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Física 1º Ano do Ensino Médio - Conteúdo do 3º bimestre

Relatividade Restrita
Introdução
Como se estuda em mecânica clássica, a velocidade, por exemplo, é uma grandeza relativa, isto é,
uma grandeza que depende do referencial em relação ao qual é determinada.
As grandezas comprimento, tempo e massa, entretanto, sempre foram tratadas como absolutas na
mecânica clássica, isto é, independem do referencial em que são medidas. Entretanto, como veremos
nesta breve exposição, comprimento, massa e tempo, também são grandezas relativas! A relatividade
dessas grandezas, porém, só fica evidenciada quando estudamos situações em que as velocidades são
muito altas, isto é, não desprezíveis em comparação com a velocidade da luz no vácuo, que é de
300.000 km/s, aproximadamente.

O surgimento da Teoria da Relatividade


Entre o final do século XIX e o princípio do século XX, vários fatos importantes não estavam
explicados.
Como sabemos, alguns foram esclarecidos pela Física Quântica. Entretanto, outras questões
continuavam sem respostas. Estas só foram dadas por outra teoria: a Teoria da Relatividade, de Einstein.
Essa teoria, que introduziu profundas transformações em conceitos básicos, é composta de duas
partes.
Uma delas é a Teoria da Relatividade Restrita (ou Especial), publicada por Einstein em 1905, quando
ele tinha 26 anos de idade. Nesta parte, todos os fenômenos são analisados em relação a referenciais
necessariamente inerciais.
A outra parte é a Teoria da Relatividade Geral, publicada em 1915, que aborda fenômenos do ponto de
vista de referenciais não inerciais.
É importante destacar que a Teoria da Relatividade não destruiu a Mecânica newtoniana, que continua
válida para velocidades muito pequenas em comparação com a velocidade da luz no vácuo.

Os postulados de Einstein
Einstein construiu a Teoria da Relatividade Restrita a partir de dois postulados:
1º - As leis da Física são as mesmas, expressas por equações que têm a mesma forma, em qualquer
referencial inercial. Não existe um referencial inercial privilegiado.
2º - A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c (c = 300.000 km/s) em relação a qualquer
referencial inercial.
Note que o segundo postulado contraria radicalmente a maneira newtoniana de compor velocidades.

A dilatação do tempo
Vamos agora estudar a relatividade do tempo.
Constataremos que o intervalo de tempo decorrido entre dois eventos, isto é, entre dois
acontecimentos, depende do referencial que observa esses eventos.
Para um referencial R, que se move em relação ao local onde ocorrem eventos, o intervalo de tempo
Δt entre os eventos é maior que o intervalo de tempo Δt’ medido pelo referencial R’ , em repouso em
relação ao local dos eventos. A isso se dá o nome de dilatação do tempo.

A contração do comprimento
Nesta seção, vamos estudar a relatividade do comprimento.
Constataremos que o comprimento de um corpo depende do referencial em que é medido.
Para um referencial R, que está em repouso em relação a um corpo, esse corpo tem comprimento ℓ, e
para um referencial R’, que se move em relação ao mesmo corpo, o comprimento desse corpo é ℓ’,
sendo ℓ’ menor que ℓ. A isso se dá o nome de contração do comprimento.
1
É preciso destacar que essa contração só acontece na direção do movimento.

Massa relativística
Considere, por exemplo, uma pedra em repouso em relação ao solo.
Vamos simbolizar por m0 a massa nessa situação (m0 chama-se massa de repouso).
Suponha, agora, que essa mesma pedra esteja em movimento em relação ao solo, com velocidade v:
Pode-se demostrar que, nessa situação, a massa da pedra passa a ser m, dada pela expressão:
m0
m em que m se chama massa relativística.
v2
1 2
c
v2
Note que sendo 1
menor que 1, m é maior que m0 , ou seja, a massa da pedra em movimento é
c2
maior que sua massa de repouso. Note também que, quanto maior for v, maior será a massa m.
Evidentemente esse aumento de massa não significa um aumento da quantidade de partículas que
constituem a pedra, mas um aumento da sua inércia. Por exemplo, se a pedra estiver em movimento
retilíneo acelerado, sob ação de uma força resultante constante, sua aceleração não será constante,
mas diminuirá à medida que sua velocidade aumentar, conforme ilustra o gráfico abaixo.

v
1 A reta 1 representa a previsão da mecânica clássica: a aceleração da
c pedra é constante e sua velocidade cresce indefinidamente.
2 Já a curva 2 representa a previsão relativística: a aceleração da pedra
diminui com o tempo, em virtude do aumento de sua inércia, e sua
0 t velocidade é limitada pelo valor de c. (velocidade da luz no vácuo)

Equivalência entre massa e energia


Considere, novamente, uma pedra em repouso em relação ao solo.
Sendo m0 sua massa de repouso, pode-se demostrar que essa massa equivale a uma energia
intrínseca E0, dada por:

E0 = m0 .c2
A pequena e elegante sequência de símbolos acima é, certamente, a equação mais famosa da ciência.
Ela foi idealizada pelo físico de origem alemã Albert Einstein (1879-1955) em 1905, como consequência
de sua Teoria da Relatividade Especial. Ela significa que uma gigantesca quantidade de energia (E0)
pode ser obtida a partir de uma insignificante porção de massa (m0).
Por exemplo, se fosse possível aniquilar uma pequena massa de repouso do isótopo urânio-235 (235U)
igual a 1g, transformando-a totalmente em energia, obteríamos:

E0 = m0 .c2 = (1. 10–3) .(3 . 108)2 → E0 = 9 . 1013 J


Essa energia seria suficiente para manter acesas 1000 lâmpadas de 100W por quase 30 anos!
Portanto, uma pequeníssima massa equivale a uma enorme quantidade de energia.
A energia solar, por exemplo, provém de uma reação nuclear denominada fusão nuclear. Nessa
reação, núcleos de hidrogênio se unem produzindo um núcleo de hélio. A massa do núcleo do hélio,
porém, é ligeiramente menor que a soma das massas dos núcleos de hidrogênio, e essa perda de massa
corresponde à energia liberada.

Prof.: Marcus Martins

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