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CADEIA PRODUTIVA

INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro é a principal fonte de produção e de desenvolvimento


econômico no Brasil, movimentando 1,6 bilhões de toneladas em grãos, refletindo na
necessidade de contratação da mão de obra e de transporte para manutenção e
aprimoramento da cadeia produtiva. Como principal modal de transporte, conta para o
escoamento dos grãos com as rodovias, possibilitando a contratação de mais de 43
milhões de fretes. Neste cenário, junto à evolução tecnológica e o aprimoramento
constante em gestão voltada à compreensão da cadeia produtiva do agronegócio, é
importante conhecer os desafios que esse setor enfrenta para desenvolver-se (ARIERA
et al., 2019).

Conceito de agronegócio e de cadeias produtivas

Os conceitos de agronegócio (ou negócio agrícola), de cadeia produtiva, sistema


produtivo constituem aplicações da teoria geral dos sistemas, ou enfoque sistêmico. Um
sistema é, na definição de Sppeding (1975), "um conjunto de componentes interativos".
A caracterização de um sistema (ou sua análise) inicia-se com o estabelecimento de seus
objetivos, seguida da definição de seus limites, subsistemas e entidades componentes e
contexto externo. Ao definir limites e hierarquias, estabelecem-se as interações de seus
subsistemas componentes, mensuram-se suas entradas e saídas e respectivos
desempenhos intermediários (subsiste- mas) e final (sistema).
A agricultura como um todo compreende componentes e processos interligados que
propiciam a oferta de produtos aos seus consumidores finais, através da transformação
de insumos pelas entidades ou organizações componentes. Este conjunto de processos e
instituições ligadas por objetivos comuns constitui um sistema que, por sua vez, engloba
outros sistemas menores, ou subsistemas. O sistema maior é o chamado negócio
agrícola, "agribusiness", ou agronegócio, termo que será adotado por este trabalho
(Castro et aI., 1996).
O agronegócio compõe-se de cadeias produtivas, e estas possuem entre seus
componentes os sistemas produtivos, que operam em diferentes ecos- sistemas ou
sistemas naturais. No ambiente externo ou contexto do agronegócio, existe um
conglomerado de instituições de apoio, composto de organizações de crédito, pesquisa,
assistência técnica, entre outras, e um aparato legal e normativo, exercendo forte
influência no seu desempenho (Davis & Gold- berg, 1957; Araujo et aI., 1990).
Conseqüentemente, a gestão do agronegócio busca mobilizar conceitos e instrumentos
de intervenção nas cadeias produtivas, como o crédito agrícola, a inovação tecnológica e
gerencial, as normas de taxação, serviços de apoio etc. para melhorar o desempenho em
relação a algum indicador específico. Estas intervenções, entretanto, só se tomam
eficazes quando é possível compreender sistematicamente, não só o que ocorre nos
limites das propriedades rurais, mas em todos os segmentos em que a produção
agropecuária se insere.
O agronegócio é definido como um conjunto de operações de produção, processa-
mento, armazenamento, distribuição e comercialização de insumos e de produtos
agropecuários e agroflorestais. Inclui serviços de apoio e objetiva suprir o consumidor
final de produtos de origem agropecuária e florestal.
A cadeia produtiva é o conjunto de componentes interativos, incluindo os sistemas
produtivos, fornecedores de insumos e serviços, industriais de processamento e
transformação, agentes de distribuição e comercialização, além de consumidores finais.
Objetiva suprir o consumidor final de determinados produtos ou sub-produtos (Castro et
aI. 1994; 1996).
As cadeias produtivas agrícolas devem suprir o consumidor final de produtos em
qualidade e quantidade compatíveis com as suas necessidades e a preços competitivos.
Por esta razão, é muito forte nelas a influência do consumidor final sobre os demais
componentes e é importante conhecer as demandas desse mercado consumidor.
O processo produtivo deve ter seu desempenho orientado e aferido por um conjunto de
critérios. De forma geral, os principais marcos de referência para valorar demandas de
uma cadeia produtiva podem considerar como critérios: competitividade, eficiência,
qualidade e/ou equidade (Castro et al.,1996).
CUSTO DE PRODUÇÃO

A maximização dos resultados de uma empresa ocorre na realização de sua atividade


produtiva, pois ela procurará sempre obter a máxima produção possível em face da
utilização de certa combinação de fatores. Os resultados ótimos poderão ser
conseguidos quando houver a maximização da produção para um dado custo total ou
minimizar o custo total para um dado nível de produção (VASCONCELOS e GARCIA
2004).
Na produção, o custo mede a renúncia ao emprego dos recursos produtivos (homens,
máquinas, etc) em outro uso alternativo melhor (RAMIZ, 1988). Assim, o custo total de
produção pode ser definido como o total das despesas realizadas pela firma com a
combinação mais econômica dos fatores, por meio da qual é obtida determinada
quantidade do produto (VASCONCELOS e GARCIA, 2004).

Outra definição podemos encontrar em REIS (2007), que especifica o custo de produção
como a soma dos valores de todos os recursos (insumos e serviços) utilizados no
processo produtivo de uma atividade agrícola, em certo período de tempo e que podem
ser classificados em curto e longo prazos. Comenta que a estimativa dos custos está
ligada à gestão da tecnologia, ou seja, à alocação eficiente dos recursos produtivos e ao
conhecimento dos preços destes recursos.
Em termos econômicos, a questão relativa ao curto ou longo prazo refere-se à
possibilidade de variação dos fatores de produção. Considera-se curto prazo se pelo
menos um dos fatores de produção não puder variar no período considerado, quando no
longo prazo, todos os fatores podem variar (CASTRO et al, 2009).
Outro conceito importante é o de custo operacional, que é o custo de todos os recursos
que exigem desembolso monetário por parte da atividade produtiva para sua
recomposição, incluso a depreciação; e a sua finalidade na análise é a opção de decisão
em casos em que os retornos financeiros sejam inferiores aos de outras alternativas,
representadas pelo custo de oportunidade (REIS, 2007)
Os custos de produção são divididos em dois tipos. Os custos variáveis totais (CVT) são
a parcela dos custos totais que dependem da produção e por isso mudam com a variação
do volume de produção. Representam as despesas realizadas com os fatores variáveis de
produção. Na contabilidade empresarial, são chamados de custos diretos
(VASCONCELOS e GARCIA, 2004).
Os custos fixos totais (CFT) correspondem às parcelas dos custos totais que
independem da produção. São decorrentes dos gastos com os fatores fixos de produção.
Na contabilidade privada, são chamados de custos indiretos (VASCONCELOS e
GARCIA, 2004).
O custo total (CT) é a soma dos custos fixos totais e variáveis totais, não de tecnologia;
o uso dos fatores, com maior ou menor eficiência, intensidade ou produtividade; o
volume de produção e o preço dos fatores (RAMIZ, 1988).
É considerando o curto prazo que se define o custo total da firma. Na análise de curto
prazo, o que se observa são os custos variáveis e fixos, pois o comportamento do custo
total de produção, que varia com os insumos, determina o nível de produção ótima –
aquela que maximiza os lucros (CASTRO et al, 2009).
Outros fatores importantes que impactam os custos de produção são os encargos de
depreciação, de amortização e de exaustão dos recursos utilizados na produção. Mesmo
sendo classificados como custos fixos, são componentes do custo total que influenciam
tomadas de decisão das empresas (OLIVEIRA NETO, JACOBINA, FALCÃO, 2008).

CADEIA DE SUPRIMENTOS

O conceito de cadeia de suprimentos é o ato de acompanhar o negócio desde o momento


da compra de matéria-prima (caso seja necessário), produção, colheita, venda,
distribuição e demais atividades que envolvem o setor agro.

Ou seja, a logística da cadeia de suprimentos visa acompanhar todos os procedimentos


do início ao fim.

Considera-se que cadeias de suprimentos reconhecidamente desenvolvidas no aspecto


gerencial e em termos de competitividade podem servir de referência para outras com
menor grau de eficiência e eficácia em suas respostas e pobremente interligadas,
existentes no agronegócio do Brasil. Assim, as cadeias de menor destaque, até mesmo
as oriundas de outros setores industriais, poderiam “aprender” com as experiências das
cadeias desenvolvidas.
Para Neves, Zylbersztajn e Neves (2005) a especificidade da cadeia de suprimentos do
agronegócio tem fortes implicações para os gestores das empresas desse segmento, pois
eles precisam explorar e estar envolvidos em estratégias de melhoria do desempenho de
longo prazo de suas empresas.
A indústria de alimentos e o agronegócio mundial estão envolvidos em grandes
mudanças (cujo ritmo parece aumentar) relacionadas a: características do produto;
distribuição e consumo mundial; tecnologia; tamanho e estrutura das empresas do setor;
localização geográfica de produção e processamento.
No início dos anos 1990, o conceito de cadeias de agronegócios difundiu-se no Brasil. A
discussão não mais era apenas sobre o setor agrícola isoladamente, mas também relativa
a suprimentos e distribuição, tanto para definir políticas agroindustriais como para a
definição de estratégias privadas. No entanto, o enfoque dado ao tema das cadeias era
centrado no debate das políticas públicas a estratégia privada ficava em segundo plano
(NEVES, ZYLBERSZTAJN; NEVES 2005).
O termo cadeia de suprimentos surgiu em meio a um contexto marcado por
transformações significativas nos anos de 1980, como mudanças na regulamentação do
transporte, comercialização do microcomputador, revolução da informação, adoção dos
movimentos de gestão de qualidade e desenvolvimento de parcerias e alianças
estratégicas (BOWERSOX; CLOSS, 2001; COOPER; LAMBERT; PAGH, 1997
De acordo com Beamon e Ware (1998), cadeia de suprimentos é um conjunto integrado
de funções de negócios que abrange todas as atividades de aquisição de matéria-prima
até a entrega do produto ao cliente final. Os gestores devem desenvolver habilidades
para construir as alianças necessárias para integrar as empresas envolvidas nesses
processos, comprometendo-se com o planejamento e integração dos fluxos de
informações.
Cada componente da cadeia de suprimentos pode estar envolvido em vários processos
que ultrapassam suas fronteiras. Esses processos estão sujeitos a desvios e interrupções
pela ocorrência de falhas de comunicação ou de coordenação entre as várias empresas.
Por essa razão, uma boa integração entre as operações e processos dos diferentes
componentes torna-se crítica para a eficiência e a eficácia de uma cadeia (SWEENEY,
2013).

ARRANJOS PRODUTIVOS

O Arranjo Produtivo Local (APL), por definição, é um conjunto de agentes de natureza


diversa, que participam das tarefas principais de uma aglomeração produtiva (empresas
produtoras e fornecedoras específicas, centros de pesquisa, agentes do governo,
instituições do terceiro setor e universidades), que tenham uma governança e
evidenciem relações de cooperação, trocas e aprendizado constantes em um
determinado território. 

O objetivo da criação e fomento aos APLs é desenvolver as cadeias produtivas,


aumentar a competitividade das micro, pequenas e médias empresas, estimular o
empreendedorismo, baseado na interação e na cooperação, descentralizar o
desenvolvimento produtivo para fortalecer a economia regional e fomentar projetos de
desenvolvimento produtivo nos APLs paulistas. Dentre as vantagens de ser um APL
reconhecido, está o acesso às políticas de fortalecimento dos APLs, participação em
editais de fomento promovidos pela SDE, acesso a linhas de crédito específicas para as
empresas inseridas em APLs e possibilidade de participação em editais e demais
projetos promovidos por entidades parceiras do estado. Um arranjo produtivo local tem
foco na melhoria da competitividade do produto, balizado por pressupostos como
conhecimento, inovação e mercado; a vocação setorial é marcada pelos atributos
territoriais e pelas capacidades humanas, físicas, institucionais. Além disso, um APL
articula aspectos normalmente tratados de forma isolada, como governança, identidade
local, capacidade de inovação, aprendizado e visão de mercado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante deste contexto, entende-se que a cadeia produtiva representa o processo de
funcionamento de uma organização, que compreende desde os insumos (matérias-
primas) até a formação do produto final e sua comercialização. Sobretudo, este tema
torna-se relevante, pois a cadeia produtiva bem como a sustentabilidade no
agronegócio é uma pauta constante e, presente nos dias atuais. Justamente, porque é
uma demanda crescente dos mercados internacionais e o setor precisa refletir
constantemente como começar a atender. Contudo, este assunto pode ser tratado como
essencial para o equilíbrio produtivo, onde iremos aprender a respeitar os aspectos
econômicos, sociais e ambientais, e a busca constante pela melhoria em cada um destes
itens pode ser o caminho para o aprimoramento do agronegócio. Com isso, é evidente
que é um fator decisivo para as empresas do ramo que almejam prosperar no futuro. 
Atitudes sustentáveis são necessárias em todos os elos da cadeia produtiva.  Por isso,
torna-se essencial para o aluno de agronegócio entender e conscientizar-se da
importância de planejar, implantar e gerenciar ações para um mundo mais sustentável. 
ANEXOS

Bibliografia utilizada
Fundamentos do Agronegócio
Massilon J. Araújo
Fonte: http://www.desenvolvimento.sp.gov.br/arranjos-produtivos-locais-(apls)
REFERÊNCIAS

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