Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O caso umbundu
Introdução
1
pesquisas. O I Encontro Nacional das Ciências da Educação realizou-se em
2008 para passar em revista o renascimento e contributo que o sistema de
educação não-formal pode trazer para o desenvolvimento do país, no geral e
para o sector de educação em particular. O certo é que a realização de
processos educacionais em torno de fogos perpétuos, mesmo estando quase
ou, aparentemente, em desuso, por se tratar de dinâmicas meramente rurais
para uma realidade não industrial como é angolana, representa um valor
peculiar em abordagens educacionais.
O método inclusivo
2
adolescentes e jovens, à semelhança de David (1997), Guebe (2003) não faz
realce ao método mais frequente e Estermann (1950) apenas define os seus
actores e descreve em síntese as matérias curriculares mais frequentes assim
como o respectivo impacto na vida das comunidades.
Por sua vez, ao debruçar-se sobre Onjango, Malumbu (2005), procurou ser
mais sistemático fazendo referências aos aspectos metodológicos, princípios,
epistemologia, normas e do impacto do próprio processo educacional. Tal
como aconteceu com Childs (1949) em relação às comunidades do planalto,
Estermann (1950) no que respeita aos povos do sul, Altuna (1993) na
perspectiva global Bantu em Angola e Gomes (2007) no que toca ao litoral
centro-sul mas, do ponto de vista conceptual, quase como todos, deixou bem
visível a dificuldade de meter limites claros entre este sistema e os processos
relativos à educação informal. À semelhança de J. Redinha (1965-1969) em
relação à Mukanda lunda, L. Cardoso (1959-1963) deixou um volume de dados
descritivos sobre Ekwenje entre as comunidades Mbali do Namibe mas, ambos
não se debruçaram do papel educacional desta instituição como fez mais tarde
R. Altuna (1993).
3
que, ao seu nível, esta se insere na família. Em termos praticamente rigorosos,
por natureza institucional adstrita ao sistema de parentesco uterino e
multifuncional, a figura do Soba se excluía dos processos educacionais directos
por ser ela o representante da autoridade suprema e da idoneidade moral das
comunitária na linha de consanguinidade, pelo que o seu papel de gestor-
supervisor da vida comunitária projectava-se a partir dos fogos perpétuos dos
Onjango e Ocoto dos Alombe, o centro das decisões do Estado, segundo os
processos político-administrativos, religiosos e sócio-económicos a ele adstritos
para fazer-se chegar no Onjango das famílias através dos pais sociais. Os
fogos perpétuos dos Onjango e Ocoto dos Alombe correspondiam com o
espaço legislativo e jurídico enquanto os fogos dos Onjango e Ocoto
comunitários referiam-se aos espaços executivos.
4
ALVES, Pe. A. c. s. Sp. (1951). “Dicionário etimológico bundu – português”.
Vol. I. Lisboa.
5
MALUMBU, M. (2005). “Os Ovimbundu de Angola: Tradição – economia e
cultura organizativa”. Edizioni Vivere In. Roma.