Você está na página 1de 6

UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Humanas


Curso de Psicologia

Ana Cláudia Ribeiro de Almeida C41IBC3


Amanda Caroline Gomes de Souza - C544IC6
Brenda Cristine Nunes da Silva C605IB7
Bruna Gonçalves Conceição C660370
Leticia Aparecida Lima Alves C4688c4

ANÁLISE DO FILME: 12 HOMENS E UMA SENTENÇA

Campus Dutra - São José dos Campos


2018
Análise do filme 12 homens e uma sentença.

• Informações gerais

O filme 12 homens e uma sentença é norte americano produzido por


Sidney Lumet dirigido e escrito por Reginald Rose, lançado em 1957 principais
atores Henry Fonda, Jee L. Cobb, Jack Warden e Martin Balsam.

Com esse texto pretende-se esclarecer, como ocorre a mudança de


pensamento de um grupo. Através da análise do filme 12 homens e uma
sentença. Conforme Kurt Lewin (1920), só entende-se um grupo quando se tenta
transformá-lo. Para que essa transformação ocorra o grupo passa por três
passos;

• A primeira denominada de descongelamento, onde abre-se mão


de velhas crenças e atitudes.

• A segunda é geralmente resultado do descongelamento, sendo


assim, um período acompanhado de confusão e agonia, pois
houve uma desconstrução de idéias.

• A terceira e última fase é a de congelamento, quando a nova


mentalidade se cristaliza e a sensação de conforto e estabilidade
toma todo o grupo.

O texto também apoia-se no teórico Pichon Reviére médico psiquiatra em


1967, que a partir de uma experiência no hospital psiquiátrico, a greve de
enfermeiras inviabiliza o atendimento aos pacientes portadores de doenças
mentais . Diante da falta de enfermeiros, Pichon propõe, para os pacientes
"menos comprometidos", uma assistência para com os "mais comprometidos".
Experiência produtiva para ambos os pacientes, os cuidadores e os cuidados,
na medida em que houve uma maior identificação entre eles e pôde-se
estabelecer uma parceria de trabalho, uma troca de posições e lugares, trazendo
como resultado uma melhor integração. Posteriormente, a criação da teoria do
grupo operativo.
• Análise

O grupo apresentado no filme é formado por 12 homens sem relação extra


júri, uns com os outros. Todos fazem parte de um júri popular, e terão que decidir
pela primeira vez em suas vidas, sobre a condenação ou não de um jovem de
18 anos acusado de ter matado o próprio pai. Essa decisão tem que ser unânime,
se um não concordar com a decisão da maioria, o julgamento será adiado, se
todos concordarem que o jovem é considerado o culpado pelo crime. E isso, o
condena à sentença de morte. Segundo os estudos de Pichon-Riviére (1967), o
grau de pertença de cada membro, afeta os comportamentos dos mesmos,
quanto mais homogêneo, maior o grau de identificação, e quanto maior a
identificação maior o vínculo, mais fácil a realização da tarefa.

Logo de início os problemas na realização da tarefa começam aparecer,


como: o cansaço, o júri está assistindo o julgamento há três dias; o ambiente, no
qual terão que decidir o destino do jovem se dispõe em uma mesa central
rodeada de cadeiras nada confortáveis; sem ventilação adequada, com janelas
que emperram, ar condicionado e ventilador quebrado, em dia quente de verão
e um banheiro pequeno; a porta da sala é fechada pelo lado de fora, vigiada por
um guarda, se o grupo precisar de alguma coisa deve chamá-lo; a
heterogeneidade do grupo são condições sociais, idades, religiões diferentes.
Conforme os estudos de Lewin (1920), a totalidade da situação deve sempre ser
considerada, incluindo todos os detalhes pessoais e ambientais, pois focar em
fatos isolados pode resultar em uma visão distorcida das circunstâncias do
grupo.

Inicialmente, todos parecem concordar com a decisão da condenação do


jovem, até o momento, em que um deles, um arquiteto, se coloca como um
mediador da tarefa, apresentando uma decisão diferente e convidando seus
companheiros a pensar sobre o assunto. Sem simplesmente votarem
declarando-o culpado pelo crime, afinal de contas está em jogo a vida de um
jovem. Neste momento onde é proposto ao grupo pensar sobre a questão,
discutir, argumentar, questões individuais começam a emergir no grupo. Todos
tinham como certa a condenação do rapaz, e por questões individuais e prévias
(jogo de futebol em uma hora, filho que abandonou o pai, preconceito por
pessoas pobres e humildes). Quando convidados a refletir antes de tomar
qualquer decisão, implica rever seus próprios conceitos, de respeitar a opinião
do outro, de admitir não ser portador de soberania, o sofrimento em mexer nas
questões que pareciam estar resolvidas. Diante disso, as diversas
personalidades começam a se manifestar, e o que parecia simples de decidir
torna-se conflito.

O integrante que se opõe a maioria é colocado inicialmente, como bode


expiatório. Segundo Pichon-Riviére (1967), o bode expiatório é o porta voz não
aceito, elemento que o grupo segrega, recebe a culpa a pelos resultados
negativos. No caso do filme o personagem, recebe a culpa até pelos fatores
ambientais negativos, o pensamento de "estamos passando calor por sua culpa".
Aqui, grupo não se encontra maduro o suficiente para aceitar a proposta do
arquiteto, todos dirigem a comunicação a ele com a intenção de fazê-lo mudar
de ideia, o mais rápido possível. É uma das características do grupo supostos
básicos, pouca ou nenhuma capacidade de tolerar a frustração, pouco interesse
em reflexão ou pensamento e uma ênfase muito grande nos sentimentos,
observa-se isso no momento em que os integrantes do júri trazem seus conflitos
pessoais.

O primeiro integrante que se opôs ao grupo, utiliza fortes argumentos a


fim de convencer os demais membros, em alguns momentos passa de bode
expiatório á líder do grupo. O líder é aceito como porta voz do grupo, é ouvido e
ouve seus membros, articula todos em direção a tarefa, que nesse caso, tal
tarefa é a reflexão sobre os fatos do julgamento.

Por outro lado, um personagem que se mantem relutante, mesmo com


todos os fatores indicando a falta de provas quanto a condenação do jovem. O
homem mantem a ideia de "culpado" e tente fazer com que os outros
personagens mantenham essa mesma ideia. Esse personagem hora adquire o
papel de sabotador, ele é o oposto do líder, o responsável pela resistência a
mudança, de forma inconsciente, hora aparece como impostor adquirindo papeis
a outros integrantes do grupo. No decorrer do longa, em sutis falas e ao final do
filme de forma mais explícita, entende-se que tal resistência apresenta-se por
conta de um conflito pessoal do personagem com o filho.
• Conclusão

O grupo se une para realizar uma tarefa, assim como o objetivo principal
desse grupo que é decidir em unanimidade a sentença do réu. A necessidade
de entender como funciona a dinâmica dos processos grupais é importante, para
averiguarmos como de terminados grupos se comportam. Com esse
entendimento podemos perceber que em um grupo atuante, podem haver várias
discordâncias, mas por estarem em “uma só voz” precisam chegar a um
denominador com um e assim trazer o resultado desejado ou esperado,
estipulado pela organização, seja ela qual for. O grupo em questão passou por
todos os processos precisos para atingir a maturidade. O bode expiatório
apareceu, se opondo a maioria com uma ideia nova sobre o julgamento, logo
após ele passa de bode expiatório para líder do grupo. Com a maioria ouvindo
sua proposta abertamente, sem pensar nas implicações que isso traria a cada
um em sua vida particular. Enquanto isso um membro do grupo ainda se mostra
resistente a ideia do líder e adquire o papel de sabotador, tentando mudar o
pensamento de outros. Chega o momento então, de maturidade do grupo, eles
chegam a uma decisão unânime.

O grupo então, após todos reverem sua decisão optam em votação


unânime por inocente, e finalmente conseguem atingir a fase de união, onde o
grupo apresenta maturidade para lidar com os conflitos, as diferenças
individuais, as incertezas e as emoções, enfim todas as variáveis que permeiam
um grupo, mostrando que foi capaz de atingir seu nível possível de realização,
integrando as diferenças em prol de um único objetivo, que é a tarefa a ser
realizada pelo grupo.
Referências

PICHON-RIVIÉRE, H; O processo grupal. Tradução: Marco Aurélio


Fernades Velloso. 7ª ed. Martins Fontes; São Paulo 2005; 286 p.

COLLIN, Catherine et al. Só compreendemos um sistema quando


tentamos transforma-lo in: O livro da Psicologia. Tradução Clara M. Hermeto e
Ana Luiza Martins. São Paulo: Globo, 2012; p. 220-223

Você também pode gostar