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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distancia

Licenciatura em Ensino de Educação Física e Desporto

TEMA:

O Circulo de Viena na actualidade

Elisa Orlando Alfredo

Trabalho de Introdução à Filosofia


de carácter avaliativo dirigido ao
docente Adelino Cláudio aos
cuidados do Instituto de Ensino à
Distância na universidade Católica
de Moçambique, Centro de recursos
de Quelimane.

Quelimane, Junho 2020

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Índice
Introducao……………………………………………………………………………….……3
Círculo de Viena…………………………………………………………………………......4
Origem do Círculo de Viena……………………………………………………………….....4
Participantes………………………………………………………………………………......3
A filosofia do círculo de viena………………………………………………………………..7
A dissolução do círculo de viena………………………………………………………….…..8
O círculo de viena e o início da filosofia contemporânea da ciência.………………………...8
Pontos fundamentais sobre a filosofia do círculo de viena……………………………..…….9
Estrutura do empirismo lógico……………………………………………………...……….11
Conclusão….……………………………………………………………………………...…13
Referências Bibliográficas………………………………………………………...………...14

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INTRODUÇÃO
O Círculo de Viena refere-se a um grupo de notáveis cientistas e filósofos que se debruçaram
sobre as prementes questões epistemológicas consequentes dos enormes avanços científicos e
tecnológicos que ocorreram na virada do século XIX para o século XX. Surgimento da Física
Moderna, especialmente da mecânica quântica e da relatividade, Surgimento e consolidação
das ciências sociais (história, sociologia, antropologia).Notáveis avanços tecnológicos:
electricidade, telefonia, fotografia, filmografia e Surgimento da meta ciência.

Sendo um trabalho científico, este estruturado por introdução, desenvolvimento, conclusão e


bibliografia.

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CÍRCULO DE VIENA
Origem do Círculo de Viena
Antes da Primeira Guerra Mundial, um grupo de “jovens doutores de filosofia, dos quais a
maioria tinha estudado física, matemática ou ciências sociais”, reunia-se em um café de Viena
para discutir questões de filosofia da ciência, inspirados pelo positivismo de Ernst Mach
(1838-1916). Entre esses jovens encontravam-se Philipp Frank (1884-1966), físico; Hans
Hahn (1879-1934), matemático; e o sociólogo e economista Otto Neurath (1885-1945).

Mais tarde, em 1924, por sugestão de Herbert Feigl (1902-1988) – físico e filósofo, assistente
do também físico e filósofo Moritz Schlick (1882-1936), considerado o fundador do Círculo
de Viena -, criou-se um grupo de debate que se reunia às sextas-feiras à noite. Esse grupo,
cujas propostas filosóficas foram batizadas de “positivismo” ou “neopositivismo lógico”, foi o
início do Círculo de Viena, que alcançaria reconhecimento internacional. Outros
simpatizantes do movimento foram Alfred Ayer (1910-1989), que escreveu a
obra Linguagem, Verdade e Lógica, defendendo o princípio da verificação, e Hans
Reichenbach (1891-1953), que introduziu a teoria da probabilidade no critério de demarcação.

Os membros do Círculo de Viena identificaram Albert Einstein (1879-1955), Bertrand Russell


(1872-1970) e Ludwig Wittgenstein (1889-1951) como os principais representantes da
concepção científica do mundo. Sua projeção internacional deveu-se à impressionante
produtividade entre os anos 1928 e 1938, quando transformaram a revista Annalen
der Philosophie na famosa Erkenntnis (Conhecimento), dirigida por Rudolf Carnap (1891-
1970) e Reichenbach, e que se converteu no veículo de expansão das ideias do grupo.

Participantes
Algum tempo, Entre os membros proeminentes do Círculo encontram-se Friedrich
Waismann, Gustav Bergmann, Hans Hahn, Herbert Feigl, Karl Menger, Ludwig von
Bertalanffy, Marcel Natkin, Olga Hahn-Neurath, Otto Neurath, Philipp Frank, Richard von
Mises, Rose Rand, Rudolf Carnap, Theodor Radakovic, Tscha Hung, Victor Kraft. Entre os
filósofos que frequentaram ocasionalmente o círculo estavam Hans Reichenbach, Kurt
Gödel, Carl Hempel, Alfred Tarski, W. V. Quine, e A. J. Ayer (que popularizou a obra do
círculo na Inglaterra). Karl Popper, apesar de não ter frequentado as reuniões do Círculo, foi
uma figura central na recepção e na análise de suas doutrinas. Por algumas das figuras do

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grupo encontraram-se regularmente com Ludwig Wittgenstein, embora Wittgenstein não
fosse um positivista.

O círculo de Viena desenvolveu o positivismo, também denominado positivismo lógico ou


ainda empirismo lógico, que pretendeu formar uma concepção científica do mundo e se
opunha às especulações. Em suas reflexões acerca do procedimento científico, enfatizavam
as exigências de clareza e precisão e propuseram o critério da verificabilidade para validar
uma teoria científica. Em outras palavras, a teoria deveria, para ser aceita como verdadeira,
passar pelo crivo da verificação empírica.

Karl Popper

Karl Popper (1902-1994), físico, matemático e filósofo da ciência britânica, criticou o critério
da verificabilidade e propôs como única possibilidade para o saber científico o critério de
não-refutabilidade ou da falseabilidade. De acordo com esse critério, uma teoria mantém-se
como verdadeira até que seja refutada, isto é, que seja mostrada sua falsidade, suas brechas,
seus limites. No seu entendimento, nenhuma teoria científica pode ser verificada
empiricamente. Isso porque, do ponto de vista lógico, não é correcto que se justifique inferir
assertivas universais a partir de assertivas singulares, por mais numerosas que sejam estas
últimas. Com efeito, qualquer conclusão tirada desse modo sempre se pode revelar falsa: por
mais numerosas que sejam os casos de cisnes brancos que possamos ter observado, isso não
justifica a conclusão de que todos os cisnes são brancos.

Com essa afirmação, Popper indicou a condição transitória da validade de uma teoria. Uma
teoria é válida até o momento em que é refutada, mostrando-se a sua falsidade. Somente a
falsidade de uma teoria pode ser provada, mas nunca a sua veracidade.

Outro ponto destacado por Popper em suas reflexões sobre o conhecimento científico foi que
a mente não é uma “tábua rasa”como pensam os empiristas. Para Popper, não existe
observação pura, pois todas as observações são sempre realizadas à luz de pressupostos e de
teorias prévias que o cientista traz consigo. E elas se confirmam ou não a partir da sua
observação.

Gaston Bachelard

Gaston Bachelard (1884-1962), destacou a importância do estudo da história da ciência como


instrumento de análise da própria racionalidade. Nessa pesquisa, a actividade científica passa
a fazer parte de um processo histórico mais amplo e que possui um carácter social.

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De acordo com a análise de Bachelard, a ciência progride por rupturas epistemológicas,
causados por obstáculos epistemológicos. Isso quer dizer que a ciência caminha por saltos,
que se caracterizam pela negação dos pressupostos e métodos que orientavam a pesquisa
anterior, porque esses pressupostos e métodos actuam como obstáculos, ou seja, são entraves
que fazem com que ocorra a estagnação ou mesmo a regressão de um dado patamar já
alcançado.

Esses obstáculos podem ser devidos a hábitos cristalizados, a dogmatização de teorias que
freiam o desenvolvimento da ciência. Um exemplo de ruptura epistemológica seria o da física
quântica e da teoria de relatividade, que formularam uma nova maneira de se conceber o
espaço e o tempo, contra os obstáculos representados pela física newtoniana, que não dava
conta de explicar certos fenômenos.

Bachelard destacou também o papel da imaginação e da criatividade como elementos


imprescindíveis da prática científica.

Thomas Kuhn

Thomas Kuhn (1922-1996), físico, historiador e filósofo da ciência norte-americano,


desenvolveu sua teoria acerca da história da ciência entendendo-a não como um processo
linear e evolutivo, mas como uma sucessão de paradigmas (modelos) que se confrontam entre
si.

Na sua obra A estrutura das revoluções científicas (1962), ele sustenta a tese de que a ciência
se desenvolve durante certo tempo a partir da aceitação , por parte da comunidade científica,
de um conjunto de teses, pressupostos e categorias que formam um paradigma, ou seja, um
conjunto de normas e tradições dentro do qual a ciência se move e pelo qual pauta a sua
actividade.

Em determinados momentos, porém, essa visão ou paradigma se altera, provocando uma


revolução, que abre caminho para um novo tipo de desenvolvimento científico. Foi o que se
deu por exemplo, na passagem da física antiga clássica à física quântica. De acordo com
Kuhn, é como se ocorresse uma nova reorientação da visão global, na qual os mesmos dados
são inseridos em novas relações.

Thomas Kuhn também distingue a ciência.

Vários membros do Ciírculo, como schlick, e Carnap, pertenciam ao corpo acadêmico da


Universidade de Viena.

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A filosofia do círculo de viena
O programa dos neopositivistas aprofundava-se em assuntos tão diversos como a psicologia, a
análise lógica (seguindo a filosofia de Gottlob Frege (1848-1925), do Wittgenstein dos
primeiros tempos, de Whitehead e outros), a metodologia das ciências empíricas (baseada em
Georg F. B. Riemann e Albert Einstein, por exemplo) ou a sociologia positivista (com
influências que iam de Epicuro e Jenemy Bentham a John Stuart Mill e Karl Marx).

Como características do grupo, destacavam-se sua posição antimetafísica, sua análise da


linguagem, o recurso à lógica e sua defesa dos métodos das ciências naturais e da matemática.
As raízes dessas posições encontram-se fundamentalmente no empirismo de David Hume
(1711-1776) e john Locke (1632-1704), no positivismo de Auguste Comte (1798-1857) e no
empiriocriticismo de Mach, que baseiam toda fonte de conhecimento na experiência. Isso
significa que rejeitavam todo tipo de conhecimento apriorístico (anterior à experiência) e
qualquer proposição que não pudesse ser confrontada com a experiência.

Para determinar quais enunciados poderiam ser aceitos como científicos, propuseram
o princípio de demarcação ou de verificabilidade. Esse princípio estabelece que um
enunciado será considerado científico somente se puder ser constatado por fatos verificáveis.
Daí se deduz que os enunciados somente podem ser assumidos como verdadeiros depois de
comparados com fatos objetivos.
Albert Einstein em seu escritório, aproximadamente em 1920. Para os integrantes do Círculo
de Viena, Einstein era um dos maiores representantes da concepção científica do mundo.
O princípio de demarcação eliminou a pretensão de um conhecimento teológico ou
metafísico. Até mesmo a ética foi reconfigurada pelo grupo, que a considera um conjunto de
enunciados sobre as emoções.
Carnap acabou, mais tarde, revendo o princípio da verificabilidade, substituindo-o pelo
princípio da confirmabilidade. Isso ocorreu principalmente porque ele aceitou as críticas a sua
tese – críticas que o alertavam de que leis gerais e proposições protocolares nunca podem ser
totalmente verificadas.
O novo princípio propõe o que Carnap chama de “confirmação gradual”. Segundo essa
proposta, uma proposição científica pode ser confirmada, em maior ou menor grau, pela
experiência – sem, contudo, ter a possibilidade de confirmação absoluta. A variação
dependerá da quantidade de evidência empírica que valide a proposição. Uma vez
confirmada, ela poderá então constar provisoriamente da teoria que ajuda a sustentar.

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Além disso, a linguagem utilizada para expressar esses fatos empíricos deve usar símbolos
que, por sua vez, relacionam-se entre si formalmente. Para eles, a única linguagem aceitável é
a da física. Segundo Carnap: “Toda proposição da psicologia pode ser formulada na
linguagem fisicalista. Para dizer isso no modo material de falar todas as proposições da
psicologia descrevem acontecimentos físicos, a saber, a conduta física dos humanos e de
outros animais. Essa é uma tese parcial da tese geral do fisicalismo, que diz que a linguagem
fisicalista é uma linguagem universal para a qual qualquer proposição pode ser traduzida”.

A dissolução do círculo de viena


Em 1936, Moritz Schlick foi assassinado por um estudante nazista Hans. Hahn tinha morrido
dois anos antes, e quase todos os membros do Círculo de Viena eram de origem judaica. Isso
produziu, com o advento do nazismo, uma diáspora que levou a sua dissolução. Feigl foi para
os Estados Unidos, juntamente com Carnap, mesmo destino de Kurt Gõdel (1906-1978) e
Ziegel; Neurath exilou-se na Inglaterra. Em 1938, as publicações do Círculo de Viena foram
proibidas na Alemanha. Em 1939, Camap, Neurath e Morris publicaram a Enciclopédia
internacional da ciência unificada, que pode ser considerada a última obra do Círculo.

Posteriormente, muitas de suas teorias fundamentais foram revisadas. O próprio Camap


reconheceu que o postulado da simplicidade do Círculo de Viena provocava “certa rigidez,
pela qual nos vimos obrigados a realizar algumas modificações radicais para fazer justiça ao
caráter aberto e à inevitável falta de certeza em todo conhecimento fático”.

É paradoxal observar que, enquanto estava influenciado pelo Tractatus logico-philosophicus,


do “primeiro” Wittgenstein, esse autor (que prosseguiu seu trabalho filosófico em Cambridge)
analisava a linguagem com base nos jogos linguísticos apresentados no livro Investigações
filosóficas. Segundo a História da filosofia de Giovanni Reale e Dario Antiseri, a filosofia do
“segundo” Wittgenstein afirma que a linguagem é “muito mais rica, mais articulada e mais
sensata em suas manifestações não-científicas do que jamais imaginaram os neopositivistas”.
O Círculo de Viena também se confrontou com as críticas de Karl Popper (1902-1994), para
quem o critério da verificabilidade era contraditório e incapaz de encontrar leis universais.

O círculo de viena e o início da filosofia contemporânea da ciência.

O Círculo de Viena surgiu por uma necessidade de fundamentar a ciência a partir das
concepções ou acepções que a Filosofia da Ciência ganhou no século XIX. Até então, a

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filosofia era vinculada à Teoria do Conhecimento, mas, a partir de Hegel, este vínculo se
desfez.
O Círculo de Viena era composto por cientistas que, apesar de actuarem em várias áreas como
física, economia, etc., buscaram resolver problemas de fundamento da ciência, problemas
estes levantados a partir do descontentamento com os neokantianos (seguidores de Kant) e os
fenomenólogos (seguidores de Hegel).
Schlick, por exemplo, tentou mostrar o vazio dos enunciados sintéticos a priori, de Kant. E
por duas vias:
 Se os enunciados têm uma verdade lógica, então eles são analíticos e não sintéticos;
 Se a verdade dos enunciados depende de um conteúdo factual, eles são, portanto,
a posteriori e não a priori.
Dessa maneira, Schlick (juntamente com seus companheiros) tentou formular um critério de
cientificidade que pudesse ou que tivesse uma correspondência com a Natureza. Por isso,
o Círculo de Viena adoptou uma forma de empirismo indutivista que se utiliza de
instrumentos analíticos como a lógica e a matemática para auxiliar na formação dos
enunciados científicos.
Tal critério seria, então, o de verificabilidade. Para os pesquisadores do Círculo de Viena os
enunciados científicos deveriam ter uma comprovação ou verificação baseada na observação
ou experimentação. Isto era feito indutivamente, ou seja, estabeleciam-se enunciados
universais (pois a ciência tem pretensão de universalidade) a partir da observação de casos
particulares.

Pontos fundamentais sobre a filosofia do círculo de viena

1. O Círculo de Viena foi formado na década de 1920 depois da nomeação de Moritz Schlick
para Professor de Filosofia da Ciência em Viena.

2.Entre os estudiosos do Círculo de Viena, estavam o físico alemão Moritz Schlick (1882-
1936), os matemáticos alemães Hans Hahn (1979-1934) e Rudolf Carnap (1891-1970) e o
sociólogo e economista austríaco Otto Neurath (1882-1945).

3.As reflexões desse grupo de estudiosos versavam a respeito da importância da lógica,


linguagem, matemática e física teórica na construção de teorias científicas.

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4.O Círculo escreveu um manifesto, em 1929, motivado pela discussão promovida em um
congresso em Praga. O manifesto, redigido por Schlick, Hahn e Neurath, atacava a metafísica
como ultrapassada.

5.As pesquisas desenvolvidas pelos pensadores do Círculo de Viena eram divulgadas na


revista Erkenntnis, fundada em 1930 e dirigida por Carnap e Hans Reichenbach.

6.Os interesses intelectuais do grupo partiam do positivismo de Ernst Mach e Auguste


Comte, da lógica de Russell, Whitehead, Peano e Frege e de teorias físicas, principalmente
as de Einstein. A partir da leitura da obra fundamental de Wittgenstein, o Tractatus Logico-
Phylosophicus, o grupo enveredou pelo desenvolvimento de uma lógica incorporada a uma
verificação empírica dos fundamentos do conhecimento.

7.O Círculo de Viena pertencia a um movimento intelectual conhecido como neopositivismo,


também chamado de positivismo lógico e empirismo lógico. Segundo esse movimento, era
preciso retomar o ideal clássico e partir da base empírica para se construir uma teoria do
conhecimento.

8.O projecto neopositivista do Círculo de Viena encontra-se nas seguintes linhas de Schlick
em “O fundamento do conhecimento”: “As proposições factuais são, pois, o fundamento de
todo saber, mesmo que elas precisem ser abandonadas no momento de transição para
afirmações gerais. Estas proposições estão no início da ciência. O conhecimento começa com
a constatação dos fatos” (p. 46).

9. Pela interpretação do trecho acima de Schlick, entendemos que o conhecimento parte de


proposições factuais. Em outras palavras, o conhecimento deve partir de uma observação dos
fatos. Aquilo que não pode ser verificado é considerado desprovido de sentido, como a
afirmação “A alma é imortal” e outras de ordem metafísica, religiosa e estética. Nisso
consiste o princípio de verificabilidade.

10. O positivismo lógico dos pensadores do Círculo de Viena postulava que, para uma teoria
ser considerada “ciência”, ela deveria ser unificada em linguagem e fatos que a
fundamentassem. As proposições científicas, assim, são apenas aquelas que se referem à
experiência e podem ser verificadas.

11. O papel da Filosofia seria interpretar as proposições científicas – ou seja, a Filosofia


deveria ser uma “Filosofia da Ciência”, que, inclinada para a objectividade e mediada por

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uma linguagem provida de sentido, encerraria os debates metafísicos e a atenção a
proposições não passíveis de verificação.

12. Isso (a interpretação das proposições científicas) está de acordo com o pensamento de
Ludwig Wittgenstein em suas Investigações Filosóficas (1975, p. 112)²: "Qual o seu
objectivo em filosofia? - Mostrar à mosca a saída do vidro."

13. Podemos perceber que, para os pensadores do Círculo de Viena, só é possível conhecer o
sentido de uma proposição se for possível determinar se ela é verdadeira ou falsa, e isso só é
possível se ela for verificável. Aquelas proposições que não podem ser verificadas também
não têm significação. É o que diferencia afirmações como “Existe petróleo em Marte” e
“Depois da morte, as almas evoluídas habitam em Marte”.

14. Assim como os relatórios protocolares de uma experiência laboratorial, há proposições


que são feitas a partir da experiência e expressam um fato. A essas proposições, os pensadores
do Círculo de Viena referiam-se como “proposições de base”.

15. As proposições de base descrevem casos particulares de fenómenos observáveis, como


enviar uma nave até Marte para investigar se há petróleo.

16. A partir de um número considerável de proposições de base encadeadas logicamente e


aplicando o método indutivo, é possível estabelecer uma teoria científica, ou seja, uma
proposição geral.

17. A ascensão do nazismo repercutiu na formação do Círculo de Viena: Carnap e outros


membros mudaram-se para os Estados Unidos; Hahn, Neurath e Schlick morreram, esse
último assassinado por um aluno. Mesmo com o fim do Círculo em 1939, as teorias desses
pensadores ainda são discutidas. Entre os pensadores que apresentaram contestações às teses
do Círculo de Viena, destaca-se Karl Popper.

Estrutura do Empirismo Lógico


 Viena (primeira metade do século XX): centro de convergência de cientistas.
 A metafísica (filosofia) inviabiliza a construção do conhecimento: antimetafísica.
 O conhecimento só é possível a partir da experiência: empírica.
 A ciência deve ser unificada: pan cientificismo.
 Seus enunciados devem ser lógicos e formais.
 Utilização de uma linguagem universal: matemática.
 Utilizam a indução probabilística para resolver o problema da indução
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Empirismo Lógico
 Os pensadores do Círculo de Viena argumentaram que o conhecimento científico tem
que ser pautado pelo Princípio do Empirismo, ou seja, consolidado a partir da
experiência (empiriano grego).
 Podemos enumerar como objectos de estudo dos empiristas o problema da
confiabilidade do conhecimento científico; a relação entre os enunciados científicos e
suas bases empíricas e a polémica questão do conhecimento antecedente (a priori) que
possibilita o entendimento daquilo que se observa.
Princípio do Logicismo
 O chamado Princípio do Logicismo onde o conhecimento científico tem que ser
enunciado a partir do uso rigoroso da lógica.
 Valorização da matemática como linguagem universal, que com seu rigor lógico,
deveria ser usada em toda a Ciência.
 Os empiristas lógicos defendiam o ideal de uma única ciência unificada e universal.

Supremacia da lógica e da matemática


 É neste cenário que surgem algumas tentativas de aplicar a matemática em diversas
áreas de investigação científica, tais como a sociometria, a psicometria, a
antropometria, e as polémicas frenologia e numerologia, hoje consideradas
pseudocientíficas.
 São inegáveis os legados do empirismo lógico para a ciência contemporânea; a
matemática hoje é muito utilizada na área das ciências biológicas e da saúde, como a
biomecânica, bioengenharia e no desenvolvimento das chamadas biotecnologias.

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CONCLUSÃO
Chegados no final do presente trabalho é de referir que o círculo de Viena desenvolveu o
positivismo, também denominado positivismo lógico ou ainda empirismo lógico, que
pretendeu formar uma concepção científica do mundo e se opunha às especulações. Em suas
reflexões acerca do procedimento científico, enfatizavam as exigências de clareza e precisão e
propuseram o critério da verificabilidade para validar uma teoria científica. Em outras
palavras, a teoria deveria, para ser aceita como verdadeira, passar pelo crivo da verificação
empírica.

o empirismo lógico há muito tempo tem sido alvo de um criticismo avassalador. Tais críticas
são no mínimo ingénuas, dado que até hoje, muito conhecimento científico de alto nível é
construído tendo-o como eixo epistemológico.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de


Janeiro: Zahar, 2008.
Epstein, I. Revoluções científicas,São Paulo: Ática,1988
https://www.google.com/search?q=circulo+de+viena&ie=utf-8
Mélika Ouelbani. O Círculo de Viena. Parábola Editorial 2009
ROSA, António Luís. Introdução a filosofia. Beira – Sofala
SCHLICK, Moritz. O fundamento do conhecimento. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
Wittgenstein & The Vienna Circle. Wiley-Blackwell,1984.

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