Você está na página 1de 9

METODOLOGIA:

O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica e para a sua


realização foram seguidas as principais diretrizes e procedimentos exploratórios,
transversais, e com abordagens qualitativas para adentrar ao universo de
pavimentação e compreender suas peculiaridades e complexos.

Fonte de dados:

O estudo foi realizado a partir da busca e análise na base de dados das


seguintes plataformas: Google Acadêmico, Scielo e Periódico Capes.

Estratégia de busca:

Para desenvolver essa pesquisa teórica foram utilizados os seguintes


descritores “pavimentação”; “RAP AND chamadas granulares do pavimento”; entre
outros que foram essenciais para a construção desse estudo bibliográfico e
bibliométrico.

Critérios de inclusão e exclusão:

Foram considerados apenas os artigos que possuem direta semelhança de


assuntos, como por exemplo, o uso do RAP nas chamadas granulares de
pavimentação.
E, foram excluídos, desse estudo, os artigos que não tinham relação direta
com o problema da pesquisa, resumos de congressos, trabalhos que não
consideram o uso de RAP em chamadas granulares do pavimento, ou muito menos,
a importância desse estudo para o campo teórico acadêmico.

Seleção dos estudos:

A avaliação de elegibilidade e o processo de seleção dos artigos foi realizado


pelo autor, e a seleção das publicações foi conduzida em três etapas: (1) leitura dos
títulos e resumos (2) leitura somente dos resumos, e (3) leitura qualitativa dos
estudos na íntegra.
Nessa seleção, foram excluídos os artigos, teses, dissertações e/ou livros que
não tinham compatibilidade direta com o tema e que fugiam do enunciado proposto
por esse trabalho.
Após, essa etapa, chegou-se a conclusão de 12 estudos incluídos neste
trabalho.

RESULTADOS:

Os estudos incluídos foram conduzidos aqui no Brasil. Dentre esses artigos, há


os que se classificam como estudos exploratórios, comparativos, qualitativos,
bibliométricos e de revisão teórica. Seus dados estarão descritos no decorrer dessa
pesquisa, considerando a apresentação sistemática dos autores, objetivos, tipo de
estudo, população e os principais comentários que possam, em alguma medida,
complementar esse estudo.

DISCUSSÃO:

É preciso esclarecer inicialmente que O ano de 2021 está sendo de muita


importância para a pavimentação brasileira. Este ano ocorreu a atualização da
norma DNIT 033/2021 – Concreto asfáltico reciclado em usina a quente –
Especificação de serviço. Esta norma dita as regras quanto ao correto uso do
material asfáltico reciclado, conhecido mundialmente como RAP (Reclaimed Asphalt
Pavement), que é simplesmente o material fresado removido através do processo
de fresagem de pavimentos asfálticos deteriorados e envelhecidos. Uma realidade
já em grande parte do mundo, mas que ainda está em fase muito inicial no Brasil
(TEIXEIRA, et al., 2017).
A norma foi atualizada com os procedimentos e equipamentos que são
utilizados a nível nacional e internacional, configurados de acordo com o tipo de
usina de asfalto (produção contínua em usinas móveis ou descontínua em usina fixa
gravimétrica) e o percentual de RAP a ser utilizado na mistura asfáltica (TEIXEIRA,
et al., 2017).
O asfalto deteriorado é removido através do processo de fresagem asfáltica. A
máquina fresadora possui um tambor giratório dotado de inúmeras ferramentas de
corte removíveis que penetram no pavimento, executam o corte e trituram o
material. Este material é lançado para uma correia transportadora e descarregado
em um caminhão (TEIXEIRA, et al., 2017).
Neste processo, o material triturado possui em sua composição o agregado e o
ligante asfáltico envelhecido, o que impede o seu uso da forma como são utilizados
os agregados virgens (TEIXEIRA, et al., 2017).
As altas temperaturas internas do tambor de secagem de uma usina de asfalto
não são adequadas para um material com presença de ligante asfáltico. Portanto, o
RAP deve ser aquecido de uma maneira especial para o seu reaproveitamento
ocorrer de forma adequada (TEIXEIRA, et al., 2017).
Assim como os agregados virgens, o RAP precisa ser estocado de maneira a
evitar uma alta umidade no momento do seu uso. Por receber um processo de
secagem diferente dos agregados virgens, manter o material o mais protegido
possível se torna ainda mais importante. Algumas usinas de asfalto com misturador
externo ao tambor recebem o RAP sem aquecimento algum, o que torna ainda mais
delicado o seu uso (SANDI, et al., 2021).
O valor será definido pelo tipo de usina de asfalto a disposição para executar a
obra. A norma orienta a forma correta de acordo com o tipo de usina. De acordo
com estudos realizados no exterior, quanto maior o percentual de RAP na produção
de novas misturas asfálticas, maior é a economia por tonelada produzida. Portanto,
é muito importante que seja feito um estudo minucioso de cada projeto (SANDI, et
al., 2021).
O exemplo abaixo representa o cenário em que um percentual maior de RAP
na mistura asfáltica poderia ser utilizado. Uma rodovia com inúmeras camadas
asfálticas sobrepostas ao longo dos anos, sem ter ocorrido fresagem (SANDI, et al.,
2021).
O volume presente de material asfáltico pode justificar um projeto diferenciado,
cuja redução de custos por tonelada produzida poderia justificar o investimento em
uma usina adequada e ainda gerar um bom lucro para o dono da obra e a empresa
executora (SANDI, et al., 2021).
Embora não haja consenso a nível mundial, é recomendado que seja utilizado
uma pequena dosagem de um agente rejuvenescedor para melhorar as
propriedades do ligante asfáltico presente no RAP. O envelhecimento do asfalto é
natural com o passar dos anos, onde ocorre um processo químico complexo que
resulta na oxidação (SANDI, et al., 2021).
O ligante asfáltico se torna mais rígido e quebradiço, perdendo a propriedade
flexível e a resistência mecânica. A superfície do pavimento asfáltico envelhece
mais do que as porções mais abaixo, devido à exposição solar direta. Com a
fresagem de uma determinada espessura de CBUQ, o RAP gerado ainda contém
uma pequena porção deste asfalto envelhecido, o qual precisa ser verificado na
etapa de dosagem da mistura em laboratório (SANDI, et al., 2021).
Mesmo com esse pequeno incremento orçamentário, o reaproveitamento de
RAP traz economias com qualquer percentual de uso, pois diminui o percentual de
ligante asfáltico novo (CAP – Cimento asfáltico de petróleo) e de agregados virgens.
Tudo isto definido pela dosagem de cada projeto (SANDI, et al., 2021).
Um gargalo para o uso do RAP em larga escala na pavimentação asfáltica no
Brasil é a variabilidade do material. Nossos pavimentos no geral não são
homogêneos, com variações de tipos de misturas asfálticas, remendos com
diferentes materiais, etc. É preciso que haja mais homogeneidade do RAP para
melhor reaproveitamento (FONSECA, 2015).
É recomendado que o RAP passe por um processo simples de britagem. Em
outros países, com percentuais acima de 20% de RAP, o material é dividido em
duas ou mais granulometrias, para que seja encaixado nas faixas granulométricas
dos agregados virgens. Após a britagem inicial, a fração mais fina do RAP
apresenta um maior percentual de ligante asfáltico envelhecido do que a fração
mais grossa. É preciso que tenha um trabalho de laboratório para realizar a
dosagem do projeto (FONSECA, 2015).
valor percentual de RAP utilizado deverá ocorrer de acordo com o tipo de
usina de asfalto que for utilizada. Independente da característica da usina, é preciso
que para execução de misturas asfálticas recicladas haja acessórios para inserção e
controle do RAP (FONSECA, 2015).
Há duas formas para tratamento de RAP: entrada do material em temperatura
ambiente com os demais insumos (agregados virgens e cimento asfáltico). Requer
superaquecimento dos agregados virgens. E, o material sofre um processo de
aquecimento especial. Exige menor superaquecimento dos agregados virgens
(FONSECA, 2015).
Para os tipos de usinas de asfalto mais comuns no Brasil, temos as seguintes
situações:
1. USINAS DE ASFALTO CONTÍNUAS COM MISTURADOR EXTERNO:
É o tipo de usina de asfalto mais comum no Brasil, presente no mercado há
mais de duas décadas. Composta de um chassi rodoviário único, com modo de
produção contínua, no Brasil popularmente ainda é chamada de usina volumétrica.
O compartimento de mistura dos agregados com o cimento asfáltico é externo ao
tambor de secagem e aquecimento dos agregados virgens (FONSECA, 2015).
Neste tipo de usina, o RAP entra diretamente ao compartimento de mistura,
também conhecido como misturador pugmill. É preciso que haja um
superaquecimento dos agregados virgens para que ocorra uma equalização da
temperatura final de mistura. Isto resulta em maior consumo de combustível e maior
desgaste do sistema de filtragem da usina (FONSECA, 2015).
Em função de exigir o superaquecimento dos agregados virgens, é pouco
eficiente para utilizar percentuais acima de 10% de RAP na mistura. Há dificuldades
para a secagem de agregados mais porosos e RAP com maior presença de
umidade. Outro ponto problemático é que o vapor azulado (blue smoke) gerado a
partir do contato do RAP úmido com os agregados aquecidos é emitido para a
atmosfera, sem ter uma conexão com o sistema de filtragem (FONSECA, 2015).
2. USINAS CONTÍNUAS COM TAMBOR-MISTURADOR (DRUM-MIXER):
Este tipo de usina de asfalto é padrão ainda nos dias de hoje nos Estados
Unidos e Canadá. O tambor que executa a secagem e aquecimento dos agregados
também produz a mistura asfáltica, com injeção do cimento asfáltico em um
compartimento na parte final do tambor, já em um local com temperaturas
adequadas. O chama do queimador é localizada em uma parte mais centralizada do
tambor, através de uma extensão (CENTOFANTE, 2016).
No Brasil, este tipo de usina perdeu popularidade por diversas razões. Alguns
fabricantes brasileiros no passado fizeram cópias mal feitas de modelos norte-
americanos, o que gerou muitos problemas de qualidade. O uso do tambor-
misturador exige um tambor de maior comprimento, enquanto alguns fabricantes
brasileiros lançaram usinas com tambor muito curto, problemático para secar os
agregados e executar a mistura com o CAP (CENTOFANTE, 2016).
Os fabricantes que adotaram a usina com misturador externo fizeram um forte
trabalho contra as usinas de mistura interna, cuja falta de informação e
conhecimento técnico no mercado brasileiro fizeram com que em muitos locais não
seja permitido o uso deste tipo de usina (CENTOFANTE, 2016).
A vantagem da usina com tambor-misturador é permitir um aquecimento
adequado do RAP e utilizar um percentual maior, chegando a 30%. Com o uso de
misturas asfálticas mornas (WMA – Warm Mix Asphalt), o percentual pode ser ainda
maior. Sobre misturas mornas, um novo artigo será escrito em breve, pois é uma
técnica que traz grandes vantagens técnicas e financeiras (CENTOFANTE, 2016).
3. USINAS CONTÍNUAS COM TAMBOR-DUPLO:
Uma grande inovação na engenharia rodoviária, a usina de tambor-duplo
permite o uso de altos percentuais de RAP na mistura asfáltica, chegando a 50%.
Trata-se de um tambor dentro de outro, com os agregados virgens secos e
aquecidos passando do tambor interno para o tambor externo, onde entra o RAP a
uma temperatura inferior ao do tambor interno. Foi desenvolvida uma geometria de
aletas que permite no tambor externo que os materiais façam um sentido
ascendente com a rotação do conjunto dos tambores-duplos (CENTOFANTE,
2016).
Este tipo de usina possui maior área de secagem e mistura a seco de
agregados virgens e RAP, assim como maior área de mistura dos insumos com o
cimento asfáltico. Consegue produzir qualquer tipo de mistura asfáltica com
qualidade de uma maneira muito fácil. Há um maior aproveitamento térmico, em
função do tambor externo absorver o calor do tambor interno, o que gera economia
de custos operacionais em relação à consumo de combustível. Temos usinas de
asfalto deste tipo trabalhando na Argentina, Chile, Perú e Colômbia (CENTOFANTE,
2016).
4. USINAS GRAVIMÉTRICAS:
Popularmente no Brasil conhecidas como usinas gravimétricas, possuem um
sistema de produção descontínua. Se caracterizam por serem equipamentos fixos,
utilizando um sistema de dosagem de agregados com separação granulométrica
através de peneiras e pesagem individual de cada insumo. A produção ocorre em
lotes (batch), por isto em inglês é conhecida como asphalt batch plant
(CENTOFANTE, 2016).
No Brasil, acredita-se que hoje as usinas gravimétricas representam menos de
10% das usinas existentes no país. A popularização das usinas móveis contínuas
em função do menor custo e grande facilidade de transporte fez com que ao longo
dos anos as usinas gravimétricas fossem menos adotadas, mesmo com as
vantagens técnicas na dosagem dos materiais (CENTOFANTE, 2016).
Outro fator determinante foi que as usinas gravimétricas sempre se
caracterizaram por serem usinas imensas, altas, pesadas, difíceis de transportar e
demoradas para instalar. Porém, as últimas gerações de usinas gravimétricas são
modularizadas e de menor dimensão, o que diminui bastante os problemas que
ocorriam com os modelos mais antigos (CENTOFANTE, 2016).
Embora tenha vantagens para a produção com agregados virgens, a usina
gravimétrica necessita de maiores adaptações para o uso de RAP. Por ter uma
produção de maneira descontínua, é preciso ter um tambor extra dedicado para
uma secagem adequada do RAP, pois a pesagem de cada material é realizada de
forma separada e não há como ter um tempo de mistura a seco adequado entre
agregados virgens superaquecidos e RAP (CENTOFANTE, 2016).
Em países de primeiro mundo, há grandes discussões travadas sobre o fato
das usinas contínuas com tambor-duplo ser a melhor opção técnica para
reaproveitamento de RAP em percentuais acima de 20% em comparação com
usinas gravimétricas (CENTOFANTE, 2016).
As principais vantagens técnicas e econômicas com o reaproveitamento são:
 Redução do consumo de recursos naturais: diminuição no uso de
agregados virgens e de cimento asfáltico. A redução vai apresentar uma
variação conforme o percentual de RAP usado, no entanto sempre ocorrerá
(CENTOFANTE, 2016).
 Redução do consumo de energia: por usar um insumo que é
proveniente de um processo que já ocorre (fresagem de pavimentos), ocorre
diminuição no uso dos materiais virgens cuja produção exige diversos processos
que consomem alta energia (perfuração, detonação e britagem) (CENTOFANTE,
2016).
 Solução para o problema de disposição de resíduos: o RAP muitas
vezes não tem um destino correto. Diminuição de passivos ambientais com o
devido reaproveitamento (CENTOFANTE, 2016).
 Aproveitar o processo de envelhecimento das camadas asfálticas: é
um fenômeno natural que exige uma remoção futura. O reaproveitamento do
RAP gerado pelo processo de remoção através da fresagem pode ser já
programado dentro de um fluxo logístico de trabalho de construção e
manutenção de pavimentos (CENTOFANTE, 2016).
 Redução dos custos de produção: sempre haverá uma economia com
o uso do RAP em usinas de asfalto. Embora haja variações nos custos dos
insumos locais de cada país, diversos estudos mostraram que ao usar 20% de
RAP, a economia por tonelada produzida supera os 15%. Com o uso de 50% de
RAP, várias empresas dos Estados Unidos tiveram uma redução superior a 40%
no custo da tonelada asfáltica produzida (CENTOFANTE, 2016).
 Vantagens competitivas: empresas que estejam preparadas e
familiarizadas com o uso de RAP em misturas asfálticas à quente, terão
vantagens técnicas e financeiras para o futuro (CENTOFANTE, 2016).

REFERÊNCIAS:

CENTOFANTE, Roberta et al. Estudo laboratorial da utilização de material


fresado em misturas asfálticas recicladas a quente. 206.

FONSECA, Jessica Freire, “O estado da arte sobre o uso de reciclado de


pavimento asfáltico na pavimentação no Brasil e no mundo”. Curitiba: ANPET
XXVIII Congresso de Pesquisa e Ensino de Transporte, 2015.

SANDI, Adriely Maria; LUVIZÃO, Gislaine; NIENOV, Fabiano Alexandre.


ESTUDO DE MATERIAL FRESADO ORIUNDO DE VIAS PAVIMENTADAS
COM REVESTIMENTO ASFÁLTICO PARA UTILIZAÇÃO COMO MATERIAL
ESTABILIZANTE EM VIAS DE BAIXO VOLUME DE TRÁFEGO. Seminário de
Iniciação Científica e Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e
Extensão, p. e28873-e28873, 2021.

TEIXEIRA, GUILHERME BARBOSA; BEZERRA, HIAGO DE BESSA;


BORGES, PEDRO AUGUSTO BARBOSA. Utilização De Misturas De Cascalho
Laterítico, Asfalto Fresado E Resíduo De Pó De Granito Na Pavimentação.
Goiânia, Goiás, 2017.

Você também pode gostar