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ESTUDOS SOBRE DANIEL

Origem, Unidade e Relevância Profética

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Editoração: Renato Groger


Revisão: Rodolfo Kalschne e Felipe Carmo
Programação visual e capa.'Fábio Fernandes ".

Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Estudos sobre Daniel : origem, unidade e relevância profética /


Frank B. Holbrook, editor; tradução Francisco Alves de Pontes,
Fernanda Caroline de Andrade Souza. - Engenheiro Coelho,
SP : Unaspress -Tmprensa Universitária Adventista, 2011. - (Série
Santuário e Profecias Apocalípticas ; v. 2)

Título original: Symposium on Daniel : introductory and


exegetical studies.
ISBN 978-85-89504-17-1

1. Adventistas do Sétimo Dia - Doutrinas


2. Bíblia. A.T. Daniel - Profecias 3. Teologia
I. Holbrook, Frank B. 11.Série.

09-11102 CDD-224.506
Índices para catálogo sistemático:

1. Daniel : Livros proféticos: Bíblia:


Interpretação 224.506

1a edição Salvo outra indicação, as citações escriturísticas ao longo deste volu-


1a impressão - 2009 - 2.000 exemplares me são extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada, 2a edição,
2a impressão - 2011 - 500 exemplares 1993, da Sociedade Bíblica do Brasil.

Centro Universitário Adventista de São Paulo


CAPÍTUW 1

AUTORIA, TEOLOOIA E PROPÓSITO DE DANIEL


Arthur J. Ferch

ORIGENS DO SEGUNDO OU SEXTO SÉCUW?

inopse editorial. Atualmente, estudiosos sustentam duas posições contrastan-


S tes sobre as origens do livro de Daniel. O ponto de vista minoritário (adotado
1unto pela sinagoga quanto pela igreja até o século 19) pode ser rotulado como a
u-se exílica. Ela aceita como válida o testemunho do próprio livro de que os even-
1()~ narrados têm lugar durante o cativeiro babilónico dos judeus do sexto século
:1. C. Consequentemente, atribui a autoria de todo o livro (tanto suas narrativas
11isróricas quanto suas visões proféticas) a Daniel, o cativo judeu que ocupava
11111 cargo importante nos reinados sucessivos de Babilônia e Pérsia da época de
Nabucodonosor a Ciro.
O ponto de vista majoritário, designado algumas vezes de tese macabeia, é pro-
1IIIwido por estudiosos da linha crítico-histórica. Ela acredita que o livro de Daniel
II li escrito (se não todo, ao menos substancialmente) durante a perseguição feita
Ii( Ir Antíoco IV Epífãnio aos judeus da Palestina, no segundo século a. C. Deixando
dI' 1:1(10o testemunho do livro, os reconstrucionistas primeiramente propuseram
,!II\' () documento foi escrito por um autor desconhecido do segundo século, que
.1~/1111lliu o lugar de estadista-profeta do sexto século. Suas supostas previsões eram
hnplcsmente eventos históricos registrados após seus acontecimentos.
( ")estudo contínuo tem forçado um reexame dessa posição. A visão atual é a de
'lI\(' II trabalho desenvolveu-se no decorrer de um longo período de tempo (come-
1,llIld(l com o início do cativeiro babilõnico) e passou pelas mãos de vários autores/
I .luurcs, Sua estrutura final, uma fusão das partes históricas (caps. 1-6) e proféticas
(I IljlS. 7-12) teve lugar durante as lutas do segundo século entre judeus-na Palestina.
\~fd m , susrcn ta-se que o livro foi designado para fornecer significado e encoraja-
1IIII\I\) ;\OS judeus e seus líderes macabeus no conflito nacional com Antíoco IV.
A I ('S\, 1lI;\ct!wia defende sua posição com três pilares principais: (1) inexatidões
liI~l,11\(';\;; lIll\' Sllgl'ITI11que () documento foi escrito muito depois de o conheci-
1111111111:\('111:11 dI' IIIll \'VI1;'lriodo Sl'Xt'O século ter sido perdido e esquecido; (2) o uso
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANJEL ESTUDOS SOBRE DANIEL

feito pelo autor de estrangeirismos persas e gregos, os quais novamente sugerem estrutura e teologia do livro de Daniel pelos eruditos. Neste capítulo, desejamos fazer
uma data posterior para sua composição; e (3) paralelos próximos entre Daniel 11 uma breve apresentação e avaliação das pressuposições de alguns eruditos da linha
e os eventos na Palestina entre 168-165 a.c. Em resposta a essas alegações, deve-se crítico-histórica na atualidade em contraste com uma abordagem conservadora.
observar que descobertas arqueológicas e a pesquisa de anos recentes têm destruido
amplamente os argumentos contra a integridade histórica de vários temas no livro.
Estudiosos conservadores têm demonstrado apropriadamente que o autor do livro A TESE EXÍLlCA
de Daniel deve ter vivido durante o período do sexto século que ele descreve.
Os argumentos linguísticos (embora não inteiramente respondidos até este Até o século 19 de nossa era tanto a sinagoga como a igreja aceitavam as
momento) da mesma forma têm sido consideravelmente emudecidos. Os estran- declarações do livro de Daniel. De acordo com elas, o escritor dos relatos autobio-
geirismos persas mostraram ser palavras do persa antigo (principalmente títulos gráficos (caps. 7-12) é idêntico a Daniel que, de acordo com a primeira metade do
oficiais) que Daniel teria adquirido naturalmente à medida que trabalhava com livro, foi levado como prisioneiro judeu para a Mesopotâmia. Durante o período
seus colegas persas. Vinte dos 15 estrangeirismos gregos alegados provaram ser do exílio, ele e vários colegas judeus foram promovidos a altas posições adminis-
agora de origem persa, e não mais dão suporte à alegação de uma composição do I rativas a serviço dos governos neobabilônico e medo-persa.
segundo século. Esse mesmo Daniel professou ter tido várias visões e sonhos dados por Deus,
O leitor desatento pode ver certas semelhanças entre o capítulo 11 e a situação (lS quais, juntamente com suas interpretações, descreviam eventos que se esten-
histórica na Palestina sob o governo de Antíoco IV. No entanto, observa-se que as diam desde sua era contemporânea até o tempo quando os impérios humanos
fontes históricas são limitadas (três documentos principais) e que apresentam tal n-rão chegado ao seu fim e o reino de Deus terá sido estabelecido.
díscordância uma da outra, que é impossível fazer, a partir delas, uma reconstru- Essa convicção com relação ao livro de Daniel, sustentada por quase dois mi-
ção histórica consistente e acurada. Além disso, as diferenças entre o capítulo 11 I('nios tanto por judeus como por cristãos, é apoiada pelas afirmações explícitas
e as fontes históricas são demasiado grandes para defender a suposição de que os 5
do livro (1:1-2,21; 2:1; 7:1-2; 8:1; 9:1; 10:1, etc.). O ponto de vista foi chamado
dois são relatos paralelos que descrevem os mesmos eventos. ,Iv tese exílica porque data a origem do documento no sexto século a.C. A partir
Chegamos à conclusão que a tese macabeia cria mais problemas do que solu- .lcssa perspectiva, a origem, autoria, composição e propósito do livro estão razoa-
ciona, portanto é suspeita. A tese exílica, que leva a sério o que é dito no livro de vclmente claros.'
Daniel, é mais satisfatória e convincente.

A TESE MACABEIA
ESBOÇO DA SEÇÃO

De acordo com K. Koch, a tese exílica, que considerou as declarações do livro


1. Introdução dI' I bniel ao pé da letra, tem sido desafiada desde 1890 pelos estudiosos da linha
2. A tese exílica I1 IIk\l-histórica. Ao seguirem Porfírio, o inimigo neoplatonista do cristianismo
3. A tese macabeia 1111u-rcciro século d.C.,z os estudiosos da linha crítico-histórica pressupõem que
4. Avaliação da tese macabeia II 11\'1'0de Oaniel foi composto (se não totalmente, ao menos as partes principais)
5. Resumo lllll:lIl1l';) perseguição religiosa aos judeus por Antíoco IV Epifânio.
A fim de manter essa sugestão, os estudiosos têm que se desviar dos claros
I1'11'1l11lnhos fornecidos pelo livro de Daniel, admitir não apenas sua autoria des-
INTRODUÇÃO 1111.111'1 id:I, mas r.unbcrn conjccturar um propósito e teologia que reflitam a situ-
..!t1 I I lI11Vlllpor:lnca do segundo século a.C. Essa abordagem alternativa ao livro
11
I~ um ditado axiomático que as pressuposições de um pesquisador influenciam .\1 I ).IldI'IIIlIIHHISl' :lgnra \l ponto de vista majoritário e é chamada por Koch de
~'I:IS('(mclusocs. Isso se tem mostrado verdade principalmente na avaliação da origem, I1 " 111.11. til(' i:1.
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL ESTUDOS SOBRE DANIEL

De acordo com a tese macabeia, o livro de Daniel foi escrito (ao menos em Este e outros fatores que serão mencionados depois instam os estudiosos a con-
parte) e/ou editado por um autor desconhecido do segundo século a.c. que se siderarem a visão de que houve um crescimento no texto bíblico de Daniel a partir
colocou como um estadista-profeta do sexto século chamado Daniel. Esse escri- de um estágio original (possivelmente oral) por meio de várias redações de capítu-
tor/ editor tinha a pretensão de oferecer previsões genu inamente inspiradas, as los individuais antes de ocorrerem a reunião dos capítulos 1-6 e a fusão das duas
quais, na realidade, não eram nada mais que narrativas históricas sob o pretexto metades do livro." O que fornece ao menos uma medida de unidade para as várias
de previsões proféticas. porções do livro é a onipresença do tirano final, identificado como Antíoco.?
O ponto de vista majoritário na atualidade propõe que a verdadeira época da A teoria macabeia de interpretação também tem deixado uma marca indelé-
composição final pode ser determinada. Sugere-se que certas pistas históricas podem vel nas abordagens atuais da teologia do livro de Daniel. De acordo com Koch, a
ser encontradas dentro do livro, e que é possível discernir o ponto exato onde o autor pesquisa crítico-histórica tem procurado, nos últimos 200 anos, destruir a crença
passa da história verdadeira para "expectação imaginária" e falsas previsões futuras. centenária de que Daniel apresenta um esboço bem coordenado da história mun-
Assim, A. Lacocque sugere que em Daniel 11 o autor: (1) dá evidência de que dial passada e futura, no qual a própria situação histórica do autor se apresenta
tem conhecimento da profanação do templo de Jerusalém por Antíoco IV Epífãnío apenas incidentalmenre."
(7 de dezembro de 167 a.C« conforme 11:31); (2) faz alusão à revolta dos macabeus Estudos-chave atuais restringem a relevância do livro de Daniel à metade da
e às primeiras vitórias de [udá (166 a.Cc), mas (3) não tem conhecimento da purifi- década do conflito entre círculos palestinos leais a Yahweh e seus suseranos selêu-
cação do templo por Judas (14 de dezembro de 164 a.C}, nem da morte de Antíoco cidas. Consequentemente, vários estudiosos postulam que a teologia de Daniel re-
(outono de 164 a.C}, A morte de Antíoco, no entanto, é erroneamente predita e flete o conflito entre o judaísmo dos últimos anos - identificado com frequência
descrita em 11:40-45. Lacocque conclui que "podemos ao menos situar a segunda como uma religião determinada pela Torá - e o helenismo.
parte do livro de Daniel (caps. 7-12), portanto, com ampla certeza em 164 a.C."3 Recentemente, no entanto, Koch questionou outra vez se o livro é realmente
Uma vez que estudiosos da linha crítico-histórica desprenderam o livro de uma das testemunhas eminentes da disputa entre Atenas e Jerusalém. Ele indaga
Daniel dos ancoradouros de declarações bíblicas explícitas, foram impelidos a se o livro de Daniel reflete lutas de poderes político-religiosos entre tobíadas [fac- 7
conjecturar novas teorias de composição e propósito. Além disso, questões refe- ção apoiadora das tendências helenistas] e oníadas [partidários do sumo sacerdote
rentes à estrutura e à teologia tiveram agora que ser analisadas de uma perspectiva Onias 1Il, defensor do judaísmo] ou testifica de uma onda de religiões introduzi-
totalmente diferente. das a partir de Babilõnia.?
Até o momento em que o ponto de vista prevalecente era o de que o livro veio Se a ênfase principal da teologia de Daniel é dar significado e encorajamento
das mãos de um autor do sexto século, questões de autoria, composição, estrutura às lutas religiosas dos judeus na metade do segundo século, então todo o aspecto
apresentavam poucos ou nenhum problema. Tudo isso agora mudou com a intro- teológico deve ser considerado de uma perspectiva totalmente diferente do que a
dução da tese macabeia. Em 1975, J. J. Collins reconhecia que "a composição do sugerída pela tese exílica. As visões, nada mais que história escrita depois do acon-
livro de Daniel tem fomentado uma ampla confusão de opiniões de estudiosos"." rccimento, são dificilmente evidências de providência, previsões e supremacia divi-
Num estágio inicial da pesquisa crítico-histórica, prevalecia a opinião de que o nas. O esquema do império é pouco mais que um dispositivo literário designado a
livro de Daniel originou-se in tato no segundo século a.C. Estudiosos da atualidade contrastar poderes pagãos mundiais, liderança humana e reinado com Deus.
são a favor de um longo processo de desenvolvimento do livro, iniciando na mes- Da mesma forma, os períodos de tempo não mais transpõem os séculos. São
ma época do começo do exílio babilónico e findando cerca de 164 a.c. nada mais que uma série de términos sucessivos que se estendem por menos de
J. G. Gammie defende, entretanto, que vários aspectos no livro de Daniel dis- quatro anos, estabelecidos por um círculo cada vez mais frustrado e perseguido
cordam da teoria que permite que o contexto macabeu (o estágio final na compo- lk fiéis israelítas esperando por libertação. O "tempo do fim" é esperado ime-
sição do livro) domine a interpretação do todo. Ele argumenta que "a única e mais diatamente - no máximo 1.335 dias à frente - quando o blasfemo tirano será
eminente fraqueza da teoria macabeia de interpretação é que o rei nos capítulos 1, eliminado. É evidente que a tese macabeia aguarda um fim imediato e não um
fi 1\1 distante (eschaton).
2, ), 4 e 6 é estranhamente amigo e simpático com os jovens judeus membros de
SlI;\ corte. Esse retrato dificilmente se ajusta aos últimos dias do odiado heleniza- Pela inrcr prctnção rnacabeia, o vilão desafiador e blasfemo (dos capítulos 7, 8
dOI, ÂIlI!OCO IV Epifãnio.:" \. 11) (, Ant íoco IV, c urna dupla aplicação deste símbolo tanto ao soberano sírio
ESTUDOS SOBRE DANIEL
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

e a natureza dos "caldeus" mencionados como uma classe de homens sábios."


como ao anticristo está "fora de questão".1O A. A. Di Lella condena qualquer apli-
Infelizmente, abordagens crítico-históricas do tema são bastante frustrantes ao
cação dupla como "insensatez exegética e inutilidade religiosa"." Nesse contexto,
representarem, na maioria das vezes, repetições não críticas de argumentos ante-
a ressurreição é interpretada fundamentalmente como a promessa de reparação e
riores e ignorar quase totalmente informações que têm sido obtidas em décadas
vindicação dos judeus do segundo século, que, a despeito da abrangência e severi-
recentes. Muito já se escreveu sobre esse tema por estudiosos conservadores, e não
dade da perseguição, continuam leais à aliança.'?
precisamos repetir seus argumentos.
A mudança de opinião com relação à origem do livro tem levado a uma rede-
finição de seu propósito. Dependendo de uma aplicação mais ou menos rígida da
À luz de descobertas mais recentes, esses estudiosos oferecem explicações e sínte-
ses que na verdade dirigem o ataque à historicidade do livro de Daniel ao seu cerne, e
tese macabeia quanto à origem do livro, intérpretes sugerem diferentes propósitos.
indicam que o autor do livro de Daniel viveu muito provavelmente durante o mesmo
Possivelmente, o registro de "encorajamento" desafiando os devotos judeus contem-
período que ele descreve.P Isso acontece porque o autor sabe detalhes do que estava
porâneos a permanecerem fiéis a Deus apesar da perseguição emergida dos selêucidas
perdido por séculos e milênios logo após os eventos ocorrerem. Em seu exame da
e/ou de seus compatriotas está em todos os propósitos supostos. Assim, o propósito
defesa mais recente da origem exílica do livro de Daniel por parte de estudiosos," J.
do livro de Daniel tem sido descrito de variadas formas, como "manifesto político",
G. Gammie escreveu que J. G. Baldwin "faz uma argumentação razoavelmente con-
literatura de resistência", "propaganda política" ou mesmo "manifesto pacifista" P
vincente" para a historicidade de vários itens mencionados acima, os quais estudiosos
da linha crítico-histórica têm geralmente apresentado como inexatidões históricas."

AVALIAçÃo DA TESE MACABEIA


PROBLEMAS LlNGUÍSTICOS

É evidente que o impacto da tese macabeia sobre a compreensão de Daniel No livro, há vários estrangeirismos persas e gregos. Acredita-se que esses ter-
tanto é importante como de ampla abrangência em suas aplicações e implicações. mos estrangeiros indicam uma data para o livro subsequente ao exílio, possivel-
9
Por essa razão, não podemos deixar de fazer pelo menos uma breve avaliação desse mente depois de Alexandre, o grande conquistador da Palestina ou até uma data
tão tardia quanto o segundo século a.C.19
ponto de vista.
Enquanto a tese macabeia rejeita o explícito testemunho de Daniel, também Além disso, S. H. Horn sugere que o aramaico de Daniel na sua forma presente
chama atenção para várias evidências implícitas dentro do livro, as quais parecem parece ser mais recente do que a língua aramaica do quinto século a.c., documentos
indicar uma data de autoria subsequente ao exílio. Estudiosos da linha crítico-histó- elefantinos e o livro bíblico de Esdras.P Por outro lado, parece que o nível do aramai-
rica se focam principalmente em: (1) inexatidões históricas alegadas (a teoria explica co representado no livro de Daniel é anterior ao Apócrifo de Gênesis (1QapGen)
que o escritor compôs o material numa época em que o conhecimento histórico e ao Targum de [ó (Ll Qtgjob) datados do final do terceiro ou começo do segundo
exato de detalhes estava perdido); (2) certos argumentos linguísticos (particularmen- século a.C.21 Enquanto esses fatores sugerem que o texto de Daniel na sua forma pre-
sente é de um estágio posterior ao sexto século a.c., eles não negam a possibilidade
te estrangeirismos persas e gregos, bem como a natureza da língua aramaica usada
no livro), e, principalmente, (3) a estreita semelhança histórica entre o capítulo 11 de uma autoria do sexto século nem provam sua origem no segundo século.
e o período de Antíoco IV Epifânio." Enquanto o terceiro dado em si não precisa Horn concilia suas descobertas com relação ao texto aramaico de Daniel com
uma origem no sexto século, assumindo que o texto aramaico de Daniel foi moder-
argumentar pela origem de Daniel no segundo século a.c. - o capítulo poderia ter
nizado da mesma forma que versões da Bíblia em diversos idiomas são adequadas
sido escrito profeticamente - os detalhes do capítulo 11 persuadem a maior parte
ao uso atual da ortografia e gramática. Tais atualizações do texto bíblico podem ser
dos estudiosos a considerarem essa' visão (e, consequentemente, todas as profecias
claramente demonstradas como tendo ocorrido em séculos pré-cristãos.
paralelas anteriores) como tendo sido escritas após os acontecimentos.
Para os empréstimos da língua persa em Daníel, K. A. Kitchen observa que
essas são palavras específicas do persa antigo ocorrendo na história da língua persa
INEXATiDÕES HISTÓRICAS ALEGADAS
até 300 a.C. Ele sugere que se Daniel estava envolvido na administração persa,
Aspectos considerados inexatidões históricas incluem problemas de datas como declara o livro, ele teria naturalmente adquirido esses termos (que são títu-
1\1l~ C:\pltlllos I e 2, a referência a Belsazar como rei, a figura de Dario, o medo, los principalmente oficiais) de seus colegas persas.
ESTUDOS SOBRE DANIEL
AUTORlA, TEOLOGlA E PROPÓSITO DE DANIEL

nossa principal defesa contra a pretensão de um leitor moderno tirar do livro de


Koch declara que em 1814 estudiosos ainda listaram 15 empréstimos gregos no
Daniel profecias com respeito a seu próprio futuro". 25
livro de DanieL Mais pesquisas da língua persa reduziram esse número para apenas
Fundamental para a opinião crítico-histórica é a pressuposição de que seja
três, à medida que mais e mais das palavras gregas alegadas terminaram se mostran-
possível uma reconstrução histórica bastante confiável de eventos entre os anos
do persas em sua origem." Embora as três palavras gregas restantes (que designam
de 168 e 164 a.Ca além disso, argumenta-se que tal reconstrução coincide estreita-
apenas instrumentos musicais no capítulo 3, versículos 5, 7, 10 e 15) apareçam pela
mente com a informação fornecida na última metade do capítulo 11 (e em menor
primeira vez em documentos num período posterior ao sexto século a.C., apenas
escala, nas partes anteriores do livro).
uma delas não está documentada no sentido usado no livro de Daniel antes do
Ao assumir a validez do argumento de que o livro de Daniel surgiu durante o
segundo século a.c. - a palavra sampônyãh- Embora os três termos musicais ainda
período da perseguição de Antíoco, o leitor esperaria um relato particularmente
sejam um problema para os proponentes da tese exílica, é interessante observar que
detalhado e exato de eventos desse período. Além disso, com base na sugestão
para um grande número de estudiosos da linha critico-histórica, que confiantemen-
de que o autor fosse um macabeu ou tivesse inclinações macabeias, ele também
te sugere que os capítulos históricos tiveram origem antes do segundo século a.c.,
deveria ser capaz de detectar ênfases e perspectivas evidentes na literatura con-
essas palavras gregas não apresentam confusãoY
É fato que palavras gregas são geralmente evidenciadas no aramaico do papiro temporânea macabeia. Entretanto, quando o pesquisador se dedica a uma análise
histórica, o argumento de que o capítulo 11 corresponde a eventos do segundo
elefantino e no Oriente Médio muito antes da conquista de Alexandre. O grego era
também falado em Jerusalém desde a época dos ptolomeus. À luz dessas considera- século a.C. apresenta problemas significativos."
ções, estudiosos que apoiam a origem do livro de Daniel segundo a tese macabeia Em primeiro lugar, as fontes primárias contemporâneas mais importantes que
podem, na verdade, estar fazendo a pergunta errada. Numa tese rígida de origem retratam em detalhes os eventos entre 168 e 164 a.c. são poucas e limitadas, prin-
no século segundo a.c., a pergunta não deveria ser por que há três palavras gregas cipalmente em 1 e 2 Macabeus e Polybius." Para complicar um pouco mais, está o
no livro, mas por que há apenas três palavras gregas num livro a respeito do qual se fato de que existem várias e fortes discordâncias nessas fontes, tanto sobre detalhes
como sobre a ordem de acontecimentos nesse período. 11
alega ter sido escrito tão tardiamente na história dos judeus.
Em segundo lugar, dadas essas divergências nas fontes primárias e contempo-
râneas disponíveis no momento, é difícil fazer uma reconstrução histórica consis-
SEMELHANÇAS/DIFERENÇAS ENTRE O CAPÍTULO 11 E O SEGUNDO SÉCULO A.C.
tente e exata dos eventos sob consideração.ê" Isso, bem como as várias alusões im-
Mas e quanto à estreita semelhança histórica entre o capítulo 11 e o período precisas no texto do capítulo 11, impossibilita uma comparação satisfatória entre
de Antíoco IV Epifânio? Essas semelhanças são tão notáveis a ponto de forçar um o livro de Daniel e os acontecimentos da metade do século.
leitor a admitir que o livro de Daniel originou-se (ou seja, teve seu contexto histó- Eventos ocorridos durante esse período que ainda são um ponto de contro-
rico [Sitz im Leben]) no segundo século a.c.? vérsia entre os historiadores incluem a causa da perseguição religiosa aos judeus, a
Um número significativo de comentaristas conservadores veem em 11:21- época precisa da rebelião de [asão, a data da morte de Antíoco e as duas arremeti-
12:4 previsões do sexto século de Antíoco e de acontecimentos além da época das de Antíoco contra Jerusalém.
de Antíoco alcançando o fim dos tempos. O ponto de vista predominante, no Devido a essas questões e ao fato de os livros de Macabeus não citarem os dois
entanto, considera as semelhanças entre o capítulo 11 e o segundo século tão im- ataques de Antíoco à Cidade Santa, é interessante notar como o famoso erudito
pressivas que nega qualquer origem anterior e rejeita qualquer profecia de alcance judeu V. Tcherikover reconstrói acontecimentos do período entre 168 e 164 a.c.
além do contexto macabeu. Essa última posição é bem expressa por Di Lella, que Ele reclassifica o procedimento contestável de se tratar o capítulo 11 - o qual men-
argumenta que nesse capítulo "O reinado de terror desse perverso tirano [ou seja,
ciona um duplo contato entre o rei do norte e o povo de Deus - como um relato
AntíocoJ é descrito com grande precisão e detalhe - outro indicador de que essa de testemunho ocular. É fundamentado nisso que ele argumenta em prol de dois
revelação foi escrita durante sua vida" .24 ataques de Antíoco a [erusalérn."
Num prefácio do comentário de Lacocque sobre Daniel, P. Ricouer aprova a
Tcherikover simplesmente admite o que os estudiosos crítico-históricos (ao dis-
decisão de interpretar o livro de Daniel unicamente da perspectiva da origem do
cutirem o Sitz im Leben de Daniel) estão tentando provar. A validade desse tipo de
st'gundo século. Ricouer acrescenta a impressiva declaração de que Lacocque "está
:I rglllllcnto ci rcu Ia r está aberta a questionamentos, pois precisamente esses dois
\'( 11'I'vt o :ll) LI izcr que o recurso à situação original do autor real - o Sitz im Leben - é
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL ESTUDOS SOBRE DANIEL

ataques de Antíoco a Jerusalém são apresentados como uma das maiores provas é um esquema engenhoso para evitar problemas levantados pelo texto. Aqui, o
de que o livro de Daniel surgiu no segundo século a.c. ponto de vista predominante torna-se inconcebível, principalmente se aceitamos
Em terceiro lugar, enquanto se pode propor várias semelhanças entre o livro de sua noção de que o cumprimento de 11:1-39 foi designado a inspirar nos judeus a
Daniel e a posição de Macabeus, há ainda mais diferenças que têm de ser ignoradas. esperança e a confiança no cumprimento de futuras profecias.
As semelhanças entre o capítulo 11 e os livros de Macabeus e Polybius in- É da mesma forma estranho que embora se diga que as visões foram escritas
clúem: (1) referência ao estabelecimento da "abominação e desolação" (cf. 11:31; por alguém que estava vivo por ocasião dos acontecimentos, os vários períodos de
1Macabeus 1:54; Dn 9:27; 12:11; Mt 24: 15), e (2) o duplo conflito do rei do norte tempo listados em Daniel (a perseguição do povo de Deus e a restauração dos ser-
com o rei do sul, bem como a retirada do tirano do norte depois de um encontro viços do santuário) não coincidam em nenhum lugar com o período de três anos
com os navios de Quitim (11:25-31). mencionado em Macabeus para a profanação do templo."
Quando esses detalhes são comparados com a profanação do templo por Enquanto que na literatura macabeia os macabeus e suas vicissitudes são de
Antíoco, seus dois ataques contra o Egito e sua expulsão pelo oficial romano íundamental importância, os comentaristas crítico-históricos geralmente vêem
Popillius Laenas, sugere-se paralelos entre eles. Seria fácil para alguém que lesse o 11~0mais que uma vaga alusão a combatentes da liberdade em Daniel (11:34).32
capítulo 11 na época de Antíoco aplicar essas passagens para seu contexto. Se o escritor do livro de Daniel fosse um macabeu, por que silenciou tanto a
No entanto, dada a premissa de que o capítulo 11 (e outras partes no livro de respeito dos feitos dos macabeus e suas emocionantes vitórias sobre Apolônio e
Daniel) foi possivelmente escrito apenas alguns meses depois que os eventos acon- Scron (1 Macabeus 3: 10-26), Górgias e Lísias (1 Macabeus 4: 1-35)? Por que não há
teceram, é incrível que tão pouco no relato bíblico reflita os eventos registrados nenhum chamado à batalha em Daniel quando os macabeus estavam preparados
em 1 e 2 Macabeus. Se, como tem sido proposto, o autor do livro de Daniel era ,lll' mesmo para transgredir o sábado com uma revolução para alcançar a indepen-
macabeur'" ou no mínimo simpatizante da causa macabeia, o pesquisador deveria d\\ncia e sobrevivência? Mesmo que o autor fosse um membro dos hasidim (ou um
esperar detalhes mais precisos de acontecimentos da época. Além disso, deveria p.icifista), é provável que ele tivesse se entusiasmado com o sucesso de seus conter-
ser capaz de descobrir evidências de uma filosofia básica comum a ambos os escri- rnncos e não deixasse de citar heróis como Matias e [udas Macabeu. 13
tores dos livros de Macabeus e Daniel. Além disso, o teor de 1 e 2 Macabeus e o À luz desses problemas, a colocação de que o capítulo 11 corresponde a even-
de Daniel parecem ser opostos. A literatura macabeia está muito mais preocupada 11IS na Palestina entre 168 e 165 a.c. de modo tão estrito, a ponto de nos fornecer
com a oposição dos judeus ao rei selêucida, ao passo que Daniel está mais interes- 11 mtexto histórico do livro (Sitz im Leben), precisa ser questionada. Enquanto a
l'(

sado nas atividades do rei do norte. O capítulo 11 (principalmente osversículos lI'se rnacabeia demonstra como alguém que leu o capítulo 11 na época de Antíoco
36-39 e 8:9-12) demonstra grande interesse no caráter do tirano blasfemo e o des- 1IIl\Ieriaaplicar seções desse capítulo a seu próprio contexto, essa teoria não prova
creve em termos que muito superam qualquer coisa que conhecemos com relação '111\'() capítulo 11 (ou o restante do livro) teve origem naquela época.
ao caráter, pretensões e ações de Antíoco Epifânio. Outro elo fraco na cadeia de argumentos proposta por essa interpretação mais re-
Antíoco deixou uma incrível impressão na mente e vida dos judeus de seu tem- 11'111l' de Daniel é a sugestão de que o livro foi uma composição pseudónima, embora
po. Ele interferiu nas suas observâncias religiosas, seus ideais, e seu sistema de adora- Ipl:t1ificadapara inclusão no cânon das Escriruras.P Proponentes dessa alegação têm
ção. Ele atraiu colaboradores e perseguiu impiedosamente aqueles que relutavam a '111\'dcsconsiderar o fato de que o livro nomeia o autor em todas as seções do livro.
cumprir seu programa. Antíoco e seus partidários marcharam pelo território judeu. B"ldwin, após analisar a questão da pseudonomia no mundo do AT, conclui:
Ele profanou o templo erigindo uma imagem pagã no seu altar, porém não destruiu ''t', ~ignificativo que dentro do período que abrange o AT nenhum exemplo até
() templo (veja, porém, 8: 11). Desde a derrota de seu pai, Antíoco viveu à sombra de 11/:111':1 veio à tona de um pseudepígrafo aprovado ou considerado um livro autori-
Roma. Até onde podemos verificar, suas proezas militares dificilmente correspon- 1 0111\'1I c, ... houve oposição à interpelação de material novo ao texto."34 De fato,
dcm àquelas atribuídas ao chifre pequeno e ao rei do norte em 8:9 e 11:22. ,I', ""H;Cll'Sque, segundo os eruditos, são cumpridas pela pseudografia, são mu-
Mesmo o ponto de vista predominante concorda que 11:40-45 não se harrno- 1II0011l1'111'l' exclusivas. "Por um lado, é-nos pedido que creiamos que essa era uma
lliz:I com o que é conhecido sobre o fim de Antíoco. Esses versículos criam um I11I\\'\'IH;:IOIiterá ri" acci ta, livre de engano. Por outro lado, é-nos dito que a adoção
\lI(lhlvm" que a tese macabeia procura solucionar relegando esses versículos às d, 11111 pSl'lldil11 imil (prcsu m ivclrncntc não detectado) aumentava a aceitabilidade

,11,11\'111
:\d:\~, porem falsas esperanças do autor do segundo século. Tal explicação l' :lllIlllidad\' d\' 1111\:\ohra,""
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANIEL

No entanto, se o livro se originou durante o exílio, a pseudonomia - uma paralelos estreitos num relato que tenha sido escrito dentro do contexto dos
idéia de certo modo ofensiva tanto à sensibilidade moral como lógica de leitores eventos narrados.
leigos do livro de Daniel - não é necessária. Possivelmente, o problema mais sério Ao autor deste ensaio parece que a crítica histórica rigorosa não apoia as de-
com a noção de pseudonomia no livro de Daniel é o fato de que ela rouba desse clarações positivas e confiáveis feitas por adeptos da tese macabeia. Como alter-
livro bíblico seu impacto. G. Wenham afirma muito propriamente que "a idéia nativa, a tese exíiica, que (embora não isenta de problemas) procura considerar
de que Deus declara seus propósitos futuros aos seus servos está no cerne da te- seriamente as afirmações do livro de Daniel é mais convincente e satisfatória.
ologia do livro. Mas, se Daniel é uma obra do segundo século, um de seus temas Consequentemente, Daniel é responsável pelas mensagens que refletem sua vida e
centrais é desacreditado, e poder-se-ia afirmar que Daniel deveria ser relegado aos a de seus companheiros, bem como pelas visões divinas que abrangem desde o seu
apócrifos e não reter status canônico como uma parte das Escrituras do AT."36 contexto contemporâneo do sexto século até o fim dos tempos (eschaton).
Finalmente, a tarefa de demonstrar que o livro é em alguma parte pseudônimo
continua sendo daqueles que fazem tal alegação.
Nesse contexto, também questionamos a noção, frequentemente não declara-
da, de que uma profecia preditiva detalhada é impossível per seY A possibilidade
ou impossibilidade de profecia preditiva pertence ao campo das pressuposições.
O leitor do livro de Daniel deve escolher adotar a alegação de que o Deus de
Daniel, diferentemente dos deuses das nações vizinhas, conhece e revela o futuro,
ou rejeitar esse dado bíblico com base nas suposições empíricas modernas.

RESUMO 15

Qualquer interpretação do livro de Daniel que negue o testemunho explícito


com relação a quando foi escrito, baseando suas teorias inteiramente ou fundamen-
talmente em indicações implícitas de uma data diferente de origem é tão inadequa-
da quanto uma explicação que desconsidera os dados implícitos e consideram ape-
nas as alegações explícitas do livro. Wenham está certo quando afirma que "aqueles
que crêem que toda a Escritura é inspirada por Deus devem ouvir tanto o que ela
diz sobre sua composição como o que ela implica sobre sua origem" .38
O testemunho explícito do livro de Daniel é claro. Nossa interpretação das in-
formações implícitas não sanou todas as perguntas, mas esforçou-se para demons-
trar que sua origem no sexto século é possível e, de fato, provável. Por outro lado,
parece que a tese macabeia cria n:ais problemas do que soluciona, e, portanto, é
suspeita. Os argumentos advogados por seus proponentes até então não elevaram
a hipótese além do campo da possibilidade.
Muitos dos dados no livro de Daniel são de longe melhor explicados se o
cnplrulo 11 e o restante das visões forem considerados como profecias genuínas
('scrifas antes dos acontecimentos (vaticinia ante eventu). Se, por um lado, pode-
IllllS n.ro querer pressionar por correspondências históricas para cada detalhe de
11111:1 pl,d\'ci:\ dada muito antes do acontecimento, por outro devemos esperar
EsTUDOS SOBRE DANIEL

INTRODUÇÃO
AUIDRIA ÚNICA OU MÚLTIPlA?
inopse editorial. Uma obra literária pode ser uma composição de um autor o livro de Daniel, como outros livros da Bíblia, é uma obra literária. Assim
S ou de vários. Obviamente, um ensaio produzido por um único autor dará
evidências de uma unidade que não seria possível ser alcançada numa obra de
vndo, deve ser analisado segundo seu gênero (tipo de literatura), tom, forma, estru-
1111',1,
estilo, vocabulário, etc. Falaremos de todos esses aspectos, mas nos limitare-
vários autores. IIIOSprincipalmente à estrutura do livro. Discussões gerais sobre a estrutura lidam
Que evidência o livro de Daniel apresenta nesse sentido? Como um documen- lundamentalmente com a soma da relação das partes não-formais da composição
to escrito, não escapou da faca afiada da crítica literária. Sua unidade (autoria úni- lucrária. Discussões sobre estilo lidam com as partes formais. Neste capítulo, o ter-
ca) tem sido objeto de debate desde 1674. Enquanto argumentos foram advogados 111(\"estrutura" irá abranger tanto os elementos formais como não-formais.
por eruditos histórico-críticos em prol de sua unidade (um autor macabeu), outros Composições literárias diferem muito em sua natureza. Assim, uma criação lite-
têm sugerido vários autores (até nove). De acordo com a tese exílica (que considera 1011ia pode ser o produto de seu autor, composta em um período relativamente curto
as informações do livro ao pé da letra) Daniel, o cativo judeu do sexto século, é o I I lcstinada a um público específico sobre um assunto específico. Pode ser uma cole-
autor de todo o livro. 1,,111 de discursos, documentos, ou memórias desenvolvida para um certo público ou
Como observado na seção anterior, estudiosos crítico-históricos atualmente Il1lhlicos. Suas várias partes terão sido produzidas em um período de anos ou mesmo
argumentam em prol de uma autoria múltipla e um processo lento no desenvol- IlIda uma vida. No primeiro tipo de composição, o leitor esperaria maior coesão e
vimento do livro (do cativeiro babilónico do sexto século à Palestina do segun- 111\idade. No último, o tom, o vocabulário, a estrutura, o gênero podem variar, embo-
do século). Argumentos contra a unidade de Daniel estão em geral baseados em 1,\ele ainda visse evidência de características literárias e mentais semelhantes.
supostas contradições, repetições, peculiaridades de estilo e vocabulário, suposta Por outro lado, obras literárias podem incluir ensaios submetidos por díferen-
deficiência em coesão e progressão entre as unidades literárias, diferenças entre a ",~ indivíduos, mas selecionados e arranjados por um editor. Em tal caso, o tato e
17
septuaginta grega e o texto hebraico-aramaico (o texto massorético), e especialmen- IIirssivelmente até mesmo a filosofia do editor que deu forma final à composição
te as implicações da tese macabeia. Mas esses argumentos não são convincentes, III,de estar evidente sem obscurecer completamente as características literárias dos
uma vez que explicações razoáveis podem ser dadas. 11'l1tribuidores individuais.
Certas características internas sugerem que o livro de Daniel não foi escrito Na pesquisa do livro de Daniel, a análise da estrutura costumeiramente enfatiza
de uma vez só; contudo, vários indicadores argumentam em prol de sua unidade e "questão da unidade do livro. À primeira vista, existem pelo menos três fundamen-
autoria única. Por exemplo, as várias narrativas pressupõem umas as outras e dão IIISpara uma teoria de autoria múltipla. São eles: (1) as duas línguas utilizadas no
o contexto necessário para as visões. Temas comuns e marcadores cronológicos lrvro - hebraico (1:1-2:4a; 8:1-12:13) e aramaico (2:4b-7:28); (2) a divisão de con-
tecem os doze capítulos em uma tapeçaria literária que tem o capítulo 7 como u-údos em narrativas históricas (cap. 1:3-6) e visões (cap. 2:7-12); e (3) linguagem
um entrelaçamento central que liga as porções históricas e proféticas. Da mesma I'II! primeira pessoa da segunda metade do livro (começando com o capítulo 7) em
forma, as estruturas quiásticas, bem como o paralelismo marcante, progressivo das 1111)( raposição com a linguagem de terceira pessoa da primeira metade. Se esses cri-
visões evidenciam o propósito e desígnio de uma única mente. u-rios coincidissem, haveria um argumento muito forte contra a unidade do livro.
I:II! vez disso, as divisões em seções em grego e em aramaico, narrativas e visões, e
u-lntos de primeira e terceira pessoa vão em direções diferentes e inconclusivas.

ESBoço DA SEÇÃO

UMA BREVE HISTÓRIA DO DEBATE SOBRE A UNIDADE DE DANIEL


1. Introdução
2. Uma breve história do debate sobre a unidade de Daniel
3. Revisão dos argumentos contra a unidade l-mhor» grande quantidade de hipóteses com relação à unidade e estrutura do
4. Indicadores da unidade sido propagad:l, um breve esboço deve ser suficiente." Em 1674 d.C., o
11\,1011'1111:1
1. Conclusão 11"'IMltojUdC11 n. Spil10za declarou que Danicl foi () autor dos capítulos 8-12, mas
EsTuDOS SOBRE DANIEL
AUTORIA, TEOLOGIA E PROp6SITO DE DANIEL

40 I lma análise crítica-formal recente de Gammie é típica dessa abordagem. Ele


confessou nada saber do escritor dos primeiros sete capítulos. Spinoza conjectu-
i"I~I\da três estágios de crescimento no livro de Daniel.t? Gammie propõe que (1)
rou que os capítulos 8-12 foram compilados antes dos primeiros sete.
No século seguinte, o cientista inglês L Newton chegou a uma conclusão semelhan- I 1l,l,sagem 2:4b-7: 18 (menos 7: 7b-8, 11a e 12) foi composta durante o reinado de
te. Ele argumentou que embora os capítulos 1-12 tenham vindo das mãos de Daniel, l'I,d,ll11eu IV Filopator (221-204 a.c.). Foi seguida por (2) 1:1-2:4a; 10; 12:1-4, as
lil IIs de acredita terem sido escritas logo após a virada do segundo século (mas,
o profeta, os primeiros seis eram uma coleção posterior de artigos híscórícos."
A divisão do livro em várias seções e autores continuou, alcançando maré alta 11111'., de Antíoco IV Epifânio). Finalmente, (3) foram acrescentadas as passagens
no começo do século dezenove com L. Bertholdt. Ele postulou nove autores dife- r JI) .~8;8; 9; 11; 12:5-13 e as interpolações 7:7b-8, 11a e 12.
rentes que teriam escrito em épocas e lugares diferentes durante o período dos se- 111felizmente, Gammie não cita nenhuma análise crítica-literária para de-
lêucidasY J. Montgomery declarou essa multiplicidade de autores e composições 11\1'1 I~I rar a validade de sua apreciação. Seu único critério parece ser uma suposta
como "uma falência da crítica" .43Enquanto tais teorias divergentes encontraram 1,11u-spondência entre essas seções de Daniel e certas circunstâncias históricas
apenas um pequeno seguimento, alcançou-se um ponto de convergência quando, !III mnto mal-definidas.ê?
em 1822, F. Bleek argumentou em prol da unidade substancial do livro, a qual, I\llch, ao resumir as pesquisas sobre o livro de Daniel até 1980, sugere que o li-
111, rcsceu em seis estágios, iniciando com histórias orais e escritas da última parte
propôs ele, veio das mãos de um autor macabeu"
Os argumentos a favor da unidade perduraram por aproximadamente um dll qunrto século a.C.; sendo, então, modificado no terceiro século e primeira parte
século, como é evidente no comentário de Daniel por R. H. Charles, publicado 111"I'gundo século; e sofrendo acréscimos no período dos macabeus. O sexto está-
em 1929.45 A despeito de várias oposições (refletidas nas principais pesquisas li I I' representado pela tradução grega do livro no final do segundo século a.c. SI
de M. Noth e H. L. Ginsberg),46 H. H. Rowley outra vez se levantou para alegar
uma única autoria de um macabeu no seu discurso presidencial à Sociedade de
Estudo do Antigo Testamento (Society for Old Testament Studv) em Londres, em REVISÃO DOS ARGUMENTOS CONTRA A UNIDADE
l8 janeiro de 1950.41 Fundamental para a maior parte desse debate foi a natureza do 19

capítulo 7 e sua relação com os outros capítulos do livro." 1)vvido aos limites deste capítulo não permitirem um registro detalhado de ar-
Atualmente, a maioria dos estudiosos crítico-históricos abandonou a proposta 1IIIII'IIrOSem prol e contra a unidade de Daníel, deve-se fazer um relato resumido
de Rowley. Eles tendem a defender a autoria múltipla e um processo prolongado 11111:1avaliação. Geralmente, críticos literários da Bíblia baseiam suas teorias diver-
de composição do livro de Daniel (começando com o início do cativeiro babilôni- 1'11111'S em supostas contradições, repetições, peculiaridades de estilo e vocabulário,
co e finalizando em algum período do segundo século a.c.). Com frequência, tais • .ip.m-nte deficiência na coesão e progressão entre as diversas unidades literárias.
estudiosos rejeitam grande parte das insignificantes e numerosas divisões literá- I. Alega-se que existe uma contradição no fato de que o capítulo 1 declara que
rias do texto bíblico de Daniel, mas mantêm a idéia de que as seções escritas pos- I I .lucação de três anos de Daniel e de outros jovens hebreus escolhidos começou
teriormente (basicamente os capítulos 7-12, segundo eles) originaram-se durante 1111 :1110em que Nabucodonosor conquistou Jerusalém pela primeira vez (1:5). No
as perseguições religiosas aos judeus por Antíoco IV Epifânio. Argumenta-se que 1111,11110, o capítulo 2 declara que o profeta interpretou o sonho do rei babilõníco no
esses materiais foram escritos para confortar e encorajar o fiel e o combatente. 11:lllldo ano do reinado do monarca.
De acordo com esse ponto de vista, ots) autoríes) desse último estágio incor- /. P. R. Davies argumentou que o processo editorial do capítulo 2 é mais eviden-
poraram à obra material escrito ou oral (consistindo fundamentalmente de passa- 1,':1 luz da "apresentação contraditória do herói".5z Segundo Davies, a contradição
gens nos capítulos 3-6) originalmente registrados bem antes da época de Antíoco , 11.11':1
em virtude do fato de que o capítulo 2 (exceto os versículos 13-23) retrata o
IV Epifânio e mantidos para um propósito diferente. Esses capítulos anteriores 111111"1:1 como um desconhecido cativo judeu apresentado ao rei por um dos oficiais
foram modificados com as circunstâncias históricas variantes da comunidade it ,IIN, :1\1 passo que, de acordo com os versículos 13-23, o herói é perseguido para ser
judaica e acrescentadas ao livro. A intenção era fazer com que essas primeiras ! ~I'\ 111 .ulo como alguém que já pertence ao grupo dos sábios do rei. De fato, Daniel
seções cumprissem o mesmo propósito conforme alegado sobre os capítulos 7-12.
I' 111:lCl'SSO ;tO monarca de uma maneira que fica implícita a segunda situação.
l lrna vez que nem todas as características desse primeiro material podem ser har-
Assim, :l npu-scnrnção de Danicl (de acordo com 2:13-23) como um sábio
11Hin iZ:ldils com () objetivo dos capítulos posteriores, considera-se que cumprem 1111 "1~oI'1l!Il' (l (':lplllJ!O I, mas :l nprcscntnção como uma pessoa desconhecida nas
l"I\Il'11 ou I)vnhul11 propósito no livro como o temos agora.
EsTuDOS SOBRE DANIEL
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL
do livro.55 De acordo com essas definições, as visões do livro são parte de um
outras partes do capítulo 2 contradiz o capítulo 1. Dessa forma, Davies propõe que
ti po de literatura conhecida como" apocalíptica". Apocalíptica é caracterizada por
a passagem 2: 13-23 seja concebida como uma inserção posterior pela pessoa res-
aspectos que incluem: (1) revelações de seres sobrenaturais; (2) revelações de rea-
ponsável pela edição do capítulo 1. Apesar de o editor ter criado uma contradição,
lidades transcendentes, com frequência por meio de simbolismos complexos; (3)
ela pode ser vista apenas como uma omissão não intencional. dualismos espaciais, temporais e éticos; (4) um escopo cósmico, porém uma visão
3. O capítulo que mais chama a atenção da análise critica-literária é o 7. A
pessimista da história; (5) uma salvação escatológica envolvendo dois éons [eras] e
alternância entre prosa e poesia, fórmulas introdutórias características, detalhes
:t ressurreição; (6) pseudonomia, e (7) temas tirados de religiões não-israelitas, es-
mencionados no capítulO, mas omitidos da primeira declaração da visão, e certos
pecialmente fontes persas e cananeias. Vistas a partir dessa definição, as visões são
sinônimos têm trazido à tona algumas das mais complexas teorias de progressão
um tanto diferentes das narrativas históricas do livro. As últimas são semelhantes
para esse capítulo em particular. 53 Alguns eruditos têm presumido estrangeiris-
:t histórias bíblícas tais como as de José e Ester.
mos de fontes antigas não-israelitas (por exemplo, babilônicas, cananeias, persas e
7. No entanto, a razão mais proferida para a divisão do livro e de seus capítulos
gregas) no capítulo 7. Enquanto alguns eruditos vêem essas inclusões de materiais
não tem sido a análise puramente literária mencionada acima. Pelo contrario, a
extra-bíblicos como nada mais que fontes utilizadas pelo editor, outros pesquisa-
urgência de desmantelar o livro de Daniel deriva-se da tentativa da crítica históri-
dores consideram-nas indícios de autoria composta. ca de reconstruir seu cenário. Uma vez que a tese macabeia foi aceita, assumiu-se
4. A falta de coesão interna entre os capítuloS é sugerida como um índice de
rambém que o último poder antes do eschaton (o fim dos tempos, mencionado
falta de unidade.54 Exemplos dados incluem o fato de que apesar de o capítulo 2 re-
no livro) deve se referir - a despeito do simbolismo empregado - ao rei arrogante,
gistrar o reconhecimento de Nabucodonosor da superioridade do Deus de Daniel,
hlasfemo e implacável, Antíoco IV Epifânio.
o capítulo 3 ainda narra a mesma exigência do rei por adoração a seus ídolos e a
Muitos estudiosos não se convenceram da argumentação de Rowley de que
imagem de ouro. No capítulo 3, o rei aparece completamente alheio à soberania do
rodo o livro de Daniel foi uma variação do tema de Antíoco e sua relação com
Deus de Israel. Novamente, o chamado de Nabucodonosor e Belsazar por homens 21
os judeus. Portanto, qualquer material do livro que não se ajustava ao suposto
sábios em vez do profeta no capítulo 4 e 5, bem como a aparente completa nova
20 .ontexto do segundo século a.c., eles o designaram a períodos anteriores às atro-
introdução de Daniel em 10:1, supostamente corrobora a não-unidade interna.
cidades sírias contra os judeus. Assim, começando com a premissa de Antíoco
Outros sinais de autorias divergentes são supostas disparidades teológicas. Os
ligada à analise literária e outras, a crítica histórica forneceu o critério supremo na
exemplos incluem o seguinte: (1) Daniel 7:18 declara que o reinado será dado aos
reconstrução do desenvolvimento do livro de Daniel. 56
santos no fim dos tempos (eschaton), enquanto 12:2 afirma que a ressurreição omi-
Surpreendentemente, foi também a crítica histórica combinada com argumen-
te qualquer referência à soberania deles. (2) Repetidas referências são feitas aos
ros linguísticos que fez com que Rowley defendesse a unidade do livro." Rowley
anjos em 7-12. Por outro lado, nenhum desses seres é mencionado nos capítulos
discordou da opinião majoritária contemporânea contra a unidade por várias ra-
anteriores; (3) há uma aparente disparidade entre a teologia da oração confessio-
zões. Ele mencionou, de forma um tanto depreciativa, a diversidade de opinião
nal de Daniel (9:3-21) e o restante do livro. dentre aqueles que advogavam uma autoria composta e sinalizou que tal diversida-
5. Outro fator que levou os eruditos a assumirem a multiplicidade da autoria
de dificilmente inspirava credibilidade em suas presumidas análises. Ele também
e de documentos é a diferença entre a tradução do grego antigo (conhecida como
comentou a discordância geral dos estudiosos de que os capítulos 8 a 12 vieram
a Septuaginta e intitulada LXX) e dos textos hebraicos e aramaicos (conhecidos
de um só autor. Rowley ainda argumentou que o capítulo 7 estava estreitamente
como textos massoréticos, abre\(iados TM) de Daniel. Além de adicionar seções
ligado ao capítulo 2 e ao 8, em virtude de sua linguagem comum e várias ligações
não encontradas nos TM ou documentos conhecidos do Mar Morto - A Canção
(raseológicas. Rowley chamou atenção para o fato de que figuras da realeza como
de Azarias (Dn 3:24-90), a história de Susana (13:1-64), Bel (14:1-22) e do Dragão
Bclsazar e Daria, o medo, aparecem em ambas as partes do livro. Entretanto, sua
(14:23-42) _ a LXX parece traduzir os capítulos 4 a 6 de uma forma um tanto livre, alegação mais poderosa foi a de que o mesmo raciocínio e as mesmas característi-
ao passo que aderiu mais fielmente aos textos aramaicos e hebraicos na sua tradu-
(,;IS literárias podem ser encontradas em todo o livro.
ção dos capítulos 1-2 e 7-12. Rowley desconsiderou muitas das ambíguas divisões literárias do livro.
6. Em 1980, P.R. Davies chamou a atenção para a confusão que definições
Corajosamente, ele desafiou: "O ônus da prova jaz sobre aqueles que criticam
çrllditas de ":1\1ocalíptico" estavam causando entre a primeira e a segunda parte
..A oZ.d 1.30
AUTORLA, TEOLOGLA E PROPÓSITO DE DANIEL

ES'llJlx lS s( 1111{1' / hN1I1


uma obra. Aqui, porém, não foi produzido nada que possa ser seriamente chama-
Em suma, Rowley tem que render um dos fundamentos básicos em SII;1;II~:II
do de prova de autoria composta. Por outro lado, há evidências da unidade do
mentação. Sua alegação em prol da unidade ou sua defesa por uma origelll III;H:t
livro em sua totalidade."58
hcia do livro todo deve ser abandonada. Estudiosos têm mostrado correl;III11'lllv
Enquanto a maior parte da argumentação de Rowley nunca foi apropriadamente
que essas duas noções não podem ser mantidas de uma vez e ao mesmo tl'1l1/11),
respondida - mas curiosamente evitada - esse notável erudito inglês se superou quan-
Apesar de as razões de Rowley para a origem macabeia do livro todo ter conVClll'id()
do escreveu que" podem ser encontrados pontos para cada história da primeira parte do livro
:dguns, seus argumentos em prol da unidade ainda aguardam uma refutação.
no cenário da era dos macabeus, para a qual a última parte está designada". 59
Críticos que desconsideram o testemunho explícito do livro de Danicl e por
A resposta de J. J. Collins pode ser considerada como uma representação da
meio da crítica histórica procuram encontrar uma situação diferente para a h is-
opinião majoritária a esse respeito: "A despeito dos extensos argumentos de Rowley,
rória concluem que uma origem macabeia está fora de questão. Simplesmente,
está evidente que os contos da corte nos capítulos 16 não foram escritos na época
não há clara referência a Antíoco, sua época, ou qualquer referência evidente a
de macabeus. Sequer é possível isolar um único versículo que denuncie uma inser-
vventos na terra de [udá durante esse período compreendendo Daniel 1-6, nem
ção editorial daquele período."60 Os capítulos de 1-6 não foram escritos na época
Ii:\ razão aparente por que alguém na Palestina devesse escrever tais narrativas
de Antíoco IV Epifânio porque: :lll1bientadas no contexto babilônico.
"Essa posição se fundamenta principalmente nos argumentos de que os capítulos
Consideradas como um todo, as histórias da corte não são apenas impró-
1-6 não contêm clara referência a Antíoco Epifânio ou à sua época ... Os contos dos
prias para o período macabeu, elas, na verdade, conflitam com seu suposto pro-
capítulos 1-6 são ambientados na Diáspora. Não há referências claras a eventos na
p(')sito de encorajar os judeus perseguidos pelo seu suserano sírio. Atribuir o
terra de [udá ... Rowley demonstrou bem como alguém que tenha lido esses contos na
l';lpítulo 4 ao segundo século e considerar o orgulho, queda e restauração de
época de Antíoco poderia aplicá-los à sua própria situação. Isso, entretanto, não pro-
Nabucodonosor uma comparação com Antíoco Epífânío, afirmando que Deus
va que os contos foram escritos com aquela situação em mente. De fato, se considera-
1 rataria Antíoco como tratou Nabucodonosor, poderia apenas desencorajar um
22 mos os contos como um todo e não simplesmente isolamos seus elementos disperses, "Ideu que sofria naquele tempo.v?
concluímos que são um tanto inadequados para o período de macabeus ... Em suma, 23
O próprio Rowley previu vários desses problemas. Por essa razão, argumentou
a diferença entre Daniell-6 e as visões do restante do livro são muito mais importan-
que muitos aspectos nas histórias não cumpriam e não deveria se esperar que cum-
tes do que os pontos nos quais os contos podem parecer apropriados para os tempos 65
prissem o Propósito do autor. Tal solução parece extremamente inconsistente em
de macabeus. Não apenas os contos não foram escritos pelo autor das visões, como
vista de sua justificada exigência por rigor metodológico e sua reprovação à divisão
não foram sequer editados para mostrar qualquer evidência clara da perseguição de
llo livro quando a evidência textual é inconveniente à teoria de alguém.
Antíoco ou para expressar a mesma teologia como o restante do livro.?"
Parece que o próprio método de Rowley é uma divisão requerida pelo fato de que
Mais tarde, Collins argumentou:
01 evidência é inconveniente e pode ser descrita, em suas próprias palavras, como "rude
"Há amplo acordo entre os estudiosos que os contos se originaram na
propaganda para um teoria, no lugar de um estudo científico de evidência".66 Para
Diáspora oriental. Embora essa tese não possa ser provada conclusivamente, car-
1I1:111ter
sua própria explicação, Rowley teve que trazer à tona a evidência textual com
rega um forte peso de probabilidade. Não há razão aparente por que um judeu na
',l'U suposto Propósito do livro e ignorar evidências contrárias como irrelevantes.
Palestina devesse escrever ou coletar um conjunto de contos, todos ocorridos em
O que dizer, porém, dos argumentos acima mencionados a favor da autoria
Babilônia, e cujo herói é um sábio caldeu. Tais contos seriam mais relevantes aos
múltipla? O que dizer das supostas repetições e contradições? Enquanto tais serne-
judeus na Diáspora, especialmente àqueles que tinham um cargo ou aspiravam a
1":111çassão encontradas na LXX de Daniel, isso dificilmente acontece no original
um cargo em qualquer posição numa corte gentia. Isso se aplica não apenas aos
do mesmo livro. Não encontramos mais desnecessárias repetições e semelhanças
contos individuais, mas também ao conjunto deles."62
do que podem ser encontradas em outros documentos antigos cuja unidade é
Koch apoia a noção de um cenário oriental para as histórias porque, de acor-
,/lIestionada. Em Daniel, tais elementos (como listas de palavras para várias classes
do com E. Y. Kutscher, a vocalização do aramaico em Daniel parece ser oriental
dv homens sábios, oficiais da realeza ou instrumentos) são com frequência parte
v as personagens da realeza no livro, bem como o contexto da história, apontam
.Io estilo do escritor. São refletidos ao longo do capítulo de tal forma que realmen-
p:tr;1 II oriente."
Il' se °PÔl':Jo :lrglJll1enlo p:tr;1 nurori» Il1ldtip/a c fworl'Cc a unidade do livro,
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPOSITO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANIEL
A sugestão da diversidade de autores com base numa suposta falta de coerên-
Sem o poder representado pelo chifre pequeno (no capítulo 7 e outros lugares
cia interna se opõe à essência das narrativas históricas. Se lemos sobre os instáveis
110livro) a visão se enfraquece. "O que o autor do livro, e do capítulo 7 especial-
absolutistas orientais déspotas, cujo objetivo é seu próprio engrandecimento - im-
mente, está escrevendo se deve a uma convicção, que toma a forma de uma pro-
pressão transmitida pelo livro conforme se apresenta agora - dificilmente se justi-
lccia, de que um clímax nos negócios do mundo, que requerem uma intervenção
fica a defesa de alguma coesão de capítulos pos quais um rei que uma vez entrou
liireta e final de Deus, está se aproximando rapidamente. Essa consideração, isto
em contato com Daniel e seu Deus nunca mude de idéia. Tal análise do livro lhe
,\ que uma visão sem o símbolo imperativo do chifre pequeno estaria sem con-
roubaria sua própria mensagem.
ivxto, e seria sem dúvida insignificante, parece ser bem mais importante do que o
É provável que Nabucodonosor tenha construído a imagem relatada no capí- .rrgumento dado por North."68
tulo 3 por causa da imagem do sonho registrada no capítulo 2. De forma similar,
Da mesma forma, os argumentos que relegam a visão do julgamento, do
o orgulho demonstrado por ambos, Nabucodonosor e Belsazar, é muito mais real
!\ncião de Dias e do "um como o filho do homem" a um outro autor não reco-
do que as extrações sugeridas permitiriam. A tendência para separar referências
nhecern a tendência do livro e do AT de geralmente expressar clímaxes em forma
ao chifre pequeno como inserções editoriais posteriores enfraquece as visões, as
poética e então interromper o ponto mais alto da visão.r? Razões negativas para
quais, sem essas passagens, perdem sua idéia principal.
',1' rejeitar a unidade do capítulo 7 parecem ser reforçadas positivamente por uma
A contradição assumida por Davies está no principio de que os capítulos 1 e .uiálise estrutural e temática do capitujo.I?
2 estão cronologicamente em conflito e no herói presente, que é, ao mesmo tem-
Enquanto o estudioso da Bíblia pode tirar muito benefício da crítica literária
po, conhecido e desconhecido por Nabucodonosor. A pergunta por que Daniel,
. onfiáve], qualquer análise deve estar em harmonia com a natureza do texto.
embora um membro do corpo de homens sábios, não foi chamado à corte para in-
No caso do capítulo 7, e do livro como um todo, normas e critérios propostos
terpretar o sonho e busca uma entrevista individual, na qual o emissário real tem
p:1ra apoiar várias camadas textuais tendem a refletir um pensamento silogístico
que mediar entre o monarca e o cativo hebreu, é um ponto central a essa questão.
III'idental que é imposto ao texto bíblico. A esse respeito, o aviso de Deissler é
24 No entanto, em vez de assumir uma contradição, o fato de Daniel e seus colegas
oportuno. "Deve-se notar que quando se deseja lidar de maneira justa com o 25
não terem sido chamados para interpretar o sonho com os homens sábios pode
II'xtO,um texto antigo, oriental e principalmente apocalíptico, ele não pode ser
ser explicado melhor com outra hipótese. Uma explicação mais simples seria que
,implesmente pressionado a um leito de Procusto da lógica moderna ocidental.
uma vez que os jovens tinham recentemente concluído seus estudos (de maneira
i'ortanro, o argumento popular de que os versículos que tratam dos dez chifres
notável, certamente), o rei decidiu reunir os membros mais experientes.
1111 especificamente do décimo primeiro chifre ... podem também ser omitidos
Além disso, dever-se-ia reconhecer que o escritor provavelmente usa o mé-
demonstrando-se, assim, sua natureza secundária - não é válido, pois embora o
todo antigo de contagem inclusiva (atestado em vários documento~ do perí-
lI'st·cprincipal remanescente possa se tornar uniforme, isto é meramente um 'tronco
odo contemporâneo), começando com o ano da ascensão de Nabucodonosor. .Ipocalíptico' estrutural e conrexruni"."
Consequentemente, não há necessidade de afirmar que o capítulo 1 esteja crono-
já notamos que as peculiaridades da tradução grega do livro de Daniel [e-
logicamente contradizendo o capítulo 2. A reconstrução de Davies perde ainda
vurarn alguns estudiosos a supor a autoria múltipla. A evidência presente cer-
com o fato de que o suposto editor final, que hipoteticamente juntou os capítulos
I.unente sugeriria que as orações e histórias não-canônicas que não são citadas
1 e 2, não viu a contradição que criou com a forma que deu ao material.
IIIIS textos massoréticos hebraicos nem nos rolos do mar morto são composições
Argumentos que dividem o capítulo 7 foram examinados detalhadamente em
1" ixtc riores. O pensamento de que essas adições fazem parte de um "ciclo de
outra parte pelo autor." Não é necessário fazer outra análise aqui, a não ser por
I l:lniel" de contos populares em circulação entre os judeus em direção ao fim da
algumas observações. Atribuir a visão dos quatro animais a um nível de tradição, o I 1':1passada é apenas conjectura.P
animal de dez chifres a outro, e o chifre pequeno ainda a outro é algo dúbio, como
A questão das traduções gregas de Daniel (e suas derivações) é complexa, e o
() t' também a tentativa de separar os versículos poéticos que tratam do Ancião de
tll'hate continua com relação a suas origens, natureza e data. A LXX de Daniel é
I )ias, do julgamento e do "um como o filho do homem". Os argumentos defendi-
11111:1 tradução prc-cristã do AT hebraico. A revisão Teodócio de Daniel, cornumen-
dos vst:io abertos para questionamentos sérios. Além disso, o procedimento como
li' d:ltad:1 do segundo século d.e. pode representar um diferente texto, um fenó-
IlItI tndn deixa as seções individuais sem um objetivo. Itll'!lO tal11ht"111
em evid0ncia para outros livros do AT.71Assim, a revisão Teodócio
EsTUDOS SOBRE DANII'I
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

de Daniel, a mais recente das duas, pode ter ou corrigido a LXX de Daniel ou Tudo isso tem levado vários comentaristas - de forma correta, cremos - a reco-
nhecer uma certa peculiaridade em Daniel. Consequentemente, Daniel não é consi-
seguido uma tradição textual pré-cristã anterior.
De acordo com Montgomery, lecionários gregos parecem conter apenas os .lcrado como um espécime típico da literatura apocalíptica que surgiu entre 200 a.C.
capítulos históricos do livro de Daniel.Í" Isto, e o fato de que as histórias do capí- (' 200 d. C, aproxímadamente.l? Baldwin observa de forma apropriada: "O livro de
tulo 3 e 6 são aludidas em 1 Macabeus 2, pode sugerir que as narrativas históricas llaniel é um dos primeiros exemplos de seu gênero; sem dúvida deve ser considerado
usufruíam de certa popularidade além das visões. Além disso, as leituras mais ('(Imo um protótipo ou modelo no qual escritores mais tarde se inspiraram. "80
midráshicas da LXX de Daniel4-6 podem indicar que as traduções gregas são elabo- Outra alternativa que busca enquadrar as visões e as histórias sob um guarda-
rações secundárias. Essas elaborações poderiam ser ornamentos incluídos numa (,huva foi sugerida por Gammie. Ele amplia sua definição de apocalíptico para in-
época em que a fluidez textual não era incomum. A fluidez textual pode também ( luir vários subgêneros, a fim de "dispensar estudiosos da necessidade de dissociar
(IS capítulos 1-6 da classificação 'apocalíptica'"." Em ambos os casos, nenhuma di-
ter permitido a inclusão das partes não-canônicas.
Em suma, as narrativas históricas, sendo populares, podem ter circulado inde- visão artificial é colocada entre as duas partes do livro por algum critério externo.
pendentemente, acrescentando-se a elas detalhes fictícios em uma ou mais tradi- A análise histórica não é apenas útil, mas essencial à exegese, uma vez que respei-
li' o texto, Entretanto, a crítica histórica pode facilmente levar ao raciocínio circular.
ções textuais específicas. Após obterem sua forma presente, os capítulos 4-6 foram
possivelmente emprestados pelo tradutor dos outros capítulos ou por algum com- lsso acontece quando a crítica se afasta de uma passagem bíblica para descobrir algu-
pilador posterior quando o livro foi finalmente reunido na forma que agora temos ma identificação histórica e, então, retorna ao texto para remover material que não
a LXX de Daniel. Em vez de indicar dois autores diferentes, a evidência parece rsteja em harmonia com sua interpretação histórica hipotética. Rowley condenou
75 I:d procedimento quando observou que "isto é fundamentar o caso nos supostos
apontar para diferentes tradutores ou compiladores.
A observação de Davies de que a palavra "apocalíptica" causou divisão entre enganos de uma teoria da origem do livro e não em evidência."82 Sob nenhuma
as duas partes do livro é válida." Como resultado, as visões foram tratadas como ( i rcunstância deve o exegeta sacrificar a primazia e integridade do texto,
26 sendo a essência do livro, ao passo que as histórias são basicamente consideradas Irregularidade no texto também tem sido inferida com base no suposto emprés- 27
como um prólogo que introduz o contexto e os personagens para as visões. limo de antigo material tradicional extra-bíblico, principalmente nos capítulos 7-8
Davies é sensível ao fato de que os capítulos de 7-12 tendem a ser interpretados (' 10-12. Embora nenhuma importação indiscriminada de tais materiais seja conce-
a partir de um contexto sócio-religioso e literário alheio designado "apocalíptico" e hida, estudiosos propõem derivação de temas da Babilônia, Canaã e Pérsia."
definido por características muito frequentemente estranhas ao livro de Daniel (e, Este autor examinou a hipótese da origem cananeia para o capítulo 7 e a
devemos acrescentar, às Escrituras como um todo). Entretanto, sua própria propo- .uhou em falta." As teorias babilônicas e persas têm poucos seguidores atualmen-
11', e as alusões míticas sugeridas para os capítulos 8 e 10-12 têm pouca relevân-
sição de que as histórias praticamente criaram as visões é inaceitável.
Sua tese de que as visões foram escritas durante o período dos macabeus como ( ia,85Outros estudiosos argumentam que o autor de Daniel, se e quando ele usou
uma aplicação contemporânea da mensagem das histórias é falha por causa da lontes bíblícas ou extra-bíblicas, incorporou as fontes de tal maneira que não há
falta de evidência para tal releitura. Ele quer ver uma ligação mais estreita entre .vidência de nenhuma junção.
as histórias e as visões, e está correto ao enfatizar a continuidade entre as duas
partes do livro. No entanto, Davies falha em mostrar como "temas especificos na
escatologia das visões derivam de contos".77 INDICAÇÕES DE UNIDADE
A continuidade entre as visões de Daniel e o material apocalíptico em geral
não pode ser negada. Isso não é inferir que exista alguma relação de origem entre Os argumentos listados até agora não nos impõem o ponto de vista da autoria
as duas, mas afirmar que a estrutura e coerência internas das visões "é semelhante múltipla do livro.i" Entretanto, essa não é uma demonstração em si da unidade
àquela dos apocalipses, e, portanto, destaca o modo de revelação, a natureza espe- dI) livro, Há alguma evidência que sugira que a autoria única é uma alternativa
cífica da escatologia e a proeminência da Palavra divina sobrenatural representada II\:Iis convincente?
pelos anjos."78 Deve-se acrescentar que embora apocalipses não-canônicos possam Aspectos individuais de uma obra literária são essenciais e significativos, e não
ser ílu-a rntivos, dificilmente são indispensáveis para nossa compreensão de Daniel. plH.k haver nenhum produto lircrário sem vocabulário c sintaxe, Tais unidades
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL EsruDOS SOBRE DANIEL

individuais podem ser comparadas a tijolos no edifício da comunicação. No final padrão (caps. 2, 7-12). Também importante para o padrão da cronologia é o esque-
das contas, porém, uma análise detalhada dessas partes apresenta tão pouco da ma dos quatro impérios - explícitos nos capítulos 2 e 7 e implícitos nos capítulos
estrutura e significado gerais de uma obra literária quanto um exame de tijolos H-12. Esse esquema detalha o reinado de quatro poderes mundiais consecutivos,
individuais nos diz sobre a natureza e propósito da construção da qual fazem parte. começando com Babilônia. Portanto, é evidente que as histórias e as visões são
É por essa razão que agora passamos a uma pesquisa do edifício como um todo. urnbas compostas juntas pela cronologia da carreira de Daniel e seguem o mesmo
1. Capítulos posteriores pressupõem materiais anteriores. O autor dos capítu- progresso da história em sequência paralela.
los de 1-6 claramente compõs esses capítulos em uma unidade coerente. Assim, o 4. Daniel 7 interliga o livro. O capítulo 7 ocupa um lugar central e crucial
capítulo 2 pressupõe a introdução de Nabucodonosor, Daniel, e seus amigos como dentro de todo o livro. Ele interliga os dois blocos de material. Ele reúne as his-
apresentado no capítulo 1. Da mesma forma, a imagem de ouro do capítulo 3, erigi- rórias pela linguagem e simetria e as visões dos capítulos 8-12, pela sequência e
da em honra ao rei, está relacionada à estátua do capítulo 2, onde a cabeça de ouro I'onteúdo cronológico." Já observamos que os capítulos 2-7 são escritos em ara-
representa o rei. Os acontecimentos vividos por Belsazar na noite registrada no capí- maico'" (discutiremos mais tarde a disposição simétrica que une esses capítulos).
tulo 5 pressupõem a história de Nabucodonosor no capítulo 4; e o reinado de Dario Também vimos que o capítulo 7 repete o ciclo de datas registradas nos capítulos
no capítulo 6 pressupõe a queda de Babílõnia narrada no capítulo anterior." 1-6 e mencionamos que sua forma e conteúdo literário estão mais estreitamente
As narrativas da corte introduzem não só a figura de Daniel e seus amigos, relacionados às visões dos capítulos 8-12.
mas também várias das principais personagens mencionadas no restante do livro. Conexões linguísticas e temáticas entre os capítulos 2, 7 e 8-12 tendem a in-
Portanto, em certo sentido, as histórias descrevem a cena e preparam o leitor para dicar a coesão das duas partes do livro. Palavras como "forte", "ferro", "quebrar",
as visões. As visões, por outro lado, pressupõem o profeta, o contexto histórico e "quatro reinos" (2:40; 7:7,23) conectam os capítulos 2 e 7. Por outro lado, locuções
geográfico e aspectos importantes da mensagem das narrativas anteriores. O rei corno "os quatro ventos do céu" (7:2; 8:8; 11:4), "lívroís)" do juízo (7:10; 12: 0, e a
Nabucodonosor, Belsazar, Dario o Medo, e Ciro aparecem em ambas as partes. De vxpressão única "povo dos santos" (7:27; 8:24) reúnem os últimos cinco capítulos."
28 fato, embora as histórias descrevam a carreira de Daniel se estendendo além do 5. Características únicas de estilo. Características peculiares de estilo reapa- 29
período de Nabucodonosor até Ciro (1:21; 6:28), não é uma narrativa histórica, iccem ao longo do livro. Há uma certa predileção por listas de palavras. Várias
mas sim uma visão (caps. 10-12) que é dada nos tempos de Ciro. classes de homens sábios (2:2, 10, 27; 4:7; 5:7, 11); listas de oficiais reais (3:2,3;
2. Temas comuns. Vários temas são comuns a ambas as partes do livro. A ():7) e instrumentos da orquestra de Nabucodonosor (3:5, 7 ,10, 15) são repetidos
submissão é imposta ao povo de Deus em todo o livro. Novamente, Deus é retra- com frequência. A frase característica "povos, nações, ... línguas" unem os capitu-
tado como o governante supremo em contraste com os governantes terrenos cujos II)s 3-7 (3:4, 29; 4:1; 5:19; 6:25; 7:14).
reinados decaem. A história humana, a qual o profeta inspirado pode revelar de Outra característica sutil que reaparece em capítulos que dão interpretações
antemão, é descrita como uma obra da providência divina. Já nos capítulos 4 e 5 I" a introdução ou suplementação de detalhes não mencionados explicitamente
os reis experimentam manifestações sobrenaturais - um, um sonho, o outro, uma IlOS sonhos ou nas visões (por exemplo, 2:41-43 suplementa 2:33; 4:33 acrescenta
escrita misteriosa -, ambas seguidas de suas interpretações. 11111 aspecto ausente no primeiro sonho; 7:21-22 amplia a primeira visão com a in-
De forma semelhante, os sonhos são acompanhados de interpretações detalha- 1 rodução dos "santos", e a interpretação de 8: 19-25 suplementa a visão de 8:3-14).
das nos capítulos 2, 7 e 8. Como o orgulho precede a queda nos capítulos 4 e 5, Rowley chama atenção para o fato de que' algumas vezes simbólico e o real alternam
também a arrogância do último inimigo de Deus nos capítulos 7 -8 e 10-12 leva ao IlI) livro (como em 4:14-17)92. Também certa "irregularidade" e lógica intocadas
seu julgamento e destruição. Os capítulos 4 e 5 registram cumprimentos das predições pelo silogismo ocidental podem ser traçadas em diversos capítulos do livro."
feitas por Daniel aos seus monarcas contemporâneos. Isso, por sua vez, inspira con- 6. Padrões literários. Algumas características estruturais dificilmente reco-
88
fiança no cumprimento futuro dos sonhos e interpretações delineados nas visões. n hccidas e nada acidentais devem ser observadas. Em 1972, A. Lenglet publicou
3. Conexões cronológicas. Conexões cronológicas também estão presentes IIIll a rtigo relevante sobre a estrutura literária de Daniel 2-7 no qual defendeu
nas duas partes do livro. Assim, as narrativas abrangem o período de Babilônia 111\\a si mctria concêntrica dos capítulos ararnaicos.?"
e Mcdo-Pérsia (caps. 1-6). De igual modo, as visões, ao invés de continuarem a Conscqucntcrncnrc, os capítulos 2 e 7 se ajustam como um envelope aos capí-
scquência cronológica da Medo-Pérsia em diante, retoma à Babilónia e repete o 111I\\s >-6, Os capítulos 2 e 7 registram visões que tratam da história de impérios e
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

ESTUDOS SOBRE DANIEL


clímax, de um lado com uma pedra "cortada sem auxílio de mãos", e, do outro, com
um reino e domínio eterno dados a "um como o Filho do Homem" e aos "santos do numa ordem exatamente inversa na segunda metade do quiasma. Essa estrutura
altíssimo" (2:34, 45; 7:13-14, 27). O ciclo seguinte (caps, 3 e 6) é composto de duas argumenta claramente em prol de uma unidade da visão. O fato de os versículos
histórias de livramento, a saber, a salvação dos amigos de Daniel da fornalha ardente 9-10 e 13-14 estarem em métrica poética, em contraste com a prosa, já indica que
alcançamos o clímax da visão.
e do resgate do próprio Daniel da cova dos leões. Dentro desse circulo novamente
estão os capítulos 4 e 5, que tratam do julgamento de dois reinos gentios.
Esses mesmos capítulos podem também ser dispostos numa forma literária Além disso, há três descrições que tratam da opressão, do juízo do reino que
se repetem no capítulo:
conhecida como quiasma, um recurso literário, que unifica uma composição ao
arranjar suas partes correspondentes numa relação invertida uma com a outra.
A. Opressão A. Opressão
Veja a seguinte ilustração: A. Opressão
(v. 7-8) (v. 21) (v. 23-25)
A. Visão da história mundiaL (cap. 2)
B. juízo B. [uízo
B. Libertação da fornaLha ardente (cap, 3) B. [uízo
(v. 9-12) (v. 22a)
C. JuLgamento de um rei gentio (cap. 4) (v. 26)
C'. Julgamento de um rei gentio (cap. 5) C.Reino C. Reino C. Reino
B'. Libertação da cova dos leões (cap. 6) (v. 13-14) (v.22b)
N.. Visão da história mundial (cap. 7) (v. 27)

Embora seja impossível demonstrar que esse quiasma foi escrito de forma A segunda e a terceira descrição repetem a primeira estrutura de opressão, juí-
li)e reino; entretanto, as cores e os contornos ficam mais pronunciados à medida
30 deliberada, é pouco provável que tenha sido escrito de maneira acidental, prin-
que o escritor se move de uma descrição para a próxima.
cipalmente quando se reconhece que estruturas semelhantes ocorrem em outros 31
Vários temas reúnem esses recorrentes padrões estruturais. Um tema desen-
capítulos desse livro.
1'1 ilve as vicissitudes de uma força opressora e o tema do reino, enquanto o outro
Estudiosos que analisaram ambas as visões e o restante do capítulo 7 em várias
Ilvsdobra a importância do julgamento. Por um lado, vemos os profundos matizes
camadas passaram por alto a estrutura quiástica que une esse capítulo. Uma vez que
do principal vilão e seu destino final; enquanto, por outro lado, o reino, que a
já discutimos essa característica em outra parte, um resumo de nossa análise será
principio pode ter parecido distante, torna-se cada vez mais uma realidade.
suficiente aqui." É notável que - após uma visão preliminar dos reinos do mundo
As estruturas e linhas temáticas que se apresentam no capítulo unem os ma-
(7:2b-3) - a visão flui numa sequência de unidades em direção ao clímax. Ela, en-
uriais no capítulo 7. Há um plano delicadamente equilibrado e contraditório no
tão, reverte a mesma sequência temátic~ como indica o esboço a seguir:
":tpítulo, que só seria interrompido pela retirada de alguma das partes. Isso, então,
Ivva ao seguinte esboço de todo o capítulo:
A. Primeiros três animais (v. 4-6)
B. Quatro animais (v. 7)
A. Prólogo (v. 1-2a)
C. Descrição do chifre pequeno, incluindo sua fala (v. 8)
B. Visão (v. 2b-14)
D. O JUÍZO (v. 9-10 suplementados pela segunda metade
C. A reação do profeta à visão (v. 15-16)
nos versículos 13-14)
C'. Destino do chifre pequeno e sua fala (v. l l a) D. Breve resumo da interpretação (v. 17-18)
B'. Destino dos quatro animais (v. lIb) C'. A reação do profeta à visão e sua elaboração (v. 19-22)
B'. Interpretação extensa (v. 23-27)
N.. Destino dos três animais (v. 12) A'. Epílogo (v. 28)

A estrutura quiástica dos versículos 4-14, com o juízo no seu centro, primeiro
W. 11. Slwa chal1la :1Il'n~':i()para outro quiasrna lircmrio no próximo capítulo:
d\'sn\'wa ascensão limitada dos poderes do mundo antes de traçar seu destino
/,:l) I2.'It, Numn disClISS:II) d:t.~ dinl\'llst\\'S ":ljll)c:dlplicas" horizoJ)lais t' vnlirais,
ESTUDOS SOBRE DANIEL
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

com um epílogo em prosa. As leis de Hamurabi do século 17 a.c. são compostas


Shea observa várias declarações no capítulo 8 com respeito às atividades do chifre
vrn prosa e envoltos por uma introdução e conclusão serni-poética. Ao comentar
pequeno. A primeira e a segunda atividades descrevem o chifre pequeno num pla-
IIS livros de [ó e Daniel, C. H. Gordon declarou que "a possibilidade de uma es-
no horizontal (8:9b e 12c), enquanto as outras declarações estão relacionadas com
I rutura ABA intencional merece consideração séria e deve nos deter de analisar
a atividade vertical do chifre pequeno (v. 10a-12b). Daniel 8: 11 constitui o ponto
li texto de forma precipitada." lOO
alto com uma tríade de declarações sobre o "Príncipe do exército", seu tãmiâ (" di-
Até agora nenhum argumento promovido torna a natureza original bilíngue
ário") e o lugar do seu santuário: do livro de Daniel uma impossibilidade. De fato, as divisões cronológicas do livro
(cnps. 1-6 e 7-12), a separação em visões e narrativas históricas (caps. 2:7-12 e
A. A expansão horizontal (rerrena) do chifre pequeno (v. 9b)
I:3-6) e seções em terceira e primeira pessoa (principalmente, caps. 1-6, 7 -12)
B. Expansão vertical (v. 10-12b)
Interligam com as mudanças de linguagem de modo a negar qualquer divisão.
~. Expansão horizontal (terrena) do chifre pequeno (v. 12c)
Além disso, inter-relações específicas dentro dessas linhas podem ser observa-
97 das no fato de que 7: 1-2 e 10: 1-2 começam as visões escritas como autobiografias
Outros quiasmos literários podem ser observados em 9:24-27. No versiculo
1'0111 relatos de terceira pessoa. Assim, interligam narrativas biográficas e autobio-
introdutório (v. 24) o ponto alto dos seis versos destaca a provisão para o pecado:
l:rMicas.lOl Uma interligação similar é evidente no fato de que a visão do capítulo
) é colocada no contexto das narrativas históricas.
A. "Cessar a transgressão, ... dar fim aos pecados"
7. "Paralelismo Progressivo". A maioria dos estudiosos reconhece que as visões
B. "Expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna"
110 livro são análogas entre si e aos capítulos posteriores, estendendo progressiva-
C. "Selar a visão e a profecia, ungir o Santo dos Santos"
mente os capítulos anteriores. Assim, o capítulo 2 é o menos complexo, enquanto
,IS visões nos capítulos 7, 8-9,10-12 aumentam em complexidade e detalhamento.
Shea acredita que o Messias está no centro de 9:25-27 e sugere o seguinte padrãor"
lmbora tenha repetido a mesma estrutura geral, a revelação progride dentro das 33
32 ~I"riesde visões. Baldwin descreve esse fenômeno como "paralelismo progressivo" e
A. Construção (v. 25a) .nnclui que isso é evidência "de que o livro deve ter sido obra de uma pessoa que
B. O Messias (v. 25b) planejou a apresentação do seu tema com meticuloso cuidado".102
C. Construção (v. 25c)
D. O Messias (v. 26a)
C'. Destruicão (v. 26b)
CONCLUSÃO
B'. O Messias (v. 27a)
s, Destruição (v. 27c)
Em suma, embora as mensagens das histórias e visões não sejam idênticas, a re-
Embora esses padrões literários possam não ser o resultado de um plano deli- L'\'iio das duas seções do livro é mais do que simplesmente uma combinação literária
berado, são, no entanto, de grande interesse em qualquer discussão da estrutura 1111jusraposição.P' Há um desenvolvimento orgânico - no qual as histórias preparam
e unidade desse livro." Os elementos centrais nessas estruturas chamam atenção pa ra as visões - que torna improvável argumentar que as visões sempre existiram ou
para o tema do julgamento, o conflito entre o chifre pequeno, o "Príncipe do lurarn planejadas sem as seções históricas. As narrativas pressupõem umas as outras
I' :IS visões progressivamente correspondem umas as outras. Incidentes históricos são
exército" e o Messias.
O livro de Daniel também retrata um padrão discernível na linguagem em- "I'In:ionados sutilmente e simetria literária, detalhes cronológicos, as duas linguagens
pregada. Sua mudança do hebra'ico para o aramaico e de volta para o hebraico I' relatos de primeira e terceira pessoa integram ambas as partes.
segue um padrão A:B:A que também é encontrado no livro de Esdras. O recur- Danicl 7, em virtude de sua simetria, linguagem, detalhes cronológicos e con-
so literário de envolver uma seção central de uma obra com um "envelope" de 11'1'ldo liga os capítulos 1-12. As características únicas de estilo, linguística, ternáti-
um estilo diferente também é empregado no livro de [ó e no antigo Código de 1,1 tcst ificam lima mente única c um háhiro mental scmítico intocado por padrões
Harnurabi. Jó começa com um prólogo em prosa, continua com poesia e termina 1I1ídcl1lais IlHldcl'I111S dt, lúgka t' liu-r.u ura. Concordamos com B:lklwin que "o
AUTORIA, TEOLOGià E PROPÓSITO DE DANIEL
ESTUDOS SOI\iU· I 'Mm 1

problema da autoria múltipla é o de que o livro apresenta bem poucos traços dos
:IJlO de Ciro, tempo em que os capítulos 1-9 podem já ter sido coletados.
supostos pontos de vista divergentes. Como uma obra literária, ela manifesta uni-
Em suma, se assumirmos que Daniel, sob a direção do Espírito Santo, l'IlIIlllI
dade de propósito e desígnio" .104
lou o livro agora conhecido pelo seu nome até o final de sua vida, reunindo I'xll 01
Como uma estrutura literária simétrica, o livro de Daniel consiste de partes
ros de suas memórias e outros materiais selecionados, podemos facilmente expli, di
constituintes, nenhuma das quais dispensável. Anteriormente, notamos as inade-
várias características literárias linguísticas e cronológicas observadas acima.
quações dos argumentos contra a unidade de Daniel. Essa avaliação negativa parece
Nossa análise da estrutura do livro de Daniel nos levou a concluir a favor da 1I11i
ser justificada pelas ligações estruturais observáveis em todo o livro. Essas apontam
clade do livro, na qual as partes constituintes são todas necessárias à estrutura corno
convincentemente em direção a uma autoria única para o livro de Daniel.
11m todo. Dado o argumento para a unidade do livro, podemos também assumir
Poder-se-ia argumentar que um editor impõs essa estrutura sobre o livro de
que esse documento do sexto século apresenta uma teologia basicamente unificada
Daniel ao reunir materiais diversos em um volume. Embora não possamos rejeitar
1'01 vez de uma combinação ou justaposição de várias teologias contestantes, se não
tal hipótese imediatamente, as idíossincrasias peculiares e quase inconscientes e as 107
l'Ontraditórias. Agora passaremos a um exame da teologia do livro de Oaniel.
características de estilo observadas acima tendem a favor da noção de que o livro
procedeu basicamente de uma pena e uma mente.
Ainda uma palavra precisa ser acrescentada. Mesmo que a autoria múlti-
pla seja rejeitada, há várias características do livro que indicam que ele não foi
escrito de uma vez. Com exceção dos capítulos 10-12, cada capítulo no livro
é independente um do outro. Alguns capítulos têm sua própria introdução e
conclusão (por exemplo, 7: 1, 28). Enquanto a maioria dos capítulos se lê como
memórias, o capítulo 4 é claramente uma confissão de Nabucodonosor escrita
34 na forma de carta, a qual Daniel incorporou ao seu livro.l'" Muitos capítulos são
datados, permitindo ao leitor precisar o ano durante o qual os eventos registra- 35
dos ocorreram. Apesar de 1: 7 identificar Daniel com Beltessazar, isso é repetido
em 2:26; 4:8-9, 19; 5: 12, e 10: 1. Tal repetição de sua identificação indica relatos
originalmente independentes.
Daníel 1 começa com eventos datados de 605 a.c., mas termina com uma re-
ferência ao ministério de Daniel que se estende ao primeiro ano de Ciro, cerca de
70 anos mais tarde (v. 21). Isso indicaria que o capítulo 1 pode ser uma introdução
deliberada escrita algum tempo depois do primeiro ano de Ciro,· mas antes dos
capítulos 10_12.106 DaniellO: 1 coloca a última visão de Daniel no terceiro ano de
Ciro -536/535 a.c. Apesar de essas datas poderem não indicar a época em que
os capítulos individuais foram escritos, não é impossível especular que eles podem
ter sido registrados (ao menos em forma de anotação) pouco depois da data dada.
Daniel pode tê-los mantido como uma coleção de memórias.
O fato de Daniel usar palavras de origem persa, principalmente na primeira
parte do livro, pode dar vazão ao fato de que os capítulos não foram escritos antes
(ou no mínimo foram atualizados) da época em que o império persa sucedeu o ba-
bilónico. Naquele período, Daniel tinha reassumido um alto posto administrativo
e estava constantemente em contato com seus colegas persas. A data dos capítulos
10-12 colocaria os últimos três capítulos do livro algum tempo depois do primeiro
ESTUDOS SOBI\!, Il~

TEOLOOIA E PROPÓSITO rumprir seu propósito. O Deus onipotente e onisciente está cumprindo seu ~i\hl
desígnio e irá salvar seu povo que depositou nele sua confiança.
inopse editorial. Inserida nas narrativas e visões está a descrição que o profeta
S faz de Deus como o eterno, onisciente, onipotente, justo, misericordioso e cle-
mente soberano. Uma perspectiva global ou internacional caracteriza a descrição ESBOÇO DA SEÇÃO
de Daniel da Deidade. Ele é o Deus de todas as nações, bem como o de Israel. Ele
governa nos reinos dos homens. Ele não só revela o futuro, mas também intervém Introdução
na história. Ele não permite que nada frustre seu propósito e objetivo supremo. A descrição de Deus por Daniel
Os anjos são proeminentes. Descritos como "santos", os "guardiões" da ati- A função dos anjos
vidade humana, compõem a multidão celestial que assiste o Ancião de Dias no Natureza humana
julgamento no Céu. Algumas vezes, são enviados para proteger e livrar os servos Dimensões da história
de Deus. Aparecem mais notavelmente no livro como intérpretes das visões. Um Escatologia em Daniel
deles é designado pelo nome. Propósito do livro de Daniel
A fragilidade humana (dependência de Deus para existir) é contrastada com o
orgulho e a arrogância, que às vezes se jacta de sua auto-suficiência até ser humi-
lhada por decreto divino. As experiências de Daniel e seus amigos anteveem a ex-
INTRODUÇÃO
periência profetizada dos santos. Eles são igualmente ameaçados com sofrimento,
distinguidos por sua lealdade e finalmente libertos. O nome de Daniel ("Deus é
meu juiz") é uma constante lembrança do dever de prestar contas. Haverá um dia Logo de início, devemos reconhecer que Daniel nunca se propôs a escrever uma
36 teologia sistematicamente arranjada, a qual posteriormente os leitores pudessem
em que os livros serão abertos e a sentença dada; aqueles que forem encontrados ~7
inscritos no livro da vida serão salvos. usar como um compêndio doutrinário. Nesse aspecto, o livro de Daniel é como os
Em contraste com concepções pagãs evasivas, Daniel apresenta uma visão linear outros escritos canônicos. Contudo, o livro em si chama o leitor a descobrir nas suas
da história. Esse eixo horizontal está expresso na cronologia do livro e se estende da p:1ginaso Deus de Daniel e a maneira como Ele se relaciona com o mundo. Aqui
época do profeta através de reinados históricos sucessivos até o estabelecimento do está uma riqueza e variedade de concepções que poucos livros bíblicos oferecem.
eterno reino de Deus na terra. Deus determinou o curso do futuro, mas não o des-
tino do indivíduo. O homem é livre para servir ou rejeitar a vontade divina dentro
do curso dos eventos determinado por Deus. Observa-se também no'livro um eixo A DESCRIÇÃO DE DEUS POR DANIEL
vertical ou espacial da história. Há uma linha definida entre o plano do céu e o da
terra. Atividades e acontecimentos em ambos os planos se relacionam e afetam um ao O Deus de Daniel é primeiramente supremo em sua existência eterna, inson-
outro. A conexão entre o Céu e a terra é estreita; Deus está no controle de tudo. dável sabedoria e ilimitado poder.P" As afirmações dos cantos de louvor, frequen-
O livro trata de uma variedade de temas escatológicos. O papel do Messias em I crnente em métrica poética, oferecem algumas das ideias mais exaltadas sobre
trazer o fim do pecado e estabelecer a justiça eterna, as aflições apocalípticas do I )eus. É clássica a declaração de louvor de Nabucodonosor, após o retorno de suas
fim dos tempos, a ressurreição e final libertação do povo de Deus. Repetidamente, I:lculdades mentais: "...eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive
o profeta retoma aos temas do julgamento e do estabelecimento do reino de Deus para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração;
na terra, a eterna possessão dos santos. rodos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua von-
O livro de Daniel apresenta o escopo da história a partir da perspectiva divi- rnde, Ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe
na. Sua mensagem é de certeza. A despeito de todas as aparências do contrário, a possa deter a mão, nem lhe dizer: 'Que fazes?'" (Dn 4:34-35),
humanidade não é deixada às forças da ganância e ambição humanas ou à mera A supremacia divina está cnraizada no fato de que somente Ele vive pura sem
sorte, Deus está no controle da vida hoje. Ele governa nos reinos dos homens para prl' (cf 4: ,4; 6:26), que seu dom í n io t\ eterno (2:44; 4: 1; 6:26; 7:9), l~ que FII' 11i1( 1
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANJI'I

presta contas nem aos poderes do Céu, nem às pessoas na terra. A magnificência (I :2; 4:36; 5:28; 7:6; 9: 1). Mesmo aquele "como o Filho do Homem" recebe o "do-
divina é revelada pelos nomes atribuídos a Ele nesse livro. minio, e glória, e o reino", assim como "o povo dos santos do Altíssimo", das mãos
Designações usadas pelos israelitas e estrangeiros incluem as seguintes: "Deus do Ancião de Dias (7: 13-14, 27).
do Céu" (2:18-19,37,44), "Rei do Céu" (4:37), "Céu" (4:26), "Altíssimo" (4:17, 25; Dessa forma, Deus pode determinar os dias da potestade cujo reino encontra-
7:25), "Deus Altísslmo" (3:26; 4:2; 5: 18, 21), "Deus dos deuses e Senhor dos reis" ~(' em falta, trazê-Ío a um fim, e dá-lo a outro (5:26-28). Ele pode humilhar o
(2:47), "Deus dos deuses" 01:36), "Deus vivo" (6:20), "Deus de meus pais" (2:23), urgulhoso (4:37) até que "conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio
"Yahweh" (9:2, 4, 13-14,20), "Senhor" 0:2; 9:3, 7, 8, 19, etc.), "Príncipe do exérci- '" .bre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens
to" (8: 11) e "Ancião de dias" (7:9,13). ((Institui sobre eles" (4:17). Esses conceitos teológicos são nada mais que uma
Para Daniel, assim como para Isaías e Jeremias, há apenas um Deus verdadei- d('monstração da autenticidade e aplicação da sabedoria israelita em referência à
ro, cuja habitação está nos Céus. Falsos deuses e o culto a eles são mera vaidade vxaltação e humilhação de reis (cf Jó 34:16-30; 36:5-14; Pv 16:12).
(2:18,37). O arrogante desafio de Nabucodonosor expresso nas palavras "E quem Todos os reis e impérios devem prestar contas a Deus. Deus fala sério, e deso-
é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?" apenas intensifica o contraste Iwdiência voluntária resulta em terríveis consequências para israelitas ou pagãos,
entre a potestade terrena e o Senhor divino quando o rei babílõnico finalmente rndivíduos ou nações. Foi a rebelião deliberada de Israel e desobediência à lei de
é forçado a curvar-se em homenagem ao Deus de todas as nações (3: 15, 29). Ynhweh dada por meio de Moisés e pelas instruções dos profetas que ocasionou a
A soberania divina também é demonstrada pela sabedoria ímpar de Deus. Do dl'struição de Jerusalém (9:9-13). No final, nenhum indivíduo ou reino escapa do
Deus do Céu "é a sabedoria e o poder. ... Ele dá sabedoria aos sábios e entendi- "ligamento divino (4:5; 7:9-14; 12:1-2).
mento aos inteligentes. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está Deus não só sabe, como também age. Ele, que determina a história, também
em trevas, e com ele mora a luz" (2:20-22; cf v. 47; Is 45: 1-7). Os homens mais uucrvém nela. As experiências de Nabucodonosor e Belsazar (caps. 4 e 5) mos-
instruídos e sábios do reino reconhecem suas limitações quando Nabucodonosor 11:1m que o Deus de Daniel revela seu plano e o coloca em prática da maneira mais
38 pede-lhes que reproduzam seu sonho. Nenhum homem na terra pode relatar o so- , -pctacular. Isso também é mostrado pela justaposição dos capítulos 8 e 9-12. 39
nho do monarca e dar sua interpretação (cf 4: 18) "A coisa que o rei exige é difícil, Essa visão do capítulo 8 (dada no terceiro ano do último rei de Babilônía)
e ninguém há que a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram d,'signa a Medo-Pérsia como o próximo império (8:20). Tal revelação teria assegu-
com os homens" (2: 11, grifo nosso). r.ulo ao profeta o futuro cumprimento das profecias dos capítulos 9 e 10-12, as
A Fonte de sabedoria revela mistérios e conhece "o que há de ser nos últimos 'I1I:lisforam dadas alguns anos depois que Dario, o Medo e Ciro haviam sucedido
dias" (2:28-29, 45). O conhecimento divino é também demonstrado na habilidade 1\\'lsazar. O fato de que Deus não apenas revela, mas também intervém é signifi-
de Daniel de retomar o sonho do rei e apresentar seu significado (2:30; cf. 5: 11). , di ivo, pois desafia a idéia defendida por alguns de que o Deus da "apocalíptica"
Daniel apenas pode interpretar a visão do capítulo 4 e a escrita do capítulo 5 por , I'ompletamente distante e transcendenrs.P? Não devemos passar por alto esse
causa do "o espírito dos deuses santos" 4: 18; 5: 11-12). Da mesma forma, nas visões I~pl'cto da intervenção divina ao focarmos a presciência e determinação divinas
do começo do capítulo 7, é Deus que torna conhecido o que irá acontecer "nos ,L, história, um tema para o qual retomaremos depois."?
últimos dias" (cf. 8: 17, 19; 10:14; 12:9). Alguns atribuem a oração do capítulo 9 a um autor diferente porque pensam
A Majestade eterna e sábia dos Céus também possui poder inigualável. Ele, a '1"1' sua teologia difere do restante do livro - um procedimento um tanto arbitrário.
quem pertence todo o poder, faz o que lhe apraz com os habitantes dos Céus e da M:lS se o relato é aceito sem questionamentos, ele retrata Daniel relembrando os
terra (2:20; 4:35). A liberdade de Deus para agir é reconhecida por Daniel e seus 1Hldvrosos atos divinos de libertação do Egito e suplicando por outra intervenção
amigos (3:17-18; 4:27). O Eterno estabelece limites pre-determinados à posse dos IHldnosa para a salvação em favor do povo escolhido (9: 14-16)yl Os atos salvíficos
impérios mundiais e verifica seu exercício e escopo de poder. É o Deus dos Céus ,I" Y:lhweh a favor de Israel não são meramente eventos de um passado distante. A
quem muda os "tempos e as estações" e "remove reis e estabelece reis" (2:21). 1111111':1
salvação dos santos pelo Ancião de Dias e por Míguel é garantida pelo teste-
Todo reinado, grandeza, majestade, poder e glória vem do Altíssimo (2:37; '''"Ilho de Nabucodonosor c Dano de que o Deus vivo liberta, resgata e faz sinais e
4:2S; S: 18). Monarcas terrenos, bons ou maus, pagãos ou israelitas, exercem seu I""dfgios (7:21-22,27; 12:1-2; 1:29; 6:26-27), A própria promessa da ressurreição é
rcin.nlo .rpcnns pela graça divina e não meramente por "direito legal" ou conquista 11111:1dI'Jll0I1Slr;H;:lo ;ldiciol1;i! tI:! lidt'r:llH;a de l)l'llS t' de seu poder para salvar.
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

ESTUDOS SOBRE DANIFI


Daniel também descreve seu Deus como justo, misericordioso e clemente. O
ampla, global é que domina o livro. O Deus dos Céus, que controla toda a história
Altíssimo decretou que sete anos deveriam passar sobre Nabucodonosor até que ele
l'determina o futuro, é também o que guarda as alianças, conhecid() dos israelitas.
soubesse que o "Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem
I:m majestade inigualável, rodeado por uma hoste celeste, Ele illt\'l'Vl'm na histó-
quer". Mas, o profeta suplica ao rei que ponha termo em seus pecados para que
ria e não permite que nada frustre seu propósito final.
"talvez se prolongue" a tranquilidade do monarca (4:25, 27). O chamado ao arre-
pendimento foi ignorado, mas a presciência dos Céus ficou firme e reivindicou.
Daniel considera a misericórdia e o perdão do guardador das alianças, Yahweh,
como a única base sobre a qual pleitear o caso da pecaminosa nação de Israel (9:4- A FUNÇÃO DOS ANJOS
19). A oração relembra o trato bondoso de Yahweh para com Israel no passado
e chama a atenção para o fato de que a graça de Deus merece uma resposta de No livro de Daniel, a "palavra do Senhor" nunca é dada diretamente ~'()11I11 I"
confiança obediente. o caso nas profecias clássicas. Essa é uma das razões por que estudiosos de l):tllll'l
Embora os impérios terrenos possam seguir um ao outro em sucessão, o Deus :dgumas vezes hesitam em indicar o escritor do livro como um profeta. Em VI'
do céu assegurará o estabelecimento do seu eterno domínio no final. Seu reino disso, Deus geralmente usa intermediários. Embora o próprio Daniel interpreta
jamais será destruido e nunca passará a outro povo exceto o seu próprio (2:44; I)S sonhos de Nabucodonosor e Belsazar, agentes espirituais atuam como intér-
6:26; 7:18). Tais garantias devem ter sido particularmente significativas quando a pretes nos capítulos 7-12. Na maioria das vezes, o anjo intérprete no livro de Da-
Autoridade divina pareceu estar obscura pela derrota, calamidade, cativeiro, per- niel é Gabriel. (O angelus ituetpies é também encontrado em outros documentos
seguição, cruel ridicularização e dúvida de Israel. bíblicos classificados como "apocalípticos"). É esse uso de intermediários que
No entanto, as predições de Daniel não prometiam exatamente paz e pros- tem levado estudiosos da literatura exemplificada pelo livro de Daniel a falarem
peridade. Os santos seriam perseguidos, brutalmente afligidos e finalmente pas- do Deus transcendente e distante na "apocalíptica".
40 sariam por um tempo de angústia qual nunca houve (7:21, 25; 8: 10., 24; 11:33; Na cena do julgamento, no capítulo 7, o "Ancião de Dias" está rodeado por 41
12: 1). Os saques constantes de Nabucodonosor a Jerusalém e a destruição do III iríades de seres celestiais (7: 10). Conselhos ceiestiais semelhantes estão reuni-

templo seriam evidências de que o Deus de Israel é muito pequeno ou de que Ele dos ao redor de Deus em 1 Reis 22: 19 e jó 2: 1. A atividade dos anjos no AT é pro-
abandonou seu povo? vavelmenrs mais proeminente em Daniel. Um anjo protege Daniel na cova dos
A resposta de Daniel é ao mesmo tempo realista e encorajadora. Ele não nega leões (6:22) e, na mente de Nabucodonosor, aquele "semelhante a um filho dos
a perseguição injusta ou mesmo a morte dos piedosos. O profeta simplesmente deuses" é um anjo enviado por Deus para livrar seus servos da fornalha ardente
convida seus leitores a discernir por trás e além de suas imagens e visões as evidên- 0:25, 28). "Um guardião, um santo" desce dos Céus no sonho de Nabucodono-
cias da presença de Deus. Na época em que escrevia, a visão do profeta foi aberta sor e revela o futuro imediato do rei (4: 13). A sentença é proferida sobre o mesmo
para contemplar os emissários celestes em combate cósmico a favor do povo de rei "por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos" (4: 17).
Deus (cap. 10). O Todo-Poderoso se recusa a impor sua vontade diretamente sobre Um espectador celestial interpreta o sonho do capítulo 7 (7: 16). Gabriel ex-
os imperadores, contudo Ele está no controle da história. plica a visão do capítulo 8, vem oferecer sabedoria e entendimento da visão no
Libertação no passado aponta para salvação no futuro. Embora a ressurreição l';)pítulo 9, e explica o que irá acontecer ao povo de Daniel no futuro (8:16; 10:14).
seja primeiramente uma demonstração da soberania divina, é também uma defesa Daniel Ouve dois seres celestiais conversando em 8: 13-14 e contempla a aparência
da bondade e poder de Deus. Assegura aos piedosos que a ignomínia presente ou hrilhante de um "homem vestido de linho" (10.:5-9).
futura, a injustiça ou mesmo a morte não podem obscurecer o propósito divino, O profeta é informado de que Miguel ("um dos principais príncipes") e outro
para eles. No final "os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para sn celestial (provavelmente Gabriel) estão envolvidos numa controvérsia com su-
todo o sempre, de eternidade em eternidade" (7: 18). postos príncipes angélicos da Pérsia e da Grécia (10.:13-21; 12:1). Aqui, Daniel tem
Resumindo, Daniel ensina que o Deus verdadeiro é um Soberano celestial 11111 vislumbre do combate cclcsrin] entre poderes da luz e das trevas, um combate
eterno, sábio, poderoso, justo, misericordioso e clemente. O Deus de Daniel go- 1/11<.' tem UI11 correspondente n:1S lurns históricas na rcrrn.!'? O livro é excepcional
verna Israel, e ainda mais, Ele governa as nações do mundo. Essa perspectiva mais 1'111 arribuir impOI'I:lncia t'SIWl'/(ica:1 anjos individuais.
ESTUDOS SOBRE DANII'I
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

calamidade de Israel nada mais era do que uma confirmação das palavras ditas
NATUREZA HUMANA por Deus contra eles e seus governantes (9: 12).
Ambas as partes do livro testificam do extermínio das nações consideradas
A visão de Deus e seu séquito celestial ajuda o profeta a reconhecer as limita- inadequadas ao governo pelo Senhor dos Senhores. Os privilégios do "reino e
ções e os valores de todos os homens. De Nabucodonosor vem o reconhecimento grandeza, glória e majestade" haviam sido franqueados a fim de que potestades
de que diante do Eterno "todos os moradores da terra são por ele reputados em terrenas assim favorecidas pudessem "praticar a justiça" e mostrar "misericórdia
nada" (4:35). Daniel relembra Belsazar que sua própria vida está nas mãos de aos pobres" (5: 18; 4:27). Yahweh tinha concedido extraordinários privilégios a
Deus, assim como todos os seus caminhos (5:23). A marcha de monarcas e impé- Israel a fim de que pudesse ser sua testemunha e declarar seu louvor (9: 15, 19;
rios nas páginas deste livro é uma constante recordação da fragilidade humana. cf. lsaías 43: 12, 21).
Entretanto, Nabucodonosor se recusa a admitir sua humanidade e se gaba, O livro de Daniel é um constante recordar da realidade do julgamento. O
dizendo: "Quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?" (3: 15). Ana- nome de seu autor provavelmente significa "Deus é meu juiz". O fato de que o
lisando a obra de sua mãos, o rei se jacta: "Não é esta a grande Babilônia que eu Deus de Daniel é o supremo soberano do qual a vida e força humanas depen-
edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para gLória da minha majes- dem é razão de sobra para o ser humano prestar-lhe contas (5:23). Haverá um
tade?" (4:30, grifo nosso; cf. 5:20). A violação de Belsazar dos vasos sagrados do dia quando livros serão abertos e sentenças proferidas (7:9-14) e aqueles que se
templo foi o sinal de que esse bêbado devasso se levantou "contra o Senhor do acharem inscritos no livro serão salvos (12: 1-2).
Céu" (5:22-23). Um remanescente que leva a sério o favor divino também é evidente nas
A arrogância do homem não conhece limites e até aspira a se igualar ao mensagens deste livro. Lemos sobre Daniel, seus amigos, e de uma incontável
"príncipe do exército" (8: 11). Antes da intervenção divina final, Daniel prediz multidão chamada de "os santos [literalmente' os sagrados'] do altíssimo".
que um rei terreno fará o que quiser e "se levantará, e se engrandecerá sobre Para Daniel e seus amigos, a lealdade a Deus é mais importante do que a
43
todo deus; contra o Deus dos deuses" (11:36). própria vida. Eles se recusam a comer alimentos ofensivos à sua consciência ou
42
A tragédia disso tudo é que o homem peca a despeito de seu conhecimento. a se ajoelhar diante de ídolos de qualquer espécie. Sua confiante obediência é
Belsazar deveria conhecer mais ao invés de repetir os erros de Nabucodonosor incrível. Eles afirmam sua lealdade e convicção de que Deus é capaz de livrá-
(5:22). Israel se rebelou contra o Deus "que guardas a aliança e a misericórdia para los, mas "se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem
com os que te amam e guardam os teus mandamentos" (9:4). O pecado de Israel adoraremos a imagem de ouro que levantaste" (3: 18). Sua lealdade não apenas
é tão infame que é comparado à traição (9:7). A confissão de Daniel é um comen- testifica do compromisso deles, mas também os guia à salvação (3:28; 6:22).
tário inteligente sobre o coração humano quando se volta a Deus: "temos pecado A experiência de Daniel e seus contemporâneos prenuncia a experiência
e cometido iniquidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando- dos santos mencionada mais tarde no livro. Eles são igualmente ameaçados
nos dos teus mandamentos e dos teus juizos, e não demos ouvidos aos teus servos, com sofrímento, distinguidos por sua lealdade, e finalmente salvos. Os santos
os profetas, que em teu nome falaram ... A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a são o povo especial de Deus na terra, que sofre perseguição intensa por um
nós, o corar de vergonha, como hoje se vê ... Ao Senhor, nosso Deus, pertence a determinado período de tempo. Por meio de um veredicto judicial, finalmente
misericórdia e o perdão, ... todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não temos recebem o reino de Deus e a vida eterna (7: 18, 21-22, 27).
implorado o favor do SENHOR,nosso Deus, para nos convertermos das nossas ini- Hasel conclui que "os santos do Altíssimo" em Daniel 7 devem ser identifi-
quidades e nos aplicarmos à tua verdade" (9:5-13). cados com os fiéis seguidores de Deus que constituem seu povo remanescente,
Entretanto, ninguém escapará da responsabilidade. Privilégios implicam res- que são seus escolhidos, separados do restante das nações, perseguidos pelo
ponsabilidades, e respostas (positivas ou negativas) determinam recompensas. poder que se opõe a Deus, mas mantêm a aliança, sua confiança e fé em Deus,
Nabucodonosor foi restabelecido ao seu reino em virtude de seu arrependimen- de quem finalmente recebem um reino eterno".'!' Assim, no livro de Daniel,
to. A esperança da restauração de Israel estava, da mesma forma, no arrependi- Deus não desiste do homem. Seu objetivo na criação é alcançado no eschaton,
mento e mudança. A sentença foi proferida aos dois monarcas babilônicos, e a ou seja, no fim dos tempos (Gn 1:26; Dn 7:27).
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANIFI

DIMENSÕES HISTÓRICAS IH"rios terrenos ... A fim de que o cenário mundial tivesse qualquer sentido nesse
1I111 texto, era necessária uma visão mais abarcante, na qual outras grandes na-
Em Daniel, as perspectivas humanas e celestes se encontram no contexto da 1,lll'Snão estivessem apenas incluídas, mas também desempenhassem um papel
história. Enquanto Deus fica acima e no controle da história, Ele também in- unportante."!" A interpretação histórica baseada na lealdade nacional agora ti-
tervém nela, a arena dos acontecimentos humanos. De fato, foi a intervenção Ilha que ser expandida. Expressões proféticas como "naquele dia", "terremotos",
sobrenatural nos assuntos de Israel que o livrou do jugo de concepções politeístas "rscurecimento do sol e da lua", "fome" e "silêncio" - tão familiares aos ouvidos
tortuosas da realidade e lhe deu um senso único de história linear que se move a "'raditas - tinham que se adequar a novos idiomas escatológícos.
partir de um início claro a um objetivo igualmente distinguível.!" Daniel também vê a história humana da perspectiva divina. É seu resumo da
Illsrória mundial a partir da perspectiva divina que enfatiza uma medida de des-
1ontinuidade entre Daniel e a profecia clássica em geral.
o LUGAR DE ISRAEL E OS GENTIOS
Uma vez que nosso autor tenha vivido e escrito na época do exílio, ele come-
Antes de Daniel, escritores bíblicos já haviam delineado a atividade divina l,lIll sua história com o cativeiro babilónico, pressupondo o período pré-exílico.
na história como uma operação da sua salvação. Entretanto, dentro do esquema l-so fica evidente em sua oração do capítulo 9, na qual faz alusão ao êxodo, à alian-
histórico da salvação, parecia haver pouco espaço para aqueles fora de Israel. En- 1,.1no Sinai e ao tempo dos reis e dos profetas. Começando com o sexto século, a
quanto Gênesis 12: 1-3 tem um lugar para as nações, as alianças (com os patriarcas, Illmpreensão do autor da história se amplia e ele leva em conta não apenas a fé
a nação, o rei Davi) focam basicamente o povo escolhido. A profecia clássica con- ,lI' Israel, mas também aquela dos reinos do mundo dentro do propósito divino.
centra-se em Israel, Jerusalém e Terra Prometida; menciona, casualmente, nações lmalmente, a história culmina com o reino eterno escatológico.!'?
estrangeiras num contexto salvífíco (como em Is 2:2-4 e seu paralelo em Mq 4: 1-4;
Is 42:4; 49:6; 56:3-7).
44 I"IXO HORIZONTAL DA HISTÓRIA
A maior parte das revelações, porém, são contra estrangeiros (por exemplo, Is 45
13-23; [r 46-51; Ez 25-32; J13; Am 1-2). Mesmo com os profetas do exílio, o povo ontudo, a história assume duas dimensões. Ela tem um eixo horizontal e um
não-israelita ainda figura de certo modo perifericamente em revelações ou visões \,' rt ical. O horizontal é expresso na cronologia do livro. Datas, o "esquema dos
de controvérsia escatológica. A ênfase é colocada sobre Israel e seu retorno como I/IWro impérios", "semana de anos" (9:24-27), expressões como "depois disto" (7:6,
um cumprimento das promessas divinas à nação. Tais promessas foram dadas no ,9:26), "outro" (7:3, 5-6, 24) "diferente" (7:3,7,19), "tempo determinado" (8:19;
contexto da interpretação de Deuteronômio da história, a qual se baseava na leal- 11:27,35), "tempo do fim" (8:17; 9:26; 10:14; 11:40; 12:4,9, 13), "últimos dias"
dade da nação à aliança feita pela graça de Deus. (1:28; 8:23; 10:14), "qes" (literalmente "fim", mas traduzido de diferentes maneiras
No entanto, Daniel assume uma instância mais ampla e aplica as verdades 11I111:6, 13, 27, 35, 40, 45; 12:4,6,9, 13) e a marcha progressiva dos reis e reinos
vitais à sua fé a todas as nações. Ele tem uma visão mais abarcante e universal da 111Icapítulo 11, tudo transmite um sentido de sucessão temporária. O reino de
história, semelhante àquela dos primeiros capítulos de Gênesis. Sua perspectiva I )I'IISestá cronologicamente no futuro e ainda não governa o mundo presente.
mais ampla inclui o cumprimento do propósito divino para' o mundo no qual A esquematização da história (a divisão do mundo em períodos sucessivos
todos os povos da terra seriam abençoados por meio de Abraão (Gn 12:3). ruovcndo-se em direção a uma era final de estabilidade) pode ser descrita como
Embora Daniel não tenha se esquecido de Jerusalém ou da "terra gloriosa" 1IIIIateologia da história. O esquema dos quatro impérios é um novo discurso não
(1:1-3; 9:2-27; 8:9; 11:16), sua visão se expande e tem uma visão da história como 11~.(dopelos profetas. Eruditos têm sugerido que foi emprestado de uma variedade
um todo. Ao viver numa terra estranha, talvez fosse mais fácil para ele compreender di' fontes incluindo babilônica, persa, grega e romana.!" Entretanto, problemas
o lugar de impérios estrangeiros no esquema histórico abarcante dentro do qual o ,11' .lnta e conteúdo fazem-nos questionar qualquer fonte direta. Apesar disso, um
propósito de Deus é levado a cabo. Há sinais disto nos profetas, mas apenas em 11I1111'llipo
comum do antigo oriente médio com "um esquema de reinos, dinastias
Daniel isso se vê declarado tão explicitamente quanto o seria mais tarde no NT.1l5 1111impérios sucessivos, é provável"."? J. Barr comenta:
orn a queda de Jerusalém e [udá, a história de Israel jamais seria a mesma. "/\ idl'ia da divisào dn cxisrêncin do mundo em períodos é comum. Mas em con-
/\ part ir de então, a história de Israel estaria "entrelaçada com a dos grandes im- 1IIIIllidadv com () inlCI'l'sse isral'lil:l na hislúria, os períodos não são condições mi-
ESTUDOS SOBRE DANII'I
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

tológicas sucessivas da humanidade (Hesíodo) ou estados cosmológicos sucessivos obviamente não é equivalente a fatalismo. Não há lugar para o arrependimento
110 contexto do fatalismo; no entanto, é isso o que Nabucodonosor é chamado :l
de coisas criadas (religião iraniana); são períodos históricos de domínio imperial.
Daniel não tem 'quatro períodos mundiais'; ele não imagina que a história começa 1;lzer (4:27). Do mesmo modo, a profecia das semanas de anos é precedida por uma
com Nabucodonosor. A série começa com o exílio dos judeus e conduz ao reino do oração de confissão e arrependimento.
seu Deus .... O esquema não é cíclico, pois o reino divino não tem fim."120 No livro de Daniel, as ideias de "determinismo" divino e liberdade humana
Os sonhos e visões de Daniel compreendem a época do exílio até o estabeleci- coexistem e não devem ser vistas como conceitos contraditórios. A religião bíblica
mento final e supremo do reino de Deus, quando a ressurreição vence a morte c II:'iOdeveria ser posta em uma camisa de força da lógica filosófica.V' Possivelmente,
os santos recebem o domínio para todo o sempre. Uma sólida análise exegética c lermos como "intencionalidade divina" e "presciência" expressam de forma mais
histórica respeitará esses detalhes bíblicos e fará justiça a este amplo esquema histó- .idequada os conceitos na mensagem de Daniel.
rico, levando-nos a nada menos que o total estabelecimento do reino de Deus.!" Não há predeterminação psicológica do indivíduo. Em vez disso, há uma in-
rcnção divina e uma presciência de eventos futuros. A ideia de "determinismo"
evidenciada nas profecias desse livro de modo nenhum elimina a relevância da
"DETERMIN1SMO" E HISTÓRIA decisão humana.F" Concordamos com Collins quanto ao seguinte:
Uma vez que toda a história foi divinamente traçada - uma posição bíblica "Embora seja verdade que nenhuma decisão humana poderia mudar o curso
repulsiva à atmosfera empírica moderna - o futuro (num certo sentido) está ne- dos acontecimentos, o destino do indivíduo não é predeterminado. Em Daniel,
cessariamente predeterminado. Assim, de acordo com a profecia do carneiro e do I"possível apoderar-se da aliança ou traí-Ia, e o povo pode ser levado à justiça. Os
bode (cap. 8, escrito durante os últimos anos da supremacia babilônica, por volta sábios podem ser provados por Deus, e o teste implica que eles são livres para de-
de 548/547 a.C}, é dito que os poderes medo-persa e grego claramente identifica- ridir. Em suma, apenas o curso do universo e dos eventos é predeterminado. Esses
dos sucederão Babilônia e precederão a atividade do chifre pequeno (8:20-21). O tormam uma moldura na qual cada pessoa deve tomar sua posição."l29
46 período compreendido pelo domínio medo-persa e a vida de Alexandre, o Gran- Daniel não vê problema ou contradição entre a atividade de Deus na história 47
I' a liberdade humana. Sua vontade predestinada não prevalece sobre a liberdade
de, abrange pelo menos duzentos anos após a morte de Daniel.
De acordo com o capítulo 8, esse período foi tão inevitável quanto o de sema- humana. O individuo é livre para tomar decisões. Mas qualquer decisão é toma-
da no contexto do inevitável desdobrar dos acontecimentos. Os homens podem
nas de anos anunciado em 9:24-27.122 Assim como animais de vida curta designam
escolher servir à vontade divina dentro do curso de eventos determinados pelo
impérios de longa existência, curtos períodos de tempo intercalados dentro do
Soberano divino.
contexto desses animais por necessidade, também designam longos períodos de
Pelo retrospecto, Nabucodonosor reconhece a presciência do Altíssimo com
tempo. Essa esquematização que o livro de Daniel faz da história (também presen-
respeito à sua própria vida. Da mesma forma, os leitores podem confessar que
te em outros escritos apocalípticos) tem levado os estudiosos a falar de "determi-
123 elementos proféticos já cumpridos corroboram a presciência do Altíssimo. É pri-
nismo" na literatura apocalíptica.
I'ilcgio do homem cooperar e servir, mas não arrogar-se o direito de determinar o
Embora profetas e escritores da literatura de sabedoria não estivessem alheios
que deveria ou não ser o plano e o propósito divino. O livro de Daniel informa
a tempos determinados da vida humana (Ec 3:1-8,17; 8:6), "determinismo é um
seus leitores que apenas Deus determina o curso final da história.
fator muito mais definido na teologia do livro [de Daniel] do que em qualquer
outra parte do AT" .l24 Da mesma forma, todas as coisas operam em harmonia
EIXO VERTICAL (ESPACIAL) DA HISTÓRIA
com o plano já determinado. O cumprimento de partes de uma previsão garante
o cumprimento do restante da profecia. O leitor pode colocar-se a si mesmo na Já mencionamos o fato de que na teologia de Daniel a história tem uma dimen-
marcha histórica mundial.l25 A ideia do "determinismo" é evidente em ambas as -no horizontal e vertical. Enquanto a primeira se expressa num eixo cronológico, a
partes do livro (4:14,25; 2; 7-12). ult ima é vista num eixo espacial. O eixo vertical da história se concentra no contraste
D. S. Russell observa com propriedade: "Uma consideração do determinismo I'spacial presente entre Ct'lI L' terra, anjos e humanos. Danicl possui a habilidade -
I da história conduz a outro assunto estreitamente interligado, o da relação entre t:IOcnrnctcrlstiru nos hOI1lL'nSantigos, porém rara nos modernos - de perceber a his-
I a liberdade humana e o controle divino."126 No livro de Daniel, "determinismo" 1\'II'ial1ao mcrnnicnu: Cllmo algll Clll1dil'illnadll por l(lI\":ls nuucrinis l' l'conl>micas.
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANIEL
Assim, no capítulo 10, a controvérsia de Miguel e Gabriel com príncipes da
uv), definida com mais precisão, está especialmente interessada na "era porvir"
Pérsia e da Grécia são correspondentes à experiência do povo de Deus com os po-
uvssc segundo aspecto desse contraste em que agora nos deteremos.
deres contemporâneos dominantes na terra. A batalha arquétipa no Céu garante
a Daniel e seus contemporâneos que Deus e os seres celestiais estão grandemente
NATUREZA DO REINO ESCATOLÓGICO
interessados nas suas presentes vicissitudes. A intervenção de poderes celestes não
está meramente limitada ao final dos tempos! ( ) fato de as visões dos capítulos 2,7,10-12 todas terminarem com o reino
Por trás das lutas na terra, Daniel percebe um conflito que ocorre num nível !lllllógico (2:44; 7:27; 12:2) assegura ao leitor que nem as circunstâncias histó-
cósmico no Céu. Concordamos com Gammie que o livro de Daniel "ensina não I"I'" nem as existenciais irão interromper o Propósito divino. Ao passo que está
apenas que há planos duais, Céu e terra, mas que os acontecimentos em um plano III!I que Daniel não tem dúvida sobre o estabelecimento do reino final, é difícil
podem afetar significativamente o que acontece no outro" .130 It 1111 ir precisamente a natureza desse reino. É um reino israelita nacional, restau-
O eixo espacial da história está evidente também em 7:9-14. O olhar do pro- "1,1,I, mundial, que remove as nações pagãs, mas que dá continuidade à história
feta muda do mar agitado pelo vento e caos na terra descritos nos versículos an- "11111tal?136Ou é um reino celestial, transcendente, que aparece de repente no
.teriores para a ordem e calma da esfera celestial, onde o Ancião de Dias preside o ""llIdo e põe fim à história?137
julgamento. Da mesma forma, a linguagem de 8:9-12 e 11:36-39 expressa ambas as ( 'orn frequência, decisões a esse respeito são empreendidas da perspectiva da
dimensões vertical e horizontal. O contraste espacial é evidenciado na expansão 11"'I,lllIra apocalíptica não-bíblica atual como um todo, ao invés de a partir do livro
horizontal de território do chifre pequeno. Seu impulso vertical é visto na sua '" Il:iniel. Tal procedimento, no entanto, só traz problemas, pois introduz critérios
atividade contra o "exército do Céu" e o "Príncipe do exército'l.Pl O chifre infame 11111r.into quanto inconsistentes. Infelizmente, a falta de informação detalhada no
faz com que alguns do exército e algumas das estrelas se precipitem para a terra; ele 11\111de Daniel impede um simples acordo com respeito a esse tema. Collins está
remove o tãmid ("diário") e pisa o lugar do santuário do Príncipe. l lI!I quando afirma que "não se pode dizer que o livro de Daniel exclui qualquer
48 Daniel11:36 declara que esse mesmo tirano "se levantará, e se engrandecerá I"~N:L~ interpretações de forma definitiva ... Daniel simplesmente não apresenta
sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis". A fraseologia 11111.1doutrina de escatologia sistemática totalmente desenvolvida."l38
49
em ambas as passagens é uma forte reminiscência das declarações arrogantes e l'a rcce que Daniel permite ambas as interpretações. 139No capítulo 7, o "reino, e
blasfemas da figura de Lúcifer descrita em Isaías 14: 13-14.132 Estudiosos reconhe- 1,1,1111ínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o Céu" (v. 27), foram dados ao
ceram de modo correto que dentro desse contexto de dualismo espacial, o confli- 11111
.'omo o Filho do Homem" (v. 13). Eles também são dados (presumivelmente
to do chifre pequeno não pode ser limitado a uma expansão horizontal. I" 1" "11m como o Filho do Homem") aos "santos do Altíssimo" a fim de que os
Embora essas passagens descrevam lutas políticas e religiosas, o pequeno chifre IIIIIIIIIISpossuam "para todo o sempre, de eternidade em eternidade" (v. 18). Exceto
do capítulo 8 e o rei do capítulo 11 levantam-se contra o próprio Céu.133 Nesses 1,,1,,1:110de que o reinado originou-se com o Ancião de Dias no Céu, e, portanto, é
versículos, o "lugar do santuário" dificilmente pode ser restringido ao templo ter- I, '1I11~l'mcelestial, nenhuma mudança cataclísmica no Céu e/ou na terra é listada
restre, mas deve estender-se além, ao santuário celestial. A ideia de um santuário 11'1',Ipítulo em conexão com a apropriação do domínio pelos santos. Isso passa a
celestial como um correspondente do templo terrestre é encontrada tanto no anti- IIIIj11('ss;io de que a essência do capítulo 7 é descrever um reino nacional.
go oriente médio como no AT. É em tal templo/santuário celestial que Deus reside A referência à ressurreição em 12: 1-2 pressupõe ao menos uma intervenção di-
e do qual suas ações emanam. Embora cosmograficamente distinto, as funções dos 111.1
que levanta os mortos de seu sono no túmulo. Assim como no capítulo 7, um
santuários celestial e terrestre são conceitualmente inseparáveis no AT. 134 id",IIIH'nto precede a recepção do reino também no capítulo 12, um julgamento pre-
,,11 ,I ressurreição na qual um seleto grupo de pessoas recebe a vida da "era porvir".
11,,Ijlflldo 12, contudo, nada é dito sobre domínio ou reinado. Apenas lemos que
EsCATOLOGIA EM DANIEL 1
1'1" I('~que a muitos conduzirem à justiça resplandecerão "como as estrelas sempre e
I, 1II,lIl1l'11Il'''.Devido ao IlIgar proeminente da ressurreição no capítulo 12, estudío-
O livro de Daniel também contém um dualismo temporal, ou seja, um con- I' 1Ilidem a argtlnH'nl:lr que esse cnpírulo ilustra () reino transcenclental.
I rastcentre " esta era ""e a era porvir.. " 135A escato I'ogia (d . dos eventos f1-
a outnna 11I/\'lizllll'nll', l'sllIdiosos COIll (rl'qlll~ncia passam por alto a mensagem do ca-
:!, tla IIllal <I l\'iIH) ,'sl";II<1It"ginl I" dl"snil<l vrn Il'rmos nacionais l' t r.msccn-
111111111
EsTUDOS SOBRE DANIEL
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

"/\ luz do que precede e devido à sua particularidade, o termo mãsiah não quer
dentais. Por um lado, a declaração de que "o Deus do Céu suscitará um reino que
, I IIm Messias em particular em meio a outros que têm uma certa missão, mas
não será jamais destruido, este reino não passará a outro povo; ... subsistirá para
, dl' fato o Messias por excelência. Consequentemente, não é de se surpreender
sempre" (2:44) ecoa o pensamento de 7: 18, 27.
1"' i-ssc Messias tenha algo a ver com o rabbim [o "muito"], uma palavra que tem
Por outro lado, 2:34-35, 44b retrata o estabelecimento do reino por uma pe-
'li I íorte conotação universal. Ele é o Messias de todos os povos." 143
dra "cortada sem auxílio de mãos". Ela fere a estátua, esmiúça todos os reinos
I lllrra figura proeminente no livro de Daniel inclui o "semelhante ao Filho do
anteriores, leva-os a um fim, e se torna uma "grande montanha" que enche "toda
1"1111'111"
e "Miguel". O "um como o Filho do Homem" de 7:13, 14 levantou uma
a terra". Obviamente, eventos catastróficos são citados nesses versículos.""
Torna-se aparente, então, que a natureza do reino escatológico de Daniel, embora "dllplicidade de teorias de origem e interpretações que não necessitam ser dis-
em nenhuma parte tenha sido esboçado de forma sistemática, opõe-se às grosseiras IIII.I,ISaqui.!" Essa figura daniélica aparece "com as nuvens do Céu", então vem
alternativas ocasionalmente apresentadas pela literatura secundária. O livro parece 1'1'-,I'nça do Ancião de Dias e é apresentado diante dele. A imagem da nuvem
apresentar um reino final, o qual, após um julgamento geral, origina-se com o Ancião 111"II' a origem sobrenatural e natureza dessa figura (SI 104:3; Is 19: 1).
de Dias no Céu e é dado (provavelmente por meio do "semelhante a um Filho do "11,imínío, e glória, e o reino" são dados a "um como o Filho do Homem"
Homem") aos santos. Todos os outros reinos terrestres foram destruidos de modo ,'111 IJIIC "os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem". A palavra
sobrenatural antes de o reino escatológico ser estabelecido após as calamidades apo- 1'lllI:lduzida "servissem" V/Zab) no aramaico bíblico designa consistentemente
calípticas no clímax das eras. Os santos, incluindo aqueles levantados de modo sobre- , 1\ 1,'1)religioso, "culto" ou "veneração" tanto ao Deus de Israel como às deida-
natural do túmulo para a vida eterna, reinarão e dominarão para todo o sempre. I',IJ:as (3:12, 14, 17-18,28; 6:16, 21; 7:14, 27; Esdras 7:24).145 As palavras que
11,1111'111
7:14 são reminiscentes das doxologias recorrentes evidenciadas em 4:3,
I. ,1 I(),que atribuem louvor e reinado eterno ao Deus Altíssimo. Se essa doxolo-
TEMAS ESCATOL6GlCOS ti' 1117:14 se aplica ao "um como Filho do Homem", uma razão extra é provida
51
50 No livro de Daniel, passagens que focam o fim são surpreendentemente poucas 1'1111,1tradução depelab como "servir".
e limitadas principalmente aos capítulos 2, 7, 9 e 10-12. Temas escatológicos que ! ',,"Iudo,
essa figura daniélica não é idêntica ao Ancião de Dias. Embora o
ocorrem nesses capítulos incluem: (1) a ideia do fim do pecado e do estabelecimen- 111111
llll possua certos atributos divinos, ele também aceita uma função subordi-
to da justiça eterna; (2) o papel do Messias, a vinda do "semelhante ao Filho do ,,11.iqucla do Ancião de Dias. Daniel 7 não dá pistas de que o "um como Filho
Homem" e a figura de Miguel, (3) o conceito de julgamento; (4) calamidades apoca- li; IIIIIIIl'm" participa na deliberação judicial em que preside o Ancião de Dias.
lípticas, libertação e ressurreição; e (5) o fim dos tempos e o reino escatológico. I ItI I,,, 111o capítulo, é o Ancião de Dias que se coloca como a figura proeminente,
Doukhan, num debate sobre "As Setenta Semanas de Daniel 9" ,141comenta , .\, I" que o "semelhante ao Filho do Homem" recebe o reino.
que essa passagem é "imbuída de escatologia" .142Ele defende que a ideia do fim I 1 "semelhante ao Filho do Homem" aparece na corte celestial como um ser
dos tempos (o eschaton) é indicada de forma explícita pelos conteúdos dos versícu- il""'lldcnte. Ele fica à parte do inumerável exército de assistentes celestiais de-
los 26-27, especialmente por expressões como "fim" (qe$ e kãlãh), "fazer ... cessar" 1\1" ~1I:1missão e aparições. Ele também é diferente dos santos.
(yasbft), e as várias subdivisõesespecíficas de "semanas". A mesma ídeia também I'l"hora pareça um ser humano e seja solidário aos santos (por exemplo, ele
está implícita no versículo 24, principalmente nas referências do "cessar" da trans- "II',lIlilha seu reinado com eles), ele não é um ser terrestre. O cenário teofâ-
gressão e o "[selamento]" da visão. A visão aponta para além, ao cessar do pecado c 11,1,':wa chegada diante do Ancião de Dias no céu, a linguagem da audiência
transgressão bem como ao estabelecimento da reconciliação e justiça eterna. !i, i nvcsrid u ra não se comparam a nenhuma descrição dos santos. De acordo
Doukhan oferece uma observação interessante e útil sobre o uso polêmico c 111" 1.ipírulo 7, ele é isento das perseguições e infelicidades dos santos. Em-
único de "Messias" em Daniel. Primeiro, ele chama atenção para o fato de que I /'dll,\'({, um ser humano, ele é diferente dos "santos do Altíssímo", que são
no capítulo 9 dimensões particulares e universais são justapostas. Por exemplo, IIIIlll:lIlOS,14(,
palavras usadas na oração de Daniel (v. 3-19) num sentido definido, expressando 11,1111('1
7 envolve em mistério a atividade do "um como Filho do homem"
uma visão particular (tais como "pecado", "íníquídade", "justiça") ocorrem nos ,1(', .I" ~1I:1:tp:lri,':Ill no wrskulo 11, No sentido de que ele aparece quando a his-
vcrsículos 24-27 num sentido indefinido, expressando uma perspectiva universal. I11(I"I"IHlliz:IlI:l IH)I'('!vIlll'nIOS visionúrios pn.'t'\'dtnlts) percorreu a maior parte
Assim, Doukhun conclui que.
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL
EsTuDOS SOBRE DANJEL
de seu curso, essa figura daniélica pode ser descrita como um ser escatológico. Em
1.111no julgamento e recebem o reino eterno e vida devido ao seu total compro-
suma, o "semelhante ao Filho do Homem" é um ser individual, escatológico, com
111'umcnto com o Senhor. A história de Belsazar, que é sentenciado à morte, é
características messiânicas, diferente dos santos, mas que mantém um relaciona-
III.lillga ao destino do futuro vilão arrogante dos capítulos 7 e 11, cujas blasfêmias
mento estreito com eles no fim dos tempos.l"
I, 1111Ià perda do domínio e à sua destruição final.
Já falamos da figura de Miguel acima e não há necessidade de repetir esses
( ) reino da "era porvir" nos capítulos 7 e 10-12 é precedido por um julgamen-
detalhes. Nas três referências daniélicas a Miguel (10: 13, 21; 12:1) ele é caracteri-
II,11!Collins fala sobre "o caráter explicitamente judicial da cena escatológica do
zado como "príncipe" (Sar). A palavra pode ser usada para designar "um oficial
ill/lldo 7". Nickelsburg acrescenta que "embora a descrição em 12:1-3 seja breve,
importante" ou "líder" religioso ou militar, ou mesmo um "comandante" de um
'li .uer pictórico da linguagem justifica chamar esses versículos de 'descrição de
exército celeste ou terreno.!" 11111.1
cena de julgamento"'.153
Miguel não é um príncipe comum, pois 10:13 o chama de "um dos primeiros prín-
N() capítulo 7, o profeta, tendo observado o caos da terra, focaliza as ativida-
cipes" e 12:10 designa de "o grande príncipe". Entretanto, Miguel não é simplesmente
I, I 1III quarto animal. Sua atenção se centraliza particularmente no chifre peque-
um poderoso líder separado de seu povo. Ele demonstra profundo interesse pelo bem-
11",que não apenas blasfema Deus, mas persegue o seu povo "por um tempo, dois
estar final de seu povo ao se levantar (hã 'õmêd 'al) pelos "filhos do teu povo" (12: 1).
I. IIljHI5e metade de um tempo". O olhar do profeta se direciona ao Céu e se fixa
Assim como Miguellutou contra o "príncipe do reino da Pérsia" no passado
"" Ancião de Dias que preside uma sessão de julgamento do "divino conselho".'>
(10: 13, 21), ele agirá outra vez no futuro. É Miguel quem irá pôr fim ao último
11111111 ao Ancião de Dias está um inumerável exército de atendentes celestiais. A
"tempo de angústia" sem precedentes para seu povo. Os capítulos 10 e 11 atingem
• 1~;1I1 da corte celestial se reúne depois de decorridos os "tempo, dois tempos, e
seu clímax em 12:1-3. Daniel 11:45-12:2 é um perfil do "tempo do fim" que
1111r.ulc de um tempo" (v. 25) e antes de o reino da "era porvir" ser estabelecido.
inaugura o final da era (o eschatoni. O povo de Deus é resgatado e seus inimigos
I ivros são abertos diante do tribunal. Embora esses registros não estejam iden-
destruidos porque Miguel intervém durante esse tumultuoso período.
11111.uios, parece, a partir do uso geral de tais livros (celestiais) no AT, que eles
52 Daniel 12:1-3 também atribui uma função judicial a Miguel. Pode-se deduzir
111'111respeito e focalizam o povo de Deus.155 Na passagem paralela de 12:1, a 53
isso a partir de uma referência ao "livro" e a ressurreição parcial que se segue (v,
" I1Ivncla a "todo aquele que for achado inscrito no livro" indica um contexto
1-2). Nickelsburg conclui corretamente que "a defesa da nação israelita por Mi-
jllilI! iul, e os santos estão claramente inserídos nele.156 Entretanto, 12:1 não só
guel não é apenas militar, mas também judicial. A guerra que ele empreende tem
'1IIIpk:menta, mas também suplementa o capítulo 7. Enquanto o capítulo 7 dife-
caráter de julgamento."149 Apenas aqueles inscritos no "livro" são salvos, ou seja,
I. 1111:1os santos e seus inimigos, 12:1 acrescenta o fato de que uma real divisão irá
aqueles encontrados no registro de cidadãos da Nova Israel.
" «ucr entre os justos e os ímpios dentre o povo de Deus. Miguel salva apenas o
Em suma, Miguel é um ser celestial que defendeu e guiou Israel no passado e o
. 1I1.lIH.'scentepiedoso cujos nomes estão inseridos no "livro".
fará novamente no eschaton. Ele tem um vital interesse no bem-estar de seu povo,
N() capítulo 12, como no capítulo 7, o julgamento é o prelúdio à reconstituição
principalmente quando o destino deles está grandemente em risco. A intervenção
I. 11111:1
nova comunidade que irá gozar vida e privilégios na "era vindoura". De
de Miguel, se militar, judicial ou ambas, resulta na destruição do inimigo e no
"llla semelhante, o oráculo escatológico de Isaías 4:2-6 descreve o remanescente
resgate e ressurreição do povo de Deus. Assim, os santos têm. certeza da liberta
l'llllficado em Sião do tempo do fim como aqueles que são "inscritos para a vida".'
ção e da restauração a uma nova comunidade. Paralelos entre o capítulo 7 e os
""dlll'rger, ao escrever sobre o conceito de "livros" na Bíblia, comenta: "Israel,
capítulos 10-12 sugerem importantes semelhanças entre Miguel e o "semelhant
I" 11""HO, está ciente da noção de um livro celestial no qual Yahweh registra ou faz
a um Filho do Homem" do capítulo 7.150Embora o escritor de Daniel não faça
",'hll':lr os nomes de todos os justos que devem permanecer viVOS."157A ideia de
uma ligação entre essas duas figuras, especificamente, suas afinidades substanciais 111
I Yahwch faz julgamento do seu povo eleito é antiga e Ocorre com frequência no
sugerem identidade similar.!"
I Assim, o uso de livros em 7:10 para indicar que o povo de Deus também está
O tema do julgamento é proeminente em todo o livro de Daniel. O· próprio
1i1'1Iido na consideração judicial não deve ser uma surpresa.158
nome Daniel ("Deus é meu juiz") transmite a mensagem de que Deus julga. No
Nao está claro se os santos e o chifre pequeno (ou os poderes da besta) são escruti-
capítulos históricos, Daniel e seus colegas são severamente testados e achados ai
IIldll~ IHIjulgamenlo do capítulo 7. Contudo, a ênfase na recompensa _ tanto perda
solutamente leais a Deus. De modo semelhante, os santos perseguidos nas visôea
r\'i'chinll'l1fO do domínio l' reino (v. 11-12,22,26-27) - rcsrifica que ocorreu
I11111111
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL ESTUDOS SOBRE DANIEL

um julgamento das duas partes antes do eschaton e um veredicto foi dado.P" As Infelizmente, o hebraico de 12:2 não traz detalhes, e isso "junto com certo ní-
compensas são presumivelmente concomitantes com a conduta, pois a justiça divina 11·1de ambiguídade lexical e sintática requer extremo cuidado na interpretação do
estaria sob severa pressão se Deus impusesse uma recompensa arbitrária ao homem. !I'XI'O" .168Num importante estudo sobre o tema ressurreição, Hasel sugere que o
Resumindo, o livro de Daniel volta repetidas vezes ao tema do julgamento J '1lnceito de ressurreição de 12:2 é mais abrangente do que o de lsaías 26: 12 e "en-
justos e ímpios, tanto nos capítulos históricos como nos proféticos. Ações revelam \).lve primeiramente aqueles que foram fiéis a Yahweh na hora das calamidades
atitudes e lealdade. Por um lado, a blasfêmia insolente do tirano e a perseguição 11 i( xalípticas. Além disso, o contexto apocalíptico mais amplo de Daniel aponta
que ele faz ao pOVOde Deus o tornam merecedor do mesmo destino reservado h 111direção de uma ressurreição para vida eterna que não é restrita aos israelitas
figura de "Lúcifer" em Isaías 14 (cf. 7:25; 8:10-12, 25; 11: 36-39).160 Por outro lado, íum inclui todos os israelitas."169
o paciente sofrimento e lealdade severamente provada em resposta à graça d Hasel continua: "correspondente ao momento apocalíptico decisivo de Daniel
Deus revela que os santos são dignos de um lugar no seu reíno.l" " que introduz a inauguração de um 'reino eterno' (v. 14, 24, 27) é a libertação do
As experiências de Daniel e seus três colegas se tornam uma derrota para os rc I' m.mescente vivo de Deus em Daniel12 e a ressurreição dos fiéis para a 'vida eter-
veses do povo de Deus como um todo. As primeiras visões falam do chifre pequeno 11.1' (v. 2). Isso ocorre também no momento apocalíptíco decisivo das eras e inaugu-
"fazendo guerra contra os santos", "magoando os santos" e "destruindo os poderosos 111reino eterno que é herdado pelo remanescente vivo e os justos ressuscitados.
e o povo santo" (7:21, 25; 8: 10-12, 24). A visão posterior acrescenta que mesmo ai "Aqueles que se levantarão para 'vergonha' e 'horror eterno' (Dn 12:2b) per-
guns dos sábios "cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo" (11:33) I, uccrn a um grupo diferente do primeiro. A natureza concisa do texto faz uma
registra que a oposição irá culminar num ataque final violento no qual o mal parcc 1,I'IIrificação limitada desses ímpios. Pode-se pensar aqui particularmente de ar-
triunfar (12: 1). Somente uma intervenção sobrenatural pode agora estabelecer o fato I' 11pecadores e principais perseguidores." 170
de que Deus está ainda no controle (cf. 7:22, 26; 8:25; 12: 1). O julgamento, a ressu limbora o conceito de uma ressurreição tanto de justos como de injustos seja
reição e o estabelecimento do reino de Deus exemplificam essa verdade. IIII\;Jem Daniel, a "brevidade de 12: 1-4 sugere que a ideia de ressurreição não era
54 O tema da ressurreição na última visão de Daniel demonstra que nem mesmo 1111\,1".171
No livro de Daniel, o salvamento do povo de Deus e a ressurreição física 55
a morte pode frustrar o objetivo de Deus. Antigos profetas falaram da ressurrci 10I~ mortos estão no cerne - sem dúvida são também o objetivo - da expectação
ção, embora algumas vezes em termos puramente metafóricos (Os 6: 1-2; Ez 37) 11111':\ das visões. Nesse sentido, o escritor continua a orientação e expectação
A passagem de Isaías 26: 19, que apresenta irrefutáveis paralelos ideológicos e lin 111II':\S da primitiva fé em Yahweh.
guísticos com 12: 1-2, fala de maneira mais definida em trazer os mortos à vida, lima vez que a ressurreição é consequência de um julgamento prévio, seria
embora no contexto da restauração de Israe1.162Daniel, porém, é mais abrangent 111111
ti negar uma ligação entre a ideia de retribuição (ou recompensa) e a ressurrei-
quando anuncia uma ressurreição física tanto de justos como de ímpios.é" 1" () propósito, porém, da ressurreição ~ mais abrangente do que simplesmente
Daniel12 repetidamente se aproxima da terminologia de Isaías. A frase "aqu "llIlpensar. A promessa vai além da ressurreição dos mortos e inclui a eliminação
les que dormem no pó da terra se levantarão" é reminiscente de "habitais no pó, 1111:111ente da morte.
ressuscitarão" (Is 26: 19b). lsaías 66:24 designa o horror inspirado pelos corpo I 'orn a abolição do poder da morte, Deus comunica ao homem sua vida irres-
dos ímpios em decomposição como uma repugnância (NVI) (derã 'ôn). A únic i IId I' abundante. Nada pode limitar as promessas divinas e o propósito final de
outra ocorrência dessa palavra hebraica no AT está em 12:2 onde é usada par 11111·,,1/2 O Deus da escatologia é por definição também o Deus da promessa. A
descrever a repugnância do ímpio.l'" O profeta Daniel parece ter entendido "s 11111,· t' meramente uma interrupção temporária em seu relacionamento com os
profecia da ressurreição como um cumprimento das profecias do AT".165 111'"Portanto, o propósito da ressurreição é mais amplo e designado basicamen-
De acordo com 12: 1-3, a ressurreição se segue à vitória de Miguel sobre o mal 1',1\';1mostrar a glória, justiça e soberania de Deus. No final, nos diz o profeta,
subsequente à queda do último poder terreno (Dn 11:45). Enquanto os capítulos an 1,11pode frustrar o propósito de Deus e a comunhão com seu povo.
riares de Daniel descrevem o sofrimento do povo de Deus em termos de um processe I \, sábios, ou seja, aqueles que têm estreita comunhão com Deus, "resplan-
12: 1 apresenta a culminação do ataque violento do mal e o último aspecto do ju li, I.1,111como o fulgor do fi rrna mente, e os que a muitos conduzirem à justiça,
mento. No clímax das dificuldades, Miguel intervém e salva um remanescente.l'" illi 1,1:-;v:-;I rclnx, sempre e crcrnamcnrc" (12: '3). A história, como a conhecemos,
ressurreição que se segue "envolve um julgamento, a distinção entre bons e maus".'?' 11 .• 111,'11seu curso. () julg:lI11\'1110 (oi fi.'iro,;1 ressurreição aconteceu, a instabili-
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPOSITO DE DANIEL
ESTUJ)()S SI 1111U I )ANIJ I

dade do presente acabou, e a nova era predita em grande parte das profecias de
i l\'tIS, é natural que ele devotasse aproximadamente metade do livro ao pvr!odl I
Daniel foi estabelecida. Não mais sofrimento. Não mais perguntas. Deus e seus
'1"1'compreendeu sua própria vida. O último provê o contexto, os temas, C:I valid:l
santos reinam supremos e para sempre.
, ItI do primeiro. Uma seção pressupõe a outra e qualquer definição de apocnlípr il'll
,1,,1'l'respeitar esse contexto. A sorte do povo de Deus durante o exílio se t0J'J1:1
IIIJI:!frustração para as experiências dos santos durante o período da história til'
PROPÓSITO DO LIVRO DE DANIEL .llIlIlínio gentio. O futuro, como o passado, diz Daniel, não será um mar de rosas,
'1tll'irnento, perseguição e dizimação será o destino dos fiéis, assim como libertaçiio
Diferente de outros livros da Bíblia (tal como o Evangelho de João), o livro de Iustiticação. Um dia, quando os poderes gentios tiverem percorrído o curso per-
Daniel em nenhum lugar declara de forma explícita seu propósito. Contudo, ai 11111ido por Deus, a arrogância humana e instabilidade n~o mais existirão.
gumas sugestões podem ser dadas junto com aquelas mencionadas previamente. A mensagem de Daniel transmite ao leitor um conceito exaltado de Deus, que
Defendemos que uma análise da estrutura do livro sugere fortemente uma uni 1Iligualável em sabedoria, poder e misericórdia. Seu conhecimento se estende ao
dade na qual as várias partes constituintes são necessárias à estrutura como um I' 1'.":ldo, presente e futuro. Nenhuma fornalha ardente ou cova de leões, nenhu-
todo. Tendo reconhecido isso, devemos concluir também que o propósito do autor li 1.1 nrrogãncía humana ou circunstância histórica, nem mesmo a morte podem
ao escrever e compilar o livro "não foi nada menos do que apresentar a mensagem 1111',1
rar seu propósito. Apesar de a história estar nas mãos de Deus e mover-se em
total do livro ... sua mensagem total, então, não é nada menos que uma pesquisa 111"\':ioao seu objetivo, o Deus de Daniel não é um motor imóvel de Aristóteles
parte histórica e parte profética - de todo o período de governo imperial gentio, do " 111um manipulador de fantoches divino. Daniel sente-se livre para apresentar
primeiro ataque de Nabucodonosor a Jerusalém e a retirada do seu reino davídico III~súplicas com base na graça de Deus, seu amor e contínua misericórdia. Mes-
até o extermínio de todo poder imperial gentio e o estabelecimento do reino mes- 11111
imperadores pagãos não estão fora do escopo do cuidado divino.
siânico. Não há aqui uma concentração dos poucos anos de perseguição aos judeu Para Daniel, a história é abrangente. Os planos de Deus se estendem além das
56
por parte de Antíoco IV Epifânio, nem atenção exclusiva ao tempo do fim."173 Ihlllll'iras da Terra Prometida. Vez após vez, o livro desafia o homem, cuja visão 57
Em vez disso, o livro compreende o todo da história a partir da perspectiv uiuviada pelos limites de seu próprio conhecimento para contemplar a história
divina. Começando com os dias do próprio Daniel, a história se move firme e "1110o palco da interação divina e humana.
letivamente para o estabelecimento do reino de Deus quando todas as nações, pr No livro de Daniel, o homem de fé é de extrema importância. Deus usará todos
vos e línguas lhe renderão louvor, e seus santos receberão e possuirão o reino nu-ios para libertar e salvar. Ele envia certezas, instruções e predições para guiar,
sempre. No NT o ponto final da história de Daniel coincide com a ',,",dl'cer, exortar e consolar. Cumprimentos no passado confirmam a veracidade
do reino de Deus. O reino daníélico de Deus é estabelecido depois que todos 1I I I vclações do futuro e confirmam o estabelecimento do reino final de Deus.
domínios da terra forem derrubados e os santos terem passado pelas calam ( ) homem moderno precisa da mensagem desse livro para ampliar sua visão,
esc ato lógicas e pela ressurreição. 'il,d,'ccr sua confiança e reafirmar o fato de que nenhum sistema humano tem
Daniel está certo de que absolutamente nada pode impedir o propósito ,II.IW da história ou é capaz de introduzir um governo terreno utópico. Baldwin
de Deus. A despeito de todas as aparências, o homem não é deixado aos I, , 1.11:1com pertinência que a "igreja precisa confiar nas certezas proclamadas em
fortuitos de seus companheiros, nem a forças acidentais da sorte. O Deus 1'1111,,1,ou seja, no fato de que Deus está constantemente governando e julgando
do em Daniel não é um senhor imprevisível e ausente de um passado I.~oIlJ)tos dos homens, tirando os poderosos de seus tronos, arruinando regimes
ou futuro distante, mas é o Senhor da história presente. O crente pode descansar li/li dos C trazendo seu reino, que abrangerá todas as nações. A proclamação total
certo de que Deus está no controle da vida hoje. Por essa razão, rótulos que li' I do propósito divino para toda a história precisa ser ouvida sem demora."!"
vem o propósito do livro como "literatura de resistência", "propaganda religiosa
"manifestos pacifistas ou políticos", ficam muito distantes da perspectiva ampla I I I \•.•
abrangente dada pelo livro como um todo.
Enquanto Daníel obviamente estava bastante interessado no período do ti I \. •• dl'siglla~'()es "teses cxil irns" e "reses mncabcias" são sugeridas por K. Koch em co-
rnín io gentio depois do exílio, que culmina com o estabelecimento do reino 1,,,,1I,.1I11'1l1ll T. Nicwiscl, l'.J, Tuh:ICh, J)as iludi f)((l1irl (D:!l'msradr, 1980), p. 8-9. Minha
I I" ,1"'0.,,,Ii 1'1()podl' '01'1,'Ih ollllad:1 1'111
},I;( )'[' 2 ~ (19HZ), 119-21.
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

EsTUDOS SOIlRI' 1 )~N/l1


2 Ver Koch, p. 9, 185; cf. R. H. Pfeiffer, Introduction to the Old Testament (New York, 17Baldwin, "Daniel".
1941): 755. Uma discussão mais ampla sobre a interpretação de Porfírio e dos escritores
cristãos primitivos está disponível em meu ensaio "Porphyry: An Heir to Christian Exegc- 18J. G. Gammie, Revisão de J. G. Baldwin, "Daniel: An Introduction and ComllH'1I
sis?" em ZNW, vol. 73 n. 1/2 (1982): 141-47.Vislumbres da transição gradual na interprc- 111y", JBL 99 (1980): 453. Gammie ainda tem dificuldades com o uso do termo "caideu,"
li" livro de Daniel.
tação podem ser encontrados em H. J. Kraus, Geschichte der historisch-kritischen ErforschunR
des Alten Testaments (Neukírchen-Vluyn, 1956/69). 19Por exemplo, S. R. Driver, Introduction to the Literature of the Old Testament, 5" cd.
IN, iva Iorque, 1960), p. 508.
3 A. Lacocque, The Book of Daniel, tr. D. Pellauer (Atlanta, 1979), p. 8.

4J. J. Colllins, "The Court-Tales in Daniel and the Development of Apocavptic", JBL -s. H. Horn, "The Aramaic Problem of the Book of Daniel- n. 1-3", Ministry, maio
94 (1975): 218; ver também p. 219-34.
,I, 1950, p. 5-8; junho de 1950, p. 35-38; julho de 1950, p. 31-79.
5 J. G. Gammie, "The Classification, Stages of Growth, and Changing lntentions in 11R. L Vasholz, "Qumran and rhe Dating of Daniel", JETS 21 (1978): 315-21.
12Koch, p. 37.
the Book of Daniel", JBL 95 (1976): 19l.
2l Gammie, "Classification", p. 198, atribui a Daniel3, no qual aparecem as palavras
6 Ver também P. R. Davies, "Escatology in the Book of Daniel", JSOT 17 (1980): 31 1
53; id., "Daniel Chapter Two", JTS 27 (1976): 392-401; Koch, p. 11-12,61-76. "11'1:: um 8, período anterior a Antíoco, e convenientemente designa sumpônyâh um vocá-
111
d, I posterior.
7 Lacocque, p. 15. '4 Hartman & Di Lella, p. 286.
8 Koch, p. 127.
1\ Lacocque, p. xix-xx,
9Ibid., p. 127-40.
i> Baldwin, "Daniel", p. 183, apropriadamente observa, "Nenhuma outra parte do An-
10Ibid., p. 186.
11L. F. Hartman & A. Di Lella, The Book of Daniel, AB 23 (1978), p. 303; N.W. Por Ilj'" Testamento, ou até do Novo Testamento, jamais foi datada de forma tão segura."
teous, "Daniel", OTL (1965), p. 169. !7Outros escritores de menor importância nesse período são: josefo, Diodoro, Eupó-
I, 11111, Nicolau de Damasco e Strabo de Amaseia.
12Cf. Hartman & Di Lella, p. 276; Lacocque, p. 243.
!M Cf. P. Schafer, "The Hellenistic and Maccabean Períods", Israelite and ludaean His-
13J. J. Collins, "The Apocalyptic Vision ofThe Book ofDaniel", HSM 16 (1977), p. 191
58 213; Hartman and Di Lella, p. 43, S. B. Frost, "Daniel", IDB, 1:768; Koch, p. 158-79. /'11v, cds, J. H. Hayes e J. M. Miller (Filadélfia, 1977), p. 560-68, esp. p. 564; J. A. Montgo-
14Outro problema filosófico é a possibilidade de predições a longo alcance. Tais "li' y, "The Book of Daniel", ICC (1927), p. 447-49. Baldwin, apesar de aceitar o papel
59
profecias são rejeitadas juntamente com outras manifestações sobrenaturais com base na ,I, Ãntíoco no capítulo 11, observa que, "dado um completo conhecimento dos antigos
analogia. Discutindo especificamente a história antiga escrita, o erudito americano J. M, 111",Iriadores do período ... um comentário sobre o capítulo pode se tornar um labirinto
Miller declara: "Na verdade, quando o método crítico-histórico de investigação é anali I, IlIformação que confunde o leitor. .. nem todos os eventos em Daniel 11 se encaixam
sado com respeito a suas pressuposições, fica evidente que muito mais está envolvido do 111 rvidência coletada de outras fontes ... convém não exagerar na extensão até onde a
que a simples indiferença pelo sobrenatural ou ceticismo com respeito aos milagres. Essa IIdll:lriva de Daniel se encaixa na história conhecida do período" ("Daniel", p. 41).
."I Hellenistic Civilization and the Íews (Filadélfia, 1959/61), p. 186, 474.
metodologia pressupõe, por algum motivo, que todos os fenômenos históricos estão su
'0 Repetido recentemente em B. S. Childs, lntroduction to the Old Testament as Scripture
jeitos à explicação "análoga"- i.e., explicação em termos de outros fenômenos similares 11"11LI res, 1979), p. 616.
Portanto, em virtude dessa metodologia, historiadores modernos parecem assumir de an
temão que não há ocorrências verdadeiramente únicas ou miraculosas na história. Tudo " Uma vez que proponentes da tese macabeia sustentam que o livro foi escrito antes que o
pode ser explicado em termos de ocorrências normais ... sem referências ao sobrenatural " 111/,1.
Ifossepurificado e restaurado, essesperíodos de tempo são, de certa forma, genuínas profecias.
., Por exemplo, Montgomery, p. 446; Porteous, p. 168.
O conflito óbvio entre essas afirmações bíblicas, com respeito às ações visíveis e únicas d •• Koch, p. 136.
Deus na história de Israel por um lado, e as pressuposições do método crítico-históriu
de investigação do outro, jaz no cerne de muitas discussões teológicas atualmente." (ThI "1.1,G. Baldwin, "1sThere Pseudonymity in the Old Testament?" Themelios 4 (978): 8.
", Ibid., p. 11.
Old Testament and the Historian [Londres, 19761, p. 18).
15 Muitos dos problemas históricos alegados serão abordados a seguir.
." (J, J. Wenham, "Daniel: the Basic Issues", Themelios 2 (977): 51.
16 Para um resumo conveniente, veja G. F. Hasel, "The Book of Daniel. Evide
" 1), W. Gooding "The Literary Structure of the Book of Daniel and its Implica-
,/,'"',", Tyndale Bulletin 32 (1981): 46, n. 3.
Relating to Persons and Chronology", AUSS 19 (1981): 37-49; G. L. Archer, Jr., "Mod '" Wenham, p, 52,
Rationalism and the Book of Daniel", BS 136 (1979): 129-47; A. R. Millard, "Daniel I
and History", EvQ 49 (1977): 67-73; J. G. Baldwin, "Daniel. An lntroduction and 1',Para mais detalhes, veja H. 1-1.Rowley, "The Unity of the Book of Daniel", The
mcntarv", TOTC (1978), p. 19-29. "',"'1
',I, i«IIr lhe tlu: O/ti 1('SWH!('TIt (Londres, 1652), p. 218-48; Koch,
Lard ((11(/ OtlH'r E.wlys (111
EsTUDOS SOBRI: I )ANII I
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

67Ferch, "Son of Man", p. 108-145.


40Rowley, p. 238; K. Koch, et al., Das Buch Daniel (Darmstadt, 1980), p. 56.
68N. W. Porteous, "Daniel", OTL ( 1965), p. 97.
41Rowley, p. 238. 69W. Baumgartner, "Ein Vierteljahundert Danielforschung", TRu 11 (1939): 78.
42Ibid., p. 239; Koch, p. 58.
70See Ferch, "Son of Man", p. 136-45.
43J. A. Montgomery, "The Book of Daniel", ICC (Edinburgo, 1927), p. 92.
71A. Deissler, "Der Menschensohn' und 'das Volk der Heiligen des Hochsten' em
44Koch, p. 6l.
l lan 7", Jesus und der Menschensahn, ed. R. Pesch and R. Schnackenburg (Freiburg, 1975),
45Ibid. 11. 82. Um julgamento similar aplica-se à análise dos capítulos 8, 10-12 feita por Hassl-
46M. Noth, "Zur Komposition dês Buches Daníel", ThStKr 99 (1926): 143-63; H. I.
lwrger.
Ginsberg, Studies in Daniel (Nova Iorque, 1948). Ambos os estudiosos se beneficiaram
dos estudos anteriores de G. Holscher, "Die Entstehung dês Buches Daniel", ThStKr 9 72Essa sugestão foi postulada com base em alguns fragmentos em aramaico pequenos
(1919): 113-18; eM. Haller ("Das Alter Von Daniel 7", ThStKr 93 [1920]: 83-87). I' despedaçados, encontrados na Caverna número 4 do Mar Morto (4QPrNab e 4QPsDa-
47Rowley. O diálogo entre Rowley e Ginsberg está esboçado e documentado na mi //"'C). Esses fragmentos têm pouca relação com o livro canônico de Daniel.
nha tese, "The Apocalyptic 'Son of Man' em Daníel 7" (Tese de Th.D., Andrews Univer 73A evidência para diferentes tradições textuais argumenta a favor de uma data
sitv, 1979): 109-136. «nrcrior a que admitem os estudiosos da linha crítico-histórica para o livro de Danie1. F.
48Rowley, p. 242-45. I 'ross observa que, "as famílias textuais distintas levam séculos para se desenvolverem"
49J. G. Gammie, "The Classification, Stages of Growth, and Changing lntentions in (rucncionado em Hartman e Di Lella, p. 77). Uma data anterior à metade do segundo
the Book of Daniel", JBL 95 (1976): 191-204. II'rulo a.c. para o livro de Daniel é também corroborada pela passagem de 1 Macabeus
50Davies desconsidera os argumentos de Gammie a favor do primeiro estágio propos :~9-60, segundo a qual Matias, em seu leito de morte, exorta os seus filhos a seguirem
to ao observar que eles eram uma "notável combinação de especulação e argumentaç:"lu I" passos dos heróis bíblicos, começando com Abraão e terminando com Daniel e seus
inválida." ("Eschatology in Daniel", p. 42, n. 13). II\'S amigos na cova dos leões e na fornalha ardente. O contexto atribui claramente status
51Koch, p. 65-76. I unônico a Daniel 3 e 6 e considera os capítulos como história passada.
52P. R. Davies, "Daniel Chapter Two", JTS 27 (1976): 392-40l. 74Montgomery, p. 37.
53 Para uma discussão mais detalhada das principais visões representadas por F 75Ibid.
61
60 Sellin, G. Hõlscher, M. Haller, M. Noth e H. Ginsberg, veja Ferch, "Son of Man", p 76Davies, "Eschatology in Daniel", 33-53; note também A. Lacocque, The Baak af
110-145. Uma análise literária altamente formal e crítica de Daniel8,1O-12 é oferecídu IIr/lliel, tr. D. Pellauer (Atlanta, 1979), p. 10.
por B. Hasslberter, Haffnung in der Bedriignis ( St Ottilien, 1977). O último obteve pouca 77J. J. Collins, "Apocalyptic Genre and Mythic Allusions in Daniel", JSOT 21
II\)HI): 87.
repercussão.
78Ibid., p. 88.
54Koch, p. 57-58, 64.
55P. R. Davies, "Eschatology in the Book of Daníel", JSOT 17 ( 1980): 37. Davil'~ 79A. C. Welch, Visians af the End (London, 1922), p. 101-2; E. W. Heaton, "The Book
argumenta que o resultado da análise dos capítulos 7-2 foi interpretado a partir de um "I I )aniel", TBC (London, 1956), p. 35.
HO J. G. Baldwin, "Daníel. An Introduction and Cornrnentarv", TOTC (1978), p. 47.
contexto externo.
56Então, Gammie atribui o capítulo 3 ao reinado de Ptolorneu IV Philopator (221 HIGammie, p. 193.
H2 Rowley, p. 249.
204 a.C.) com base na crítica histórica, e não apoia nada mais do que o argumento lin
Hl Cf. Collins, "Apocalyptic Vision", p. 95-118 .
guístico de que a passagem sob análise não pode ser pré-antioquiana, pois utiliza a palavra
H'I A. J. Ferch, "Daniel 7 and Ugarit: A Reconsideratíon", JBL 99 (1980): 75-86; id.,
súmpônyãn (p. 198). Tudo isso a despeito da condenação de Rowley de tal abordagem.
"""1 ofMan", p. 40-53.
57Rowley, p. 237-68.
H5 Veja especificamente Davies, "Eschatology in Daniel", p. 45-47.
58Ibid., p. 268.
HI> Collins, embora prefira a diversidade de autoria, confessa que, "o problema da
59Ibid., p. 264.
60J. J. Collins, "The Apocalyptic Vision of the Book of Daniel", HSM 16 (1977): uuulade de Daniel é deixado à mercê da ingenuidade erudita. De forma nada surpreen-
61Ibid., p. 8-10; cf. Davies, "Eschatology of Daniel", p. 35 ; Koch, p. 47. .lI 111l', a ingenuidade erudita 'resolveu' o problema com uma desconcertante variedade
.lI' soluçôes contradítórias.V'Apocalvptic Vision", p. 8.
62Collins, "Apocalyptíc Vision", p. 55.
"/ Ibid., p. 54.
63Koch, p. 47.
64D. W. Gooding, "The Literaty Structure of The Book Of Daniel and lts Implica "" Garnmie afirma que há paralelos teológicos, linguísticos e temáticos entre os capí-
I"I", 1-6 e lsaías 40ff. Isso, de acordo com Gnrnrnic, sugere que o escritor das histórias
tions", Tyndale BuHetin 32 (1981): 64-65, 72.
11. I hnil'1 ucrcdiruva que vário» dos d izcrcs dl' Isaías que previam que os filhos de Israel
65 Rowley, p. 267.
"" lhid., p. 264.
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL ESTUDOS SOBRE DANIEL

serviriam em cortes estrangeiras se cumpriram. Os israelitas deveriam ser uma "luz para dl: Daniel compôs seu material em duas metades simétricas, consistindo dos capítulos
as nações", com o propósito de que as nações conhecessem a soberania e o poder de sal- 1-5 e 6-12. Cada metade consiste de cinco itens, sendo que o quinto apresenta um
vação de Jeová. ("On the Intention and Sources of Dan I-VI", VT 31 [1981]: 282-92). • lírnax dentro do fluxo de pensamento de seu grupo. Individualmente, os capítulos se re-
89Embora Collins reconheça o arranjo quiástico dos capítulos 2- 7, ele rejeita a impli- lucionarn um ao outro por meio de temas compartilhados e da progressão de pensamento
cação de que o capítulo 7 repete o capítulo 2 numa forma expandida. Collins argumenta .lcntro dos subgrupos individuais.
que Daniel 2 não apresenta primeiramente uma visão escatológica como no capítulo 100ANE, 3a ed. rev., (1965), p. 83-84.
7: em vez disso, o capitulo 2 ilustra a superioridade de Daniel sobre os sábios pagãos. 101A justaposição no discurso da primeira e terceira pessoa é um fenômeno antigo,
Enquanto a superioridade de Daniel é uma característica incontestável no relato do capi- li:1qual qualquer leit'or das Guerras Gálicas de César se lembrará e, em si mesmas, não
tulo 2, a argumentação de Collins é insuficiente para negar a perspectiva escatológica do .I iscutem múltiplas autorias.
mesmo capítulo. A afirmação de que Daniel 2 não é apocalíptico por não envolver uma 102Baldwin, "Daniel", p. 62.
transformação cósmica e ensinar a doutrina de uma nova vida após a morte está baseada 10JCf. Davies, "Eschatology in Daniel", p. 33.
numa noção anterior. ("Apocalyptic Vision", p. 11-14). 104Baldwin, "Daniel", p. 39.
Não podemos negar que existem diferenças entre os capítulos 2 e 7. Gooding sugere 105Daniel 4, nas versões inglesas, também segue uma estrutura A:B:A, ao envolver o
que as diferenças chamam a atenção ao fato de que existem duas maneiras de se ver e «inho de Nabucodonosor, a interpretação e cumprimento com atribuições de louvor ao
avaliar as forças e fraquezas do governo imperial pagão. Por um lado, os poderes estran- Vlt íssimo (v.l-ô, 34-37).
geiros são descritos como "humanos, majestosos, mas atormentados pela fraqueza da 106Cf. Collins ,"Court Tales", p. 227.
incoerência, e ao mesmo tempo, mostram outro ponto de vista de que os governos gen- 107Ver Collins, "Apocalyptic Vision", p. 20: "não é legítimo usar o conteúdo da
tios eram basicamente amorais, egocêntricos, cruelmente destrutivos e como um bando .u.ição [de Daniel9] como uma fonte para a teologia do livro".
de animais". ("Literary Structure", p. 61.) A despeito de se aceitar ou não a afirmação de 108P. R. Davies, "Eschatology in the Book of Daniel", lSOT 17 (1980): 39.
Gooding, é importante reconhecer a existência de ambas as similaridades e diferenças. 109Ibid., p. 41.
Concordamos com Davies que a estreita dependência do capítulo 7 ao capítulo 2, no 110Ibid., p. 40.
62 assunto e na forma, tende a ressaltar as diferenças. ("Eschatology in Daniel", p. 37). IIIConcordamos com N. W. Porteous que "sem essa oração, algo de essencial estaria 63
90Ainda nenhuma solução satisfatória foi oferecida para a natureza bilíngue do li- 1,1I1:\l1do ao livro de Daniel. O livro foi escrito para anunciar que o Deus de Israel estava
vro de Daniel. No entanto, "a sugestão de que o livro como um todo originado como l'I.'stes a desempenhar um de seus mais poderosos atos em favor do seu povo ..." ("Da-
um produto bilíngue não pode ser desconsiderada em princípio: os problemas que essa 1111'1", OTL [1965] p. 136).
hipótese acarreta não são maiores do que aqueles acarretados por uma teoria de nova 112Embora Daniel não denomine especificamente Satanás ou sua hoste angelica,
tradução: para a qual não há evidência textual, e apenas dubiedade linguística". (Davies, \ d Iios eruditos sugerem ligações entre os anjos caidos e os poderes referidos em Daniel

"Eschatology in Daniel", p. 49-50, n. 14). In (cf K. Koch, Daniel [Darmstadt, 1980], p. 207-10).
91Agradeço algumas dessas informações a W. H. Shea. Veja neste livro o capítulo ') 11)G. Hasel, "The Identity of "The Saints of the Most High in Daniel 7", Bib 56
intitulado "Unidade de Daniel." (11175):192.
92 Rowley , p. 261. 114 Cf. principalmente G. E. Wright, God Who Acts (Londres, 1952), p. 38-46. A despeito
93Assim, a perseguição do povo de Deus pode ser causada tanto pelas revoltas dos .1,1'rríticas subsequentes às propostas de Wrights, sua tese fundamental ainda permanece.
gentios contra Deus ou pelo próprio pecado de Israel. Igualmente, a soberania de Deus IIIA. ]effery, "The Book of Daniel", IB 6 (1966): 351.
e o livre-arbítrio dos homens estão justapostos pelo único autor (por exemplo, Daniel IIIlJ. G. Baldwin, "Daniel. An Introduction and Commentary", TOTC (1978), p. 54.
4:24-27). 117Não iremos interromper o estudo para revisar os detalhes na discussão atual sobre
94A. Lenglet, "La structure litteraire de Daniel 2-7", Bib 53 (1972): 169-90. , •Illlinu idade" e "descontinuídade" entre o método escatológico presente e futuro. Para
95Ferch, "Son of Man", p. 136-44. 111111, informações, consulte K. Koch, "Spâtisraelitisches Geschichtsdenken am Beispiel
96Shea, "Uniry of Daniel", p. 195-201. d,,~ Illlches Daniel", Historidte Zetischrift 193 (1961): 1-32: M. Noth, "The Understanding
97Veja J. Doukhan, "The Seventy Weeks of Dan 9: An Exegetical Study", AUSS 17 ,1/ l listorv in Old Testarnent Apocalyptic'', The Laws in the Pentateuch and other Essays
(1979): 1-22: Shea, "Uníty of Daniel", p. 241-43, id., "Poetic Relations of the Time Perio- (I 11.1\/.:,1 fia, 1967), p. 194-214: R. Bultmann, History and Escathology (Nova Iorque, 1957),
ds in Dan 9:25", AUSS 18 (1980): 59-63. II I();./. J. Collins, "The apocalyptic Vision of the Book of Daniel", HMS 16 (1977), p.
98Shea, "Unity of Daniel", p. 243-44. 1'1I ,/9. (~simplisl:t demais optar pelos extremos. Daniel pode falar sobre a ressurreição
99Uma análise alternativa do livro, dentro de uma estrutura simétrica bipartida, foi 1111 1111:11 dps Il'IllPOS,urna "pcdr» cortada, sem auxílio de mãos" e um reino eterno esca-
recentemente sugerida por David W. Gooding (p. 43-79). Gooding acredita que o autor IloI"~:I"'l/liI" ,,, ,:1111\),hVld:llll M'111 :1I'ITSCI1I:tr
quaisquer dcrulhcs extras. Isso não precisa
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPÓSITO DE DANIEL

ESTUDOS SI )11111 I )I\NIII


ser tomado como evidência de pontos de vista teológicos diametralmente opostos ou
141].Doukhan, "The Seventy Weeks ofDan 9: and ExegeticalStudy", AUSS 17 (ltJ7'»; I Ii
autores diferentes. 142Ibid., p. 21.
118Para literatura e análise veja G. F. Hansel, "The Four World Empires of Daniel 2 143Ibid.
Against Its Near Eastern Envíronrnent", fSOT 12 (1979): 17-30.
144Veja A. J. Ferch, "The Apocalyptic 'Son of Man' in Daniel 7" (Tese, Andll'w~
119Ibid., p. 23. I Jniversity, 1979), p. 40-107.
120"Daniel", PCB (1962), p. 594.
145A tradução de p'lah para "serviço" é possível, mas bastante duvidosa em Dan il'1'I,
121Sob a perspectiva do NT, o Reino de Deus foi inaugurado no advento de Cristo
(veja Lucas 11:20), e também está claro que o esperado "fim", quando não haverá mais ( ) uso e significado de pelal:t em 7:27c ficou confuso por causa da tradução incorrcta tI:1
pecado e a morte será abolida pela ressurreição, "ainda não ocorreu" (veja Mateus 24:6). IISV dos sufixos da terceira pessoa do singular. Em lugar de "reino deles" e "deve servi-
O próprio Cristo uniu a vinda do "Filho do Homem" nas nuvens do céu à sua parousia 111,",a tradução deveria ser, "o reino dele" e "devem adorá-Io." A tradução da RSV foi
(veja Marcos 14:62) quando os santos herdariam não apenas o reino da "era vindoura" provavelmente motivada pela interpretação do capítulo 7 que identifica "um como Filho
di) Homem" com os "santos do Altíssimo".
mas também a vida daquela "era".
122Em certo sentido, mesmo a profecia dos 70 anos de Jeremias 25 e 29, que inspirou 146Para mais detalhes, veja Ferch, "Son ofMan", p. 175-84.
a oração de Daniel, tem um caráter de inevitabilidade. 147Sobre as semelhanças e diferenças entre o Messias do NT como um ideal davídico
123Veja Collins, "Apocalyptic Vísion", p. 71, 87; J. A. Montgomery, "The Book of " () "um como o Filho do Homem" de Daniel 7 veja Ibíd., p. 78-82.
Daniel", ICC (Edinburg, 1927), p. 83. 148L. Koehler e W. Baumgartner, VT (Leiden, 1958), p. 929-30. Para uma discussão
124Montgomery, p. 83. IIlaisdetalhada da imagem de Miguel veja Ferch, "Son ofMan", p. 94-105.
125Cf. D. S. Russell, "The Method and Message of [ewish Apocalyptic'', OTL (Phila- 149G. W. E. Nickelsburg, "Resurrection, Immortality and Eternal Life in Intertestamen_
delphia, 1964): 230. I," ]udaism", HTS 26 (Cambridge, 1972), p. 14; cf. Collins, "Son of Man", p. 57, n. 36.
126Ibid., p. 232. 150Cf. A. Lacocque, The Book of Daniel, tr. D. Pellauer (Atlanta, 1979), p. 242.
127Montgomery, p. 84. 151De forma similar, K. Koch, numa correspondência pessoal de 23 de Junho de
128Collins, "Apocalvptíc Vision", p. 87; Russell, p. 230. IWl2.Outros autores são mencionados em Ferch, "Son of Man", p. 95, n. 2.
64 152Para uma análise mais ampla sobre a cena do julgamento em Daniel 7 veja Ferch,
129Collins, "Apocalyptic Vision", p. 88; cf. Russell, p. 230-34; Davies, "Eschatology
in Daniel", p. 40-41. " 1he ]udgment Scene in Daniel 7", The Sanctuary and the Atonement, p. 157-76. Uma 65
130J. G. Gammie, "Spatial and Ethical Dualism in [ewish Wisdom and Apocalyptic I,'rsiio mais popular apareceu como "The Pre-Advent ]udgment", Adventist Review, 30
Literature", fBL 93 (1974): 367; J. J. Collins, "The Son ofMan and the Saints of the Most .I" Outubro, 1980, p. 4-7. Para uma discussão mais extensa do julgamento no livro de
High in the Book of Daniel", fBL 93 (1974): 55-56. 1)1111 iel e o VT, cf. W. H. Shea, Estudos Selecionados em Interpretação Profética (Unaspress,
131Cf. Gammie, "Spatíal and Ethical Dualism", p. 367. dI, 2007), p. 1-24,94-131. Veja também F. Guy, "Confidence in Salvation: The Meaning
132Cf. também 2Ts 2 e Ap 12. "I lhe Sanctuary", Spectrum 11 (Novembro de 1980): 44-53.
133Cf. Collins, "Apocalyptic Vision", p. 107. 1\3Collins, "Son ofMan", p. 57, n. 36; id., ''Apocalyptic Vísion", p. 136; Nickelsburg,
I' it.
134Observe a explicação de N. E. Andreasen, "The Heavenly Sanctuary in the Old
IS4Collíns, ''Apocalyptic Vísíon", p. 101, 160.
Testarnent", The Sanctuary and the Atonement, eds. A. V. Wallenkampf e W. R. Lesher
(Washington, 1981), p. 67-79. IS5Veja Êxodo 32:32-33; Salmos 56:8; 69:28; 139: 16; Daniel 12: 1; Malaquias 3: 16;
IllIPl'nses 4:3; Apocalipse 3:5; 20: 12; 21:27.
135Além do dualismo temporal e espacial, o dualismo ético ou moral pode também ser 1\6Nickelsburg, p. 14, 23.
detectado no livro de Daniel. Para uma discussão mais ampla veja Gammie, p. 356-85.
136Veja Russell, p. 286-87. 1\7H. Wildberger, "Jesaja" p. 1-12, 2a ed. rev., BK x (Neukirchen Vluyn, 1980), p.
1',/ ')8.
137Bultmann, p. 30. Entretanto, deve-se notar que o entendimento de Bultmann é
baseado particularmente em trabalhos posteriores como o de Esdras IV. O debate acadê- 11M A preposição "l"relacionada a "santos do Altíssimo" em 7:22 pode ser traduzida
mico sobre esse tópico continua. Veja Collins, "Apocalyptíc Vision", p. 154-66; Davies, ,I, ":'1rias formas incluindo "na qualidade de", "em prol de", "em nome de", "relativo a",
"Eschatology in Daniel", p. 42-43. 'I' I~ssaambiguidade dificulta a exegese de 7:22. Entretanto, está claro o que os santos
138Collins, "Apocalvptic Visíon", p. 174. IllId,()1izam no julgamento.
139Cf. Davies, "Eschatology in Daniel", p. 43. 11'1U. Wolf nota que "a ccna do julgamento em 7:9-14 não é necessariamente o jul-
140Infelizmente, Davies passa por alto o contexto mais amplo de Daniel 2, que in- "II!lI'nlo final, mas a cntrcga do reino aos santos." ("Daniel and the Lord's Prayer", lnt
/'1' 1%1/: 408).
rlu i aspectos mais relevantes no entendimento do reino escatológíco. ("Eschatology in
110"Nickdshllrg, p, I').
Ihni(,I", p. 41).
I'" (:(, 11. 11. RIlW!vY, "TI1\' M":1I1ill/.:Il( / ):1I1Í('1l(ll '/lldlly", tllf l S (1961): ll),).9ú,
AUTORIA, TEOLOGIA E PROPOSlTO DE DANIEL

162 Até pouco tempo, grande parte da erudição bíblica defendia que a ideia de vida
CAPÍTUW2
eterna para as pessoas (individualmente) estava atrasada no pensamento israelita. Con-
tudo, M. Dahood, ao notar os paralelismos linguísticos na literatura ugarítica com as ex-
pressões dos Salmos sobre esperança pela ressurreição e vida eterna, indicou que aquelas
ideias de crença numa vida física após a morte eram antigas em Israel (Salmos UII [Nova
York, 1965-70]). Lacocque critica Dahood por não reconhecer suficientemente a origi-
nalidade fundamental da noção israelita de vida eterna e seu corolário, a ressurreição. I~'ITABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
Lacocque menciona que "para Canaã a sobrevivência foi um fato da natureza; para Israel
isto é um fenômeno histórico" (p. 237). Gerhard F. Hasel
163 Lacocque observa que 12:2 "é o mais preciso texto acerca da ressurreição de (al-
guns dos) mortos nas escrituras hebraicas. O antigo historiador Porfírio [o qual tinha
aplicado essa passagem meramente ao renas cimento de Macabeus logo após a morte de
Antíoco IV Epífãnio] sem dúvida engana-se aqui por causa de seu historicismo". Lacoc-
QuEsTÕES HISTÓRICAS
que acrescenta que muito das escrituras apócrifas e especialmente do Novo Testamento
foram inspirados por 12:2. O versículo, ele argumenta, liga-se a três registros também
encontrados no Novo Testamento: (a) o despertar dos mortos de seu sono; (b) a entrada
na vida eterna; (c) a glorificação. (Ibid., p. 243, n. 33).
S inopse editorial. Embora a data do período dos macabeus para o livro de Daniel
tenha se tornado uma posição firmada, permanece o fato de que esse consenso
11IIico-hístórico está apresentando cada vez mais problemas.: O século 20, especial-
164 Da mesma forma, 12: 1 fala sobre o "tempo de angústia" em termos idênticos a

Jeremias 30: 7b ('et-~ãrãh). uu-nte nas décadas posteriores à;egunda Guerra Mundial, p-;;-a;z1ü uma~nte
165 Collins, "Apocalyptic Vision", p. 17l. 11\,estudos que 4efe~dem o sexto ~éculocomo data da origem do livro. Dados acu-
166 E. Jacob acredita que "apenas uns poucos serão salvos, aqueles cujos nomes estão uiulados têm minado afirmações críticas e fornecido novas ideias e soluções para su-
escritos no Livro de Deus (...)" (Theology of the Old Testament [Londres, 19581, p. 313). 111 Isl'OSproblemas anteriormente apontados como evidências de uma data posterior.
66 167 Collins, "Apocalyptic Vision", p. 172. Note também a afirmação de Montgomery,
\I'~llmas das questões históricas relacionadas a pessoas e cronologia estão resumidas
r
"a ressurreição envolve um julgamento moral (... (p. 84). O uso de "o livro" para Lacoc-
neste capítulo. Por exemplo:
que sugere a festa de outono. Sua sugestão de que em "Dn 12: 1-4, assim como no calen-
dário das festas de outono, o YomKiPpur precede o Succoth", é interessante (p. 240). s antigos escritores gregos e romanos nunca se referiram a Nabucodonosor
168 G. Hasel, "Ressurrection in the Theology of the Old Testament Apocalyptíc", 1111110 o construtor da nova Babilõnia. Entretanto, registros cuneiformes contemporâ-
ZAW 92 (1980): 279. 11\'I IScorroboram grandemente o registro da arrogância do rei no livro de Daniel. U@
169 Ibid., p. 280. É importante que a expressão "vida eterna", tão frequente no Novo r.rhlcte babilônico fragmentado pode, pela primeira vez, fornecer evidência contem-
Testamento, seja única aqui no Antigo Testamento hebraico e se refira à vida do "tempo 111 Ir:1nea para a loucura temporária de Nabucodonosor. Uma nova análise dos dados
porvir".
1111 nccidos por registros de época e a Bíblia indica q~e ; experi 'ncia_dQ~(íjês n,otáve~
170 Ibid., p. 280-8l.

171Ibid., p. 28l. 1H'lll'CUSnas planícies de Dura pode ser datada com exatidão 594/593 a.c.
172 Ibid., p. 281-84; cf. W. Eichrodt, Theology of the Old Testament, tr. J. A. Baker, vol. Nenhum registro cuneiforme que se refira a Belsazar como "rei" foi encontrado,
2 (Londres, 1967), p. 509-510. M:ISos registros afirmam que elefoi o primogênito de Nabonido, rei de Babilônia. A
173D. W. Gooding, "The Literary Structure of the Book of Daniel and Its Implica- lustória babilõnica e assíria fornece a ideia de que a co-regência (pai e filho comparti-
tions", Tyndale Bulletin 32 (1981): 68. 111:lndoo trono) era praticada ocasionalmente pelos governantes dessas nações.
174 Baldwin, p. 17. Este evidentemente foi o caso nos últimos anos do império neo-babilónico. Os
1l'l~isrros declaram que quando Nabonido partiu para uma longa estada em Tema
(/\r:'lhia), ele "confiou o reino" a Belsazar. Outros registros revelam que Belsazar exer-
I ,'li rodas as prerrogativas comuns de poder real. Os registros cuneiformes também
1','.t'larerem o fato de Danicl ter sido apontado por Belsazar como o "terceiro" no
l\'i1111.l )111:1vez que Nabonido compartilhava seu trono com Belsazar, a "terceira"
1\(1,·,i~:I\)
crn n mais :111":1"ser confcridn.
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL EsTUDOS SOBRE DANII'I

-- Algumas vezes, o livro de Daniel se refere a Nabucodonosor como o "pai" de Bel- IMPORTÃNCIA DA DATA
\ sazar. Isso não é um erro, haja vista que no pensamento sernita.o termo "pai" poderia
~mbém denotar um avô ou um ancestral mais distante, ou mesmo um predecessor.
Estabelecer a data para a composição do livro de Daniel é de máxima importân-
Dario, o medo, permanece sendo identificado de forma convincente com um
conhecido personagem histórico. Entretanto, registros cuneiformes da época in-
111'1'0
-
,1.1,por várias razões. Em primeiro lugar, conhecer a época da escrita de qualquer
.
bíblico habilita o leitor a vê-lo dentro de um contexto histórico particular. Isso
dicam que Ciro só assumiu o título "rei de Babilônia" depois de quase um ano da
1!1'I':llmente esclarece 'as circunstân~ias que contribuíram para a origem do Úvro e,
captura de 12abilônia, em ~a9 Isso indica que outra pessoa atuou como rei
,I,'ssa forma, serve para iluminar s~u contexto histórico, social e teológico.
de Babilónia subordinado a Ciro durante esse tempo. Assim, os registros revelam
Em segundo lugar, o livro de Daniel contém narrativas de eventos (caps. 1-6)
que houve um período de tempo para o governo de Dario, o medo. Sugeriu-se
'1IIl' envolvem Daniel e seus amigos como judeus exilados na Babilônia, a nação
mais recentemente que Gubaru/Ugbaru, o general do exército que conquistou
'jlll' conquistou [udá em três estágios (605, 597 e 586 a.c.). As narrativas apresen-
Babilõnia, deveria ser identificado com esse Dario. Ele viveu apenas um ano e três
1111\esses quatro heróis fiéis submetidos a situações de severo teste e julgamento
semanas após a queda da cidade.
1" 11'alguns reis dos primeiros e posteriores estágios do império neo-babilõnico,
Informações sobre os sistemas de ascensão e não-ascensão pelos quais os anti-
lum como do cOf!:leço do império persa, de cerca de 605-536 a.c., julgando a
gos contavam os anos de reinado de seus reis demonstraram que a data cronoló-
I'lII'tir de certas datas (1:1; 2:1; 5:30-31). Os sonhos ou eventos de Nabucodono-
gica de Daniel 1: 1 está em perfeita harmonia com os fatos. Além disso, o ano de
111'(caps, 3-4) ou Belsazar (cap. 5) se propõem a ser relatos contemporâneos dos
605 a.c. para a invasão inicial de Nabucodonosor a [udá foi firmemente estabe-
I> IIlpOSdesses governadores. As várias visões do próprio Daniel explicitaram datas
lecida por evidência astronômica. Também é possível agora datar precisamente o
('/:I; 8:1; 9:1; 10:1; 11:1) que colocam essas visões (junto com suas respectivas
primeiro ano do reinado de Belsazar em 550/549 a.c. (7:1) e seu terceiro ano em
1llIl'rpretações) em tempos bem específicos. .
548/547 a.c. (8: 1).
Se essas datas e circunstâncias internas para a origem dessas narrativas estão) 69
68 Essas informações tiradas de fontes contemporâneas e estudos recentes escla-
1111 orretas, o único recurso seria sugerir que as narrativas dos capítulos 1-6 são
receram e dissolveram várias questões uma vez levantadas contra a autenticidade
", I 111
tos da corte" I, "rornances'", "lendas de mártir'", "midrash'", "haggadah'",
de Daniel com base em pessoas e cronologia. Mas servem a um propósito mais
"histórias de herói'" ou que elas têm um "caráter de epopeia".? tara estudiosos
amplo no fato de coletivamente defenderem o sexto século como data para a
.1" linha crítico-histórica, os capítulos 1-6 "na sua totalidade, .-:. não podem ser
composição do livro de Daniel. Somente um autor que viveu durante os eventos
IIl1lsiderados história absoluta."8 Ou mais claramente com base em seu aspecto
do sexto século descritos no documento poderia ser tão preciso nesses detalhes
upostamente folclórico "não deveriam ser lidos como relatos históricos."?
específicos. Esse conhecimento profundo estava aparentemente perdido, pois não
lirn contraste com as narrativas (caps. 1-6), as visões dos capítulos 7-12 são
é mencionado por escritores posteriores da história antiga. Assim, estaria além da
I!' 1:11 mente categorizadas como "apocalípticas" 10na sua forma literária. Considera-
percepção de um escritor macabeu do segundo século.
1 t ambém que essas visões derivam de um período muito posterior à época do
1xllio babilõnico, ou seja, de cerca de 168/7 a 164/3 a.C. Embora uma data tão
1.lldia no segundo século a.c. não esteja necessariamente dependente da forma
ESBOÇO DA SEÇÃO
lill'l';'lria "apocalíptica", se deve notar que estudiosos da linha crítico-histórica se-
1'111'11) a hipótese de um desenvolvimentalismo que presume que "apocalíptico" é
1. Importância da data 11111 ícnórneno que floresce totalmente no período mais tardio do pós-exílio."
2. Consenso da Escola crítico-histórica moderna e seus dissidentes Terceiro, a questão da data do livro de Daniel reflete diretamente a questão da
3. Questões históricas relacionadas a pessoas 1101111
reza histórica e exatidão do material contido nele. Um escritor expressou o
4. Questões históricas relacionadas à cronologia 1'1I1/Jlvma de forma sucinta: "Se o Deus de Daniel era capaz de predizer o futuro,
1111:11)h;\ razão para crer que o curso da história está completamente sob a sobera-
11101
dI' Ynhwch. Por outro lado, se as previsões são fraudulentas, então se deveria
111,11111'1'
u ma posi\';\ll agIH')Slica a respeito do Deus de Daniel."'z
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANIEL

É O Deus do livro de Daniel capaz de predizer dessa maneira precisa a ascensão llns são seguidas de vislumbres proféticos do futuro, cuja falha em correspond~
e queda de impérios mundiais - e mesmo do futuro distante? Se isso é possível, a IIISeventos posteriores prova que são profecias verdadeiras." 18 -----1
natureza desse Deus e a mensagem do livro de Daniel para seus leitores do passado A maior parte do material nos capítulos 7-12 nessa visão é "retrospecto histó-
ao presente é radicalmente diferente da visão crítica. Se Deus é capaz de predizer 111o", ou, como Porfírio afirmou, é "relativo ao passado" e não prediz o futuro. A
o futuro de maneira tão cuidadosa, o livro de Daniel não é simplesmente um en- . .
,I,'signacão técnica para essa explanacão é - vaticinia -ex eve~, 19 uma frase do latim
corajamento para os judeus perseguidos por Antíoco IV no segundo século a.C.!' ,/11\'significa "escrito após o evento ter ocorrido", no sentido de escrever história
ntes, ele está repleto de profecias preditivas reais, que revelam a soberania divina , '"110se fosse profecia.

G obre a história e o propósito de Deus para o tempo que se estende do sexto século
C. até o fim dos tempos e estabelecimento de seu reino eterno.
peveríamos relembrar que a opinião moderna define profecia fundamental-
A questão do vaticinia ex eventu recebeu atenção cuidadosa de Jpyce G. Baldwin
1111111estudo que compara textos "proféticos" do antigo Oriente Médio e sua relação
""11 Oaniel. Seu estudo das chamadas "profecias acadianas", que são ex eventu,..cqp-
men-te como "proclamação" ou "declaração", e não como "predição" ou "previ- ,llIi que o livr=º=de.Daniel não contém vaticinia ex eventu.20 Ela também demonstra
• sãp;' de coisas próximas ou muito distantes. Esse ponto de vista é condicionado '1"\' os tipos d;inateri;is~aticinia ex eventu nas visões de sonho do livro de Enoque
basicamente por interesses filosóficos racionalistas modernos e não por questões , IIOSchamados textos "proféticos" de Babilônia se colocam em contraste com o
teológicas." A questão da presciência divina torna-se um fator proeminente com '1'IlI1tode vista teológico e a ênfase ética [em] Daníel"." Ela observa que o livro de
respeito ao fato de Deus conhecer o futuro em detalhes e torná-lo conhecido de 1).Il1iel"mostra continuidade com os livros do Antigo Testamento";" -
forma precisa aos seres humanos. O princípio por trás da hipótese vaticinia ex eventu é declarado de forma su-
A questão da natureza da profecia preditiva é um fator de interesse filosófico , 111I;tpelo Professor john Goldingay: "Daniel não profetizou o segundo século
existente há muito tempo. Porfírio, o crítico do cristianismo do segundo século, "" sexto porque isso seria impossível e irrelevante."23 J. G. Baldwin se opõe: "Se
que escreveu uma obra de 15 volumes intitulada Against the Christians (Contra I Ii:1ou não impossível depende da teologia, a sua relevância na compreensão do
70 os Cristãos) era um filósofo neoplatônico. Ele argumentou "contra a profecia de '11!lIndoséculo a.c. em relação à história inicial de Israel."24 71
Daniel em seu décimo segundo livro, ... negando que tenha sido composto pela A questão, é claro, é se o livro de Daniel profetizou a respeito do segundo sé-
pessoa a quem esse livro é atribuído no seu título, mas sim por alguém da [udeia ,"1'1a.C. Não há dúvida de que o livro de Daniel trouxe muito encorajamento aos
na época de Antíoco, por sobrenome Epifânio.Y" I1IISjudeus nos tempos difíceis da perseguição na era Antíoco no segundo século
Porfírio também alegou que "Daniel não predisse o futuro tanto quanto se 11( '. Entretanto, isso não precisa significar que todas, ou mesmo qualquer predição
referiu ao passado"." O famoso pai da igreja, Jerônimo, ao revisar as afirmações i 1,1 Iivro foram feitas para essa época. Evidências atuais de estudos recentes questio-
de Porfírio, indicou que como ele "viu que todas essas coisas haviam se cumprido u un seriamente se algum material de Daniel se refere ao segundo século a.C.25
e não podia negar que aconteceram, procurou resistir a essa evidência de exatidão Quinto, .Q_NI contém uma referência direta ao livro de Daniel da boca de
histórica refugiando-se na evasiva de que qualquer coisa que seja predita a respeito 1'>lls.Em Mateus ~4:15, Jesus diz: "Quando, pois: virdes o ABOMINÁVEL DA
do anticristo no fim do mundo foi na verdade cumprida no reinado de Antíoco II/'SOLAÇÃO de que falou o profeta Oaniel no LUGAR SANTO ..." (cf Marcos
Epifânio. [...] Tão surpreendentemente fidedigno era o que o profeta predisse, que II 11; Lucas 21:20). Ele se referiu à profecia do "abominável da desolação" como
ele não poderia parecer para os não-crentes como alguém que prediz o futuro, 11111 evento a ocorrer no futuro. Ainda não tinha acontecido. Não há uma con-
mas sim um narrador de coisas já passadas." 17 " I.lil;iioentre o consenso da Escola crítico-histórica, que declara que esse evento
·r Quarto~b_ a in(luênsia do Século das Luzes, ecom base .em i~ses fi- '11'" rcu no segundo século a.C., e as palavras de Jesus, que colocam esse evento
~osóficos, a negação da profecia preditiva no -livro de Daniel tornou-se a posição 1111.1:1 no futuro?
padrão Ifa Escola-e-rítiC.Q:his.tórifa.moderna. A visão dessa escola predominante (, /\ contradição foi observada por muitos estudiosos das Escrituras. Estudiosos
declarada d-;-f(;;~a conciSa pelo Professor Georg Fohrer: "... não estamos lidando 1111 tentaram derrotar esse problema de peso por meio da "hipótese da adap-
i('()S

aqui (Dn 7-12) com visões reais; elas contêm características tradicionais e análise 1111,,1))".
A sugestão é a de que Jesus Cristo "se adaptou em tudo aos seus contem-
histórica demais. Elas são produções literárias ... a maior parte do material é um 1"lIill1l'OS,exceto no pecado"." Isso significa que Jesus expressou a crença de seus
retrospecto histórico de uma perspectiva apocalíptica, isto é, vaticinia ex eventu. "illIl'111!1orilneosde que o cumprimento dessa profecia daniélica ainda estava no
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ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL ESTUDOS SOBRE [)ANII I

futuro) sem envolver-se num ato pecaminoso, embora soubesse que isso já se havi "está em harmonia com o novo estilo de escrita que os judeus assumiram qual)'
cumprido no passado. Essa hipótese não satisfará a todos. do mais tarde se formaram nas escolas dos gregos'l."
Alguns acham difícil entender como Jesus Cristo poderia ter adotado uma vi A conclusão de Collins foi a seguinte: "O autor do livro ... de acordo com
são errônea de seus contemporâneos sem tornar-se culpado. Recordamos Hebrcus () último capítulo do livro, parece claramente ser um escritor de coisas passa-
4: 15 que descreve Jesus: "foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhançn, das, de maneira profética, e ter vivido após vários dos eventos dos quais parece
mas sem pecado". "Se ele está errado na sua interpretação do livro, então ele deve profetizar.":" Com isso, Collins emerge como o primeiro estudioso do Iluminis-
ser menos do que o Deus encarnado infalível, onisciente. Por outro lado, se SIIII mo a questionar a data do sexto século para a origem do livro de Daniel. Ele é
avaliação está correta, sua reivindicação à deidade não pode ser questionada a esse diretamente dependente de Porfírio e usa o esquema do vaticinia ex eventupara
respeíto.Y'. Em SU!Ila, datar a origem do livro de Daniel no segundo ~lo tem dat~Qa;'iel do segundo século, a era de macabeus.
uma direta ligação com a natureza de Jesus Cristo e com a autoridade do NT. Ess; pon~ de vista estendem-se n;- c~o do tempo.,º-_ erudito alemão L.
I As várias questões citadas há pouco estão entre aquelas que indicam que li Ijertholdt lida de forma extensiva com a data do livro de Daniel em seu comentá-
data do livro de Daniel é uma questão de máxima importância.
do livro de Daniel precisa dar atenção especial à data do livro.
Cada estudioso
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rio de dois volumes (1806-1808),37 a primeira exposição verdadeiramente
histórica de Daniel." Bertholdt argumenta que o livro é do segundo século a.c.
crítico-

\' tem vários autores.'? Em 1824, J. G. Eichhorn expandiu esses pontos de vista
pela primeira vez num prefácio do AT,40 do qual se estenderam como parte da
CONSENSO DA ESCOLA CRÍTICO-HISTÓRICA MODERNA escola "liberal" de interpretação.
Durante os 100 anos seguintes, a hipótese da data de macabeus tornou-se a opi-
E SEUS DISSIDENTES nião aceita pela escola crítica moderna. O professor R. K. Harrison diz que "obje-
ções à historicidade de Daniel foram copiadas sem crítica de livro a livro, e por volta
72 Parece que um racionalista judeu chamado Uriel Acosta (ou Gabriel da Costa, da segunda década do século 20 nenhum erudito liberal que desejasse preservar sua 73
1585-1640 d.C.) foi o primeiro da história moderna em interpretação a negar que reputação acadêmica ousou ou almejou desafiar a corrente crítica atual"."
o livro derivou de Daniel no sexto século a.c. 28Acosta atribuiu todo o livro aos (a O consenso crítico-histórico de uma data do segundo século para o livro de
riseus devido aos seus ensinamentos sobre anjos e ressurreição.ê? O fa~os~ filóso I)aniel foi afirmado claramente pelo Professor W. Baumgartner no ano de 1939:
fo de origem judaica Benedict Spinoza (1632-1677) referiu-se ao livro de Daniel em "Não há nenhuma outra questão crítica no AT na qual exista tal unidade univer-
sua famosa obra Tractatus Theologico-Politicus (publicada anonimamente em 1670 sal como esta."? O Professor A. [epsen repetiu a ideia em 1961: "Que o livro de
tida como a pioneira da crítica bíblica moderna) declarando que havia acréscimo" Daniel deriva em sua forma presente da época dos macabeus [no segundo século]
redatoriais dos saduceus no livro.'? Essas duas pessoas são as únicas conhecida" parece também hoje ainda ser essencialmente reconhecido."43
como precursoras dessas afirmações que tiveram seu lugar no século dezoito (além No mesmo ano, o professor K. Koch também afirmou: "É um resultado se-
de Porfírio, o filósofo neoplatônico do segundo século). guro da pesquisa do AT hoje que a origem da presente forma desse livro deriva
Em 1727, o deísta inglês Anthony Collins escreveu uma obra" na qual, se da época da rebelião dos macabeus (168-165 a.C.)."44 Ele reafirmou essa visão em
gundo declaração feita 150 anos mais tarde, "negou a autenticidade do livro LI 1980, num livro que traça a história da pesquisa sobre o livro de Daniel.P Esse
Daniel tão completamente que a crítica tem apenas acrescentado comentários não consenso crítico-histórico é repetido até os dias atuais, conforme demonstraram
essenciais."32,Çollins referiu-se a Porfírio. Ele declarou que as predições em Da os exemplos de F. Dexinger (1969),46 A. Robert e A. Feuillet (1970),47 R. J. Cli-
niel pertenciam à época de Antíoco IV Epifânio e eram nad~ mais que de~ricõl'" lú)rd (1975),48 J. J. Collins (1981),49 P. A. Viviano (1983),50 e muitos outros".
~~icas: "À m~d~ de profecia, com a clareza da história."33 Ele defendeu (c~mo A reivindicação da escola crítico-histórica moderna é a de que a forma final
Porfírio) uma profecia vaticinia ex eventu. do livro de Daniel é datada do período de macabeus. É obra de um autor anô-
Collins também empregou o princípio da analogia e falou da natureza singu nimo ou autores que escreveram por volta de 168-163 a.c. A ideia de "forma
lar das previsões no livro de Daniel. Elas têm um "estilo obscuro, ernblemático, linal" é importante aqui porque a questão da unidade em Daniel permanece
enigmático, simbólico, parabólico e fíguratívo"," de forma que, juntamente com nuo solucionada até agora no meio crítico-histórico. Sem dúvida, ela é forte-
suas cenas e figuras, são atípicas dos profetas do AT. Essa faceta do livro de Danicl mente dcbatida.?
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
EsTuDOS SOBRE DANIEL

Um grupo de eruditos críticos sugere que houve apenas um autor para Daniel. o impulso nessa direção (aspecto número 2) tem acelerado nos últimos anos,68
Esse escritor/editor desconhecido retrabalhou tradições mais antigas em forma III.ISisso não quer dizer que o consenso sobre a hipótese da data de macabeus para
oral e/ou escrita e compôs todo o livro de Daniel como está preservado no texto 1 I, irrna final do livro tenha mudado de alguma maneira.
massorético da Bíblia hebraica. Entre os que defendem esse ponto de vista estão A afirmação de unidade no livro de Daniel por estudiosos que se recusam a
eruditos como S. R. Dríver.t' S. B. Frost," O. Eissfeldt.P sendo que H. H. Row '1(lIir o consenso critico-histórico é unânime. Eruditos conservadores concordam
ley56 argumenta meticulosamente a favor dele. "'111H. H. Rowley, que observou de forma incisiva: "O ônus da prova [para a não-
Outro grupo de eruditos críticos sugere que o livro de Daniel foi organizado IIi!idade literária] repousa sobre aqueles que investigaram a obra.t"? A unidade de
na sua forma atual por volta de 164/3 a.C.,57 mas que existiram dois ou mais I 101
11íel é mantida por todos os estudiosos que afirmam que a data da origem do
autores do terceiro e segundo séculos a.C.58 Um redator final produziu a "forma 11\,,) é o sexto século a.C.
final" do livro como agora o temos. Essa hipótese segue a de L. Bertholdt (1806), Vários eruditos nos séculos 19 e 20 não foram convencidos pelas razões advoga-
que argumentou que o livro de Daniel consiste de "nove partes únicas", cada qual ,1.1!i pelos eruditos crítico-históricos
para a data posterior do livro de Daniel. Pode
com seu autor diferente.V 'I útil observar alguns dos principais eruditos, pois não é costume dos crítico-
Mais recentemente, M. Noth defendeu a tese de oito estágios diferentes no Ilhll')ricos sequer mencioná-los em suas obras principais ou considerar seus argu-
desenvolvimento do livro no período desde Alexandre, o Grande até 165 a.c.60 G. uu-ntos. O. Eissfeldt, por exemplo, em seu prefácio ao AT, ,menciona apenas W.
Holscher defendeu sete estágios." A. Barton sugeriu seis autores.v' J. G. Gamrnic ~"dlcr (1958), J. Linder (1935), e E. J. Young (1949).70
tem uma hipótese complexa de três estágios principais de crescimento e vários No século 19, houve fortes oponentes à linha crítico-histórica. Os estudos
autores.f A opinião de H. L. Ginsberg é de que havia um trecho chamado Dan 1111.A. C. Havernick (1832,1838)71 são de especial interesse, juntamente como
A (caps. 1-6) da época pouco depois de Alexandre, o Grande, o qual ele chama 'I', roruentários de C. A. Auberlen (1854),72 E. B. Pusey (1864),73 T. Kliefoth
Apoc r. Havia também um Dan B (caps. 7 -12) com três autores, ou seja, Apoc 11- ( 1/1(18),74R. Kranichfeld (1868),75 C. F. Keil (1869),76 e J. Knabenbauer (1891).77
74 IV. O autor Apoc IV reuniu a forma atual do Íivto.P" I I, estudos especializados de E. W. Hengstenberg (1831),78 D. Zündel (1861),79 e 75
Hoje, há uma tendência na escola crítico-histórica de optar por vários estágios I Ili'isterwald (1890)80 também são importantes.
de desenvolvimento para o livro de Daniel. As narrativas dos capítulos 1-6 são () século 20 produziu uma corrente cada vez maior de estudos defendendo o
frequentemente vistas como tendo uma origem pré-macabeus, terceiro século a . , \11) século como data de origem do livro de Daniel, especialmente nas décadas
nas palavras de [ohn J. Collins, os capítulos 1-6 "não são documentos históricos, I 1',ll'tir da Segunda Guerra Mundial. Na primeira metade do século, comentários
e foram compostos provavelmente no terceiro século a.C., embora possam incor ,'IIIIl> os de A. C. Gaebelein (1911),81 G. C. Aalders (1935),82 M. A. Beck (1935)83
porar material tradicional possivelmente mais antigo."65 f l lurtenstein (1936)84 e prefácios ao AT como os de W. Mõller (1934)85, bem
Diz-se também a respeito das visões apocalípticas dos capítulos 7 -12 que elas ,'IIIIU os estudos de R. D. Wilson (1917/18)86 e C. Boutfloer (1923)87, chamam
contêm material mais antigo do que o segundo século, principalmente da mitolo 11,"\':\0 especial.
gia do antigo Oriente Médío.s? No entanto, essas visões são, em geral, datadas do l Jrn verdadeiro despertar da atribuição de uma data anterior para o livro de
tempo de Antíoco IV Epifânio, muito embora alguma atividade editorial possa ser 11ollliL·I,baseada em descobertas arqueológicas e outros estudos, ocorreu após a
de uma data posterior." II:llllda Guerra Mundial, com comentários tais como de E. J. Young (1949),88 H.
Podemos concluir essa breve visão geral do consenso moderno da Escola criti , l c-upold (1949),89 R. D. Culver (1954,1962),90 J. F. Walvoord (1971),91 L. Wood
co-histórica sobre a data para o livro de Daniel ressaltando dois aspectos: 1'1/1),'12J. G. Baldwin (1978),93 G. L. Archer, Jr.,94 e G. Maier (1982).95
(1) Há um consenso quanto à hipótese da data de macabeus. A forma final do li I kntre os prefácios ao AT que defendem a data do sexto século estão os de G.
vro de Daniel deriva do segundo século a.c., particularmente no período de Antíoco I \Ichcr (1964),96 R. K. Harrison (1969)97 e H. D. Hummel (1979).98 Estudos es-
IV Epifânio, ou por volta de 167/6 a 164/3 a.c. (2) Uma vez que há elementos no I'" l,tI izados c de importância são os de D, J. Wiseman e outros (1965),99 B. Waltke
livro de Daniel que inquestionavelmente são mais antigos do que o segundo século (jll'I(,),'OO (J. L. Archcr (1979),101 J. McDowell (1979),102 S. J. Schwantes (1980),103 D.
a.c. (caps. 1-6 ou certos aspectos nesses capítulos), é forte a tendência de datar partes W (;,)uding (1981),104 c A, J. l-crch (198'3),IOí os quais defendem o sexto século a.
de todos esses capítulos do terceiro século e atríbuí-los a um ou mais autores. i 1'"IH) dala para a origcm do livro. Evick-nrcrncnrc, o segundo século como data
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE 1 )ANIII

não é uma questão encerrada. O consenso crítico-histórico da data de macabeus 11.1)através da qual o rio Eufrates corria. Uma muralha dupla protegia essa cidu
para o livro é algo cada vez mais problemático e tem se tornado muito difícil de se 111',111
Envolvendo esse complexo interno estava a chamada "Muralha do Meio",
manter em vista das atuais evidências. IIIIVprotegia a cidade do nordeste ao sul ou do Tigre ao EufratesY2
Agora, discutiremos problemas maiores com relação à data do livro de Danicl As escavações da Babilónia antiga, que começaram em 1899 pelo escavador
que têm sido debatidos. Nossa atenção se focalizará em novas ideias e soluções fasci- dl'mão Robert Koldeway, trouxeram à luz centenas de tijolos de barro secados ao
nantes obtidas. Questões históricas, teológicas e de interpretação relacionadas a pes- I ti, contendo uma inscrição que declara que Nabucodonosor foi o construtor de
soas tais como Nabucodonosor, Belsazar, Dario e Daniel demandam nova análise. II,dlilônia. Em outra inscrição, Nabucodonosor declarou: "As fortificações de Esa-
Novas soluções foram encontradas para questões cronológicas tais como as datas de da [templo de Marduque] e Babilónía, eu as fortaleci e estabeleci o reino do meu
Daniel l: 1; 7: 1; 8: 1; 9: 1 e outras. Nomes e palavras estrangeiras (babilônicas, persas (' uume para sempre."!"
gregas) necessitam de consideração. Há nova luz sobre a linguagem aramaica e a data Nabucodonosor é o verdadeiro reconstrutor de Babilônía, que foi destruída
para a origem de Daniel. Finalmente, o lugar do livro de Daniel no cânon do AT, sua 1111689"'a.C. pelo rei assírio Senaqueribe. Seus empreendimentos são evidentes
suposta pseudonomía, e outras questões pertinentes precisam ser mencionadas. /ltlr quase toda a parte em Babílõnía. Nas palavras de H. W. F. Saggs, isso indica
"'iIlL~ele poderia com considerável razão ter declarado as palavras atribuídas a ele
1111Daniel4:27, 30".1l4
QUESTÕES HISTÓRICAS RELACIONADAS A PESSOAS Essa exatidão histórica é confusa para aqueles que sugerem que Daniel foi
I « rito no segundo século a.c. R. H. Pfeiffer, da Universidade de Harvard, teve
Atentaremos para várias figuras históricas importantes do livro de Daniel, tais '1I1t'admitir: "Presumivelmente, jamais saberemos como nosso autor soube que
como Nabucodonosor, Belsazar, Dario+" e Daniel. I nova Babilônia foi criação de Nabucodonosor (4:30 [27]), como têm provado
I. vscavaçôes." 115 Visto que os últimos historiadores antigos aparentemente não
76
EMPREENDIMENTOS DE NABUCODONOSOR 1IIIham conhecimento dos feitos de Nabucodonosor nesse aspecto, a evidência 77
.unciforme contemporânea é de extrema importância para a data de Daniel, bem
A cidade de Babilónia tem uma história muito antiga. No entanto, no livro , '11110para a exatidão histórica do livro.
de Daniel, Nabucodonosor é citado como aquele que clama ser o construtor de
Babilônia como residência real para si mesmo: "Não é esta a grande Babilôniu \ I,()UCURA DE NABUCODONOSOR
que eu edifiquei para a casa real, com meu grandioso poder para glória da minha
majestade?" (4:30 [27]). 1\ narrativa da loucura de Nabucodonosor em Daniel 4 tem sido um ponto de
Embora sejam feitas referências frequentes à Babilônia nos escritos de Heró I11111
rovérsia há algum tempo. R. H. Pfeiffer a chamou de um "conto não-histórí-
doto, Ctésias, Estrabo e Plínio.P? esses autores não se referem a Nabucodonosor I"", "uma reminiscência confusa dos anos que Nabonido passou em Teima [Tema]
como o construtor da nova Babilônia. Por isso, sugere-se que o livro de Danicl 11.1Arábia."!" Isso recebeu apoio de outros eruditos por meio da descoberta, em
contém uma citação errônea. IIVlS, de quatro fragmentos de um texto desconhecido da Caverna 4 de Qumram,
Entretanto, registros contemporâneos descobertos por arqueólogos agora for· IIUPrNab), publicado no ano seguinte sob o título "Oração de Nabonído"!"
necem informação que confirma a autenticidade da afirmação no livro de Danicl, Propõe-se que os fragmentos são a oração de Nabonído, "o [grande] rei, [quando
Por exemplo, o cilindro de Grotefend declara: "Então construí eu [Nabucodono I, flli afligido] com furúnculos malignos por ordem do [Altíssimo Deus] na [cidade
sor] o palácio,"ãssento de-minha realeza, elo da raça dos homens, morada de alegria ,1,1 II.'ma".118 É dito que Nabonido , o último rei de Babilônia, foi afligido "por
e regozijo." 108 J. A. Montgomery conclui que "a própria linguagem da história [de ,11' :1110S",119 até que um profeta [ou exorcisraj.P'' que era um judeu [homem],121 che-
Daniel] é reminiscente da Acádia" nesse surpreendente exemplo.l''? A descricão da 111 I. () rei obtém perdão pelos seus pecados e é curado pelo profeta/ exorcista.
auto-glorificação do rei é notavelmente verdadeira para a história. . Pode ser melhor fornecer urna tradução da "oração de Nabonido" (com pala-
Nabucodonosor relata que construiu várias muralhas, enormes portões, palá \I"~ duvidosas em itálico c palavras acrescentadas em colchetes):
cios, templos, canais, represas, etc."? Como resultado dessa atividade intensa dl' "(I) As palavras da oração proferida por Nabonido, () rei da [terra dei Babiló-
construção, o rei criou uma cidade interna (cerca de cinco milhas de circunferên illll, i\ 1.I!r!llIdejrei, Iqll:llHlo vlv ((li alligidol (2) com fl/níllclIlos 1I1llli.l!l1CiS
por ordcrn
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LlVRO DE DANIEL
EsTUDOS SOBRE DANIFI

do [Altíssimo Deus] na [cidade de] Teman: [Com furúnculos malignos] (3) eu fui rulo 4 uma tradição original de Nabonido foi transferida ao rei Nabucodonosor.
afligido por sete anos, e então eu me tornei como [os animais; mas confessei meus () famoso assiriologista britânico D. J. Wiseman observa: "nada do que se sabe
pecados] (4) e Ele me perdoou. Ele tinha um profeta, que era um judeu [homem .rré agora da retirada de Nabonído a Teima [Tema] apóia o ponto de vista de que
dos exilados, e ele] me disse: (5) Faça uma proclamação por escrito de que a honra, a esse episódio seja um relato confuso de acontecimentos no reinado posterior [de
grandeza e a glória sejam dadas ao Deus [Altíssimo. Então, ele escreveu: Quando] Nabucodonosorl."133 Da mesma forma, a história das aventuras de Nabonido em
(6) eu fui afligido] com furúnculos [malignos] ... em Teman [por ordem do Altíssi lema não depende da narrativa de Daniel.P"
mo Deus] (7) por sete anos, [eu] orei e [louvei] os deuses de prata e ouro, [bronze, A veracidade do relato bíblico da insanidade de Nabucodonosor tem sido
ferro] (8) madeira, pedra e barro, uma vez que ... eram deuses."122 questionada com base em que a informação extra-bíblica revela que ele "não
Vários eruditos argumentam que a narrativa da loucura de Nabucodonosor (, renunciou ao trono", e que a substituição do nome de Nabucodonosor por
dependente da "oração de Nabonido" ,123que foi "escrita no começo da era cristã, Nabonido é mais sugestiva para Daniel 4. 135 Contudo, uma descoberta recente
mas o escrito mesmo pode ser de alguns séculos antes" .124Diz-se que o autor do íornece informação histórica que parece ter conexão direta com a desordem
capítulo 4 confundiu os nomes de Nabucodonosor e Nabonido e/ou retrabalhou mental de Nabucodonosor. Em 1975, o assiriologista A. K. Grayson publicou
tradições anteriores de Nabonido. 11111
texto cuneiforme fragmentário (BM 34113 = sp 213), do Museu Britânico,
Essa posição é construída sobre uma tênue hipótese com as seguintes prernis que menciona Nabucodonosor e Evil-Merodaque, seu filho e sucessor do trono
sas: (1) O livro de Daniel foi escrito depois; (2) o conteúdo da "Oração de Naboni- de Babilônia (Jr 52:31).136
do" é essencialmente histórico. Assume-se também que Nabonido residiu por sete O tablete babilônico é tão fragmentário que apenas o conteúdo de um lado
anos na cidade de Tema, Arábia, uma premissa que esperava ser confirmada pelos (anverso) é traduzível, e mesmo assim com muitas incertezas. Nas linhas 2 a 4 Na-
"sete anos" de doença em Tema mencionados nos fragmentos de Qumran. hucodonosor é mencionado. É declarado que "sua vida não parecia ter valor para
Novas descobertas alteraram o quadro de tal maneira que a hipótese teve de [ele, ...J" e que "[ele] permaneceu e [tomou] o bom caminho para [... J".137Nas linhas
78 ser abandonada. A evidência cuneiforme contemporânea da estela de Harã, pu- 'i a 8 é reportado o seguinte: "E (o) babilónio dá um mau conselho a EVil-Merodaque 79
blicada inicialmente em 1958, informa que Nabonido ficou em Tema por "dez I...] Então ele dá uma ordem totalmente diferente, mas [... ] Ele não dá atenção para
anos", não sete, e que ele se mudou para lá por razões políticas.l" Esses fatos ,I palavra de seus lábios, da corte [ ...] Ele mudou mas não impediu[ ...]."138
agora lançam dúvida sobre a historicidade da informação na "Oração de Naboni Infelizmente, não pode ser feita nenhuma identificação clara do tema nas linhas
do". Assim, a evidência histórica de registros contemporâneos vai de encontro :1 a 8. É possível que o assunto se refira a Nabucodonosor, que dá a seu filho Evil-
informação apresentada na "Oração de Nabonido" e à hipótese construída sobre Merodaque ordens as quais este não dá ouvidos por causa do comportamento instá-
aquela informação errônea. vel do primeiro. Se Nabucodonosor é o principal ator nesse texto, então as frases em
Além disso, há diferenças significativas entre Daniel 4 e a "Oração de Nabo- .ilgurnas linhas depois podem também referir-se a ele. Nessas linhas, lemos: "Ele não
nido" que não podem ser ignoradas: (1) Nabucodonosor foi afligido com uma demonstra amor por filho ou filha [...]... família e clã não existem [... ] ... sua atenção
doença em Babilônia, mas Nabonido estava em Tema. 126 (2) A doença de Nabonído 11:10estava voltada a promover o bem-estar de Esagil [e Babilônia]."l39
é descrita como "furúnculos malignos," 127"erupção severa" 128,ou "inflamação sevc Tais lamentos podiam facilmente ser vistos como referindo-se ao comporta-
ra" 129,ao passo que Nabucodonosor teve um problema mental raro, similar a uma mcnto estranho de Nabucodonosor durante o período de sua incapacidade men-
variedade de monornanía.P? (3) A doença de Nabucodonosor era uma punição I :11,quando ele negligencia sua própria família, clã, o culto associado ao templo
por sua arrogância, enquanto que a de Nabonido era aparentemente uma punição I~sagil, e os interesses de Babilônia em geral. Podemos supor que o príncipe Evíl-
devido à idolatria. (4) "Nabucodonosor foi curado pelo próprio Deus quando reco Merodaque foi forçado a assumir o governo de seu pai Nabucodonosor durante o
nheceu a soberania dele, ao passo que um exorcista judeu curou Nabonido ... "131 ('l'ríodo da incapacidade desse último de reinar. Daniel 4 nos informa que Nabu-
É certo que a "Oração de Nabonido" na sua forma presente é posterior no l'odonosor foi mais tarde restabelecido (v. 36).
capítulo 4. É certo também, com base na comparação, que "não podemos falar dl' Se nossa interpretação desse novo texto cuneiforme estiver correta, temos
dependência literária direta" 132entre o capítulo 4 e a "Oração de Nabonido". As p('la primeira vez evidência histórica contemporânea extra-bíblica que corrobora e
diferenças fundamentais entre os dois militam contra a premissa de que no capl .ipoia o relato em Daniel 4,1'10sustentando sua hisroricidadc e data anterior.
ESTUDOS S( 1[\1(1·
11ANIII
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LNRO DE DANIEL

tlxmido. A recuperação dos textos babilónícos demonstra isso sem sornlirn dI'
JURAMENTO DE LEALDADE DE NABUCODONOSOR IlIl'ida.150É bem certo que ainda não foi encontrado nenhum texto que ch.un«
Daniel3 descreve o julgamento na planície de Dura dos três amigos de Daniel - Sa lI, lxnzar de "rei". Mas foi descoberta uma informação que explica de forma cxpl!
draque, Mesaque e Abednego -, que eram oficiais do governo babilônico. Nabucodr 1101 que Nabonido confiou o "reino" (sarrutim) a Belsazar. O "Relato em Verso dl'
nosor anunciou que os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, dHlIlido"151 declara: "Ele [Nabonido] confiou ao seu [filho] mais velho, o primo-
os magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias deveriam reunir-se para '11110, ordenou as tropas de todo o país sob seu [comando]. Ele deixou [tudo],
a consagração de uma imagem de ouro. A orquestra nacional tocou no momento apro- "li riou-lhe o reinado ... Ele foi em direção a Tema no oeste." 152 --.
priado quando esses oficiais deviam prostrar-se num ato de obediência e adoração. lirnbora Belsazar não seja chamado "rei" como tal, Nabonido "confiou-lhe
W. H. Shea entende esse ato como um "juramento de lealdade". Ele explica que , uinado". Esse "reinado" incluía assumir o comando militar da nação e assim
"ao curvar-se para a imagem e adorá-Ia, a pessoa também ofereceria fidelidade e leal IlIlplica uma "posição real".153 A função do "reinado" com seu poder real incluía,
dade a ela e ao que ela representasse" .141Ele observa na Crônica de Nabucodonosor I, .icordo com outros textos babilônicos, a manutenção dos lugares babilônicos
(conforme publicada por D. J. Wiseman)142 uma referência a uma revolta no décimo " culto (que era a tarefa do rei),154 a invocação do seu nome e do seu pai nos
ano de reinado do rei, ou seja 595/4 a. C. Esse dado ele traz com relação à visita de un.unentos.l" e o récebimento de tributos em nome de ambos.I"
Zedequias a Babilônia em 594/3 a.c. (jr 51:59-64). Ele sugere que a revolta condu listas são todas as funções pertencentes ao "rei". Embora não haja nenhum
ziu ao subsequente "juramento de lealdade" pelos oficiais da corte babílõníca.'? I, \10 que chame Belsazar de "rei", como já observado, isso não significa que essa
Se essa reconstrução histórica (baseada na Crônica Babilônica, no texto "~ignação no livro de Daniel esteja incorreta. A ideia de uma co-regência era
'111 hecida tanto na Palestina quanto na Babílónía.l" Pode-se encontrar evidência
Prisma,144 na informação do juramento de lealdade, e em Jeremias 51:59-64) for·
nece correlação histórico-cronológica adequada, como parece, então é possívd 1'.11:\ isso na história assiro-babilõnica. É sabido que no ano 699 a.c. o rei assírio
conhecer um contexto histórico incisivo para os eventos de Daniel3. ~ Em conse 'I naqueribe colocou seu filho Ashur-nadin-shumí no trono. No ano 668 a.c. o
14 to1 líssarhaddcn anunciou como rei "sobre" Babilónia seu filho Sharnash-shum- 81
quência disso, Daniel3_pode ser datado um tanto precisamente a 594/3 a.C. \
80 emerge agora um panorama políi:icol46 babilônico para esse-importante capítulo, II~rn. O rei neobabilônico Neriglissar designou seu pai Belshumishkun como "rei
11 nabilônia". Num festival de ano novo, o rei persa Ciro elevou seu filho Carn-
dando credibilidade ao seu contexto histórico e data.
1o~"'I'S a "rei de Babilônia" .158
Se o termo "rei" pode então ser empregado num sentido de co-regêncía sobre
BELSAZAR COMO "REI" DE BABILÔNlA
I llabilônia por governadores assírios, neobabilônicos e persas, parece razoável
O livro de Danie1 descrev ~sazar como o governador de Babilônia ("Be1sazar, III:\'I'irque Nabonido tinha esse tipo de relacionamento com seu filho Belsazar,
o rei") que foi morto uando a cidade caiu em j} d.~lubro ~e 539 a.c. (cap. 1) 111 qual entregou o "reinado" (sarrutim). É razoável sugerir que ele que tinha o
Ele era o filho do rei abonido (556-539 a.c.) e co-governador na época da captur u-inado" funcionando como "rei", como é bem designado em Daniel 7:1, 8:1, e
de Babilônia pelos Medos e ersas. Afirmou-se que não há evidência histórica qu IlIll'apítulo 5~ Y~ung obs~vou con:et~en~ue "o B.S,l<ierde reinado de Bel-
apóie esse ponto de vista de que Belsazar era "rei". Consequentemente, é dito que U I :11' é demonstrado por suas ofertas de propriedades, por meio de suas ordens,
livro de Daniel (5: 1-30; 7: 1; 8: 1) contém, nesse ponto, um "grave erro histórico" .14/ , 11 desempenho co~o administrad:or do templo-em Erech" .159
A lista dos reis neobabilônicos é esta: Nabopolassar (17 de maio de 626 a 1 "'om base nos vários textos babilônicos, é evidente que Belsazar tinha as prer-
de agosto de 605 a.Ci), Nabucodonosor (7 de setembro de 605 a 8 de outubro li tolfi:ttivasde um monarca. Ele poderia ser chamado "rei", embora sua posição fosse
562 a.c.) Amel-Marduque (o Evil-Merodaque bíblico [2 Reis 25:27]; 8 de outubr uhordinada à de seu pai Nabonido. O fato de seu pai lhe haver entregue o reina-
de 562 a 7 de agosto de 560 a.C), Neriglissar (13 de agosto' de 560 a 16 de abril li 111, deu o poder a Belsazar de administrar os assuntos do estado como um rei.
556 a.C), Labashi-Marduque (3 de maio de 556 a 20 de junho de 556 a.c.) e N
bonido (25 de maio de 556 a 13 de outubro de<5~148 Consequentement N/\lIUCODONOSOR COMO "PAI" DE BELSAZAR
49
o último rei de Babilônia foi Nabonido.l (JS textos de Babilônia nomeiam de forma clara Nabonido como o pai de
A existência de Belsazar, porém, não é mais posta em dúvida, uma vez que d
111 [s.rzn r. No cnranro, 1: 11, IR nt rihucm essa posição a Nahucodonosor. O faro l'
aparece em relatos cuneifoTmes antigos de Babilônia como o primeiro filho d
EsTuDOS SOBRE DANIEL
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LNRO DE DANIEL

,lida que apoie essa ídentíficação.!" Astíages nunca chegou aos portões de Babi-
que a palavra "pai" nas línguas semita pode também significar avô, um ancestral
16o I, 1\iin171e seu pai não foi Assuero (Dn 9: 1).
mais remoto ou mesmo um pr sor num ofício.
D. J. Wiseman ressalta que a nomeação de Nabucodonosor como "pai" na vc
2. Dario, °
medo, é Ciáxares lI? O historiador judeu Josefo sugeriu que o
I' lI, filho de Astíages (584-549 a.C.), é Dario, o medo, do livro de Da-
I t .iáxares
dade "não contradiz os textos babilônicos que se referem a Belsazar como o filho li 172 ponto de vista tinha muitos apoiadores mesmo recenternente.F' Nosso
111>'1.Esse
Nabonido, uma vez que o último era um descendente da linhagem de Nabucodo
.uthecimento sobre Ciáxares II vem do historiador grego Xenofonte.l" cuja exa-
nosor e pode muito bem ter sido relacionado a ele por meio de sua esposa" .161
,,1.10histórica foi seriamente enfraquecida com base nos registros cuneiformes.
Nabonido era um usurpador que tomou o trono de Babilônia em 556 a.c. d
~1"1I1 de Xenofonte nenhuma fonte anriga conhece Ciáxares II como o último rei
Labashi-Marduk, cujo pai, Neriglissar, usurpou o trono antes do filho de Nabu«
"1I,tlne parente de Ciro.175
donosor, Amel-Marduk, em 560 a.c. Neriglissar, contudo, casou-se com a filha d
Nabucodonosor.16\E-lfecula-se que Nabonido era também genro de Nabucodollll
°
3. Dario, medo, é Cambises? Cambises, filho de Ciro, foi identificado como
II,I!io, o medo.I" Isto se adequaria de forma precisa, dado que Cambises foi "rei de
SOr.163
Nesse caso, Na ucodonosor era avô de Belsazar do lado de sua mãe.
Assim, com base no uso das palavras "pai" e "filho" nas línguas semitas, Nahu Illhilônia"177por um ano. "As datas e títulos em cerca de trinta textos cuneiformes
codonosor era o pai de Belsazar e Belsazar era filho de Nabucodonosor na relaçàu 11llabilônia indicam que Ciro instalou seu filho Cambises como seu rei subordi-
111111) em Babilónia por um ano, enquanto ele era ainda rei do império Persa."!"
avô-neto. Evidência histórica de registros antigos se ajusta perfeitamente com 11
l uquanto alguns aspectos se identificam com Dario, o medo, outros, como seu
informação fornecida no livro de Daniel.
I' 1Isendo Ciro e não Assuero e a idade de 62, não se ajustam."? Além de sua co-
1!I'nciacom seu pai, essa hipótese não tem apoio histórico, adequado.
DARIO, ° MEDO 4. Dario, °
medo, é Ciro? O famoso assiriologista D. J. Wiseman sugeriu em
Imediatamente depois da morte de "Belsazar, o rei caldeu" em outubro de 5 N 1')')'1180que Dario, o medo, deveria ser identificado como Ciro.181Sua sugestão en-
a.C., é declarado em 5:31 que Dario, o medo, "se apoderou do reino". Isso poli '1111 rou apoio de J. M. Bulman" e é citado favoravelmente por J. G. Baldwin.I'" 83
82 significar que ele foi constituído "rei sobre os caldeus" (9: 1). Esse Dario era '\111 ~ IC Millard.P" e G. Wenham.185 Essa hipótese requer que a tradução de 6:28 seja
linhagem dos medos" (9: 1), portanto não era descendente dos persas. Ii,1.1 (de acordo com o ponto de vista da sintaxe hebraica) como: 186"Daniel, pois,
Um erro grave alegado por alguns eruditos crítico-históricos é que o livro de 1)1\ l'I,'~perou no reinado de Dario, a saber, o reinado de Ciro, o Persa."
niel retrata incorretamente o governo de Dario, o medo, após a queda de Babilônil' Â conjunção hebraica waw é para expressar uma explicação ("a saber", "ou
(539 a.Ci), enquanto que, na verdade, foi Ciro, o grande da Pérsia, quem se tornou 1,\") e não uma adição ("e"). Embora haja várias características positivas nessa
governador de Babilônia depois de sua queda. Por exemplo, H. H. Rowley afirmou I,111 ificação, há também alguns problemas: (a) O livro de Daniel faz uma dis-
em 1935 que "o problema histórico mais sério no livro de Daniel" é o de que Dario Ilh,:IOnatural entre "Dario, o medo," e "Ciro" , como em 1:21; 6:lff.; 6:28; 9:1;
o medo, "ocupou o trono de Babilônia entre a morte de Belsazar e o reino de Ciro, h 1 I i 11:1.187(b) Em nenhum outro caso uma pessoa é chamada por dois nomes
Pois, se sabe com certeza que o governador do império neobabilônico foi Ciro .... "1 1J1"I'l'ntessem uma referência explícita com relação à renomeação (1:6-7). (c) As
Essa opinião é ainda mantida por alguns,l65embora registros do mundo antiMI I,'n'ncias datadas a esses dois reis em Daniel são um tanto casuais, sugerindo
agora lancem nova luz sobre esse assunto. Em conseqüência disso, é apropriall 1111>1 distinção entre eles (10:1; 11:1).188
indicar sugestões importantes que foram dadas para identificar Dario, o medo °
. Dario, medo, é Gubaru, governador de Babilônia? A hipótese de que Da-
com uma figura histórica do passado. Quem é o enigmático Dario, o medo? 1 1, I) medo, devesse ser identificado
1 com Gubaru, governador de Babilõnia, foi pro-
1. Dario, o medo, é orei Astíages? Astíages foi o último dos reis da Médill III1I'idaprimeiramente pelo escritor francês E. Babelon no ano de 1881.189Vários
Heródoto e Xenofonte relatam que Ciro nasceu da união de Cambises com a uu litos a têm aprovado desde então,"? incluindo W. F. Albright.191Seu mais forte
lha de Astíages, Mandane.l" Entretanto, o antigo historiador Ctésias fornece \I 1"II:ldoré J. C. Whitcome (1959),192seguido por G. L. Archer.l'" entre outros.
relato diferente: "Ciro não tinha nenhuma relação com Astíages, mas era filho ( iubaru tornou-se governador de Babilõnía sob o comando de Ciro tempos
um bandido e de uma garota que cuidava de cabras." 167 I,Il\lis de sua conquista e aparece em textos cunciforrncs por volta do quarto ano
Embora a hipótese de que Astíages era Dario, o medo, tenha sido mantl I, ( 'i 1'0\'14por li m período de quarorzc a nos.\'15 Sua designação l' "govl'rn:ldor de
desde a época do pai da igreja Jerônimol68 até o presenter'" não há evidêru
ESTUDOS SOBRE DANIEL
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LNRO DE DANIEL

Para concluir, podemos citar o comentário de J. G. Baldwin sobre essa questão


Babilônia e da região além do Rio". Esse Gubaru não deve ser confundido com
11,1identificação de Dario, o medo, com uma pessoa da história: "Embora seja ver-
Gubaru/Ugbaru que era general no exército de Ciro e que conquistou Babilón
ILlde que a identidade de Dario não pode ser estabelecida com certeza a partir do
de acordo com a crônica de Nabonido.
«rnhecimento que temos até o presente, há muita evidência de sua identificação
Há várias características interessantes nessa identificação que fizeram
.umo uma pessoa na história para sua total rejeição. Não mais é possível rejeitá-
seguidores recenternente.l'" porém ela também apresenta algumas díficuldad
II1c construir uma teoria de que o escritor [de Daniel] acreditava que havia um
"Não há evidência de que esse último Gubaru tenha sido outra coisa além de
uupério medo separado."205 As informações arqueológicas de anos recentes cnfrn-
vernador de Babílõnía"."? Jamais foi dito que ele tivesse o título de "rei". Não
.juccem completamente o ceticismo racionalista da existência histórica de Dario,
evidência de que ele fosse um medo ou que seu pai fosse Assuero.
II medo, e que ele seja o resultado de uma confusão.ê'"
6. Dario, o medo, é Gubaru/Ugbaru, o general que conquistou Babilôn
A identificação mais recente de Dario, o medo, é com o general conquistador
exército de Ciro, chamado Gubaru/Ugbaru,l98 por W. H. Shea.
199
Ao investigar I)ANlEL COMO O IlTERCEIRO" EM BABILÔNlA

famosos tabletes cuneiíormes relacionados à época em discussão, Shea descobr A crise retratada em Daniel 5 apresenta Belsazar imaginando quem poderia
que por um período de cerca de nove meses após a captura de Babilônia, em ') uucrpretar a misteriosa escritura na parede. Na busca por uma pessoa que expli-
a.c., pelas forças combinadas da Medo-Pérsia, Ciro, o grande, não carregou o til I .isse a inscrição, Belsazar faz uma promessa de recompensa. O intérprete será o
10 "Rei da Babilônia". O título que ele levou durante esses nove meses foi "Rei Inceiro''207 em autoridade no reino (5:7, 16, 29). Daniel é recomendado pela
terras", e apenas esse. "Ao final do seu primeiro ano, 'Rei da Babílõnía' foi adick uinha, mais provavelmente Nitocris, mencionada por Heródoto.i'" e trazido à
nado ao seu primeiro título nesses textos [cuneiformes babilônicos], produzind I'Il'sença de Belsazar. A ele é oferecida a posição de ser o "terceiro" no reino se
o título 'Rei da Babilônia, Rei de terras', que se tornou o título padrão usado p" pudesse revelar o enigma (v. 16). Daniel é finalmente elevado à posição de "ter-
ele pelo resto do seu reinado."20o .viro" sobre o reino.
Assim, pela primeira vez confirmamos evidências contemporâneas de 85
84 Qual a importância de ser o "terceiro"? Quem eram os outros dois soberanos?
Ciro, o grande, cujas forças sob a liderança do governador de Gutium destruíram IlIlViamente Belsazar era um deles. Nabonido, o pai de Belsazar, não é menciona-
Babilônia, nenhuma vez teve o título "Rei de Babilônia". Quem quer que teu ,111no livro de Daniel. Contudo, registros contemporâneos tornam muito claro
carregado o título "Rei de Babilônia" foi um rei subordinado a Ciro no primei 'IIIC ele é o "rei" que escolheu compartilhar o governo sobre o reino de Babilônia
ano após a queda de Babilônia. '11111 o príncipe da coroa, Belsazar, a quem deu o "reinado" (sarrutim). Assim, Bel-
Também não deveria ser surpresa que Dario, o medo, fosse chamado "rei" (6:6. .tzar era um co-regente, ou "segundo" governante no império.
25). Um dos tabletes de Nabonido de Harã, escritos durante o reinado de Ciro, refe A característica importante desse registro está (a) na revelação dada quanto à
se ao "Rei dos Medos", no décimo ano do reinado de Nabonido (546 a.C). Isso índi 1I·laçãopolítica-real entre Nabonido e Belsazar e (b) a exatidão factual desse relato
201
"que o título existiu depois que Ciro conquistou a Média", por volta de 550 a.C. I 11Inrespeito à situação política no período final do império neobabilônico. O
Com base na evidência histórica presente sabemos que Gubaru/Ugbaru, gt .h-ralhe "enfatíza a exatidão histórica do livro de Daniel",z°9 mesmo nesse item
202
nador de Gutium e general sob o comando de Ciro, conquistou Babilônia. Tal IIi'queno, mas altamente significativo. Esse fato é desconhecido entre historiado-
bérn, como observado acima, agora sabemos que por grande parte do primeiro un Ii'S recentes do mundo antigo e testifica da informação histórico-política exata
após a queda de Babilônia, Ciro não reivindicou o titulo "Rei de Babilônia", indica .untida no livro de Daniel. Ela apoia uma data anterior para o livro.
do que outra pessoa era rei subordinado a ele. Shea defende que Gubaru/Ugbn
morreu um ano e três meses depois da queda de Babilõnia de acordo com um rru ld
consecutivo de calcular os dados cronológicos da Crônica de Nabonido.P" QUESTÕES HISTÓRICAS RELACIONADAS À CRONOLOGIA
r. A hipótese Gubaru/Ugbaru é compatível com cada ponto de identificação n
I livro de Daniel, exceto como observa W. H. Shea: "Dois pontos - sua ascendêncl
Vários eruditos que pesquisam a informação cronológica no livro de Daniel
I e origem étnica - não podem ser veríficadas até agora por falta de documentaç
1i'111alegado que ela contém discrepâncias e erros. Essas descobertas são usadas
! histórica adequada."204 Além disso, Gubaru/Ugbaru nunca é chamado "rei", Ill'
liMa indicar que o livro de Danicl é cronologicamente incorreto e não-confiávcl,
designado Dario, o medo.
ESTUDOS SOBRE DANIEL
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O UVRO DE DANJEL

É um tanto contrário aos fatos agora conhecidos reivindicar (como foi feito
TERCEIRO OU QUARTO ANO DE }EOAQUlM
\I"\'entemente) que o autor de Danie1 "não estava preocupado com tais detalhes
Por muito tempo certos estudiosos (alguns ainda o fazem) sustentaram o ponto históricos que não significavam nada para sua mensagem espiritual'U" Na vcrda-
de vista de que há um evidente erro cronológico em Danie11: 1, como pode ser visto .I\', Daniel, que morava em Babilónia, empregava o sistema babilônico de data;
comparando-se a passagem com Jeremias 25:1, 9.210Ainda em 1978, pode-se ler que I [crernias, que morava na Palestina, utilizava o método palestino.?" Usando o
"nosso autor simplesmente seguiu uma lenda folclórica anterior sem preocupar-St' método de ano de ascensão, Daniel pôde identificar 605 a.c. como o terceiro ano
com a exatidão da data".2l1 Em 1979, foi outra vez sugerido: "O versículo 1 fornece ,I,' Jeoaquim e ano de ascensão de Nabucodonosor como "rei de Babilóriia". Por
detalhes cronológicos que são impossíveis de ser aceitos".212 "O livro de Danie1 aprc «urro lado, [eremias pôde designar o mesmo ano como o quarto de Jeoaquim e o
senta um erro histórico."2l3 Qual o problema com o terceiro ano em Danie11:1? primeiro de Nabucodonosor seguindo o método ano de não-ascensão.
A data da vinda de Nabucodonosor a Jerusalém "no ano terceiro do reinado Além disso, há agora evidência astronômica irrefutáve1 de eclipses de que o
de Jeoaquim, rei de [udá" (1: 1) contradiz a informação fornecida em Jeremias 25: u-rceiro/iquarto ano de [eoaquim, que foi também o primeiro ano/ascensão de
1,9. A última passagem refere-se ao "ano quarto de Jeoaquim", que é o "primeiro Nabucodonosor, foi de fato o ano de 605 a.c., e não 606 a.C.219 ou 604 a.C.220 A
ano de Nabucodonosor". Essa invasão aconteceu em 605 a.C. Assim, o "quarto h istoricidade da data agora está firmemente estabelecida.ê"
ano de Jeoaquim" é o ano 605 a.c., e seu "terceiro ano" é também 605 a.c. O A tabulação diagramada segundo essa evidência pode ser demonstrada da se-
leitor atento perguntará como podem o "quarto" e o "terceiro" ano de um rei I:l1inte forma:
serem o mesmo? Esta é uma pergunta válida e crucial. Os autores cometeram um
erro, ou a resposta está no sistema de contagem?
A, C. Escala Jeoaquim 608 607 606 605 604 603 602 601
Uma autoridade mundialmente conhecida na cronologia hebraica, Edwin R.
Thie1e, informa-nos de que "dois sistemas de contagem eram empregados para
os reis hebreus: ano de ascensão (pós-data) e ano de não-ascensão (antedata)."21'1
ululônia Tishri (FALL) 87
Ano de Ascensão 1 2 3 4 5 6 7
86 No sistema ano de ascensão (pós-data) a parte do ano que restava era designado 1)11 1: 1 Years
\ o ano de ascensão do novo rei entronizado. Ele não era contado. O primeiro [udá
ano do rei começava com o primeiro mês do ano seguinte. A contagem ano de Tishri (FALL)
I 25:1,9 1 2 3 4 5 6 7 8
não-ascensão, ou antedata, era o método de contar os anos do reinado de um rei Years
Ir 46:2
começando por seu ano de ascensão e mudando para o seu segundo ano no próxi-
mo novo ano. O seguinte diagrama ilustra esses métodos de contagem e mostra Anos de Ano de Tishri (FALL)
como o "terceiro ano" e "quarto ano" de Jeoaquim seriam o mesmo se calculados Nabucodonosor Ascensão 1 2 3 4
Years
por ambos os métodos.

A captura de Jerusalém
por Nabucodonosor em
RESOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO DE }EOAQUIM
Dn 1:1; Jr 25:1,9

Método ano de Ano de ascensão 1.0 ano 2.° ano 3.° ano Dn.1:1
ascensão: Com base na evidência presente, a informação bíblica ajusta-se perfeitamente
Método ano de 1.0 ano 2.° ano 3.° ano 4.° ano Jr. 25: 1,9; 46:
consigo mesma e com a informação dos registros babilônicos no Oriente Médio
não ascensão:
antigo. De fato, ela se ajusta tão bem que aponta para um autor que tinha conheci-
Em 1956, D. J. Wiseman publicou a famosa Crônica Babilônica dos Reis Caldeus, mento detalhado desses intrincados eventos. Essa é outra evidência de que o autor
a qual indica que em Babilônia era empregado o método ano de ascensão.i" [erc de Daniel viveu e escreveu na época por ele descrita.
21h
mias parece ter seguido o método judeu-palestino usual de ano de não_ascensão.
Assim, não há erro histórico ou cronológico aqui.
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEl.

DATAS DE DANlEL 7:1; 8:1 E 9:1 LINGUÍSTICA


Comentaristas do passado acharam mais difícil datar o primeiro e terceiro
..,inopse editorial. Ao longo dos anos, os eruditos têm dado considerável aten-
anos de Belsazar (7:1; 8:1) com algum nível de exatidão. Mas nossas fontes de in-
formação se ampliaram recentemente. Agora sabemos com certeza que Nabonido
\.',';ia às línguas nas quais foi escrito o livro de Oaniel. As formas e gramática
222 ,111hcbraico e do aramaico, bem como certos termos e empréstimos (gregos e
ficou em Tema por dez anos, como a estela de Harã (publícada em 1958) indica.
111 rsus) têm sido analisados com cuidado. Estudos anteriores concluíram que
Também sabemos que Belsazar recebeu o "reinado" na época em que Nabonido
II':'S características linguísticas sob estudo forneciam evidentes marcadores in-
partiu para Tema, ou seja, no ano sexto do reinado desse último (550/49 a.C},
" 'Il()S que apontavam para o segundo século como data para origem do livro.
como indica outra evidência histórica de registros cuneiformes.223 Isso significa
l) estudo continuado e o acúmulo de novos dados da arqueologia mudaram
que, pela primeira vez, as datas para Belsazar podem ser calculadas com exatidão.
, quadro. A nova evidência linguística tem minado os argumentos mais antigos
___ O primeiro ano de Belsazar como "rei de Babilônia" (7:1) foi o ano 550/49
I II~ tornado, em grande medida, insustentáveis. Por outro lado, serviu para
a.c., e de forma correspondente, o terceiro ano de Belsazar (8: 1) foi 548/47 a.c.
''1"IÍ:\ra origem do livro no sexto sécu19,num~texto mesopotâglÍco.
Assim, apenas um período relativamente pequeno se passou entre as datas fome-
Não se pode mais dizer que termos como "cald;u" para"descrever uma elas-
cidas pelos capítulos 8 e 9, a saber nove anos, se o capítulo 9 está datado do ano
profissional e os nomes dos amigos de Daniel (Sadraque, Mesaque e Abed-
da queda de Babilônia (539 A.C). Ii'I:O) constituem erros ou anacronismos - como suposta evidência para um
Por outro lado, o período entre os capítulos 2 e 7 é relativamente longo, se o "se-
gundo ano" de Nabucodonosor é o seu segundo ano de reinado de 603 a.c. A infor-
,I' it or do segundo século, não-familiar com a época neobabilónica anterior.
1'11~ se ajustam perfeitamente bem com o que é agora conhecido do contexto
mação cronológica em 7:1; 8:1 e 9:1 corresponde e está em harmonia com a melhor
,1, ~l'Xtoséculo.
~formação histórica conhecida atualmente das fontes babilônicas contemporâneas,
Agora é possível demonstrar que os empréstimos persas são palavras específi-
88 ;"1 l Io· persa antigo, que apontam para uma epoca .' antenor dee escri
escnta, em vez d e 89
1111'01 composição do segundo século . .1sultura grega penetro~ o antigo oriente
"" "io muito antes do período neobabilônico, um fato que invalida qualquer
" '" :" iva de argumentar sobre uma data mais tardia para o livro com base nos
IIi~ crnpréstimos gregos.
Argumentos para a composição de Oaniel no segundo século, baseados nas
h 11"I:\S e gramática de suas seções aramaicas, foram completamente invalidados
I" " nova documentação da história e mudança da língua aramaica. A hipótese
11\ \Imposição no segundo século deve ser agora- eliminada. Com base nos no-
,'li" .l.ulos, pode-se afirmar que o aramaico de Oaniel pertence à forma da língua

.uilu-cida como aramaico oficial presente no sexto século a.C.


I h mesma forma, não há evidência linguística convincente para negar a com-
1'lIoI\:HI do livro no sexto século com base no hebraico que é empregado na pri-

1111 ":\ c última parte do livro. Fragmentos de manuscritos de Daniel de cavernas


1, \)\"nr~ln mostram as mesmas mudanças do hebraico ao aramaico em 2:4b e
1, \1111:\:\0 hebraico em 8:1 como ocorre na nossa Bíblia hebraica atual (masso-
I:. '11 ,I), Não há evidência documentada para apoiar a reivindicação de que o livro
" ,,1101 sido originalmente escrito em aramaico e, mais tarde, submetido a uma
IIIII",':H I p:1rcial para () hcbraico, indicando uma data posterior para o livro.
ESTUJ)OS SI llllq 1',
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
baseadas predições astrológicas. Tal uso de Gal,du é conhecido do ano (lU:II\ 'I F' l\..
ESBOÇO DA SEÇÃO Shamash-shum-ukín (668-648 a.C.).229
De acordo com essa tese, o autor de Daniel empregou esse título COIIII I 11111,1

1. Temas linguísticos relacionados a nomes e palavras estrangeiros designação de uma classe de profissionais pertencente a sacerdotes-astrólogos, ~\ li,
2. O aramaico no livro de Daniel lato o fez, então isso é um homônimo para um termo que também designa 1I111 1"1\ I'
3. O hebraico no livro de Daniel étnico. Há evidência suficiente para indicar que "caldeu" poderia se referir :1 1111111
4. O uso de duas línguas no livro de Daniel classe de profissionais durante e após o império neo-babilônico.
~ 2. Os nomes Sadraque, Mesaque e Abednego. Os três amigos de Daniel rL'l'\'lw
rarn novos nomes do superior da Babilônia em sua chegada nesse país. Filólogos 1li I
TEMAS LlNGuíSTICOS RELACIONADOS A NOMES passado não foram capazes de explicar esses nomes de forma adequada. Assuffiiu-sl' I H I
sugeriu-se, vez após vez, que esses nomes foram distorções ou transmissões inadcqun
E PALAVRAS ESTRANGEIROS das denomes originariamente babilónicos contendo nomes de deuses P.-ª!i.ãs:'s.Reccn-
rcrnente, um assiriologista alemão ~ostrou que esses nomes podem ser explicados de
Neste capítulo pesquisaremos os temas relacionados a questões linguísticas dl' íorrna satisfatória a partir da onom~stica (o estudo da origem çjH~ de E2mes pl~Ó-
palavras babilõnicas, persas e gregas, e línguas hebraica e aramaica encontradas 111 I prio0..Q.abilgnica, sem supor uma transmissão inadequada ou alteração consciente.
224 P. R. Berger mostra que o nome Sadraque (hebraico sadra1J corresponde ao assí-
livro de Daniel. rio Sãdurãku e ao babílónico Sãdurãku, que significa "eu estou em meio ao med~/'.2)o
lissa é uma forma abreviada na qual o nome de um;divindade é omitida; algo que
NOMES BABILÔNlCOS
.icontece com frequência em nomes acadianos.
Há vários nomes que têm chamado atenção e requerem uma pesquisa mai~
O nome do seu amigo, Mesaque (hebraico Mesafi) corresponde ao acadiano 91

90 aprofundada. Mesãku, que significa "!!!1hQ. pouca ímportância't.P' O nome do terceiro cornpa-
1. O termo "caldeu". O termo "caldeu" (Dn 2:2; 4:7; 5:7-11) tem, em Sl'U
nheiro é Abednego (hebraico 'A.b.ed nego; acadiano Abad.-Nabu) e é de origem serníti-
contexto, perturbado a muitos eruditos. De acordo com uma teoria, equivaln
,':1 ocidental. "Tais nomes semitas ocidentais eram conhecidos no acadiano", escreve
"caldeu" a mágicos, encantadores e adivinhos (ou seja, como um termo que desiu
Ilcrger.232 O significado é "servo do brilhante"233 e pode possivelmente envolver um
\

na uma profissão, além de seu significado étnico em 3:8; 9: 1) é um "indubitávd


togo de palavras de um nome acadiano que inclui o nome do deus babilõnico Na-
nacronist;;.S"225 para a época de Nabucodonosor (sexto século a.c.). ~g~enl:l
u hU.234De qualquer modo, o nome em si não contém o nome da divindade Nabu ou
que "calde,).!" com..9 um-termo para designar profissão foi usado no",period
Nebo, como sugerido por alguns.ê"
ersa226 e também mais tarde, mas nunca antes . Esses nomes, bem como outros nomes acadianos no livro de Daniel, correspon-
~ . Evidência arqueológica indica que o termo "caldeu" foi usado num sentido
m .lcm de forma tão estreita ao que se conhece da onomástica babilõníca, que Berger
étnico em registros assírios dos sétimo e oitavo séculos a.C. , mas não é enconl rn ',11 gere que não se surpreenderia se os nomes de Daniel e de seus companheiros
do nem em sentido étnico nem em sentido profissional em registros babilôniru~
lossern algum dia descobertos em textos babilônicos.2~s_ nomes acadianos se
do sexto século a.C. como atualmente conhecidos ou publicados. Embora o lI~ll
.ijustam perfeitamente à época do sexto século e não colocam qualquer dificuldade
em Daniel ainda não encontre apoio em registros babilônicos conhecidos até \I
para uma data anterior ao período macabeu para o livro de Daniel..f
presente (enquanto o sentido étnico é conhecido de registros assírios anteriores l'
3. Palavras Persas. Há cerca de J9 empréstimos persas na parte em ararnaico de
o sentido profissional, da época persa posterior), "não é segurº-argumentar que 1I
Ihnie~ Com base nas estatísticas, H. H. Rowley argumentou que essa é uma indica-
alavra seja um anacronismo",228 .\:10 de que o aramaico bíblico de Daniel está muito mais próximo do aramaico dos
Alguns eruditos têm sugerido que o term "caldeu" (kasdím 'derivado de um lurgums do segundo e primeiro séculos a.c. do que do aramaico do papiro de Ele-
-
título antigo, o Kasdu ou Ka[du acadiano que signi ica um tipõ de sacerdote. O \('
..---"
mo acadiano .deriva de umtít:ulo sumeriano antigo, Ga[-du
-
("Construtor Mesm'''), -- lantíno do quinto século a.c.m Um::1 pesquisa cuidadosa dos empréstimos pl'l's:ts
1'11\ Daniel mostra que uma argumentação csrarlsrica não tem apoio.
um termo que se refere à construção de gráficoS astronômicos nos quais eram
ESTUDOS SOI\RI, DANIEL
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL

O terceiro termo, súmpôn'yã, é usado na língua grega como sumphõnio. O termo


Graça; ao trabalho de K. A. Kitchen, sabe-se agora que os empréstimos persas
grego tem um significado mais antigo de "soar junto"248 ou um "som li n Isso no" ,
em Daniel são consistentes com uma data anterior em vez de posterior para a
com osição do livro. Por exemplo, estudiosos agora estão cientes de que o termo
'sátrapa", o qual uma vez imaginou-se ser de origem grega, derivou, na verdade,
"harmonia",
-
"união harmoniosa
tarde, pode ter significado também um instrumento
-
de muitas vozes ou sons", ou sernclhunre. Mais
rnusical.êt? Uma an:\lis\' cui-
dadosa das evidências históricas, linguísticas e culturais relacionadas a essa p:d:l\'I':\
da antiga forma persa kshtbJ:gpiJJ:b Esse termo apareceu em inscrições cuneiformes
levou Coxon a concluir que o uso desse termo, no que tange a evidência cI:'lssÍ\'n ('
como shatarpãnu, dando origem ao termo grego "sátrapa".238
à medida que afeta Daniel3, "deve ser pronunciada de forma neutra".250
Não é tão surpreendente quanto se supõe o fato de palavras persas terem
Isso significa que "as palavras gregas para instrumentos musicais no aramuirr I
sido usadas por instituições babilônicas antes da conquista de Ciro. O livro foi
provavelmente escrito no período persa em vez de no neo-babilônico, a última não ç<2nstituem, portanto, qualquer obstáculo à u~ d;rta pré-helenística para :\
composição do livro de Daniel."251 "Uma data do sexto século para os instrumcn-
parte da vida do profeta. Quanto à objetividade, deve-se notar que os termos
tos não pode ser negada categoricamente."252 Enquanto L. F. Hartman e A. A.
persas encontrados em Daniel são palavras especificamente antigas, ou seja, que
aparecem dentro da história da língua por volta de 300 a.c., mas não mais tar- Di Lella ainda defendem que "os nomes gregos para instrumentos musicais em
de.239 Esses fatos eliminam uma data para a origem das palavras persas após 300 3:5 provavelmente não antecedem o reinado de Alexandre, o Grande (336-323
a.c. As palavras persas apontam a uma data anterior para o livro de Daniel, c a.C.)",253 a evidência disposta para influência grega extensiva no Oriente Médio
antes da época de Alexandre, o Grande torna irrefutável que ':as Qalavras gregas
não a uma posterior.
4. Palavras gregas. Na virada do século, S.R. Driver afirmou que "as [três] pa- em Daniel não podem ser usadas para datar o livro da era helenística". 254
lavras gregas demandam ... uma data [para Daniel] após a conquista da Palestina por
Alexandre, o Grande (332 a.Ci)" .240Os termos gregos em discussão são nomes de
.
mstrumentos . . "h
musicais: "" s~ I'teno."" , e q:om b"
..,....awª,-,- _eta _(3 :5 ; Cf • v. 7 , 10 , 15) . o ARAMAICO NO LIVRO DE DANIEL
93
92 A fraqueza do argumento de Driver foi indicada por J. A. Montgomery: "A rc
futação para essa evidência de uma data posterior está em enfatizar as potencialida- ..p livro de, Daníel eompartllha com o livro de lÉ~~o fenômeno único de ser
des da influência grega no Oriente do sexto século em diante.'?" Assim, o famoso .scrito em dua~Únguas semitas diferentes. O AT é, evidentemente, escrito em he-
orientalista W. F. Albright demonstrou, há várias décadas, que a cultura grega J(, braico como um todo, a língua do Israel antigo, com excecão de Esdras 4:8-6: 18;
24
fato penetrou o antigo Oriente Médio muito antes do período neo-babilônico. 7:12-26; Daniel 2:4b-7:28; e Jeremias 10: 11, que são escri~os em ~ra~co.
Mais recentemente, os estudos detalhados de E. M. Yamauchi proveram forte evi O aramaico era a língua dos antigos arameus, mencionados pela primeira vez
243
dência de que esse tipo de influência grega na Babilônia de fato existiu. em textos cuneiformes do século 20 a.c. Com o tempo, o aramaico substituiu as
Evidência para a influência geral da cultura grega na Babilônia não alterou várias línguas das terras conquistadas. Do oitavo século em diante, o ararnaico
grandernente o peso de argumentos linguísticos no debate com relação à data Ja tornou-se a língua internacional, a língua franca do Oriente Médio. Parece
seção aramaica do livro de Daniel (Dn 2:4b-7:28). O recente comentário Anchor israelitas a aprenderam.durante onílio.
Bible sobre Daniel reitera a posição crítica padrão: "Os nomes gregos para tlM Hi~toricamenté, o aramaico é'dividido em vários grupos principais:@ "ara-
instrumentos musicais em 3:5 provavelmente não precedem o reinado de Alexan maico antigo" (Altaramiiisch),255 empregado até 700 a.c.; ~ "aramaico oficial"
dre, o Grande (336-323 a.C.)."244 (Reichsaramiiisch), usado "de 700 a 300 a.C.",z56~'aramaico médio", usado de
P. W. Coxon observa que os empréstimos gregos "parecem prover a evidên "300 a.C. até os primeiros séculos da era cristã fera"
comum]";257 e@ "aramaico
cia mais forte [para a escola crítica] a favor do segundo século a.C." /45 mas ele posterior", empregado daí em diante.
demonstra que a ortografia de qayt'rõs ("lira") foi adotada no aramaico do rw
ríodo pré_helenístico.246 O segundo instrumento, pesanterfn, em Daniel 3:5 era, ANTIGO DEBATE RELATIVO À LÍNGUA
de acordo com A. Sendry, um termo para instrumentos musicais originalmentt'
importados do Leste para a Grécia, melhorado pelos gregos e, por sua vez, rccx As questões que são frequentemente levantadas com relação ao aramaico em
Ibniel são: Como deve ser classificada a língua do livro de Daniel? O que essa
portado para o Leste. 247
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL ESTUDOS SOBRE DANIEL

classificação indica com relação à data do livro? A língua representa o "aramaico o ponto de vista de que o aramaico de Daniel pertence ao "aramaico oficial
oficial", ou seja, um tipo antigo de aramaico (sexto/quinto século a.c.) ou um I imperial]" é sustentado não apenas por Kitchen e Kutsc~ mas também por vários
aramaico posterior (segundo século a.Ci)? «ruditos no campo de estudo do aramaico, que não apóiam uma data anterior para
r.. S. R. Driver parece ter iniciado o debate no ano de 1897. Ele concluiu uma () livro de DanieL 274
_ \ discussão sobre a data e natureza do aramaico em DanieF58 declarando que o ara A descoberta de documentos importantes em aramaico no Qumran lançou
5 . ~aico "permite" uma data "após a conquista da Palestina por Alexandre, o Grande nova luz sobre a língua usada em Daniel, indicando mais uma vez sua data anterior.
CL~. (332 a.C.)"259. C. C. Torrey concordou com ele e datou a parte aramaica de Danicl No ano de 1956, foi publicado o Apócrifo de Gênesis (1QapGen).275 Na área da lin-
ao terceiro/segundo século a.C.
260 ,~uística e da paleografia, ele pertence ao primeiro século a.C.276 P. Winter observou
Os argumentos de Counter contra uma data posterior para o aramaico de Da que o aramaicq de Daniel e de Esdras é oficial [imperial], m~s que o aramaico do
niel vêm de eruditos conservadores de grande reputação como R. D. Wilson, W, Apócrifo de Gênesis é posterior a este.277 Essa conclusão é confirmada por Kuts-
St. Clair Tisdall e Charles Boutflower.i" O resultado desses estudos, que defen l'her278e principalmente por Gleason L Archer."? O último concluiu com base num
dern a antiguidade do aramaico de Daniel, foi uma réplica da parte dos eruditos rsrudo cuidadoso da língua aramaica em Oaniel e no Apócrifo de Gênesis "que o
que fixaram uma data posterior para o livro de Daniel. 262 .irnmaico de Daniel vem de um período consideravelmente anterior ao segundo
Especialmente importante nessa última categoria é a posição clássica afirmada "I\:ulo a.C."280
J li H....Rowley.263 Entretanto, como resultado da surpreendente descoberta do Mais recentemente, ele escreveu que o resultado cumulativo da evidência lin-
~ro elefantino do Alto Egitq)(escrito em aramaico e datado do quinto século uuistica é "que o aramaico do apócrito de [Gênesis] é de séculos depois do de Da-
a.Ci), F. Rosenthal, como consequência da síntese de H. H. Schaeder''" e de um nicl e Esdras. Não há evidência linguística para uma conclusão diferente".281 Essa
importante artigo de J. Línder.i" concluiu em 1939 que "a antiga 'evidência lin .unclusão tem implicações significativas com respeito à suposta data do período
guística' [para uma data posterior de Daniel] deve ser abandonada" .266 dI' macabeus para o livro de Oaniel. Considerando os documentos em aramaico
94 dl'scob.f.ffos entre os rolos d9_Ma~ Morto, e~tá ficando ~vez mais difíci~- 195~
NOVA EVIDÊNCIA E NOVAS SOLUÇÕES dl'l' ou aderir à data do segundo século a.C,_pata oJiv-bQ..d.eDaniel.
==== ~
O-=ªtague mais recente con ~do período de macaheus para Oaniel foi
Em 1965, Kitchen novamente levantou o problema do aramaico em Danicl
d,'sferidp pel~ publieação do. argum de Jó llQtgJol)):da gmJa 11 de Qu~;an.282
em resposta às hipóteses não debatidas de Rowley, que escreveu mais de tr(\~
hse docu~ento em aramaico preenche a lacuna de~ários séculos entre o aramai-
décadas antes. Nesse meio tempo, novos textos aramaicos foram descobertos/h/
I Ii dos livros de Daniel e Esdras e o aramaico recente. Eruditos de várias escolas
e os mais antigos foram estudados mais atentamente. Kitchen examinou o voca
bulário, a ortografia, fonética, morfologia e sintaxe g~al do ararnaico de Danicl
,11' pensamento concordam que a língua aramaica do Targumde ló é mais nova
- e chegou
- à seguinte conclusão:
,111 que a do livro de O~iel e mai~tiga do que ãdo Apócrifo de Gênesi;:283 Os
,dit'ores datamO'latgumskJó na seguqOã;nfe:tade:::ao segundoséculo a.C.284
"O aramaico de Daniel (e de Esdras) é simplesmente uma parte do aramairo
imperial [oficial] - em si, praticamente datável entre 600 a 300 a.C."268 Sendo ;1M A datação do aramaico do Targum de Jó tão posterior quanto a do aramaico
sim, não há fundamento com base no aramaico para forçar uma data do período
,111 livro de Daniel é importante. O impacto é refletido na tentativa de datar nova-
uunte todo o desenvolvimento do aramaico pós-bíblico. Stephen A. Kaufman, do
macabeu para o livro de Daniel. No que tange ao aramaico, uma data do quinto
1lchrew Union Colleg,e, concluiu que "a língua do Targum de [ó (11QtgJob) difere
sexto século é inteiramente possível.i'"
'lill ificativame nte, do atamaico de Daniel"285. Sendo assim, deve haver algum tem-
H. H. Rowley contestou as descobertas de Kítchen.i" No entanto, as críticna
1111 entre o aramaico de Oaniel e o do Targum de [ó.
de Rowley foram examinadas minuciosamente por E.Y. Kutscher em sua pesquisa
271 Uma vez que Kaufman afirma que o livro de Oaniel "não pode ter alcançado
oficial do aramaico antigo e foram amplamente refutadas. Kutscher já haviu
mostrado que, com base na ordem de palavras; o aramaico de Daniel aponta para 11.1forma final até a metade do [segundo] século",286 ele é levado a datar novarncn-
uma origem0rientãb Uma origem(6cidental Foderia ser reclamada se uma data dI" I,' Ii Tnrgurn de [ó do primeiro século a.c., e o Apócrifo de Gênesis, do primeiro
272 ~"I'ldo d.C.2H7 Essa nova 111:lI'C:1Ç;lO de duras é- sugcridn com base na fíxucão da dal;1
período macabeu no segundo século a.c. tivesse que ser mantida. As conclusov
de Kitchen são aceitas também por outros estudiosos renomados.r+' dI' I bniel no segllndo Sl'ClIl1l ;\'C. lint n-uuu», Kirchcn npontou cnm prnprinladv
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LNRO DE DANIEL
ESTUDOS SORRE DANIEL

que o tratamento e a datação do aramaico de Daniel estão sujeitos a ser distorci- ,111isivas entre a sintaxe do aramaico do livro de Daniel e do aramaico do papiro
dos, por certas pressuposições.ê'" Assim, é difícil convencer-se de que a problemá- !l1.IISantigo, do quinto século a.c.
tica data do segundo século para Daniel seja o tipo de "âncora segura" necessária ( .oxon chega a conclusões abrangentes:
para a datação sequencial no desenvolvimento do aramaico pós-bíblico. 1.)0 uso do imperfeito de hwh com um particípio mostra que o ararnaico de
Datar o Targum de [ó conforme sugerido na evidência comparativa requer 1\111icl está de acordo com o aramaico do papiro antigo. 298
atenção. Com base em comparações linguísticas cuidadosas do aramaico de Da- 2, A relação genitiva em suas variadas formas demonstra que "somos confronta-
niel, do Apócrifo de Gênesis e dos Targums, diversos especialistas em estudos do 1,1'1pela sintaxe do aramaico oficial"299 e não por aquele de documentos recentes.
aramaico sugeriram recentemente que o Targum de [ó de fato data da segunda \. O uso da preposição "1" não pode ser empregado como evidência para uma
metade do segundo século a.C.289 Outros até argumentam que o Targum de [ó " 1i,I do aramaico de Daniel, porque está presente em certos papiros aramaicos
pode retroceder "à segunda metade do terceiro século a.c. ou à primeira metade 111 I1vriores e ausentes em outros e presente em alguns outros materiais do Qumran
do segundo século a.C.",290 i' 111.~t'ntesem ourros.ê??
Se é necessária uma medida de tempo significativa entre o Targum de Jó e o I, Vários tipos de ordem de palavras - tal como o título "rei" depois do nome
amplamente conhecido aramaicd' antigo do livro de Daniel, o aramaico do livro l'IIIJ1lio, e o pronome demonstrativo depois do substantivo - mostram ser uma
de Daniel apontaria ao menos para uma data mais anterior para o livro do que 1'111\'da sintaxe do aramaico oficial,301
um certo ramo de estudiosos pretendeu previamente admitir. Assim, a questão 1, No aramaico de Daniel, verbos que expressam a ideia de possibilidade, dese-
de se datar ou não Daniel pela forma de seu aramaico não é mais um impasse. jol,11unando, propósito, etc., são construídos com 1 e o infinitivo. Esse fenômeno
Os documentos em aramaico do Qumran!" colocam a data da composição num \ I 1111.ntrado de forma ampla também no aramaico oficial,302
"período anterior ao que a data do período macabeu perrcite. -- I\, Nota-se a preferência da ordem de palavras "objeto-verbo-sujeito" em sen-
A presente disponibilidade de documentos em aramaico de várias áreas e dife- I,III.,ISverbais do aramaico de Daniel (e de Esdras), enquanto a sequência "verbo-
96, rentes períodos de tempo tornou suspeitos os principais argumentos na pesquisa .01'11'111"é preferida em sentenças sem um objeto direto. A flexiliilidade-daordem 97
de Rowley, The Aramaic af the Old Testament, publicada em 1929. Sua conclusão de 11 p.d:lvras em sentencas verbais em Daniel é corno.a.do aramaico oficia1.303 Isso
que "o aramaico bíblico está em algum lugar entre o aramaico do papiro de Elefan- 1'"I1Il("1llsugere possív;l infÍuêIiê1~-acadiana. 304
tinã:"'e o das inscriçõe7"de" nabateia ~ palmira",292 ou seja, no segunaq sé~ a.c., , Lsrudos de mutações consonantais indicam que "os fatores envolvidos em
~penãs é seriamente desafiada com base nos textos -; materiais em aramaico .liIIlJ:I:lf'ia histórica, em desenvolvimento e representação fonética ... abrem a pos-
do Qumran, como não pode mais ser mantida em vista das .novas, evidências. lIllilloI:lde de a ortografia do aramaico bíblico pertencer a um período mais antigo
Além disso, a tese doutoral de R. I. Vasholz compara especificamente o fenômeno 11111\ ,'Z de o segundo século a.C.] e derivar das idiossincrasias da tradição dos
linguístico do Targum de [ó com o aramaico de Daniel.ê?' Ele conclui, de forma , It!1;ISjudeus".305
segura, "que a evidência agora disponível do Qumran indica uma data anterior ao
segundo século para o aramaico de Daniel". 294 111 \\'A I.IAÇÕES ATUA~
Mais recentemente, as declarações de Rowley baseadas na sintaxe do aramaico de
\ p.utir da discussão prévia, fica evidente que os problemas clássicos de sinta-
Daniel foram examinadas de forma minuciosa em vista de sua metodologia defícien
, I '11logra fia no ararnaico de Daniel (usado no passado por estudiosos críticos
te e do corpus cada vez mais vasto de documentos em aramaico agora disponível para
'111111 :1poio para u ma suposta data do período macabeu e uma proveniência oci-
análise comparativa. Em 1965, T. Muraoka publicou um artigo que examina um nú
I, 111,11 ou Palcsrí na) agora aparecem numa luz inteiramente nova. A nova evidência
mero de aspectos sintáticos envolvendo o uso de perífrases e a construção de exprcs
1',I\.dia,'ao apontam para uma data anterior ao segundo século a.C. e para uma
sões genitivas.ê" Ele concluiu, entre outras coisas, que precedentes para a construção
i j,~1111oricru al (babilônica). A propósito disso, G. L. Archer observa que "com
perifrástica são inerentes à sintaxe do aramaico oficial e que sua escolha e aplicação
Il.i~1 '11 1I11,'lllVna ordem de palavras, é seguro concluir que Daniel não poderia ter
no aramaico de Daniel são adequadas ao estilo do autor e não arbitrárias.ê'"
,d'l '''" Iil, 1 11:1Palestina (como requer a hipótese do período rnacabeu), mas no
A questão da "sintaxe do aramaico em Daniel" é também tema de pesquisas
i1"1 1IIII'1I1aldo (:rl'sl't'nlt' I:('rtil, com toda probabilidade na própria Babilónia''.
recentes de Coxon.ê" Ele demonstra que Rowley se enganou ao ver diferenças
,,1111 ,'111:111 I\'~s:dla qlll' SlI:l Pl'Sqllis:1 :llll"rior sohr" o arall1:1ic() no Apt'lcri/() de
ESTUDOS SOI1RF DANII'I
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DAN1EL
atribuído com total satisfação filo lógica ao segundo século; ao passo que, na cvi
Gênesis "deve provar um tanto conclusivamente a qualquer estudioso que a data dência comparativa, uma data anterior ao quarto século não pode na evidência
do segundo século e a proveniência Palestina do livro de Daniel não pode mais ser comparativa ser facilmente atribuída a ele".313 P. R. Davies repete esses pontos dl'
mantida sem se desconsiderar a ciência da linguística". 306I'Gom-base=aª,:~@ência vista anteriores ao afirmar: "O hebraico de Daniel certamente não é um hebraico
$ltual dispon,iyd, o ~ramaico d0)aniel pertence ao aramaicp..o.fiGiaU7.QQ3..01h.C.)
cl0..t~!lio judeu do sexto século.'?" Essa repetição de opiniões anteriores sem novo
e pode teLsido escrito na última parte do sextoséct:ilô a-:c. A-evittênda linguística
~ '-~ - -'-""--
apoio ae pesquisas recentes é típico da maioria dos estudiosos da Escola crítico-
é claramente contrária a uma -data no segunao séculõ a.c. - histórica no presente. Por outro lado, vários comentaristas crítico-históricos da
Após uma extensa revisão da questão do aramaico, o estudioso crítico-histórico
atualidade têm abandonado o argumento de uma data posterior para a língua
K. Koch admitiu recentemente a derrota absoluta para a Escola crítico-histórica nes-
hebraica do livro de Daniel (O. Ploger, D. S. Russell, A. Lacocque, J. ].Collins, W,
se ponto: "Assim, a crítica radical com sua tese de macabeus claramente perdeu o S. Towner e outros). K. Koch observou um tanto cuidadosamente em 1980 que no
jogo no campo linguístico dos capítulos em aramaico do livro de Daniel nos últimos hebraico do livro "nada fala contra uma data na época de macabeus't.ê"
150 anos."30? Além disso, ele admite que '\!IDa determinação mais próxima [da data] Nem todos os estudiosos crítico-históricos concordam entre si. O professor T. K.
não pode mais ser apoiada por meio dêüm sistemaJin~ísticõ", embora acreditt'
Cheyne, um dos críticos radicais do passado, declara: "Do hebraico do livro de Da-
que "os empréstimos persas levam a uma data consideravelmente posterior a 500
niel não pode ser delineada, com segurança, nenhuma inferência importante quanto
a.c."308 para o livro. Não há evidênc~ para essa declaração. Pelo contrário, o estudo
à sua data."316 S. R. Driver listou 30 expressões como apoio a uma data posterior. Um
recente de empréstimos persas, como indicado acima, não a apoiamo novo reestudo dessas expressões por W. J. Martin levou à seguinte conclusão: "Não
A evidência linguística atual do aramaico fornece evidência convincente e in-
há nada no hebraico de Daniel que pudesse ser considerado extraordinário para um
controversa contra uma data do período macabeu no seg!lndo século a.C. e uma falante bilíngue ou talvez, nesse caso, trilingue da-língua no sexto século a.C."31?
origem Palestina para o livro de Daniel. O aramaico do livro é o~~maico imp~1 O hebraico do livro também pode ser comparado com o hebraico dos Rolos do
que estava em uso de 700 a.c. a 300 a.c.309 Com respeito ao aramaico de Daniel 99
Mar Morto do segundo século a.c., bem como ao de Eclesiástico, que foi escrito
"há toda probabilidade de que venha do mesmo período, se não um século antes. por volta de 190 a.c. G. L. Archer fez tal estudo e aponta para diferenças marcan-
98
que o aramaico do papiro elefantino e Esdras, que são admitidamente produçõ('~ tes entre o Eclesiástico e o hebraico do livro de Daníel.ê" Uma comparação com
do quinto século" .3\0Um autor que escrevesse no segundo século com o tipo de
os rolos de Qumran revela que "nenhum dos documentos sectários compostos
aramaico encontrado em Daniel seria tão inconcebível quanto um autor que escrr em hebraico to ManuaLclillisd~: "A Guerra das Cri ancas da Luz contra
vesse hoje com o inglês da época de Shakespeare ou alemão da época de Lutero. Se as Criancas d~s Trevas':'~..s...S.almos de A'cões de Gracas") nessa colecão mostram
Shakespeare ou Lutero estivessem vivos hoje, escreveriam nas respectivas formas dI' ca~r;;ac;'t;;;e:':;r~ís':;t~~-
c=a=s=d~i=st:;:in~ti::v::a::s
=e::m=c::o::m::u:':::m~':::co:::"':m...::r.~s
capítulos 'em hebraico d~ Daniel". 319
hoje. Um escritor do período de macabeus da mesma forma teria usado a língua dl'
Esse novo material é muito importante para avaliar a parte em hebraico de
sua época e não as formas da língua de, um período mais antigo. Daniel. Se Daniel foi composto na Palestina do segundo século a.c., então deve-se
esperar algumas características em comum com o hebraico daquele tempo. A falta
de tais características parece apoiar uma data diferente, isto é, um período antes do
o HEBRAICO NO LIVRO DE DANIEL segundo século. Embora possa ser verdade que "o hebraico do livro não pode ser
atribuído, com segurança, a um século mais do que a outro" ,320não há evidência
A parte hebraica do livro de Daniel consiste de Damel1: 1-2:4a e 8: l-~lk.l" convincente para negar o sexto século com base no hebraico empregado no livro.
S. R. Driver levantou uma questão sobre o hebraic;doíivro de Daclel. 'Ti"04i~rai
co de Daniel é do tipo caracterizado recentemente: em todas as características dih
tintivas se assemelha não ao hebraico de Ezequiel, ou mesmo de Ageu e Zacaria~. o USO DE DUAS LÍNGUAS NO LIVRO DE DANIEL
I
mas ao da época subsequente a Neemias."311 Isso significa que "o hebraico apeia ..
uma data posterior à conquista da PaLestina por Alexandre, o Grande (332 a.c.)." 1i
O fato de o livro de Daniel ser composto de partes em hcbraico e ararnnico
]. A. Montgomery escreveu em 1927 que o hebraico de Daniel "aponta para UIlIII
rói algo curioso por algum tempo, A primeira c a última seções do livro (I: I
época posterior em comparação com a literatura bíblica conhecida, e pode Hl'r
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL

:4a e 8:1-12:13) são escritas em hebraico, enquanto que a seção intermediária TEMAS VARIADOS
(2:4b-7:28) é escrita em aramaico. O aramaico é uma língua irmã do hebraico. A
situação dessas duas línguas no livro de Daniel, isto é, hebraico-aramaico-hebraico inopse editorial. A presença de pelo menos( oito)cópias do livro dl' !)111111'1
(do ponto de vista da estrutura, é A:B:A)321é como a do livro de Esdras.
Essa mudança na língua foi constrangedora para a os rabis de outrora, que
S (preservados somente em forma de fragmento~tre os Rolos do M ar M111111
Sllgere que ele era um dos livros populares do Qumran (compare: 14 cópin« dI'
acharam impróprio para um escritor inspirado usar uma lí,11guanão-san.t3-.::..,o_ara- !kuteronômio, 12 de Isaías e 10 de Salmos). A referência ao "livro de Daniel, II
I"l\l~o =-~arte de se . 322 t ente, várias sugestões são dadas. O estu- profeta" por outro -documento (4QFlor) indica que Daniel foi considerado \111 I
r" dioso americano judeu rank Zimmermann foi o primeiro em tempos modernos profeta canônico. Dois fragmentos mostram as mesmas mudanças do hcbruico
(na década de 1930) a sugerir que todo o ivro de Daniel foi originalmente escrito para o aramaico e de volta para o hebraico nos mesmos pontos encontrados em
em aramaico e que depois uma parte-foi traduzida ~ o hebraíco.P? H:L. Gins- nossa Bíblia hebraica (massorética) atual (2:4b e 8: 1). Nenhum acréscimo apó-
324
berg propôs o mesmo ponto de vista em seus estudos sobre Daniel em 1948. nifo aparece nesses materiais fragmentados. Uma cópia de Daniel, escrita num
Como resultado de reflexões sobre esse ponto de vista, existem agora comentários I'stilo pertencente ao segundo século a.c., propõe um problema para defensores
bem elaborados apoiando essa hipótese. L. F. Hartman e A. A. Di Lella defendem dI' uma data do período de macabeus para o livro. Tal manuscrito diminui o
que "o aramaico foi a língua original ~s os doze capítulos agora presentes u-mpo necessário para qualquer distribuição extensiva e para o reconhecimento
\ nos TM [textos massoréticos] do livro. As (artes em hebraico (1:1-2:4a e caps. tia canonicidade do livro.
8-12) foram traduzidas mais tarde do aramaico original."325 A posição dlDaniel na terceira divisão do cânon hebraico atual não constitui
, Mas, essa hipótese não é amplamente defendida. Há diversas e sérias dificulda- 1':lsesuficiente para inferir uma origem posterior. A evidência sugere que os ju-
des associadas a ela, como, por exemplo, o fato de que não existe nenhum apoio 111'\lS originalmente listaram Daniel entre os profetas. Parece que uma mudança na
manuscrito ou adaptado para ela. Entre as famosas descobertas do Qumran está nrccira divisão ocorreu no segundo século d.C., instigada por um ponto de vista
100 um fragmento de um manuscrito (1QDana)326 que contém Daniell:10-17 e 2:2-6. 101
.I,i minoria. Daniel provavelmente foi omitido da lista apresentada em Eclesiástico
O texto muda em Daniel 2:4a, do hebraico ao aramaico, exatamente no mesmo
-,t'I lugar que o texto massorético. Frank M. Cross Jr. salienta que a mudança do ara-
ksrrito por volta de 180 a.C,) não porque ele ou seu livro fossem desconhecidos,
III:ISporque ele não se ajustava aos critérios do autor para heróis da Palestina do
maico ao h~braico se dá exatamente no mesmo lugar da seção intermediária - en- I'.lssado que tivessem desempenhado um papel no estabelecimento e manutenção
tre 7:28 e 8: 1 - em dois outros manuscritos não-publicados do Qumran (4QDan" d"s instituições judaicas.
11Ii(l~
e 4QDanb).327 Esses fragmentos das grutas 1 e 4 são datadas da metade do primei A teologia de Daniel sobre o~__anjos e a ressurreição pode ser adequada ao
ro século a.c.328 Assim, as descobertas do Qumran demonstram que o padrão 1111I cxto do sexto século. Ela não forneceargumentação-para uma origem no
() .. (
I

literário hebraico-aramaico-hebraico (ou A:B:A) está preservado precisamente no 11:lIndo século. Nem é possível, à luz da nOV9-evidência da Mesopotâmia, argu-

i. -
.Jc,;-'l" lugat onde é encontrado no texto massorético dos dias atuai&.6.descoher.ta..desscs 1I1l'111 ar que o autor tirou seu esquema dos .,9.I;!,atr~mºérios mundiais de fontes
1/
manuscritos antigos não dão muito credito à hipótese de que o livro de Danid - - _ -
.. ---
JIJI'I!ase persas.
tenha sido totalmente escrito em aramaico. - ---., - () principal argumento da Escola Crítico-Histórica para a composição de Da-
A mudança da língua é mais bem explicada em reconhecimento de que 1\ uhl no segundo século está baseado nas profecias do capítulo 11. Pode-se demons-
abertura do livro (1: 1-2:4a) e sua segunda parte (caps. 8-12) correspondem ;\s 11.11,entretanto, que a informação no capítulo conflita com o que é conhecido
estruturas fundamentais do livro.329O aramaico começa.no ponto onde a língua ti11I' :I época de Antíoco IV. Em essência, a questão sobre a data de Daniel está
I

estrangeira aprendida por Daniel era-;-sada pelos sábios em suas conversas com II I1I• rvnça do leitor com respeito a Deus e seu anseio de revelar o futuro por meio
rei. O aramaico desaparece quando o foco muda do interesse político-religioso dI' ,li ',I'\lSservos, os profetas.
2:4b- 7:28 para interesses primordialmente religiosos (caps. 8-12). Embora "ai ncln Sl'm exagero, pode-se dizer que sempre que nova evidência veio à tona nos úl-
não haja explicação totalmente satisfatória para a mudança da língua" ,330não hú 1IIIItlSrem anos tendo impacto sobre o livro de Daniel, ela apoiou a data do sexto
razões convincentes para argumentar que foi escrito primeiramente em uma 1111 ,,111.) p:lr:l a composição do livro,
gua ou que indique uma data posterior.
(
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANIEL

ESBOÇO DA SEÇÃO I,/hlicas introduzidas pelas frases "escrito no livro de Isaías, o profeta", "escrito no
111'1'()
de Ezequiel, o profeta", e "escrito no livro de Daniel, o profeta".34o
No "Florilégío" não apenas encontramos a designação "Daniel, o profeta" (as-
1. Daniel e os rolos do Mar Morto
111\como Jesus designou o autor do livro em Mateus 24: 15), mas também desco-
2. Daniel e o cânon
IlIimos citações curtas de Daniel12:1O e 11:32. O "Florilégio" (4QFlor) pertence
3. Daniel e Eclesiástico liI período pré-Novo Testamento.
4. Teologia de Daniel e sua data
A frequente aparição de rolos de Daniel (datados do segundo século a.C. e até
5. Questões relacionadas à sequência dos impérios mundiais
.!II período do NT) e o fato de que nenhum dos acréscimos apócrifos ao livro (Su-
6. O capítulo 11 e a data de Daniel
Iflllllae os Dois Anciãos, Bel e o Dragão, Oração de Azarias e a Canção dos Três Jovens)
7. Apocalíptica e pseudonomia
11':lreceuno Qumran indica que o livro de Daniel foi considerado canônico.ê'"
8. Conclusões
Fatos surpreendentes vêm à tona com relação à data, afinidade textual e status
,oIlll>nicodo livro de Daniel à medida que esses materiais são examinados. Por
I xvmplo, vários fragmentos de Daniel descritos acima são considerados perten-
DANIEL E OS ROLOS DO MAR MORTO
'1'lIles ao primeiro século a.e. Isso apresenta um problema difícil e incomum
/'.11':1
aqueles eruditos que defendem uma data no período de macabeus por volta
Nova luz foi lançada sobre a data de Djniel com a descoberta dos rolos do .I" 167-164a.e. para a composição do livro. De fato, o famoso erudito britânico
Mar Morto. Entre eles encontram-se fragmentos de nada menos que oito cópias ( :. R. Driver observou que o consenso padrão para datar os rolos do Qumran (do
de DanieP31 A primeira das onze cavernas do Qumran forneceram fragmentos 1"II'eiro século a.C. até cerca de 67 d.e.) forçaria uma data anterior ao período
de dois rolos contendo o livro de Daniel. Um deles inclui Daniel 1:10-17 e 111.1(,:1beupara o livro de Danie1.342
2:2-6 (lQDan'),332 o outro, Daniel 3:22-30 (lQDanb).333 Como observado aci- Esse problema para a escola crítico-histórica foi intensificado pela conclusão de 103
ma, o primeiro fragmento tem a transição do hebraico para o aramaico em 2:4b 11111 estudo recente que indica que o cânon do AT foi concluído no período maca-
(lQDan"). 1\('11 c não, como afirmado com frequência, no final do primeiro século d.e.343 Ob-
Até o presente, temos que nos contentar com a publicação dos fragmentos ,,'Ivc a afirmação surpreendente do Professor Frank M. Cross [r, da Universidade
de Daniel das cavernas 1 e 6. Os fragmentos.da-easema.ó.são
--
cu:sLvano papi-m,::S1J)contra~e ~'2l!L9s_d(LCave!"Qa
-
todos escritos em
-----
1, que-estão no estil9~crita
,lI' l larvard, uma autoridade em materiais do Qumran, responsável pela publicação
.!JlSIragrnentos da caverna 4: "Uma cópia de Daniel [4QDanc] está inscrita num
ç.r..mal em couro (pergaminho). Os fragmentos da caverna 6 contêm Daniel 8: 16- , 'd i I()do segundo século a.C."344Ele acrescenta: "De certa forma, sua antiguidade é

17 (?); 8:20-21 (?); 10:8-16; 11:33-36, 38.334 1II.Iissurpreendente do que a do mais antigo manuscrito do Qumran, uma vez que
Relata-se que foram encontrados na caverna 4 fragmentos de não menos que 11.1, I é mais de meio século mais nova do que a autoria de Daniel."345Os manuscritos

quatro rolos diferentes do livro de Daniel. Infelizmente, ainda não foram publi- 111,lis antigos do Qumran datam ao "última parte do terceiro século a.e."346
cados.335 No entanto, alguns foram identificados. Um dos fragmentos contém Isso propõe um problema sério para a data de macabeus para o livro de Da-
Daniel 2: 19-358 (4QDan"). Outro (4QDanb) contém a transição do aramaico 1111-1. Consequentemente, os materiais do Qurnran sobre Daniel realmente suge-
para o hebraico em Daniel 7:28-8: 1,336demonstrando, como observado anterior- 11'111 lima data anterior para a escrita de Daniel com base em (1} a grarlge guanti- Y
mente, o padrão hebraico-aramaíco-hebraico que segue o padrão antigo literário ,1.\1Iv de cópias disponível (oito manuscritos diferentes-do livro), (b) a data anterior
de A:B:A.337 111l'()Il1Um das cópias da caver.~a_4, e.(c)üfãfó de 0-'yloLilégi0~fazercttações de
A partir dessas descobertas, fica evidente que o livro de Daniel foi um dos 1),lllil'1de uma forma que indica seu status canônico anterior.
mais populares entre os da comunidade de Qumran. Uma comparação com ou-
tros materiais bíblicos ilustra isso. Até o momento, existem 14 cópias conhecidas HI'SllMO

de Deuteronômio, 12 de Isaías, 10 de Salmos+" e 8 de Daníel.P? A estas devem ser


 gr;1J)de importância dos Rolos do Mar Morto para o livro de Daniel pode
acrescentados os famosos "Florilégio" (4QFlor) da caverna 4, que contêm citações , I tl!lsvrv:tda Pl'l:ts sl'guintl's razões.
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
ESTuDOS SOBRE DANIEL

1. Os fragmentos publicados de três diferentes rolos de Daniel, que datam de l'rofctas. No pensamento judeu, a divisão em três partes do AT em "Lei,
períodos pré-cristãos, trazem essencialmente o mesmo texto preservado pelo texto ""1(' I.IS e Escritos" parece revelar um rebaixamento de status para cada divisão
hebraico (massorético) a partir do qual todas as nossas Bíblias são traduzidas. Po- IrI, '!JIIl"nte. Defensores da hipótese da data do período macabeu tiraram a
demos ter bastante confiança na exatidão essencial do texto preservado.t" tanto I\I I"~:I() de sua localização na terceira divisão (fora de "Profetas" e antes de
os hebraico como o aramaico, do livro canônico de Daniel. 11,1"('_Neemias) de qu@Daniel não foi um livro verdadeiramente profético,
2. O status canônico anterior, pré-cristâo do livro de Daniel parece seguro 'li li (2)}foi escrito num período tão posterior que não pôde ser incorporado
com base no "Florilégio", que cita Daniel como Escritura no mesmo nível que os I ,II\I.~:I()de "Profetas".352
livros de Isaías e Ezequiel. Isso levanta questôes muito sérias sobre a suposta data I .~,\'S argumentos para uma data posterior para o livro de Daniel em razão de
do segundo século para o livro de Daniep48 \I 1 111\.rl ização no cânon palestino não são convincentes. Primeiro, há a evidên-
3. A sugerida data anterior para partes ainda não publicadas de um rolo da I! (11'1período pré-cristão) de que Daniel foi chamado "profeta" e considerado
caverna 4 (4QDanc) levanta mais perguntas sobre a data posterior do segundo 111111'"IlO nível de outros profetas (Qumran, NT, [osefo).
século para o livro. Uma data pré-macabeus anterior pode explicar de forma mais • '1:lllldo, a pesquisa de R. D. Wilson sobre as listas hebraicas, aramaicas e
adequada o estilo arcaico usado. ,I, ,I,) cânon indica que elas colocam invariavelmente Daniel entre os "Pro-
4. O fato de que oito rolos separados de Daniel aparecem no Qumran parece Ill~" Isso demonstra que Daniel pertenceu aos "Profetas" mesmo no cânon
requerer mais tempo para a cópia e distribuição do livro do que uma data do pe- 1'111.11.I'>, Parece-que num período p...ó.s-cristã2.t,no segundo século d.e., o livro
ríodo macabeu permitiria. I1111.11111'1 foi retirado sla divisão de "Profet~s" para.a do~EscJ.:itos".354
5. Embora o cânon hebraico tenha colocact6 o livro de Daniel na terceira dívi- 1'1101Sl'I' exato, a mais antiga testemunha de que o livro de Daniel está coloca-
•....••. ~ão de "Escritos", a comunidade do Qumran - como o faz ~la 111 1111 1"l'rl"ira divisão do cânon é a obra babilônica judaica Baba Bathra, do segun-
-::;:==-;;::=:;-~
de Daniel como" o profeta", o escritor do livro. 111 ",'. "I,) d.C, Fontes rabínicas da Palestina (tannaítica e amoraica) consideram
04' 6. Os acréscimos apócrifos do livro de Daniel são ausentes no Qumran. Isso 11,\1111 I p:lrtc da segunda divisão do cânon, ou seja,a seção dos "Profetas",355 como 105
aponta novamente para o status canônico de Daniel e para o fato de que esses "li. ,I' outras listas antigas dos livros do AT o fazem. Isso indica que o livro de
acréscimos escritos em grego são produções mais tardias, construídas sobre aspec- 11\111' I j1l'1'lencia originalmente aos "Profetas" e que apenas uma opinião judaica
tos do Daniel canônico. ,,,11111111.11 ia () atribuiu, num período pós-cristão (segundo século d.e.), à terceira
7. A transição do hebraico ao aramaico e ao hebraico em Daniel 2:4b e 8: 1 111'I IIIHIv se encontra atualmente nas Bíblias hebraicas publicadas.
está preservada nos fragmentos do Qumran, indicando que o livro foi composto I1 I. ('im, há fortes sugestões de que o cânon dos "Escritos" já estava concluído
dessa maneira. 1" .11.1dI' 160-150 a.C.356 Se é esse o caso, dificilmente Daniel se tornaria um livro
", '"11.), mesmo que fosse para pertencer originalmente à divisão dos "Escritos'U?
(~III:III(), a razão, ou o conjunto de razões, por que Daniel foi colocado num
DANIEL E O CÂNON i" t,l., 1:1rdio nos "Escritos" pode ter algo a ver com:
\ A presença da língua aramaica que foi encontrada também em Esdras.358
1\ (I f:II,) de não ter sido escrito na Palestína.ê'?
Em todas as traduções antigas e modernas da Bíblia, o livro de Daniel é colo-
A" previsões messiânicas distintas utilizadas pelos cristãos.
cado depois (raramente antes) do livro de Ezequiel, ou seja, dentro da parte profé,
II I 1111
1l'11101'com relação à previsão sobre os impérios mundiais e sua queda.ê'?
tica do cânon. Uma vez que esse arranjo é representado nas versões Septuaginta,
I (I f:llo dI' que contém muito material histórico como os livros de Esdras
Teodócio e Siríaca da antiguidade, geralmente se assume que essa localização teve
I l' 2 Cónicas, diante dos quais estão atualmente.ê'"
•• 11110111,'
uma origem pré-crístã.t'" Isso tem apoio no fato de que no Qumran (4QFlor),3S0
N" \. '1\ 1:ldl', a IU;11mente pode-se apenas conjeturar sobre as razões pelas quais
no NT (Mt 24: 15), e por Josefo,351 Daniel é designado "profeta".
IId,'lllll ,"IIl(';ldo entre os "Escritos". De qualquer forma, um argumento para
--- A tradição rabínica-rnassorética com seu fam~so cin~ palestino coloca (l
!!IIId.11.1I'IlSli'I'ior do livro de Danicl com base em sua presente localização no
livro de Daniel na divisão chamada ~~(Kethubim), precedida pela Lei
!1','" 111'1",li, 111):1(111'111(li nda rncn to.
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL ESTUDOS SOBRE DANIEL

DANIEL E ECLESIÁSTICO 1\ 11\-xcrnplo, "uma data posterior


1,1111\1
desenvolvida
-.
conforme
-~
[para o livro 1 é defendida pela angeologia
encontrada em Daniel8:16 e 9:21."368
um

Muito poderia ser dito sobre o tema dos anjos no AT. Os anjos no AT são
Um documento chamado Eclesiástico, ou A Sabedoria de Jesus, filho de Sirac,
I1 msmissores de mensagens a Abraão, Moisés, [osué, Gideão, Isaías, Zacarias e
datado de 180 a.c. aproxímadamente.ê'" contém uma seção com um "elogio aos
I Iqldel. No Pentateuco, anjos protegem o povo de Deus, destroem seus inimigos
homens ilustres" (Ecles. 44-49). Nessa passagem, o autor apresenta uma lista das pes-
lI\'l"hm a vontade divina.369
soas ilustres do AT, tais como Isaías, Jeremias, Ezequiel, os doze profetas menores e
( ) Iivro de Daniel oferece um panorama mais abrangente na sua visão de seres
Zorobabel. No entanto, Daniel não é mencionado. Devido a essa omissão, supõe-se
"11'1licos do que os outros livros do AT; entretanto, está ma~-.ró~ dQ livro
que Daniel era desconhecido para esse autor.363 Portanto, a conclusão a que se chega
é de que o livro de Daniel ainda não existia quando Eclesiástico foi escrito.ê'"
Uma pesquisa dos capítulos 44-49 de Eclesiástico, que contém "o elogio aos ilus-
tres", revela que nem todos os ilustres hebreus conhecidos do AT são mencionados.
-
" l.tlarias.370 Apenas Daníel menciona um anjo por seu nome. A função do anjo
11111 -
r prcte (ange1us interpres) dos capítulos 7, 8, 9,10-12 (que é identificado como
, , 1I1I1l'1em 8: 16; 9:21) é parecida, se não idêntica, à função dos anjos intérpretes
111l'I\'arias (1:9,14,19; 2:1-3; 4:4-6,11-14; 5:5-11; 6:4-8). Portanto, há uma angeo-
Entre aqueles mencionados antes da época de Abraão estão simplesmente Enoque
".I 110AT. A característica única de Daniel nesse tema, ou seja, nomear Gabriel,
(Ecles. 44: 16) e Noé (Ecles. 44: 17-18). Isso significa que Adão, Caim e Abel, além de
todos os outros incluindo Sem, Cão e [afé não existiram? O autor menciona Neemias '11.lI\lente não introduz uma nova doutrina de anjos ou faz com que o livro tenha
(Ecles. 49:13), mas não menciona Esdras. Deve-se concluir que Esdras não existiu? 1,IIII':,nito numa data posterior. Uma comparação de Daniel no aspecto dos an-
Evidentemente, a lista de hebreus ilustres não era Rara ser exaustiva e abrangente. I'!·' ,) que está disponível do Qumran do segundo século a.C. indica que Daniel
,,111i-,
antigo que os progressos em Qumran.ê"
Seria de se esperar também que [ó fosse mencion~o, mas não o é no texto grego
desse documento apócrifo. Entretanto, no texto siríaco, Jó aparece em Ecles. 49:9365 ( 1 livro de Daniel também contém uma importante crença na ressurreição
(o último é usado na NAB, mas não no apócrifo da RSV). (11 I 'I). Uriel Acosta, um crítico atual, considerou a referência do documento à
l06 107
Dever-se-ia observar que todos os "ilustres" mencionados nessa lista de Moisés ui n-ição e sua angeologia como chaves para datar o livro num período poste-
em diante são pessoas que viveram na Palestina e "tinham a ver com o estabelecimen- I li 11I ,11ribuí-lo aos fariseus. O argumento de que a crença daniélica na ressurrei-
to, defesa ou renovação das leis, instituições e política dos judeus."366 Daniel, confor- il' I umn marca de uma data num período pós-exílico e mesmo mais tardio que
me conhecido por seu livro, não se enquadrava nesse critério. Daí a razão para sua rl'llIldo século tem persistído.ê"
omissão não ser o fato de não existir ou que o seu livro ainda não fosse conhecido. \ ulcia da ressurreição está presente em várias passagens do AT de uma
Daniel simplesmente não se enquadrava nos critérios estabelecidos para selecionar 'P'II" .uucrior a Daniel (Jó 19:25-27; SI 16:9-11; 73:23-28; Is 25:8; 26:19; 53:10;
certos homens ilustres pelo autor de Eclesiástico. li! "I 1 14; Os 6:1-3; 13:14). Eruditos da Escola crítico-histórica argumentam
Em suma, Eclesiástic~ não lista de forma abrangente todo ilustre israelita, (2) jll' I 111:1 ioria dessas passagens não contém a ideia de ressurreição. A opinião
menciona apenas aqueles que se enquadravam em seu critério de louvor especial; c 11111,I li, \jl' sustenta que a ideia de uma ressurreição física está presente apenas
(3) faz seu elogio mais longo ao sumo sacerdote pós-bíblico Simão, indicando o inte- 111I-'IIIIIS26: 19.373
resse do autor em assuntos p~stinos. Esse interesse pode explicar por que Daniel, ')'.~:I pe~isa da passagem sobre ressurreição em Daniel 12: 1-4 revela que
cujo livro é universal em escopo e panorama, não é mencionado. De qualquer modo, Iil' 1\I H'S irrcvogáveis com Isaías 26: 19. Daniel12: 1-4 também tem nova ênfase
um argumento com base no silêncio não tem peso. Admitir a inexistência do livro de 1111\Il~ f:1I ores, ,74 'tais como a ressurreição dos justos e dos ímpios. Uma cornpa-
Daniel em razão do silêncio de Eclesiástico é como admitir que Oseias não escreveu u 'I" ,111pl'nsa rncn to de ressurreição na literatura intertestamentária, incluindo
seu livro porque ele também não é mencionado em Eclesiástico. '111\11.111,revela a enorme diferença entre motivação, propósito e significado
I1I1'.""dllll'i,·:IO nesse tipo de literatura e em Daniel 12:1-4.375 Conceitos de as-
TEOLOGIA DE DANIEL E SUA DATA iii\~11I1111II'SSIIl'J'l'i\'iio do espírito e ideias de imortalidade encontradas nessa
IIIi 1111111,1cxtrn-hlhllcn são estranhas a Daniel e ao AT. De forma clara, a crença

Vários temas teológicos do livro de Daniel são citados como indicadores para i['/i~\IIII'I\':I\l 11:10pode mais ser um recurso para a defesa de uma data poste-
Lima data "posterior" do livro.367 Alguns aspectos são normalmente distinguidos. I1 li\'lI) dI' Ibnil'l.
1',11'11
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL ESTUDOS SOBRE DANIEL

QUESTÕES RELACIONADAS À SEQUÊNCIA DOS IMPÉRIOS MUNDIAIS II)IJÊNCIA DE IMPÉRIOS MUNDIAIS

I )atar o livro de Daniel está geralmente relacionado pelos estudiosos à identi-


o ESQUEMA DOS QUATRO IMPÉRIOS MUNDIAIS \,,11' do quarto reino nos capítulos 2 e 7. O Professor K. Koch resumiu o consenso
\1 lscola crítico-histórica da seguinte forma: "Um resultado seguro da pesquisa
Sustentou-se de forma ampla que o esquema dos quatro impérios mundiais
\,1 A r hoje é que os impérios da Babilónia, Média, Persa e Macedónia [Grécia] são
(apresentado no capítulo 2 e repetido depois no capítulo 7) foi extraído do pensa-
11111 11cionais."381J. G. Eíchhorn no século 18 jáJH.Yͪ-ªÍLrmado que a Grécia era o
mento grego e persa pelo autor. Há textos de origem helenística e persa respecti-
1'1,1110imp~ri0282 Essa opinião por fim tornou-se o consenso da crítica atual.l'"
vamente datados do segundo século e aos tempos zoroastrianos que contêm uma
( ) princípio comum por trás dessa posição é o de que o horizonte ou visão do
sequência de impérios.ê" Isso significaria que o capítulo 2, se não o livro todo,
Ii\·" 1 de Daniel não vai além da época de Antíoco IV Epifânio. Esse princípio é
não poderia ter sido escrito antes dessa época.
11,1Ii.ll\te questionável em diversas enumerações.
No entanto, há a pergunta: alguém pode provar que o esquema dos impérios
l'rirneiro, até cerca de 1700 d.e. a interpretação cristã estava de modo geral de
mundiais do capítulo 2 (e, por extensão, do capítulo 7) é realmente dependente
I1IIldo em que o quárto império era ro"ffiãno.384 Somente com o advento dos inte-
de fontes supostamente gregas e iranianas? Existe agora nova evidência cuneifor- :::::- .
" II'~ (ilosóficos racionalistas esse ponto de vista foi abandonado. Esses interesses
me de textos de origem babilónica entre as famosas "profecias acadíanas'?" que
11111.11\1 uma nova compreensão de Daniel baseada numa interpretação diferente
nos permite traçar a ideia da "ascensão e queda de dinastias e impérios, incluindo
I'1 !lmpósito do livro.
a queda da Assíria, da Babilónia e a ascensão da Pérsia, sua queda, e a ascensão
'il'gu ndo, o próprio Jesus (Mt 24: 15) demonstra que o livro de Daniel e suas pre-
das monarquias helenísticas"378 de volta para concep~es babílônicas.
I \III'~ vão além da época da Grécia. Portanto, o quarto império deve ser o romano.
Essa mais nova "Profecia Dinástica" babílõnica publicada contém uma des
li-rcciro, os eruditos que defendem a interpretação do império grego en-
crição da sequência de quatro impérios mundiais - Assíria, Babilônia, Pérsia
"1111a m um problema histórico insolúvel: "Se a tese macabeia for admitida, a
08 e Grécía."? Em nosso estudo anterior dessa nova evidência, observamos várias 109
I '1"('llcia de impérios mundiais apresenta ao exegeta não menos" porém mais
diferenças entre Daniel 2 e a "Profecia Dinástica". Desejamos listá-las aqui.
1""I,I('mas ... Se o ensinamento dos quatro impérios mundiais termina no reina-
(1) Um esquema de quatro impérios mundiais seguido de um reino eterno
,1'1 di' Alexandre [grego] como o quarto, e se começa exatamente com Nabuco-
(Daniel), versus simplesmente quatro impérios mundiais, (2) deterioração de um
j, 1!lIIMIr [o babilõnico], então essa apresentacão contradiz de forma decisiva o
império para o outro (Daniel), versus alternância de impérios "bons" e "maus",
, 111'111conhecido [da história]."385' ,
(3) diferentes extensôes de reinados e reis no texto babilônico, mas nenhum em
( ) curso da história entra em contradição se o quarto império for a Grécia,
Daniel 2j (4) nenhum clímax escatológico no texto babilônico, mas um tema
1'111',\lS eruditos, incapazes de encontrar um segundo ou terceiro império mun-
dominante em Daniel, e (5) em Daniel 2, uma visão-sonho apocalíptico, mas na
,lltI, ~:I(l forçados a dividir o império Medo-Persa em dois, Média e Pérsia. Esse
"Profecia Dinástica" babilônica, um tratado polítíco.t"
Ii I 1II~() a rtificial não corresponde nem à história nem ao livro de Daniel. Em
Essas diferenças tornam mais improvável um empréstimo direto de um pelo
i ',11111'1H:20, o único império animal (o carneiro) está claramente identificado
outro. Mas o novo texto babilónico parece demonstrar que havia um protótipo
"!lI! 1 Mcdo-Persa.
comum no Oriente Médio de um esquema de reinos sucessivos, dinastias 0\1
\)1I:lrto, o livro de Daniel não apresenta um império da Média independen-
impérios. Isso pode estar refletido no capítulo 2, mas se desenvolve de maneira
Ir 1111I\' lsabtlõnia e Pérsia, mas apenas um império Medo-Persa.ê'" Daniel "8:20
única no livro de Daniel.
di! 111;1de forma explícita que o império Medo-Persa era unido".387
Com base nas revelações dessa nova evidência conclui-se que o capítulo
LlII in I 0, a seqüência tradicional de Babilônia - (Medo)Pérsia - Grécia -
não é dependente de fontes gregas ou iranianas de uma época relativamente
1111111.1
1" ;1 scquência natural em Daniel e não cria problemas históricos no livro.
posterior. No entanto, o capítulo 2 é parte do reflexo de um esquema antigo d, I
I I '.~.l scquência bem apoiada e historicamente válida for seguida, a luta na
Oriente Médio de reinos sucessivos que se enquadra perfeitamente num conrcx
1"11.1til' Anlíoco IV não pode mais funcionar como uma chave para datar o
to babílónico de uma época anterior.
Ih'lll di' I b n icl. IHH
EsTABELECENDO UMA DATA PARA O LNRO DE DANIEL
~ Esruros SOBRE DAN""

o CAPÍTULO 11 E A DATA DE DANIEL 1'1,11


I'\)centos anos antes de ocorrerem. A questão é se essa possibilidade carrega
I/11Ii/,ltbilidade: é a maneira mais satisfatória de explicar o que encontramos em
o neoplatônico Porfírio baseou sua posição para uma data posterior em Daniel 111111vI? Eruditos críticos modernos têm sustentado que não é."396
11. Deve ser dito que o principal argumento até o presente, para uma data no perío- Ullal é a razão para esse veredicto negativo quanto à "probabilidade" da pre-
do de macabeus, está baseado no capítulo 11. Pode ser apropriado citar].]. Collins, 11>111 futura de longo alcance? Collins apresenta duas razões: (1) "... depois de
um comentarista moderno, sobre esse ponto (1981): "... 0 filósofo neoplatônico Por- 1\111.vrro ponto na história, as previsões [de Dn 11] não estão cumpridas. Os
I! 11 11\'L'imentos de Daniel11:40-45 até a morte de Antíoco são os exemplos mais
fírio (última parte do segundo século a.c.) ... defendeu que o livro foi escrito na épo-
ca de Antíoco Epifânio. [Ele argumentou que] as profecias de Daniel sobre aconteci- i!',lIllivativos:397 (2) O gênero apocalíptico nos escritos extra-canónicos manifesta
mentos até a época de Antíoco foram escritas após os fatos, e eram exatas, enquanto klllll11cno de pseudonomia. Isto significa que escritores de obras apocalípticas
as previsôes além dessa época não haviam se cumprido. A validade do argumento /l111.1 rmcnte atribuem a autoria a um heroi do passado - Enoque, Moisés, Es-
admitidamente anti-cristão de Porfírio é amplamente reconhecido hoje."389 li,! I, l\:truque. Esse artifício da pseudonomia foi usado pelo autor de Daniel para
,"11'1ir autoridade à sua obra.398
Ele prossegue: "Primeiro, há o aspecto notado por Porfírio de que além de um
certo ponto na história as previsões não estão cumpridas. Os acontecimentos de \ll'ntaremos brevemente à primeira dessas duas razões pelas quais o livro de
Daniel11:40-45, até a morte de Antíoco, são os exemplos mais signífícativos.P" 1'11111,1 não apresenta "qualquer probabilidade" de previsão genuína de eventos fu-
Evidentemente, o principal argumento é a famosa "evidência interna", como 1>11, ", Admite-se que as previsões de Daniel 11:40-45 não foram cumpridas por
sugerido por S. R. Drivetv''" ou seja, a precisão da "previsão" do capítulo 11, a qual 111111,,) Epifãnío e sua morte (até onde eu saiba, isso é universalmente admitido
é exata demais para ter sido feita antes dos acontecimentes. Em outras palavras, "a I'tll I"tllldiosos liberais e conservadoresl.ê''? Poderia isso ser então uma indicação
questão sobre se Deus dá a um profeta tal visão exata do futuro divide os eruditos " 'j'll' 111li ito mais de Daniel11, se não o capítulo inteiro basicamente, tenha algo
11\ 1'.1:1que não seja Antíoco Epifânio?
e decide na análise final também a data do livro de Daniel."392 Para estudiosos que
110 t'JIl\'amente, observou-se de forma um tanto correta que "o abominável da 111
consideram o capítulo 11 uma predição exata dos eventos que incluem (11: 1-20)
e levam às batalhas de Antíoco IV com os judeus (11:21-39),393 a decisão deve ser I. ".1'11,:1\)"mencionado por Jesus Cristo (Mt 24;15.) foi tirado de Daniel11:31. O
tomada: o que é e o que não é predição genuína? 1,1111'que sua atividade desoladora ainda era futura para Jesus indicaria que algo
11"'1'1111'de Antíoco Epífânío estava sendo descnto.t'"
Alguns eruditos da Escola crítico-histórica consideram como axiomático que (1
"reino do sobrenatural" esteja envolvido caso Daniel esteja fornecendo uma "pre I~ 1I, Wenham argumenta: "A ideia de que Deus declara seus propósitos futu-
I 'H'IIS servos está no cerne da teologia do livro. Se, no entanto, Daniel for uma
visão correta no sexto século do curso da história até o segundo século".394 Mas,
insiste R. H. Pfeiffer, que escreveu em 1948, defendendo esse ponto de vista, "a 1 I I li" Sl'gu ndo século, um de seus temas centrais está desacreditado, e poder-
pesquisa histórica pode lidar apenas com fatos autênticos que estejam dentro da 11 ,li '1'1'que Daniel deve ser relegado aos apócrifos [ou pseudepígrafos] e não
esfera de possibilidades naturais e deve se abster de afirmar como verdadeiros even 1111~I.uus canônico como parte da Escritura do AT."401 Não há razão histórica
I' ,,1"l!il':1 para nã~ considerar Danielll~€'fluína.
tos sobrenaturais. "395
A questão sobre a data do livro de Daniel é, então, na análise final, um" 1 1.1111 11:1pesquisa histórica que existe uma informação esparsa e mesmo con-
questão sobre uma pressuposição filosófica: se o sobrenatural pode atuar em pcs liil!ll1l 11:1.~ principais fontes relacionadas a Antíoco Epifânio.v" As fontes que re-
quisas crítico-históricas. Dado que nesse ponto de vista o capítulo 11 não pode Ililtll lI', :1\:ul1tccimentos de Antíoco Epífânio do período de cerca de 170-164 a.c.
ser uma profecia verdadeira para o futuro, um cenário sócio-político fora do sexto 11I1I11.HI:ls principalmente a 1 e 2 Macabeus e Políbío. De fato, são tão limitadas
século deve ser encontrado. A crise de Antíoco Epifânio parece apresentar-se IlIí: t.llldil)SI1S se voltam para Daniel11 para completar a informação histórica!
como o contexto ideal. 1\ 1I I'Xl'lllplo, () estudo recente do Professor Klaus Bringmann sobre a re-
Uma abordagem crítico-histórica um pouco diferente, usada mais recentcrncn 1111111I.,II'lIls1icac a perseguição religiosa na Judeia (175-163 a.Ci) é forçado a
te, permite o sobrenatural, mas enfatiza outro aspecto. [ohn J. Collins declarou dI' t_"II'I.l1 Ibúl'l 11:28-'31, I Macabcus 1:16-59, e 2 Macabeus 5:1-6:7 como
maneira vigorosa em 1981: "A questão não é se um profeta divinamente inspirado iill. 111'('Wl11os hisl()ricos"401 para entender a crise trazida sobre Antíoco
poderia ter predito os eventos que aconteceram na época de Antíoco Epif:lllill [I" 111111 " M'I/S !larlid:',rios d:, judcin. () fato de C~S:lS três "fontes" estarem em
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
EsTUDOS SOBRE DANIEL

desacordo em muitos detalhes lança uma sombra de dúvida na correlação de 01,1I rltico-histórica. Não obstante, restam muitos problemas não solucionados.
eventos resultante. I, 111incipais argumentos para essa hipótese, investigados nesta e nas duas seções
É também interessante observar que Bringmann se empenha em uma reda- ItI, uorcs com base na nova evidência, foram examinados e achados em falta.
tação significativa de eventos. A profanação do templo de Jerusalém, que durou I )s supostos "erros" históricos e problemas com respeito a Nabucodonosor,
três anos, agora deve ser datada de 168-165 a.c. e não mais de 167-164 a.C.404 O li I I unstruções, sua insanidade, chamar Belsazar de seu filho, são solucionados
sumo-sacerdote Onias III foi assassinado em 170 a.C.405 Essas novas conclusões "111hase na nova informação. A informação disponível coloca as respectivas par-
cronológicas, além de outras, dão vazão a sérios problemas de interpretação con- .11' I );lI1iel no contexto histórico da última parte do sétimo século e primeira
cernentes a várias partes do livro de Daniel nas quais estudiosos tem cornumentc I." \I () a .C. A ideia de Belsazar como "rei" de Babilônia corresponde aos eventos
visto Antíoco Epifânio. II , l"l\':1 conforme prova a evidência cuneiforme. Há tanta nova luz sobre Dario,
Em suma, a correlação da informação cronológica e os eventos que cercam 111Idi I, e sua co-regêncía com Ciro após a queda de Babilônia, que qualquer
Antíoco Epifânio e Daniel 11 não é de forma alguma tranquila. As dificuldades li' IIIS;\Oque diga que ele não era uma pessoa real é inconcebível. A perspicaz
encontradas por essa abordagem sugerem que os eventos na Palestina no tempo di.' lillllllação de Daniel como o "terceiro" em Babilônia também indica um relato
Antíoco de fato não fornecem o verdadeiro contexto para Daniel 11.406 111\'~11I:I época no capítulo 5.
I.II1Ihém comentou-se a informação cronológica das várias datas no livro de
1'11111I. Ilá provas indiscutíveis para a correlação do terceiro/quarto ano de [eoa-
APOCALÍPTlCA E PSEUDONOMlé\l 1"1111'(11))o ataque de Nabucodonosor sobre Jerusalém em 605 a.C. As datas de
I li I; l): 1j etc. podem ser fixadas agora com nova exatidão.
Algumas observações estão em ordem coI? relação ao "gênero" apocalíptico'?' Illl1go das linhas de estudos linguísticos, fica evidente que o nome babilóní-
\, I

e a suposta pseudonomia do livro de Daniel. E o material apocalíptico no AT pscu , ,ddl'lI", os nomes Sadraque, Mesaque e Abdenego refletem costumes babílóní-
112
dõnimo por natureza? Em lsaías 24-27 há uma composição que foi reconhecida por \ 11' rcsrão dos termos gregos e persas não mais apresenta dificuldades para uma 113
eruditos.r" incluindo John J. Collins.í'" como o "Apocalíptico de lsaías". 410Faz parte 1,111.1" sexto século. O uso do aramaico como aparece no livro torna uma data do
do livro de lsaías e não deve ser considerado anônimo ou pseudônimo. De fato, o 111"1I1Sl'Clt!Oimpossível. O hebraico do livro se enquadra no sexto século a.c. A
Professor J. G. Baldwin observou que "não há uma prova clara de pseudonomia no l!ild 111\:1de línguas (hebraico-aramaico-hebraico) não apresenta dificuldades.
Antigo Testamento e há muita evidência contra isSO."411 1\. dl'scobertas do Qumran esclarecem de forma significativa a hipótese para
Não há razão para se crer que devido a partes do livro de Daniel serem apocallpti li:1.1.11:1110 período de macabeus. Daníel é chamado de "profeta". Há apoio para
cas em forma e natureza, ele deva ser de uma data posterior. O Professor F. M. Cross de línguas em dois dos oito diferentes manuscritos. Uma data posterior
1111\.1.111,':1
sugeriu que a origem da apocalíptica deve ser pesquisada como sendo tão anterio iilll .1' impossivel. Não há tempo suficiente para uma data da metade do segundo
quanto o sexto século a.C.412Visto que ainda não há uma clara definição de apocalí] Idi' " { :. l' a aceitação do livro como canônico.t"
tico, seria totalmente impróprio assumir que, o que quer que seja apocalíptico, o livro \ 1I'lllogia do livro de Daniel se enquadra perfeitamente ao contexto do sexto
de Daniel deve ter uma origem posterior. Tampouco é apropriado assumir que 1)11 I ti" " (:. O pensamento da ressurreição, por exemplo, contrasta com a ressur-
niel deve ser identificado com obras apocalípticas extra-canónicas, e, portanto, deve idl! I, 1111111'1.ilidadc e outras idéias relacionadas na literatura intertestamentária.
ser pseudônimo. O ônus da prova de que o livro de Daniel seja pseudõnimo, porqu illlIl,I~11' torna claro que o livro de Daniel pertence a um período anterior. O
partes dele são apocalípticas, recai sobre aqueles que fazem essa reivindicação. jI'tll"l dlls quatro impérios mundiais pode agora ser revisto em contraste com um
i11','X1'111:lhiIClIIico.Ele não pertence ao pensamento grego ou persa. A sequência
""111111impérios mundiais abrange um período mais longo que o do sexto ao
;.1\'1"1l a.C.
1111,111
CONCLUSÕES
1'1,111",1
II 11:10 (()J'J)i.'CC o tipo de "história" que se pensava ter. O capítulo contém
'''t!i. 111:I'lIllIll:1.() problema da nscudonornia permanece um fenõmeno inexplicá-
I
A hipótese para uma data no período de macabeus, tendo o segundo sl'l'ldll
I PIIII ,l\llll'ln, q\le ddi.'ndc(1);t hipótese para urna data no período de macabeus.
para a forma final do livro de Daniel, é a que tem mais popularidade hoje na I:
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANIEL

À luz da recente evidência arqueológica, linguística e histórica, e a evidência in 11Collins, Danie!, p. 19-22.
terna do próprio livro, uma data no sexto século a.C. se enquadra melhor na escrita I' 1\. K. Waltke, "The Date of the Book of Daniel", BS 133 (1976): 320.
do livro de Daniel em sua presente forma. Isso se apoia, é claro, na distinta forma dl' 11P. A. Viviano, "The Book of Daníel. Prediction or Encouragement?" The Bible Today
estilo "1" na qual Daniel escreve quando fala de suas próprias visões em Daniel 7-12. I (Julho 1983), p. 221-26.
Sem exagero, pode-se dizer que sempre que nova evidência de descobertas feitas 1iVeja o envolvimento de Spinoza e outros em H. Méchoulan, "Revélatíon, rationaliró
nos últimos cem anos veio à tona, ela apoiou a data do sexto século a.c. para a com I l'l"phétié. Quelques remarques sur le livre de Daniel", RSPT 64 (1980): 363-71.
posição do livro de Daniel, em vez de uma data na última parte do segundo século. I, l'orfírio (ca. d.C. 234-305) conforme citado pelo Jerome '5 Commentary on Daniel, tr.
I. 111111 L. Archer, [r, (Grand Rapids, 1977), p. 15.
li, lhid.
NOTAS
I, llud., p. 15-16.
I H. L. Ginsberg, Studies in Danie! (Nova Iorque, 1948) p. 27; A. Jeffery, "The Book (lI
I" lohrer, p. 476.
Daniel" lB (1956), 6:359-60; G. Fohrer, Introduction to the OUi Testament (Nashville, 1965),
I" Veja Eva Osswald, "Zum Problem der vaticinia ex eventu", ZAW 75 (1963): 27-44.
p. 474; W. Lee Humphreys, "A Study of the Tales of Esther and Daniel", JBL 92 (1973):
211-23, que distingue entre "contos de conflito na corte" (Dn 6) e "contos de disputa na
" I, C. Baldwin, "Some Literary Affinities of the Book of Daniel", But1etin Tyndate 30
11/)%.
corte" (capítulos 4 e 5) e é seguido por J. J. Collins, "The Apocal»ptic Vision of the Book
I Illid., p. 99.
of Daniel", HSM 16 (1977): 33; Id., Daniel, 1-2 Maccabees (Wilmington, 1981), p. 18, onde
",id.
ele os chama de "contos"; id., Danie! (Grand Rapids, 1984), p. 31, 34-36.
2 R.B.Y. Scott, "I Daniel, the Original Apocalypse", AlSL 47 (1930-31): 290-91, chama
I I I~,Goldingay, "The Book of Daníel. Three Issues", Theme!ios2/2 (1977): 48.
I II,ddwin, "Some Literary Affinities", p. 96.
Daníel l-ô de "romances históricos." E. W. Heaton, The Book of Danie! (Londres, 1956), p.
VI'ja o estudo histórico detalhado
de Daniel 7-8 e sua relação com os eventos no
32-47, os chama de "romances populares."
114 dI: Antíoco IV por Ricardo Abos-Padilla, ptadoyer für Antiochus IV Epiphanes, 47
111111"
3 W. Baumgartner, Das Buch Danie! (Giessen, 1926), p. 7; Fohrer, p. 474, chama Dani('\ 115
I l "11'\('11
über das Buch Danie1 (Bad Homburg, 1983).
1-6 em parte de "contos da corte" e em parte de' "lendas de mártir."
11. Kruse, "Compositio Libri Danielis et idea Fílíí Horninis", VD 37 (1959): 148.
4 L. Bushinski, C. S. SP., "Daníel. Midrash and Apocalyptic", The Bibte Today 21/4
W:dlkc, "Date", p. 320.
(julho de 1983), p. 228-29; L. F. Hartman e A. A. Di Lella, The Book of Danie! (Gardcn
, I{ K. Harrison, Introduction to the OUi Testament (Grand Rapids, 1969), p. 1111;J. M.
City, Nova Iorque, 1978), p. 54.
1'"11111, / )ie jüdische ApokatYPtik. Die Geschichte ihrer Erforschung von den Aufangen bis zu den
5 J. Steinmann, Danie! (Paris, 1950), p. 27-28, o qual se refere à série de histórias dt,
'/1111""11 11cm Qumran (Neukirchen-Vluyn, 1969), p. 35.
edíficação para moral e educação religiosa. Cf. L. F. Hartman, "Daníel", Jerome Bibte Com
'H lunidt, p. 35.
mentary (Londres, 1968), 1:447-48; A. Lacocque, The Book of Danie! (Atlanta, 1979), p. 8.
II -"pinoza, Ttactatus Theotogico-Politicus,ed. C. Gebhardt, Philosophische Bíblíorhek
6 W. Sibley Towner, Danie! (Atlanta, 1984), p. 5.
IIi I'd. (Lcipzig, 1922), 93:216.
7 M. Hengel, Judaism and Het1enism,2a ed. (Filadélfia, 1981), 1:111.
1I11
I ,\11Iny Collins, The Scheme of Literal Prophecy Considered in a View of Controversy,
8 Hartman, p. 448.
lIy 11Late Book, Intitled A Discourse on the Grounds and Reasons of the Christian
1111111"'/
9 Collins, Danie!, 1-2 Maccabees, p. 19.
Il ondrcs, 1727).
111i/o,"
10Em relação a esse gênero literário ou sociológico, veja J. G. Gammie, "The Classt
I 11I\'~'I'I,Geschichte des Alten Testaments in der christilichen kirche (Leipzig, 1869), p. 541.
fication, Stages of Growth, and Changing Intentions in the Book of Daníel", JBL 95/
\ (:1111 i IlS, p. 151.
(1976), p. 191-204; R. Martin-Achard, "L' apocalyptique d ' apres trois travaux récents",
t "'1.1 o p, 157,
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1/,,, I , 1', 155.
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11111I{"IIIIII,11
1111(/
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"IlIllldl. 1'. 40,11. 12,
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL

EsTUDOS SI11110 1 )"NU


39 Berthodt, vol. 1, p. 49-55.
1 I. Collins, Daniel, 1-2 Macabees, p. 4.
40J. G. Eichhorn, Ein1.eitung ins Alte Testament: Band 1Il, 4a ed. (Leipzig, 1824), p. 515-20
IIlid., 17; Id., 'f\pocalyptic Geme and Mythic Allusions in Daniel", lSOT 21 (II"U)
41Harrison, p. 1111 .. 1I IJl
42 W. Baumgartner, "Ein Vierteljahrhundert
Danielforschung", TRu 9 (1939): 70.
43A. [epsen, "Bemerkungen VT 11 (1961): 386.
zum Danielbuch",
11!irtrnan e Di Lella, p. 16-18; B. Hasslberger, Hoffnung in der Bedrangnis (St. Ort i 111 11,
44K. Koch, "Spãtisraelitisches Geschichtsdenken am Beispiel des Buches Daniel", Hi~
I, ",408-416. Cf. P. A. Porter, Metaphors and Monsters. A Literary.critical Study of VII 111"/
(I1111d,1983).
torische Zeitschrift 193 (1961): 2.
lumbém A. Mertens, Das Buch Daniel im Lichte der Texte vom TotenMeer (Stuttgart, 1971),
45K. Koch, Das Buch Daniel. Unter Mitarbeit von Til! Niewisch und fürgen Tubach (Ertrii~
I 1\. Soggin, lntroduction to the Old Testament, 2a ed. revisada (Filadélfia, 1980), p. 410.
der Forschung, Bd. 144; Darmstadt, 1980), p. 8-14.
i(, ,wlcy, "The Uniry of the Book of Daniel", p. 280. Cf. Gerhard Maier, Der Prophet
46F. Dexinger, Das Buch Daniel und seine Prob1.eme(Stuttgart, 1969), p. 15: "O livro d
"I (Wu/Jpertal, 1982), p. 18.
Daniel deriva em sua presente forma do tempo dos macabeus."
"Is~fcldt, p. 517.
47A. Robert e A. Feuillet, Introduction to the Old Testament (Garden Citv, Nova Iorque,
11. 1\. C. Hãvernick, Kommentar über das Buch Daniel (Hamburg, 1832); Id., Neue
1970), 2:269: "Logicamente, então, todo o livro [de Daniel] em sua presente forma pod
li, I in tersuchunger über das Buch Daniel (1838).
ser atribuído a um escritor da era macabeia."
t 1\. Auberlen, Der Prophet Danie und die Offenbarung lohannis (Basel, 1854).
48R. J. Clifford, "Hístory and Myth in DaniellO-12", BASORJl20 (1975): 23: "Ma~,
11.Pusey, Daniel the Prophet (Nova Iorque, 1864).
autor de Daniel, escrevendo entre 168 e 163 a.C., ou seja, na Pérsia, está vivendo no perk
I Kliefoth, Das Buch Dçmiel (Leipzig, 1868).
do de crise de 11:29-35, enquanto descreve eventos futuros a ele (Daniel11:40-12:3)."
H Kranichfeld, Das Buch Daniel (1868).
49Collins, Daniel, 1-2 Maccabees, p. 11-14.
50Viviano, "Daniel", p. 225: "Existe um consenso geral de que ó livro de Daniel foi
ti;. Keíl, Biblischer Commentar über den Propheten Daniel (Leipzig, 1869): Engl. Tr.
/1",1/. flr lhe Prophet Daniel (Edimburgo, 1891).
116 escrito em resposta à perseguição dos judeus por Antíoco IV."
I "Il!\hcnbauer, Commentarius in Danielem Prophetam (Paris, 1891).
51 Qualquer comentário padrão, artigo ou introdução ao Antigo Testamento pc 117
W. Ilengstenberg, Die Authentie des Daniel und die lntegritat des Sacharja (Berlín, 1831).
escolas crítico-históricas dá evidência disso.
11 /ündei, Kritische Untersuchung uber die Abfassungszeit des Buches Daniel (Leipzig, 1861).
52Veja novamente P. R. Davies, Daniel. Old Testament Guides (Sheffield, 1985), p. 35-311
I I li'lstcrwald, Die Weitreiche und das Gottesreich nach den Weissagungen des Propheten
53S. R. Driver, An Introduction to the Literature of the Old Testament (publicação origi
1 (hl'ihllrg, Breisgan, 1890).
1897; reimpressão, Nova Iorque, 1965), p. 497-514; Id., The Book of Daniel (Cambrid
The Prophet Daniel (Nova Iorque, 1911).
\ (:. Uaebelein,
1900), p. 62-65.
1. j (:. Het bock Daniel (1935; 4a ed., Kampen, 1975).
I\alders,
54S. B. Frost, "Daniel", !DB (Nashville, 1962), 1:764-67.
1\1. 1\. Bcck, Das Danielbuch (Leiden, 1935).
55 O. Eissfeldt,The Old Testament: An Introduction (Nova Iorque, 1965), p. 527.
t f II!\rtl'nstein, Der Prophet Daniel, 4a ed. (Stuttgart, 1940).
56 H. H. Rowley, "The Unit of the Book of Daniel", em The Servant of the Lord il
\V Mi')lkr, Grundriss für Alttestamentliche Ein1.eitung (1934; reimpressão, Berlin, 1958).
Other Essays on the OT, 2a ed. revisada (Oxford, 1965), p. 260-80.
I' I '. Wilson, Studies in the Book of Daniel (Nova Iorque, 1938).
57Hartman e Di Lella, p. 16, reivindicam que a edição final foi publicada em 140 :d
II,)u t Ilowcr, In and Around the Book of Daniel (1923; reimpressão, Grand Rapids,
58Veja especialmente, Collins, Daniel, p. 27-40; Towner, p. 5-7; Davies, p. 121-126. I
59Bertholdt, vol. 1, p. 49, 83.
I I Yllung, The Prophecy of Daniel: A Commentary (Grand Rapids , 1949).
60M. Noth, "Zur Komposition ThStKr 98/99 (1926): 143-6'-
des Buches Daniel",
II .; I vupold, EX1)osition of Oaniel (Grand Rapids, 1949).
61G. Holscher, "Díe Entstehung des Buches Daniel", ThStKr 92 (1919): 113-38.
li I) (:l1lwr, Danie! anel the Latter Days (Chicago, 1954); Id., "Daniel", The Wycliffe
62A. Barton, "The Composition of the Book of Daniel", fBL 18 (1898): 62-86.
I 'I//lIII"III(/ry (Chicngo, 1962).
63 Gammie, "Classification, Stages of Growth", p. 191-94; Id., "On the Intention 11
.I I Wlllvo(lf'd, /),111;('/' The Key to Prophetic Revelation (Chicago, 1971).
Sources of Daniel I-VI", VT 31 (1981): 282-92.
I W,)od,1\ (;()IIIIII('llIIITY ()II f)ILTliel (Cr:lI1d Rapids, 1973).
64H. L. Ginsberg, Studies in Daniel (1948) e "The Composition of the Book of Da n i,'1
I t, II,ddwi n , / '111111,1. A" /11IT(lc/',cl;(m(/)lei Comme!l((/.ry (J)owncrs Grovc, [1./[ ondrcs,
VT 4 (1954): 686-97.
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LNRO DE DANIEL

EsTUDOS SOBIO· III\NI


94 G. L Archer, [r., "Daniel", The Expositor's Bible Commentary, ed. F. E. Gaebelcin
11
(Grand Rapids, 1985), p. 4-26. 1011: e\' A. S. van der Woude, ATQ (Leiden, 1976), p. 126-31. As restaurações dill'" 111
111,i1iv;lInente e deve-se ter cuidado na leitura das várias traduções.
95 G. Maier, Der Prophet Daniel (Wuppertal, 1982).
\ 1'(2, p. 127. Itálico indica texto restaurado.
96 G. L Archer, Jr., A Survey of OUi Testament Introduction (Chicago, 1964), p. 365-8H. Ihitl.
97Harrison, p. 1010-27.
I !:Iduzido assim pela maioria dos acadêmicos.
98 H. D. Hummel, The Word Becoming Flesh: An Introduction to the Origin, Purpose, arl/I
I \I '(2, p. 129.
Meaning of the Old Testament (St. Louis, 1979), p. 549-71.
"'''ptado de ATQ, p. 127-29.
99D. J. Wiseman, et a1., Notes on Some Problems in the Book of Daniel (Londres, 1965).
100B. K. Waltke, p. 319-29. Milik, p. 411; W. H. Brownlee, The Meaning of the Scrolls for the Bible (Londres,
101G. L Archer, "Modern Rationalism and the Book ofDaniel", BS 137 (1979): 129-4 " I' 17; R. Meyer, Das Gebet des Nabonid (Berlim, 1962); Dexinger, Das Buch Daniel
. 111,'I'mbleme, p. 20; etc.
102J. McDowell, D-;niel in the Crincs ' Den. H istorical Evidence for the Authenticity of ri I \ I\.}, p. 123.
Book of Daniel (San Bernardino, CA, 1979).
\NET, Supp, p. 560-63.
103S. J. Schwantes, "La date du livre de Daniel", em Daniel. Questions Debattues, ed. 11,
i l.irrman e Di Lella, p. 179.
Winandy (Collonges-sous-Saleve, 1980), p. 47-6l. \ I'Q, p. 127.
104W. D. Gooding, "The Literary Structure of the Book of'llaniel and lts Impliru
I )IIl1lmershausen, p. 71.
tions", Tyndale BuHetin 32 (1981): 43-79.
'111'lwnlee, p. 37; cf. Hartman e Di Lella, p. 179.
105A. J. Ferch, "The Book of Daniel and the 'Maccabean Thesis,'" AUSS 21 (198 \)
VI'j" a explicação útil em Harison, p. 1115-17.
129-38.
I" Vl'1'llles, p. 229.
106A seção sobre Nebucodonosor , Belsazar e Dario, o medo, é expandida a partir di
118 meu artigo, "The Book of Daniel. Evidences relating to Persons and Chronology", AU.'iS I). N. Freedman, "The Prayer of Nabonidus", BASOR 145 (1957), p. 31; também
11111111
\. I)i Lella, p. 179. 119
19 (1981): 37-49.
107C. F. Pfeiffer, The Biblical World (Grand Rapids, 1966), p. 126. 'li I). J. Wiseman, "Nebuchadnezzar", Zondervan Pictorial Encydopedia of the Bible, ed.
I 11'IIIlY(Grand Rapids, 1977),4:398.
108Escrito no Grotefend Cylinder, KB iii, 2, p. 39, conforme citado em J. A. Montgr
I Il.lrrison, p. 1117-20.
mery, "The Book of Daniel", ICC [231 (1927), p. 243.
109Montgomery, p. 244. I I,. M. Cross, jr., The Ancient Library of Qumran, 2a ed. (Nova Iorque, 1961), p. 167.

110S. Langdon, Ine neubabylonischen Kõnigsinschriften (VAB, 3; Leipzig, 1912), p. 87. 11, \, K, Grayson, Babylonian Historica~Literary Texts (Toronto/Buffalo, 1975), p. 87-92.
' I II>id., p. 89.

111B. Meissner, Babylonien und Assyrien, 2 vols. (Heidelberg, 1920, 1925), 1:299. I , "litl.

112D. J. Wiseman, "Babilõnía", The International Standard Bible Encydopedia (Gra


;1 "lid., p, 89, linhas 11-14.
Rapids, 1979), 1:384-9l.
li" I )I'w-se dar atenção à história da possessão de Nabucodonosor por Abydenus (se-
113G. A. Barton, Archeology and the Bible (Filadélfia, 1916), p. 479.
1./" ,,1'1Ido a.C.) conforme preservado em Eusébio, Praep. Evang. ix. 4l.
114H. W. F. Saggs, "Babvlon", Archeology and Old Testament, ed. D. W. Thomas (OX(I
'ti W. I I. Shca, "Daniel 3: Extra-biblical Texts and the Convocation on the Plain of
1967), p. 42.
111', \1/,\\ 20 (1982): 30.
115R. H. Pfeiffer, Introduction to the Old Testament (Nova Iorque, 1948), p. 758-59.
116Ibid., 758. Cf. O. Kaiser, Einleitung in das Alte Testament (Gütersloh, 1969), p. " I) I. Wiseman, Chronicles ofthe Chaldean Kings (626-556 a.C.) no Museu Britânico
IltI"", 11)%).
117J. T. Milik, '''Priere de Nabonide' et autres écrits d'um cycle de Danie1. Fragmei
11'""1''', "I):tnid 1", p. 29-52.
araméens de Qumran 4", RB 63 (1965): 407-415. Foram feitas traduções em francês por
111\NF/', fl. 107-H,
Carmignac em Les textes de Qmran traduits et annotes II (Paris, 1963), p. 289-94; em alem 1I ",,,,':1, "I );1I1il'11", p, 50.
por W. Dommershausen, Nabonid im Buche Daniel (Mainz, 1964), p. 70 e A. Mertens, I 1
1 "\11111'1', "lbnil'l", jl, 51,1:111111('1111:""
de um "jllramento de lealdade" em Daniel 3,
Buch Daniel im Lichte der Texte vom Toten Meer (Stuttgart, 1971), p. 34-42; em inglês pUI (
Vermes, The Dead Sea Scrolls em Inglês (Baltimore, 1962), p. 229-30 e B. Jongeling, C. J. 1
," 11:1,I I I 'I I(,I:1\'i(111:1iSM , (illll :I 1('1'1 , It :I, ,,' Jt. I'I~ iSSll 1'11111
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'I 11'11;"1I11'11111
li ( , llllll ,'11\\'~'" li d:l Â~~II i:1.
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE I)ANII I

147H. H. Rowley, "The Historicity of the Fífth Chapter of Daniel", JTS 32 (1930): 32, lhid., p. 31.
148As datas são fornecidas por R. H. Sack, Ame~Marduk, 562-560 a.c. (AOATS, 4 /nome's Commentary on Daniel, p. 55.
Neukirchen-Vluyn, 1972), p. 2. lI. Alfrink, "Der letzte Kõníg von Babylon", Bib 9 (1928): 187-205.
149Nabonido não estava na cidade de Babilónia quando ela caiu. Ele escapou 1\,lwley, Darius the Mede, p. 33-36.
a cidade foi tornada por Borsippa, mas entrou novamente na cidade e foi tornado prisi I 1\,ich, Das Buch Daniel, p. 191-92.

neiro. Supõe-se ter morrido na Carmenia,. Veja D. J. Wiseman, "Nabonidus", Zondervan , loscfo, Ant. x. xi. 4.
Pictorial Encydopedia of the Bible (Grand Rapids, 1977), 4:352. I\(lwley, Darius the Mede, p. 37, menciona Lowth, Hengstenberg, Rosenmuller,
1·50A evidência cuneiforme é convenientemente coletada por R. P. Dougherty, '1111,k, Kranichfeld, Kliefoth, Keil, Zóckler, Knabenbauer e outros.
dus and Belshazzar, Séries Orientais Yale, 15 (New Haven, CN, 1929). 1 \('l1o(on Cyropaedia, 1.5.2; 1.3.1; 1.4.1; 1.5.5; 8.5.17; 8.5.19.
151Para o texto completo, veja A. L. Oppenheim em ANET- , p. 312-15. II"h, Das Buch Daniel, 192; Rowley, Darius the Mede, p. 37-43.
152ANET2, p. 313b. primeiramente por H. Winckler, "Die Zeit der Herstellung [udas", Al-
" l'ioposto
153T. G. Pinches, Proceedings of the Society of Bíblical Archeology ir8 (1916): 30. ",,'/1\(/te Forschungen 2 (1899): 217; P. Riessíer, Das Buch Daniel (Wien, 1902), p. xiv,
154Dougherty, p. 93-95; A. T. Clay, MisceHaneous Inscriptions in the Yale Baby Illlllw~'r,p. 142-55, conferiu-lhe expressão formada.
CoHection (New Haven, CN, 1915), p. 55-56; A. R. Millard, "Daniel Lô and History", C. P. Tiele, Babylonisch-Assyrische Geschichte (Gotha, 1888), p. 476-77.
( 'I.
49 (1979): 7l. W. 11.Shea, "Darius the Mede: An Update", AUSS 20 (1982): 233.
155Dougherty, p. 94-95. II>id.
156Millard, p. 71-72. I),,), Wiseman em CT 2/4 (25 de Novembro de 1957): 7-10.
157W. H. Shea, "Nabonídus, Belshazzar, and the Book of Daniel. An Update", '" 1),.1, Wiseman, "Some Historical Problems in the Book of Daniel", Notes on Some
20 (1982): 133-49, em especial a página 136, sugere que [udá forneceu "um ambiente 1/, 111\111lhe Book of Daniel (Londres, 1965), p. 9-16;
120 qual, ao contrário do reino onde eles estavam exilados, a co-regência era praticada ... I I M, Bulrnan, "The Identification ofDarius rhe Mede", WTl 35 (1973): 247-67. 121
niel avaliou essa situação com base no que lhe era familiar da política econômica de JUd1\ II,'/dwin, Daniel, p. 26-28.
Sugerimos que os métodos de se calcular as datas em Babílónía e [udá eram diferentes t Mi1L1I'l1,p. 73.
que a co-regência existiu em ambas as áreas. Entretanto, Daniel usou em 7:1 e 8: 1 o ( ;, Wenham, "Daniel. The Basic Issues", Themelios 2/2 (1977): 50.
do de datação existente em [udá. I 11,"dwin, Daniel, 26-27.
158Beek, p. 44, 51; S. Smith, Babylonian Historical Texts Reiating to the Capture and 1 1.1111
hérn Maier, Der Prophet Daniel, p. 38.
wnfaH of Babylon (1924; Híldesheirn, 1975), p. 106-7; M. J. Gruenthaner, "The Last KI "111':1,"Darius the Mede", p. 232-33.
of Babylon", CBQ 11 (1949): 406-427, esp. 416; Meissner, vol. 1, p. 78; Dougherty, p. I I I', liahclon, "Nouvelles remarques sur I'histoire de Cvrus'', Annales de philosophie
Maier, p. 37. 1"",,,, 4 (1881): 674-83.
159Young, p. 117 (grifo do autor). ... I\lIwky, Oarius the Mede, p. 19, menciona F. Delitzsch, G. Pinches, J. D. Wilson, R.
160Veja também Archer, "Daniel", p. 15-16. ,. 11" 11I, Th ilo, Môller e outros.
161D. J. Wiseman, "Belshazzar", Zondervan Pictorial Encydopedia of the Bible (Gru 'I W. F. Albright, "The Date and Personality of the Chronicler", JBL 40 (1921):
Rapids, 1975), 1:15l. 'i I.~I.
162D. Weisberg em P. Garelli, ed., Le palais et la royauté. Compre rendu de ia XIXe reru "" I (:, Whitcome, Darius the Mede, 2a ed. (Filadélfia, 1963).
tre assyriologique internacionale (Paris, 1974), p. 447-54. \" lu-r, "Dnnicl", p. 18.
163Millard, p. 72; Archer, "Daniel", p. 16; cf. Maier, p. 204-10. t ',1"'11,"Ihrills the Mede", p. 234.
164H. H. Rowley, Darius the Mede and the Four World EmPires in the Book of Danicl' , I (:, Whit(,()l11h, "Dnrius the Mede", Zondervan Picioiiai Encydopedia of the Bible
Historical Study of Contemporary Theories (Cardiff, 1935; reimpressão, 1964), p. 9. itlll,lltll'id" 1(77),2:29.
165Veja, por exemplo, Collins, Daniel, p. 69: "Nenhuma figura como Dario, o 1111'\ ".. 1LI!IiMIII,p, 1121-22; Waltkc, p. 127; Archcr, "Danicl", p. 18 e outros.
é conhecida na história." , >,111'01,
"I hrills 111<' Medo", p, 214,
166Ibid., p. 30-31. " (1 " ~\)I( '11:,d" ('11\cun.-i fi irmc 1:1111
li, 11111' () c()mo ( ;'I/I{lI/Ku H - (/lI ha ru, Ii n hn 20 ()U
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL

EsTUDOS SOI\I", 11'\111111


Ug/ug/uk = Ugbaru, linha 22 da Crônica de Nabonido, em Smith, Baby!onian HistoriCtll
1'/l lnrtrnan, p. 449; Collins, Daniei, p. 45.
Texts, p. 121.
'11I cupold, p. 50.
199Shea, "Darius the Mede", p. 235-47.
'I Contra a opinião anterior divulgada por Rawlinson, Meyer, Winckler, ROgl'I",
200W. H. Shea, "An Unrecognized Vassal King of Babylon in the Early Achaernernid
1"1111:'unerv e outros.
Period IV", AUSS 10 (1972): 176.
201R. K. Harrison, "The Book of Daniel", Zondervan Pictoria! Encydopedia of the Bihlt 'r ; J. Gadd, "The Harran Inscriptions ofNabonidus", Anatolian Studies 8 (1958): (l,
fi \N/~T, Supp., p. 560-63.
(Grand Rapids, 1977), 2: 17.
202A famosa Crônica de Nabonido menciona esse fato histórico; veja ANET2, p. 30/1
, Veja o estudo detalhado de G. F. Hasel, "The First and Third Years of Belshazzar
1 li I)", AUSS 15 (1977): 153-68.
203Shea, "Darius the Mede", p. 243.
204Ibíd., p. 247. 1 "'~~a seção contém material de G. F. Hassel, "The Book of Daniel and Matters of
l'I'iI'IIIIIfI': Evídences Relating to Narnes, Words, and the Aramaic Language ", AUSS 19
205Baldwin, Danie!, p. 28.
11/111)111-26.
206Contra Dexinger, p. 16; Pfeiffer, p. 757; Rowley, Darius the Mede, p. 54-56.
N. Porteous, Danie!: A Commentary (Londres, 1965), p. 25-26.
207Montgomery, p. 256, sugeriu uma ligação entre o aramaico taltt em Daniel 5:
n l lvródoto, Histories 1: 181-83.
taltã' nos versículos 16, 29 e o acadiano salsu "oficial" no sentido de "terceiro" (oficial) d
I:. Yarnauchí, "The Archaeological Background of Daniel", BS 137 (1980): 5-6; A.
um "triunvirato", Lacocque, p. 90, traduz "será no governo triunvirato do reino." Várin
IiILlld, "Daniell-6 EvQ 49 (1979): 69-71; J. G. Baldwin, "Some Literary
and Hístory",
objeções incisivas têm apontado contra essa sugestão. O "salãu -oficial" foi ligado ao rei 011
111111111', I)f the Book of Daniel", Tyndale Bulletin 30 (1979): 29; J. McDowell, Danie! in
príncipe da coroa, mas não para governar como "terceiro" no reino. A mudança fonéríru
I ,1//, \' Der: Historical Evidence for the Authenticity of the Book of Danie! (San Bernardi-
de t em aramaico para sem acadiano não acontece normalmente. Shea, "Nabonidus, 11(·1
I \, 1(79), p. 55-59; R. K. Harrison, Introduction to the Old Testament (Grand Rapíds,
shazzar and the Book of Daníel'', p. 138-39.
122 208Heródoto, Histories, 1: 185-88. Nenhum nome é encontrado para a rainha nas fou
""li I', 1113; Gerhard Maier, Der Prophet Danie! (Wuppertal, 1982), p. 40-41.
, 1llIldwin, p. 29. 123
tes cuneiforrnes. Cf. Shea, "Nabonídus, Belshazzar and the Book of Daniel", p. 137-1HI
, IC 1). Wilson conforme citado por G. L. Archer, A Survey of Old Testament Introduc-
Millard, p. 72; Gruenthaner, p. 424;Harrison, p. 1120; Dougherty, p. 193-94.
'11'.1. (Chicago, 1973), p. 382. "A semelhança entre esse Ga~du ou Kaldu e o termo
209Maier, p. 48.
iI." ""I(Ii, como uma forma de Kasdu seria puramente acidental." (Archer, A Survey, p.
210S. R. Driver, The Book of Danie!, p. 49; Montgomery, p. 72; Pfeiffer, p. 756 entre outr. >ti

211Hartman e Di Lella, p. 128-29.


d, ,I (:. (:. Aalders, "The Book of Daniel", EvQ 2 [1930]: 244). A mudança do s síbilan-
, ,\, , (111)frequência mudado para 1 antes de dentais (Ver W. von Soden, Grundriss der
212Lacocque, p. 24.
"/1\,/1"11 (;rammatik [Berlim, 1952J explica a mudança de consoantes kal/sdu.
213Ibid ..
I' IC Bcrger, "Der Hyros-Zy1inder mit dern Zusatzfragment BIN 2 Nr. 32 und die
The Chrono!ogy of the Hebrew Kings (Grand Rapids, 1977), p. 79; cf. hl
214E. R. Thiele,
io11" 111'11Pcr~onennamen im Danielbuch", ZA 64 (1975): 224, que traduz o nome para
The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings, 3a ed. (Grand Rapids, 1983), p. 43-44.
I, 1111'I I' 11110"ich bin sehr in Furcht versetzt."
215D. J. Wiseman, Chronides of Chaldean Kings (626-556 a.c.) no Museu Britânlu
I 1111.1.,p. 225: "ich bin gering geachtet" da tradução alemã de Berger.
(Londres, 1956), p. 25,46-47,65-69. 1111.1
.
216Wiseman, "Some Historical Problems in the Book of Daniel", p. 17.
1I'ltI., p. 226.
217Hartman, "Daniel", 1: 449.
1 ~1111111'd,
p, 72.
218Thiele, Chrono!ogy, p. 68, n. 3; Mysterious Numbers, p. 183, sugere que Daniel ernj
gou anos Tishri (calendário de outono), enquanto Jeremias usou anos Nisan (calendárío .
V"j!1 I:. J. Young, The Prophecy of Danie!: A Commentary (Grand Rapids, 1949), p.
\

primavera): "De acordo com Daniel 1: 1, o ataque de Nabucodonosor a Jerusalém ocor


111'11-:1'1,
p. 214.
no terceiro ano de Jeoaquim , mas de acordo com Jeremias 25: 1 e 46:2 isso acontci
"11 11. I{()wky, TIl(' Ammaic ofthe Old Testament (London, 1929), p. 139.
no quarto ano de [eoaquim." Entretanto, Jeremias 46:2 não fala de um assalto cont
Jerusalém. É também possível que ambos Daniel e Jeremias tenham empregado o rncsn
M ~:. A, I\il\ lu-n, "TIll' AI':lJ));tic of 1);lniel", Notes on Some Problems in the Boa" of Da-
,I n I, WiM'III;III, \'1 :d. (I ()lld(1ll, 1l)6~), p. 16.
calendário para o cálculo (cf S. H. Horn em AUSS 5 [1967]: 12-27).
Ic '" 11,1I11~11I1, lrI 1/11'( )/c/ '1;'1/ (1111,'111
1IIIIIIrll/I111111 ( ;nuu l I~:Jpid" I\)()\»), p. I 12~,
ESTABELECENDO
UMA DATAPARAO LIVRODE DANIEL
ESTUDOSSOBRI'I )ANIII

240S. R. Driver, Na Intraduetian ta the Literature af the Old Testament, (org. publ. 1897; 11,llilllgartner, "Das Ararnãische im Buche Daniel", ZAW 45 (1927): 81-133; MOl1lgl1
reim Ed., Nova Iorque, 1965), p. 508. "\. p, 15-20; R. H. Charles, A Critieal and Exegetical Cammentary an the Baak af Dmli!'1
"The Book of Daniel", ICC [23] (1927), p. 22.
241J. A. Montgomery, ',,"1, 1929), p. 76-107.
242W. F. Albright,
Fram Stone Age to Christianity, 2a ed. (Nova Iorque, 1957), p. 337. , Veja The Aramaie af the Old Testament de Rowley.
243E. Yamauchi, Greeee and Babylan (Grand Rapids, 1967), p. 94; Id., "Daniel and Con j 11. H. Schaeder, Iranisehe Beitriige I (Halle/Saale, 1930), p. 199-296.
tacts between the Aegean and the Near East Before Alexander" EvQ 53 (1981): 37-47. 111 I, l.inder, "Das Ararnâische im Buche Daniel", ZKT 59 (1935): 503-545, argumenta
244L. F. Hartman e A. A. Di Lella, The Baak af Daniel (Garden City, NY, 1978), p. 11. li' I ,,\,,1' no material fornecido por Schaeder. Linder conclui que a data do terceiro ao
245P. W. Coxon.: "Greek Loan-Words and Alleged Greek Loan Translations in thc '"111" século para Daniel não pode mais ser mantida. Portanto, não há base linguistica
Book of Daniel", Glasgaw University Oriental Saciety Transaetians 25 (1976): 24. 111I 111l1adata anterior para Daniel.
246Ibid., p. 3l. I:, Rosenthal, Die Aramiiisehe Farsehung, reimpresso, (Leiden, 1964,60-71, esp. p. 70.
247A. Sendry, Musie in Ancient Israel (Nova Iorque, 1969), p. 297; cf. Coxon, "Grcek , I1111resumo apropriado dos textos aramaicos conhecidos (1970) até o terceiro sécu-
Loan-Words", p. 31-32. I v lorriecido por J. Naveh, The Develapment af the Aramaie Scxipt; Proceedings of the
248Yamauchi, "Archaeological Background of Daniel", p. 12. ,11 AI':ldcmy of Sciences and Humanities, vol. 5 Oerusalém, 1970).
249Coxon, "Greek Loan-Words", p. 32-36. irvhcn, p. 31-79, esp. 75.
250Ibíd, p. 36. • II,id" p. 79.
251Yamauchi, "Archaeological Background of Daniel", p. 13. " 11. 11. Rowley, Revisão de D. J. Wiseman, et al., "Notes on Some problems in the
252T. C. Michell e R. Joyce, " The Musical Instruments in Nebuchadnezzar's Orchvs I "I I hniel" JSS 11 (1966): 112-116.
tra", Notes an Same Problems in the Baak af Daniel, ed. D. J. Wiseman, et al. (Londres, 19M). , I:, Y, Kutscher, "Aramaico", Current Trands in Linguisties 6, ed. T. A. Seboek (The
p. 27. Esses autores chegaram a essa conclusão independentemente do trabalho de outro 11 "'11', J!)70): 400-403.
124 pesquisadores. I" y, Kutscher, "HaAramait HaMigrait-Aramit Mizrahit hí o Marravit?" First Warld 125
253Hartman e Di Lella, p. 13. 1\", \I /l1./cwish Studies 1 (jerusalém, 1952): 123-27.
254Yamauchi, "Daniel and Contacts between the Aegean and the Near East", p. 47, , M, Sokoloff, The Targum af Jab From Qumran Cave XI (Ramat Gan, 1974), p. 9, n.
255Veja R. Degen, Altarmiiisehe Grammatik (Wiesbaden, 1969), p. 103. S. Segert, AI !, W"lIham, "Daniel. The Basic Issues", Themelias 2/2 (1977): 50, Millard, p. 67-68;
tarmiiisehe Grammatik (Leipzig, 1957), p. 36-39, prefere designar "Aramaico Antigo" C011111 1.1\\111,p, 14,
"Fruharamãisch" (Aramaico Tardio) e estende a sua época à metade do sétimo século a.t ': I 1 I, Koopmans, Aramiiishe Chrestamatie I (Leiden, 1962), p. 154; F. Rosenthal, A
256Então, E. Y. Kutscher, "Aramaico", Enc}ud (jerusalérn, 1971): 2:260. Uma descriçao ' ' '"1/, /Ir llibLical Aramaie, 2a ed. (Wiesbaden, 1963), p. 6, declara: "O aramaico da Bí-
de sua natureza é fornecida por S. A. Kaufrnan, The Akkadian Influenees an Aramaie, As.\ynll 111111'1''''1'1
vou o caráter do Aramaico Oficial." Cf. R. J. Williams, "Energic Verbal Forms
lagi~al Studies, 19 (Chicago, 1974): 155-60. 11.1,",w", Stl~dies in theAneient Warld, eds.]. W. Wevers e D. B. Redford (Toronto, 1972),
257Kutscher, "Aramaíc", EneJud, 2:260. "() nrurnaico do AT é basicamente idêntico ao aramaico imperial". Veja tarnbérn ] .
. 258S. R. Driver, An Intraductian ta the Literature af the ald Testament, p. 502-4. 111 "IY,'!', 'fhe Gênesis Apaeryphan: A Cammentary, 2a ed. (Roma, 1971), p. 20, n. 56, 60.
259Ibid., p. 508 (ênfase do autor). llillll\' 1,111)entanto, sugere que o aramaico oficial continuou no segundo século a.C.
260C. C. Torrey, "Notes on the Aramaic Part ofDaniel", Transactiaru af the Conneci« 14'
N, Avigad e Y. Tadín, eds., A Gênesis Apaeryphon: A Sera!! Fram the Wilderness af
Academy af Arts and Seienees 15 (1909): 239-82; Id., "Stray Notes on the Aramaic of Da 1111" /,!(I/ (1"llIsIIk1m, 1956).
and Ezra", JAOS 43 (1923-): 229-38. ; 11,ld" 21. Também E. Y. Kutscher, "Dating the Language of the Genesis Apo-
261R. D. Wilson, "The Aramaic of Daniel", Biblical and Thealagical Studies (Prhu ". fllL 76 (1957): 288-92; B. [ongelíng,
1,11"11 C. J. Labuschagne, e A. S. van der Woude,
ton, NJ, 1912), p. 261-306; W. St. Clair Tisdall, "The Book of Daniel, Some linglli~111 '"1111' li"" J.'rom Qumran / (Lcidcn, 1976), p. 5-6, 78-79; E. Y. Kutscher, "The Language
Evidence Regarding lts Date", Jaurnal af the Transactians af the Vietaria Institute ... af (;'1'/1' I ilw I. il'III'~i~ Aporrvphon," As/)eets af the Dead Sea Seralls, Ser. Hier. 4; 2a ed. (Ierusalém,
Britain 23 (1921): 206-245; Charles Boutflower, In and Araund the Baak af DanieL (I 111\ IIJ{I~),I' I \ <;,
dres, 1923), p. 226, 267. I' WIIII\'r, "Ihs :lr:Jl11iiisd1L'(Jl'nl'sis-AJ1okrYJ1hon", TLZ 4 (1957): 258-62.
262G, R. Driver, "The Aramaic of the Book of Daniel" JBL 45 (1926): 110-19, 12), \ 1'1 " ~ 111'1\11"1, "I i\l'I~\I:lg\' o( tlH' '( kl1csis Apokrvpliorr'", p, 1-15.
ESTUDOS SOBRE DANIEL
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL

"" htblico é do tipo oriental. Essa conclusão é apoiada por Coxon, que conclui que
279G. L. Archer, Jr., "The Aramaic of the 'Genesis Apocryphon' Compared with th
11,.1'111\':1
fundamental na estrutura da sentença "certamente apontaria para uma data
Aramaic of Daniel", New Perspectives on the Old Testament, ed. J. B. Payne (Waco, TX, 1970),
1·\1.o" segundo século a.C." (Veja "Syntax", p. 121-22; e "A Philological Note on Dan
p.160-69. \\XI 89 [19771: 275-76).
280lbíd., p. 169.
281G. L. Archer "Aramaic Language", Zondervan Pictorial Encydopedia of the Bible, cd 1' W. Coxon "The Problem of Consonantal Mutations in Biblical Aramaic",
li! 1.lI> (1979): 22.
M. C. Tenney (Grand Rapids, 1975), 1:255.
282J. P. M van der Ploeg e A. S. van der Woude, eds., Le Targum de Job de ta grotte XI ti \11 hcr, "Daniel", p. 23.

Qumran (Leíden, 1971). I 1\,'ch, Das Buch Danie!, Unter Mitarbeit von Til! Niewisch und Jurgen Tubach (Ertrãge
283E.g., T. Muraoka, "The Aramaic of the Old Targum of Job From Qumran Cuv " l'llng, Bd. 144; Darmstadt, 1980), p. 45-46. De forma semelhante, Soggin, p. 409
xr. JJS 25 (1974): 442; S. A. Kaufman, "The Job Targum From Qumran",JAOS 93 (197 ') I "l'rssagens inteiras estão escritas no aramaico imperial, enquanto pela lógica espe-
327; Jongeling, 5; and Vasholz, "A Philological Comparison of Qumran Job Targum and lil", .u.unaico tardio [para uma data do segundo século]".
its Implications for the Dating of Daniel" (Tese doutoral, Universidade de Stellenbosrh, I 111 h, Das Buch Danie!, p. 46.
1976), p. 318-20. I' ". Davies, Danie! (Sheffield, 1985), p.37, também afirma: "o aramaico imperial
284Van der Ploeg e van der Woude, p. 4. " 1I1I,'IHeum dialeto oriental, e é agora conhecido como o dialeto do aramaico bíbli-
285Kaufman, p. 327. '1H'II:ISde Daniel, mas também de outros tipos de aramaico bíblico em Esdras, ... "
286Ibid. p. 24.
\ •• "1'1', "Daníel",
287Ibid., p. 317. , It IIriver, An Introduction to the Literature of the Old Testament, p.473.
288Kitchen, p. 32. 11".1.. p. 476.
289Jongeling, et al., p. 6; Sokoloff, p. 25. ~1"'lIg()mery, p. 15.
127
126 290Muraoka, p. 442; Vasholz, p. 319. 11,,, I,·S, p. 38.
291Pode-se esperar que a publicação recente de fragmentos em aramaico dos livros d I '" li, Das Buch Danie!, p. 48.
Enoque lançará mais luz sobre o desenvolvimento do aramaico pós-bíblico, veja J. T. M illk I I, Chcyne conforme citado por J. Wilson, Did Danie! Write Danie!? (Nova Iorque,
The Books of Enoch: Aramaic Fragments of Qumran Cave 4 (Oxford, 1976); J. A. Fitzrnve
"lmplications ofthe New Enoch Literature From Qumran", TS 83 (1977): 332-45. Murtin, "The Hebrew of Daniel", Notes on Some Problems in the Book of Danie!,
292Rowley, The Aramaic of the Old Testament, p. 11. I" I W'I.'·lllnn, et al. (Londres, 1965), p. 30.
293R. L Vasholz. \ •• 1"'1',11 Survey, p. 391; e recentemente Id. "Daniel", p. 23-24.
294Vasholz, "Qumran and the Dating of Daniel", p. 320. \,,1"'1,11 Survey, p. 378. Veja principalmente "The Hebrew of Daniel Compared
295T. Muraoka, "Notes on the Syntax of Biblical Aramaic", JSS 11 (1966): 151-67. I" \ 11111lia 11Sectarian Documents", de Archer The Law and the Prophets, ed. J. Skilton
296Ibid., p. 152-55. I~I, 1(74), p, 470-86.
297P. W. Coxon, "The Syntax of the Ararnaic of Daniel. A Díalectical Study", H l J(
I I.', 1\:oIdwin, Daniel. An Introduction and Commentary (Downers Grove, lL/Londres,
48 (1977): 107-122. I' 1i
298Ibid., p. 109.
299Ibid., p. 112. I '" h, /)m Iluch Danie!, p. 34.
300Ibid., p. 112-14. 11111'\('1'111:11111,
"The Aramaic JBL 57 (1938): 258-72; Id.,
Origin ofDaniel8-12",
301Ibid., p. 115-16. V"'~I'~ \lI I hnicl in thc Light of a Translation Hypothesis", JBL 58 (1939): 349-54;
302Ibíd., p. 116-18. 11.1", II l rnnsl.u ion in l)al1il'I",JQR 51 (1960-61): 198-208; Id., BiblicalBooks Transla-
303Ibid., p. 119. '" 1111 '\"""Itil (NIlV:1 Iorquc, 197')).
304Veja a referência 256 acima, onde o estudo de Kaufman aparentemente dl'~'
11 I (;IIl'''''I'/:, ,lif"rli('s ill DlI1lil't (Nova lorquc, 1948), p. 41-61.
nhecido para Coxon, é citado. E. Y. Kutscher, "Ararnaic" Current Trends in Lingl.i.\fli \
! 1,111,11,111
" I li I ,,11:1.r'. 7 \.
(1970): 400 (veja também a referência 272 acima), sugeriu que a ordem de pal:Wl'i'h'
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LIVRO DE DANIEL
ESTUDOS SOI\RI' I)ANII'I

"Ib F. M. Cross, Ir., "The Oldest Manuscripts From Qurnran", JBL 74 (1955): 164.
326 Publicado por J. e. Trever "Cornpletion of the Publication of Some Fragments Veja de lQDan" a lQDanb, SDA Bible Commentary 4:744. Os outros fragmentos de
\47
form Cave 1", RevQ 19 (1965): 323-36. 1\1 ):111 foram estudados pelo autor deste capítulo.
327 F. M. Cross, [r., "Editing the Manuscript Fragments From Qumran (4Q)", BA 19 \oIH Gordon J. Wenham, "Daniel: The Basic Issues", Themelios 2/2 (1977): 51.
(1956): 86. "I" K. Koch, Das Bueh Daniel. Unter Mitarbeit von Til! Niewiseh und Jurgen Tubaeh (Ertrã-
328 lQDan" é do período herodiano, por volta de 60 d.C., de acordo com Trever, ,- .1"1' Forschung, Bd. 144; Darmstadt, 1980), p. 28.
323-36; 4QDanb é datado de cerca de 20-50 d.e. por Cross, p. 86. ",(\Veja A. Mertens, Das Buch Daniel im Lichte der Texte vom Toten Meer (Stuttgart,
129 O Ploger, Das Bueh Danie (Gutersloh, 1965), p. 26-27. 1"/1 " p. 28.
330 R. Smend, Die Entstehung des Alten Testaments (Góttingen, 1978), p. 222; cf. J. A. ,."[osephus, Ant., x. x. 1-6; x. xi. 7.
Soggin, lntroduetion to the Old Testament, 2a rev. ed. (Filadélfia, 1980), p. 410: "A mudança ",,' Resumido por Koch, Das Bueh Daniel, p.28; cf. S. R. Driver, An lntroduetion to,
da língua do hebraico ao aramaico ainda não foi explicada de forma adequada." '" I 11 ,'rature of the Old Testament (publicação original em 1897; Edição re-impressa, Nova
33 Esse número é fornecido por J. A. Sanders, "The Dead Sea Scrolls - A Quartcr 1""1'11', 1965), p. 467; A. A. Bevan, A Short Commentary on the Book of Daniel (Cambridge,
Century of Study", BA 36 (1973): 136. 1,,1) '), p, 11; C. H. Cornill, lntroduetion to the Canonical Books of the Old Testament (Nova
332 Publicado por D. Barthelémy e J. T. Meek, Discoveries in the Judean Desert I, Qumran 1"ilJII", 1907), p. 384-85.
Cave 1 (Oxford, 1955), p. 150-51. ,,' R. D. Wilson, "The Aramaic ofDaniel", Biblieal and Theologieal Studies (Princeton,
333 Ibid., p. 151-52; veja também J. C. Trever, "Completion of the Publication of Some 1')12), p. 9-64; cf. Bentzen, p. 5.
Fragments From Cave 1", RevQ 19 (1965): 323-44. , Audet, JTS (1950): 145, conforme citado por Koch, Das Bueh Daniel, p. 29.
334 Publicado por M. Baillet, J. T. Milík, e R. de Vaux, Diseoveries in the Judean Deserl '" I . Ginzberg, The Legends of the Jews (Filadélfia: [ewish Publication Society, 1908-38),
III: Textes (Oxford, 1962), p. 114-16. 1I I
128 115 Veja J. A. Fitzmyer, SJ, The Dead Sea Serol1s: Major Publications and Too1s for Study, Lu ..".l cirnan, p. 30, 37. 129
ed. (Missoula, MT, 1977), p. 20. '( ( icrhard Maier, Der Prophet Daniel (Wuppertal, 1982), p. 52, com literatura.
336 F. F. Bruce, "The Book of Daniel and the Qumran Cornmunity", Neotestamentiw " J(och, Das Bueh Daniel, p. 29.
et Semitica. Studies in honor of M. Blaek, eds. E. E. Ellis e M. Wilcox (Edinburgh, 1961J), " Ill'hrmann, p. 39.
p.222. "N. W. Porteous, Daniel (Filadélfia, 1965), p. 13-15.
337 R. K. Harrison,)ntroduetion to the Old Testament (Grand Rapids, 1969), p. 1107, afir ,•., Iurnbém oralmente, W. H. Shea.
mou que em 1956 "dois manuscritos do texto hebraico foram recuperados do 11Q ... pnru I Vl'j:\ B. M. Metzger, ed., The Apocrypha of the Old Testament. Revised Standard
suplementar porções da obra encontrada em outras cavernas do Qumran ..." O present , 10011 (Nova Iorque, 1965), p. 128.
escritor não descobriu na literatura nada que fosse confirmar os manuscritos ll Q. , ',;, IZ. Driver, An lntroduetion to the Literature of the Old Testament, 2a. ed. (Cleveland,
338 O número de cópias preservadas na Caverna 4. li, I'. 1lJR,
339 Veja o n. 331 acima. , I.unbérn recentemente G. Fohrer, lntroduetion to the Old Testament (Nashville,
340 Publicado por J. M. Allegro e A. A. Anderson. Diseoveries in the Judean Desert li l, 172-73; O. Eíssfeldt, The Old Testament: An lntroduetion (Nova Iorque, 1965), p.
I'
Jordan V (Oxford, 1968), p. 53-57. I I l lnrt mnn e Di Lella, p. 25.
341 F. F. Bruce, Seeond Thoughts on the Dead Sea Serol1s, 2a ed. (Grand Rapids, 1964), 11 WIIMlIl, Studies in the Book of Daniel, Seeond Series, p. 86.
57; Harrison, p. 1107. 11\1,1., p. 87.
342 G. R. Driver, The Hebrew Scrol1s (oxford, 1951), p. 9, n. 5. " IC Ihiver, p, 477.
141 S. Z. Leiman, The Canonization of the Hebrew Seriptures (Hamden, CN, 1976). I 1h-x i11g'l' r, f)as Bueh Daniel und seine Probleme (Stuttgart, 1969), p. 16; cf. Bentzen,
344 F. M. Cross, ]r., The Ancient Library of Qumran, rev. ed. (Garden City, NY, 1961), p. 4 \. W 11""III).!:lrllll'l', (Giessen, 1926), p. 70, 136-37.
Das Bueh Daniel
345 Ibid. Em seu ensaio, "The Development of the [ewísh Scripts", The Bible anel r t: I. 1\ r•..h 1.'1', J 1'., A Survey of Old Testament lntroduetion (Chicago, 1964), p. 395.
Aneient Near East, ed. E. E. Wright (Londres, 1961), p. 140, ele redatou 4QDanc para 10 J( I) Wilsoll, p, 154.
50 a.C.; Baldwin, p. 45. V, 1>1
M"III'IlS, jl. 112-1).
ESTABELECENDO UMA DATA PARA O LNRO DE DANIEL
ESTUDOS SOBRE DANIEL

372 S. R. Driver, p. 508. lhid., p. 12.


373 Veja o estudo de G. F. Hasel, "Resurrection in the Theology of OT Apocalyptic", lliid., p. 12-13.
ZAW 92 (1980): 267-76, para o estudo de Isaías 26: 19. 1\)1' exemplo, o ponto de vista dos eruditos apresentados por J. Linder, "Das Ara-
374 Ibid., p. 276-8I. I ,111' irn Buche Daniel", ZKT 59 (1935): 471-74 e o resumo por Hartman e Di Lella,
375 Veja especialmente G. W. E. Nickelsburg, [r., Resurrection, Immortality, and Eternal 11 I
Life in IntertestamentalJudaism (Cambridge, 1972), p. 170-76. , "Muicr, p. 56.
376 Estudos-chave incluem, J. W. Swain, "The Theory of the Four Monarchies Oppo , I Wvnham, p. SI.
sition History Under the Roman Empire", Classical Philology 35 (1940): 1-27; D. Flusser, VI'ja A. J. Ferch, "The Book of Daniel and the 'Maccabean Thesis,'" AUSS 21
"The Four Empires in the Fourth Sibyl and in the Book of Daniel", Israel Oriental Studie.\ 1i 119-,8, esp. 132-33; também o capítulo 1 neste volume.
(1972): 148-75; Hartman e Di Lella, p. 31-33; cf. Koch, Das Buch Daniel, p. 194-99. . Bringmann, Hellenistische Reform und Religiousverfoolgung in ludãa (Gôttingen,
377 A. K. Grayson, Babylonian Historical-Literary Texts (Toronto/Buffalo, 1975), p. 13-,7 I. I' \0.
378 Ibid., p. 24. I IIlId., p. 34, 40.
379 lbid., p. 33-37. Illid., p. 124-25.
380 G. F. Hasel, "The Four World Empires of Daniel2 Against lts Near Eastern Envi I "I\'h, p. 136.
ronment", JSOT 12 (1979): 17-30, esp. 23. I \I"Il' lima extensiva literatura do gênero "apocalípse" - veja K. Koch, The Redisco-
381 K. Koch, "Spâtisraelitisches Geschichtsdenken am Beispiel des Buches Danicl", 'I"" I/IYIJtic(Naperville, 1972); K. Koch e J. M, Schmidt, eds., Apokalyptik (Darmstadt,
Historische Zeitschrift 193 (1961): 2. I l lurtrnan, "Survey of the Problem of Apocalyptic Genre", Apocalypticism in the
382 J. G. Eichhom, Einleitung ins Alte Testament: Band 1lI, 4a ed. (Leipzig, 1824), p. 391 I 11,1111',01 World and the Near East, ed. D. Hellholm (Tubingen, 1983), p. 329-42; J. J.
383 Dexinger, p. 33; R. H. Pfeiffer, Introduction to the Old Testament (Nova Iorque, 194H), "," , I>rode! With an Introduction to Apocalyptic Luetatuxe (Grand Rapids, 1984), p. 2-24.
130 p. 757; A. [epsen, "Bemerkungen zum Danielbuch", VT 11 (1961): 387; H. H. Rowlcv, I' I l, l Innson, The Dawn of Apocalyptic (Filadélfia, 1975), p. 27,313-14; H. Ringgren, 131
Darius the Mede and the Four World EmPires in the Book of Daniel: A Historical Study of Contem I' ! 11 ''''rvations on the Style and Structure in the Isaiah Apocalypse", ASTI 9 (1974):
porary Theories, (Cardiff, 1935; te-impressão, 1964), p. 70-137. 11,

384 Rowley, Darius the Mede, p. 73-80, para uma lista de defensores. 1~",Jlills,p. 138.
385 Koch, Das Buch Daniel, p. 194. 1'111 II'I:IÇiioà data, veja Hasel, "Resurrection in the Theology ofOT Apocalyptic",
386 Maier, p. 56; J. G. Baldwin, Daniel. An Introduction and Commentary (Downers (1," ,,')
ve, IL/Londres, 1978), p. 55, 65; Id., "Is There Pseudonymity in the Old Testament?" Th 1\ d,lwlll, "Pseudonymity in the OT", p. 12.
melios 4/1 (1978): 10-12; E. J. Young, The Prophecy of Daniel: A Commentary (Grand Rarid I M, (:ross, "New Directions in the Study of Apocalyptic", JTC 6 (1969): 161.
1949), p. 275-80; W. Mõller, Grundriss fur Alttestamentliche Einleitung (1934; re-impressun 1\ d.lWIIl, p. 46.
Berlim, 1958), p. 321; E. B. Pusey, Daniel the Prophet (Nova Iorque, 1864), p. 147; R. 1\
Waltke, "The Date of the Book of Daniel", BS 133 (1976): 326; etc.
387 Baldwin, "Pseudonymity", p. 10.
388 Maier, p. 56.

389 J. J. Collins, Daniel, 1-2 Maccabees (Wilmington, 1981), p. l l.


390 Ibid., p. 12.
391 S. R. Driver, The Book of Daniel (Cambridge, 1900), p.47.
392 Maier, p. 56.
393 Koch, Das Buch Daniel, p. 142-43.
394 Pfeiffer, p. 755.
395 Ibid.
196 Collins, p. 11-12 (grifo do autor).

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