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Disciplina: SHS-0323 - Sistemas de abastecimento e Tratamento de Água Profa Lyda Patricia Sabogal Paz
Importante: os procedimentos e as fórmulas aqui indicados somente são válidos para o projeto didático dos alunos de
graduação da disciplina SHS 0323. Destaca-se que cada projeto tem suas particularidades as quais devem ser
ENCIV0124
criteriosamente avaliadas pelo engenheiro responsável, assim, não existe um procedimento "universal" para o
dimensionamento de cada componente da captação. Na Figura 1 apresenta-se, como exemplo didático, um esquema de
uma captação com canal com grades e caixa de areia associados ao vertedor da barragem de nível.
STOP-LOG STOP-LOG
GRADE GROSSA GRADE FINA
N.A. MAX
N.A. MIN.
Hmin. vert Ymax.
CRISTA DO Ymin.
VERTEDOR e= REBAIXO PARA ACUMULO DE AREIA
CAIXA DE AREIA
CORTE ESQUEMÁTICO
S/ ESCALA
STOP-LOG STOP-LOG
CAIXA DE AREIA
B
CAIXA DE AREIA
B
Adota-se o tipo de vertedor que se deseje construir, que tem uma expressão do tipo Q = f (H d , L v ), em que H d :
altura de nível de água na crista do vertedor, L v : comprimento do vertedor e Q v : vazão. Como exemplo didático, será
adotado um vertedor retangular a ser instalado na barragem de nível.
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Formula prática do vertedor retangular: Q v = 1,838 L v H d Eq. 1
Em que: H d : altura de nível de água na crista do vertedor (m); L v : comprimento do vertedor (m); Q v : vazão
que passa pelo vertedor (m3/s). Lembremos que a vazão que passa pelo vertedor é:
a) a vazão de cheia (sem considerar a vazão de captação) para fins de dimensionamento estrutural.
b) a vazão residual do manancial (considerando a vazão de captação) para determinação da variação de nível de água na
crista do vertedor (associada à oscilação de nível na captação).
Q v = Q manancial - Q Eq. 2
Em que: Q manancial : vazão do manancial (m3/s) e Q: vazão de dimensionamento da captação (m3/s). Expressando
a Equação 1 em termos de H d , tem-se:
O manancial tem diferentes vazões. Para determinação da variação de nível no manancial (e na crista do
vertedor) trabalhar as vazões máxima e mínima (valores extremos):
Os dados necessários para projeto são: Q manancial, L v, Q, determinados para cada caso (no nosso caso, são
fornecidos no exercício prático de projeto). Determina-se, desta forma, H d max e H d min , assim, pode-se determinar a
oscilação de nível de água acima da crista do vertedor da barragem de nível, segundo Eq.6.
Corte Planta
A partícula discreta apresenta dois movimentos:
Para que a partícula seja removida no desarenador, t s ≤ t h e analisando a situação mais crítica: t s = t h , então:
ts = th
h/V s = L/V h → L = h V h /V s
Importante: h (altura do desarenador) não interessa no cálculo de L, no entanto, é importante fixar um valor adequado para evitar o arraste
de areia depositada, assim, V h = Q/Bh deve estar compreendida entre: 0,1m/s ≤ V h ≤ 0,3m/s.
Figura 2. Movimento de uma partícula discreta na posição mais desfavorável dentro do desarenador
(entrando na parte superior da unidade)
O ideal é que V s seja obtido experimentalmente, adotando um tamanho mínimo de partícula que deva ser removido
no desarenador. A NBR 12213/92 indica que V s ≤ 0,021m/s para remover partículas com ∅ ≥0,2mm. Vários autores
apresentam valores de V s obtidos em resultados experimentais, segundo Tabela 1. Na falta de dados experimentais, o
valor de V s a ser adotado deve atender à restrição indicada pela NBR 12213/92.
Tabela 1. Velocidade de sedimentação de grãos de areia (g = 2650 kgf/m3) - Heller & Pádua (2006)
Velocidade de sedimentação (m/s)
Diâmetro dos grãos (mm) Hazen (Temperatura: 10oC) Azevedo Netto (T = 20oC)
1,00 0,01 -
0,80 0,083 -
0,60 0,063 -
0,50 0,053 -
0,40 0,042 -
0,30 0,032 0,043
0,20 0,021 0,024
0,15 0,015 -
0,10 0,008 0,009
0,01 - 0,0001
0,001 - 0,000001
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Os valores devem oscilar entre 0,1 m/s ≤ V h ≤ 0,3 m/s (para facilitar a remoção dos sólidos em suspensão) e
lembrar que V h = Q/B.h; assim, adotando um valor de V h e substituindo os dados conhecidos, pode-se expressar h em
função de B. “h” é o nível de água na unidade.
A oscilação do nível de água no desarenador (∆h) deve ser igual à oscilação do nível de água sobre a crista do
vertedor da barragem de nível (∆Y), assim: ∆h = ∆Y.
A NBR 12213/92 indica que o comprimento teórico do desarenador – L deva ser multiplicado por um
coeficiente de segurança de 1,5. Entende-se que o motivo desse coeficiente seja o de considerar os fatores que reduzem
ou aumentam o tempo teórico de detenção da água na unidade (efeito dos ventos, da temperatura, etc.).
Lt = 1,5L Eq. 8
Lt e B, já devem estar definidos!. Sempre verificar que Lt/B ≥ 3, caso contrário, aumentar Lt!
Substituído o valor de B e a vazão de dimensionamento da captação (Q), então, são definidas as alturas no
desarenador, assim: h max = Q/B.0,1 e h min = Q/B.0,3
O cálculo é feito com base no teor de sólidos sedimentáveis – SSed da água do manancial (dado fornecido no
exercício prático) e no período de limpeza dos desarenadores que oscila entre 2 e 7 dias (o número de dias já é definido
no exercício prático). Lembrar que:
Descarga de areia (L areia /s) = vazão de dimensionamento (L água /s) x SSed (L areia /L água ) Eq. 9
Volume areia acumulada = Descarga de areia (L areia /s) x tempo de limpeza Eq. 10
Os dados das equações anteriores são conhecidos!. O rebaixo do desarenador pode ser determinado pela
seguinte equação:
Volume areia acumulada (m3) = e .Lt. B → e = Volume areia acumulada (m3)/(Lt. B) Eq. 11
Importante: e ≥ 0,25m (valor prático para evitar arraste de areia previamente depositada). Os dados da equação
anterior, também, são conhecidos!
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Figura 4. Forma geométrica segundo a seção transversal das barras (NBR 12213/92)
- Material das barras: material que evite a corrosão, por exemplo, aço carbono com pintura anti-corrosiva.
Aplicando a equação de continuidade, tem-se: Q = V.A → Q = V(B g .h min ) → B g = Q/V.h min Eq. 12
Em que: B g : largura na região à jusante da grade fina (m), h min : nível mínimo de água no desarenador (m) e V:
velocidade GHDSUR[LPDomRQDJUDGH (utilizar V = 0,6 m/s, como regra prática).
Analisando a Figura 2, adota-se n como o número de espaços vazios entre barras e como m o número de barras,
neste caso tem-se: Número de espaços vazios entre as barras: n; Número de barras: m = n+1
Em que: b: espaçamento entre as barras (m) (ajustado próximo ao valor desejado para retenção dos sólidos de
interesse), s: espessura das barras (m) (fixo), B g : largura do canal das grades finas.
Para definir a velocidade de escoamento entre as barras, é necessário estabelecer a largura útil de escoamento entre
as barras (B gu ), assim: B gu = B g - m.s
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Em que: B g : largura do canal das grades finas, m: número de barras nas grades e s: espessura das barras.
3.6. Determinar a velocidade de escoamento entre as barras da grade
Para o cálculo da velocidade de escoamento entre as barras da grade (V eg ), devem ser considerado: 50% de
obstrução da seção de passagem na grade e h min , aplicando a Eq. 14.
Em que, Q: vazão de dimensionamento da captação (m3/s), B gu: largura útil entre as grades (m) e h min : altura
mínima e nível de água no canal (m). Lembrar que h min implica em maior valor de V eg .
∆h gf = k (V eg )2/2g Eq. 15
Em que: β = coeficiente, função da forma da barra, segundo Figura 3; s = espessura das barras (m); b =
distância livre entre barras (m); α = ângulo da grade em relação à horizontal (o)
O dimensionamento das grades grossas é análogo ao das grades finas, somente, ter cuidado com os seguintes
aspectos: i) a largura do canal das grades não muda e é igual a B g ; ii) para determinar a velocidade de escoamento aentre montante
das grades grossas, deve-se considerar que o nível crítico de água a ser considerado deve ser h ming = h min + ∆h grades finas
Iniciar o cálculo das cotas a partir da cota conhecida, ou seja, do ponto conhecido – PC (no exercício prático, PC é a
cota do fundo do canal, depois do desarenador)
EXERCÍCIO
Dimensionar as estruturas de captação (vertedor da barragem de nível, grades e desarenadores ), tomando como base
os desenhos indicados nas Figuras 1 e 5. Os dados são:
Grades finas
- Espessura das barras: 5/16” (0,79cm)
- Espaçamento previsto entre as barras: 2 cm
- Inclinação com a horizontal: 70 o
- Forma da barras: circular
- Material das barras: aço carbono com pintura anti-corrosiva
Grades grossas
- Espessura das barras: 7/16” (1,11cm)
- Espaçamento previsto entre as barras: 10 cm
- Inclinação com a horizontal: 70 o
- Forma da barras: circular
- Material das barras: aço carbono com pintura anti-corrosiva