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FACULDADES SANTO AGOSTINHO

UNIDADE SETE LAGOAS

BRUNA APARECIDA RIBEIRO VALGAS

Tipicidade material dos crimes de maus tratos dos animais domésticos: à luz
da teoria do bem jurídico

Sete Lagoas

2021
BRUNA APARECIDA RIBEIRO VALGAS

Atividade Avaliativa TC I

Relatório

Tipicidade material dos crimes de maus-tratos dos animais domésticos: à luz da


teoria do bem jurídico

Atividade apresentada à disciplina


Trabalho de Curso I, como requisito parcial
de avaliação.

Professor Orientador: Tereza Sader

Sete Lagoas

2021
Tema

Tipicidade material dos crimes de maus-tratos dos animais domésticos: à luz da teoria
do bem jurídico.

Contextualização do tema

Percebe-se que apesar das leis existentes, os maus-tratos contra os animais


domésticos continuam existindo em grande proporcionalidade. Além disso, em muitos
dos casos não há o cumprimento efetivo da lei.

As leis que sintetizam esses direitos visam garantir que os animais que não sejam da
espécie humana não sofram negligência e desumanidade, garantindo-lhes o respeito
e a dignidade básica.

Assim, animais ainda são vítimas de crueldade, uma vez que contornos sociais e
culturais ainda estão enraizados na sociedade. Logo, a ação precisa ser combatida,
não apenas por meio de leis eficazes, mas também através de uma conscientização
da população em geral.

Ante o exposto, a presente temática possui a intenção de buscar a tipicidade material


dos crimes de maus-tratos dos animais e conclui- se pela necessidade da evolução
da legislação, de modo que a punibilidade se torne mais eficaz e diante ao crime de
maus-tratos.
Problema

Como a Legislação e o Estado no que tange a punibilidade podem garantir os


direitos básicos dos animais mediante a sociedade?

Objetivos

Objetivo Geral

Realizar uma contextualização ideológica e jurídica dos maus tratos aos amimais.

Objetivos Específicos

1. Estabelecer o direito dos animais domésticos com o intuito de assegurar seus


direitos;

2. Discutir sobre os maus tratos aos animais domésticos;

3. Avaliar e descrever as leis intituladas, precavendo punições e possíveis motivos de


sua ineficácia;

Justificativa

Compreende-se que apesar de ser extensamente discutido, os direitos dos animais


e o combate aos maus tratos é visto por muitos um tema de bastante irrelevância. A
primeira Lei de proteção aos animais foi promulgada em 1934, por Getúlio Vargas, o
decreto de lei 24.645 determinava a punição de multa e até mesmo detenção de 15
dias para pessoas que maltratava animais. Quase um século após, uma nova
mudança na legislação foi sancionada para endurecer mais as penas para quem
pratica maus tratos contra animais domésticos.
Sancionada pelo atual presidente Jair Bolsonaro a lei 14.064/2020 altera a lei n°
9.605/1998, também conhecida popularmente como Lei Sansão, determinando o
aumento da pena ao crime de maus–tratos aos animais quando se tratar de cão ou
gato.
Antes dela, a punição era regulada pelo art. 32 da Lei de Crimes Ambientais, que
previa detenção de três meses a um ano e multa. Só que na prática, essa pena era
quase sempre convertida em serviços comunitária e doação de cestas básicas.
Atualmente, temos um cenário completamente diferente em virtude dessa mudança,
com a Lei Sansão, maltratar animais domésticos pode ser atuado de dois a cinco
anos de reclusão, multa e proibição de ter a guarda de outros animais no futuro.
Além dessa mudança na legislação, a temática se mantém recente, infelizmente, em
função ao aumento de casos de violência contra os animais.
Sendo assim, é possível através do campo de pesquisa buscarmos e aprofundarmos
em informações relevantes tanto no ponto jurídico, quanto a sociedade, uma vez que
é necessário a notoriedade e a humanização da importância dos direitos dos
animais.

Marco Teórico

No que diz respeito à proteção brasileira em relação aos direitos dos animais,
o surgimento teve início com o Decreto 16.590/1924, onde regulamentou-se as
famosas casas de diversões públicas, que passou a impedir brigas de galo, canários,
corrida de touros e entre outros, os quais eram maltratados. Durante o governo de
Getúlio Vargas, promulgou-se no ano de 1934 o decreto nº 24.645, tornando
contravenção penal, os maus tratos contra os animais. Em 1941, incluiu-se na Lei
Federal 3.688, esse impedimento, porém fora revogada no decreto nº 11 de 1991.

No ano de 1988, o Poder Público passou ter a função de proteger os animais.


Houve também, por parte do Poder Legislativo, a preocupação com a saúde dos
animais, tendo modificado dois artigos do decreto 5.197/67, os crimes contra os
animais silvestres, tornaram-se inafiançáveis, proporcionando-lhes uma maior
segurança no que tange ao cometimento destes crimes. No entanto, denota-se que,
a redação do supra decreto, não inseriu os maus tratos contra os animais domésticos.

Freitas (1998), entende que, antes da lei 9.605/98 vigorar no Brasil, os crimes
ambientais se consideram na maioria das vezes, como crime de dano, e com isso, se
consuma diante do bem jurídico lesionado. Portanto, as práticas restringiam-se tais
crimes de forma culposa, o que gerava impunidade quando era cometido de forma
negligente, imprudente e/ou imperícia. Conquanto, necessitava-se revisar a lei,
fazendo-lhe tornar eficiente no que tange ao meio ambiente.

Sendo assim, editou-se a lei 9.605/98, que passou a ser chamada “Lei dos
Crimes Ambientais’’. E de acordo com Freitas (1998):

’Deixando de lado algumas incorreções e equívocos que poderão ser corrigidos com o tempo, é
verdade que dispomos de uma lei penal ambiental com indiscutíveis avanços, como a
responsabilidade penal da pessoa jurídica, que, certamente, em muito concorrerá para uma maior
eficácia na repressão às violações ao meio ambiente, no combate à poluição.’’
Dentre os tipos penais que tutelam a fauna, destaca-se o tipo penal do art. 32 da
Lei de Crimes Ambientais, o único passível de aplicação contra aqueles que
praticarem crimes contra animais domésticos e domesticados, uma vez que todas os
demais tipos penais que tutelam a fauna preocupam-se em tipificar condutas
envolvendo caça, pesca, tráfico ou lesão a animais nativos, silvestres e exóticos, visto
que estes possuem função ecológica relevante ao meio ambiente e,
consequentemente, à preservação da sadia qualidade de vida humana.

O referido artigo, traz a seguinte redação:

“Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a
um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa
ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre
morte do animal”.

Ademais, tem-se também, um comentário sobre o supra tema, do autor do


Projeto de Lei 2833/2011 que elaborou comentários a respeito do assunto, aludindo
especificamente o cão, sendo este, Ricardo Tripoli:

“A criminalização de atos de crueldade contra animais se justifica pelo fato de que o


início da prática criminosa e o desprezo pela vida do outro se inicia com a agressão
contra indefesos. Cães e gatos são dotados de sistema neurosensitivo, o que os torna
receptivos a estímulos externos e ambientais e os sujeita à condição de vítima em
casos de maus-tratos”.

Portanto, é imprescindível que haja uma mudança radical no comportamento


daqueles que praticam atos de crueldade, meramente pelo desprezo a vida alheia,
uma vez que os animais domésticos são seres vulneráveis e indefesos. Ressalta-se
também, que com o avanço da tecnologia, consequentemente das redes sociais, é
notório notícias frequentes sobre os maus tratos contra estes, fazendo-se crescer
ainda mais, a pressão da opinião pública, no que tange a pena aplicada ao autor do
crime.

Observa-se que, os animais domésticos, sequer dão motivos para serem


tratados com tanta crueldade e desprezo, e mesmo assim, milhões são maltratados
pelo ser humano no mundo inteiro. Além disso, percebe-se que o homem, desde os
tempos mais remotos, convive com “animais não humanos”, olhando-os com
superioridade, visando somente seus interesses individuais e escravizando-lhes das
mais variadas formas.

Dito isso, é importante que esta visão ultrapassada seja dissipada, para que só
assim, tenham uma vida digna e saudável, sendo reconhecidos por todo carinho e
amor que estes seres tão “sensíveis” se dedicam a nos oferecer.
Cumpre salientar que o abandono também se torna um problema, já que leva
às ruas milhares de animais, na qual observa-se segundo estatísticas recentes que
há mais 30 milhões, sendo 20 milhões destes cães. Importante mencionar também
que, apesar de haver uma regulamentação no ordenamento jurídico contra estes
abandonos, percebe-se que a pena é muito branda, tratando-se então, de uma
legislação pouco utilizada.

Como consequência desse entendimento, ressalta-se ainda que, o abandono


em propriedade de terceiros configura-se como crime, tipificado no art. 164 do Código
Penal Brasileira, que dispõe: “Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem
consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: Pena - detenção,
de quinze dias a seis meses, ou multa.”

Portanto, denota-se que, apesar de já existirem normas vigentes que regulamentam a tutela
dos animais domésticos no Brasil, constata-se a ineficácia em suas aplicações, pois não houveram
resultados positivos no que tange à diminuição do abandono e dos maus tratos. Isso ocorre em
virtude de dois fatores, onde o primeiro resulta do abrandamento das penas, o que
consequentemente não gera temor algum para àqueles que cometem o ato ilícito. Em se tratando
do segundo fator, é necessário que haja iniciativas de conscientização a respeito da proteção
animal no âmbito social, por meio de palestras e conferências acerca do respeito a estes seres; e
dentre inúmeras outras atitudes que possam ser eficazes no combate aos maus-tratos dos animais
domésticos, tornando-se necessária a reflexão no que tange a esta problemática atual que
vivenciamos.

Por fim, é de extrema relevância ressaltar que, recentemente foi sancionada a


Lei 14.064/2020, considerada até o presente momento, como o maior avanço na
legislação de proteção aos Animais no Brasil. A norma altera a Lei dos Crimes
Ambientais nº 9.605/2018, que antes tipificava a pena como detenção de três meses
a um ano, mais multa. Com a nova alteração, um item específico para os cães e gatos
foi inserido no texto legal, o qual aumenta a pena de quem maltratar ou praticar abusos
contra cães e gatos. A norma determina que a prática de abuso, maus-tratos,
ferimento ou mutilação destes, será punida com pena de reclusão, de dois a cinco
anos, além de multa e proibição de guarda.

A nova norma em questão foi batizada de Lei Sansão em homenagem ao


cachorro que foi vítima de agressões no estado de Minas Gerais, tendo patas
decepadas por um homem.

Hipótese

Para responder à indagação do problema de pesquisa, as hipóteses iniciais são:


• Promovendo ações sociais para conscientizar a sociedade a combater os maus
tratos contra os animais domésticos;

• Executando as leis existentes com a devida punição pelo Estado em face do


infrator;

• Ampliando as sanções impostas aos indivíduos que maltratarem os animais


domésticos.

Metodologia

Essa pesquisa terá como metodologia uma revisão bibliográfica pautada nos meios
que a Legislação e o Estado devem apontar para combater os maus tratos dos animais
domésticos. E também, ressaltar grandes informações sobre a proteção dos animais
domésticos, aludindo especificamente a penalização dos maus-tratos, usando bases
disponíveis nas fontes de dados bibliográficas. Em seguida com o propósito de servir
ao objetivo de discussão serão explanados conceitos, histórico e etc, com intuito de
melhorar o entendimento sobre o assunto.

Os trabalhos serão selecionados mediante buscas em conteúdos jurisprudenciais.;


levantamento bibliográfico em trabalhos de conclusão de curso; leis, revistas
eletrônicas, revistas científicas, bem como em sites de pesquisa científica tais como
Scielo e Google acadêmico. Os artigos serão pesquisados na língua portuguesa,
estando eles todos disponíveis para leitura e download.

O período da pesquisa inicial, ponto de partida para o projeto, se dará entre os meses
de agosto a novembro de 2021, e para a busca das referências foram utilizadas as
seguintes palavras-chaves: animais domésticos; maus tratos; leis.

Revisão de Literatura

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