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CENTRO UNIVERSITÁRIO APARÍCIO CARVALHO - FIMCA

CURSO DE MEDICINA

A COMPLEXIDADE DIAGNÓSTICA ENTRE O TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE


IDENTIDADE E A ESQUIZOFRENIA

PORTO VELHO
2022
ANA LUIZA RICCI DOS SANTOS
NICOLY MACIEL PACHECO
YASMIN SANTANA CANUTO

A COMPLEXIDADE DIAGNÓSTICA ENTRE O TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE


IDENTIDADE E A ESQUIZOFRENIA

Relatório do plano de trabalho de


pesquisa elaborado como requisito
avaliativo do curso de Medicina do Centro
Universitário Aparício Carvalho – FIMCA.

Orientador: Profa. Dra. Alcione de Oliveira dos Santos

PORTO VELHO
2022
RESUMO

O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) trata-se de uma perturbação


mental que leva um indivíduo a desenvolver duas ou mais personalidades,
totalmente distintas e independentes, em decorrência de um trauma significativo.
Seus sintomas característicos – alteração de identidade e amnésia – são
semelhantes aos da esquizofrenia, um transtorno do tipo psicótico no qual o
indivíduo apresenta episódios recorrentes de psicose. Essa semelhança é histórica e
ainda gera dúvidas em muito profissionais, resultando em diagnósticos falhos e
precipitados. Destacaram-se as diferenças entre o TDI e a esquizofrenia, com o
intuito de esclarecer e direcionar profissionais da saúde, de forma a evitar a falha
diagnóstica. Para isso, analisa-se as principais características e sintomas de cada
uma das doenças destacando as principais diferenças entre elas.
Para realizar essa pesquisa foi feito uma busca bibliográfica do tipo
integrativa utilizando-se de artigos científicos, publicados tanto na língua portuguesa
como inglesa, entre 1989 a 2019, retirados de plataformas onlines de busca como
Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Public Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online (PubMed).
A partir da discussão levantada observou-se a esquizofrenia sendo uma
doença de caráter hereditário, possuindo sintomas predominantemente somáticos
com déficits sensoriais que são adquiridos ao longo da vida. Já o TDI trata-se de um
“mecanismo de defesa” do próprio organismo, de maneira que a dissociação em
várias personalidades proteja a identidade principal do trauma sofrido.
Portanto, este estudo buscou explicar de maneira clara a definição destas
duas patologias, revisando suas etiologias, similaridades clínicas, testes
diagnósticos já conhecidos e possíveis tratamentos, contribuindo então para futuros
profissionais da saúde e seus pacientes.

Palavras Chave: Transtorno Dissociativo de Identidade, TDI, esquizofrenia, trauma,


falha diagnóstica.
ABSTRACT

Dissociative Identity Disorder (DID) is a mental disorder that causes an


individual to develop two or more completely separate and independent personalities
as a result of significant trauma. Its characteristic symptoms – identity alteration and
amnesia – are similar to those of schizophrenia, a psychotic-like disorder in which the
individual has recurrent episodes of psychosis. This similarity is historical and still
raises doubts in many professionals, resulting in flawed and hasty diagnoses. The
differences between TDI and schizophrenia were highlighted, with the aim of
clarifying and directing health professionals, in order to avoid misdiagnosis. For this,
the main characteristics and symptoms of each of the diseases are analyzed,
highlighting the main differences between them.
To carry out this research, an integrative bibliographic search was carried out
using scientific articles, published in both portuguese and english, between 1989 and
2019, taken from online search platforms such as Scientific Electronic Library Online
(Scielo) and Public Medical Literature. Analysis and Retrieval System Online
(PubMed).
From the discussion raised, schizophrenia was observed as a hereditary
disease, with predominantly somatic symptoms with sensory deficits that are
acquired throughout life. DID, on the other hand, is a “defense mechanism” of the
organism itself, so that the dissociation in several personalities protects the main
identity of the trauma suffered.
Therefore, this study sought to clearly explain the definition of these two
pathologies, reviewing their etiologies, clinical similarities, already known diagnostic
tests and possible treatments, thus contributing to future health professionals and
their patients.

Keywords: Dissociative Identity Disorder, DID, schizophrenia, trauma, diagnostic


failure.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................6
2. OBJETIVOS..............................................................................................................7
2.1 OBJETIVOS GERAIS..............................................................................................7
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................7
3. METODOLOGIA.......................................................................................................8
4. RESULTADOS..........................................................................................................9
4.1 DIFERENÇAS ENTRE TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS E PSICÓTICOS.......9
4.2 PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM A FALHA DIAGNÓSTICA.............9
4.3 CONSEQUÊNCIAS DA FALHA DIAGNÓSTICA NO TRANSTORNO
DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE..............................................................................10
5. CONCLUSÃO.........................................................................................................12
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1. INTRODUÇÃO

O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), também chamado O


popularmente de Transtorno de Múltipla Personalidade, trata-se de uma resposta
psicológica do organismo a certo evento traumático de modo que surjam duas ou
mais identidades de personalidades distintas em um único indivíduo. Cada uma
delas pode ser vivenciada como se tivesse uma história pessoal distinta e própria,
autoimagem e identidade própria, inclusive nomes diferentes; cada uma determina
comportamentos, atitudes e sentimentos diferentes. (RIBÁRY et al., 2017)
Como dito anteriormente, o diagnóstico do Transtorno Dissociativo de
Identidade está associado quase universalmente com uma história prévia de trauma
mais significativo, que ocorre frequentemente na infância, sendo muito comum a
história de abuso sexual ou outros tipos de abuso. Entretanto, há um grande espaço
de tempo entre o reconhecimento do transtorno e a busca pelo acompanhamento
médico, desafiando assim a experiência clínica e o conhecimento técnico quanto às
convenções de enquadramento de diagnóstico, resultando assim em diagnósticos
equívocos e indevidos.
Além do mais, não é recente o fato de que pacientes com transtornos
dissociativos são frequentemente diagnosticados como psicóticos (SPIEGEL et al.,
2011). Isso ocorre com a esquizofrenia e o TDI, por exemplo, por conta da grande
similaridade entre os sintomas dessas patologias; algo que pode ser visto com base
nos sintomas de primeira ordem (SPO) descritos por Kurt Schneider. A iatrogenia
devido a falha diagnóstica pode ser extremamente prejudicial para o
restabelecimento do convívio do paciente em sociedade, logo, é de grande
importância que o profissional da saúde esteja qualificado e atualizado sobre o
assunto em questão para ter a capacidade clínica de identificar e diferenciar estes
transtornos.
Portanto, este estudo agrega o conhecimento de questões específicas perante
a complexidade do diagnóstico dessas patologias, que, se equivocado, faz com que
pacientes com Transtorno Dissociativo de Identidade sejam diagnosticados com
esquizofrenia, visando assim esclarecer suas singularidades essenciais e
proporcionar um compreendimento clínico mais aprofundado.
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2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
Esclarecer as similaridades entre o Transtorno Dissociativo de Identidade e a
esquizofrenia, com base nos estudos e testes já existentes, para evitar que futuros
pacientes sejam indevidamente diagnosticados.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Compreender a etiologia do Transtorno Dissociativo de Identidade e a
esquizofrenia, incluindo suas principais características, sinais e sintomas;
Conhecer os principais métodos de diagnóstico utilizados para identificar e/ou
diferenciar essas patologias;
Levantar dados sobre a frequência de que pacientes com Transtorno
Dissociativo de Identidade foram diagnosticados com esquizofrenia.
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3. METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma pesquisa do tipo revisão bibliográfica integrativa


que utilizou, como principal base, ferramentas on-line de busca de artigos científicos
e/ou clínicos indexados, como: Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Public
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed).
Foram utilizados os seguintes descritores para a seleção dos artigos:
transtornos dissociativos de identidade, esquizofrenia, transtornos dissociativos,
transtornos psicóticos, transtorno de personalidade múltipla, falha diagnóstica.
Ademais, as palavras também foram utilizadas na língua inglesa para a obtenção de
estudos publicados em revistas e/ou artigos internacionais: dissociative identity
disorder, schizophrenia, multiple personality disorder.
Consistiram para a análise artigos publicados entre os anos de 1989 a 2022,
desconsiderando aqueles que não apresentara as informações necessárias para o
cunho do trabalho. Em seguida, foi efetuada uma leitura prévia dos artigos científicos
e/ou clínicos selecionados levando em consideração os critérios mencionados
anteriormente para que, então, fossem avaliados com uma leitura mais criteriosa.
Portanto, seguindo este procedimento, os materiais passaram por uma última
análise para que fossem obtidas as informações necessárias para o aprimoramento
deste estudo.
Foram organizadas, para a análise dos conteúdos, as seguintes informações:
título, ano de publicação, autores e observações gerais acerca do artigo. Com o
intuito de se obter uma melhor compreensão dos artigos para o desenvolver desta
revisão bibliográfica.
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4. RESULTADOS

4.1 DIFERENÇAS ENTRE TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS E PSICÓTICOS

A esquizofrenia é uma síndrome prevalente entre as desordens mentais, com


status de transtorno psiquiátrico desafiador e muito grave (ASHER; FEKADU;
HANLON, 2018; VITA; BARLATI, 2018). Pela teoria genética, a esquizofrenia é uma
desordem hereditária. Entre os sintomas somáticos, predomina os déficits sensoriais
adquiridos ao longo da vida, que geralmente resultam em percepções distorcidas e
geram vácuos sensoriais.
O TDI, mais conhecido como “personalidade múltipla”, envolve a percepção,
um dos elementos principais observado durante sua análise para apontar a
possibilidade do controle racional do indivíduo sobre os afetos e as emoções. É
descrito por perspectivas divergentes de seus subsistemas, como partes dissociadas
da identidade, personalidades alternativas ou estados alterados de consciência,
tendo barreiras psicobiológicas limitantes. Cada personalidade pode ser vivenciada
como se tivesse uma autoimagem, identidade própria, e vivesse uma história
pessoal distinta com até mesmo nomes diferentes; cada uma determina atitudes,
comportamentos e sentimentos diferentes (RIBÁRY et al., 2017; SCHIMMENTI et al.,
2017). Como há um fracasso psíquico na integração de aspectos da identidade, da
memória e da consciência, quando o indivíduo expressa uma personalidade, há
amnésia em relação à outra. Por isso, o diagnóstico exige conhecimento de
questões específicas da dissociação (DORAHY et al., 2014; KLUFT, 1991).
Historicamente, a esquizofrenia é confundida com desordens dissociativas,
possivelmente pela disfunção neuropsicológica observada nos respectivos
portadores, além de seus aspectos conceituais: a esquizofrenia indica a presença de
uma confusão entre pensamento, emoção e comportamento; e a desordem
dissociativa se refere a dois ou mais processos mentais não associados ou não
integrados (ASHER; FEKADU; HANLON, 2018; RIBÁRY et al., 2017). O trauma,
ocorrido na primeira infância, é um dos fatores ambientais de risco para
esquizofrenia e condição para dar início de experiências dissociativas, como o TDI
(GIBSON, ALLOY, & ELLMAN, 2016; NEGRO JÚNIOR, NEGRO, & LOUZÃ, 1999;
VAN DER HART, 2012).
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4.2 PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM A FALHA DIAGNÓSTICA

O diagnóstico trata-se de um processo no qual o profissional responsável irá


analisar e examinar o quadro clínico – sinais e sintomas, histórico clínico, exames
físicos e complementares – de um paciente com a finalidade de identificar uma
patologia (KARDEFELT-WINTHER et al., 2017). No entanto, durante o momento de
análise, o diagnóstico é influenciável por diversos fatores e depende quase que
totalmente da capacidade do profissional responsável. Logo, é de sua
responsabilidade analisar atentamente, usufruir de um grupo interprofissional e
utilizar diferentes metodologias para que obtenha o melhor, e mais correto, resultado
possível (FARIA et al., 2019).
Como dito anteriormente, um bom diagnóstico deve ser complementado por
diversos fatores, e a possibilidade de usufruir de um grupo interdisciplinar é
extremamente viável e benéfica para um diagnóstico concreto (PEZZINI et al., 2015).
Entretanto, observa-se um cenário no qual os profissionais da saúde negligenciam
estas outras áreas do conhecimento, não as considerando no momento de realizar o
diagnóstico. (CLEUSA KAZUE SAKAMOTO; MARIA ALICE BARBOSA LAPASTINI;;
SONIA MARIA DA SILVA, 2003)
A recente utilização de radiografias e tomografias em pacientes com
Transtorno Dissociativo de Identidade (REINDERS et al., 2019), com o objetivo de
identificação de alterações cerebrais características de indivíduos que possuem essa
patologia, demonstra a contribuição clara que outras áreas da saúde, geralmente
negligenciadas, podem trazer durante o momento do diagnóstico.

4.3 CONSEQUÊNCIAS DA FALHA DIAGNÓSTICA NO TRANSTORNO


DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE

O diagnóstico constitui de ideias fundamentais para o desenvolvimento do


trabalho médico, as quais são baseadas em fenômenos que ocorrem com a pessoa
e que são agrupados e classificados conforme especificidades. Entretanto, como
estes agrupamentos se dão por traços ou sinais que guardam alguma semelhança
entre si, muitas vezes patologias podem ser confundidas em seu diagnóstico. Isso
ocorre com a esquizofrenia e com o Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI),
cujos sinais têm alguma semelhança. “[...] o TDI envolve uma constelação de outros
sinais e sintomas não específicos. ” (ABREU FARIA, 2016.)
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Os SPO são: a percepção delirante, as alucinações auditivas características,


inserção do pensamento, entre outros. Contudo, esses sintomas não são
patognomônicos da esquizofrenia, e sim características do TDI. Isso provocou num
histórico de confusão entre as desordens dissociativas e a esquizofrenia, um
diagnóstico inadequado, conduz a um tratamento equitativamente inadequado,
impossibilitando ou dificultando o controle da patologia. A gravidade, a duração e a
proximidade da exposição de um indivíduo a um evento traumático contribuem para
a probabilidade do surgimento de transtornos psicóticos” (ABREU FARIA, 2016.)
Etimologicamente, schizo vem do grego e significa divisão, e phrenia significa mente
(Silva, 2006). Em termos psiquiátricos, a esquizofrenia, com seus sinais e sintomas
diversificados, também constitui um transtorno de difícil nosologia, devido a sua
característica de apresentação clínica heterogênea, o que gera confusões
diagnósticas (RAZZOUK, SHIRAKAWA & MARI, 2000).
Um erro médico pode causar consequências mínimas, permanentes ou até
mesmo fatais, por exemplo, um paciente quando diagnosticado com TDI, lhe será
receitado remédios, o mesmo com os pacientes esquizofrênicos, podem fazer vários
processamentos desnecessários, o tratamento pode levar mais tempos, fazendo
com que a pessoa ficasse com o psicológico afetado, e consequentemente
desencadeando algum trauma do passado e ativando um transtorno de múltipla
personalidade (TDI). “[...] estão longe de alcançar consensos ou unanimidades em
termos de diagnóstico em algumas patologias, torna-se mais evidente a necessidade
de se buscarem elementos que possam diminuir a possibilidade de falhas
diagnósticas e as respectivas consequências. ” (ABREU FARIA, 2016)
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5. CONCLUSÃO

A similaridade entre os transtornos dissociativos e psicóticos, sobretudo o


Transtorno Dissociativo de Identidade e a esquizofrenia, decorre desde os primeiros
estudos encontrados. Entretanto, os sintomas podem ser claramente diferenciados
por um profissional qualificado, ao usufruir de pesquisas atuais e um amplo grupo
interdisciplinar, contribuindo assim para um diagnóstico mais concreto e seguro,
visando o bem estar do paciente e sua readaptação em sociedade.
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REFERÊNCIAS

CLEUSA KAZUE SAKAMOTO; MARIA ALICE BARBOSA LAPASTINI;; SONIA MARIA DA


SILVA. A criatividade no psicodiagnóstico de Rorschach: uma possibilidade de
enriquecimento à interpretação dos resultados. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872003000100002>.
Acesso em: 30 mar. 2022.
FARIA, M. DE A. et al. A utilização do Método de Rorschach no diagnóstico diferencial da
Esquizofrenia e Transtorno Dissociativo de Identidade. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 35,
18 jul. 2019.
KARDEFELT-WINTHER, D. et al. How can we conceptualize behavioural addiction without
pathologizing common behaviours? Addiction (Abingdon, England), v. 112, n. 10, p. 1709–
1715, 1 out. 2017.
MARCELLO DE ABREU FARIA. Transtorno Dissociativo de Identidade e Esquizofrenia:
Uma Investigação Diagnóstica. Brasília (DF): [s.n.].
PEZZINI, M. et al. Relato De Caso Transtorno Dissociativo De Identidade (Múltiplas
Personalidades): Relato E Estudo De Caso Dissociative Identity Disorder (Multiple
Personalities): Case Report And Study. [s.l: s.n.].
RIBÁRY, G. et al. Multiplicity: An explorative interview study on personal experiences of
people with multiple selves. Frontiers in Psychology, v. 8, n. JUN, 13 jun. 2017.
SPIEGEL, D. et al. Dissociative disorders in DSM-5Depression and Anxiety, set. 2011.
 

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