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Unidade II
3 SEGURANÇA NAS EMPRESAS
Nesse período, houve também aumento da densidade populacional das grandes cidades e das
capitais, que não foi acompanhado na mesma proporção pela geração de empregos, o que se configurou
como um dos fatores motivadores de violência urbana.
Observação
O crescimento dos serviços de segurança privada tem sido notório desde as últimas décadas
do século XX, com a ampliação de guardas privados, de veículos de segurança patrimonial e de
equipamentos de vigilância, como câmeras. Esses serviços atuam em variados segmentos: segurança
eletrônica, segurança patrimonial (residencial, comercial, industrial, institucional etc.), escolta e
monitoramento no transporte de valores e de cargas.
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Unidade II
É comum, em vários lugares, lermos o aviso “Sorria, você está sendo filmado”. O monitoramento
dos espaços, públicos ou privados, levanta questões polêmicas que envolvem a oposição entre
segurança e privacidade.
Em grande parte dos países ocidentais, os serviços de segurança privada expandiram-se a partir da
década de 1960, especialmente com o avanço do liberalismo como doutrina político-econômica.
No Brasil, em 1969, o Decreto-Lei 1.034 autorizou a prestação de serviços dessa natureza para a
proteção de instituições financeiras.
A demanda por segurança privada aumentou consideravelmente ao longo dos anos. Assim, tal
atividade estendeu-se também a empresas particulares. O novo cenário exigiu normatização mais
ampla. Houve, então, grande esforço para regulamentar o serviço de segurança privada por meio de
legislação específica. Em 1983, a Lei n. 7.102 (BRASIL, 1983) cumpriu essa tarefa, e a fiscalização deixou
de ser estadual (SSP) e passou a ser federal (PF – MJ).
Nos mapas apresentados nas figuras 9 e 10, podemos ver uma comparação das taxas de homicídios
por estado brasileiro, em 1980 e 2017. A escala é a mesma nos dois mapas. Vemos que a taxa de
homicídios aumentou ou se manteve no mesmo intervalo, excetuando-se o estado de São Paulo, onde
houve diminuição desse índice.
1980
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
2017
Saiba mais
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Unidade II
Outro ponto a ser considerado é que, nessas últimas décadas, o principal patrimônio de uma
empresa deixou de ser seus produtos ou patrimônios, conforme a informação se tornou um dos ativos
mais importantes de diversas empresas. Temos empresas com patrimônio gigantesco que não produzem
um único parafuso, mas lidam com informação. É importante que o profissional de segurança esteja
ciente desse fato e esteja preparado para proteger também as informações das empresas.
Observação
Lembrete
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
As principais ameaças que envolvem questões de segurança nas empresas estão relacionadas a:
• roubos e furtos;
• espionagem industrial;
• contaminações;
• acidentes do trabalho;
• sequestros.
Espionagem Acidentes do
industrial trabalho
Para evitar ou minimizar a ocorrência de roubos e furtos dentro do ambiente empresarial, é necessária
a elaboração de um plano de segurança. Esse plano pode apontar a necessidade de dispositivos de
monitoramento, como câmeras de vídeo, ou dispositivos de barreiras, como fechaduras eletrônicas
em áreas sensíveis, para evitar que pessoas dentro da empresa pratiquem atos ilícitos ou acessem
áreas indevidas.
A fim de impedir que pessoas externas à empresa acessem suas instalações e pratiquem delitos, é
fundamental que haja controle de acesso ao prédio, com pessoal de segurança treinado monitorando o
acesso e com uso de catracas para restringir o fluxo de pessoas. Quanto às invasões externas, a instalação
de dispositivos de segurança perimetral em muros e cercas pode ser importante. Esses dispositivos de
segurança serão detalhados mais adiante.
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Unidade II
A proteção contra incêndios é fundamental para garantir a preservação das instalações físicas e
a segurança dos funcionários da empresa. A empresa deve ter um sistema de detecção e alarme de
incêndio (SDAI), que deve estar em funcionamento adequado e com a manutenção em dia. Além disso,
deve haver treinamento periódico para a evacuação da empresa em caso de emergência. Os detalhes do
SDAI serão especificados mais adiante neste livro.
O gestor de segurança deve trabalhar com a equipe de tecnologia da informação (TI) para resguardar
as informações e os dados da empresa e deve ter à disposição equipamentos de informática e de
comunicação. Nesse ponto, a restrição e o controle de acesso a pessoas não autorizadas a ambientes
sensíveis, como data centers ou salas com dispositivos de informática e rede, são essenciais.
Além das instalações, dos produtos e do pessoal, outro ponto de valor para as empresas são seus modos
de produção ou os ingredientes de certos produtos, que podem ser classificados como segredos industriais.
Uma empresa concorrente teria vantagem no mercado se tivesse acesso a esses segredos. É função da equipe
de segurança empresarial resguardar essas informações sensíveis, impedindo que pessoas não autorizadas
tenham acesso a elas e controlando acesso físico e virtual a esses dados.
A equipe de segurança deve atuar junto dos engenheiros de segurança do trabalho e dos médicos do
trabalho para minimizar a ocorrência de acidentes de trabalho no ambiente empresarial. Esses acidentes
podem gerar contaminações no ambiente de trabalho, o que demanda atuação da equipe de segurança
para garantir a evacuação das instalações. As contaminações também podem ter causa criminosa e,
nesse caso, a atuação da equipe de segurança também se dá para impedir que alguém mal-intencionado
tenha acesso às instalações da fábrica e pratique atos de sabotagem.
Saiba mais
A equipe de segurança é responsável pela segurança dos funcionários da empresa, mas também deve
estar atenta à segurança do escalão mais alto da empresa, que pode ser alvo de sequestros e ameaças.
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
A equipe de segurança tem como objetivos resguardar o patrimônio material, o patrimônio imaterial
e as pessoas que trabalham na empresa. Isso pode se dar sob a forma de medidas preventivas, nas
quais a equipe de segurança se antecipa às ocorrências, ou sob a forma de medidas combativas,
quando o problema de segurança ocorre e deve ser enfrentado o mais breve e de forma mais eficiente
possível. É função da segurança também garantir a retomada do funcionamento da empresa em
caso de ocorrência.
Para atingir esses objetivos, a equipe de segurança deve estar preparada para agir em caso de
ocorrência e tomar ações preventivas. As ações preventivas envolvem monitoramento da área da empresa,
que pode ocorrer, de acordo com o plano de segurança, com a realização de rondas, vigilância em postos
físicos ou monitoramento por meio de dispositivos de segurança. A equipe deve estar preparada, dentro
de suas atribuições, a operar e a usar os dispositivos de monitoramento.
Outra função da segurança é trabalhar com o controle de acesso das pessoas ao prédio, tanto em
uma portaria ou em uma recepção quanto em ambientes internos restritos. Hoje em dia, temos catracas
que são liberadas com o uso de cartões ou QR code, que facilitam o controle de acesso na empresa,
conforme veremos mais adiante, mas o trabalho humano também é essencial. O segurança deve estar
atento à movimentação das pessoas e ficar alerta em caso de qualquer comportamento atípico.
Observação
• apoio administrativo;
• supervisão de inteligência;
Supervisão de
controle de acessos
Supervisão de
inteligência
Apoio
administrativo
• interagir com órgãos oficiais de segurança para gerar conhecimento que será aplicado em ações
preventivas de rotina;
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
A contrainteligência pode se dar tanto sob a forma de segurança passiva quanto sob a forma de
segurança ativa.
• segurança de pessoal;
• segurança da informática.
Na figura 14, temos uma representação dos elementos que compõem a segurança passiva.
Segurança
de pessoal
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Unidade II
A segurança de pessoal tem como meta a adoção de comportamentos adequados pelas pessoas
que trabalhem na equipe de segurança. Os profissionais da equipe de segurança devem ser sempre
monitorados quanto à sua conduta, e antecedentes criminais devem ser levantados quando da
sua contratação.
A segurança ativa tem sua atuação baseada na realização de ações de contrainteligência, como as
citadas por Dantas Filho (2004, p. 165):
• contraespionagem;
• contraterrorismo;
• contrassabotagem;
• contrapropaganda;
• desinformação.
O contraterrorismo tem como objetivo identificar e inviabilizar ações terroristas, da mesma forma que a
contrassabotagem tem como objetivo identificar e neutralizar ações de sabotagem.
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
A supervisão de controle de acesso é responsável pelo ingresso e pela saída de pessoas, veículos,
materiais, equipamentos e informações, e segundo Marcondes (2017b) é composta de:
• serviço de portaria;
• central de monitoramento.
Lembrete
Na figura 15, temos uma representação das responsabilidades do supervisor de controle de acesso.
Portaria
Vigilância
patrimonial
Central de
monitoramento
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A central de monitoramento é responsável pela operação dos diversos sistemas de sensores e câmeras
usados na segurança. São atribuições da central de monitoramento (MARCONDES, 2017b):
• fazer contato com a Central da Polícia Militar e com a Rede Integrada de Emergência (Rinem).
Saiba mais
• realizar rondas;
• intervir quando houver crime contra o patrimônio ou contra a integridade física das pessoas
da organização.
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
Na figura 16, mostramos uma representação das atribuições do serviço de vigilância patrimonial.
Atuar na ocorrência
de emergências
Controlar o fluxo de
pessoas e veículos
Realizar rondas
O setor de segurança não atua sozinho dentro de uma empresa, visto que sua função abrange a
empresa como um todo e engloba todos os seus funcionários. Logo, a interação do setor de segurança
com os demais setores da empresa é fundamental.
A divisão de uma empresa em setores é fundamental para seu funcionamento, já que isso delimita as
funções que cada setor exerce, o que evita o acúmulo de tarefas, facilita a identificação dos responsáveis
por cada processo e acarreta maior agilidade e aumento da produtividade. Essa divisão não quer dizer
que os setores trabalhem isolados uns dos outros, já que a interação e o diálogo entre os diferentes
setores são fundamentais para o funcionamento da empresa.
Logística
Comercial Financeiro
Administrativo
Recursos Produção
humanos
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• gerenciamento de tarefas;
• fiscalização de atividades;
• tomada de decisões.
O setor de RH tem como principal papel a interação entre a empresa e seus funcionários.
• seleção de pessoal;
• contratação de pessoal;
• alocação de pessoal;
• motivação da equipe;
• reconhecimento;
• atração de talentos;
• retenção de talentos;
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
• garantia de higiene;
• realização de pagamentos.
O setor de RH é responsável pelo bem-estar dos funcionários da empresa, por isso sua interação com
o setor de segurança é essencial.
A função do departamento financeiro de uma empresa é garantir recursos para que ela mantenha a
sua atividade e continue a fornecer seus produtos ou serviços. São de responsabilidade do setor financeiro:
• controle de tesouraria;
• controle de investimentos;
• gestão de contas;
• gestão de impostos;
• planejamento financeiro;
Em algumas empresas, além do departamento financeiro, há o setor contábil, que trabalha com
fluxo de caixa e pagamentos de contas e faz a movimentação de ativos e passivos da empresa.
Observação
O setor comercial, também conhecido como setor de marketing, é o setor responsável pelas vendas
de produtos e de serviços de uma empresa. São funções do setor comercial:
O setor comercial não tem como objetivo apenas o aumento direto das vendas de produtos e serviços
de uma empresa, mas também a construção da imagem da empresa com consumidores e com o público
em geral, além da manutenção de um bom relacionamento com os clientes.
O setor de logística é o responsável pelo transporte de insumos e dos produtos que a empresa produz,
seja entre unidades da própria empresa, seja na entrega dos produtos vendidos. Havendo transporte
externo de bens, é necessária a interação do setor de logística com o setor de segurança para que não
haja intercorrências durante esse deslocamento.
O serviço de logística de uma empresa pode ser terceirizado, o que não elimina a necessidade de
interação com o setor de segurança.
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• escolta;
• escolta armada;
• veículos especiais/blindados;
O setor de produção, também conhecido como setor operacional, é o setor central de uma empresa.
Ele é responsável por transformar a matéria-prima no produto final comercializado pela empresa.
Vemos que o setor de produção tem forte ligação com os demais setores apresentados, de forma que
um setor da empresa depende dos outros para que haja uma atividade eficiente.
A interação do setor de produção com o setor de segurança se dá, principalmente, para garantir a
segurança dos funcionários na produção e a segurança do transporte de matérias-primas e produtos.
Exemplo de aplicação
A ideia de o Estado atuar como regulador das relações sociais e ser responsável pela gestão de
conflitos remonta à Idade Moderna, com Thomas Hobbes. Segundo o filósofo, os homens em estado
de natureza tenderiam à disputa pelos recursos que satisfizessem suas necessidades. A máxima “o
homem é o lobo do homem” expressa sua tese, segundo a qual seria necessária a presença do Estado
para resolver os conflitos. Na perspectiva hobbesiana, expressa na obra Leviatã, os homens, por meio de
um contrato social, cederiam poderes ao soberano em troca da segurança.
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Unidade II
Na concepção moderna de Estado, portanto, os cidadãos contam com o poder instituído para se
sentirem seguros e atendidos em suas necessidades. Cabe ressaltar, no entanto, que a segurança que
o cidadão almeja não diz respeito apenas à prevenção contra assaltos, roubos e assassinatos. Não há
dúvida, todavia, de que esses problemas ocupam lugar de destaque na sociedade até os dias atuais.
Com base nessas informações, reflita: como você avalia as ideias explicadas à luz da atualidade?
Resumo
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Exercícios
Questão 1. Observe, na figura a seguir, a definição de missão da segurança dada por Henri Fayol.
Figura 18
PORQUE
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I – Afirmativa falsa.
II – Afirmativa falsa.
Justificativa: mesmo com os avanços tecnológicos presentes na atualidade, não se pode dizer que
sejamos capazes evitar as consequências de desastres naturais severos. Vale notar que muitos eventos
naturais que causam danos às pessoas e às empresas nem podem ser controlados.
Questão 2. (Covest 2012, adaptada) Podemos dizer que o início da atividade de segurança privada
no Brasil teve como principal impulsionador:
Análise da questão
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Figura 19
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