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A Técnica.

A Padronização dos Procedimentos em Autopsia


O progresso requereu a sistematização e a padronização dos
procedimentos de autopsia, que baseada somente em dissecações
caprichosas, foi sendo questionada na busca de novas respostas.
Francis Delafield (1841-1915), médico patologista norte-americano,
publicou um volume intitulado A Hand-Book of Post-Mortem Examinations
and of Morbid Anatomy, New York, William Wood, 1872, que combinava
como conduzir um exame post-mortem ordenadamente, com breves
discussões dos achados patológicos principais.
Francis Delafield (1841-1915) Rudolf L. K. Virchow publicou um pequeno
livro (Die Sections-Technik im Leichenhause des Charité-Krankenhauses,
mit besonderer Rücksicht auf die gerichtsärztliche Praxis, Berlin 1876,
traduzido da 2a ed. alemã por T.P. Smith como Post-mortem Examination
with Especial Reference to Medico-Legal Practice, Philadelphia, Presley
Blakiston, 1880) sobre a execução da autopsia com descrições detalhadas,
baseadas em sua própria experiência, desde antes de 1844. Nesta época
as autopsias eram feitas principalmente por jovens assistentes de
cirurgiões, sem um método ou técnica regulares, tornando difícil serem
feitas novas descobertas. Quando Rudolf L. K. Virchow tornou-se
dissecador, em 1846, insistiu na importância da padronização do método,
da técnica em autopsia. Isto tornou-se importante nas autopsias médico-
legais, que deviam ser completas. Um protocolo típico de Rudolf L. K.
Virchow, por exemplo, compreendia catorze páginas de cerca de 4 x 7
polegadas (10,16 x 17,78 cm). Ele media muitos órgãos, mas não todos.
Nenhum peso era dado. O procedimento inteiro da autopsia levava 3
horas. Novamente podemos pensar em Pierre Antoine Prost que dizia, em
1802, que 3 horas era o tempo mínimo para o exame post-mortem.
Rudolf Virchow – Die Sections-Technik im Leichenhause des
CharitéKrankenhauses, mit besonderer Rücksicht auf die
gerichtsärztliche Praxis, Berlin 1876.
Em 1859 Virchow afirmou que a anatomia patológica era somente “um
suplemento da clínica. Como regra o professor de clínica determinava,
enquanto o paciente estava vivo, que órgão era o objeto da investigação;
a autopsia desta forma era, usualmente, confinada ao órgão, ou pelo
menos abordava todos os outros, apenas de modo secundário.” Rudolf L.
K. Virchow, que queria que a Patologia se tornasse uma ciência
independente com todos os seus direitos, insistiu que todos os órgãos do
corpo deveriam ser minuciosamente examinados. Embora ele ignorasse os
comentários de Pierre Antoine Prost, que há mais de 50 anos tinha
manifestado o mesmo ponto de vista, seus próprios exames foram muito
mais detalhados do que os de Prost. Entretanto, como os primeiros
patologistas, os limites de seu conhecimento ditaram os seus
procedimentos. Assim, ele declarou sobre o pâncreas: “A pouca
importância deste órgão, sob o ponto de vista anatomopatológico, torna o
seu exame de pouca relevância.” Desde então houve muitos progressos
nas técnicas de autopsia e muitos manuais sobre o assunto foram sendo
publicados. Os procedimentos mudavam; por exemplo, o grau com que o
estudo microscópico tornou-se parte da rotina da autopsia, sendo feitas
as relações entre os achados patológicos macroscópicos e microscópicos
revolucionaram os conceitos em Patologia. Com o tempo, disciplinas
acessórias à Patologia foram tornando-se importantes, de modo que
novos métodos de exame passaram a incluir novas técnicas, cada vez mais
sofisticadas, envolvendo os estudos histológicos, celulares, subcelulares e
moleculares.

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