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Brazilian Journal of Development 9661

ISSN: 2525-8761

Pseudomonas aeruginosa: panorama do perfil de resistência aos


carbapenêmicos no Brasil

Pseudomonas aeruginosa: overview of the profile of resistance to


carbapenems in Brazil
DOI:10.34117/bjdv7n1-655

Recebimento dos originais: 20/12/2020


Aceitação para publicação: 25/01/2021

Ana Catarina Fernandes Figueredo


Departamento de Farmácia, Faculdade de Saúde, Universidade de Brasília, Campus
Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, Brasil.

Natália Lopes de Freitas


Departamento de Farmácia, Faculdade de Saúde, Universidade de Brasília Campus
Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, Brasil.

Tanise Vendruscolo Dalmolin


Departamento de Farmácia, Faculdade de Saúde, Universidade de Brasília, Campus
Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, Brasil.

Fabiana Brandão
Departamento de Farmácia, Faculdade de Saúde Universidade de Brasília, Campus
Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, Brasil.

RESUMO
Objetivo: Atualizar panorama epidemiológico dos mecanismos de resistência em
Pseudomonas aeruginosa no Brasil, frente a classe de antibióticos carbapenêmicos.
Método: Revisão atualizada de publicações disponíveis na base de dados PUBMED.
Resultados: P. aeruginosa adquire resistência aos carbapenêmicos através dos
mecanismos de transferência horizontal, mediante aquisição de genes que codificam
carbapenemases do tipo MβL (Metalo -β - Lactamases). Os dados analisados apontam
que os genes SPM-1 e IMP-1 são responsáveis pela dispersão dos principais perfis de
resistência a carbapenêmicos, estando distribuídos em vários estados, como: Bahia,
Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Recife, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Conclusão: P. aeruginosa em ambiente
hospitalar é causa recorrente de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. A
prevalência e disseminação de cepas multirresistentes é um problema de saúde pública,
causa de falhas no tratamento, além de aumentar as taxas de morbidade. Compreender e
discernir os mecanismos de resistência bacteriana, permite a identificação adequada do
agente infeccioso, sendo ponto fundamental para conter o elevado risco de surtos.

Palavras-chave: Pseudomonas aeruginosa, Carbapenêmicos, Genes de resistência,


Metalo-β-lactamases.

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ABSTRACT
Aim: To update the epidemiological panorama of the resistance mechanisms in
Pseudomonas aeruginosa in Brazil, against the class of carbapenem antibiotics. Method:
Updated review of publications available in the PUBMED database. Results: P.
aeruginosa acquires resistance to carbapenems through horizontal transfer mechanisms,
through the acquisition of genes that encode carbapenemases of the MβL type (Metalo -
β – Lactamases). The analyzed data show that the SPM-1 and IMP-1 genes are responsible
for the dispersion of the main carbapenem resistance profiles, being distributed in several
states, such as Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraná, Recife, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul and São Paulo. Conclusion: P.
aeruginosa in a hospital environment is a recurrent cause of Health Care Related
Infections. The prevalence and spread of multi drug-resistant strains is a public health
problem, a cause of treatment failures, in addition to increased morbidity rates.
Understanding and discerning the mechanisms of antibiotic resistance, allows the proper
identification of the infectious agent, being a fundamental point to contain the high risk
of outbreaks.

Keywords: Pseudomonas aeruginosa, Carbapenems, Resistance genes, Metallo-β-


lactamases.

1 INTRODUÇÃO
Pseudomonas aeruginosa é um bacilo Gram-negativo aeróbio, móvel e não
fermentador de glicose que pode proliferar em vários ambientes. No Brasil, P. aeruginosa
vem sendo importante causador de infecções nosocomiais, sendo considerado o patógeno
mais prevalente associado a pneumonia nosocomial e o terceiro em infecção primária da
corrente sanguínea em unidades de terapia intensiva (UTI).1 Além disso, é considerado
pela comunidade científica internacional como um patógeno multirresistente.2
Na prática clínica os carbapenêmicos são considerados opções de tratamento para
a erradicação de infecções bacterianas graves causadas por bactérias resistentes às
cefalosporinas e penicilinas.3 Todavia, a resistência aos carbapenêmicos têm sido
observada em espécies da ordem Enterobacterales e em não fermentadores, como P.
aeruginosa.4 A resistência aos carbapenêmicos pode ocorrer devido a baixa de penetração
das substâncias ativas, ou seja, mutações nos genes que sintetizam proteínas de membrana
do tipo porinas e/ou bombas de efluxo,4 além da produção de enzimas carbapenemases,
sendo este último um mecanismo de elevada relevância, devido a exponencial diversidade
dessas enzimas, particularmente as metalo-β-lactamases (MβL).5
Nesse contexto, o Brasil implantou recentemente o Brazilian Committee on
Antimicrobial Susceptibility Testing (BrCAST), um comitê designado para determinar e
rever, periodicamente, pontos de corte para interpretação dos testes de suscetibilidade aos

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antimicrobianos (TSA) de uso clínico e com finalidade epidemiológica, além do papel de


propor à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a sua implementação nos
laboratórios clínicos em todo o Brasil. Para P. aeruginosa, os carbapenêmicos
apresentam, até o presente estudo, a concentração inibitória mínima (CIM) e diâmetro de
halo definidos para imipenem e meropenem e para as combinações das drogas
Imipenem-Relebactam e Meropenem-Vaborbactam.6
Deste modo, é indubitável a necessidade desta revisão, especialmente devido a
alta prevalência de cepas resistentes de P. aeruginosa aos antimicrobianos disponíveis,
com enfoque à classe dos carbapenêmicos. Considerando o momento atual de controle de
surtos e pandemias, ainda aos esforços mundiais na implementação do método de
racionalização de antimicrobianos (Antimicrobial Stewardship), o qual tenta garantir a
melhor abordagem terapêutica e maior segurança ao paciente, com o menor índice de
seleção de cepas resistência aos antimicrobianos.7

2 MÉTODOS
Foi realizada uma revisão a partir de leituras sobre a temática de resistência de P.
aeruginosa frente aos carbapenêmicos no Brasil, publicados em periódicos e/ou
documentos de órgãos oficiais. Para a busca dos periódicos foram consultadas as bases
de dados PUBMED, utilizando os seguintes descritores: Drug Resistance, Multiple,
Bacterial; Carbapenems; Pseudomonas; Brazil; Epidemiology; Genes, MDR (Multi
Drug Resistence). Como critérios de inclusão foram adotados estudos originais
publicados nos idiomas português e inglês com enfoque em P. aeruginosa, genes de
resistência, epidemiologia, mortalidade, que foram publicados nos últimos cinco anos.
Documentos com dados epidemiológicos de órgãos oficiais sobre o tema também foram
incluídos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Carbapenêmicos
Pertencentes a classe dos beta-lactâmicos, como as penicilinas e as cefalosporinas,
os antimicrobianos carbapenêmicos possuem potente ação inibitória da síntese da parede
bacteriana, ligando as proteínas de ligação de penicilina (PBP-2, PBP-3, PBP-4), que
inibem a etapa final de transpeptidação da síntese peptidoglicana nas paredes celulares
bacterianas. Dessa forma, apresentam ação bactericida e de amplo espectro de ação, com

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sua metabolização não é mediada por CYP, o que diminui o risco de interações
medicamentosas.8
Diante disso, os carbapenêmicos constituem a terapia antimicrobiana de escolha
para tratamento de infecções hospitalares graves causadas por Gram-negativos.8
A resistência aos carbapenêmicos em P. aeruginosa aos carbapenêmicos é de até
60% em alguns hospitais brasileiros,22 ocorrendo principalmente pela produção de
carbapenemases do tipo metalo-β-lactamases (MβL).10 Estudos mostram que a
prevalência de MβL como mecanismo de resistência aumentou, principalmente na
América Latina,23 onde tem se mostrado cada vez mais comum. Dentre as classes
conhecidas das enzimas MβL estão IMP (Imipenemase), VIM (Verona Imipenemase),
SPM-1 (São Paulo Imipenemase), GIM (Germany Imipenemase), SIM-1 (Seul
Imipenemase), AIM-1 (Australian Imipenemase),24 KHM (Kyorin University Hospital)16
e NDM-1 (New Delhi Imipenemase).26 Aqui no Brasil, em P. aeruginosa as subclasses
que apresentam mais prevalentes são IMP-1 e SPM-1 16 (Figura 1).

Figura 1 - Esquema representativo ilustrando o papel dos antibióticos da classe carbapenêmicos e o efeito
inativador das enzimas Metalo-𝛃-lactamases, sintetizadas mediante presença dos plasmídeos de resistência
móvel SMP-1 e IMP-1 em P. aeruginosa.

Epidemiologia
Nos últimos anos, a produção de MβLs por isolados de P. aeruginosa assumiu
importância epidemiológica e estão associados a altas taxas de mortalidade.

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Diferentemente dos países desenvolvidos, no Brasil 41,3% das P. aeruginosa resistentes


aos carbapenêmicos produzem MβL.10 Adiante será apresentado achados de resistência a
P. aeruginosas aos carbapenêmicos em alguns hospitais em estados do Brasil, tendo em
vista que a disseminação clonal de P. aeruginosa produtora de MβL é associada a surtos
hospitalares.11 (Figura 2).

Goiás: Estudo realizado em um hospital localizado no município de Goiânia, Centro-


Oeste brasileiro, demonstrou taxas elevadas de P. aeruginosa produtora de MβL, o gene
blaSPM-1 foi detectado em 74,3% isolados e o perfil de resistência dos isolados avaliados
de Imipenem, antimicrobiano da classe de carbapenêmicos, foi de 82,7%. 21

Mato Grosso do Sul: Apresentação de P. aeruginosa produtora de SPM-1 no estado do


Centro-Oeste brasileiro, sugere a necessidade de estratégias para melhorar as medidas de
controle de infecção que evitem o aumento dessas infecções nosocomiais, tendo em vista
o potencial surgimento dessas cepas.12

Minas Gerais: Estudo em um hospital universitário de Uberlândia, sudeste brasileiro,


demonstrou a disseminação de clones do tipo SPM, além disso pela primeira vez no Brasil
apareceu os determinantes Plasmid-Mediated Quinolone Resistance (PMQR) em P.
aeruginosa, espalhando-se no hospital.16
Outro estudo realizado no hospital clínico de Uberlândia analisou a produção de
MβL em 56 isolados de P. aeruginosa resistentes aos carbapenêmicos, os quais 25%
foram fenotipicamente positivos e um total de 16,1% foram consistentes com os genes de
MβL, sendo 10,71% do genótipo blaSPM-1 e 5,3% do blaVIM.9 Além disso, isolados com
genes de virulência (aprA, plcH, plcN, lasA, lasB, toxA e algD) apresentaram alta
frequência (88%),9 sugerindo que podem existir outros mecanismos de resistência nessas
cepas, como bombas de efluxo e impermeabilidade da membrana.

Paraná: Estudo realizado em trinta hospitais, demonstrou que o SPM-1 é a principal


MβLidentificada em P. aeruginosa resistente a carbapenêmico no sul do Brasil. Foram
obtidos 84,5% isolados com resultado fenotípico positivo MβL e o gene blaSPM-1 foi
identificado em 41 isolados e tipo foi predominante em 92,7% dos isolados. Esse perfil
foi encontrado em várias cidades do Paraná, mesmo em uma distância de 700 Km, sendo
que a semelhança genética entre alguns isolados sugere uma expansão clonal.13

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Recife: A identificação dos genes blaSPM-1 detectados em mais de um hospital


(disseminação inter-hospitalar), sugere a implementação de medidas de controle de
infecção em hospitais de Recife, nordeste brasileiro, visando reduzir custos e danos
causados por este micro-organismo invasor, especialmente em pacientes em estado grave
de saúde.5 Além do mais, outro estudo, demonstra que a perda de OprD e a produção de
KPC foram os principais mecanismos para a resistência aos carbapenêmicos em isolados
de P. aeruginosa MBL-negativos no estado.14

Rio de Janeiro: Um estudo em um hospital universitário do estado observou que o clone


SPM-1 diminuiu em frequência quando os isolados obtidos em dois períodos de tempo
de oito anos foram comparados. Esses isolados do estudo foram coletados de 2007 a 2008,
mas acreditam que o clone SPM-1 era raro no hospital até a data do estudo em questão,
em 2016.24

Rio Grande do Sul: Estudo em dois hospitais universitários de Porto Alegre, sul
brasileiro, demonstrou uma alta prevalência de resistência em isolados de P. aeruginosa
a ceftazidima e/ou imipenem. Foram 35,9% produtores de MBL, dentre os quais, o gene
SPM-1 foi encontrado em 18 isolados e IMP-1 em 5 isolados.20

São Paulo: SPM-1 foi detectado e relatado pela primeira vez em 2001 em São Paulo,16 e
posteriormente em outras cidades do Brasil, além disso, vários estudos têm demonstrado
sua disseminação global e potencial pandêmico, causando importante morbimortalidade
em infecções hospitalares.17,18
Além dos locais descritos anteriormente, há artigos mostrando outros estados
(Distrito Federal, Bahia, Ceará, Goiás e Rio Grande do Sul) que observaram a presença
de cepas multirresistentes de P. aeruginosa com a presença do gene SPM-1. Contudo,
estes estudos carecem de informações, portanto, não foram abordados no texto acima.19-
21

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Figura 2 - Distribuição das linhagens de P. aeruginosa resistente a carbapenêmicos, identificadas como


produtoras de MβL. Os dados correspondem a um período entre 2003 e 2016. O geomapa foi produzido
empregando o software de análise estatística R studio (versão R-4.0.3 - pacotes "ggplot2" e "geobr").

Internações e mortalidade
Há um crescente número de internações causadas por micro-organismos Gram-
positivos ou negativos nos sistemas de saúde. Esses isolados aumentam os gastos em
saúde e dificultam o tratamento, piorando o prognóstico do paciente.7
Estudos com foco em inquéritos epidemiológicos alertam para a importância de
isolados de P. aeruginosa, visto que essas linhagens bacterianas são classificadas como
problema de saúde pública mundial, caracterizada pela expressão de múltipla resistência
a antibacterianos associada a uma difícil erradicação da doença, devido ao perfil
multirresistente, e por apresentar elevadas taxas de morbimortalidade.27 Um conjunto de
características do hospedeiro podem facilitar a infecções por micro-organismos
resistentes como: idade avançada, fibrose cística, câncer, doenças cardiovasculares,
diabetes, uso indiscriminado de antimicrobianos, procedimentos invasivos – hemodiálise,
ventilação mecânica, traqueostomia, cateteres, tubo nasogástrico, etc.5,29 A grande
maioria dos casos de cepas multirresistentes de P. aeruginosa estão relacionadas à
assistência à saúde, em pacientes hospitalizados. Muito embora a P. aeruginosa se adapte
aos mais variados nichos ecológicos, podendo dispersar facilmente em outros ambientes.

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P. aeruginosa são bactérias Gram-negativas com uma gama de fatores de


virulência, que favorecem sua colonização e o processo infeccioso. Essa bactéria é
considerada um patógeno oportunista, capaz de infectar diferentes grupos de pacientes
hospitalizados (Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde – IRA) ou não.1,5,28
Apresenta notória versatilidade e capacidade de adquirir mecanismos de resistência às
terapias antimicrobianas de uso clínico. Somando a isso, P. aeruginosa apresenta
capacidade de crescer em condições diversas, em fontes de água, resiste a agentes
saneantes, sendo considerando um micro-organismos multifatorial.29
Cefalosporinas são consideradas primeira escolha para o tratamento de infecções
causadas por P. aeruginosa. No entanto, há um aumento exponencial de relatos de cepas
que apresentam mecanismo de resistência contra esse grupo de antimicrobianos.30 O
tratamento recomendado, então, passa a ser o uso de carbapenêmicos, como o imipenem,
meropenem e o doripenem. Entretanto, de modo alarmante, é crescente o número de
isolados resistentes a essa classe de antimicrobianos; na vasta maioria das vezes devido
ao uso indiscriminado em ambiente hospitalar, ocasionando pressão seletiva, que resulta
em seleção de linhagens multirresistente e aumento na transferência de elementos móveis
intra e inter espécies.16
No Brasil, há um aumento da incidência de P. aeruginosa que apresentam genes
de resistência MβL, especialmente devido à presença dos elementos IMP-1 e SPM-1, que,
por sua vez, sintetizando enzimas carbapamenases, tornando as cepas portadoras dos
genes resistentes aos antimicrobianos carbapenêmicos disponíveis.16 Causado pela falta
de ações afirmativas para a prevenção dessas infecções e o uso elevado e indiscriminado
de antimicrobianos, principalmente os representantes da classe dos beta-lactâmicos.

4 CONCLUSÃO
P. aeruginosa são bactérias Gram-negativas com uma gama de fatores de
virulência, e uma versatilidade notória em exibir resistência a antibióticos de uso clínico.
Juntos, esses fatores favorecem a colonização e o processo infeccioso.
Há necessidade em alertar para a relevância ímpar na saúde pública, mediante ao
risco elevado de surtos, ainda mais no contexto sanitário atual com a pandemia do SARS-
CoV-2 e surto do fungo multirresistente, C. auris. Dessa forma, a significativa proporção
de infecções causadas por P. aeruginosa e a crescente resistência aos antimicrobianos
disponíveis, ressalta a importância de estudos epidemiológicos para a análise do Brasil,
com ênfase nos estados em que não há nenhum estudo relacionado. Ainda, a atuação das

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entidades governamentais disponibilizando oportunidade de cursos para a especialização


de profissionais da saúde, com atuação no diagnóstico assertivo, poderá contribuir para
promoção da saúde e segurança dos pacientes em ambiente onde deve imperar o cuidado.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Universidade de Brasília, ao Departamento de Farmácia e ao
corpo docente do curso de Farmácia pelo apoio.

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES


Ana Catarina Fernandes Figueredo e Natália Lopes de Freitas contribuíram igualmente
para a aquisição de dados, redação e discussão. Fabiana Brandão e Tanise Dalmolin
Vendruscolo contribuíram com a concepção, aquisição e interpretação dos dados,
discussão e revisão crítica do manuscrito. Todos os autores deram sua aprovação final e
concordam com todos os aspectos do trabalho.

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