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ESMP - DIREITO PROCESSUAL CIVIL


PROF. Jorge Hage ROTEIRO DE AULA

MODULO I – PARTE GERAL


PONTO 3 – LEGITIMAÇÃO ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA .
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. .SUCESSÃO DAS PARTES E DOS
PROCURADORES. DEVERES.

1. Legitimação para a Causa: é a titularidade da ação (ou da pretensão, ou

do interesse alegado); é a chamada “pertinência subjetiva da ação”.


• tradicionalmente tratada como “Cond da Ação”

• agora há quem trate como: a) mérito; b) pressuposto; c) cd da ação

• consequência da ausência permanece a mesma: extinção sem


mérito (art. 485, VI = antigo 267, VI).

2. - A Legitimação pode ser:


Ordinária (a regra) ou

Extraordinária (ou Anômala) – ocorre qdo se pleiteia em juízo, em nome

próprio, como parte, pretensão alheia, valendo-se das exceções “autorizadas


pelo ordenamento” (art. 18 – antigo 6º ).

Hipóteses/Fundamentos da Legit. Extrordinária (razões do legislador):

2.1) predominância do interesse público sobre o particular (Investig.


Paternid pelo MP, Alimentos p/ Idoso em risco)

2.2) Comunhão de direitos (Condôminos na defesa da coisa)

2.3) Vínculo entre o Legit. Ordin. e o Extraord. em razão de


Sucessão (Alienação da Coisa Litigiosa – art. 109, §1º - antigo 42)
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2.4) Situações jurídicas q impõem dever de guarda de diretos alheios

(Agente fiduciário dos debenturistas, art. 68, § 3º, da Lei 6404/76)


(OBS.: esses fundamentos referem apenas às Ações Individuais; não às

Coletivas, que têm outras justificativas).

3. Espécies de Legit. Extraordinária (Há várias classificações). Uma delas:

A.1) Exclusiva: qdo o Leg.Ordinário não pode ir a juízo ou inexiste.


Ex: o Agente Fiduciário é Legitimado Exclusivo para a defesa dos direitos dos

debenturistas. (Constitucde discutível). Mas o titular do direito pode ingressar,

como Assistente Litisconsorcial, na forma do § Único do art. 18. – (Alguns


denominam “Legit Ord Subordinada)

A.2) Concorrente (e Mista): tanto um como outro podem agir, pois o

direito pertence a várias pessoas, e a lei não exige a presença de todos p/


reclamá-lo. Ex: o Condômino, q pode reivindicar todo o bem (CC, 1314).

Pode ser dividida em:

A.2.1) Primária: independe do comportamento do Ordinário


A.2.2) Subsidiária: depende da omissão daquele (Ex:

Assistente Simples, no caso do art. 121, § Único)

Há ainda quem classifique a Legit Extraordinária em:


• Autônoma (pode atuar independente da participação do Titular/Ordinário =

grande maioria dos casos)

• Subordinada (a presença do Titular é indispensável para o contraditório)


(OBS.: para mim, esta última já não é Legitimação Extraordinária, e entra

na categoria da Assistência ou algo semelhante).


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Nova hipótese: Lei 5.764/71 - Art. 88-A. “A cooperativa poderá ser dotada de

legitimidade extraordinária autônoma concorrente para agir como substituta

processual em defesa dos direitos coletivos de seus associados quando a causa de pedir

versar sobre atos de interesse direto dos associados que tenham relação com as operações de

mercado da cooperativa, desde que isso seja previsto em seu estatuto e haja, de forma expressa,

autorização manifestada individualmente pelo associado ou por meio de assembleia geral que

delibere sobre a propositura da medida judicial”. (Incluído pela Lei nº 13.806, de 2019)

4. Outras Características da Substituição Processual:

a) O Substituto é quem deve preencher os Pressupostos Processuais


Subjetivos (mas a Imparcialidade do Juiz deve ser analisada em face de ambos)

b) Pode ocorrer em qq dos pólos (ativo ou passivo); é mais comum no

Ativo. Hipóteses do Passivo: Reconvenção (art. 343, § 5º ); Ações Coletivas


Passivas; e Ações Possessórias com Litisconsórcio Passivo Multitudinário..

c) A Coisa Julgada alcança principalmte o Substituído (e seu

patrimônio), pois ele é o titular do direito. (OBS: o art. 109, § 3º do Novo CPC traz
hipótese expressa, dessa regra geral, talvez necessária devido ao art. 506)

Mas a coisa julgada vincula tb o Substituto, qto a certos efeitos: verbas da

Sucumbência (salvo regras especiais em Ações Coletivas – art. 18 da LACP) e


Sanções por má-fé processual.

5. A previsão em lei x no ordenamento (antigo art. 6º x novo art. 18):


São exemplos de previsão em lei:

 MP na Ação de Rep.de Danos ex delicto (CPP,68)


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 MP na Ação de Investigação de Paternidade da Lei 8560/92 ( 2o, §4o )

 Ascendentes (não Representantes Legais) na Anul de Casmto.do Menor


de 16 anos (CC, 1552, III)

 MP nas Ações de Alimentos, de Destituição de Poder Familiar, e outras

( art. 201, III do ECA)


 Alienante do objeto litigioso, se não aceita a Sucessão (109, §1º )

 MS impetrado em favor do direito originário, em face da omissão do

titular, por terceiro titular de direito decorrente (Lei 12.016, art 3º)
 Processos Coletivos

6. A controvérsia qdo se trata do Ministério Público:


 Se o MP dispensa autorização em cada caso, em Dirs. Indivs.

Indisponíveis, porque já tem genérica na CF, 127 (e Lei Orgânica).

 Jurispr. oscilava em casos como: Fornecimto de Medicamentos, Alimentos


p/ Idosos em Risco, etc.

 Depois, o STF confirmou a Legitimação do MP – no RE 605.533.

 E o STJ editou a Súmula 601 sobre a Legit. do MP p defesa de interesses


coletivos em matéria de Consumidores, mesmo decorrentes da prestação

de Serviços Públicos.

 STF editou a 643 (Mensalidades Escolares)


 Legitimidade do MP para Ação de Alimentos em favor de Criança ou

Adolescente (com ou sem situação de risco; com ou sem Defensoria) -

REsp 1.265.821, REsp 1.269.299


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7. Questão controversa, ref à Legit. do MP e dos Sindicatos, nos

Processos Coletivos é: se ela envolve Legitimação Extraordinária


(Substituição Processual) ou é simples Legitimação Ordinária.

• Por serem direitos cujo titular (uma coletividade) sequer possuiria

Capacidade Processual (e não se pode substituir “a sociedade”,


titular de interesses difusos e coletivos)

• Porque fazer essa defesa é a própria função institucional desses

entes, sua razão de ser


• Outros distinguem: seria Legitimação Ordinária qdo se trata da

defesa de interesses difusos ou coletivos; e Substit. Processual

apenas nos interesses individuais homogêneos

No tocante aos Sindicatos e Associações, sempre houve outros pontos

controversos:
a) necessidade de autorização (permanente/estatutária ou específica)

dos associados

b) abrangência de todos os associados/filiados ou membros da


categoria

 O STJ vinha admitindo tanto para os Sindicatos quanto para as

Associações a interpretação mais ampla da legitimidade.


 Mas, em 2014, o STF pacificou – no RE 573.232 – que somente os

Sindicatos independem de Autorização e têm a abrangência mais ampla

(todos os membros da categoria): AREsp 454.098, EDc REsp 1.165.042,


REsp 1.153.550. As Associações, precisam, salvo em MS Coletivo: Ag Int

Resp 1.447.834.
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 A necessidade de pertinência temática é outra questão controversa


(relação entre a demanda em juízo e os fins da entidade). Precedentes:

STF - MS 36.620; STJ - REsp 1.243.386.

 Defensoria Pública : pertinência temática e legitimidade dependente da


espécie de interesse: REsp1.192.577

 Legitimidade do MP x da Defensoria – para a Ação Civil ex delicto –

Inconstituc. Progressiva do Art. 68 do CPP (REsp 888.081)

8. SUCESSÃO DAS PARTES – CPC, arts 108/110 (antigos 41/43)

8.1 – O Novo Código corrigiu terminologia equivocada do anterior, que falava em

“Substituição das Partes”.


8.2. Nosso direito só admite a Sucessão inter vivos como exceção – a regra é a

Estabilidade Subjetiva do processo (perpetuatio legitimationis).

Origens da regra:
-Dir.Romano: proibia a alienação da coisa litigiosa

-Dir.Moderno: permitiu (p/ não engessar a economia), abrindo

2 hipóteses qto ao Processo:


a) substituir o Alienante pelo Adquirente, ou

b) mantê-lo como Parte - foi a opção do CPC/73 e continuou

Razões: 1) autonomia do Dir.Processual;


2) o direito da outra Parte fica garantido (§§ do 109);

3) impedir fraude, pela transferência do objeto a outrem.

8.3 - Qdo o Alienante continua em juízo, aí ocorre uma hipótese de “substituição


processual”, pois ele passa agora a defender direito alheio (art. 109, §1º )
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8.4 – Afastamento da regra da “não-sucessão”: só em "casos expressos" (art

108) - Ex: arts. 338/339


8.5 - Se não admitida a sucessão, pode o Adquirente intervir como Assistente - o

CPC/2015 explicitou ser Litisconsorcial, porque é titular do direito (109, § 2º)

8.6 - - Efeitos da Alienação da Coisa Litigiosa (mesmo qdo o Adquirente não


Suceda nem Intervenha): o negócio é válido entre as partes, mas ineficaz

perante o processo (para o adversário do Alienante) – porque os Efeitos da

Sentença alcançam o Adquirente inadmitido (que é o Substituido) (art.109, §


3º); e pode até constituir Fraude à Execução (art. 792).

8.7 - No caso de Sucessão causa mortis (art. 110), sucede-se pelo Espólio (se

ainda não encerrada a Partilha) ou pelos Sucessores (se encerrada), c/


Suspensão do Processo (art 313, §§).

9. Sucessão do Advogado - CPC, arts 111/112 – antigos 44/45


-Por iniciativa da Parte (art 111): Revogação de Mandato

-Por iniciativa do Advogado (art 112) : Renúncia ao Mandato

-Por morte ou incapac.do Advogado (art. 313, §3º): Constituição novo

10 . Deveres das Partes e dos Procuradores – (arts. 77/81 – antigos 14/18)

- Deveres (arts 77 e 78) – maior detalhamento; correção do § único do art, 14:


ver § 6º do art. 77.

- Responsabilidade por Dano Processual (arts 79 a 81); ampliados os limites da

Multa (agora vai até 10% do valor da causa) e da Indenização (sem limite).

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