. As equipes de enfermagem, higiene e limpeza devem estar devidamente
capacitadas para lidar com o paciente e com o seu ambiente e usar equipamentos de
proteção individual, bem como estarem pré-imunizados.

Recomenda-se como tratamento de suporte: dieta por sonda nasogástrica e


hidratação para manutenção do balanço hídrico e eletrolítico; na medida do possível, usar
sonda vesical para reduzir a manipulação do paciente; controle da febre e vômito;
betabloqueadores na vigência de hiperatividade simpática; uso de antiácidos, para
prevenção de úlcera de estresse; realizar os procedimentos para aferição da pressão
venosa central (PVC) e correção da volemia na vigência de choque; tratamento das
arritmias cardíacas. Sedação de acordo com o quadro clínico, não devendo ser contínua.

Prevenção:
• Levar os animais domésticos para serem vacinados contra a raiva,
anualmente;

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• Procurar sempre o Serviço de Saúde, no caso de agressão por animais;
• Manter seu animal em observação se ele agredir alguém;
• Não deixar o animal solto na rua e usar coleira/guia no cão ao sair.

"A vacinação de animais urbanos, como cães e gatos, além da vacinação de animais
da zona rural utilizados no sistema de produção, é essencial para prevenir a disseminação
do vírus da raiva, inclusive para seres humanos. Também é extremamente importante não
tocar em animais estranhos que estejam feridos ou doentes, além de não tocar em animais
silvestres, como morcegos, os quais são comumente encontrados no ambiente urbano.

No caso de ser atacada/atacado por um animal que supostamente esteja doente,


deve-se procurar o quanto antes o serviço de saúde mais próximo para que as medidas de
profilaxia sejam iniciadas.

Ainda, a profilaxia pré-exposição é indicada para pessoas que estão em situações


de risco de exposição constante ao vírus da raiva, como médicos veterinários, biólogos,
profissionais que atuam na captura e manejo de mamíferos silvestres e outros
profissionais que atuam em áreas consideradas de risco."

Evite:

• Tocar em animais estranhos, feridos ou doentes;


• Perturbar animais quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo;
• Separar animais que estejam brigando;
• Entrar em grutas ou furnas e tocar em qualquer tipo de morcego (vivo
ou morto);
• Criar animais silvestres ou tirá-los de seu “habitat” natural.
O que fazer quando agredido por um animal, mesmo se ele estiver vacinado contra
a raiva:

• Lavar imediatamente o ferimento com água e sabão;


• Procurar com urgência o serviço de saúde mais próximo;
• Não matar o animal, e sim deixá-lo em observação durante 10 dias, para
que se possa identificar qualquer sinal indicativo da raiva;
• O animal deverá receber água e alimentação normalmente, num local
seguro, para que não possa fugir ou atacar outras pessoas ou animais;
• Se o animal adoencer, morrer, desaparecer ou mudar de comportamento,
voltar imediatamente ao serviço de saúde;
• Nunca interromper o tratamento preventivo sem ordens médicas;
• Quando um animal apresentar comportamento diferente, mesmo que ele
não tenha agredido ninguém, não o mate e procure o serviço de saúde.

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Dia Mundial Contra a Raiva
Logotipo em português do Dia Mundial da Raiva de 2010

Por iniciativa da Aliança para o Controle da Raiva (com


sigla ARC, do inglês Alliance for Rabies Control), desde 2007 o
dia 28 de setembro é dedicado ao combate à doença. Fundada em
2005, na Escócia, a ARC vem estabelecendo parceria com
entidades de saúde nacionais e transnacionais no sentido de realizar programações que
envolvam o alerta, esclarecimento e combate à doença em todo o planeta. Nas três
primeiras edições o Dia Mundial contra a Raiva foi responsável pela vacinação de 3
milhões de cães, o esclarecimento a 100 milhões de pessoas, em 125 países

Dados estatísticos
A Ásia e a África são as regiões mais afetadas em nosso mapa. A OMS estima que
o número real de vítimas seja de até 59.000 pessoas. Mais da metade delas está na Ásia e
um terço na África. De longe, o maior número de mortes ocorre na China, no Quênia, na
Índia, em Angola e nas Filipinas.

Segundo a Rádio Nacional de Angola, na voz de Patrícia Van-Dúnem Campos, a


raiva continua a ser um problema de Saúde Pública em Angola. Entre 2020 e 2021, o país
registou 270 casos de raiva. As crianças, entre os três e doze anos de idade, estão entre as
mais atingidas pela raiva, em consequência da mordedura de animais como o cão. A
doença infecciosa viral é 100% fatal. No Hospital Pediátrico David Bernardino,

Para o Ministério da Saúde, Angola regista mais de 100 casos de raiva por ano

Os 127 pacientes diagnosticados morreram devido à letalidade da doença e à


chegada tardia às instalações de saúde, disse ele.

Na província de Luanda, o Hospital Pediátrico David Bernardino registrou 12


mortes por raiva de janeiro a dezembro do ano passado, a maioria delas crianças do
Município de Viana, com idades entre 3 e 12 anos,

Nos últimos dezasseis anos (2007 -2023), morreram em Angola mais de 1500
pessoas, entre adultos e crianças, por mordedura de cães vadios ou semi-domiciliados,
infectados pelo vírus da raiva, deu a conhecer a Comissão Técnica Contra a epidemia.

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As províncias com maior incidência de casos de raiva são as de Luanda (774), Hu-
ambo (222), Bié (211), Benguela (153), Uíge (150), Huíla (120) e Malanje (100), segundo
o documento que a Angop teve acesso.

Os membros da Comissão Técnica Contra a Raiva notaram uma baixa cobertura de


vacina, devido a factores de ordem logística, insuficiência de recursos financeiros,
humanos, de equipamentos e materiais específicos para o efeito. O débil sistema de
recolha dos animais vadios, na sua maioria cães semi-domiciliados, também foi apontado
como uma das causas que têm contribuído para o aumento do número de mordeduras e
transmissão do vírus da raiva aos humanos, assim como a fraca adesão por parte da
população às campanhas de vacinação, sobretudo no meio rural.

Adoptaram a vacinação anti-rábica em cães, gatos e macacos como uma actividade


contínua (rotineira) nos serviços de veterinária a nível nacional. O documento esclarece
que actualmente está em curso a vacinação de rotina contra a raiva dos animais de
estimação (cães, gatos e macacos) e, em fase de preparação, a campanha de vacinação
animal anti-rábica.

Quanto a estratégia nacional para o controlo da epidemia, a comissão técnica


sublinha a importância da informação, educação e comunicação para o combate e à
eliminação da raiva no mundo até 2030. A meta foi estabelecida pela Organização
Mundial de Saúde Animal (OIE), com anuência da Aliança Global Contra a Raiva
(GARC), Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas
para a Agricultura FAO).

15
Conclusão
A raiva é uma zoonose (doença que passa dos animais ao homem e vice-versa)
transmitida por um vírus mortal tanto para o homem como para o animal. Envolve o
sistema nervoso central, levando ao óbito após curta evolução.

A raiva também pode ser chamada de hidrofobia e é uma doença de caráter


infeccioso que é causada por um vírus do gênero Lyssavirus. Esse vírus é capaz de
comprometer gravemente o sistema nervoso central, causando grande inchaço no cérebro
e, por isso, a raiva é considerada uma doença grave, com um alto nível de letalidade.

Transmitida para o ser humano por meio da saliva de animais que estejam
infectados com o vírus. Se um animal, inclusive cães e gatos, estiver infectado com
a raiva e morder, lamber ou arranhar um indivíduo, ele pode acabar por desenvolver a
doença.

Portanto, a vacinação contra a raiva é essencial não só para cães e gatos, como
também para seres humanos que tenham contato animais de qualquer tipo. A vacinação é
a melhor forma de prevenir a difusão da raiva e os animais domésticos devem ser
vacinados pelo menos uma vez por ano.

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Referências bibliográficas
1. ACIP: Human Rabies Prevention --- United States, 2008 Recommendations of
the Advisory Committee on Immunization Practices. Morbidity and Mortality
Weekly Report 57 (RR03):1–26,28, 2008.
2. ACIP: (Advisory Committee on Immunization Practices) recommendations:
Use of a reduced (4-dose) vaccine schedule for postexposure prophylaxis to
prevent human rabies. Morbidity and Mortality Weekly Report 59 (RR02):1–9,
2010.
3. https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/raiva
4. "GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ. Raiva: saiba mais sobre a doença,
quais os sintomas e como prevenir. Disponível em:
https://www.saude.ce.gov.br/2023/05/11/raiva-saiba-mais-sobre-a-doenca-
quais-os-sintomas-e-como-
prevenir/#:~:text=A%20raiva%20%C3%A9%20uma%20doen%C3%A7a,a%2
0enfermidade%20a%20seres%20humanos.
5. GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Raiva. Disponível em:
https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Raiva.
6. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Raiva. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/raiva/.
7. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Raiva. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva."
8. Veja mais sobre "Raiva" em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/raiva.htm
9. SOZZA, Nicole Fernanda. "Raiva"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/doencas/raiva.htm. Acesso em 26 de março de
2024.
10. Reproduzido de:
Guia de Vigilância Epidemiológica – 6ª edição (2005) – 2ª reimpressão (2007)
Série A. Normas e Manuais Técnicos [Link Livre para o Documento Original]
11. MINISTÉRIO DA SAÚDE
12. Secretaria de Vigilância em Saúde
13. Departamento de Vigilância Epidemiológica
14. Brasília / DF – 2007

17
15. Raiva/CID 10: A82, disponível em
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/conteudo/2185/raiva.htm,
consultado aos 26 de Março de 2024
16. Rabies – Centers for Disease Control and Prevention.
17. Raiva: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção –
Ministério da Saúde.
18. Rabies – World Health Organization.
19. Clinical manifestations and diagnosis of rabies – UpToDate.
20. When to use rabies prophylaxis – UpToDate.
21. Rabies – NIH – U.S. National Library of Medicine.
22. https://www.dadosmundiais.com/areas-de-raiva.php
23. https://rna.ao/rna.ao/2022/09/28/numeros-de-casos-de-raiva-continuam-a-
crescer-de-2020-a-2021-o-pais-registou-270-casos-da-doenca/

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Anexos
Figura 3,4: Estado de um Morcego infectado pela Raiva

Figura 5,6: Estado de


um cão infectado pela
Raiva, irritabilidade
excessiva, salivação
constante de cor
branca e pegajosa

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