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All content following this page was uploaded by Marilene Silva on 04 June 2014.
A educação para a saúde sexual tem como grande objectivo alterar atitudes e
comportamentos de risco (Rodrigues et al., 2005).
Consequentemente, pretendeu-se explorar a relação entre a frequência de sessões
de educação para a saúde, na área da sexualidade, e atitudes sexuais.
Administrou-se um Questionário a 223 estudantes do 1.º ano da Escola Superior de
Saúde do Instituto Piaget de Vila Nova de Gaia: 76,7% do sexo feminino, 91,9%
entre 18 e 24 anos.
Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre as atitudes
sexuais dos estudantes que haviam assistido algumas vezes a sessões de educação
para a saúde sobre sexualidade e as dos que nunca haviam assistido a tais sessões,
com excepção das atitudes de responsabilidade: os primeiros revelaram valores
mais elevados.
É importante reflectir sobre estes resultados, pois poderá ser necessário um maior
investimento nas sessões de educação para a saúde sexual por parte dos
profissionais.
1. INTRODUÇÃO
O papel da educação para a saúde e a sua importância na promoção da saúde do
indivíduo, família e comunidade são hoje reconhecidos a nível mundial (Ministério da
Educação, 2000).
Esta deve ter como objectivo desenvolver mecanismos nos indivíduos que lhes
permitam adoptar comportamentos saudáveis, tendo como grande objectivo alterar
comportamentos e atitudes de risco, nomeadamente a nível sexual (Rodrigues et al.,
2005).
Segundo Vilar (2004), a educação sexual surgiu numa tentativa de lutar contra o
conservadorismo, mas também pelo número crescente das IST’s (Infecções
Sexualmente Transmissíveis), do VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) e de
gravidezes não desejadas, que impunham a necessidade de medidas.
2.MÉTODO
2.1.Participantes
A amostra é contituída por 223 estudantes, matriculados no 1.º ano do Ensino
Superior da Escola Superior de Saúde do Instituto Piaget de Vila Nova de Gaia
(ESSIPVNG). Dos participantes, 76,7% são do sexo feminino e 91,9% têm idades
compreendidas entre os 18 e os 24 anos (amostra não probabilística acidental).
2.2. Material
Os instrumentos utilizados foram: um Questionário Sócio-demográfico, elaborado
para o efeito, e a adaptação portuguesa de Alferes (1999) da Escala de Avaliação de
Atitudes Sexuais (EAS).
2.3. Procedimento
Após a obtenção das devidas autorizações, quer por parte do autor da versão
Portuguesa da EAS, quer da ESSIPVNG, foi aplicado em contexto de sala de aula o
protocolo de avaliação.
Os alunos participaram no estudo de forma voluntária, na sequência da obtenção
do seu consentimento informado, tendo sido sublinhada a confidencialidade dos dados
recolhidos.
Para tratamento e análise de dados utilizou-se o SPSS (Statistical Package for the
Social Sciences) para o Windows.
3. RESULTADOS
Os resultados revelaram que 41,3% (n=92) dos estudantes nunca havia assistido a
sessões de educação para a saúde na área da sexualidade, 30,0% (n=67) raramente havia
assistido, 26,5% (n=59) havia assistido algumas vezes e, 2,2% (n=5) havia assistido
muitas vezes a tais sessões.
Como se pode verificar na Tabela 1, as médias relativas à EAS completa, bem
como às respectivas subescalas, são muito semelhantes, independentemente dos
estudantes nunca terem assistido a sessões de educação para a saúde sobre sexualidade,
terem assistido raramente, algumas ou muitas vezes às referidas sessões.
n M n M n M n M
Tabela 2 – Comparação das Atitudes Sexuais dos Estudantes que Nunca Haviam Assistido a
Sessões de Educação para a Saúde sobre Sexualidade e dos que Haviam Assistido Algumas
Vezes a esse Tipo de Sessão
Frequência de sessões de educação para a saúde sobre
Sub(escalas)
sexualidade
n M n M t gl p
forma, torna-se cada vez mais importante o investimento na educação sexual, para a
vivência de uma sexualidade saudável e satisfatória. De facto, Antunes (2007) verificou
que os jovens mais bem informados demonstravam atitudes de maior comunhão,
afectividade, partilha e responsabilidade sexual.
Sendo a educação para a saúde sexual um dos objectivos das sessões de educação
para a saúde, de extrema importância na transmissão de conhecimentos, na formação de
atitudes e na manutenção e/ou mudança de comportamentos, torna-se importante a sua
implementação em vários contextos, nomeadamento o contexto escolar.
Os resultados obtidos sublinham a necessidade de desenvolver acções de
educação para a saúde sexual direccionadas aos estudantes do ensino superior e que
tenham impacto nas suas atitudes e comportamentos sexuais.
4. CONCLUSÃO
No presente estudo, as atitudes sexuais não se relacionaram de forma
estatisticamente significativa com a frequência de sessões de educação para a saúde
sobre sexualidade, excepto no que concerne às atitudes sexuais de responsabilidade. No
entanto, dada a importância da educação para a saúde na transmissão de informação, no
desenvolvimento de competências e na adopção de comportamentos sexuais saudáveis,
é inquestionável a necessidade de uma reflexão sobre o tema, no sentido de um maior
investimento na área e analisando se as acções estão a ser realizadas da melhor forma.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alferes, V. (1997). Dos comportamentos sexuais à encenação do sexo: contributos para
uma psicologia social da sexualidade. Porto: Afrontamento.
Alferes, V. (1999). Escala de Atitudes Sexuais (EAS). In M. R. Simões, M. Gonçalves,
& Almeida, L. (Eds.), Testes e provas psicológicas em Portugal (Vol. II, pp.131-
147). Braga: APPORT/SHO.
Antunes, M. (2007). Atitudes e comportamentos sexuais de estudantes do ensino
superior. Coimbra: Formasau.
Lucas, J. (1993). Sida: A sexualidade desprevenida dos portugueses. Lisboa: McGraw-
Hill.