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MÉTODO DE DATAÇÃO – A GEOLOGIA

ENTERRANDO A TERRA JOVEM.
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(Estratos na praia de Gavieru)

Antes do Iluminismo e da Revolução Industrial a humanidade baseada sua forma de medir o tempo de
existência da Terra tinha seu fundamento em escrituras bíblicas que afirmavam que nosso Universo tinha
cerca de 6 mil anos. O Arcebispo James Usher, calculou que a Terra tinha sido criada ás 9 horas da
manhã do dia 23 de Outubro (um domingo), do ano 4004 antes de Cristo. Por incrível que pareça, ainda
hoje existem pessoas que realmente acreditam neste tipo de método de datação. Acreditam pela fé, não
pelas evidências. Criacionistas defensores da Terra Jovem, como aqueles encontrados no Answer in
Genesis, acreditam neste tipo de proposta e tentam justificar isso de modo científico. Infelizmente, para
eles, este tipo de datação é rejeitada, é imprecisa e totalmente anti-científica, dada a quantidade de
métodos de datação desenvolvida nas ultimas décadas. Ainda assim há certos grupos religiosos que
“adaptam” esses modelos a modos interpretativos da bíblia pra justificar essas crenças pessoais. De fato, é
até contraditório, pois o principal grupo crítico do desenvolvimento da ciência no iluminismo foram os
grupos religiosos, os mesmos que hoje querem usar a ciência para justificar ideias como a Terra jovem
em uma tentativa cientificista de provar Deus e crer não pela fé, mas pela evidência. Com o avanço do
conhecimento científico outros modelos alternativos de datação foram surgindo. Por exemplo; uma forma
de calcular o tempo necessário para que o mar se tornasse salgado e baseando-se que ele um dia teria sido
doce propõe que o sal chegou ao mar através de rios, a partir da dissolução das rochas aflorantes nos
continentes. Um cálculo obtido em 1899 indicou que a água do mar teria cerca de 90 milhões de anos.
Obviamente, os pesquisadores começaram a perceber que nem sempre o sal das rochas vai diretamente
para o mar, ou seja, existem variáveis, onde o mar não é a fase final. E que a salinidade pode ser
reciclada, que o sal é proveniente do manto da terra, que a salinidade da água do mar é constante no
tempo. Em geologia, uma das primeiras formas de se estabelecer a datação foi através da espessura das
camadas de areia do solo. Isso quer dizer que se soubéssemos quanto tempo leva para formar uma camada
de determinado tamanho (taxa de sedimentação) poderíamos datar locais. Esse método há limites, por que
não temos o registro preservado com todas as camadas de areias empilhadas desde o princípio da Terra,
exatamente por questões geológicas e de taxa de sedimentação que obviamente não é constante. Diversos
modos de calcular a idade da Terra foram desenvolvidos, entretanto, não datavam mais do que 100
milhões de anos e não contribuíam para a aceitação da então nova teoria da origem das espécies de
Charles Darwin (1809-1882), pois uma Terra jovem (100 milhões de anos) não poderia ter mantido a
longa estabilidade que Darwin julgava necessária para a evolução gradual das espécies e sua
diversificação. Ou seja, a datação geológica esta completamente relacionada a origem e evolução das
espécies. Talvez por essa razão, criacionistas sejam defensores da Terra Jovem. Hoje, temos dois modos
principais de saber o quão velha é uma rocha: o método de datação relativa e o método de datação
absoluta. No primeiro método, observa-se a relação temporal entre camadas geológicas, baseando-se nos
princípios estratigráficos de Steno (1669) e Hutton (1795). Ou seja, observa-se a presença de fósseis, o
período de tempo de existência deles e até indicar a idade da camada geológica em que o fóssil foi
encontrado só pela presença do animal. Isso indicará que a camada que está abaixo é mais velha e a
camada de cima é mais nova. No método absoluto utilizam-se princípios físicos da radioatividade que
fornecem a idade da rocha com precisão baseada nas leis do decaimento radioativo. Desta maneira, o uso
desse método, só foi possível depois da descoberta da radioatividade (1896).
Em 1911, o geólogo britânico Arthur Holmes publicou um trabalho sobre datação radioativa, onde
destacou que certos elementos químicos possuem o núcleo do átomo instável e denominou-os
de nuclídeos radioativos. Estes elementos, através da emissão espontânea de radiação, se transformam em
elementos estáveis (nuclídeos radiogênicos). Dessa maneira o elemento-pai (radioativo) se desintegra
emitindo radiação e se transforma no elemento-filho (radiogênico). Isso foi fundamental para a geologia
porque permitiu o cálculo da idade absoluta de uma rocha ou mineral. As rochas são formadas por
minerais, os quais são constituídos por elementos químicos, ou seja, são nuclídeos radioativos, e o
conceito de decaimento radioativo envolve uma constante da física denominada de calculo de meia-vida,
que é o tempo necessário para que metade da massa do elemento-pai se transforme no elemento-filho.
Cada grão mineral que se forma, dá início ao decaimento radioativo. Sendo assim, determinando-se a
quantidade de elemento-pai e de elemento-filho em um mineral hoje, é possível saber há quanto tempo
está acontecendo o decaimento radioativo e, consequentemente, quando o mineral se formou. Para
calcular isso a rocha é pulverizada com ácido, ou seja, dissolvida até o estado líquido para que os
elementos radioativos fiquem dispersos na forma de íons em solução. Dessa maneira fica mais fácil
extrair os elementos-pai e filho que serão analisados e medidos. Cada elemento químico tem uma
característica físico-química peculiar, se comportando de maneira variada em função da condição do
ambiente. Posteriormente, os elementos são individualizados em outra solução e vão para um
Espectrômetro de Massa onde cada elemento separado será medido. Depois, então, os cálculos baseados
na meia-vida do elemento radioativo são feitos e a idade da rocha é obtida. O Centro de Pesquisas
Geocronológicas da USP faz datações de rocha pelo método absoluto desde 1964 e é referência hoje no
país. Por exemplo, a idade da Terra calculada pelo método absoluto indica que a Terra tem 4,5 bilhões de
anos. Bem mais velha do que os estudiosos antigos imaginavam, onde os registros mais antigos em
cristais contidos em rocha são encontrados na Austrália. Como a Terra permanece em constante mudança,
sua crosta está continuamente sendo criada, modificada e destruída e como resultado, rochas que
registram a história embrionária do planeta não foram encontradas e provavelmente não existem mais.
Sendo assim, a idade da Terra não pode ser obtida diretamente de material terrestre. Assim, os cientistas
presumem que todos os corpos do Sistema Solar se formaram na mesma época, inclusive os meteoritos
provenientes de cinturões de asteróides. Como os meteoritos são corpos extraterrestres que caem na
superfície da Terra, eles podem ser datados e sua idade é a mesma da formação do planeta, ou seja, 4,5
bilhões de anos. Esta idade foi determinada, pela primeira vez, por Claire Patterson em 1956, usando os
isótopos de chumbo.

Os métodos de datação, assim como qualquer ferramenta tem aplicações específicas e obviamente, suas
limitações. Se usada de forma inadequada pode fornecer dados imprecisos, e é desta forma que os
defensores da Terra jovem se baseiam em seus cálculos. Nos Estados Unidos existem correntes religiosas
que ainda defendem a idade de 6000 anos para a Terra e defendem que o criacionismo seja ensinado
como ciência oposta ao ensino da teoria da evolução de Charles Darwin (Martins & Babiski – IGC).

Cálculos Tendenciosos – Pseudomatemática


Muitos cálculos feitos por criacionistas são realmente tendenciosos, e no caso da geologia conferem
somente um exemplo simples em que a metodologia geralmente se adapta a uma conclusão pré-
concebida. Eles alegam que há contaminação no material, que a taxa de decaimento muda e
supervalorizam variáveis de tal forma que a datação seja calibrada com a proposta da Terra jovem.

Em outros modelos matemáticos há este tipo de pré-concepção também estabelecida. No caso da teoria da
informação, sabe-se que há a origem de informação genética a qual é fluxo dessa informação matemática.
Criacionistas, como Dembski, afirmam que os algoritmos não mostram isso, embora experimentos e
modelagens matemáticas demonstrem claramente tal fluxo de informação (Veja COMPLEXIDADE
ESPECIFICADA – UMA MASCARA PARA UM DEUS-DE-LACUNA).
É praxi também, tal grupo utilizar conceitos como complexidade irredutível, complexidade especificada
ou mesmo algoritmos matemáticos que justifiquem crenças teleológicas pessoais. Talvez o caso mais
comum que demonstre como estes falsos positivos surgem a partir de matemáticas tendenciosas seja a
extrapolação da Lei de Borel. Por exemplo, a probabilidade de um evento é expressa como um número
real no intervalo entre 0 e 1, isto é {X∈ R/ 0 ≤X ≤1}, sendo mais provável quanto mais o número
aproximar-se de 1. Um evento pode ter apenas uma probabilidade, a qualquer momento, No entanto, uma
forma extrapolada da Lei de Borel usada por criacionistas e proponentes do designer inteligente é
implicar em absurdos matemáticos, onde eventos de baixa probabilidade ganham duas atribuições
probabilísticas diferentes; sua verdadeira probabilidade e uma probabilidade de 0. Se um computador
gerar 100 dígitos aleatórios, haveria 10 100 resultados igualmente prováveis e possíveis. A probabilidade de
um determinado resultado seria, assim, 10-100. Aplicando a “Lei do acaso” segundo os defensores do
designer inteligente, teríamos de concluir que qualquer resultado é concebível, porque ele tem uma
probabilidade de menos de 1 em 10 50. Portanto, literalmente impossível, não tendo possibilidade de
ocorrência, assim, teria uma probabilidade de 0. É lógico que nenhum evento pode ter uma probabilidade
de 1 em 10100 e ter probabilidade de 0. Além disso, uma vez que os resultados possíveis são o que os
matemáticos chamam mutuamente exclusivos e exaustivos em conjunto, a soma de todas as suas
probabilidades individuais deve ser igual a 1, O que eles não podem fazer se todos forem 0 (Robson,
2000) Um caso bastante comum de como a matemática é mal aplicada (pelos criacionistas) esta na
premissa de o código já surge pronto  para atuar como nós o conhecemos hoje. Ora, o código também esta
sujeito á evolução. Aliás, por essa razão ele é quase universal, pois há alguns grupos biológicos em que
códons correspondem a aminoácidos distintos.
A capacidade de reagir quimicamente já da um direcionamento ao seu processo evolutivo. Isto quer dizer
que as probabilidades de uma futura construção ser o que é começa a subir (probabilidade é fácil, trabalha
entre zero e 1 e subir quer dizer que se aproxima de 1). Isso já elimina qualquer tentativa de se aplicar a
lei de Borel, pois o código não surge complexo da forma como o conhecemos. (Borel, 1962 & 1963).

Logo, os processos em questão não tratam de processos ao acaso, mas de processos direcionados pelas
próprias leis da química, em que determinadas combinações se apresentam com mais rendimentos que
outras, como ocorre em isômeros e mesmo com os famosos isômeros ópticos em que um excesso
enantiomérico, levam à preferência de um em detrimento do outro. Esta é a seleção natural ocorrendo ao
nível da química.

Sendo assim, não é possível calcular a probabilidade de uma bactéria chegar a um elefante ou de a vida
ter surgido da matéria inerte porque esses dados não existem, porque não se conhece o processo que
realizou tal fenômeno e porque evolução das espécies não tem uma direção, um projeto, um objetivo.

Podemos calcular essa probabilidade desde que adotemos a premissa falsa de um direcionamento
evolutivo. Mas claro, essa probabilidade é só uma curiosidade e não algo que mereça crédito.
A lei de Borel é de onde surge a fundamentação dos criacionistas para dizer que o acaso não cria nada. No
universo há muita causalidade e casualidade, sendo que estabelecer tudo a um acaso cego é um erro
recorrente dos criacionistas. Mesmo porque a química tem modelos explicativos coerentes e aceitos
academicamente que explicam a origem e evolução do código genético (Veja PARADIGMAS SOBRE A
ORIGEM DO CÓDIGO GENÉTICO E SUAS IMPLICAÇÕES NA ÁRVORE DA VIDA)
Muitos abusam da matemática por ser uma ferramenta complexa de compreensão e de fácil engodo.
Talvez o melhor modelo que demonstre isso é uma simples soma que se respalde em uma falácia.

Na soma de 2+2=4 não encontramos contradição lógica, uma vez que se o resultado de tal soma fosse 5
entenderíamos que o autor desconhece a lógica de seu material de estudo (a teoria dos números reais e os
axiomas de Peano). Ou seja, ou ele desconhece a definição do número 2, do número cinco, ou do sinal de
mais. E sendo a matemática uma ferramenta complexa, o abuso de tal ferramenta se torna recorrente, uma
vez que as massas de seguidores de grupos criacionistas pouco compreendem como o mundo acadêmico
científico trabalha suas modelagens matemáticas, inclusive na datação de materiais geológicos. Por essa
razão, textos como este, que explicam como funciona o método de datação são fundamentais para
elucidar a metodologia cientifica e desenvolver o espírito critico do leitor.

Sem esse tipo de informação, qualquer afirmação dada por proponentes do designer inteligente, ou do
criacionismo é aceita sem qualquer tipo de critério, ou mesmo revisão por pares. Razão pela qual seus
artigos de datação são apenas postados em sites e blogs informais e não em revistas científicas de grande
impacto acadêmico.

Vejamos o exemplo hipotético da soma 2+2 e como ela nos fornece um insight sobre o calculo
criacionista:

Começamos nossa conta com uma simples igualdade, que é verdadeira:

16-36 = 25-45

Se somamos (81/4) nos dois lados, não há alteração da igualdade:

16-36+(81/4) = 25-45+(81/4)

Sendo assim, tal equação pode ser escrita seguindo o trinômio do quadrado perfeito:

(4-(9/2))2 = (5-(9/2))2

Tirando a raiz quadrada em ambos os lados temos:


4-(9/2) = 5-(9/2)

Somando (9/2) nos dois lados da igualdade temos:

4=5

Em conclusão, como 4=2+2 chegamos a seguinte conclusão:

2+2=5

Seguindo esta regra teríamos um falso resultado positivo, pois não notamos um item essencial da soma. O
erro da conta esta no trinômio do quadrado perfeito porque a raiz quadrada de um número elevado ao
quadrado é igual ao módulo deste numero. Portanto:

O trinômio do quadrado perfeito:

| 4-(9/2) | = | 5-(9/2) |

| -0,5 | = | 0,5 |

Cuja solução correta (e lógica) da equação é 0,5 = 0,5

Muitas pessoas não notam este tipo de resultado exatamente por se tratar de matemática, e aceitam
acriticamente tais contas como verdades absolutas, inclusive quando lhes são pregadas em forma de
resultados pseudocientíficos.

A mesma lógica ocorre em processos de datação. Por exemplo, o método de datação por Carbono14 ( 14C),
ao contrário do que muitos criacionistas afirmam, não é usado para datar fósseis. Como sua meia-vida é
de 5.730 anos, ele não é o mais apropriado para datar materiais além de cerca de 50 a 70 mil anos. E
muitos textos criacionistas usam o 14C para alegar que a datação da Terra esta errada. Em analogia, é
como usar uma régua para medir a distância entre São Paulo e o Rio Grande do Norte, medir a sala de sua
casa com a difração de raios X, ou por triangulação de satélites. Outro viés, é que ele só serve para datar
estruturas orgânicas, e não rochas e fósseis. O processo de formação de subfósseis demora 11 mil anos
para ocorrer e fósseis geralmente tem mais de 1 milhão de anos dada as condições tafonômicas e
diagênicas de sua formação (Mendes, 1977). Sendo assim, qualquer afirmação criacionista que use 14C
para datação geológica ou de registros fósseis pode ser automaticamente descartada, devido à imprecisão
de tal método de datação, uma vez que ele se encontra fora de seu limite de medidas. As datações por 14C
são consistentes com objetos orgânicos que tenham datas conhecidas, como tumbas de faraós e troncos de
árvores centenárias, ao se contar os anéis de crescimento (Plastino, 2001).
O outro problema freqüentemente citado por criacionistas é o da contaminação, que obviamente é um
problema real, mas que pode ser contornado com métodos alternativos. O que os criacionistas não
demonstram é que os cientistas estão cientes disso, e conhecem formas de descobrir e evitar amostras
contaminadas. Ao examinar o contexto geológico de onde as amostras são retiradas, eles podem
experimentar diferentes técnicas em diferentes minerais sujeitos a diferentes condições, para determinar
quais são as melhores técnicas dependendo da situação. Se há suspeita de contaminação de argônio em
um material, o melhor método a se utilizar é com base no urânio-chumbo. Se há contaminação de
chumbo, usa-se o método de potássio-argônio, samário neódmio e rubídio estrôncio. Muitos dos casos
que os criacionistas alegam ser discordantes e imprecisos são na verdade resultados de experimentos que
usaram os métodos de forma errada, por desconhecimento ou por desonestidade mesmo. Além disso, ao
datar fósseis geralmente eles vêm com outras formas de datação juntas, como a do relógio molecular. Isso
acaba funcionando como um calibrador da datação e fornece mais confiabilidade ao resultado obtido
(Dalrymple, 2000).

Vale destacar, que muitas medições independentes são feitas por métodos radiométricos diferentes e por
profissionais diferentes e oferecem resultados consistentes.

Um dos casos mais absurdos de datação e que é defendido cegamente pelos criacionistas é o caso do 14C
presente em fósseis e diamantes e a defesa de uma Terra jovem por meio dos Halos de Polônio de Robert
Gentry. E a partir deles é que vamos ter um exemplo real de como o uso errado da ferramenta gera falsos
resultados e imprecisões.
O Carbono14 dos Criacionistas.  
Carbono14 deve ser usado somente para datar materiais de meia vida relativamente curta e que já se tem
uma breve noção de sua datação, como por exemplo; materiais arqueológicos, madeira e múmias.
Criacionistas como o Baumgardner alegam que a presença de carbono no material fóssil e isso seria um
indicativo de Terra Jovem. Este é um exemplo errado de como a datação é feita. Se vamos datar um
trilobita encontrado em uma camada correspondente ao Cambriano devemos coletar material que seja
correspondente a sua camada estratigráfica e não do fóssil propriamente (mesmo porque o fóssil é uma
rocha). Não podemos usar 14C, porque não há a presença de carbono orgânico nesses materiais.
Usar este material para datação é cometer erros cruciais na metodologia. Primeiro, não devemos tirar
material do fóssil em si e sim da camada, especialmente das rochas ígneas; Segundo, usar o  14C é errado
pois demonstra que não há mais decaimento e sugeriria que o tempo de existência daquele material supera
50 ou 100 mil anos, que é o período correspondente a capacidade que o 14C tem de datar, ou seja, mais
velho que a Terra Jovem (Thompson, 2003); Terceiro, se há 14C decaindo, indica contaminação. Por essa
razão há fontes de diatomita e poços de petróleo datados em 40 mil anos, pois sofreram contaminação.
Criacionistas usam rochas metamorfizadas para fazer datação, por essa razão medem carbono
contaminado (Lowe, 1989).
Se vamos datar um trilobita, só podemos usar rochas ígneas com material de longo decaimento que estão
próximos ao fóssil, ou seja, ali na camada estratigráfica onde o fóssil está. É das rochas ígneas e não do
fóssil que se retira o material a ser analisado. Isso permite estimar a data de tal material. Carbono só pode
ser encontrado em subfósseis e mesmo assim, a datação sempre demonstra uma data superior a 11 mil
anos. Fósseis só se formam a partir de um pouco mais de um milhão de anos.

Se os elementos radioativos decaíssem a uma taxa alta, significaria que até mesmo elementos não
radioativos passariam a decair, pois isso tem a ver com a estabilidade do núcleo atômico e a meia vida
depende de uma série de constantes universais, tais como a carga do elétron, velocidade da luz e até a
constante de Planck. Portanto, o uso do 14C para datação de fósseis é uma datação sob diversas
perspectivas inviável, falha e imprecisa. Como dito acima, é como uma usar uma régua para medir
distâncias em quilômetros.
 
Halos de Polônio – Robert Gentry

Robert Gentry é mestre em física, com doutorado honorário na Columbia Union College. Por mais de
uma década ocupou a posição de um pesquisador da Oak Ridge National Laboratory, onde ele fazia parte
de uma equipe que investigou maneiras de imobilizar resíduos nucleares. Passou grande parte de sua vida
profissional estudando a natureza da descoloração de rochas como mica e outros minerais, e concluiu que
eles são a prova de uma jovem Terra. Alguns minerais, como o zircão e monazita, são constituintes
vestigiais comuns em rochas ígneas, têm estruturas cristalinas que podem acomodar quantidades variáveis
de elementos radioativos naturais, como o Urânio e Tório. Quando estes minerais ocorrem em inclusões a
outros minerais, principalmente do grupo da mica, eles podem desenvolver a descoloração e formas halos.
Os halos são causados por danos da radiação da estrutura cristalina do mineral hospedeiro. A zona de
dano é aproximadamente esférica ao redor de uma inclusão mineral central ou fonte radioativa. No halo a
maior intensidade de coloração fica perto da fonte, desaparecendo gradualmente com a distância no
mineral. Esses danos causados pela radiação formam os halos em torno das inclusões minerais, muito
bem conhecidos na literatura geológica. Halos de descoloração em rochas mais novas tendem a ser
menores e menos intensos do que em rochas mais velhas, o que indica que a zona de danos de cristal
aumenta com o tempo uma vez que elementos com menor taxa de meia vida, como é o caso dos isótopos
de polônio, decaem mais rapidamente e emitem, portanto maior energia, que significa halos maiores. A
partir dessas observações iniciais foram feitas tentativas de usar as dimensões de halos como uma técnica
de datação. Isto nunca foi uma técnica inteiramente bem sucedida que oferece precisão a datação (Gentry,
1968 & 1970).

Alguns cristais no granito têm os halos minúsculos causados pelos decaimentos de elementos radioativos.
Pelos seus diâmetros Gentry pode inferir que a energia das partículas alfa causaram tais halos. Tomando-
se as séries de decaimentos naturais, alguns destes halos possuem a forma característica dos isótopos de
Po-210, cuja meia-vida é de 138 dias, Po-212 cuja meia vida é de 299(2) ns e Po-211, cuja meia-vida é de
0.516(3)s.

que Po-218, Po-216, Po-215, Po-214, Po-212, Po-211 e Po-210, como isótopos naturais do Po. Clique para ampliar

De acordo com a geologia convencional, as rochas em que os halos de Po ocorrem, existem há milhões
dos anos e, portanto, todo polônio original deve ter decaído nesse tempo.

Robert Gentry postulou em 1988, em um texto chamado Creation’s Tiny Mystery que os índices de


decaimento de numerosos elementos foram usados para demonstrar uma Terra antiga e que na verdade
justificavam uma Terra Jovem.

Halos de Polônio

Gentry ainda afirma que encontrou radio-halos de Po órfãos e estes, portanto, indicam uma criação
repentina do polônio na rocha o que quer dizer uma Terra jovem.
Ele postula, ainda que sem evidências (em um tremendo ad-hoc), que as taxas dos decaimentos eram
muito mais elevadas no passado recente. Não somente este decaimento acelerado afetaria diferentemente
todos os isótopos radioativos, mas que inexplicavelmente as taxas dos decaimentos dos isótopos do
polônio não foram afetadas.
A tese de Gentry tem vários componentes falhos. O primeiro é sua afirmação de que suas amostras de
rochas graníticas supostamente constituíram a crosta “primordial” da Terra. Dentro destas rochas há
biotita que é da classe dos silicatos rica em ferro e cristais de fluorita que carregam uma classe
relativamente incomum de minúsculas descolorações concêntricas.

Estes halos foram considerados como sendo o resultado da estrutura cristalina dos minerais hospedeiros,
causadas por partículas alfa de alta energia. Em vários artigos publicados em revistas científicas em 1970
e 1980, Gentry postulou que as energias originadas a partir de decaimentos alfa de vários isótopos
radioativos, que ocorrem naturalmente, resultou em diferentes diâmetros para os halos. E isso de fato
ocorre, pois cada isótopo dependendo de sua meia vida, ao emitir uma partícula alfa a expulsará do núcleo
com maior energia e esta avançara dentro do material formando um halo, que depende tanto dessa
energia, como do poder de frenagem do material. Logo cada material apresentará o mesmo halo resultante
de um determinado decaimento (ex. Rn-222 em Po-210) com um diâmetro diferente. Assim, Gentry
concluiu que ele podia distinguir halos resultantes exclusivamente do decaimento radioativo de vários
isótopos do elemento Polônio. O Polônio, parte da cadeia de decaimento de urânio (U-238 /Po-210; U-
235/Po-218, Po-211) e tório (Th-232/Po-212) e tem uma meia – vida muito curta – medida em
microssegundos para 138 dias dependendo do isótopo. Halos concêntricos associados ao decaimento do
polônio (sem todos os anéis correspondentes a quaisquer outras séries de decaimento do urânio) foram
tratados como evidência de que a rocha hospedeira tinha se formado quase que instantaneamente, e não
pelo resfriamento lento de um magma original ao longo de milhões de anos.

Gentry extrapola que todos granitos pré-cambrianos devem ter se formado em menos de três minutos, e
que os halos de polônio são, portanto, a prova do modelo de criação da Terra jovem, conforme disposto
em  Gênesis. Se a hipótese do Gentry estiver correta, então os halos associados com todos os isótopos de
Po devem ser atuais e igualmente abundantes.

Entretanto, Gentry não relata a presença dos halos que correspondem à decaimento de Polônio-215 e de
Polônio-211 (decaimento Urânio-235); ou Polônio-216 e Polônio-212 (decaimento do Tório-232); ou
Polônio-218 e Polônio-214 e Polônio-210 (Urânio-238 decaimento).

Para Brawley (1992) esta discrepância está completamente de acordo com a teoria geológica atual para
uma Terra antiga. De fato, uma vez que a ideia de taxas inconsistentes dos decaimentos (e energias dos
decaimentos) é introduzida, toda a base teórica atribuível ao tamanho específico de determinado halo
relacionada a um isótopo específico torna-se impossível. Portanto, afirmar que as taxas de decaimento
não forma constantes ao longo das eras e que a do Po se manteve estável é incoerente com as leis naturais.
Isso até mesmo contradiz a idéia de afinação do universo, advogada pelos criacionistas. Se isso tivesse
ocorrido, nem mesmo o próprio universo teria se formado, uma vez que até mesmo os isótopos estáveis
decairiam pois seus núcleos não suportariam os prótons e nêutrons, conforme demonstra a faixa de
estabilidade dos isótopos abaixo:

A metodologia usada por Gentry foi (e ainda hoje é) extremamente criticada, especialmente no tocante à
duvida se suas amostras realmente se tratam de rochas primordiais do planeta. Quanto aos os halos
concêntricos vistos por Gentry, realmente são causados por danos provocados pelas partículas alfa, à
estrutura cristalina. Porém, não se sabe se o decaimento dos isótopos de polônio é a única causa possível.

Grande parte das alegações de Gentry são especulações criadas sobre especulações. Gentry é um físico,
não um geólogo e certamente não tem prática com relatórios geológicos e por essa razão não forneceu
informações básicas sobre o assunto. Em sua pesquisa, ele usou lâminas delgadas de rochas de vários
lugares ao redor do mundo. Assim, ele é incapaz de dizer como suas amostras se encaixam com a
configuração geológica local ou regional. Sendo mais provável então que o granito utilizado esteja
contaminado. Seu trabalho poderia ser desconsiderado desde o inicio uma vez que não há uma descrição
correta acerca o tipo de rocha analisada. Se ele realmente trabalhou com granito, possivelmente trabalhou
com rochas recentes e não primordiais. Se ele trabalhou com granito deve certificar-se de que tal rocha
não passou por processo de metamorfismo, pois este processo pode reconfigurar a mineralização do
material via recristalização. Se ela ocorre sobre a influência de fluidos liberados pelo magma pode
transportar íons que contaminariam suas amostras, distorcendo os halos, tornando-os ovalados pelo
realinhamento de minerais.

Isso é bem provável ter acontecido uma vez que são poucos os lugares do planeta Terra onde há
realmente granito antigo.

 O mais antigo granito da terra tem cerca de 3,5 bilhões de anos e não representa um granito primordial. É
o granito de Bastar encontrado na Índia (Voronov, et al. 2010). Há outras ocorrências antigas também na
Escandinávia, Inglaterra e aqui mesmo no Brasil (Serra Caiada) (Martins & Babiski – IGC).
Gentry também não fornece informações descritivas sobre as amostras de rocha individuais que compõem
os seus estudos. Sem saber a distribuição as características de textura, tamanho dos cristais, a alteração
das rochas e a presença (ou ausência) de fraturas e descontinuidades não é possível ter uma descrição
correta confiável da amostra.

Como Gentry não reconhece que o período de tempo pré-cambriano representa grande parte da história da
Terra, ele não reconhece a grande diversidade de terrenos geológicos que surgiram e foram afetados ao
longo da historia. Sendo assim, segundo o modelo de Gentry, qualquer rocha semelhante ao granito
poderia representar uma rocha “primordial”, ainda que fosse recente. Granitos verdadeiros geralmente são
fruto de recristalização da crosta (Taylor e McLennan, 1996) , e não pode ser considerada primordial . Em
1988 Wakefield mostrou que pelo menos um conjunto de amostras de rochas estudadas por Gentry não
são de granitos em tudo, mas foram tiradas de uma variedade de jovens rochas metamórficas pré-
cambrianas e veios de pegmatita na região em torno de Bancroft, Ontario. Algumas dessas unidades
continham até mesmo fósseis. Gentry não fornece nenhuma explicação de como o polônio só encontra
seu caminho em biotita e fluorita, ou mesmo porque há danos causados pela radiação formando halos
nestes minerais são comuns em áreas de enriquecimento de urânio, e raros onde a concentração de urânio
é baixa. A hipótese de Gentry sugere que deveria haver uma distribuição uniforme de todos os isótopos de
Polônio em rochas primordiais, ou pelo menos nenhuma associação espacial marcante com urânio. Em
1974, ele mesmo notou que halos não foram encontrados em meteoritos ou amostras lunares, rochas
conhecidas por terem baixas concentrações de urânio. Lorence Collins (1997) observou estas e várias
outras contradições. Collins sugere que nem todos os corpos de granito são formados por cristalização de
magma, em muitos lugares o granito se forma a temperaturas abaixo de condições de fusão, onde antigas
rochas ígneas solidificadas foram deformadas e fraturadas permitindo a circulação de fluidos. Nesses
lugares, se o Urânio é abundante, também tem o Radônio (Rn – 222), que é um gás que se move
livremente através das fraturas, e ele é o elemento pai do Polônio-218. Sua livre circulação facilita a
formação natural de halos Polônio. Ou seja, lugares onde há antigas rochas ígneas há muito urânio
espalhado e o sistema aberto permite que o gás radônio possa migrar em fluidos para onde a biotita está
sendo cristalizada (ou recristalizada) e os isótopos de polônio derivados do radônio radioativo podem
precipitar-se na rede. Assim, os três diferentes tipos de halos de Po podem formar-se naturalmente em
biotita durante milhões de anos enquanto as deformações e substituições químicas vão acontecendo. Em
resumo, naturalmente há uma explicação, sem necessidade de recorrer ao criacionismo da Terra jovem,
sem necessidade de mudar a taxa de decaimento de tudo quanto é elemento como supôs Gentry. Nos
lugares onde ocorrem halos de polônio em cristais de biotita o próprio Collins encontrou mirmequita
associada com as rochas graníticas (Collins, 1997 & 1999).

E evidente que a associação de halos coloridos concêntricos de polônio se torna meramente especulativa.
Gentry então adota e amplia o trabalho de um pesquisador chamado Joly (1917) que fez a maior parte de
seu trabalho com halos de descoloração na primeira década do século XX, época na qual a estrutura do
átomo estava sendo descoberta, a natureza da radioatividade ainda era pouco compreendida e antes que a
estrutura cristalina dos minerais fossem compreendidas. Joly especulou que se as partículas alfa poderiam
viajar de 3 a 7 centímetros no ar, poderiam viajar apenas 1/2000 do que a distância em biotita. Joly tentou
relacionar o tamanho dos halos com as partículas alfa de isótopos específicos (e foi o primeiro a sugerir o
polônio). A partir disto, tentou desenvolver uma técnica de datação com base no diâmetro das
características de halo, ou seja, quanto maior o  halo mais radiação afetou o mineral hospedeiro.
Henderson (1939) desenvolveu um esquema de classificação para os diferentes padrões de halos de
descoloração sugerindo a hipótese do polônio como isótopo com curta duração de meia vida.

Halos pequenos e gigantes não podem ser conciliados com qualquer energia de decaimento alfa. Gentry
especulou que esses halos de tamanho anômalo constituem elementos novos, ou novas formas de
decaimento alfa. Nenhuma explicação parece provável, dado o estado atual do conhecimento de
elementos radioativos (Parrington, et al, 1996). Alguns halos mostram anéis “fantasmas” que não
correspondem a qualquer energia decaimento alfa medido, e que permanecem sem explicação. Existem
halos “de coloração invertida” supostamente de urânio. Outras exceções ao modelo de Gentry energia vs
raio do anel foram anotados por Odom e Rink (1989) e Moazed et al. (1973). Gentry especula sobre as
causas de algumas destas características anômalas, mas não fornece dados empíricos para apoiar qualquer
explicação, preferindo questionar as evidências fornecidas pelas amostras físicas do que a validade de seu
próprio modelo, o que é conveniente.
O maior impacto na hipótese de Gentry vem da ausência de dados e evidências. Dos três elementos
radioativos – urânio, tório e potássio – dois (urânio e tório) são marcados por séries de decaimento
envolvendo emissões de partículas alfa. Os halos de Polônio de Gentry são atribuídos ao decaimento de
isótopos radioativos por meio da emissão de partículas alfa a partir dos núcleos de polônio (Gentry, 1968
& 1971). O Tório- 232 decai para chumbo -208 por meio de uma série de etapas que incluem dois
isótopos de polônio adicionais, Po -212 e Po -216.

O tório tem uma abundância elementar entre três e quatro vezes maior do que o urânio na crosta da Terra.
Além disso, em áreas de enriquecimento de urânio, tais como aquelas de onde vieram as amostras de
Gentry, o tório também é abundante. Estes isótopos de polônio resultantes do decaimento do tório têm
energias de emissão alfa dentro da faixa documentada para o urânio. Assim, os isótopos de polônio que
resultam do decaimento natural de tório-232 também devem produzir halos característicos. De fato, de
acordo com o modelo de Gentry, todos os isótopos de polônio devem ser representados de forma igual.
Mas Collins (1997) aponta que Gentry apenas identificou halos para esses isótopos de polônio associados
ao decaimento do urânio-238; halos atribuíveis ao polônio-212 e polônio-216 não são encontrados. Além
disso, halos atribuíveis aos dois isótopos de polônio na série de decaimento do urânio -235 (Po -211 e Po
-215) também não foram identificados. O urânio é atualmente composto por 0,71% de urânio -235 e
99,3% de urânio-238, que ocorre naturalmente na crosta terrestre. O urânio-235 já foi responsável por
mais de 3% de isótopos de urânio natural dede há 3 bilhões de anos.

Se assumirmos que halos concêntricos na verdade são devido aos danos ocorridos pela emissão de
partículas alfa, um problema imediato surge com a meia-vida curta dos isótopos de Polônio. Para deixar
um dano em forma de halo visível a mica afetada ou os grãos de fluorita teriam de cristalizar antes do
polônio ter decaído. A hipótese de Gentry requer polônio puro concentrado no centro de cada anel.

O modelo estabelecido por Gentry não faz distinção se os isótopos de polônio devem estar presentes,
portanto, a probabilidade de existência desses isótopos no material não deve ser igual para todos. Ele
ressalta que não há nenhum processo geoquímico conhecido pelos quais essas concentrações podem
ocorrer durante a cristalização de um magma, concluindo então que os halos de polônio são indicativos de
alguma ocorrência não natural ou sobrenatural.

O desenvolvimento de fraturas nos grãos de mica após a cristalização ocorreu, e a migração de radônio ao
longo destas fraturas ao longo de milênios esta muito mais de acordo com os modelos geológicos atuais
da formação rochosa. Assim, esta hipótese é mais atraente do que o modelo de Gentry, uma vez que se
encaixa à evidência observada e não necessita de ocorrências sobrenaturais, o que é muito conveniente
para ele.
Para conciliar a Terra Jovem com as idades isotópicas das rochas ao redor do mundo, Gentry (1992)
argumentou que as taxas de decaimento radioativo têm variado ao longo do tempo, forçando-o a concluir
que as taxas de decaimento de isótopos de polônio foram as únicas a manterem-se constantes, enquanto os
de dezenas de outros isótopos radioativos foram muitas ordens de magnitude maior. Isto, obviamente, dá
origem a varias das principais inconsistências e conveniências.

Convencionalmente, a datação é feita usando muitas rochas que foram datadas por uma variedade de
técnicas que utilizam pares de isótopos diferentes com diferentes processos de decaimento, os resultados
mostram a consistência notável nas idades medidas. A hipótese de Gentry exigiria que todos os diferentes
esquemas de decaimento para os diferentes isótopos radioativos deveriam ter sido aceleradas para dar as
datas idade consistentes que encontramos para rochas hoje. Por exemplo, a taxa de decaimento do urânio-
238 (meia-vida = 4,5 bilhões de anos) teria que ser acelerada por quase quatro vezes; a taxa de potássio-
40 (meia-vida = 1,4 bilhões de anos) deveria ser acelerada do dobro. Dado o grande número de diferentes
isótopos radioativos e esquemas de decaimento que foram utilizados na datação de rochas, a chance de
essa coincidência ocorrer é zero (Baillieul, 2005).
Uma lei de decaimento radioativo é que quanto mais rápida a taxa de decaimento, mais energia é liberada.
O decaimento radioativo lento de urânio, tório e potássio -40 foi identificado como uma fonte primária de
calor interno da Terra. Acelerar as taxas de decaimento radioativo de isótopos destes por várias ordens de
magnitude para ser consistente com uma terra de 6 a 10 mil anos exige que as energias de decaimento de
10 mil anos atrás fosse extrema, mantendo a Terra em um estado de fusão nos dias atuais. Obviamente,
isso não ocorreu e não há razão alguma para pressupor que as taxas de decaimento de inúmeros isótopos
de polônio também não devam ter variado. Gentry ainda propôs que as taxas de decaimento polônio
levaram muito mais tempo do que o observado hoje. Na verdade, uma vez que a ideia de taxas de
decaimento variável é introduzida, torna-se impossível atribuir halos de descoloração a qualquer isótopo
específico ou uma série de isótopos e hipótese de Gentry cai completamente por terra.

Mais ainda o fato da meia vida depender de constantes universais (ver equação abaixo) não apóia a
incoerência das taxas de Po terem se desacelerado e as taxas dos demais isótopos terem sido altamente
aceleradas.

A taxa de decaimento e a energia de partículas alfa emitidas estão ambas relacionadas ao desequilíbrio
nas quantidades de nêutrons e prótons do núcleo atômico e são controlados pela força nuclear forte, e os
decaimentos radioativos são controlados pela força nuclear fraca que faz um nêutron decair em próton.
Nada mais do que uma mudança fracional na taxa de decaimento ao longo do tempo exigiria variação das
forças fundamentais da natureza e a relação de matéria e energia. Não há nenhuma evidência de que
qualquer coisa do tipo tenha ocorrido. Há muitas linhas independentes de raciocínio ao lado da datação
radiométrica que concluem que a Terra é muito mais velha que 6 mil anos. Outros processos geológicos,
com mecanismos totalmente independentes demonstram um longo período de história da Terra. Por
exemplo, a cristalização lenta e deposição de grandes espessuras de calcários que ocorrem no registro
geológico; o crescimento de domos de sal na região da costa do golfo de os EUA e sob os desertos do Irã
levaram a deformação plástica de uma camada de sal profundamente enterrada , ao longo de milhões de
anos, o que ocorreu em resposta à lenta acumulação de sedimentos que a recobre; a propagação de bacias
oceânicas do mundo, registra-se em padrões simétricos de magnetização dos basaltos de cada lado das
cadeias meso-oceânicas onde a taxa de medição atual da bacia do Pacífico de cerca de 170 milhões anos,
idade na qual foi corroborada por datação radiométrica. O próprio Gentry reconhece isso como um
problema a sua ideia.

Saiba mais em “Polonium Halos” Refuted A Critique of “Radioactive Halos in a Radiochronological and
Cosmological Perspective” by Robert V Gentry.
 

Referências
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 .
Escrito por Elyson Scafati e Victor Rossetti
Palavras chave: Rossetti, Netnature, Elyson, Scafati, Geologia, Geocrononologia, Estratigrafia,
Fosseis, Datação Absoluta, Radiométrica, Datação Relativa, Baumgardner, Robert Gentry,
Criacionismo, Terra Jovem, Pseudo-ciência, Halos de Polonio, Carbono14. 

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