Você está na página 1de 5

Início do texto:

Geórgias vs. Socrates

O que é a retórica?

Polo intervém primeiro - ao tentar responder acaba por utilizar uma falácia de
definição circular, ao estende-se em elogios sobre a arte da retórica, mas
acabando por nunca a definir.

Górgias, propõe-se então a responder em respostas curtas e incisivas.

Para Geórgias a retórica e a ciência dos discursos e arte da persuasão através da


palavra.

-> Não se ocupa de toda a espécie de discursos, i.e., ou seja a medicina também os
seus, mas a retórica, pode fazê-lo, e um orador é capaz de ser mais persuasivo que
um médico, ou professor de ginástica ou financeiro.

É necessário também entender que todos aqueles que ensinam também praticam
retórica, pois também persuadem, assim existem diferentes objectivos (carácteres)
para a retórica.

Porém, para Geórgias a verdadeira retórica é a que se realiza nos tribunais e


assembleias, e que tem como carácter o justo e o injusto.

Socraste então faz a distinção entre o crer e o saber, ou seja, crença e ciência.

Nesse sentido estabelece-se entre os dois que existe as teses de crença falsa e
verdadeira, mas o mesmo não se aplica para a ciência.

Assim, visto que existem duas espécies de persuasão: a que origina crença sem
ciência, e a produz ciência, Socrates indaga qual delas é produzida nos tribunais e
assembleias relativamente ao justo e injusto - a crença sem ciência, ou que produz
ciência?

Geórgia responde que será aquela donde nasce a crença, e assim, estabele-se a
premissa de que a retórica gera a crença não o conhecimento sobre o justo ou
injusto, limitando-se apenas a fazer com que os outros acreditem num ou noutro.

Segue-se a pergunta-se sobre se orador tem de saber previamente sobre as outras


artes, visto que, num entanto tendo em conta que a retórica é apenas se foca na
persuasão, este acaba por ser um não assunto, porém, Geórgias, toca no assunto da
demagogia e no perigos que ela acarreta e que o mestre de um pupilo demagogo não
deve ser culpado pelos erros do primeiro.

Fala-se por alto também da falácia Ad Hominem, ao mencionar um diálogo saudável


entre Sócrates e Geórgias e objectivo de chegar a novas conclusões.

Segundo a ordem de ideias de Socrates, o orador apenas precisa de uma audiência de


ignorantes, pois se houver alguém nesta entendido na arte em que este proclama,
este não o conseguirá persuadir. Assim, Socrates, encontra uma lacuna no pensamento
de Geórgias: se a fundação da retórica é o justo ou o injusto, todo o orador deverá
ser justo por natureza, então porque razão existiria a demagogia, ou neste caso o
orador seria capaz de cometer injustiças?

Aqui chegamos ao diálogo entre Sócrates e Polo:

Opinião de Socrates sobre a retórica: não é uma arte mas sim uma actividade
empírica igual à cozinha destinada a produzir pazer e agrado.

Não é bela, mas sim feia, pois tudo o que é mau é feio, pois pertençe ao ramo das
actividades humanas a que adulação: retórica, cozinha, toillete e sofística.

Conceito de retórica:

Corpo e alma: muitas vezes as pessoas podem parecer estar de boa saúde não estar,
quem as pode realmente diagnosticar são os médicos e os professores de ginástica.
Assim, Sócrates compara a alma à política e o Corpo sendo constitudo por duas
partes: a ginástica e a medicina serão correspondentes à legislação e à justiça
(por esta ordem), ligando-se à política, pois a alma comanda o corpo.

No entanto, estas 4 artes, também têm diferenças entre si:

É da através da existência das 4 artes e dos seu conhecimento interligado, que a


adulação correspondente a cada uma das 4 artes se fez passar por uma delas.

Esta adulação não tem como objectivo ser melhor que a arte em si, mas sim o prazer,
p.ex: a cozinha convence que sabe quais os melhor alimentos quase melhor que o
médico (wellness fad); "Visa o agradável sem a preocupação do melhor."

Para Sócrates, são de igual forma, tanto os oradores como os tiranos, os menos
poderosos, pois não fazem nada do que querem, embora façam aquilo que lhes pareçe
melhor:

O orador persuade a audiencia sobre aquilo que acha justo e injusto.


Já o tirano dá a morte, despoja de bens e expulsa da cidade se isso nos for útil e
por isso visando o bem.

NOTA: Se fazemos uma coisa em vista de outra (um acto mau em vista do bem) é o
última que queremos alcançar (o bem).

Assim sendo, nem o tirano nem o orador são todos-poderoso, pois só podem só
procedem a uma acção com o bem em vista, nunca fará o que quer se o resultado for
mau.

Injustiçado vs. Justiçado:

Enquanto que Polo o maior mal é sofrer uma injustiça, para Sócrates o maior mal
está em cometê-la.

Polo Tirania: Definição de Tirano Grega.

Tirano Sócrates: terrorista que necessáriamente seria sujeito a castigo.

Castigo=mal.
Fazer o que nos agrada = Bem = resultado duma acção proveitosa -> Grande Poder. Em
oposição o poder é pequeno e mau.

As acções não têm todas o mesmo valor(matar; exilar ou despojar): "é mlhor praticar
estes actos quando são justos do que quando são injustos."

Polo discorda: Arquelau é feliz!

Sócrates: "O homem e a mulher são felizes quano são bons e virtuosos, infelizes
quando injustos e maus."

Polo concorda que Arquelau é injusto, mas que não tem remorsos, por isso é feliz.
Apresenta testemunhas falsas.

Continua feliz o injusta sendo justamente castigado?

Polo: passa a infeliz

Na opinião de Sócrates o culpado e o injusto serão sempre infelizes, mais ainda se


nunca responderem perante a justiça e não receberem o devido castigo, porém "se
saldarem estas contas e receberem o justo castigo (...)" serão menos infelizes.
É aqui que a explicação sobre cometer uma injustiça vs. sofrê-la começa a fazer
sentido.

Sócrates estabelece primeiro uma correlação inversa entre o feio (pior) e o belo
(melhor).

Após diz-nos os paramêtros do belo: útil e/ou agradável. (prazer e bem) Ou seja,
tanto pode ser mais bela pelo prazer ou pela utilidade ou pelos dois em simultâneo.

Por esta ordem de ideias o feio define-se pelo seu oposto: a dor e mal.
Quando uma coisa é feia ou mesmo acontece, que acontece com o belo.

Assim, voltamos à nossa pergunta: sofrer uma injustiça é pior que cometê-la?

Se cometer uma injustiça é mais feio que sofrê-la (acordado pelos dois), é
necessário então examinar se é mais doloroso cometer ou sofrer uma injustiça, e se
os autores da injustiça sofrem mais que as suas vítimas.

Isto não é razoável, pois não é o autor que sofre mais. No entanto se não é apenas
pela dor causada, também não pode ser pela dor e pelo mal em simultâneo.

Portanto, resta-nos apenas o mal. E se o mal é o que triunfa da prática da


injustiça, que como já se observou anteriormente é visto no pequeno poder (sem
livre-arbitrio), então, praticar uma injustiça é pior que sofrê-la.

E já que praticar uma injustiça é mais feio e pior, fundamentado no mal, ninguém o
preferiria.

TUDO O QUE É JUSTO É BELO?

1. Quando alguém pratica uma acção, existe sempre alguém sobre quem é praticada
essa acção.

2. A acção sofrida é da mesma natureza e carácter que a acção praticada (dar uma
pancada forte -> receber uma pancada forte).

3. Portanti aquele recebe a acção experimenta um efeito semelhante àquele que a


pratica.

Ou seja, "a acção praticada tem a mesma qualidade da acção sofrida."

Sendo assim, ser castigado é sofrer às mãos de outrem, às mãos de alguém que o faz
com justiça, pois "aquele que é castigado por uma falta que cometeu e sofre uma
acção justa.".

No entanto, assentamos anteriormente que o justo é belo, e por isso tanto a pessoa
que castiga como o sofrimento do castigado são belos.

No entanto, o belo também é bom, visto que é agradável ou útil. "Logo, o que a
pessoa castigada sofre é algo de bom".
Vantagens do Castigo (vícios do homem):

A alma de homem melhora quando sofre um castigo justo, e torna-se menos infeliz ao
libertar-se da maldade da sua alma.

Males do Homem : Riqueza > Pobreza. Corpo > Fraqueza; Doença; Fealdade. Alma >
Injustiça; Ignorância; Cobardia, etc.

Para Sócrates a mais feia delas todas é a imperfeição da alma = INJUSTIÇA. E sendo
a mais a feia, será por isso também a pior.

Como anteriormente esclarecido, o mais feio será "sempre o que causa maior dor ou
prejuízo, ou as duas coisas ao mesmo tempo." Neste caso os vícios de alma suplantam
o mal e prejuízo que os outros causas, "em proporções extraordinárias," não estando
em causa o sofrimento que causam.

A arte que libertam

Pobreza - Finança

Doença - Medicina

Injustiça - Juízes/Tribunais/Justiça

Qual a mais bela? A que proporciona o maior prazer ou utilidade ou os dois em


simultâneo (e por isso o bem).

Na Medicina nem sempre o doente quer tomar o remédio, porém sabe que será melhor
para ele. A justiça e os seus castigos funcionam de igual forma.

No entanto obviamente mais feliz o homem saudável ao doente.


Por isso, a felicidade consiste não em libertar-se do mal (seja ele qual for), mas
sim, nunca o contrair.

Em ordem inversa, se continuarmos com a analogia da medicina, o que conserva a


injustiça ou seja que não toma o remédio, nunca é libertado do seu mal - Caso de
Arquelau.

"O primeiro e maior de todos [os males] é praticas a injustiça sem ser castigado."

Então qual é a grande utilidade da retórica?


Se já establecido que o que importa é que cada um rejeite a prática de injustiças,
"como um mal em si mesmo".

Assim, ao cometermos uma injustiça, devemos imediatamente "procurar um juíz como


quem procura um médico" para se curar, e assim a retórica não deve ser utilizada
como defesa do crime, mas para a exposição do mesmo, e consequente aceitação do seu
castigo, podendo assim libertar a sua alma do mal da injustiça.

Você também pode gostar