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O humor é um estado de espírito que nem toda a gente possui, facto que vais sendo cada vez

mais verdadeiro pois o stress criado pela rotina e pela própria sociedade não o permite. Mas
para que se possa “adquirir” esta disposição espiritual, todos nós, podemos optar por um dos
diferentes tipos de humor que existem.

Podemos “absorver” humor em frente ao televisor, sintonizando programas nacionais como


“Herman-Sic”, “Levanta-te e Ri”, “O Gato Fedorento”, “O Perfeito Anormal” e infindáveis
programas deste género; concluindo programas com elevado nível de imoralidade impróprios
para serem, até, imaginados.

Então podemos e devemos, se ainda nos resta alguma dignidade e integridade, optar por outra
forma de humor, por exemplo lembrar, nalguns casos, ou ficar a conhecer, noutros, séries e
sátiras de origem nacional e estrangeira; E como é que podemos tecer tal projecto? É simples,
com a ajuda da tecnologia (que umas vezes nos atrapalha tanto) podemos adquirir as
compilações da comédia desejada em DVD.

Ou então, para quem não deseja criar uma “DVD-teca”, nem tem disposição para a procura,
pode simplesmente recorrer à TV por Cabo onde se podem encontrar séries humorísticas mais
seleccionadas, para dar umas boas gargalhadas sem recorrer ao obsceno.

Se acredita que os primeiros programas televisivos evocados, nesta crónica, são de qualidade e
que tudo o resto é desnecessário reflicta sobre o seu significado de humor.
Em tempos de grandes moralistas, a rebeldia ainda prevalece e manifesta-se
no humor. Talvez o debate público ainda possa ser originado pela sátira. A
verdade é que muitas piadas são ditas apenas pela piada em si. Não
expressam necessariamente opiniões pessoais.

O humor tornou-se suficientemente importante para ser censurado, o que


significa que este pode levar à revolução. O humor tem poder, mas os
humoristas não conseguem controlar os efeitos do humor.

Sermos capazes de rir acerca de uma piada significa que também somos
capazes de identificar o alvo da mesma. Assim, somos capazes de refletir e de
pôr em causa aquilo que acontece à nossa volta. Quando se fazem piadas
acerca de política, o foco não é a política, mas a piada. Se as piadas atingem
dimensões interessantes, a culpa não é dos humoristas.

A verdade é que o humor tem a capacidade de ridicularizar as situações, e, ao


mesmo tempo, de fazer pensar acerca da realidade. O humor tem efeito
quando nos faz rir, mas também quando, através das piadas, conseguimos
confrontar os nossos comportamentos. O humor não controla os nossos
pensamentos. Somos nós que permitimos que este nos mude ou não.

Ricardo Araújo Pereira, por exemplo, não nega que as piadas que faz
apresentam também os seus pontos de vista. Contudo, o objetivo daquilo que
diz não é persuadir alguém a dizer algo ou a fazer algo, mas fazer rir as
pessoas. O humorista afirma que toda a gente sabe que ele é de esquerda e
que é adepto do Benfica, no entanto, nenhuma das suas piadas procura ter um
efeito político.

O humor é livre e não procura controlar o pensamento. Se o humor provoca


mudanças na forma como olhamos para o mundo e para nós próprios, é
porque nós decidimos questionar a existência tal como ela é. E o humor que
faz pensar é um humor de grande qualidade.
Para Ricardo Araújo Pereira, o politicamente correto é uma estratégia de
controlo da linguagem e do pensamento, em que as pessoas passam a
considerar-se demasiado frágeis para serem confrontadas.

O humor confronta as pessoas e confronta a realidade. Mas, como tem piada, o


impacto é mais suave. Ou não. Há quem se ofenda com tudo. Quem não se
ofende talvez pense melhor nas coisas.

Ricardo Araújo Pereira também considera que as pessoas não devem ser
protegidas do humor. O humorista defende que é possível fazer piadas sobre
mulheres e esse humor não ser machista. Também considera que proibir
piadas sobre a homossexualidade, por exemplo, é uma infantilizacão.

Partilho da mesma opinião que o humorista. Eu considero que não pode existir
o politicamente correto no humor. As piadas têm alvos e não fazer uma piada,
porque não é correta significa limitar o alcance do humor e a sua liberdade.
Aliás, eu considero que, se tivermos de colocar limites ao humor, proibindo
certas piadas, deixamos de proteger as pessoas e passamos a alimentar
estereótipos.

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