Você está na página 1de 3

INTRODUÇÃO AO

LIBERTARIANISMO “BOBBARDIANO”


O
libertarianismo avança no Brasil1. Os Pentadialética3 da teoria, o conservadorismo da
canais de comunicação libertários que teoria e por fim sua estética.
“produzem liberdade” como diria Hide,
estão crescendo inexoravelmente. Era de se Análise Pentadialética da Teoria
esperar, portanto, que as discussões aumentassem Bobbardiana.
também. Jusnaturalismo teológico,
Quando falei que a teoria bobbardiana merece
jusracionalismo, gradualismo, brutalismo, o
ocupar uma nova fase na discussão libertaria, me
icônico ”não pise em mim / don’t tread on me” e o
referia a sua capacidade de aderir para si -e per se
clássico “quero andar de tanque” vêm se
– uma transcendência ontognoseológica e
expandindo nas opiniões que circulam por toda a 4
metafísica de preceitos éticos e morais, tendo em
internet. E isso tem papel relevante na cultura e
vista a unidade e a universalidade, refletindo,
política brasileira que sofreu mudanças 5
consideráveis nessa ultima eleição. Observo que, subsequentemente, em uma teoria econômica .
Portanto, tal teoria, revela uma importância
dentre os diálogos libertários, os argumentos
proferidos pelas vozes animadas dão conta do estrutural no assunto, posto que permite uma
metalinguagem entre o conservadorismo e o
escopo intelectual do assunto (Mises, Rothbard,
Hoppe e tutti quanti). Tudo isso é muito bom para libertarianismo de forma transcendente.
a comunidade libertária, mas ao mesmo tempo, Vamos então analisar tal teoria para encontrar
falta uma transcendência, uma metalinguagem essa transcendência criando uma “estrada
que unifique todos os skema (figuras) e eleve a dialética interna”. E se por meio da dialética
discussão a outro patamar intelectual. encontramos valores essenciais de uma ideia,
6
usaremos a Pentadialétca de MFS (devido ao seu
Entendido isso, pode-se apresentar a teoria
rigor lógico e heterogêneo) para analisar o
bobbardiana2 do libertarianismo que tenta unificar
problema em si.
os discursos libertários (Rothbard-hoppeano) e
ampliá-los filosoficamente. Esse novo espaço na Unidade: a unidade da teoria é composta por
discussão ainda não foi completamente ocupado, teses, ou seja, axiomas que se aglutinam a
para tal feito, é necessário que se explique alguns universais formando as categorias que são
conceitos para melhor compreensão da teoria.

Mas, como tal tarefa de mera apresentação exige


um panorama geral e suficientemente completo,
3
melhor então que se dividam em tópicos os temas Método dialético do filósofo brasileiro Mário Ferreira dos
Santos que visa analisar um problema em si por cinco fases:
da teoria a fim de organizá-los para facilitar a unidade, parte, série, sistema e, por fim, universalidade.
leitura. Será dividida nas seguintes partes: análise 4
A ontognoseologia de tais preceitos é sua existência como
sujeito ontológico e objeto de nossa mente. Já sua
metafísica, a transcendência “preceitual” que, por sua vez,
implica a liberdade.
5
É importante salientar que toda ética libertária
1
Seguindo a máxima de Stephen Kinsella: “é a insatisfação corresponde á economia desde os pré-austríacos que eram
criada pela porca moralidade estatal que o ímpeto humano baseados na escolástica e em sua teologia moral. A teoria
da liberdade urge”. Bobbardiana mantém essa tradição ampliando-a num nível
2
Nome provisório para uma teoria que tecnicamente ontológico.
6
poderia ser chamada de ontologia ética ou ética concreta. Mário Ferreira dos Santos.
conceitos de conceitos7. Isso revela seu ponto axiomas (ontológico e metafísico) que será
cardeal: o devir quaternário categórico.8 demonstrado no sistema de justiça e segurança,
por exemplo.
A ontologia vem a priori - no seu ímpeto intuitivo
exposto com mais influência em Lavelle do que Universo: sua universalidade é justamente
em Bergson9 -. Depois, aparece a metafísica transcender a crisis13 que impede a comunicação
(aplicada a posteriori). entre o conservadorismo e o libertarianismo para
se firmar um uma teoria libertária simplesmente
É nessa conjuntura que, e só aqui, que surge a
10 axiomática e irrefragável. Termina aqui análise.
categoria de liberdade .
Conservadorismo da Teoria.
Parte (totalidade): dada a ordem quaternária a
liberdade -porque a liberdade faz parte da A ideia de provar o que o caminho para o
filosofia da teoria-, o bobbardianismo libertarianismo caminhar seguro é partir do
14
corresponde, em parte, a formação de uma conservadorismo -mas não do jeito que se entende
filosofia libertária. Esta por sua vez apresenta, em tal doutrina na internet por canais de guitarristas
sua terceira força, a prática (a mesma estrutura da nervosos- pois, tal teoria fixa-se em conceitos
filosofia de Hugo de São Vitor)11. morais e éticos que são/serão axiomaticamente
conservados. O conservador quer conservar o que
Série: é aqui (na prática) que entra a série, sendo,
é belo e moral e o Estado passa longe desse
facilmente compreendida, pela coactação
12 kriterion (palavra grega usada para nomear pedras
tensional praxológica em relação coerente ao
que eram usadas para bater um ouro. O som
mercado (prática já abrange a ética e a economia).
produzido assinalava se era ouro real ou falso).
Sistema: sendo assim, ela se mutaciona em um E isso é bom para o próprio conservadorismo que
sistema ético de atuações mercadológicas feito por se aplica na moralidade de atos e não na
preceitos ontológicos que implicam a liberdade, moralidade de impedi-los por falso moralismo.
tensionando-se no conservadorismo desses
Podemos então afirmar, com vernáculo filosófico,
7
as seguintes sentenças:
Mário Ferreira explica as categorias dessa forma. Ele
argumenta pitagoricamente, a relação das categorias com 1- o conservadorismo é a tensão primária do homem
nossa mente. Embora mental, as categorias tem uma
que quer se atualizar sem deixar de ser Humano.
relação concreta. Nas categorias ferrerianas, isso é
nomeado de categoria real-real.
8
Este devir quaternário -que é uma edição e estrutura de
2- o libertarianismo é a tensão secundária do
Hugo de São Vitor- serve justamente para dar todo o homem que quer se atualizar sem perder a liberdade
aparato lógico e ontológico das categorias postuladas. É imanente a própria alma.
aqui que começa a filosofia da teoria.
9
Bergson dizia que só pela razão alcançamos a verdade das Assim, pode-se entender que o conservadorismo
coisas. Mas essa intuição tem que se opor a razão. Para ele, através de sua moralidade, nos preserva a
a intuição é uma interiorização emotiva que surge de um
élan e, por sua vez, tem da à relação do cognoscente com o humanidade que reside em nosso habitat (nossa
cognoscível. Esse ímpeto ele chama de élan vital. Uma morada, daí moral) e o libertarianismo -por sua
crítica anti-intelectualista-, portanto. Mas a teoria vez- nos preserva a liberdade, destruindo tudo que
bobbardiana se firma na ontologia pessoal do espírito e
aplica, logo em seguida, a metafísica. Isso é Lavelle nu e cru.
10
A liberdade não será entendida como princípio, mas sim
como aglutinação de preceitos que vem depois das outras
13
categorias já comentadas. Uso a palavra “crise” no sentido que Mário Ferreira
11
Chamado também da esfera mecânica do homem. Esta expõe em seu livro “Filosofia Da Crise” como aquilo que
emerge de uma perspectiva do termo médio que sempre separa e distancia. Ele entende que todo o existir é crise, e
apoia a expectativa positiva em qualquer ação humana. o homem é a consciência quaternária dessa crise.
14
Algo muito parecido com a praxiologia miseseana. A reciproca é verdadeira. O libertarianismo na concepção
12
O que eu quero dizer com esse termo é a junção de bobbardiana garantiria a perpétua necessidade de um
tensões humanas em atos morais e éticos. Portanto, a critério de liberdade que favoreceria mercadologicamente
teoria pode ser aplicada pelas atitudes humanas. Quer algo a civilização ocidental por meio da jurisprudência de
mais praxiológico do que isso? costumes.
não proporciona à nossa alma a liberdade15, pois
somos livres por natureza, somos livres pela graça
de Deus.

Estética.

Por fim a teoria pode ser exposta na estética de


seus feitos práticos.

A criação de um exército comum em todo o país,


administrado por lideres locais- escolhidos e
retirados mercadologicamente- que pode ser
chamado de “bem comum” não tenta deixar
resquícios de tirania, mas sim se proteger de
futuras tentativas de esmagar as pessoas e tentar
controlá-las novamente.16

Dentro de um círculo crático de cultura17, essa


teoria é uma acracia. No entanto, pelo que foi
exposto até agora, é difícil que sua forma
represente uma forma viciosa e abstratista. Sua
ontologia concreta engloba todo um escopo
intelectual dos gregos, escolásticos e austríacos.
Portanto fica evidente o quão importante essa
teoria é. Suas semelhanças com Rothbard e Hoppe
são nítidas, então fiquem atentos às premissas e
suas rotatividades lógicas. E é aqui que reside de
maneira nuclear a sua originalidade.

15
Conhecendo a verdade, esta nos libertará. Portanto, o
homem conhecedor (na tríplice aristotélica) tende à
verdade como os corpos graves tendem ao chão.
16
E isso se aplica a todo sistema anarcocapitalista. A
existência de empresas que farão todo o serviço que o
estado apenas se propôs a fazer, enganando a população.
Portanto, a teoria bobbardiana corrige o problema do
anarcocaptalismo sem recorrer à coerção.
17
Mário Ferreira, baseado em Spengler, escreve um ciclo
de crise da historia humana, assinalando doze etapas:
teocracia, hierocracia, aretocracia, aristocracia,
monocracia, oligocracia, democracia, plutocracia,
argirocracia, oclocracia, cesáriocracia e acracia. Essas
etapas podem ser estudadas em “Filosofia Da Crise”.

Você também pode gostar