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República de Moçambique

__________
Ministério da Terra e Ambiente
Administração Nacional de Áreas de Conservação
PARQUE NACIONAL DO ARQUIPÉLAGO DE BAZARUTO

Ao

Digníssimo Procurador do Distrito de


Inhassoro

Inhassoro

ASSUNTO: Contestação da ordem do Tribunal Distrital de Inhassoro de entregar a


embarcação de pesca e os outros bens apreendidos ao proprietário como fiel depositário
enquanto o processo estiver em curso.

Contestação da decisão do Tribunal Judicial Distrital de Inhassoro sobre a decisão comunicada por
uma notificação que ordena a entrega da embarcação de pesca e de determinados bens, ora
apreendidos pelos Fiscais do PNAB em processo crime de pesca ilegal (resultando com a morte de
uma Tartaruga que por sinal é uma espécie protegida), ao proprietário na qualidade de fiel
depositário.

Não concordando com a medida do Tribunal, por não estar conforme a Lei especifica do sector de
conservação, Lei nº 16/2014 de 20 de Junho, alterada e republicada pela Lei nº 5/2017 de 11 de
Maio, Lei de Protecção, Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica, pois, a mesma
determina com quem e em que condições a entrega dos bens apreendidos deve ser feita. Ademais,

Bairro, 19 de Outubro-Vilankulos-Moçambique
casos de morte de Tartaruga tem moldura penal cujo sua aplicação é da competência do tribunal do
nível provincial.

Digníssimo , o Decreto nº 12/2002 de 6 de Junho no seu artigo 111 nº 1 al. b) e nº 2 do mesmo


dispositivo legal, ao contrário sensu, dispoem que é da competência dos Fiscais procederem com a
apreensão dos instrumentos e objectos que tiverem servido para a prática directa da infracção e só
no caso em que não seja possível o aprovisionamento dos bens apreendidos que se pode constituir
o infractor ou outra pessoa singular ou colectiva nacional, fiel depositário. Digníssimo, achamos
que a Lei nº 16/2014 de 20 de Junho, alterada e republicada pela Lei nº 5/2017 de 11 de Maio, Lei
de Protecção, Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica, é muito clara nesse sentido.
Os bens devem estar sob guarda da Administração Nacional de Áreas de Conservação neste caso,
representada pelo Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto. Além demais, nos termos do artigo
63 al. e) da Lei 5/2017 de 11 de Maio conjugado com o artigo 142 nº 5 do Decreto 89/2017 de 29
de Dezembro figuram que os bens só podem ser devolvidos ao infractor primário, desde que não
sejam proibidos, após o pagamento da respectiva multa plasmado no artigo 54 nº 4 da Lei 5/2017
de 11 de Maio, e cumprida outras sanções ou obrigações legais. Achamos que ao notificar o parque
para a entrega dos bens apreendidos ao presumível suspeito e proprietário dos mesmo está-se
perante o incumprimento do acima exposto. O suspeito ainda não pagou a multa que lhe foi aplicada
nem as demais sanções ou obrigações legais foram cumpridas.

Nestes termos, vem o Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto (PNAB), em representação da


ADMINISTRAÇÃO NACIONAL DE ÁREAS DE CONSERVAÇÃO (ANAC), organismo
público, instituído pelo Decreto de Conselho de Ministros nº 11/2011, de 25 de Maio, dotada de
personalidade jurídica, com autonomia administrativa, sob a tutela do Ministro de Terra e Ambiente,
e servindo-se da sua qualidade de auxiliar do Ministério Público, nos termos do disposto no artigo
63/B da Lei nr. 5/2017, de 11 de Maio, solicitar a vossa intervenção neste acto, na qualidade de
Defensor Público e dentro das competências que lhes são conferidas, para que invoque ao Tribunal
que o pedido seja tido como improcedente.

Bairro, 19 de Outubro-Vilankulos-Moçambique
Sem mais de momento endereçamos os nossos melhores cumprimentos.
A Jurista do PNAB
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(Rose Amadeu José Duarte)

Vilankulo, aos 14 de Novembro de 2022

Bairro, 19 de Outubro-Vilankulos-Moçambique

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