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ANÁLISES
JURÍDICAS
DOS ÚLTIMOS
12 MESES.
DIREITO PENAL
APLICADO À VIDA REAL -
ALEXANDRE ZAMBONI.
1.
ANÁLISE 1
Bruna explicou que emprestou o aparelho para que os alunos pudessem tirar
fotografias de um evento escolar que, posteriormente, seriam usadas em uma
atividade pedagógica.
2.
ANÁLISE 1
Eis o que ele diz (negritei e sublinhei as partes aplicáveis ao caso em comento):
Ou seja: por mais que ela tenha dado o aparelho desbloqueado para eles, pela
versão dela não houve autorização para que eles acessassem pastas de
arquivos privados.
3.
ANÁLISE 2
ALGUNS ESCLARECIMENTOS
JURÍDICOS ACERCA DA
PRISÃO DOS MANDANTES
DO HOMICÍDIO DE
MARIELLE FRANCO.
4.
ANÁLISE 2
"O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas."
(STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018, informativo 900).
"Alexandre, isto significa, então, que o caso deveria estar na Justiça comum
em 1ª instância?"
Exemplos:
Daí, ocorre que o STJ entende que este mesmo raciocínio aplicado aos
magistrados, membros do ministério público, ministros do STF e STF, também
se aplica aos CONSELHEIROS DE TRIBUNAIS DE CONTAS:
5.
ANÁLISE 2
Daí, interpretando a súmula 704 do STF, tudo isso deveria estar no STJ (por
causa do Domingos e o resto iria com ele para lá), não no STF, haja vista que,
em que pese um dos envolvidos ser Deputado Federal, este não ostentava
esse cargo na época do crime.
Mas não há como negar que, SE BEM UTILIZADO E COM RESPEITO ÀS NORMAS
LEGAIS, esse instituto do "Direito Premial" tem potencial para ser um aliado
importantíssimo na obtenção de prova em situações demasiadamente
complexas, como se mostra este caso da Marielle.
Assim, a meu ver, a delação premiada funciona como uma importante arma
(repito: desde que bem utilizada e com respeito às normas legais) para o
Estado conseguir chegar em núcleos nos quais as técnicas tradicionais de
investigação não chegariam.
6.
ANÁLISE 2
- Estados Unidos: este instituto foi bastante utilizado durante uma dura
batalha travada contra o crime organizado (plea bargain);
7.
ANÁLISE 3
SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL X CONGRESSO
NACIONAL X "PEC DAS
DROGAS".
Vamos a ALGUNS esclarecimentos JURÍDICOS:
Como é amplamente sabido, o STF está julgando uma ação cujo resultado está
pendendo para que haja uma descriminalização da conduta de PORTE e/ou
POSSE de "maconha" para consumo pessoal.
A bem da verdade, a posição ora dominante no âmbito do STF é para que tal
"descriminalização" ocorra tão somente quando a conduta se dê em relação à
maconha.
A Constituição Federal não pode criminalizar condutas (quem faz isso é lei),
mas pode mandar que o poder legislativo criminalize (mandado constitucional
de criminalização).
Para essa PEC ser aprovada, ela precisa passar por dois turnos de votação no
plenário do Senado, seguir para a Câmara, onde também vai tramitar pela CCJ,
comissão especial e outras duas votações no plenário.
Uma PEC, ao contrário de uma LEI, não precisa de sanção presidencial (logo
não tem como haver veto presidencial), o próprio Congresso Nacional a
promulga e publica, ocasião em que ela começa a valer.
9.
ANÁLISE 3
Ao STF.
Vejamos, ainda:
Ou seja: ainda que esta "PEC DAS DROGAS" seja aprovada, promulgada e
publicada pelo Congresso Nacional, algum dos legitimados à propositura de
uma ADI (ação direta de inconstitucionalidade) poderão propô-la perante o
STF, o qual poderá julgá-la procedente e declarar como inconstitucional essa
emenda constitucional pretendida pelo Presidente do Senado.
10.
ANÁLISE 4
Em primeiro lugar, quero destacar que o policial NÃO praticou CRIME algum
com relação ao USO do CARRO.
Nessa conduta, o agente público não pega a coisa pública para dela se
apropriar, mas sim para USAR e depois devolver.
Agora dizer que tal conduta não é criminosa não é sinônimo de dizer que ela é
correta.
JURISPRUDÊNCIA
IMPORTANTÍSSIMA PARA A
ADVOCACIA CRIMINAL.
Já se prepara para enviar este post para todos/as advogados/as
criminalistas que você conhece!
Ocorre que POR MUITO TEMPO nunca tivemos horários estabelecidos para
que soubéssemos quando é DIA e quando é NOITE.
Daí, em 2019, a Lei nº 13.869 nos trouxe, no artigo 22, § 1º, III, tais horários.
Dia: 5h às 21h.
(Processo em segredo de justiça, Rel. Ministra Laurita Vaz, Rel. para acórdão
Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por maioria, julgado em
5/12/2023, DJe 15/12/2023)
Por que?
AGULHADAS NO CARNAVAL.
No dia seguinte, ela precisou fazer exames de sangue para HIV e hepatite.
Como um ataque assim é feito de forma rápida, para que a vítima não veja
quem fez, não se sabe o que tinha nas agulhas, nem se elas estavam
contaminadas com algum vírus.
(Fontes: G1 e UOL)
Caso não haja algo maléfico a ser transmitido, o crime é lesão corporal de
natureza leve (art. 129, caput, do Código Penal), cuja pena prevista é
detenção, de 3 meses a 1 ano.
13.
ANÁLISE 6
Caso haja algo maléfico e grave a ser transmitido, não tendo havido o efetivo
contágio, o crime é perigo de contágio de moléstia grave (art. 131 do Código
Penal), cuja pena prevista é reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
Se foi HIV, por exemplo, o crime é lesão corporal de natureza gravíssima, pois
se trata de lesão à saúde que ocasionou enfermidade incurável (art. 129, § 2º,
II, do Código Penal), cuja pena prevista é reclusão, de 2 a 8 anos.
Caso tenha havido o contágio de algo que venha a levar a vítima à morte, o
crime seria lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, do Código Penal),
cuja pena prevista é reclusão, de 4 a 12 anos.
14.
ANÁLISE 7
ESCLARECIMENTOS
JURÍDICOS SOBRE A
CONDENAÇÃO DE DANIEL
ALVES.
Vamos por partes:
- Como é amplamente sabido, Daniel Alves foi CONDENADO pela prática dos
crimes de agressão sexual (lá na Espanha o nome do crime é esse) e lesão
corporal leve.
- A pena que lhe foi imposta foi 4 anos e 6 meses de prisão no tocante ao crime
de agressão sexual e quanto ao crime de lesão corporal leve a pena foi
pecuniária: pagar uma multa de 9 mil euros, mediante o depósito de 150 euros
diários durante dois meses.
- Para ALÉM destas penas, impuseram uma vigilância de 5 anos após este
cumprir sua pena e, ainda, condenaram-no a pagar uma indenização de mais
de 150 mil euros à vítima.
"Cuando la agresión sexual consista en acceso carnal por vía vaginal, anal o
bucal, o introducción de miembros corporales u objetos por alguna de las dos
primeras vías, el responsable será castigado como reo de violación con la
pena de prisión de cuatro a doce años."
Tradução:
"Quando a agressão sexual consistir em acesso carnal pela via vaginal, anal
ou oral, ou introdução de membros do corpo ou objectos por uma das duas
primeiras vias, o responsável será punido como recluso de violação com pena
de prisão de quatro a doze anos."
15.
ANÁLISE 7
- A pena sofreu diminuição, não pela embriaguez alegada pelo jogador (como
muitos supuseram que seria, conforme prevê a lei espanhola), mas sim porque
"antes do julgamento, a defesa depositou na conta do tribunal a quantia de
150.000 euros para ser entregue à vítima independentemente do resultado
do julgamento”, e esse fato expressa, segundo o tribunal, “uma vontade
reparadora”.
Existir, EXISTE.
Para que isto tenha chance de acontecer, a pessoa condenada (no caso em
comento, o Daniel Alves) precisa externar, de forma expressa, a vontade de
cumprir sua pena no país de sua nacionalidade ou com o qual tenha vínculo
pessoal ou residência.
16.
ANÁLISE 7
4) precisa haver dupla tipicidade (ou seja, o crime pelo qual ele foi
condenado - 3stupro - precisa também ser considerado crime aqui no Brasil.
Sabemos que é);
E o MAIS importante:
Sobre este requisito de número 6, sou obrigado a afirmar que a Espanha PODE
conceder o pedido, mas NÃO É OBRIGADA a conceder.
Concede SE quiser.
Segundo: após analisar se o pedido atende aos requisitos formais (os 6 que
escrevi alhures), o DRCI/SNJ verificará se existe vaga em estabelecimento
prisional brasileiro que fique próximo aos familiares da condenada ou da
residência habitual dele.
17.
ANÁLISE 7
Se a ESPANHA aceitar mandar ela ao Brasil para cumprimento da pena que lhe
foi imposta, a execução desta pena seria de competência da Justiça Federal
(art. 105, § 1º da Lei 13445/17) e, como regra, seria utilizada a lei de execução
penal brasileira com relação ao cumprimento da pena.
Aqui, frise-se: o fato não poderia ser rediscutido no Brasil, este (o Brasil)
atuaria como mero Estado executor da condenação oriunda da Espanha.
18.
ANÁLISE 8
NA CIDADE DE TOLEDO/PR,
MULHER TIRA A BLUSA E
ESGUICHA LEITE MATERNO
EM POLICIAIS.
Minha gente, a gente morre e não vê tudo.
Entendamos o caso:
Segundo notícias (fonte: @plantao190), a Polícia Militar (PM) foi acionada para
investigar relatos de disparos de arma de fogo nas imediações de uma
conveniência local em Toledo no Paraná.
Durante a busca no veículo, a mulher tirou a blusa para fora deixando o seio à
mostra e, apertando-o, disparou jatos de leite (!!!!) nos policiais.
19.
ANÁLISE 8
Sim, configura crime de desobediência (art. 330 do Código Penal), cuja pena
prevista é detenção de 15 dias a 6 meses + multa.
A meu ver, há crime de desacato (art. 331 do Código Penal), cuja pena prevista
é detenção de 6 meses a 2 anos, ou multa.
Quanto ao crime de desacato em si, temos a sua prática quando há, por parte
do agente, uma atitude (verbal ou gestual) de menosprezar, menoscabar,
achincalhar, aviltar ou humilhar um funcionário público que está no exercício
da função (in officio) ou até fora dela, mas desde que, neste último caso, o ato
se dê em razão dela (propter officium).
O ato de desacatar pode se dar por via verbal, via gestual (mostrar o dedo do
meio, a famosa “dedada”) e também por ato físico (por exemplo, cuspir na
cara, jogar um papel no rosto, etc).
20.
ANÁLISE 8
Sim, há o crime de autoacusação falsa (art. 341 do Código Penal), cuja pena
prevista é detenção de 3 meses a 2 anos, ou multa.
Neste crime, a pessoa faz uma falsa confissão: ela se acusa, perante a
autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem.
21.
ANÁLISE 8
Configura PORTE.
Sendo a arma de calibre .38, o crime é o de porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido (art. 14 da Lei 10.826/03), cuja pena prevista é reclusão de 2 a 4
anos + multa.
ATENÇÃO:
22.
ANÁLISE 9
Segundo notícias (fonte: G1), um garoto de 5 anos de idade teve o órgão genital
decepado pelo padrasto, de 26 anos, no município de Canindé, no interior do
Ceará.
O caso foi descoberto após a vítima dar entrada no Hospital Instituto Doutor
José Frota (IJF), em Fortaleza, com o órgão dilacerado e parte dele em um
isopor.
"A criança chegou a falar que teria sido o padrasto que fez isso com ele.
Juntando essa informação com outros Boletins de Ocorrência que chegaram
aqui na delegacia, desse mesmo ano de 2023, disponibilizados pela família,
que não concorda com esse tipo de situação. Vimos que essa criança já vinha
sofrendo maus-tratos. Inclusive, no relatório médico apresentou que a
criança tinha cicatrizes recentes e antigas", falou o delegado Daniel Aragão.
O garoto teve o órgão genital reimplantado no mesmo dia em que deu entrada
no hospital e ficou internado na unidade em recuperação.
Porém, agora ele precisa fazer uma cirurgia completa de reconstrução para
ficar sem sequelas.
A família é humilde e não tem condições de pagar os custos, por isso estão
fazendo uma campanha para arrecadar R$ 150 mil.
Caso não tenha havido inutilização, mas sim DEBILIDADE permanente, seria
caso de LESÃO CORPORAL GRAVE (art. 129, § 1º, inciso III, do Código Penal),
cuja pena prevista é reclusão de 1 a 5 anos.
Quanto à mãe da criança, esta tinha o DEVER LEGAL (art. 13, § 2º, "a", do
Código Penal) de evitar o fato, DESDE QUE pudesse.
Assim, se constatado que ela podia evitar e não evitou, ela cometeu o mesmo
crime do padrasto, não por ter praticado a ação, mas sim por ter se omitido
quando não poderia ser omissa.
24.
ANÁLISE 10
É um daqueles casos que faz com que a gente fique alguns % mais descrente
com a humanidade.
[Alerta de gatilho]
“Por incrível que pareça, com a evolução das investigações, e para espanto
nosso, quem coadunava com esse tipo de situação era a mãe e a avó dessa
criança. Foi deflagrada a primeira fase da operação, no final de 2022, e a
gente apreendeu um equipamento de mídia. A partir da análise dele a gente
chegou até essa segunda fase, com a prisão de seis pessoas”, disse o
delegado.
(Fonte: G1)
Por motivos óbvios, somente posso tecer comentários acerca das informações
a que tive acesso, ou seja, o que foi noticiado.
25.
ANÁLISE 10
A este crime se aplica um aumento de pena de 1/2 porque foi praticado por
ascendentes da vítima e também se aplica um aumento de pena de 1/4 porque
houve concurso de pessoas (art. 226, incisos I e II, do Código Penal).
Para este delito, a lei criou uma possibilidade de diminuição na pena (1/3 a 2/3)
caso o material adquirido seja de "pequena quantidade", nos termos do artigo
241-B, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Minha opinião é que este, como regra, não deve ser possível, haja vista o
elevado grau de reprovabilidade de condutas como essas, sob a justificativa de
não ser necessário e suficiente para a repressão e prevenção do crime, a partir
da análise do caso concreto.
26.
ANÁLISE 11
Foram bastantes (não está como advérbio, logo vai para o plural).
É o que sempre digo: todos têm suas limitações, suas fraquezas, e meu
sentimento por cachorros é uma das minhas fraquezas.
Uma cadela foi morta a tiros por policiais militares durante uma abordagem
em uma casa no Bairro Leblon, em Uberaba.
Olha, tem muito conteúdo jurídico importante sobre este caso. Irei me ater ao
conteúdo jurídico, independentemente de qualquer outra coisa, beleza?
27.
ANÁLISE 11
Vamos lá.
Ela afirma que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar, EXCETO em casos de prestação de socorro, desastre, flagrante delito
ou cumprimento de ordem judicial (neste caso, durante o dia).
Ou seja:
Somente pode haver ingresso dentro da casa de alguém, sem este alguém
permitir, nas seguintes situações:
- Para cumprir ordem judicial (desde que durante o dia, aqui compreende-se
"dia" como sendo o horário entre 5h e 21h, nos termos do artigo 22, § 1º, III, da
Lei 13.869/19)
Aqui, juro, não quero julgar a dificuldade encontrada pelos policiais quando do
exercício da profissão. Algumas coisas que estudamos na teoria são difíceis de
averiguar na prática.
O STJ vem endurecendo - e muito! - sua jurisprudência acerca do que pode ser
considerada uma verdadeira identificação de estado de flagrância a fim de
justificar o ingresso domiciliar à revelia do morador.
28.
ANÁLISE 11
ou
Se estava diante de uma agressão justa, ele não pode alegar legítima defesa em
sua defesa.
Se o cachorro atacou sendo instado por algum humano, não há legítima defesa
porque o PM, ao dar causa a uma situação ilícita, não estaria diante de uma
agressão injusta, mas sim diante de uma agressão justa.
30.
ANÁLISE 12
EM ATIBAIA/SP, APÓS
DESCOBRIR TRAIÇÃO,
MULHER CORTA PÊNiS DO
MARIDO E O JOGA NA
PRIVADA.
Brasil: streaming que não cobra mensalidade.
Em depoimento, ela disse que simulou que teria uma relação sexual com o
marido, amarrou as mãos dele usando uma calcinha e, quando ele estava com
pênis ereto, cortou o órgão usando uma navalha.
Ela deu descarga com a intenção de que o órgão genital não fosse
reimplantado.
Na hipótese de lesão corporal, esta seria gravíssima, por ter ocasionado perda
de membro (art. 129, § 2º, III, do Código Penal), tendo como pena prevista
reclusão de 2 a 8 anos.
Assim, uma das principais teses defensivas para quem for defender esta
mulher PODE ser descartar a intenção homicida.
Isto porque, no Brasil, a idade para consentimento válido quanto a atos sexuais
é quando a pessoa possui idade igual ou superior a 14 anos.
Caso a pessoa possua idade inferior a 14 anos, quem com ela praticar qualquer
ato sexual comete crime de 3stupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal).
Neste sentido, o Código Penal (art. 65, III, "d") diz que a "confissão sempre
atenua a pena".
Confissão simples: se dá quando o investigado ou réu confessa tudo que lhe foi
imputado, sem ressalvas.
Exemplo: o sujeito confessa que matou a vítima, mas afirma ter feito isso em
legítima defesa.
Confissão parcial: o investigado ou réu não confessa tudo que está sendo
atribuído, apenas uma parte.
Visando dar fim à controvérsia, o STJ editou a súmula 545, que diz:
Não importa o tipo da confissão, se ela for útil ao juiz quando por ocasião da
sentença o réu terá direito à atenuante.
"O réu fará jus à atenuante do art. 65, III, “d”, do CP quando houver admitido
a autoria do crime perante a autoridade, independentemente de a confissão
ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da sentença condenatória,
e mesmo que seja ela parcial, qualificada, extrajudicial ou retratada."
34.
ANÁLISE 13
EM RECIFE/PE, IDOSO DE 80
ANOS É PRESO APÓS SER
FILMADO TOCANDO AS
PARTES ÍNTIMAS DE UMA
MENINA DE 5 ANOS.
Mais uma da série: é possível subsolo em fundo de poço.
Segundo notícias (fonte: g1), um idoso de 80 anos foi preso em flagrante por
tocar as partes íntimas de uma menina de 5 anos, no bairro do Arruda, na Zona
Norte do Recife.
O crime foi filmado e publicado nas redes sociais (óbvio que não postarei o
vídeo).
Nas imagens é possível ver o idoso, que não teve o nome divulgado, sentado
em uma cadeira na calçada e pedindo para a criança se aproximar.
Isto porque a terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob o rito
dos recursos repetitivos (Tema 1.121), fixou a tese de que, presente o dolo
específico de satisfazer a lascívia, própria ou de terceiro, a prática de ato
libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de estupro de vulnerável
(artigo 217-A do Código Penal), independentemente da ligeireza ou da
superficialidade da conduta, não sendo possível a configuração do delito de
importunação sexual (artigo 215-A do CP).
35.
ANÁLISE 13
Assim, no caso sob análise, segundo o STJ, o crime seria importunação sexual
(art. 215-A) APENAS se a vítima tivesse idade igual ou superior a 14 anos.
Como a vítima tinha idade inferior a 14 anos, o crime é estupro de vulnerável
(art. 217-A).
Com relação à idade avançada do criminoso (80 anos), tem-se que a senilidade
não exclui responsabilidade criminal.
36.
ANÁLISE 14
Em dado momento, ela disse para ele que engravidou dele, também afirmou
que engravidou para toda a sua (dela) família.
Daí, quando, na cabeça dela, chegou o "momento" de parir, ela se dirigiu até
uma maternidade.
Chegando lá, tirou fotos não só da recepção como da enfermaria, dizendo para
os familiares que estava se internando para ter a criança.
Em seguida, o bebê já estava de volta aos braços dos seus verdadeiros pais,
graças a Deus.
Em primeiro lugar, é o que sempre digo: trabalhar com Direito Penal é ver
coisas inacreditáveis, afinal se trata de um direito que guarda íntima relação
com a falência humana.
Quem faz algo assim, do ponto de vista moral, é QUALQUER COISA, exceto uma
boa pessoa.
Não é caso do crime de sequestro (art. 148 do Código Penal), por aplicação do
princípio da especialidade (lex specialis derogat generali).
37.
ANÁLISE 14
Seguinte:
É óbvio que um recém-nascido está sob guarda dos seus pais em virtude de lei,
daí porque pegá-lo e levá-lo à revelia deles configura o crime de subtração de
incapazes (art. 249 do Código Penal).
Caso o menor não tivesse sido subtraído da companhia dos pais, aí poderíamos
cogitar do crime de sequestro (art. 148 do Código Penal), inclusive este seria
qualificado por haver sido cometido contra menor de 18 anos (§ 1º, IV).
Algo peculiar neste crime de subtração de incapazes (art. 249) é o fato de que
existe possibilidade do juiz deixar de aplicar a pena (perdão judicial), caso o
criminoso restitua, voluntariamente, o menor (art. 249, § 2º).
Obviamente isto não se aplica ao caso dessa mulher, pois ela não restituiu o
menor aos pais, a Polícia Militar que o encontrou.
Por fim, a meu ver, a prisão em flagrante da mulher foi juridicamente possível
porque prevalece o entendimento de que este crime de subtração de incapazes
é permanente (Mirabete, Fragoso e Régis Prado entendem assim), e crimes
permanentes admitem prisão em flagrante a qualquer tempo.
38.
ANÁLISE 15
EM PRAIA GRANDE/SP,
PROFESSORA É DEMITIDA
APÓS BEIJAR ALUNO DE 14
ANOS DE IDADE.
Segundo notícias (fonte: G1), uma professora de artes foi demitida após beijar
um estudante de 14 anos de idade do 9º ano do ensino fundamental de uma
escola municipal em Praia Grande, no litoral de São Paulo.
Por que?
Porque, pelo que li e ouvi, não existe crime de estupro, tampouco crime de
violação sexual mediante fraude.
Assim, qualquer ato sexual com uma pessoa de idade igual ou superior a 14
anos somente é criminoso se foi sem consentimento (crime de estupro, art. 213
do Código Penal) ou mediante fraude (crime de violação s3xual mediante
fraude, art. 215 do Código Penal).
Tendo havido consentimento e não tendo havido fraude, não existe crime
algum.
A situação muda nos casos em que o ato sexual é praticado com quem tem
idade inferior a 14 anos.
Daí, indaga-se:
Na doutrina, o tema sempre foi muito dissonante: uns dizendo que esse crime
pode ser caracterizado quando se trata de relação professor x aluno, outros
dizendo que não pode.
Contudo, um julgado com considerável força (de uma turma do STJ, a 6ª)
passou a existir, mais especificamente em 2019.
Assim, considerando que uma decisão colegiada de uma das turmas criminais
possui uma força considerável (embora não seja vinculante), existe uma boa
chance de que esse entendimento passe a prevalecer, ao menos por ora, no
tocante às instâncias inferiores.
40.
AS MELHORES
ANÁLISES
JURÍDICAS
DOS ÚLTIMOS
12 MESES.
DIREITO PENAL
APLICADO À VIDA REAL -
ALEXANDRE ZAMBONI.