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- Tratamento de Estrese Pos


Traumatico con a Tecnica Memoria
Tempo Procesamento
Marilda Lipp, Susana Vazquez-Aquino

Terapia Racional-Emotiva Comportamental Na teoria e na prática clinica

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UNIVERSIDADE DE UBERABA VICENT E DE PAULA T EIXEIRA JUNIOR T RANST ORNO DE EST RES…
Vicent e Junior

5ª Edição Transt ornos Psicológicos


Camila Alves
CAPITULO 17
A TREC NO TRATAMENTO DE TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-
TRAUMÁTICO (TEPT) COM A TÉCNICA "MEMÓRIA-TEMPO-
PROCESSAMENTO", UMA METÁFORA DE RESGATE EM DOZE PASSOS

Susana Vazquez-Aquino
Universidad Nacional de Asunción
Centro Pradeh (Profesionales Asociados para el Desarrollo Humano)

Introdução
Diante da necessidade urgente de se ter acesso a uma terapia rápida e efetiva para o
Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT), a Dra. Susana Vazquez-Aquino
desenvolveu a técnica terapêutica “Memória-Tempo-Processamento, uma metáfora de
resgate em doze passos”, de enfoque cognitivo comportamental, porém também
entendido e conectado com a terapia racional emotiva comportamental (TREC), de Albert
Ellis (2003). O objetivo deste capítulo é apresentar os resultados da aplicação desse
método como tratamento de Transtorno de Estresse Pós-traumático. Conduziu-se uma
pesquisa com vítimas sobreviventes e familiares de vítimas do incêncio de Ycuá Bolaños,
fato lutuoso que ocorreu em Assunção, Paraguai, dia 1 de agosto de 2004, deixando
famílias inteiras afetas por TEPT.

O Transtorno de Estresse Pós-traumático


O TEPT é uma síndrome composta por três tipos de sintomas: intrusões associadas
ao fato traumático, como imagens recorrentes, sensação de se reviver o trauma na forma
de flashbacks, pesadelos, pensamentos e reações fisiológicas ou psicológicas de intenso
sofrimento; evitação de estímulos associados ao trauma com embotamento afetivo; perda
de interesse em atividades antes significativas, alterações negativas em cognição e no
estado de humor e alteração marcante na excitação e na reatividade com transtornos de
sono, concentração, hipervigilância, irritabilidade, sobressalto exagerado, segundo o
DSM-V (APA, 2014). As memórias do TEPT se caracterizam pela sensação de que o
passado revive no tempo presente e quem apresenta este transtorno permanece “fixado”
ao incidente traumático (Freud, 1981 [1915]; van der Kolk, 1994).
As pessoas participantes desta pesquisa foram as que sofreram o próprio trauma
ou que vivenciaram a morte de familiares próximos, amigos, vizinhos por consequência
do incêndio de Ycuá Bolaños, no bairro Trinidad, em Assunção, Paraguai, em agosto de

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2004, que deixou toda a comunidade traumatizada, 400 pessoas faleceram e 660 pessoas
ficaram gravemente feridas.
Todos os pacientes relataram que tinham na memória os momentos vividos nessa
experiência traumática e experienciavam os sintomas do TEPT na forma de imagens
intrusivas que disparavam alterações importantes de alerta ou reatividade fisiológica e
emocional, e que faziam grande esforços com diferentes estratégias para evitar tais
lembranças. A experiência também provocou neles distorções cognitivas e crenças
irracionais.
Em suas histórias, as vítimas sobreviventes relatam o que vivenciaram durante o
incêndio dentro do supermercado. Os familiares das vítimas fatais também mencionaram
o que vivenciaram e presenciaram durante a busca por entes queridos pegas pelo incêndio
e, depois, o impacto de ver que eles tinham falecido. Para uma melhor compreensão da
origem desses sintomas, transcrevemos alguns fragmentos das histórias do trauma dos
pacientes tratados.
Uma paciente descreve quando encontrou sua irmã morta:
“O corpo estava aberto como um frango cozido, tinha os dentes no cabelo, olhos e
coração pra fora. O intestino saía dela como uma flor. Um horror!”.
Outra paciente descreve o seu percurso de busca por parentes falecidos:
“Vi corpos completamente destroçados, uns 50, sem cabeça, com as tripas estouradas,
torrados, as tripas explodiam com cheiro fétido. Dava pra ver os ossos da cara. Sem
braços, todos mutilados. O tronco todo aberto, esquartejado, carne torrada. Tinha uma
mulher grávida também e o filhinho saia pela barriga dela. Terrível!”.
Da mesma forma, outra paciente fez o relato da busca de sua filha falecida:
“Eu vi 'filas e filas' de mortos queimados, alguns cobertos com betume, assustador,
depois encontramos ela morta, toda queimada. Horripilante!”.

O evento traumático segundo a teoria do medo condicionado

Conforme essa teoria, o incêndio de Ycuá Bolaños constituiu um estímulo não


condicionado muito forte, criando uma aprendizagem associativa ou estímulo
condicionado (EC) entre estímulos externos (visuais: fogo, fumaça preta, escuridão,
cenas de terror; auditivos: sirenes, gritos desesperados, explosões; olfativos: cheiro de
carne queimada, cheiros fétidos; sinestésico: calor, adustão, aperto; e respostas internas:
hiperativações fisiológicas e emocionais; e externas observáveis na conduta (correr,

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gritar, chorar). Um tempo depois, qualquer estímulo parecido ao do trauma apresentava-
se na forma de sintomas de reexperimentação e hipertivação do TEPT (Brewin, 2001; van
der Kolk, 1994; LeDoux, 1999).

Resultados pré-tratamento – Descrição dos sintomas encontrados. Sintomas de


Reexperimentação.
Critério B. De acordo com o DSM-V (APA, 2014), refere-se aos sintomas de
intrusão persistente ao acontecimento traumático por meio de lembranças recorrentes ou
intrusas. Com fins ilustrativos, transcreve-se a seguir alguns dos sintomas de
reexperimentação relatados pelos pacientes:
B.1. “Tudo o que eu vi se repete, vem, aparece na minha cabeça, eu vejo os mortos
queimados, os bebês mortos e meu amigo calcinado”; “Vêm à mente as imagens de gente
morta queimada, gente morta jogada pelo chão, um horror!”.
B.4. Ao sentir o cheiro de carne assada: “Tudo o que aconteceu volta quando eu sinto o
cheiro de assado”.
B.2. Pesadelos recorrentes com o ente querido falecido: “Eu sonho com a minha filha
presa, gritando que abram as portas”.
B.1. Imagem do ente querido morto: “Vem à minha mente ela toda queimada, não consigo
parar de pensar nisso. Essa imagem vem o tempo todo”.
B.4. Ao entrar num supermercado: “Quando entro num supermercado, volta tudo o que
aconteceu e eu saio correndo”; “Eu fico ‘congelada’ no carrinho, vem tudo de volta,
como naquele dia!”.
B.5. Lembranças persistentes sobre o fato produzindo na pessoa reações físicas, como
transpiração, nó na garganta, palpitações, agitação, asfixia: “Eu me sinto muito mal o
tempo todo, com o coração a ponto de explodir e tenho muita dor de cabeça e um ‘nó na
garganta’”.
B.3. Nos casos de vítimas sobreviventes do incêndio, os sintomas de reexperimentação
apresentam-se em imagens de fogo, fumaça, escuridão, gritos desesperados, relatados do
seguinte modo: “O fogo surge e eu quero correr”.
Outro paciente vítima-sobrevivente relata sua reexperimentação recorrente:
B.3. “Volta tudo. Vem uma bola de fogo e eu escuto os gritos das pessoas, vejo os mortos,
todo mundo queimado, saindo fumaça da carne. Eu não aguento mais!”.
B.5. Pensamentos recorrentes sobre o evento traumático, sensação de perigo iminente,
que produzem muita agitação psicofísica com as reações fisiológicas correspondentes,

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tais como taquicardia, asfixia, transpiração, dores no corpo: “Me dá palpitação só de
lembrar, eu me sinto devastada”.
B.2. Sonhos ou pesadelos recorrentes foram verificados em dez casos. Nos casos dos
sobreviventes ao incêndio, os pesadelos se repetiam e eram muito atormentadores:
“Incêndios, fogo, gritos”; “Gente vestida de preto que pede socorro e vem voando do vale
dos fantasmas e tem fome”.
Em casos de familiares de vítimas, “Os pesadelos de mortos queimados se
repetem e eu fico aterrorizado”.
Outros três familiares de vítimas contam sobre os seus pesadelos:
“Eu sonho com tudo preto e me desespero”; “Tenho pesadelos, sonho com a escuridão,
mortos e fumaça”, “Pesadelos que vejo minha filha gritando, sofrendo e morrendo
asfixiada”.
B. 3. Agir ou ter a sensação de que o acontecimento traumático está acontecendo de novo,
de reviver a experiência com ilusões, episódios dissociativos de flashbacks ou imagens
recorrentes é uma condição que também se cumpriu em todos os casos.
Faz-se referência aos seguintes sintomas: “Parece que tudo volta outra vez”; “À noite, eu
tenho medo da escuridão, é como se tivesse ‘algo’ ali”; “Eu tento me tranquilizar, mas
não consigo, esses pensamentos feios vêm na minha cabeça” ; “Eu faço o possível, porque
me fazem mal, mas eles não saem”.
Referindo-se a aspectos muito perturbadores do evento traumático, como
flashbacks sobre a imagem do familiar morto, queimado. Além de: “Mortos
esparramados por todos os lados”. Outro exemplo: “A imagem de quando encontrei
minha irmã toda queimada no necrotério vem à minha cabeça”.
B.4: Mal-estar intenso diante da exposição a sinais externos e internos parecidos ao
evento ou que simbolizam algum aspecto do acontecimento traumático.
Em todos os casos, os pacientes vivenciaram exemplos de: “Quando escuto uma sirene
ou ambulância, eu sinto que estou lá de novo!”; “Quando o telefone de casa toca, volta
aquele momento quando me avisaram”; “Ao ver as cores vermelha ou amarela na TV,
tudo volta”; “Parei com a carne, eu não consigo sentir cheiro de assado, pois volto de
novo para aquele dia”. Foi desse modo que os pacientes reviviam aspectos do evento
traumático, especialmente os mais perturbadores.

Critério D. Alterações negativas em cognição e do estado de humor associadas ao


evento traumático. Crenças irracionais após o trauma.

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Exemplos

D.2. Percepção negativa de si mesmo


“Eu não valho nada, não sirvo para nada, sou um inútil, não posso fazer nada”;
“Eu estou confuso”; “Minhas emoções me dominam”; “Eu não posso me encarregar de
nada, vivo atemorizado”; “A qualquer momento, algo grave pode acontecer comigo”;
“Deus me abandonou, tudo parece absurdo”; “O mundo me traiu”; “A vida está com
raiva de mim”.
D.3. Inferências após o trauma
Pensamento pessimista com estados de humor negativos persistentes, expressando
ideias sombrias: “Eu não tenho mais futuro”; “Estou doente”; “Não quero viver”; “Não
consigo trabalhar”.
D.5. Alterações do estado de humor
Perda de interesse em atividades importantes sentindo desapego de outras pessoas.
Algumas pessoas passaram por amnésia de certos aspectos do trauma, outras
desenvolveram insensibilidade e se viram incapazes de amar ou experimentar alegria.
D.4. Estado emocional negativo persistente
“A qualquer momento, eu posso morrer”; “Eu sinto culpa por não ter conseguido
salvar minha filha”. Um bombeiro se sentiu culpado por não ter podido salvar mais
pessoas.

Critério E. Alteração marcante de alerta e reatividade associadas ao evento

Experimentaram sintomas de hiperativação fisiológica: irritabilidade, estado de


alerta excessivo, problemas de concentração, insônia ou intensificação da resposta de
sobressalto. As respostas fisiológicas encontradas foram:
Relatadas pelos pacientes: taquicardia, transpiração, tremores, dores no corpo, asfixia,
pressão no peito, nó na garganta, náuseas.
Observadas pela pesquisadora: respostas corporais, tais como tensão corporal (corpo
encurvado, rígido), choro copioso, rosto marcado por rubor ou palidez, testa franzida,
respiração entrecortada, acelerada, gesto de segurar a cabeça, grande agitação
psicomotora.

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Teorias explicativas do TEPT

As teorias apresentadas a seguir sustentam o marco teórico da técnica “Memória-


Tempo-Processamento, uma metáfora de resgate em doze passos”.

Teoria do Processamento Emocional da Informação de Foa e Kozak (1986)


Sustenta que o TEPT emerge devido a formação de uma estrutura patológica de
medo relacionada ao trauma que incluem representações dos estímulos, respostas e seus
significados. É um programa para a fuga ou para evitar o perigo. Propõe que o
processamento implica corrigir os elementos patológicos de tal estrutura. Duas condições
são necessárias para reduzir o medo: 1º) Deve-se ativar a estrutura de medo, 2º)
Proporcionar nova informação contendo elementos incompatíveis com os patológicos
existentes para que eles possam se corrigir. O paciente integra a nova informação
proporcionada pela terapia, a de que a situação temida não se fundamenta num perigo
real. O tratamento deve incluir resultados amplos, tais como voltar a uma vida na qual se
recupere o desempenho de trabalho, a interação social e a melhora do estado geral.

Teoria da Representação Dual de Brewin, Dalgleish e Joseph (1996), outro modelo


cognitivo comportamental do TEPT
Propõe dois tipos de representações na memória como a “arquitetura cognitiva
mínima” na qual a complexa memória do TEPT e outros fenômenos podem ser
compreendidos. Esses tipos de memória são as memórias verbalmente acessíveis (VAM,
do inglês Verbally Accessible Memories) e as memórias situacionalmente acessíveis
(SAM, do inglês Situationally Accessible Memory). As VAM são um conjunto de
representações da experiência consciente do trauma, processadas pelo hipocampo e áreas
relacionadas, memórias autobiográficas que podem ser recuperadas deliberada e
progressivamente ao armazenamento de memórias explícitas que permitem que o trauma
possa ser representado de acordo com um contexto de tempo presente, passado e futuro.
As SAM são um conjunto diferente de representações da saída output do processamento
inconsciente da situação traumática, codificadas pela amígdala e áreas relacionadas e de
natureza sensorial perceptiva (um calor, um cheiro, uma imagem, um som). São memórias
dissociadas da consciência e não possuem um contexto temporal que indique que a
situação pertence ao passado. Apresentam-se automaticamente diante de estímulos
internos ou externos similares aos do trauma na forma de sintomas como reativações

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emocionais, impulsos motores, imagens intrusivas flashbacks ou estados dissociativos.
Segundo essa teoria, existem três tipos de processamento: completo e integrado,
emocional crônico e emocional inibido.

O TEPT ententido a partir da TREC


A TREC de Albert Ellis está baseada no conceito de Epicteto (35 d.C.- 135
d.C.) “Não são as coisas que perturbam os homens, mas a interpretação que se faz
delas”. Ellis considerava que os problemas comportamentais e emocionais podiam ter
sua gênese a partir de três fontes: a do pensamento, a emocional e a comportamental.
Ele destacou como os pensamentos incidem nas alterações psicológicas.
Ellis (2003) afirmou que as pessoas são, em grande parte, responsáveis por seus
sentimentos perturbadores, gerados consciente ou inconscientemente. Portanto, essas
mesmas pessoas dispõem de todos os recursos para poder mudar seus pensamentos e
trazer para as suas vidas estados duradouros e estáveis.
A TREC tem um princípio claro, segundo Ellis e Dryden (1989): as pessoas têm
que questionar suas crenças fundamentais (irracionais, na maioria dos casos), para depois
substituí-las por outras mais construtivas (racionais).

O vínculo entre o pensamento e a emoção

Segundo Ellis, o pensamento e a emoção estão muito relacionados. Ele afirmava


que o que causa a alteração ou dificuldade emocional não é o que acontece no ponto A,
mas sim o que as pessoas criam a partir de uma estrutura de crenças no ponto B e reforçam
essas crenças de uma forma negativa e muitas vezes prejudicial, o que se manifesta nas
reações comportamentais ou emocionais, o ponto C (Ellis; Dryden, 1989).

A eficácia da “Memória-Tempo-Processamento”, explicada a partir da


TREC
É importante enfatizar que a técnica Memória-Tempo-Processamento não é uma
técnica pertencente a teoria fundamental da TREC. No entanto, a TREC enfatiza o
aspecto emocional da avaliação que o indivíduo faz sobre as situações, bem como sustenta
o uso de técnicas emotivas com o objetivo de debater as crenças irracionais sobre
determinado fato. Neste caso, a técnica descrita neste capítulo, que objetiva auxiliar no
tratamento do TEPT, pode ser considerada uma técnica emotiva, utilizando metáfora que,

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indiscutivelmente, é apoiada pela TREC. Além disso, a autora aponta, no final do texto,
a eficácia do uso desta metáfora gerando novas emoções e cognições acerca do evento
traumático.
A partir dessa técnica, propõe-se fazer as mudanças cognitivas e de crenças
irracionais produzidas pelo TEPT da seguinte maneira:
Por meio da recontextualização temporal – que é a estratégia chave da “Memória-
Tempo-Processamento” –, segue-se os seguintes passos:
No passo 6 explica-se o funcionamento das Linhas do tempo da PNL, e no passo
8 (Processamento) expõe-se a manobra utilizada para afastar as imagens, sons, sensações,
emoções e, desse modo, fazer com que a pessoa possa ver, sentir, escutar a partir de uma
perspectiva mais ampla, o que significa localizar a experiência na distância, permitindo a
ela se ver, se escutar, se sentir de longe e, por sua vez, se levar ao tempo passado.
A tática de situar a experiência traumática no tempo passado, longe, a uma
distância que já não pareça perigosa cria uma nova perspectiva, permitindo que a pessoa
realize natural e paulatinamente as mudanças nas distorções cognitivas e crenças
irracionais produzidas pelos pensamentos e emoções assustadoras que, até aquele
momento, estavam atormentando-a como consequência dos sintomas invasivos
característicos do TEPT.
Desse modo, os pensamentos e emoções assustadoras perdem a força e podem ser
vistos com mais racionalidade. Uma vez localizados no passado, distante, já não são
perigosos. Além disso, produz-se uma redução das respostas fisiológicas e a ansiedade
também é reduzida. E dessa forma, a pessoa se recupera gradualmente do trauma.

O processamento emocional do TEPT com a técnica “Memória-Tempo-


Processamento, uma metáfora de resgate em doze passos”
Objetivos:
a) Processamento emocional do trauma, dando a ele uma ressignificação cognitiva,
mudando as crenças irracionais integrando o inaceitável, aterrorizante e incompreensível
dentro dos esquemas racionais do paciente, através da incorporação de nova informação
incompatível com a estrutura de medo, segundo indica o modelo de Foa e Kozak (1986)
e de Ellis (2003).
b) A integração das memórias SAM com as memórias VAM e a redução ou remissão
do TEPT, segundo o modelo de Brewin et al. (1996).

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c) Recontextualização temporal do trauma: utilizando ferramentas da PNL
proporciona à experiência traumática um novo contexto temporal que permite que a
pessoa situe o trauma no tempo passado e se abra a um futuro esperançoso (van der
Kolk; van der Hart; Burbridge, 1995). Consegue-se o controle e o domínio das reações
psicológicas e biológicas e a mudança do significado do trauma, ou seja, de inferências
e, principalmente, de crenças irracionais (Ellis; Dryden, 1989) conseguindo reestabelecer
gradualmente conexões sociais e eficácia interpessoal.

Os doze passos da “Memória-Tempo-Processamento, uma metáfora de resgate”


Preâmbulo: antes de administrar a técnica, deve-se estabelecer um bom rapport com o
paciente. Depois, pergunte a ele se é destro ou canhoto. No primeiro caso, indique a
posição de uma tela de cinema imaginária que estará situada na frente dele, ao lado
esquerdo. No segundo caso, inverte-se a posição (a tela estará à direita). Em seguida,
estabelece-se um código, um sinal ideomotor, explicando ao paciente que durante o
tratamento serão feitas perguntas simples, tais como “entendeu?”, “pronto?”. E que ele
responderá levantando um dedo que signifique “Sim” e outro “Não”. O paciente escolhe
os dedos (Saint Paul; Tenembaum, 1996, p. 156).
Passo 1 – A respiração: pede-se ao paciente que feche os olhos, que se sente em uma
posição cômoda e comece a respirar profundamente, várias vezes; a medida que ele
respira, vai eliminando tensões. O objeto é usar o corpo como recurso terapêutico. O
paciente deve ter uma experiência corporal e emocional nova, diferente da que vivenciou
durante o trauma. Ele deve aprender a se sentir em seu corpo de novo. A área somática é
importante, já que o trauma deixa rastros no corpo e na mente (van der Kolk, 2000, 1994).
Passo 2 – Hipnose Ericksoniana e indução de transe leve: o objetivo é captar a atenção
do paciente para uma busca interior, a fim de acessar as memórias SAM, que estão
dissociadas da consciência. Milton Erickson afirma que o transe é a via régia para acessar
as memórias que estão negadas devido o trauma (Rosen, 1986). Trata-se de conseguir
uma dissociação controlada com fins terapêuticos, facilitando a flexibilidade cognitiva
(Cardeña; Maldonado; Galdón; Spiegel, 1999).
Passo 3 – A calibragem ou percepção de mudanças que apontam uma “atenção de
respostas” do paciente, como diferenças no tônus muscular, facial e corporal, calor da
pele, ritmo respiratório. Deve-se calibrar durante todo o tratamento (O’Connor; Seymour,
1992)

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Passo 4 – A luz: pede-se ao paciente que imagine uma luz branca brilhante que vem de
cima e ilumina todo o corpo dele por dentro e por fora. A metáfora tempo processamento
é uma metáfora de resgate e a luz é uma ferramenta poderosa de resgate. Os pacientes
vêm destruídos pelo medo, cuja metáfora é o preto, a escuridão. Ao aparecer a luz,
desaparece a escuridão. Traz segurança. Para a PNL, a luz é uma “âncora” de salvamento
(Grinder; Bandler, 1994). Condiciona-se um novo estímulo, uma nova associação, uma
nova aprendizagem associativa, portanto, uma nova resposta.
Passo 5 – A escadaria iluminada: agora, o paciente imagina que desce por uma escadaria
iluminada e em cada degrau o corpo dele relaxa cada vez mais. O objeto é acentuar o
estado de relaxamento. Por meio do encadeamento de âncoras de luz e movimento,
acrescenta-se mais um recurso de segurança. Assim, cria-se um caminho neuronal no
sistema nervoso entre um sinal inicial e uma nova resposta (O’Connor ; Seymour, 1996).
Por meio da experiência corporal profunda, é possível se aproximar das sensações
internas do paciente e transformá-las (van der Kolk, 1994).
Passo 6 – A cena de trabalho e localização das linhas do tempo: agora o paciente
imagina que entra numa sala de cinema ou ao ar livre. Adiante, à esquerda dele (ou à
direita para os canhotos, por uma questão de lateralidade), está a tela, localizada segundo
as Linhas do Tempo da PNL. Há um projetor e um filme atrás. O tempo é um organizador
da experiência. As linhas do tempo são uma representação espacial da temporalidade. Em
linguagem comum, dizer “o passado ficou para trás” ou “o futuro se abre adiante”.
Corresponde a uma codificação do tempo no cérebro (Andreas; Andreas, 1996). Um dos
objetivos dessa técnica é que o trauma adquira um contexto temporal e fique como
parte da história da pessoa, em seu passado. A linha temporal costuma ser congruente
com as “vias de acesso ocular” da PNL, que se refere ao movimento dos olhos em
diferentes direções ou movimentos laterais dos olhos. O “acesso” é o processo de busca,
localização e uso da informação armazenada no cérebro. O lado esquerdo é a área das
lembranças visuais e auditivas, e o direito é a área das imagens visuais e auditivas
construídas. Organiza-se o passado, o presente e o futuro pela localização. O passado à
esquerda e o futuro à direita (o inverso para os canhotos). Ambos são visíveis para dar
uma ideia sequencial do tempo (Andreas; Andreas, 1996).
Passo 7 – O projetor: direciona a pessoa na perspectiva de observador ativo, já que
projetará o filme e transformará a experiência a partir de uma posição dissociada (Saint
Paul; Tenembaum, 1996).

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Passo 8 – O processamento da experiência e a recontextualização do tempo passado:
utiliza-se a projeção, uma forma de exposição ou de reviver o trauma. Diz-se ao paciente
que no filme está tudo o que lhe aconteceu e o que se lembra. Também estão as imagens,
sons, cheiros e tudo o que sentiu. Quando indicado, ele começará a projetar sobre a tela
localizada na frente da sala, a sua esquerda (ou direita). Indica-se ao paciente que
transforme as imagens mudando as cores para o preto e o branco, que as esmaeça, e que
abaixe o volume dos sons; ele projeta na tela tudo o que sentiu, longe, longe, longe.
Depois, começa a projetar sobre a tela toda a história. O objetivo é realizar o
processamento emocional da experiência e dar ao paciente um novo contexto: no tempo
passado. O que o paciente lembra são as memórias VAM; imagens, sons e cheiros são as
SAM, de natureza sensorial perceptiva, dissociadas da consciência. Ao fazer a projeção,
integram-se essas duas memórias e com a tela à esquerda, longe, dá-se um contexto
espaço-temporal. O contexto transforma as lembranças em autobiográficas (Brewin,
2001). Passa a trabalhar o hipocampo e as áreas relacionadas, completando, assim, o mapa
cognitivo incompleto. As representações visuais, auditivas, sinestésicas integram-se com
as memórias verbais. Assim, abre-se o terreno puramente perceptivo para entrar o
conceitual-cognitivo, onde as lembranças traumáticas serão inibidas por influências
corticais (LeDoux, 1999). Desse modo, consegue-se o domínio cortical sobre os sinais
das amígdalas. Consegue-se também uma reestruturação cognitiva (Lazarus, 1980). A
correção da experiência se realiza utilizando as submodalidades da PNL. São mudanças
nos quadros internos e visuais, auditivos, sinestésicos como reduzir imagens, dar a elas
branco, preto ou cor, afastá-las, abaixar o volume de sons (Bandler, 1988, p. 2). O evento
não pode ser modificado, mas a memória sim. Pede-se ao paciente que levante o dedo
“Sim” ao fim da projeção.
Passo 9 – Primeiro fechamento: agora, o paciente, imaginariamente, flutua sobre a
projeção num raio de luz e vê sua própria imagem na tela: grande, em cores, com muita
luz, com muito brilho. Esse é um fechamento e a imagem grande, em cores, com muita
luz se impõe sobre a que o paciente enviou ao passado. Essa nova imagem é uma de
poder, a pessoa se sente dona da situação com força, controle e segurança, dando a ela
um “fechamento”. O paciente tem o filme na mão, “empoderou-se” da situação com
calma. O trauma é agora um evento específico e não a representação de um eu
incompetente (Foa; Rothbaum, 1998). Essa imagem foi também construída utilizando as
submodalidades da PNL.

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Passo 10 – Reintegração ao próprio corpo: agora o paciente volta ao seu assento, ao
seu corpo, depois da viagem imaginária. Associa-se a si próprio com uma sensação de
segurança, força (Bandler; Grinder, 1980).
Passo 11 – A recontextualização do futuro: a sua direita (o inverso para os canhotos),
imagina o seu futuro. Em imagens grandes, coloridas, com muita luz e brilho, ele se vê
acompanhado de seus familiares, trabalhando, se divertindo com os amigos, são, tranquilo
e protegido (Andreas; Andreas, 1996). Acima, no céu, vê-se estrelas brilhantes, astros
que enviam muita luz ao coração dele e dali ele devolve essa mesma luz para as estrelas.
Nos próximos dias, meses, anos, ele continua tranquilo, em calma, protegido, livre e em
paz. O objetivo é fazer com que ele vislumbre um futuro esperançoso, o que constitui um
grande recurso que reorienta a sua vida e dá a ele a motivação necessária para a mudança
(Weerth, 1998). As estrelas brilhantes são um símbolo das almas dos entes queridos que
faleceram no incêndio. São uma metáfora do renascimento (Dilts; Mc Donald, 1999). O
ente querido renasce como estrela, num lugar elevado. O paciente renasce para a saúde,
o trabalho, os seus interesses e relações. O intercâmbio de luz simboliza o sentimento, o
amor que os uniu.
Passo 12 – Volta ao “aqui e agora”: o paciente começa a mover o corpo, estira seus
braços e pernas, se espreguiça, move a cabeça, o pescoço, sente seu corpo e lentamente
abre os olhos, voltando ao aqui e agora cheio de forças para retomar a sua vida. Fim da
MTP. A metáfora das estrelas é utilizada quando houver a morte de entes queridos.

Pesquisa Científica
Desenho Metodológico
Tipo Misto: quantitativo-qualitativo, de nível quase-experimental, analítico,
descritivo, observacional, de corte longitudinal com resultados pré e pós-tratamento
(Hernández Sampieri; Fernandez et al., 2004). Utiliza-se métodos quantitativos para
medir a intensidade dos sintomas do TEPT, com o Checklist PCL-C (Weathers; Huska;
Keane, 1991) e métodos analíticos, descritivos, observacionais para a descrição
qualitativa dos sintomas e para categorizar os temas relacionados: corporais
(fisiológicos), emocionais e cognitivos.
População
Vítimas sobreviventes e familiares próximos de vítimas fatais do incêndio de
Ycuá Bolaños, em agosto de 2004 (Assunção, Paraguai).
Amostra

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Constituída por 15 pacientes com diagnóstico de TEPT. Não probabilística,
intencional. Em 15 pacientes, foi aplicado o tratamento com MTR. Os outros 15 ficaram
como grupo controle. A amostra que recebeu o tratamento foi composta por 13 mulheres
e 2 homens com idade entre 23 e 61 anos. Dentre eles, 3 eram sobreviventes do incêndio
e 12 eram familiares próximos de vítimas fatais.
Técnicas de coleta de dados
a) Usou-se uma entrevista semi-estruturada para coletar informação sociodemográfica,
antecedentes familiares e psicológicos e a história do trauma, elaborada conforme os
critérios de Foa, Keane e Friedmann (2003). Os sintomas foram medidos com o Checklist
PCL-C para TEPT (Weathers; Huska; Keane, 1991). Também se utilizou a técnica de
observação não-estruturada.
Procedimento
Em primeiro lugar, com a entrevista semi-estruturada, colheu-se os dados do
paciente e sua história do trauma. Depois, passou-se ao checklist PCL-C, a fim de
confirmar o diagnóstico de TEPT e sua intensidade na escala likert. Posteriormente,
aplicou-se o tratamento com a técnica MTR. Uma vez que o número de 15 pacientes
estava completo, tomou-se as medidas do grupo controle aos outros 15 pacientes.
Número de aplicações do tratamento
O tratamento com MTR foi aplicado somente uma vez em dez casos e duas vezes
em quatro casos, após quatro semanas da primeira aplicação.
Acompanhamento
Durou seis meses, completando 15 checagens com cada paciente. Ao final do
quase-experimento, conduziu-se a segunda medição dos participantes do grupo controle.
Análises dos dados qualitativos
Analisaram-se dados pré e pós-tratamento. Fez-se uma busca temática (Polit;
Hungler, 1995) baseada na história do trauma, utilizando um esquema de categorias com
os seguintes tópicos: Sintomas do TEPT, área somática, emoções e cognições segundo os
relatos do paciente e observações da pesquisadora, segundo os critérios diagnósticos do
DSM-IV.
Diagnóstico dos casos: todos são de TEPT crônico, havia passado sete meses da data do
incêndio quando o quase-experimento começou.
Descrição dos sintomas encontrados: os tópicos mais repetidos, numa média de três por
paciente, foram: a representação de imagens presenciadas durante a busca do familiar.
Imagens de mortos jogados por todas as partes. Fogo, fumaça, escuridão, gritos

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desesperados, em forma de flashbacks, pesadelos. Cheiro de carne queimada. Imagem do
ente querido morto. Reações físicas com grande mal-estar, como taquicardia, suores,
náuseas, asfixia. Evitação: embotamento afetivo, perda de interesse em filhos, família,
perda de sentido de vida, futuro desolador. Evitar lugares com muita gente. Evitar se
lembrar. Hipertivações, ira, insônia, agitação. Em todos os casos foi encontrada
comorbidade depressiva.
Análises dos dados quantitativos: fez-se um banco de dados com as escalas dos
sintomas do TEPT com o programa estatístico SPSS para Windows. Para o
processamento e as análises, levou-se em conta o grupo quase-experimental e o controle.
Para o primeiro grupo, encontrou-se estatísticas descritivas como médias aritméticas,
encontrou-se a razão “t” comparando resultados pré-tratamento e 15 checagens. Para o
grupo controle encontrou-se médias aritméticas, assim como a comparação de médias
usando a razão “t” e o coeficiente de correlação de Pearson entre avaliação inicial e final
transcorridos os cinco meses.

Resultados pós-tratamento. Grupo de 9 pacientes que receberam


o tratamento somente uma vez
Os níveis de estresse pós-traumático são considerados sintomáticos quando os
valores obtidos com o checklist PCL-C alcançam a escala de 3 “moderado” e o
ultrapassam. Os valores 2 e 1 correspondem aos níveis assintomáticos que podem ser
observados depois da segunda checagem, na qual se nota uma redução contínua das
médias.
Pode-se observar no gráfico a média das escalas do primeiro grupo de 9 pacientes,
cujas avaliações pré-tratamento e checagens posteriores ao tratamento foram realizadas
com a técnica “memória-tempo-processamento, uma metáfora de resgate em doze
passos”. Essas escalas apresentaram reduções do TEPT nas três primeiras semanas de
modo consistente, mantendo-se dentro das margens assintomáticas nas semanas seguintes
e durante o acompanhamento que durou seis meses.

14
4
3,5
3
2,5
2
1,5 Media

1
0,5
0

Fig. 1.1. Nove casos de pacientes que receberam o tratamento somente uma vez

Na Fig. 1.1. Pode-se observar a rápida redução dos níveis do TEPT nas três
primeiras semanas depois da aplicação da técnica. Na checagem 7, pode-se observar um
leve aumento, coincidindo com o aniversário do evento que provocou o TEPT, seguido
de uma diminuição gradual, mantendo os valores nas semanas seguintes estáveis.

Quatro casos de pacientes que receberam o tratamento duas vezes

4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5 Série1

1
0,5
0

Fig.1.2. Quatro casos de pacientes que receberam o tratamento duas vezes

15
A Figura 1.2. Mostra uma importante melhora na primeira checagem realizada
uma semana depois da aplicação do tratamento. No entanto, durante as três checagens
seguintes, realizadas semanalmente, essa melhora tendeu a se estancar, mantendo-se em
níveis muito próximos de 3. Depois da quarta checagem, decidiu-se fazer uma segunda
aplicação do tratamento. Nota-se no gráfico que os resultados das medições voltam a
diminuir a partir da quinta checagem, realizada posteriormente à segunda aplicação da
técnica, mantendo-se próxima do valor 2 (nível assintomático). A oitava checagem
mostra um leve aumento, coincidente com o aniversário do evento que produziu o estresse
(efeito aniversário), observa-se nas checagens posteriores diminuições graduais até se
manter consistente abaixo do valor 1,5.

O Grupo controle

Fig. 1.3. Grupo controle

Duas medidas

A Figura 1.3. mostra as duas medidas que foram tomadas: 1 na metade e 2 ao final do
quase-experimento, em que se observa muito claramente uma tendência crescente bem
definida nas respostas do grupo controle para os níveis de TEPT mais intensos. Na
verdade, por não ter recebido nenhum tratamento para superar o TEPT, ele se mantém
profundo e inclusive tende a se agravar.

Variáveis intercorrentes no processo de recuperação

16
Apoio familiar, social e profissional: um fator muito importante no processo de
recuperação do estresse pós-traumático é o apoio familiar, social e profissional. Nesse
aspecto, observou-se como sinal positivo o apoio incondicional das famílias e dos amigos
e, em menor medida, da Associação de Vítimas.
Estilo de enfrentamento: em todos os casos, o estilo de enfrentamento teve os dois
componentes, evitativo e também de enfrentamento (Lazarus ; Folkman, 1984).
Evitativo: no começo da terapia, encontrou-se estratégias de evitação (não pensar, não
sentir, não enfrentar o problema e tentar escapar dele através da negação), útil para
suavizar o impacto inicial.
De enfrentamento: os pacientes tentaram se recuperar por meio da terapia, um meio de
enfrentar os seus males, assim como tentaram fazer parte da Associação de Vítimas de
Ycuá Bolaños (ASOBIB), o que os ajudou a somarem forças conjuntas e a buscarem
justiça, reivindicar e, dessa forma, atenuar o dano inicial.
Espiritualidade: outro importante recurso de enfrentamento encontrado na pesquisa –
em todos os casos – foi a espiritualidade: as crenças religiosas (crer em um Deus que
apesar de tudo dá forças e sustenta) e as práticas religiosas que assistiam (missas, rezas)
davam a eles alívio e suporte emocional (Drescher; Foy, 1995).
Situação vital e estilo de vida: anteriormente ao evento traumático, todas as pessoas
tratadas tinham um estilo de vida que permitia que se considerassem competentes em sua
área de desempenho familiar, como mães, esposas, irmãs. Elas também se beneficiavam
de um bom amparo social, já que tinham amigos e parentes com quem se relacionavam.
Algumas pessoas tinham um bom apoio profissional, o que dava a elas acesso a um estilo
de vida que até então provia satisfações.
Resiliência ou Crescimento pós-traumático: ao final da pesquisa, explorou-se a
resiliência, também denominada de Crescimento Pós-traumático (Tedeschi; Park;
Calhoun, 1998) ou Crescimento na Adversidade (Linley & Joseph, 2004), que é a
capacidade de sobrevivência do ser humano. São pontos de apoio importantes que ajudam
a pessoa a começar sua reconstrução (Klinkert, 2002; Martinez Torralba; Vasquez
Bronfman, 2006).
Mudanças cognitivas: em todos os casos, encontrou-se mudanças cognitivas que
mostravam uma clara recuperação. As pessoas afirmaram que depois de se recuperarem
do TEPT, valorizavam mais a sua própria vida, amavam mais a sua família, acreditavam
que a família é um importante amparo e apoio, que agora estavam mais unidos, que

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aumentaram sua autoestima, que a vida era valiosa e que se deve aproveitar cada
oportunidade para fazer algo bom (Ellis, 2003).
Exemplos de mudanças cognitivas indicadoras de resiliência: “Agora eu valorizo a
vida, é importante fazer coisas úteis para todos”; “Agora eu tenho vontade de viver e de
ser produtiva no meu trabalho”; “É importante olhar para frente e lutar pela justiça”;
“Eu valorizo cada vez mais a minha família, estar junto deles, dar carinho”; “Eu me
valorizo”; “A vida é boa porque eu consegui me curar”.

Descobertas e ganhos: redução/desaparecimento dos sintomas do TEPT


A técnica “Memória-Tempo-Processamento, uma metáfora de resgate em doze
passos”, proporcionou nova informação que incluiu elementos incompatíveis com os
patológicos existentes, e assim eles puderam ser corrigidos tal como requere a segunda
condição para o processamento emocional segundo a teoria de Foa e Kozak. Da mesma
forma, produziram mudanças cognitivas e de crenças irracionais de acordo com a TREC
(Ellis, 2003). A técnica mostrou grande eficiência a curto prazo, o que se evidencia pelos
ganhos obtidos mediante a sua aplicação. Os ganhos mais significativos relacionados aos
sintomas são os seguintes:

Desaparecimento de pesadelos
Um resultado relevante foi o desaparecimento dos pesadelos desde a noite do
tratamento em todos os casos em que eles foram encontrados, permitindo que a pessoa
dormisse tranquila e descansasse sem medo.

Recuperação do sono
Um importante resultado da aplicação do tratamento foi a recuperação do sono
normal em todos os casos. Este foi um fator crucial que iniciou o processo de recuperação.
Ao recuperar o sono, o paciente consegue descansar e se recobra de modo efetivo.

Sintomas de reexperimentação pós-tratamento


Na semana do tratamento, os sintomas intrusivos (lembranças ou pensamentos
repetidos, imagens recorrentes flashbacks, sensação de que a experiência se repete,
sentindo-se alterado e com reações físicas) diminuem em frequência e intensidade.
Uma forma de descrever a redução desses sintomas dada pela maioria dos
pacientes é a sensação de ter se distanciado do evento traumático.

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Um paciente diz: “Eu me sinto mais tranquilo porque está tudo mais distante, já
não está sobre mim”. Outro paciente explica: “Já não tenho a sensação de que está para
acontecer de novo”. Relato de outro paciente: “Eu me lembro, mas está mais distante, já
não me faz mal”. “As imagens já não me invadem”.
• No primeiro grupo de nove casos, no qual foi aplicado o tratamento somente
uma vez, desde o dia do tratamento, os pesadelos desapareceram e os pacientes
conseguiram dormir bem. Na primeira semana posterior ao tratamento, as
intrusões diminuíram de nível extremo a moderado. Na segunda semana, elas
continuaram a diminuir e já não incomodavam. As pessoas relataram a
sensação de terem “se distanciado” do fato vivido. Na terceira semana, os
pacientes alcançaram níveis assintomáticos e assim se mantiveram durante o
tempo que durou o acompanhamento.
• No segundo grupo, no qual foi aplicado o tratamento duas vezes, os pesadelos
também diminuíram de muitos a poucos (assintomático). Os sintomas de
reexperimentação continuaram a aparecer, mas em nível moderado até a
terceira semana. Ao cumprir a quarta semana, a segunda aplicação do
tratamento foi feita nos pacientes. Nas duas semanas seguintes, esses sintomas
se atenuaram e se mantiveram em níveis assintomáticos durante o
acompanhamento, de forma consistente.

Sintomas de evitação pós-tratamento

• Na primeira semana, os pacientes do primeiro grupo conseguiram descansar


ao dormirem e os sintomas reduziram de níveis extremos a moderados. Na
segunda semana, as evitações diminuíram e as pessoas começaram a se
reconectar com familiares e amigos.
Na terceira semana, eles se sentiram bem na companhia da família e dos
amigos e começaram a recuperar o interesse em coisas que gostavam de fazer
antes, recobraram o desejo de trabalhar. Além disso, observou-se uma abertura
em relação ao futuro, aos projetos, a se recuperar a vida num processo
contínuo.
Expressões de alguns pacientes: “Eu tenho tanta vontade de ver meus
parentes, meus amigos”; “Eu tenho interesse pelo meu trabalho outra vez”;
“Eu me inscrevi num curso de confeitaria”.

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• No segundo grupo, os sintomas de evitação diminuíram de nível extremo a
moderado, mantendo-se nesse nível durante as três semanas seguintes. Na
quarta semana, foi realizada a segunda aplicação do tratamento e, nas duas
semanas seguintes, os sintomas diminuíram a níveis assintomáticos,
permitindo que a pessoa se conectasse de novo com os seus entes queridos,
amigos e parentes e recuperasse o interesse em coisas da vida que antes
interessavam. Exemplos: “Antes eu não queria falar nem me lembrar, agora
eu posso falar e me lembrar sem me sentir mal”; “Eu quero consertar minha
casa, meu jardim de novo”; “A vida continua, por minha família, pelos meus
outros filhos, por mim mesma”.

Sintomas de alteração de alerta e reatividade pós-tratamento

No grupo de nove pacientes


O resultado mais importante obtido após o tratamento foi a recuperação do sono em todos
os casos. Esse foi um fator crucial que iniciou o processo de recuperação já que, depois,
a natureza apoiou o processo, se encarregando de fazer sua própria obra.
Ao recuperar o sono na primeira semana após o tratamento, as pessoas puderam
descansar. Os sintomas diminuíram de níveis extremos a moderados, as pessoas se
sentiram mais calmas e o processo de redução de sintomas continuou. Nas duas semanas
seguintes, a recuperação continuou ao sentirem-se mais tranquilos, menos irritados e bem
menos sobressaltados, situação que tornou possível também a melhora da concentração e
da capacidade de trabalhar. Na terceira semana, esses sintomas alcançaram níveis
assintomáticos e as pessoas se sentiram tranquilas e recuperavam o controle e o domínio
sobre elas mesmas.
Comentários dos pacientes: “É como se eu estivesse retomando o controle sobre mim
mesma”; “Eu posso me concentrar outra vez no meu trabalho e no que eu faço”.
Em todos os casos, também se recuperou a capacidade de concentração.
No grupo de quatro pacientes
Após a primeira aplicação na primeira semana, os sintomas abaixaram de nível extremo
a moderado e se mantiveram em nível moderado durante a segunda e a terceira semana.
No entanto, os pacientes acordavam à noite e estavam irritados. O tratamento foi aplicado
pela segunda vez na quarta semana e, nas duas semanas seguintes, eles conseguiram

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dormir bem e se sentiram mais calmos, tranquilos e começaram a recuperar o controle e
o domínio sobre eles mesmos, e o estado geral de melhora deles se manteve.
Comentários de alguns pacientes depois da segunda aplicação: “Desde esse dia, aquilo
que ficava de mal-estar ‘saiu’ de mim”; “Eu me sinto tranquila e sinto que estou melhorando
em tudo”; “Essa raiva que eu tinha passou, parece”.

Mudanças experimentadas nas áreas corporal-fisiológica, emocional e cognitiva


pós-tratamento
Mudanças na área corporal: enquanto os sintomas do TEPT diminuem, a pessoa se
sente descansada e as reações fisiológicas se normalizam gradualmente. Isso fica evidente
quando a pessoa respira bem, dorme bem. Essas mudanças foram observadas em seis
casos, nos quais desaparecem os sintomas fisiológicos do TEPT na semana posterior ao
tratamento.
Uma paciente relata: “Eu me sinto relaxada, a dor nas costas e no pescoço que eu
tinha passou”.
Outra paciente diz: “Visivelmente, a dor de cabeça e a taquicardia passaram”.
Todos os pacientes se referem ao fato de que poder dormir bem faz com que se
recuperem e permite que fiquem “animados, mais tranquilos e recuperados”.

Mudanças na área emocional: Na semana posterior ao tratamento, as emoções


melhoraram no geral, o que se evidenciou nas pessoas se sentindo mais tranquilas e
descansadas. Aos quinze dias, observou-se que elas estavam mais animadas e otimistas
porque sentiram que voltavam à normalidade. As emoções mudaram e ficaram mais
positivas. Uma paciente relatou: “Acho que vou superar porque passou a sensação de
estar ‘presa’”. Outra paciente disse: “Estou animada, é como se tivesse tomado as rédeas
da minha vida outra vez”. O sentimento de desamparo melhorou devido às pessoas
sentirem que podiam se recuperar, que tinham a capacidade de ter o controle de suas vidas
novamente.
Nos casos de perda de vidas humanas, apesar de permanecer a tristeza própria da
elaboração da dor, observou-se um estado emocional de esperança na própria cura, que
contribuiu para abordar a vida com um sentimento de volta à normalidade. Nesses casos,
a ira e o desgosto subsistem, embora mais atenuados.
“A tristeza vai ficar para sempre e eu nunca vou me esquecer da minha filha, mas agora
eu estou em paz”; “Sinto saudades da minha filha e estou triste, mas tenho minha netinha

21
e tenho que dar a ela o que sua mãe queria”; “Sinto saudades do meu marido, estou triste,
mas resignada”; “Antes eu não podia acreditar que eles estavam mortos, mas agora vejo
isso tal como é, estou triste, mas aceitando os fatos”.
Nos casos em que havia culpa, ela foi superada após o tratamento, quando a pessoa se
deu conta de que não podia fazer nada. Uma mãe que se sentiu culpada por não ter podido
salvar a sua filha disse: “Na verdade, não estava em minhas mãos”.
Uma vítima sobrevivente que se sentiu muito culpada por ter se salvado enquanto muitos
haviam morrido disse: “Eu já não me sinto culpada, pois eu não podia ter feito nada, foi
tudo muito rápido e se eu não morri foi porque minha hora não chegou”.

Mudanças na área cognitiva: de acordo com os relatos obtidos depois do tratamento,


em todos os casos as pessoas se sentiram “mais positivas” e produziram reestruturações
cognitivas espontâneas. Percebe-se isso claramente em frases como: “Eu quero viver por
mim, pela minha família”; “Agora eu me lembro das coisas lindas da minha filha, o
quanto era amável, solidária”; “Me dá forças que podem me recuperar”; “Eu tenho
minha família pra cuidar”; “Eu conheci pessoas que me ajudaram sem nenhum
interesse”.

Outros signos de recuperação encontrados em entrevistas posteriores: os


participantes relataram que se sentiam que “voltavam a viver”, que podiam recuperar o
controle de suas vidas, recobrar o interesse em coisas que aproveitavam antes: “agora eu
quero ver meus amigos”; “agora eu quero arrumar o meu jardim”; “agora eu volto a
fazer bolos”.
Desse modo, observa-se que os resultados do tratamento incluem, além da redução dos
sintomas, efeitos mais amplos, tais como recuperar o desempenho profissional, o gosto
pela vida e o interesse em coisas, reestabelecer interações sociais, melhora dos transtornos
de sono e estado geral, segundo as condições formuladas pela Teoria do Processamento
Emocional da Informação de Foa e Kozak (1986), de Brewin, Dalgleish e Joseph (1996),
e a Teoria da TREC, de Ellis (2003).

5. Discussão
Os resultados encontrados demonstraram uma eficácia elevada no tratamento para o
TEPT com a técnica “Memória-Tempo-Processamento, uma metáfora de resgate em doze
passos”. Eles se mantiveram no tempo. Um efeito relevante foi o desaparecimento de
22
pesadelos desde a noite do tratamento em todos os casos, permitindo ao paciente dormir
tranquilo e descansar sem medo. Isso foi um fator crucial que iniciou o processo de
reestabelecimento. Em todos os casos, foram produzidas melhoras nas áreas fisiológica,
emocional e cognitiva. As escalas alcançaram níveis assintomáticos desde a quinta
checagem no grupo de nove pacientes e, no grupo de quatro pacientes, as escalas tiveram
o mesmo comportamento após a segunda aplicação do tratamento. Os paciente relataram
que sentiam que a experiência estava “distante”, que “já tinha passado”, que fazia
parte do tempo passado, sendo fatores, elementos cruciais para o processamento do
TEPT, pois dá indícios de que o tratamento permitiu que a experiência adquirisse um
contexto temporal, que é precisamente o que falta no TEPT, o que se conseguiu com a
estratégia do uso das “Linhas do tempo” da PNL. Essa estratégia permitiu a mudança nas
distorções cognitivas que produziam crenças irracionais entendidas a partir da TREC.
O suporte incondicional da família afirmou o processo de recuperação. Essa pesquisa
evidencia, portanto, a eficácia da técnica “Memória-Tempo-Processamento, uma
metáfora de resgate em doze passos” como tratamento para o TEPT.
Ela foi provada em casos que a pessoa tinha um funcionamento psicológico normal antes
dos eventos traumáticos, não sendo aplicável em casos com história ou presença de
transtornos psicóticos.

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