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IMAGINÁRIOS
DO HISTÉRICO
Deitado no divã, o analisando fala; eu o escuto, e em mim se forma
espontaneamente uma imagem que condensa três fatores conjugados: a
abstração da teoria, o desejo da transferência e a história do sujeito.
De fato, ao escutar os pacientes, algumas imagens se impõem ao
clínico. São imagens que traduzem de maneira figurada os elementos ,
principais da teoria psicanalítica, e que o praticante pode eventualmente
reconhecer no curso de seu trabalho. Essas imagens, verdadeiras encena-
ções de teses teóricas, funcionam como desencadeadores de uma inter-
venção analítica, em geral apropriada e oportuna. Assim, o psicanalista
se serviria dessas imagens para efetuar a metamorfose do abstrato para o
perceptível e propor sua interpretação. É como se o praticante, em vez de·
se perguntar "Como intervir?", "Que dizer ao paciente?", se interrogas-
se: • 'Que devo fantasiar? Com que imagem forjada pela teoria, mas - -
surgida no silêncio de minha escuta, devo trabalhar?" Justamente, forrou- - _
lemo-nos essa pergunta. Que retratos imaginários se esboçam na cabeça
do psicanalista quando ele escuta ativamente seu paciente histérico, ou o - -
paciente em face de histericização transferencial?
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do inconscicnle, é preciso que ele seja aquilo que ouve. A seqüência se.
complica quando, com todo o rigor, acrescentamos que olhar significa,
para o sujeito, ser o objeto que ele olha. As.5im, conviria resumir dizendo:
para olhar, isto é, para ser o que ele vê, é preciso que ele seja aquilo que
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