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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – CAMPUS CASCAVEL

CURSO TÉCNICO EM ANÁLISES QUÍMICAS

LETÍCIA MENEZES MARTINS

PRINCIPAL DEFENSIVO AGRÍCOLA


UTILIZADO PARA O CULTIVO DO MILHO E DA SOJA

CASCAVEL
2019
INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – CAMPUS CASCAVEL
CURSO TÉCNICO EM ANÁLISES QUÍMICAS

LETÍCIA MENEZES MARTINS

PRINCIPAL DEFENSIVO AGRÍCOLA


UTILIZADO PARA O CULTIVO DO MILHO E DA SOJA

Trabalho apresentado ao Curso Técnico


em Análises Químicas do Instituto Federal do
Paraná – Campus Cascavel, como requisito
parcial de avaliação da disciplina de toxicologia
no segundo bimestre. 
 
 
Docente: Deusdeditt de Souza Bueno Filho

CASCAVEL
2019

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Sumário
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................................4
2. OBJETIVO.....................................................................................................................................4
3. DISCUSSÃO..................................................................................................................................5
3.1 Glifosfato......................................................................................................................................5
3.2 Atrazina........................................................................................................................................7
4. REFERÊNCIAS.............................................................................................................................8

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1. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa objetiva apresentar o principal agrotóxico utilizado na agroindústria
para a produção de milho e soja na região oeste do Paraná, especificamente na cidade de
Cascavel e região. Dessa maneira, sabe-se que o uso de agrotóxicos aumenta
consideravelmente com o avanço da agricultura e consequentemente eleva-se o número de
intoxicações decorrentes desses compostos. Assim, este trabalho pautou-se em apresentar os
efeitos tóxicos, tal como o mecanismo de ação dos agrotóxicos nas pragas.

2. OBJETIVO
Apresentar os principais agrotóxicos utilizados na safra de milho e soja na região
oeste do Paraná, tal como a toxicidade dos compostos e o mecanismo de ação nas pragas.

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3. DISCUSSÃO
De acordo com o relatório de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável - IDS
(IBGE, 2005), o Paraná é o terceiro Estado brasileiro que mais consome agrotóxicos,
totalizando 25,8 mil toneladas de agrotóxicos em 2005. De acordo com estudos de Dutra
(2017) Cascavel usou 5.107,46 toneladas de agrotóxico sendo o município que mais utiliza
agrotóxicos do Paraná. Importante levar em consideração que a produção agrícola é
responsável por grande parte da economia na região, destacando-se como um forte eixo para
as cidades e, sendo assim, o uso de agrotóxicos é imprescindível.
Dentre os agrotóxicos mais utilizados na cidade de Cascavel destacam-se para a cultura
do milho os que pertencem aos grupos químicos dos neonicotinóides, triazinas, benzoiluréia e
triazóis. Já para a cultura da soja destacam-se os agrotóxicos que possuem os grupos químicos
carbamatos, triazóis, glicinas e organofosforados. Tais agrotóxicos são utilizados no
tratamento das sementes, como herbicidas, inseticidas e fungicidas (COSMANN;
DRUNKLER, 2012).

Os princípios ativos dos agrotóxicos podem ser altamente tóxicos e assim causar
alterações no sistema nervoso central além de gerar mutações genéticas de graus elevados e
que podem ter como consequência neoplasias (SANÁGUA, 2015). Segundo Pignati (2017),
para as culturas agrícolas os princípios ativos mais frequentemente utilizados na soja foi o
Glifosato, com cerca de 5,5 litros por hectare. Já na cultura de milho o princípio ativos foi a
Atrazina (3,55 l/ha).

3.1 Glifosfato

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O agrotóxico Glifosato é bastante utilizado no combate a ervas daninhas no cultivo de
nectarina, maçã, banana, pêra, pêssego, cacau, café, trigo, cana de açúcar, ameixas, entre
outras. O efeito desse inseticida é altamente tóxico e a ingestão diária considerada como
aceitável é de apenas 0,02 mg. Quando consumido em excesso o Glifosato pode causar efeitos
neurológicos (SANÁGUA, 2015)

Segundo Romano (2009) a molécula de glifosato é um análogo aminofosfônico da glicina


denominado N- (fosfonometil) glicina. Seu peso molecular é de 169,7 g mol -1 e seu
mecanismo de ação baseia-se na inibição competitiva da enzima 5-enolpiruvilxiquimato-3-
fosfato sintase (EPSPS), que catalisa que catalisa a transferência do grupo fosfoenolpiruvil do
fosfoenolpiruvato (PEP) para o xiquimato-3-fosfato (S3P), formando o 5-
enolpiruvilxiquimato-3-fosfato (EPSP), um intermediário da via de biossíntese de
fenilalanina, tirosina e triptofano. Dessa forma, essa via para a biossíntese de aminoácidos
aromáticos não existe em nenhum membro do reino animal. Devido ao fato de que essa via
metabólica existe somente em plantas e microorganismos, o mecanismo de ação não é
considerado um risco para a saúde pública pelos fabricantes (CERDEIRA et al., 2007).

A ANVISA classifica esse herbicida com base em sua toxicidade aguda como um
produto de baixa toxicidade, pertencente ao grupo IV (pouco tóxicos), porém há uma
associação do glifosato e suas formulações comerciais a efeitos negativos sobre a saúde
humana. Isso ocorre porque, embora o glifosato puro apresente baixa toxicidade, alguns
componentes considerados inertes em formulações comerciais podem provocar efeitos tóxicos
em células animais

Em uma situação de intoxicação aguda por glifosato (via dérmica) pode ocorrer
dermatite de contato e, em caso de ingestão de doses elevadas (via oral), pode ocorrer um
processo denominado síndrome tóxica, cujos sintomas podem ser: epigastralgia, ulceração ou
lesão da mucosa gástrica, hipertermia, anúria, oligúria, hipotensão, conjuntivite, edema
pulmonar, choque cardiogênico, arritmias cardíacas, necrose tubular aguda, elevação de
enzimas hepáticas, aumento da quantidade de leucócitos, acidose metabólica e hipercalemia.
O composto é excretado principalmente na urina de indivíduos intoxicados (AMARANTE JR.
et al., 2002).

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3.2 Atrazina
Fórmula estrutural Atrazina

A Atrazina é um herbicida pouco tóxico e com risco ambiental moderado. A DL50 é


relativamente alta, sendo entre 0,9 e 4 g kg-1 em aves (Komatsu, 2004). Já em relação ao
fator de bioacumulação em peixes, o valor é baixo (entre 0,3 e 2). Entretanto, esse composto
possui persistência ambiental o que justifica a preocupação quanto a sua toxicidade crônica e
bioacumulação.

A USEPA considera a atrazina como provável substância carcinogênica uma vez que
tem atividade endócrina, mas a relação segura entre a exposição por atrazina e certos tipos de
câncer não é fácil de ser obtida. Alguns estudos mostraram que exposição à atrazina
combinada com outros pesticidas aumentou o risco do surgimento de linfomas não-Hodgkin`s
e de cânceres na bexiga e no pulmão (ROSS et al., 2003 apud CARMO et al., 2013). Apesar
de esses herbicidas terem baixa toxicidade e moderado risco ambiental, os dados
epidemiológicos mostraram que essas substâncias podem apresentar certa toxicidade crônica
principalmente nos sistemas hormonal e reprodutor (CARMO et al, 2013).

De acordo com Peterson et al (2001), o mecanismo de ação da Atrazina ocorre por


difusão e pode entrar em contato com as raízes por interceptação radicular. Dessa maneira o
herbicida é translocado pelo xilema e mais eficientes se forem aplicados ao solo, porém
também pode ser utilizado de maneira efetiva como pós emergente. A efetividade deste
herbicida, entretanto, varia de acordo com a quantidade de água no solo, caso este esteja
muito seco a efetividade da Atrazina será menor (PETERSON et al, 2001 apud MARCHI,
2008)
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4. REFERÊNCIAS
KOMATSU, Emy et al. Desenvolvimento de metodologia para determinação de alguns pesticidas em
águas empregando microextração em fase sólida (SPME). 2004. Tese de Doutorado. Dissertação
(Mestrado)–Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo. Disponível em:
<http://pelicano.ipen.br/PosG30/TextoCompleto/Emy%20Komatsu_M.pdf> Acesso em: 20/06/2019.

MELLO, M.I. Estudo Dos Efeitos Tóxicos Da Formulação Comercial Do Herbicida Glifosato Sobre
Células-Tronco Derivadas De Tecido Adiposo Humano. 2015. Dissertação (Curso De Pós-
Graduação Em Bioquímica E Imunologia), Belo Horizonte, 2015. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUBD-9YGN3T/
disserta__o_de_mestrado___mariane_izabella_abreu_de_melo_201.pdf?sequence=1.> Acesso em:
20/06/2019.

DE AMARANTE JUNIOR, Ozelito Possidônio et al. Glifosato: propriedades, toxicidade, usos e


legislação. Quimica nova, p. 589-593, 2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/%0D/qn/v25n4/10534.pdf> Acesso em: 20/06/2019

CERDEIRA, Antonio L. et al. Review of potential environmental impacts of transgenic glyphosate-


resistant soybean in Brazil. Journal of Environmental Science and Health, Part B, v. 42, n. 5, p.
539-549, 2007. Disponível em: <
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/03601230701391542> Acesso em: 20/06/2019.

ROMANO, Renata Marino; ROMANO, Marco Aurélio; DE OLIVEIRA, Cláudio Alvarenga.


Glifosato como desregulador endócrino químico Glyphosate as an endocrine chemical disruptor.
Ambiência, v. 5, n. 2, p. 359-372, 2009. Disponível em:
<https://revistas.unicentro.br/index.php/ambiencia/article/view/348> Acesso em: 20/06/2019.

PIGNATI, Wanderlei Antonio et al. Distribuição espacial do uso de agrotóxicos no Brasil: uma
ferramenta para a Vigilância em Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, p. 3281-3293, 2017.
Disponível em: <https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-
81232017001003281&script=sci_arttext&tlng=es> > Acesso em: 20/06/2019.

DUTRA, Lidiane Silva; FERREIRA, Aldo Pacheco. Associação entre malformações congênitas e a
utilização de agrotóxicos em monoculturas no Paraná, Brasil. Saúde em Debate, v. 41, p. 241-253,
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IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Indicadores de


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IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Uso de agrotóxicos no


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GHbdEAtwQFjAAegQIARAB&url=https%3A%2F%2Fperiodicos.utfpr.edu.br%2Frecit%2Farticle
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GHZdEBRkQFjAAegQIABAB&url=https%3A%2F%2Fwww.infoteca.cnptia.embrapa.br%2Fhandle
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Tipos de Agrotóxicos Mais Utilizados e Perigosos. SANÁGUA, Campo Grande - MS, p. 1, 5 jan.


2015. Disponível em: http://sanagua.com.br/noticias/tipos-de-agrotoxicos-mais-utilizados-e-perigosos-
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