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mais verdadeiro pois o stress criado pela rotina e pela própria sociedade não o permite. Mas
para que se possa “adquirir” esta disposição espiritual, todos nós, podemos optar por um dos
diferentes tipos de humor que existem.
Então podemos e devemos, se ainda nos resta alguma dignidade e integridade, optar por outra
forma de humor, por exemplo lembrar, nalguns casos, ou ficar a conhecer, noutros, séries e
sátiras de origem nacional e estrangeira; E como é que podemos tecer tal projecto? É simples,
com a ajuda da tecnologia (que umas vezes nos atrapalha tanto) podemos adquirir as
compilações da comédia desejada em DVD.
Ou então, para quem não deseja criar uma “DVD-teca”, nem tem disposição para a procura,
pode simplesmente recorrer à TV por Cabo onde se podem encontrar séries humorísticas mais
seleccionadas, para dar umas boas gargalhadas sem recorrer ao obsceno.
Se acredita que os primeiros programas televisivos evocados, nesta crónica, são de qualidade e
que tudo o resto é desnecessário reflicta sobre o seu significado de humor.
Em tempos de grandes moralistas, a rebeldia ainda prevalece e manifesta-se
no humor. Talvez o debate público ainda possa ser originado pela sátira. A
verdade é que muitas piadas são ditas apenas pela piada em si. Não
expressam necessariamente opiniões pessoais.
Sermos capazes de rir acerca de uma piada significa que também somos
capazes de identificar o alvo da mesma. Assim, somos capazes de refletir e de
pôr em causa aquilo que acontece à nossa volta. Quando se fazem piadas
acerca de política, o foco não é a política, mas a piada. Se as piadas atingem
dimensões interessantes, a culpa não é dos humoristas.
Ricardo Araújo Pereira, por exemplo, não nega que as piadas que faz
apresentam também os seus pontos de vista. Contudo, o objetivo daquilo que
diz não é persuadir alguém a dizer algo ou a fazer algo, mas fazer rir as
pessoas. O humorista afirma que toda a gente sabe que ele é de esquerda e
que é adepto do Benfica, no entanto, nenhuma das suas piadas procura ter um
efeito político.
Ricardo Araújo Pereira também considera que as pessoas não devem ser
protegidas do humor. O humorista defende que é possível fazer piadas sobre
mulheres e esse humor não ser machista. Também considera que proibir
piadas sobre a homossexualidade, por exemplo, é uma infantilizacão.
Partilho da mesma opinião que o humorista. Eu considero que não pode existir
o politicamente correto no humor. As piadas têm alvos e não fazer uma piada,
porque não é correta significa limitar o alcance do humor e a sua liberdade.
Aliás, eu considero que, se tivermos de colocar limites ao humor, proibindo
certas piadas, deixamos de proteger as pessoas e passamos a alimentar
estereótipos.