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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – CAMPUS CASCAVEL

CURSO TÉCNICO EM ANÁLISES QUÍMICAS

INTOXICAÇÃO POR METANOL E ETANOL

CASCAVEL, 2019
INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – CAMPUS CASCAVEL
CURSO TÉCNICO EM ANÁLISES QUÍMICAS

INTOXICAÇÃO POR METANOL E ETANOL

Relatório apresentado ao Curso Técnico


em Análises Químicas do Instituto Federal do
Paraná – Campus Cascavel, como requisito
parcial de avaliação do segundo bimestre. 
 
 
Docente: Deusdeditt de Souza Bueno Filho

CASCAVEL, 2019
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Sumário
1. INTOXICAÇÃO POR METANOL EM BEBIDAS....................................................................................4
2. INTOXICAÇÃO OCUPACIONAL POR METANOL................................................................................4
3. TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO POR METANOL...........................................................................5
4. INTOXICAÇÃO POR ETANOL............................................................................................................6
5. TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO AGUDA POR ETANOL.................................................................7
6. REFERÊNCIAS..................................................................................................................................8

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1. INTOXICAÇÃO POR METANOL EM BEBIDAS
O Metanol, comumente referido por seus sinônimos: álcool metílico, álcool de madeira,
carbinol, é um líquido volátil, extremamente inflamável, de odor alcóolico quando puro e
desagradável se misturado a impurezas. Trata-se de um solvente de tintas, vernizes,
combustível, aditivos de gasolina, líquido de freios de veículos, anticongelantes em radiadores
e também é usado na fabricação de bebidas clandestinas.

Por ser mais barato que o etanol, as bebidas clandestinas provenientes de pirataria são
submetidas à adição de concentrações de metanol ao álcool etílico, consumido em bebidas
como a cachaça. Os sintomas da intoxicação por metanol variam de acordo com a quantidade
ingerida. A legislação brasileira permite que bebidas alcóolicas contenham até 0,25 ml de
metanol a cada 100 mL de álcool.

Entretanto, as adulterações ultrapassam muito esse valor, podendo chegar a até 60 ml de


metanol a cada 100 mL de álcool. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, vertigens,
embriaguez, perda de força física e sonolência. Já os casos mais graves envolvem a dilatação
das pupilas, perda de consciência, perda da acuidade visual e até mesmo cegueira. Todos os
sintomas podem surgir em até 1h30 após a ingestão do líquido (MACOFREN)

2. INTOXICAÇÃO OCUPACIONAL POR METANOL


Sabe-se que o metanol é matéria prima na fabricação do biodiesel. Assim, danos
oftalmológicos e neurológicos resultantes da exposição ao composto são considerados
exemplos de intoxicação ocupacional na indústria do biodiesel. Nesse sentido, o principal
causador da intoxicação é a inalação de vapores. No entanto, os efeitos da exposição crônica
não devem ser desconsiderados.

Estudo realizado por Assis et al (2017) em uma indústria fabricante de biodiesel,


demonstrou que os trabalhadores reconheciam a presença do metanol por meio do cheiro que
sentiam, ou seja, inalavam frequentemente o composto sem saber dos malefícios causados.
Constatou-se no estudo que os trabalhadores reconheciam a toxicidade das substâncias
utilizadas no processo, porém em relação ao metanol apenas demonstraram conhecer o
composto como altamente inflamável.

Embora reconhecessem o produto apenas como altamente inflamável, as manifestações


clínicas relatadas pelos participantes foram cruciais para reconhecimento de intoxicações:
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Todos os 42 participantes relataram a ocorrência de manifestações de
danos à saúde, diagnosticados anteriormente por profissional habilitado.
Cinco trabalhadores relataram "dores no peito" e "palpitação" como
sintomas cardiovasculares relevantes. A queixa neurológica que se
destacou foi "dor de cabeça" (n=34), enquanto que "depressão" (n=3) foi a
manifestação psiquiátrica mais relatada. "Alergias" (n=11) e "falta de ar"
(n=11) foram as principais reclamações relacionadas ao sistema
respiratório. Quanto ao trato gastrointestinal, houve mais relatos de "azia"
(n=15) e "queimação" (n=16). Por outro lado, "dor ou ardência ao urinar"
(n=9) e "infecção urinária" (n=10) foram os destaques quanto ao sistema
urinário. Os sinais mais citados em relação à visão foram "astigmatismo"
(n=8) e "miopia" (n=8), ao passo que "micose" (n=12) apareceu como
principal queixa relacionada à pele.
Com o objetivo de classificar a saúde dos trabalhadores de Postos de Revendas de
Combustíveis (PRC), tal como subsidiar medidas preventivas, o trabalho de Correa e Larentis
(2017) partiu do fato de que os trabalhadores não utilizam os equipamentos de proteção
individual, ocasionando exposição por contato direto com os diversos tipos de combustíveis
comercializados. Além disso, não há EPI’s que protejam todas as vias de exposição (dérmica,
respiratória e oral) nesse contexto ocupacional.

3. TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO POR METANOL


A intoxicação por metanol resulta principalmente da acumulação de metanol e seus
metabólitos, como o ácido fórmico e lático no corpo. Dessa forma, o metanol é oxidado no
organismo ao formaldeído e, posteriormente, ao ácido fórmico e ao dióxido de carbono,
respectivamente. Sendo assim, a causa principal de intoxicação após a inalação ocorre quando
a produção do ácido fórmico excede a taxa de afastamento, possibilitando o envenenamento
do indivíduo.

O alvo preliminar de todo o tratamento da intoxicação do metanol é impedir o


metabolismo do metanol e/ou remover o metanol e seus metabolitos tóxicos do corpo. Os
regimes de tratamento que são empregados principalmente para conseguir este objetivo
incluem a ingestão de álcool etílico, visto que a desidrogenase do álcool etílico compete com
o metanol. Contudo a ingestão do álcool deve ser executada em uma unidade de cuidados
intensivos.

Outro método de tratamento é a hemodiálise, eficaz para os pacientes que são expostos
ao metanol por um longo período. Para aumentar a taxa de conversão do ácido fórmico aos
metabolitos menos tóxicos, a administração intravenosa do ácido folínico é igualmente útil.
(DUTTA, 2019)
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4. INTOXICAÇÃO POR ETANOL
O etanol, ou álcool etílico, é um liquido transparente de odor característico utilizado em
diversos processos, como bebidas alcoólicas, perfumarias, solventes, combustíveis e entre
outros. Sendo assim, a maior parte do emprego de etanol nas indústrias é uma mistura de 95%
de etanol e 5% de água, exceto para bebidas alcoólicas.

A diferença entre etanol hidratado e anidro é a concentração de água na solução. Dessa


forma, o etanol anidro é utilizado para a produção de gasolina tipo C, que é o único tipo que
pode ser comercializado para abastecer veículos automotores (a gasolina tipo A “pura” é
resultado do etanol anidro com gasolina em uma proporção de 25 e 27% de anidro). Já o
etanol hidratado é utilizado diretamente para o abastecimento de veículos a etanol ou Flex.

Segundo a Divisão de Toxicologia Humana e Saúde Ambiental, estudos ocupacionais


demonstram poucos dados sobre danos à saúde humana devido à inalação de etanol, visto que
sintomas não são constatados em trabalhadores expostos a menos de 1000ppm de etanol no ar.
Entretanto, a inalação de vapores pode causar problemas como irritação ocular, nariz e
garganta; fadiga; cefaleia e sonolência. O contato da pele e dos olhos pode causar irritação,
ardência e lacrimejamento (ETANOL..., 2018).

Indubitavelmente, casos de intoxicação por etanol possuem maior recorrência devido à


ingestão pelo uso nocivo de bebidas alcoólicas que, segundo a Organização Mundial de
Saúde, foi responsável por 3,8% de todas as causas de morte em 2004 (CHAGAS et al, 2013).
Segundo estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas,
70% dos brasileiros residentes em cidades com população superior a 200 mil habitantes já
experimentou álcool e cerca de 11% são dependentes do composto, sendo a maior parte
homens.

Em crianças, a intoxicação é frequentemente constatada pela ingestão de produtos


domésticos contendo álcool, como colônias, colutórios bucais, medicamentos e solventes
(CHAGAS et al, 2013). Assim, a ingestão do álcool em ambos os contextos supracitados pode
ocasionar sintomas que variam de acordo com a quantidade ingerida. Esses sintomas vão
desde visão embaçada, diminuição da coordenação motora e alteração na percepção de
estímulos, até convulsões, coma e problemas no trato respiratório (ETANOL..., 2018).

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5. TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO AGUDA POR ETANOL
É necessário ter em mente que não há nada que se possa fazer para acelerar a
metabolização do álcool ou aliviar os sintomas de embriaguez. Segundo o estudo de Chagas et
al (2013) o tratamento ambulatorial consiste em:

Manter uma vigilância cuidadosa do paciente e verificação dos dados vitais


até a melhora clínica, com uso de sintomáticos se necessário. Pacientes com
quadros diagnosticados, a critério do examinador, como leves, sem
hipoglicemia e sem vômitos, poderão ser encaminhados ao domicílio com
medidas de suporte como hidratação e alimentação por via oral, bem como o
uso de medicação sintomática. Aqueles considerados moderados deverão
permanecer sob observação e cuidados na unidade de saúde.

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6. REFERÊNCIAS
ASSIS et al. Uso do metanol e risco de exposição dos trabalhadores de uma usina de biodiesel.  Rev.
bras. med. trab, v. 15, n. 1, p. 29-41, 2017. Disponível em: <http://www.rbmt.org.br/details/211/pt-
BR/uso-do-metanol-e-risco-de-exposicao-dos-trabalhadores-de-uma-usina-de-biodiesel>. Acesso em:
28 maio 2019.
CORREA; LARENTIS. Exposição ao benzeno no trabalho e seus efeitos à saúde. Rev. bras. saúde
ocup, v. 42, n. supl. 1, p. e14s-e14s, 2017. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rbso/v42s1/2317-6369-rbso-42-e14s.pdf> Acesso em: 28 maio 2019.
DUTTA. Primeiros socorros da intoxicação por metanol. News Medical Life Sciences , [S. l.], p. 1, 27
fev. 2019. Disponível em: <https://www.news-medical.net/health/Methanol-Intoxication-First-Aid-
(Portuguese).aspx>. Acesso em: 28 maio 2019.
Etanol. Fit - Ficha De Informação Toxicológica, Cetesb, p. 1-2, 5 maio 2018. Disponível
em: https://cetesb.sp.gov.br/laboratorios/wp-content/uploads/sites/24/2018/06/Eetanol.pdf.
Acesso em: 1 jun. 2019.

Intoxicação por metanol: o perigo das bebidas adulteradas. Macofren, BRASÍLIA-DF, p. 1.


Disponível em: <https://macofren.com/intoxicacao-por-metanol-o-perigo-das-bebidas-adulteradas/>.
Acesso em: 28 maio 2019.

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